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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
MATEUS ROBERT CARDOSO WINER
ANÁLISE E COMPARAÇÃO DE MÉTODOS DE RECUPERAÇÃO DE NASCENTES
Goiânia
2017
MATEUS ROBERT CARDOSO WINER
ANÁLISE E COMPARAÇÃO DE MÉTODOS DE
RECUPERAÇÃO DE NASCENTES
Trabalho de conclusão de curso apresentado à coordenação de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Federal de Goiás como requisito para obtenção do título de bacharel em Engenharia Orientador: Prof. Denilson Teixeira
Goiânia 2017
RESUMO
Nascente pode ser definida quando um aquífero se aflora na superfície do terreno. Ações de preservação de nascentes têm se tornado indispensáveis, visto que atualmente as mesmas são consideradas como um recurso natural de altíssimo valor econômico, neste contexto foi criado o Programa Produtor de Água (PPA), com o objetivo de recuperação e preservação hídrica no Brasil. Sendo assim, a presente pesquisa analisou, por meio da elaboração de uma matriz de qualificação, os métodos de nucleação, semeadura, plantio de mudas, SAF e regeneração natural na recuperação da vegetação de uma área de influencia direta da nascente. Através do ArcGIS realizou-se a localização e caracterização do uso do solo da fazenda e da nascente em estudo que participam do Programa Produtor de Águas. A partir da matriz de qualificação, cada método foi analisado e pontuado e ao final, obteve-se um resultado onde o maior valor foi o método mais adequado de implantação a área de estudo, o qual neste caso foi o plantio de mudas. Ao analisar uma associação de métodos, foram obtidos resultados semelhantes ao plantio de mudas, quando se associou regeneração natural ao processo de nucleação. Conclui-se que o plantio de mudas representa o método mais adequado de implantação na nascente em estudo, devido a sua facilidade na implantação, juntamente com sua adequação ao tipo de relevo presente na nascente. Palavras-chave: Regeneração; nascente; programa produtor de águas; mata ciliar; matriz de qualificação
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Planilha de Pontuação .......................................................................... 18
Quadro 2 - Matriz de Qualificação ............................................................................ 18
Quadro 3 - Identificação da propriedade .................................................................. 20
Quadro 4 - Descrição das áreas correspondentes do uso atual do solo .................. 23
Quadro 5 -Matriz de qualificação preenchida ........................................................... 30
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Pontuação declividade......................................................................26
Gráfico 2: Pontuação pela dificuldade de implantação.....................................27
Gráfico 3: Pontuação pela Formação de Capital Humano................................28
Gráfico 4: Pontuação Recuperação da Fertilidade do Solo...............................29
Gráfico 5: Pontuação do acompanhamento técnico..........................................29
Gráfico 6: Pontuação uso de defensivos agrícolas............................................30
Gráfico 7: Matriz de qualificação........................................................................31
Gráfico 8: Pontuação total para cada método...................................................31
Gráfico 9: Gráficos de pontuação individual para cada método........................32
Gráfico 10: Relação de semeadura e SAF........................................................33
Gráfico 11: Relação entre nucleação e regeneração natural............................34
Gráfico 12: Comparação do plantio de mudas com métodos agregados..........34
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização da área em questão........................................................19
Figura 2. Croqui de acesso................................................................................21
Figura 3: Croqui do uso atual do solo................................................................22
Figura 4: Croqui de Serviços Ambientais...........................................................24
Figura 5: Análise da área da nascente. ............................................................25
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA
APP
CAB
COOPAVEL
GPS
ONU
PPA
PSA
SAF
Agência Nacional de Águas
Área de Preservação Permanente
Cultivando Água Boa
Cooperativa Agroindustrial de Cascavél
Global Positioning System
Organização das Nações Unidas
Programa Produtor de Água
Pagamento por Serviços Ambientais
Sistema Agroflorestal
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO............................................................................................................7
2.OBJETIVOS ............................................................................................................ 10
2.1.OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 10
2.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................. 10
3. REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................11
3.1 BASE LEGAL..........................................................................................................11
3.2 ÁREA DEGRADADA...............................................................................................11
3.3 MÉTODOS DE RECUPERAÇÃO............................................................................13
3.3.1 SEMEADURA DIRETA.........................................................................................13
3.3.2 REGENERAÇÃO NATURAL................................................................................14
3.3.3 NUCLEAÇÃO.......................................................................................................14
3.3.4 PLANTIO DE MUDAS..........................................................................................15
3.3.5 SISTEMA AGROFLORESTAL ............................................................................15
4. METODOLOGIA ................................................................................................... ..17
4.1PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. ..17
4.2 ELABORAÇÃO DA MATRIZ DE QUALIFICAÇÃO ............................................... .17
4.3LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA..................................................19
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................20
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA...............................................................................20
5.2 ANÁLISE DA MATRIZ DE QUALIFICAÇÃO...........................................................25
6. CONCLUSÃO...........................................................................................................35
REFERÊNCIAS.............................................................................................................36
7
1. INTRODUÇÃO
Quando um aquífero aflora na superfície do terreno, dando origem a
uma fonte de água de acúmulo ou um curso d'água de pequeno a grande
porte, denomina-se de nascente. Aquela nascente que fornece água em
abundância, continuidade e boa qualidade, em cota topográfica elevada,
possibilitando sua distribuição por gravidade sem gasto de energia, é
considerada como uma nascente ideal (CALHEIROS et al, 2004; FERREIRA et
al, 2007).
Em termos legais, de acordo com a resolução CONAMA n° 303, de 20
de março de 2002, nascente é o local onde aflora naturalmente, mesmo que de
forma intermitente, a água subterrânea.
Um dos fatores para a classificação da nascenteé o seu grau de
conservação e assim, podem ser classificadas como preservadas, perturbadas
e degradadas. O Código Florestal, na sua Lei n° 12.651/2012 define como
preservada a nascente que possui uma mata ciliar natural com raio de
50m(CARPANEZI; NICODEMO, 2009; OLIVEIRA, 2009).
Ações de preservação de nascentes têm se tornado indispensáveis,
visto que atualmente as mesmas são consideradas como um recurso natural
de altíssimo valor econômico, estratégico e social, devido à sua
indispensabilidade para o desempenho de atividades humanas de todos os
setores(CASTRO et al, 2007; SANTIAGO;DIAS, 2012).
Dentro deste contexto, foi proposto pela Agencia Nacional de Águas –
(ANA), o Programa Produtor de Água (PPA), com o objetivo de recuperação e
preservação hídrica no Brasil por meio de práticas e manejos
conservacionistas, melhoramento da cobertura vegetal, contribuindo assim,
para o abatimento efetivo da erosão e da sedimentação e, consequentemente,
aumento da infiltração de água no solo (ANA, 2012).
O PPA atua por meio do princípio do provedor-recebedor, utilizando da
política de Pagamento por Serviços Ambientais(PSA) para os produtores rurais
8
que optaram por aderir voluntariamente ao projeto. A proposta prevê a
integração do produtor na geração de externalidades positivas em bacias
hidrográficas e consequente bonificação (ANA, 2012).
O programa consiste basicamente em realizar um levantamento
planimétrico de cada propriedade, além da elaboração de uma planta virtual da
propriedade rural, indicando o uso do solo atual e quais serão os serviços
ambientais propostos para o local (ANA, 2012).
Dentre osexemplos que demonstram a importância da preservação de
uma nascente, podemos destacar o Projeto Cultivando Água Boa, desenvolvido
pela Itaipu Binacional,no Estado do Paraná. Uma das características do
Programa é a técnica de recuperação, conservação e manutenção de
nascentes, que afeta diretamente a água que chega até o Rio Paraná que
abastece a Usina Hidrelétrica de Itaipu (BRUNS et al, 2015).
Outro exemplo que merece destaque foi o Projeto Água Viva
COOPAVEL/Syngentaexecutado pela Cooperativa Agroindustrial de Cascavel
– COOPAVEL que se dedica a técnica de recuperaçãodesde 2004. Até o ano
de 2012, a empresa restaurou cerca de 6.500 nascentes em todo o Brasil, com
o objetivo de melhorar a quantidade e a qualidade da água consumida pelos
produtores rurais (SNA, 2014).
Entretanto, as nascentes não devem ser preservadas apenas em seu
entorno, mas na maior área possível ao longo da bacia, a fim de absorver
eficientemente as águas pluviais, reduzindo a velocidade de escoamento
superficial, promovendo a infiltração(CALHEIROSet al., 2004; VALENTE;
GOMES, 2005).
Também desempenham fundamental importância em relação a
qualidade e quantidade de água absorvida nos cursos d’água de uma bacia, as
matas ciliares, também conhecidas como floresta ripária, mata várzea ou mata
de galeria. Assim é de grande relevância o estudo de diferentes métodos de
recuperaçãoda mata ciliar e consequentemente da nascente (RODRIGUES;
FILHO,2001; ATTANASIO et al., 2006).
9
As matas ciliares são importantes, visto que as mesmas possuem
influência de vários modos nos corpos de água, multiplicação de espécies
vegetais e sua remoção podem causar prejuízos incontestáveis para o homem
e para a natureza de modo geral (GALVAO, 2000; FIRMINO, 2003).
BERTONI (1965, apud BARBOSA 1989, p. 175) lista uma série
decontribuições da cobertura vegetal:
Diminuição do impacto das gotas da chuva sobre o solo;
dispersão de parte dessa água, interceptando-a e
evaporando-a antes mesmo de atingir a superfície do solo;
acréscimo de matéria orgânica ao solo, pela decomposição
de folhas e raízes mortas, permitindo uma melhor
estruturação do solo e infiltração da água; aumento da
capacidade de retenção hídrica e diminuição da velocidade
de escoamento da enxurrada.
Frente a estas considerações, a presente pesquisa tem como objetivo
principal analisar diferentes aspectos de distintos métodos para a recuperação
das áreas de influência direta e indireta de uma nascente, a fim de contribuir
com propostas mais eficientes e de menor custo para programas de
recuperação de áreas degradadas governamentais.
10
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
O Projeto Produtor de Águas do Ribeirão João Leite tem como foco o
estímulo à Política de Pagamento por Serviços Ambientais voltados à proteção
hídrica. Assim, o presente estudo visa analisar e comparar os processos de
nucleação, semeadura, SAF, plantio de mudas e regeneração natural para
recuperação de nascentes, possibilitando analisar as vantagens e
desvantagens de cada método e possíveis associações de metodologias.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Elaboração de diagnóstico ambiental da nascente do Rio das
Pedras - GO;
Elaboração de uma Matriz de Qualificação para a comparação
das características, vantagens e desvantagens dos diferentes
métodos de recuperação de vegetação estudados;
Análise de associação de métodos para um melhor processo de
recuperação da área.
11
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1. BASE LEGAL
Ao se discutir processos de recuperação de uma nascente, é preciso
primeiramente, reconhecer se a nascente está ou não degradada, e caso
esteja, qual é o parâmetro legal que deve ser utilizado para definir qual a área a
ser recuperada.
Uma área rural pode ser classificada como consolidada ou não-
consolidada. Uma área consolidada de acordo com o novo Código Florestal Lei
Nº 12.651/2012, é aquela " área de imóvel rural com ocupação antrópica
preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades
agrossilvipastoris, admitindo, neste último caso, a adoção do regime de
pousio." (BRASIL, 2012).
A Seção II, Art. 61.A, parágrafo 5, da mesma Lei, define que " Nos casos
de áreas rurais consolidadas em Áreas de Preservação Permanente no entorno
de nascentes e olhos d’água perenes, será admitida a manutenção de
atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo ou de turismo rural, sendo, nestes
casos, obrigatória a recomposição do raio mínimo de 15 (quinze) metros."
(BRASIL, 2012).
Entretanto, na Lei Estadual, Nº 18.104/2013, cap. III, art. 13, parágrafo 5,
define que, " Em áreas rurais consolidadas no entorno de nascentes e olhos
d’água perenes, será admitida a manutenção de atividades, sendo obrigatória a
recomposição do raio mínimo de 20 (vinte) metros." (GOIÁS, 2013).
De acordo com a hierarquia do processo legislativo, prevalece a lei que
possui maior restrição, ou seja, neste caso a lei de maior restrição é a estadual,
prevalecendo assim uma obrigatoriedade de recuperação da área de raio de
20m.
3.2. ÁREA DEGRADADA
A degradação ambiental, de acordo como Decreto Federal 97.632/89, é
definida como"processos resultantes de danos ao meio ambiente, pelos quais
12
se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como a
qualidade produtiva dos recursos naturais.”.
De acordo com a Instrução Normativa ICMBIO Nº 11, de 11 de
dezembro de 2014, capítulo 1, art 2º, área degradada é "aquela impossibilitada
de retornar por uma trajetória natural a um ecossistema que se assemelhe ao
estado inicial, dificilmente sendo restaurada, apenas recuperada.". Entretanto,
uma área perturbada é "aquela que após o impacto ainda mantém capacidade
de regeneração natural e pode até ser restaurada.".
Área degradada é aquela que passou por algum grau de perturbação de
natureza física, química ou biológica. A reversão da condição degradada para
uma condição não degradada é denominada recuperação, independentemente
da sua destinação futura e do seu estado original (EMBRAPA, 2017).
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação, Lei nº 9985 de
18/07/2000, em seu artigo 2, denota o termo recuperação como a "restituição
de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição
não degradada, que pode ser diferente de sua condição original". Assim,
entende-se que a área volte a ter sua condição produtiva em condições de
equilíbrio ambiental (MARTINS, 2007).
Já a restauração, de acordo com a mesma lei e parágrafo, define como
a "restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o
mais próximo possível da sua condição original". Sendo assim, a restauração
busca, protegendo e auxiliando a capacidade natural de mudança dos
ecossistemas, criar comunidades ecologicamente viáveis (ENGEL &
PARROTA, 2003).
Seja o objetivo restaurar ou recuperar, existem hoje, inúmeras maneiras
de se realizar o processo de revegetação de uma área. Dentre elas, podemos
citar a semeadura, a regeneração natural, a nucleação, o plantio de mudas e
os sistemas agroflorestais (SAF).
13
3.3. MÉTODOS DE RECUPERAÇÃO
A qualidade e o tamanho da semente, competição com gramíneas,
características do solo, temperatura, umidade e luz, são fatores que devem ser
levados em consideração na escolha do método (BOTELHO E DAVIDE, 2002)
considerando que é um processo diretamente dependente da criação de um
microambiente de condições para uma rápida emergência, e
consequentemente um estabelecimento das plântulas e mudas (SMITH 1986;
DOUST et al., 2006).
SOARES e RODRIGUES (2008) destacam a importância da seleção de
espécies florestais de maior rusticidade assegurando sua sobrevivência em
campo e visando facilitar a sucessão vegetal, visando assim reverter o
processo de degradação.
3.3.1 SEMEADURA DIRETA
A semeadura direta é um processo de recuperação da vegetação de
uma determinada área por meio do lançamento de sementes em grande
quantidade de espécies nativas com bom potencial de germinação, a qual pode
ser manual, mecanizada ou ambas. Nesse processo, devem ser semeadas
espécies pioneiras, em alta diversidade, ou junto com espécies secundárias,
dependendo da resiliência do local (EMBRAPA, 2017).
De acordo com Mattei (1995), a semeadura direta é uma técnica versátil
e barata de reflorestamento, sendo empregada na maioria das situações onde
a regeneração natural e o plantio de mudas não pode ser executado.
Normalmente este processo é recomendado por proporcionar maior eficiência
em áreas degradadas de baixa declividade (BARNETT E BAKER, 1991;
FERREIRA et al., 2007).
Segundo EMBRAPA (2017), ao final de um período de 10 anos, é
esperado que a vegetação já apresente características de vegetação
secundária e não necessite de manejo para seguir seu rumo em sentido à
vegetação madura.Regenerantes originados da chuva de sementes do próprio
plantio e de áreas próximas surgem. Estes regenerantes garantirão a dinâmica
da evolução da comunidade.
14
3.3.2 REGENERAÇÃO NATURAL
A regeneração natural é uma interação dos processos naturais de
restabelecimento do ecossistema florestal, assim, o processo está ligado
diretamente às fases iniciais de seu estabelecimento e desenvolvimento do
ciclo de crescimento da floresta (GAMA et al., 2002).
Apesar de ser um processo de baixo custo, exige um trabalho extensivo
de levantamento de dados para o cálculo do potencial de regeneração natural
do local. Assim, a regeneração natural consiste em deixar os processos
naturais atuarem livremente, uma vez que a área apresente plantas nativas
regenerantes em alta densidade e diversidade e baixa presença de espécies
invasoras (EMBRAPA, 2017).
A reposição natural das espécies de flora e o surgimento de outras,
garantem a perpetuação e o equilíbrio dos ecossistemas conforme o nível de
desenvolvimento dos estágios seriais, justificando assim, a importância da
regeneração natural para o desempenho das funções vitais de uma floresta
(SOUSA JÚNIOR, 2005).
O termo regeneração natural pode ser considerado como um sumário de
uma flora, composto pela reserva de plântulas e indivíduos jovens, assim como
a forma em que uma floresta se recompõe após distúrbios, como por exemplo,
campos de cultivos abandonados, regeneração em clareiras e outros
(MARTINS, et al., 2014).
3.3.3 NUCLEAÇÃO
A nucleação é um processo de recuperação da vegetação de uma área
pela abordagem de várias técnicas como: transposição do solo, transposição
de galharia, poleiros naturais ou artificiais, transposição de sementes e
nucleação de Anderson.Devido a diversidade, gera fluxos naturais no ambiente
(ESPÍNDOLA et al., 2006; SILVA, 2011).
Assim, a nucleação pode ser definida como a geração de pequenas ilhas
de vegetação, e ao longo do tempo, a vegetação secundária se expande,
acelerando o processo natural de revegetação da área (MARTINS, 2007).
15
Desta maneira, SILVA (2011) afirma que esta técnica permite a
formação de vários microhabitats que se divergem por todo o ambiente a ser
recuperado, possibilitando a vinda de várias espécies com suas diferentes
formas de vida.
3.3.4 PLANTIO DE MUDAS
Segundo TRINDADE & SCHULZ (2009), o plantio de mudas apresenta
alta eficiência, pois favorece uma rápida cobertura do solo e assegura a
autorenovação da floresta, o que garante segundo COELHO (2006), a
formação de florestas autossustentáveis.
É uma prática adotada principalmente em casos nos quais a atividade
agropastoril ocupou a área onde antes havia uma formação florestal, ou
entãoonde a vegetação natural em torno do local a ser recuperado não existe
ou está bastante comprometida (IGNÁCIO et al., 2007).
O processo em geral apresenta muitos aspectos positivos.Uma vez
estabilizadas, as mudas passarão a desenvolver camadas de serapilheira e
húmus, as quais podem atrair animais dispersores de sementes e
consequentemente acelerar o processo de sucessão vegetal (RODRIGUES et
al., 2009).
Entretanto, há algumas desvantagens no processo, uma vez que as
mudas devem ser cuidadosamente selecionadas de acordo com as
características da área (DURIGAN & SILVEIRA, 1999). Outras dificuldades
encontradas são: obtençãodas mudas, necessidade de acompanhamento
detalhado do desenvolvimento das mudas, necessidade de mão-de-obra para a
abertura de covas, plantio e replantio (em alguns casos), necessidade de
adubos e/ou fertilizantes, entre outros (TRINDADE & SCHULZ, 2009).
3.3.5 SISTEMA AGROFLORESTAL (SAF)
Macedo (2000) define sistemas agroflorestais (SAFs) como uma faixa de
terra onde espécies herbáceas e espécies perenes são cultivadas juntamente,
usufruindo assim, das interações ecológicas, e consequentemente resultando
em vantagens econômicas. Neste processo, a diversidade biológica deve
16
sempre superar de maneira considerável a monocultura, sendo assim,
responsável pela melhoria da fertilidade do solo e a sustentabilidade.
Este sistema aumenta os níveis de nutrientes e promove a estruturação
do solo em função de uma maior eficiência de ciclagem denutrientes,
promovida pelas raízes e pelo acúmulo de serapilheira, sendo assim bastante
adequado para a restauração de áreas degradadas (VAZ, 2002).
Por não ser um termo recente, existem hoje várias definições, como a da
EMBRAPA (2017), que diz que "são consórcios de culturas agrícolas com
espécies arbóreas que podem ser utilizados para restaurar florestas e
recuperar áreas degradadas.".
Assim como na nucleação, os SAFs também possuem diferentes
métodos, como: AlleyCropping, Taungya, Sistema multiestrato, quebra-vento e
capoeira melhorada (FÁVERO, LOVO, MENDONCA, 2008).
17
4.METODOLOGIA
4.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste projeto, optou-se pela divisão em duas principais partes. A
primeira etapa do estudo consistiu em investigar asituação atual e os
problemas na nascente, dando ênfaseno estado atual da vegetação e do solo,
grau da erosão e do assoreamento do manancial e possíveis soluções.Isso foi
feito por meio de visitas técnicas e utilizando um programa de
geoprocessamento, neste caso, o ArcGIS,um"software"desenvolvido para o
trabalho com mapas e compilações de informações geográficas, bem como,
análise de informações mapeadas.
Na segunda etapa, foi analisada a metodologia utilizada na recuperação
da nascente em estudo, e foram propostas diferentes metodologias
condizentes com a realidade do local, relacionando melhor eficiência, menor
custo e necessidade de manutenções periódicas menores, por meio da
elaboração de uma Matriz de Qualificação.
4.2 ELABORAÇÃO DA MATRIZ DE QUALIFICAÇÃO
A Matriz de Qualificação foi desenvolvida baseada na tabela de
Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) (GODOI, 2017
comunicação pessoal) e readaptada de forma a atender os objetivos esperados
neste estudo. Assim, mantendo a mesma metodologia, desenvolveu-se uma
matriz, a qual possibilitou a ponderação das vantagens e desvantagens de
cada método em análise.
Cada item levantado para ponderação entre os métodos foi baseado no
local em estudo junto com algumas características que se julgaram relevantes
a implantação de cada processo. Foi distribuido uma pontuação na forma
apresentada no quadro1, e essa pontuação foi inserida no quadro2, em sua
coluna respectiva. A escolha da pontuação foi de forma um tanto subjetiva,
mas da maneira que fosse possível diferenciar cada processo com a pontuação
dada.
18
Quadro 1 - Planilha de pontuação
O item declividade buscou relacionar a aplicabilidade do método na
declividade do local em estudo, ou seja, quanto mais restritivo for o método
para declividades maiores, menor será sua pontuação. Caso o método fosse
aconselhável para altas declividades, como é o caso da nascente em estudo,
maior foi sua pontuação.
O mesmo ocorreu para o acompanhamento técnico uma vez que, quanto
menor for a necessidade de acompanhamento, maior será sua pontuação.
Ocorrendo o mesmo para o uso de defensivos agrículos, onde a sua ausência
no processo acarreta uma maior pontuação.
Quadro 2 - Matriz de Qualificação
Ao final foram somadas todas as pontuações recebidas para cada
método, gerando um valor total que possibilitou uma das formas de análise
entres os métodos. Nesta análise, quanto maior a pontuação obtida, melhor a
indicação do método para aplicação na área de estudo.
1 7
3 5
5 1
7
9
9
5
5 1
3
1
7
1 3
3 1
Não Significativo
Significativo Alta com utilização de grandes maquinários
Acompanhamento Técnico (At)
Anual
Trimestral
Mensal
Formação de capital humano (Ch)
Regenera a longo prazo (> 3anos)
Mantem
Dificuldade de Implantação (Di)
Simples com mão-de-obra
Moderada com uso de maquinário pequeno
Regenera a curto prazo (1-3anos)
Declividade (D)
Plano (3%)
Suave Ondulado (3 - 8%)
Moderamente Ondulado (8 - 13%)
Ondulado (13 - 20%)
Forte Ondulado (20 - 45%)
Uso de Defensivos Agrículos (Df)
Nula
Apenas no estágio inicial
Ao longo de todo o processo
Recuperação da Fertilidade do solo (Fs)
D Df Fs Di At Ch Total Classificação
0
0
0
0
0
Matriz de Qualificação dos Métodos
Processo
Semeadura
Plantio de mudas
nucleação
SAF
Regeneração Natural
19
4.3 LOCALIZAÇÃO DA NASCENTE
O estudo foi conduzido em uma nascente, selecionada com base em
seu estado de degradação, situada em uma das fazendas onde o Projeto
Produtor de Águas está atuando.
A nascente está localizada em uma propriedade da Fazenda do Sapato
Arcado, na Bacia do RibeirãoJoão Leite, próximo a GO 330, saindo de Ouro
Verde de Goiás no sentido a Anápolis, situada nas coordenadas geográficas
latitude 16°12’56,68” S e longitude 49°09’51,97” W, a 959m de altitude (Figura
1).
Figura 1. Localização da área em questão
Fonte: EMATER - GO
20
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
A caracterização da área, no Programa Produtor de Águas consiste na
caracterização da propriedade, incluindo área total, uso atual do solo e croqui
de acesso à propriedade.
O quadro3, representa a identificação da propriedade, junto com os
dados do proprietário. Neste caso, serão mantidas no anonimato, por não
representar relevância ao estudo.
Quadro 3 – Identificação da propriedade
DADOS DO PRODUTOR RURAL
Nome do proprietário:
RG: CPF:
Endereço do proprietário:
Telefone: E-mail:
DADOS DA UNIDADE DE PRODUÇÃO
Nome da propriedade: Fazenda Cabeceira do João Leite e Sapato Arcado
Área Total da Propriedade (ha): 25,46
Documento que legitima a posse:Certidão
Endereço da propriedade: Município de Ouro Verde de Goiás - GO
Trecho da bacia:Sub-bacia do Córrego da Cabeceira do João Leite
Entidade responsável:
Em seguida foi gerado o croqui de acessoa propriedade, junto com as
instruções de acesso (figura 2).Saindo de Ouro Verde de Goiás, sentido
Anápolis, pela GO 330 percorrer 2,3 km e entrar a esquerda. Percorrer mais
1,1 km, continue em frente na estrada de chão por mais 1,4 km, virar à
esquerda para a Fazenda Cabeceira do João Leite e Sapato Arcado.
21
Figura 2. Croqui de acesso
Fonte: EMATER - GO
A figura 3, representa o croqui do uso atual do solo, com dados
levantados por meio de visitas técnicas a propriedade. Dentre eles, estão
representados a nascente, a sede da fazenda, as áreas produtivas, as áreas de
preservação, o curso e os corpos d'água, as estradas e as áreas de mata ciliar.
22
Figura 3: Croqui do uso atual do solo
Fonte: EMATER - GO
23
Os dados coletados foram classificados em uma tabela do uso atual do
solo (quadro 4) o qual ajudou na definição das ações a serem tomadas a fim de
"adequar" a propriedade aoPrograma Produtor de Águas. A figura 4 representa,
nesse caso, as atividades a serem exercidas na propriedade.
Quadro 4 – Descrição das áreas correspondentes do uso atual do solo DESCRIÇÃO DAS ÁREAS CORRESPONDENTES DO USO
ATUAL SOLO
Área
(ha)
Remanescente de Vegetação Nativa
Vegetação Nativa Existente 2,35
APP 1,03
Áreas produtivas Pastagens 19,28
Manga 2,34
Infraestrutura
Estradas internas 0,08
Sede e Quintal 0,29
Represa 0,17
Área total 25,46
24
Figura 4: Croqui de Serviços Ambientais
Fonte: EMATER - GO
25
Analisando a nascente objeto deste estudo, observou-se que ela possui
uma pequena área de vegetação ao seu redor, mas não suficiente para se
adequar à Lei Estadual 18.104/2013, a qual prevê a preservação da vegetação
num raio de 20m. Uma análise mais detalhada revelou que a área total
preservada deveria conter aproximadamente 1250m², quando, na verdade,
possuía apenas 626 m² preservados, sendo necessário recuperar uma área de
624m² (figura 5).
Figura 5: Análise da área da nascente.
Fonte: EMATER - GO
5.2. ANÁLISE DA MATRIZ DE QUALIFICAÇÃO
Baseado em todo o estudo bibliográfico realizado, analisou-se cada item
presente na tabela comparativa, preenchendo-se então a matriz de qualificação
pela soma de todos os índices respectivos ao processo, e foi obtida uma
classificação do processo de maior para menor adequação.
No item declividade, as classificações foram obtidas pela EMBRAPA. A
área apresentou declividades médias entre 7 - 20%.
26
Este item é considerado de fundamental importância na escolha do
método, uma vez que o mesmo pode determinar a necessidade do uso de
tecnologias ou equipamentos, o que pode dificultar a sua implantação.
Devido a declividade do local, que foi superior a 7% não é propíciapara
métodos que mantem o solo exposto ou utilizem maquinários.O gráfico 1 a
seguir, mostra de forma mais clara a pontuação recebida pelo método em
relação a declividade.
Gráfico 1: Pontuação declividade
Com referência a dificuldade de implantação, os processos partiram do
mesmo princípio de que as únicas dificuldades previstas, seriam a
movimentação das sementes, mudas e ferramentas (pás, enxadas, estacas,
cavadeiras) para o local destinado, por meio de pequenos veículos com
carroceria. Já o trabalho realizado no solo, como coveamentos, aberturas de
pequenas valas para as sementes, seriam realizadas manualmente.
Embora o processo possa parecer o mesmo da nucleação e SAF para
os outros métodos, ambos exigem uma pesquisa e um estudo um pouco mais
aprofundado em relação a sua implantação, daí sua pontuação um pouco
inferior referente a dificuldade de implantação (LIMA, et al., 2016). O gráfico 2
apresenta a pontuação pela dificuldade de implantação.
27
Gráfico 2: Pontuação pela dificuldade de implantação
No SAF e na nucleação, as mudas a serem plantadas devem ser
escolhidascom cuidado, devido à grande influência que podem gerar. A
presença de espécies melíferas, árvores com produções de frutas para atrair
pássaros, morcegos e outros animais, são estratégias importantes que visama
dispersão de sementes, de acordo com Milton Parron Padovan, pesquisador da
Embrapa Agropecuária Oeste (EMBRAPA, 2017).
Ambos os processospodem envolver um maior número de espécies, o
que contribui para a complexidade de seu planejamento e manejo, assim
exigem conhecimentos mais aprofundados. Assim, podem contribuir para a
formação de capital humano, tanto para quem foi contratado para o
planejamento e execução do projeto, como também para o produtor que deverá
se informar, um pouco sobre todo o processo e como deve ser
manejado(EMBRAPA, 2017).
O gráfico 3 apresenta a pontuação pela formação de capital humano.
28
Gráfico 3: Pontuação pela Formação de Capital Humano
Quando se refere a fertilidade do solo, um solo fértil é aquele que
apresenta nutrientes, necessários para o desenvolvimento de plantas, em
grandes quantidades. A dificuldade de formação de vegetação secundária está
ligada ao baixo estoque de sementes, baixa fertilidade do solo e alto nível de
compactação do solo. Em áreas de pastagens, a baixa disponibilidade de
nitrogênio e fósforo, representam dois principais fatores de limitação ao
surgimento de nova vegetação, além da superlotação de pastagens, falta de
adubação, ausência de leguminosas e uso frequente de fogo (WALDT,2003).
Assim, os processos onde se implanta vegetação um pouco mais
desenvolvida (mudas com folhas e possibilidade de frutos são alguns
exemplos), tendem a auxiliar na recuperação da fertilidade do solo de maneira
mais acelerada, em razão da deposição de folhas e raízes, os quais podem
gerar canalículos, aumentando também a retenção hídrica (MOTA, 2008).
Desta maneira, a vegetação proporciona uma proteção de forma mais
acelerada contra processos erosivos causados pelo vento e chuvas,
contribuindo também para a fertilidade do solo com materiais orgânicos, folhas
e frutos. Além dessa proteção do solo, ela auxilia também na redução do
impacto da água da chuva sobre o solo, favorecendo a infiltração com a
redução da velocidade de escoamento (MOTA, 2008). O gráfico4mostra a
pontuaçãoobtida pelo método recuperação da fertilidade do solo.
0
2
4
6
8
10Semeadura
Plantio de mudas
Nucleação (Mudas em
Ilhas)SAF
Regeneração Natural
Formação de Capital Humano
29
Gráfico 4: Pontuação Recuperação da Fertilidade do Solo
Uma vez instalado o método de recuperação de área degradada, o
acompanhamento técnico é de fundamental importância para o monitoramento
da evolução ambiental da área. Caso o método necessite de alterações,
visando a recuperação da área, elas só serão possíveis mediante identificação
devido ao acompanhamento, sendo realizada pelos técnicose/ou com auxílio
do produtor e/ou proprietário da terra(RUIZ-JAÉN e AIDE, 2005).O gráfico 5
mostra a pontuação de cada método no acompanhamento técnico.
Gráfico 5: Pontuação do acompanhamento técnico
É o acompanhamento técnico que constataa necessidade ou não do uso
de defensivos agrícolas, para o combate de gramíneas exóticas agressivas,
30
formigas cortadeiras e espécies arbóreas invasoras na região em processo de
recuperação (RUIZ-JAÉN e AIDE, 2005). O gráfico 6 demonstra os valores
obtidos por cada método em relação ao uso de defensivos agrícolas.
Gráfico 6: Pontuação uso de defensivos agrícolas
Ao final da análise separada de cada item, realizou-se uma comparação
simultânea dos processos em sua totalidade (quadro 5), gerando um gráfico a
partir da matriz de qualificação (gráfico 7).
Quadro 5 - Matriz de qualificação preenchida
Processo D Df Fs Di At Ch Total Classificação
Semeadura 3 5 1 7 1 1 18 5
Plantio de mudas 7 5 9 7 1 1 30 1
Nucleação (Mudas em Ilhas) 5 5 5 5 1 3 24 2
SAF 5 5 5 5 1 3 24 2
Regeneração Natural 3 7 1 7 3 1 22 4
Matriz de Qualificação dos Métodos
31
Gráfico 7: Matriz de qualificação
Em uma análise geral, notou-se como o melhor processo, o método de
plantio de mudas, uma vez que sua pontuação foi a maior. Emseguida, temos
os processos de nucleação e SAF com a mesma pontuação, seguidos pela
regeneração natural e a semeadura, respectivamente. Esse resultado é
apresentado de forma mais clara no gráfico a seguir.
Gráfico 8: Pontuação total para cada método
É importante frisar que esse gráfico indica qual seria o melhor processo
de recuperação da vegetação para a área em estudo, devido a suas
32
características específicas, o que não significa que esta sequência indica qual
processo é o correto ou incorreto. Ela busca apenas uma ponderação das
vantagens e desvantagens de cada processo.
Em seguida, gerou-se gráficos individuais para cada processo (gráfico
9), analisando sua pontuação em cada item avaliado, permitindo assim uma
análise comparativa mais clara entre dois ou três métodos. Isso permite a
realização de uma análise para a conciliação de dois ou mais métodos, a fim
de idealizar uma proposta alternativa para a recuperação da área.
Gráfico 9: Gráficos de pontuação individual para cada método
Relacionando os processo de recuperação, nota-se que algumas
possuem uma pontuação muito próximas, como é o caso de nucleação e SAF,
as quais estão relativamente próximas a pontuação do plantio de mudas.
Assim, um fator a se considerar na discussão de qual método seria mais
vantajoso é o custo total do processo, ou seja, o recurso disponível para a
recuperação da área.
Alguns processos que podem ser relacionadas são, por exemplo, a
semeadura e o SAF. Isso pode ocorrer desde que a semeadura seja realizada
em locais onde a declividade permite sua implantação. Além de reduzir o custo
de implantação, a implantação de mudas pelo SAF possibilita uma área de
produção em baixa escala para consumo próprio,uma vez que, fornece a
33
proteção do solo para melhor adequação do processo de semeadura,
reduzindo o processo de lixiviação das sementes. O gráfico 10 abaixo
representa a análise em questão.
Gráfico 10: Relação de semeadura e SAF
Outros dois processos que podem ser combinados, otimizando seus
resultados, são os processos de nucleação juntamente com a regeneração
natural. A nucleação, por ser um sistema de geração de pequenos núcleos
próximos de flora e fauna, pode facilitar o processo de regeneração natural
com a chuva de sementes, adubação do solo pelos animais e pela
decomposição da vegetação.
Por causa dos vários núcleos, a vegetação tende a se espalhar mais
rapidamente em todas as direções, ao contrário da regeneração natural que
tende a seguir um sentido único, do seu centro ao exterior. Além desses
fatores, a nucleação tende a auxiliar a regeneração atribuindo um valor maior
ao capital humano e a fertilidade do soloe a regeneração natural contribuirá
reduzindo a necessidade de acompanhamento técnico. O gráfico 11 a seguir
representa a possibilidade de combinação dos dois métodos.
34
Gráfico 11: Relação entre nucleação e regeneração natural
Comparando os resultados obtidos pela junção de dois métodos, a
fim de se obter um resultado melhor, pode-se notar que o resultado ainda
não possui mesma eficiência quanto a técnica de plantio de mudas. Isso
pode ser observado no gráfico 12 a seguir.
Gráfico 12: Comparação do plantio de mudas com métodos agregados
Isso ocorre devido ao fato de que a aplicação de um único método,
representa uma facilidade maior de implantação, ao contrário de quando se
aplica uma junção de duas ou mais técnicas.
35
6 CONCLUSÃO
O programa Produtor de Águas tem um fundamental papel social
atualmente, o de recuperação de uma riqueza imensurável no planeta, a água.
O processo de execução de projeto demanda uma rigorosa análise e
caracterização da área a se tornar "produtora de água".
A área em estudo apresenta características únicas, assim como
qualquer outra área, em que se pretende elaborar um projeto de recuperação
da vegetação. Desta maneira, um estudo detalhado sobre o uso atual do solo,
tem fundamental importância na definição dos serviços ambientais que serão
realizados.
Desta maneira, é importante destacar, que a matriz de qualificação deve
analisar a empregabilidade do processo em análise em determinada área, não
obtendo o mesmo resultado para cada estudo feito em localidades diferentes.
Entretanto a geração de gráficos do tipo radar, facilitam a escolha do
processo a ser implantado, qual combinação de processos que podem em
conjunto obter um resultado satisfatório, ou até mesmo superior, comparado a
escolha de um único processo.
Pode-se concluir que o plantio de mudas representa o método mais
adequado de implantação na nascente em estudo, devido a sua facilidade na
implantação, juntamente com sua adequação ao tipo de relevo presente na
nascente.
Ao se analisar a associação de métodos, concluiu-se que a nucleação e
a regeneração natural possuem uma maior compatibilidade no processo de
recuperação da área, obtendo melhores resultados e, portanto, sendo ideal sua
aplicação em conjunto na área em estudo.
36
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