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FESTA, SOCIABILIDADE E ESPAÇO PÚBLICO reflexões de um turista acidental na Feste de la Mare de Deu de la Mercè em Barcelona, Catalunha Nilton Silva dos Santos Partindo de nossa condição de turista acidental na Feste de la Mare de Deu de la Mercè, em Barcelona, Catalunha, realizada em setembro de 2005, intentaremos realizar uma análise do papel desempenhado pelos diferentes atores sociais no âmbito daquela festividade anual. Pretendemos demonstrar, por in- termédio das vozes que emergem no contexto da Festa da Mercè, como o espaço urbano e seus significados são disputados mes- mo em momentos festivos. Palavras-chave BARCELONA, FESTE DE LA MARE DE DEU DE LA MERCÈ, ESPAÇO URBANO, EFICÁCIA SIMBÓLICA, TURISMO. SANTOS, Nilton Silva dos. Festa, sociabilida- de e espaço público: reflexões de um turista acidental da Festa de la Mare de Deu de la Mercè em Barcelona, Catalunha. Textos esco- lhidos de cultura e arte populares, Rio de Ja- neiro, v. 3, n. 1, p. 63-70, 2006.

Antropologia Urbana

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    SANTOS, Nilton Silva dos. Festa, sociabilidade e espao pblico

    FESTA, SOCIABILIDADEE ESPAO PBLICO

    reflexes de um turista acidental naFeste de la Mare de Deu de la Merc

    em Barcelona, Catalunha

    Nilton Silva dos Santos

    Partindo de nossa condio de turista acidental na Feste de laMare de Deu de la Merc, em Barcelona, Catalunha, realizadaem setembro de 2005, intentaremos realizar uma anlise dopapel desempenhado pelos diferentes atores sociais no mbitodaquela festividade anual. Pretendemos demonstrar, por in-termdio das vozes que emergem no contexto da Festa da Merc,como o espao urbano e seus significados so disputados mes-mo em momentos festivos.

    Palavras-chaveBARCELONA, FESTE DE LA MARE DE DEU DE LA MERC,

    ESPAO URBANO, EFICCIA SIMBLICA, TURISMO.

    SANTOS, Nilton Silva dos. Festa, sociabilida-de e espao pblico: reflexes de um turistaacidental da Festa de la Mare de Deu de laMerc em Barcelona, Catalunha. Textos esco-lhidos de cultura e arte populares, Rio de Ja-neiro, v. 3, n. 1, p. 63-70, 2006.

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    Pensar a cidade, a metrpole ou o es-pao pblico tem sido uma das tarefasmais desafiadoras, estimulantes e frut-feras com que diferentes pesquisadores,em diversas reas, vm trabalhando des-de Georg Simmel, pelo menos. A liosimmeliana de que sociedade mera-mente o nome dado para um nmero deindivduos conectados pela interaoserve-nos como ponto de partida, portan-to.

    Nesse espao metropolitano, inme-ros fenmenos se desenrolam com seusatores sociais e suas particularidades espera de leitores preparados para a re-flexo. As festas so lcus privilegiadospara essa leitura analtica a partir dosmateriais que temos disponveis.

    Os trabalhos de alguns estudiosos quej passaram por aqui Maria LauraCavalcanti e Felipe Ferreira, por exem-plo ou ainda de outros, mundo afora,tomam a festa como momento propcioa se pensar suas conexes com o poder,o ldico, a mediao cultural, os modosde produo e reproduo tradicionais,etc. No entanto, esse oferecer-se para afruio que a rua atualizaria no devedissimular a presena de surdas dispu-tas em curso por atribuir uma eficciasimblica (Delgado: 2003) prpria ao ur-bano e ao festivo.

    Minha proposta a de pensar, comoparticipante acidental que fui em setem-bro de 2005, a Feste de la Mare de Deude la Merc, em Barcelona, Catalunha.Para tanto apresentarei minhas observa-es de turista transeunte mais do queas anotaes de um caderno de camposistemtico, na tradio antropolgica de

    Malinowski e analisarei, sobremanei-ra, a repercusso na imprensa catal doseventos festivos.

    A Feste de la Mare de Deu de laMerc1 acontece anualmente em Barce-lona,2 Catalunha, homenageando a pa-droeira daquela cidade, responsvel port-la salvo de uma praga que havia le-vado a misria ao campo, no ano de1687. Seus trabalhos festivos comea-ram, em 2005, oficialmente, no dia 22de setembro e atingiram seu final no dia25 de setembro, reunindo dois milhesde pessoas ao longo desses quatro dias.

    So realizadas nos mais diversos s-tios de Barcelona atividades artsticas,esportivas e culturais, sob a coordena-o da prefeitura municipal (oAjuntament de Barcelona), que procu-ram comemorar a cidade integradora.O cartaz desse ano tinha como lemaTots som la Merc! Visquem-la ambcivisme. (Todos somos a Merc! Vi-vam-na com civismo.) e trazia o rostode uma escritora de origem cubana,tendo sua face coberta por linhas querepresentam um mapa simplificado dosbairros de Barcelona. Abaixo de seurosto, a inscrio Merc 05, tendo a le-tra M a silhueta da Baslica da Merce sobre o nmero 5 um gafanhoto pararecordar a praga.

    O prefeito de Barcelona, Joan Clos,afirmou ser essa uma festa da Merc quemarcaria um compromisso com o Es-tatut e com o civismo pela convivnciaentre as pessoas, ecoando as palavrasproferidas pelo arcebispo de Barcelona,Llus Martinez Sistach, na homilia nabaslica da Merc.

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    Clos afirmou aps o primeiro dia defestejos que

    o clima cvico e festivo continu-ar durante a festa e que a gentedesfrutar a msica, a magia, ocorrefoc

    3 e os castellers.

    Em sua opinio, a maioria dos cida-dos se comporta de forma exemplar,coisa que nos agrada muito.

    Apesar do esforo do prefeito JoanClos em qualificar os festejos como c-vicos e o comportamento dos cidadoscomo exemplar, o jornal local La Van-guardia, de 24 de setembro, estampavaem seu caderno Vivir a seguinte man-chete: Limpeza a fundo. O subttuloexplicava: as brigadas se apressam emadecentar Barcelona depois de hav-la sujado os incvicos.

    Nas descries da matria, a cidadese havia convertido numa imensa sujei-ra, apesar dos esforos da prefeitura emoferecer 311 banheiros qumicos e 1.500lixeiras, com grupos de jovens bbados,fumando maconha e com vontade deromper barreiras. A festa da Merc, afir-mou o jornalista Xavier Mas de Xaxs,havia mais uma vez demonstrado queas festas multitudinrias relaxam as pau-tas cvicas.

    Para o jornalista, o forte efetivo desegurana pelas ruas da cidade no im-pediu que os incvicos urinassem peloscantos, comprassem cerveja Damm doslateros de origem paquistanesa, consu-missem-na pela rua e falhassem no lan-amento dessas latas vazias nas lixeirasdisponveis. A matria termina afirman-do que

    a rua, de todas as formas, foi umespao de convivncia, graas,sobretudo, ao bom clima que con-tagia a Merc mulata de 2005.

    s pginas dois e trs, temos umagrande matria assinada pelos jornalis-tas scar Muoz e Claudia Cucciarato,com o ttulo de Maldita diverso. Nosubttulo, somos informados de que

    milhares de jovens desfrutam dafesta na rua durante a noite semse preocupar em manter um com-portamento cvico.

    As fotos ilustrativas apresentam aPraa Catalunya cheia de restos de latasde cerveja, papis, sacos plsticos, etc.,um jovem urinando numa parede naPraa Reial, restos da festa prximo auma lixeira vazia e, finalmente, umgrande grupo de pessoas, na maioria jo-vens, descendo na estao de metr ElMaresme-Frum.5

    A matria refora com as fotos e otexto que os jovens so os grandes pro-tagonistas da festa, ou melhor, devera-mos dizer, os grandes incvicos que squerem aproveitar o bom clima da fes-ta, sem limite algum para suas aes ano ser aquele de evitar qualquer danopessoal.

    Devemos destacar que as avaliaesnegativas, feitas especialmente pelos re-prteres nos diferentes peridicos locais,alm dos cidados por meio de suas as-sociaes vicinais, sobre determinadoseventos festivos que transcorrem emBarcelona o ttulo do Bara na ltimatemporada futebolstica reuniu mais deum milho de pessoas pelas ruas da ci-dade!!6 pem em evidncia uma dis-

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    puta importante. Uma luta sobre o sen-tido da festa, sobre os usos apropriadosdo espao pblico e, de certa maneira, apropsito da vocao turstica da cida-de.

    Uma preocupao ressaltada pelosjornalistas, incluindo os de El Pas (comsede na capital madrilenha), em sua ver-so impressa para a Catalunha, decor-ria dos eventos tumultuosos transcorri-dos durante a Fiesta Mayor de Grcia,7acontecida em 2005, entre os dias 16 e18 de agosto. As altercaes ali ocorri-das eram temidas pelos peridicos e, emcerta medida, pelo prefeito e seus repre-sentantes administrativos. Outro proble-ma a ser evitado pelo Ajuntament de Bar-celona era identificado com a aoreivindicativa de grupos anti-sistemadurante o evento.

    *Se a formulao clssica de Jrgen

    Habermas, em Mudana Estrutural daEsfera Pblica, sobre o papel relevantedos jornais na constituio da chamadaesfera pblica burguesa parece estarcorreta, compreender essa pequena ocor-rncia callejera ou incvica, na for-ma como foi tratada pela imprensa im-pressa, poder revelar opinies impor-tantes sobre como est e como deve sera cidade que se quer.

    Patrcia Santos Neves Burke (1996),em sua dissertao de mestrado O Jor-nal em pauta, tratando da coluna de car-tas do Jornal do Brasil, destaca, partin-do de observaes feitas por Yves Ma-mou, o carcter fabricado da informa-

    o. Na formulao da notcia, o car-ter relacional entre o informante e o jor-nalista est irremediavelmente em jogo.Ora, essa relao tambm estar refleti-da na coluna de cartas dos jornais ob-jeto da reflexo de Burke , assim comona forma de apresentao do materialjornalstico e na nfase dada aos relatose fotografias que ilustram qualquer ma-tria. H diferenas entre uma matriacom direito a chamada de capa e a dis-posio sem destaque no interior do jor-nal.

    A coluna de cartas do leitor funcio-naria como fonte para os jornalistas,para a lgica de reproduo do prpriojornal, para seu cotidiano. Utilizando-se de Benedict Anderson, a autoraenfatiza a

    construo de uma relao decumplicidade em que, se por umlado a aproximao entre as par-tes cumpre objetivos diversos, poroutro se estabelece um vnculoem torno da centralidade do pr-prio jornal enquanto instrumen-to ou objeto partilhado (Burke,1996: 23).

    O estreitamento desse relacionamen-to, informa-nos Burke, entre jornal/jor-nalista e leitor/informante pode crescera tal ponto de o veculo jornalstico setornar um intermedirio termo em-pregado pela autora ao longo do traba-lho ou mediador (na acepo do ter-mo propugnada e desenvolvida, na com-binao das lies da escola antropol-gica britnica com as do interacionismosimblico,8 pelos estudiosos das socie-dades moderno-contemporneas) no

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    apenas das demandas do consumidor,como tambm dos direitos do cidado.

    Esse movimento dos direitos, de umaconcepo mercadolgica e de consumopara outra, cidad, reivindicativa e par-ticipante (nas ocasies em que, porexemplo, o leitor se dirige por meio decorrespondncias e telefonemas reda-o do jornal), redireciona e amplia oescopo de alcance e ambio das folhasdirias, retirando-as da esfera privada erecolocando-as ao encontro de sua vo-cao pblica so as conseqnciaslgicas a que podemos chegar, seguidasas formulaes de Anderson, Burke eHabermas.

    Como afirma Patrcia Burke, o jor-nal se transforma em caixa de ressonn-cia do cotidiano da cidade, bem comotem seu carter pblico reforado peloelo com o leitor (id., ibid.: 124). Have-ria uma circularidade Bakhtin,9 por-tanto, que faria com que a notcia notivesse propriamente uma origemunvoca, mas antes fosse o resultadodesses mltiplos processos de interaosocial (Goffman:1985).

    Isabel Travancas (1993), em pesqui-sa que discutiu a identidade do jornalis-ta, observou ser esse profissional prota-gonista de uma

    funo importante em termos daconstruo da cidadania, uma vezque responsvel pela transmis-so de informaes, e a idia decidadania est subordinada in-formao (p.107).

    Ora, as observaes de Travancas eBurke convergem no sentido de qualifi-car o mundo dos meios de comunicao

    de massas, em particular o dos reprte-res e o dos jornais, como central no es-tabelecimento de uma arena de debatepblico, que se engendraria a partir dasinformaes ali veiculadas.

    Patrick Champagne, em seu livroFormar a opinio: o novo jogo do pol-tico, chama a ateno para a influnciamiditica no jogo de configurao daopinio pblica, mediante o recursode pesquisas e sondagens analisadas porespecialistas, os cientistas polticos, e ou-tros tcnicos na arte de decifrao dastendncias de opinio.

    Apesar de Champagne estar apresen-tando o caso francs, sua premissa cor-robora as consideraes, para o caso bra-sileiro, de Travancas e Burke, da

    posio essencial ocupada, atu-almente, pela mdia; com efeito,os jornalistas que do conta doacontecimento contribuem am-plamente para que este exista doponto de vista poltico, isto ,para que exista (Champagne,1998: 15).

    Se nos valermos das formulaes deHoward S. Becker (1977), podemos con-cluir que esses profissionais da notciatambm fazem parte, portanto, do cam-po de luta eminentemente poltico emtorno do poder de enunciao de verda-des.10 Este parece ser o caso no relatoaqui exposto em torno das festividadesem honra padroeira de Barcelona.

    A ateno da prefeitura de Barcelonano apenas com os equipamentos sani-trios e as latas de lixo, alm das equi-pes tratando de limpar as vias pblicasto logo a festa acabasse, foi secundada

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    por um aparato policial considervelpara evitar conflitos fsicos e atos de pro-testo mais ruidosos. Como observa emobra coletiva o Grup de Recerca Etno-grafia dels Espais Pblics de lInstitutCatal dAntropologia (ICA), sob a co-ordenao do antroplogo Manuel Del-gado, ao discutir as festas no espao ci-tadino barcelons como as da Merc e ados Jogos Olmpicos de 1982, ohappening permanente em que se trans-formou a cidade de Barcelona significao triunfo da pompa rococ (Delgado,2003: 114), capitalizado pelas autorida-des municipais.11

    Parece-me que as exortaes do pre-feito Joan Clos, bem como aquelas ob-servaes dos periodistas em geral, vi-savam a regular quais seriam os usosadequados da rua por parte dos partici-pantes da festa e qual seria o sentido sim-blico esperado para a Feste de la Merc.Uma cidade, enfim, que continuaria re-forando sua vocao turstica, a par-tir da prefeitura da capital catal, com aajuda das observaes crticas, portan-to, dos jornalistas de planto.

    Uma cidade que, quando mencionaas manifestaes de protesto transcorri-das durante o ato inaugural da Feste dela Mare de Deu de la Merc, observa queelas aconteceram com tranqilidadecvica, como seria de sua tradio de-mocrtica e caracterstica do seny12 ca-talo.

    Uma Barcelona que deve continuar aser integradora, alm de afastar oseventuais comportamentos incvicospor intermdio de dispositivos punitivos,se preciso for. Em matria publicada pelo

    jornal Folha de S. Paulo, um ms de-pois da comemorao da Merc, com ottulo de Barcelona multar visitantearruaceiro, somos informados sobre assanes e multas que incidiro a

    quem for visto urinando, vomi-tando, andando com latas de cer-veja abertas ou seminu na cidadeespanhola.

    A fora regulatria da municipalida-de torna-se abrangente, portanto.

    Eis a Barcelona que se consolida svsperas de ter seu abenoado Estatutautonmico regional aprovado e sanci-onado por Jos Luis Rodrgues Zapatero,presidente do governo da Espanha. A ci-dade como espao de mltiplas sociabi-lidades contrastantes continua em pau-ta, cada grupo ou coletivo de indivduospropondo usos especficos e autorizadospara o espao pblico. Por esse motivo preciso ler os diferentes peridicos esuas anlises de uma perspectiva crti-ca.

    No caso da Feste de la Mare de Deude la Merc nada est posto de maneiraimutvel, definitiva, mas vai sendoconstrudo no processo de mltiplasinteraes sociais. Em suma, como ob-serva Manuel Delgado, ao discutir osusos simblicos do espao pblico emBarcelona, as festas no so espaos ape-nas harmnicos e de culto ao passado;mas tambm nesses eventos os conflitosno so uma matria estranha aos cos-tumes; as festas anunciam as virtuali-dades, as energias e as potencialidadesque se expressaro no tempo fazendo,desfazendo e refazendo a sociedade (Del-gado, 2005: 13).

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    NOTAS1 O dia de Nossa Senhora das Mercs 24

    de setembro.

    2 Informaes sobre a cidade podem ser en-contradas na obra de Robert Hughes(1995) intitulada Barcelona.

    3 Desfile de drages, gigantes e monstroscom manuseio de fogos de artifcio.

    4 Grupos de homens que montam nos om-bros uns dos outros formando pirmideshumanas. Tal procedimento desenvolve-se em forma de competio entre os gru-pos, objetivando a construo da maior pi-rmide.

    5 Estao de metr (linha 4) construda em2003 para abrigar o Frum Universal dasCulturas, evento transcorrido em 2004. Deuma perspectiva crtica, o antroplogocatalo Manuel Delgado afirma que a ci-dade de Barcelona vive um colossal pro-cesso de urbanizao e, como das outrasvezes, parece requerer algum grande even-to que a legitime simbolicamente. ParaDelgado estaria em marcha um processode higienizao e de escamoteamento dosconflitos do espao urbano com a transfe-rncia de importantes reas da cidade paraas mos da especulao imobiliria. Verseu artigo El gran circo de las culturaspublicado no jornal El Pas de 11/09/2002.

    6 Sobre a importncia do Futebol Club Bar-celona e suas ligaes com a cidade cataller o artigo O discreto charme do nacio-nalismo burgus, do jornalista FranklinFoer, em seu livro Como o futebol explicao mundo: um olhar inesperado sobre aglobalizao (2005).

    7 Cada bairro tem sua prpria festa, e nelacada rua compete para ver quem faz a de-corao mais original. A melhor e mais es-

    petacular delas celebrada no bairro deGrcia.

    8 Consultar Velho (1994) e Velho e Kuschnir(1996 e 2001).

    9 Ver sobre o tema da circularidade Bakhtin(1987).

    10 Gostaramos de enfatizar que a luta pelapossibilidade de emitir uma opinio so-bre qualquer assunto nos meios de comu-nicao de massa, mesmo podendo ser decarter material, tambm de natureza es-sencialmente simblica ou por viso demundo. Em outro caso estudado porChampagne (1993), a viso miditica dosjornalistas e suas enqutes locais estari-am focalizando, sobretudo, os afrontamen-tos, entre jovens imigrantes e policiais, nobanlieue francs de Vaulx-en-Velin (Lyon),mais do que a situao objetiva que elaprovoca. Para Champagne, esse seria umsintoma mais geral da sociedade que ten-de a tratar independentemente as situa-es concretas (p.112).

    11 Delgado (2003).

    12 Essa expresso pode ser traduzida, apro-ximadamente, como senso prtico, ponde-rao, juzo. Na maneira de ser do catalohaveria tambm operando dualmente arauxa, ou seja, o arrebatamento, a loucu-ra, a exaltao.

    REFERNCIASBIBLIOGRFICAS

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    Nilton Silva dos Santos professor da Uni-versidade Candido Mendes (Ucam) e dou-tor em antropologia cultural pelo IFCS/UFRJ.