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Anuário da Produção Acadêmica Docente Vol. 5, Nº. 10, Ano 2011
Eduardo Bruno Carvalho
Universidade Estadual de Goiás - UEG
Kéllita Fernandes G. Pacheco
Universidade Estadual de Goiás - UEG
Juliana Rodrigues
Universidade Estadual de Goiás - UEG
O JOGO DIDÁTICO 'JOGO DOS BIOMAS' COMO MÉTODO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
RESUMO
A Educação Ambiental é muito importante para a formação de cidadãos sensibilizados com a questão ambiental, portanto, deve ser desenvolvida de forma didática e dinâmica. O ensino da Biologia enfrenta dois desafios principais: Capacitar o aluno a participar de debates cujo conhecimento biológico é imprescindível; e, favorecer um conhecimento permanente com raciocínio crítico. Assim, o grande desafio do educador é fazer com que seus alunos desenvolvam habilidades necessárias para compreender o seu papel no mundo. Novas metodologias têm sido aplicadas, integrando e enriquecendo o acervo de materiais pedagógicos, dentre elas, os jogos didáticos. Este trabalho teve por objetivo o desenvolvimento de um jogo didático de tabuleiro para abordar o tema de Biomas em sala de aula. A eficiência do jogo foi avaliada utilizando um questionário que comparou os acertos pré-jogo com o pós-jogo. Verificou-se um acréscimo na quantidade de acertos em perguntas cujo assunto havia sido abordado durante o jogo. O jogo foi importante na sensibilização dos alunos quanto à preservação do Meio Ambiente.
Palavras-Chave: técnicas pedagógicas; educação ambiental; jogo; biomas.
ABSTRACT
The Environmental Education is very important to the formation of sensibilized citizens on the environmental issue, therefore, it must be developed on a didactic and dynamic way. New methodologies have been applied, integrating and enriching the collection of pedagogical materials, among them, didactic games. This work aimed on developing a didactic board game to aboard the theme of Biomes in classroom. The efficiency of the game was evaluated using a questionnaire that compared the hits pre-game and post-game. An increment in the number of hits was verified in questions wich matters were aboarded during the game. The game was important to sensibilize the students about the preservation of the Environment.
Keywords: Pedagogic techniques, Environmental Education, Game, Biomes.
Anhanguera Educacional Ltda.
Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 4266 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 [email protected]
Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original Recebido em: 03/11/2010 Avaliado em: 06/06/2012
Publicação: 7 de novembro de 2012
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Anuário da Produção Acadêmica Docente Vol. 5, Nº. 10, Ano 2011 p. 75-86
1. INTRODUÇÃO
1.1. O Ensino de Biologia
O ensino de biologia se organiza, ainda hoje, de modo a privilegiar o estudo de conceitos,
linguagem e metodologias que são pouco eficientes para a interpretação do aluno e na
intervenção em sua realidade. As demandas da sociedade contemporânea requerem que a
escola revise as práticas pedagógicas e tal revisão passa, necessariamente, pela
reorganização dos conteúdos trabalhados, abandonando aqueles sem significação e
elegendo um conjunto de temas que sejam relevantes para o aluno (BORGES; LIMA,
2007).
O ensino da Biologia enfrenta dois desafios principais: Capacitar o aluno a
participar de debates cujo conhecimento biológico é imprescindível; e, favorecer um
conhecimento permanente com raciocínio crítico. Assim, o grande desafio do educador é
fazer com que seus alunos desenvolvam habilidades necessárias para compreender o seu
papel no mundo.
Os PCN+ (BRASIL, 2002) propostos como orientações complementares ao
PCNEM, sintetizam as principais áreas da Biologia em seis temas estruturadores, sendo
que o item 4- diversidade da vida; sugere-se que tenha dois principais focos: um centrado
na biodiversidade dos organismos e em sua interdependência, e outro voltado para os
impactos causados pela ação humana.
1.2. A Educação Ambiental
As discussões sobre questões ambientais têm ganhado mais e mais espaço nos segmentos
sociais e políticas públicas voltadas a este respeito têm sido tomadas visando o processo
educacional. Várias ações, como Fóruns Nacionais de Educação Ambiental, o Programa
Nacional de Educação Ambiental pelo Ministério do Meio Ambiente e os Parâmetros
Curriculares Nacionais do MEC, têm surgido para inserir a temática ambiental em todas
as disciplinas do currículo escolar (BURATO et al., 2007).
Entretanto, a escola, na maioria das vezes, não desempenha seu papel de
educadora ambiental, pois a educação ambiental (EA) não é uma disciplina dos currículos
e a aplicação da mesma, como tema transversal, fica dependente da organização
pedagógica da escola ou mesmo da intenção e disponibilidade dos professores.
A constante e progressiva destruição do meio ambiente nos evidencia que a
sociedade não foi devidamente educada para agir em favor da preservação, agindo pelos
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impulsos do consumismo sem se importar com a influência de suas ações sobre o
ambiente. A educação ambiental é, portanto, muito importante para a formação de
cidadãos sensibilizados com a questão ambiental e por isso deve ser desenvolvida de
forma didática e dinâmica, buscando alcançar todas as faixas etárias, níveis de
escolaridades e níveis sociais (SILVA; GRILLO, 2008).
A educação ambiental pode ser desenvolvida de várias formas, por exemplo,
utilizando jogos educativos, os quais são importantes instrumentos de aprendizagem e
prática, com a função de levar conhecimento de características do meio ambiente e os
problemas que ele enfrenta, visando à sensibilização ambiental dos jogadores (SILVA &
GRILLO, 2008).
1.3. Metodologia Lúdica
Cabrera (2007) afirma que é importante o uso de metodologias alternativas que motivem a
aprendizagem e as atividades lúdicas são meios auxiliares que despertam o interesse dos
alunos, podendo ser aplicadas em todos os níveis de ensino. Além de despertar esse
interesse essas atividades têm o poder de propiciar uma mudança na relação professor -
aluno.
O uso da ludicidade como ferramenta didática, associa o prazer à
apropriação/aprendizagem de conhecimento. Os alunos ficam entusiasmados quando
recebem a proposta de aprender de uma forma mais interativa e divertida, resultando em
um aprendizado significativo (CAMPOS et al., 2003); Zorzal & Kirner (2005) ainda
acrescentam que “o jogo permite que o usuário tenha oportunidades de encontrar
soluções e interagir com outros, permitindo o processo de atividades colaborativas e
ampliando as estratégias coletivas de uma maneira estimulante e lúdica”.
Para Piaget (1978) a atividade lúdica humana contribui para o desenvolvimento
porque propicia a descentração do indivíduo, a aquisição de regras, a expressão do
imaginário e a apropriação do conhecimento.
Nesse contexto, considerando o interesse pela temática abordada, do lúdico como
ferramenta de ensino-aprendizagem, este trabalho aborda sua aplicabilidade ao ensino do
tema “Biomas”, como via direta para o desenvolvimento do conhecimento e da
consciência de conservação da biodiversidade.
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2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Desenvolver um jogo didático que auxilie no ensino dos Biomas Brasileiros em sala de
aula.
2.2. Objetivos Específicos
a) Desenvolver a consciência de conservação da biodiversidade;
b) Analisar a eficiência da ferramenta na apropriação dos conteúdos relativos ao tema “Biomas” abordando a caracterização e localização de cada um deles;
c) Verificar a aplicabilidade da ferramenta lúdica ao ensino do tema “Biomas”;
d) Instigar a capacidade de argumentação, sociabilização e interação entre os alunos;
e) Promover a interação aluno-professor.
3. MATERIAL E MÉTODOS
O jogo didático, intitulado Jogo dos Biomas, foi elaborado a partir da literatura existente
sobre atividades lúdicas no processo ensino aprendizagem (SANTANA; REZENDE, 2007;
CABRERA, 2007; WAJSKOP, 2001; GRILO et al., 2002; CAMPOS et al., 2003; CUNHA,
1988; GOMES et al, 2001; MIRANDA, 2001; SOUZA; NASCIMENTO, 2005; Zorzal; Kirner,
2005; CAMPOS et al., 2003) e conteúdos relacionados aos Biomas brasileiros (Amazônia,
Caatinga, Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal e Pampas) ministrados no Ensino
Fundamental e Médio (UZUNIAN; BIRNER, 2004), envolvendo temas como flora, fauna,
clima, pluviosidade, temperatura, conservação, preservação, aspectos históricos e
geográficos.
3.1. Confecção do jogo
O jogo é composto por: 1 tabuleiro, 5 pinos, 1 dado, 30 fichas de perguntas de cada bioma,
30 fichas de “sorte ou azar”, nomeadas como “Floresta Negra”, manual de orientação para
o professor contendo as regras do jogo (Apêndice 1) e um modelo de questionário
(Apêndice 2) para que ele avalie a metodologia utilizada e uma caixa para guardar o jogo.
O tabuleiro foi desenhado com base na distribuição dos biomas no território
brasileiro, sendo, cada um, representado por uma cor diferente. Esse desenho foi feito
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utilizando-se o software Photoshop PS2® (Figura 1) e enviado a uma gráfica pra
impressão.
Figura 1. Ilustração feita software Photoshop PS2® para confecção do tabuleiro do “Jogo dos Biomas”.
3.2. Regras do Jogo
Este jogo pode ter no máximo 5 participantes ou 5 grupos, cada um representado por uma
cor diferente de pino.
Antes de começar a jogar, devem-se embaralhar todas as fichas separadamente.
O jogo começa com todos os pinos escolhidos pelos participantes no ponto de partida do
tabuleiro. Cada grupo jogará o dado para saber quem começa a jogar – o que obtiver
maior pontuação irá começar e o próximo será o que estiver à sua esquerda e assim por
diante, sempre no sentido horário.
As casas do tabuleiro são divididas em perguntas relativas a cada bioma e “sorte
ou azar”, sendo respectivamente representadas por um ponto de interrogação e uma
“floresta negra”. As fichas de floresta negra descrevem ações que, supostamente, os
participantes fizeram, podendo ser atitudes ecologicamente corretas ou erradas e, de
acordo com essa atitude, avançam, voltam casas, jogam de novo, ficam uma rodada sem
jogar ou voltam ao início.
Durante o percurso se o participante cair em uma pergunta o adversário da
esquerda deverá pegar a ficha de cor correspondente, onde o pino estiver e lê-la. Caso
acerte o participante jogará de novo. Errando, passa a vez para o próximo jogador, e assim
sucessivamente. Ao cair na floresta negra, o próprio jogador lê a ficha de cor preta para
todos e cumpre a tarefa dada. Se ao avançar ou voltar casas devido às instruções das
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fichas de sorte ou azar e parar em uma pergunta ou outra floresta negra, as ações destas
casas não devem ser realizadas.
O vencedor será o participante que percorrer todo o trajeto chegando à ponte e
respondendo a uma pergunta final, a qual deverá ser escolhida por ele, podendo ser
relativa a qualquer um dos seis biomas abordados.
3.3. Área de Estudo
O jogo foi realizado com os alunos do 3º ano “C” e “D” do Ensino Médio, no período
noturno, de um Colégio Estadual, localizado na cidade de Anápolis-GO (Figura 4), no mês
de abril de 2010.
3.4. Aplicação do questionário pré – jogo
Um questionário foi aplicado para avaliar o conhecimento prévio dos alunos acerca do
assunto biomas brasileiros, partindo da premissa de que os alunos do 3º ano do Ensino
Médio já estudaram este conteúdo no 6º ano do Ensino Fundamental.
O questionário foi constituído por 9 questões fechadas, sendo duas de resposta
direta “sim ou não”. Segundo Gil (1991), perguntas fechadas são aquelas para as quais as
respostas são, de antemão, possíveis. Nesta etapa foram aplicados 27 questionários.
3.5. Aplicação do jogo
A prática do jogo foi realizada no dia 19 de abril de 2010 com as duas turmas de 3º ano,
somando um total de 15 alunos.
Após a prática do jogo os alunos responderam o mesmo questionário dado
anteriormente com o intuito de avaliar o grau de apropriação de conhecimentos sobre os
Biomas brasileiros com a aplicação do jogo.
3.6. Análise dos dados
Avaliou-se a eficácia do jogo por meio do questionário aplicado antes e depois da
atividade lúdica. As respostas obtidas no segundo questionário foram comparadas com as
do primeiro através de médias e porcentagem de acertos.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram aplicados ao todo 27 questionários anteriormente à aplicação do jogo. No dia da
aplicação do jogo, 19 de abril, ocorreram muitas faltas por parte dos alunos, gerando uma
amostragem menor, apenas 15 questionários, no questionário pós-jogo.
4.1. Desenvolvimento da consciência de conservação da biodiversidade
As questões 1 e 9 do questionário eram diretas e foram avaliadas separadamente.
No total de 27 alunos, 12 responderam que já tinham ouvido falar sobre Biomas
(Questão 1), representando 44% de respostas positivas. As respostas de 15 alunos foram
negativas, somando um total de 56% dos 27 questionários avaliados.
A outra pergunta direta (respostas “sim” ou “não”) era a de número 9, porém só
respondia a esta pergunta quem houvesse assinalado positivamente a questão 1. Assim,
no total de 12 alunos que responderam à pergunta 9 (Você é capaz de diferenciar os
Biomas brasileiros?), 6 responderam que são capazes de diferenciar os Biomas brasileiros,
representando 50% de respostas positivas. As respostas de 6 alunos foram negativas.
Após o jogo, todos os questionários foram considerados como tendo a pergunta 1
(Você já ouviu falar sobre Bioma?) respondida positivamente, pois ela é referente ao tema
do jogo e, após o mesmo, há uma curta explicação do assunto. Sendo assim, prosseguiu-se
para a pergunta 9, que pretende verificar se o aluno agora seria capaz de diferenciar
melhor os Biomas com base nas experiências do jogo.
No dia da aplicação do jogo e do segundo questionário somente 15 alunos
compareceram à aula, diminuindo o esforço amostral desta análise, porém, todos os nove
alunos haviam respondido o primeiro questionário, não sendo um grupo novo.
Oito alunos responderam que agora seriam capazes de diferenciar os Biomas
brasileiros e apenas um afirmou que não seria capaz, o que corresponde, respectivamente,
a 93% e 7%.
Verificou-se a partir dos questionários deste trabalho que mais da metade (56%)
dos alunos do 3º ano do Ensino Médio que participaram da pesquisa nunca tinham
ouvido falar sobre Biomas, mesmo que este conteúdo faça parte da ementa de Ciências no
6º ano do Ensino Fundamental, e, que, 50% destes que afirmaram já terem ouvido falar
sobre Biomas, também afirmaram que não são capazes de diferenciar os Biomas
brasileiros.
A partir disto podemos inferir que há uma falha no ensino dos conteúdos
previstos, seja ela na aquisição do conhecimento por parte do aluno ou mesmo por não
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haver ocorrido a abordagem real deste tema em sala de aula (CANTO; ZACARIAS, 2009).
Percebe-se que há um déficit na conscientização dos alunos sobre a realidade ambiental
do Brasil e também na sensibilização dos mesmos quanto ao seu papel na preservação do
ambiente.
Silva & Grillo (2008) afirmam que o aprendizado é um processo de médio a longo
prazo e que , por isso, deve ser iniciado na infância para que seja mais difícil o
esquecimento. Isto, aplicado à Educação Ambiental, revela a fragilidade do processo
educacional brasileiro na formação de personalidades conscientes de seu papel nas
questões referentes à preservação do meio ambiente.
O uso do jogo para ensinar conceitos, valores e posturas ecologicamente corretas
é eficaz na medida em que causa um movimento em direção à ocorrência real do que se
vivencia no jogo, já que este reproduz a realidade introduzindo-a na vida do indivíduo de
forma que a brincadeira é lembrada muito mais como um fato real do que uma situação
imaginária. (VYGOTSKY, 1984).
Esta ferramenta didática, portanto, cumpriu o objetivo traçado de desenvolver
nos alunos consciência sobre a biodiversidade existente no nosso país e a necessidade de
que ela seja preservada, além de enfatizar o papel destes mesmos alunos como potenciais
agentes na luta por esta preservação.
4.2. Análise das questões de alternativas
As questões de alternativas, de 2 a 8, eram perguntas sobre características de determinado
Bioma e o aluno deveria identificar, dentre os seis Biomas brasileiros, a qual pertencia
àquela descrição.
Quanto a estas questões, observou-se um aumento na quantidade de acertos nas
de número 2, 4, 5 e 7 de 4%, 9%, 17% e 10% respectivamente. Observou-se ainda uma
diminuição na porcentagem de acertos nas questões 3 e 6, com decréscimos de 13% e 15%,
respectivamente. Na questão 8, considerou-se que houve estabilidade na porcentagem de
acertos pois a diferença entre o antes e depois foi de apena 1 aluno (Figura 2).
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Figura 2 - Percentagem de acertos das questões alternativas antes e depois do jogo.
A maior porcentagem de acertos em 4 das 7 questões do questionário mostra que
os conhecimentos prévios que os alunos possuíam sobre o assunto foram organizados
pela atividade lúdica ou, ainda, que a própria atividade foi eficaz na tarefa de levar os
alunos à apropriação dos conhecimentos propostos nela.
Houve um decréscimo na porcentagem de acertos em 2 questões, 13% nos acertos
da questão 3 e de 15% nos acertos da questão 6. Nota-se que as duas questões são
referentes à geografia dos Biomas e não a conteúdos biológicos. Foi possível observar em
sala de aula que os alunos tinham extrema dificuldade com conceitos básicos de
localização geográfica, não conseguindo nem mesmo localizar a região norte no mapa do
Brasil.
Sendo assim, é possível atribuir esta maior porcentagem de erro nas questões 3 e
6 à falta de embasamento teórico em Geografia do Brasil, que é também abordada no jogo,
porém não foi frisada devido ao fato de não haver ocorrido perguntas a respeito de temas
geográficos durante as partidas realizadas.
Portanto, é importante que o jogo seja aplicado em trabalho conjunto com os
professores de Geografia e também de História, já que há também perguntas sobre estes
dois temas no jogo, em referência aos Biomas.
4.3. Análise da aplicabilidade do jogo
Verificou-se que a aplicação do jogo em turmas de 3º ano do Ensino Médio é de fácil
aceitação por parte dos alunos e que os mesmo se interessam muito mais pela aula e pelo
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assunto abordado quando este é feito através desta metodologia diferenciada. Ficou
evidente, portanto, que a ferramenta lúdica é válida no estímulo à construção do
conhecimento por parte do aluno.
Verificou-se ainda que, ao final do jogo, podem ocorrer poucas perguntas se,
devido ao acaso, os grupos pararem poucas vezes sobre as casas contendo interrogações e
que algumas perguntas presentes no questionário acabam não surgindo durante o jogo.
Assim, entende-se que, para aperfeiçoamento do jogo e das respostas ao questionário,
devem retiradas as casas com “interrogações” e todas as casas do Bioma, exceto as que
representarem a “Floresta Negra” devem levar à uma pergunta, assim o conteúdo e a
quantidade de informações abordadas durante o jogo serão aumentados
consideravelmente.
4.4. Interação e Sociabilização entre os alunos
Para Canto & Zacarias (2009), a ferramenta lúdica é importante na sociabilização dos
alunos e na execução de um trabalho em equipe.
Foi possível observar durante aplicação do jogo que os alunos interagiam entre si
para formularem as respostas corretas às perguntas que surgiam durante o jogo. Isto
contribuiu para melhorar a comunicação e a sociabilidade dos participantes do grupo.
4.5. Interação Professor-Aluno
A aplicação da ferramenta lúdica foi essencial para aprimorar a interação dos alunos com
o professor, já que neste tipo de metodologia não há o abismo de conhecimento que
aparenta acontecer nas aulas expositivas clássicas.
O professor participa como um colaborador enquanto os próprios alunos
constroem seus conhecimentos, colaborando com o esclarecimento de dúvidas prévias e
as que possam surgir durante o jogo, por meio das perguntas, durante resolução do
questionário ou mesmo pela observação das figuras do tabuleiro.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da situação do sistema educacional, percebe-se que o uso de técnicas pedagógicas
alternativas é fator essencial no aprimoramento da qualidade da educação. A forma com
que o ensino vem sendo abordado tem sido claramente insuficiente no que diz respeito ao
cumprimento de sua tarefa de construção do conhecimento e transformação social.
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A ferramenta lúdica apresenta-se como uma satisfatória metodologia de ensino,
pois abrange varias áreas do desenvolvimento do aluno que pelos métodos tradicionais
de ensino são estimulados aquém do que seria satisfatório.
Concluímos que a ferramenta analisada é útil no ensino, consolidação e fixação
de conteúdos, porém deve sempre ser acompanhada de aulas teóricas que são de extrema
importância para o embasamento de conteúdos que sejam novos aos alunos.
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Eduardo Bruno Carvalho
Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Goiás (2010). Mestrando em Ecologia e Evolução (2011) pela Universidade Federal de Goiás, trabalhando na área de Ecologia e Conservação, principalmente com mamíferos de médio e grande porte. Experiência em Ensino de Biologia no Ensino Fundamental e Médio.
Kéllita Fernandes G. Pacheco
Acadêmica do curso de Ciências Biológicas, modalidade licenciatura na Universidade Estadual de Goiás.
Juliana Rodrigues
Bióloga, mestre em ecologia. Coordenadora do curso de Ciências Biológicas da Faculdade Anhanguera de Anápolis e docente da universidade Estadual de Goiás no curso de ciências biológicas.