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XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.
Análise de repositórios utilizados pela comunidade maker mundial para auxílio no
combate à COVID-19 Larissa Oliveira dos Santos (UFSCar)
Esdras Paravizo (UFSCar) [email protected]
Renato Luvizoto (UFTM) [email protected]
Daniel Braatz (UFSCar) [email protected]
A crise de saúde pública enfrentada em escala global tem sua origem na doença causada pelo vírus SARS-CoV-2. Com alta transmissibilidade, taxa de mortalidade expressiva e grande impacto sobre outras dimensões além da saúde pública, as consequências da COVID-19 têm desafiado os gestores públicos a buscarem soluções em um cenário de muita incerteza. Em situações de crise pandêmica, o abastecimento de EPIs pode ser dificultada, já que diversos países aumentam suas demandas destes equipamentos, tornando a produção usual insuficiente para atender toda a demanda. É nesse cenário que surgem notícias de grupos makers atuando e colaborando no enfrentamento à COVID-19. Frente a isso, o objetivo deste artigo é entender como os repositórios já comumente utilizados pela comunidade maker mundial auxiliaram na disponibilização de modelos 3D que pudessem ser impressos de forma descentralizada e independente das cadeias tradicionais de produção. Este estudo é de natureza qualitativa comparativa, analisando os principais repositórios de modelos 3D existentes na internet. Os principais resultados indicam que houve um aumento expressivo, nos últimos 6 meses, do número de acessos aos repositórios em geral. Os criadores são, em sua maioria, dos Estados Unidos, Europa e China, sendo que as máscaras semi faciais são as mais procuradas (apresentam o maior número de reações). As principais limitações dizem respeito a dinâmica dos resultados no tempo e a inexistência de padronização das informações nos sites. Sugere-se que pesquisas futuras analisem os modelos/arquivos em termos de tempo de impressão, quantidade necessária de filamento, necessidade de suporte e configurações especiais de impressão.
Palavras-chave: impressão 3D, COVID-19, coronavírus, SARS-CoV-2, maker.
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“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.
1. Introdução A crise de saúde pública enfrentada em escala global tem sua origem na doença causada pelo
vírus SARS-CoV-2. Com alta transmissibilidade, taxa de mortalidade expressiva e grande
impacto sobre outras dimensões além da saúde pública (OMS, 2020), as consequências da
COVID-19 têm desafiado os gestores públicos a buscarem soluções em um cenário de muita
incerteza. A Organização Mundial da Saúde tem como uma das principais orientações, o
isolamento social como forma de diminuir a quantidade de contaminações em um
determinado período. Tal orientação se respalda na busca por um achatamento da curva de
infectados, possibilitando que não haja uma infecção em massa, o que sobrecarregaria os
sistemas de saúde. Situação que ocorreu na Itália e Estados Unidos e que busca ser evitada
pelo Ministério da Saúde do Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).
Se no nível estratégico e macro, do combate à transmissão generalizada, o desafio imposto
remete a uma necessidade de dados confiáveis, articulação entre poderes e suporte rápido aos
surtos locais, no nível operacional, o principal desafio remete ao atendimento das pessoas com
e sem suspeitas de estarem infectadas pelo SARS-CoV-2. Caso se confirme a infecção e
evolução da doença, é necessário ainda o isolamento do sujeito e, se for um prognóstico
reservado, o encaminhamento para um centro de tratamento intensivo. Todo esse atendimento
demanda uma infraestrutura (leitos comuns, leitos de UTI, entre outros) que possibilite o
tratamento dos enfermos sem tornar os próprios focos de transmissão; e, ainda, sem ocorrer a
transmissão do vírus entre paciente e agentes de saúde.
Se analisarmos a crise pandêmica com o foco maior na situação dos profissionais de saúde do
nível operacional (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnico de enfermagem, entre
outros), é imperativo que sejam garantidas as condições mínimas de saúde e segurança
previstas nas normas regulamentadoras brasileiras e em orientações da Organização Mundial
do Trabalho e da Organização Mundial de Saúde.
Face a esse contexto, é importante ressaltar que já é apontado na literatura a exposição aos
riscos, por parte dos profissionais de saúde, devido a, entre outros fatores, uma falta de
equipamentos individuais de segurança (NEVES et al., 2011). Em situações como a crise
pandêmica propiciada pelo vírus SARS-CoV-2, o abastecimento de EPIs pode ainda ser
dificultada, já que diversos países aumentam suas demandas destes equipamentos, tornando a
produção usual insuficiente para atender toda a demanda. Torna-se comum, portanto, os
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relatos de profissionais de saúde trabalhando nesta crise de saúde pública sem determinados
equipamentos de proteção individual e utilizando improvisações. Esses relatos motivaram
iniciativas como a do Conselho Federal de Medicina que disponibilizou um formulário online
para que os médicos pudessem apontar deficiências relacionadas às condições de trabalho e à
infraestrutura do local (CFM, 2020).
É nesse cenário que surgem notícias de grupos makers atuando e colaborando no
enfrentamento à COVID-19. Os primeiros relatos foram na Itália e posteriormente foram
observados em diversos locais do mundo, como na Malásia e nos EUA , por exemplo, assim
como no Brasil, que possui relatos de iniciativas de produção de protetores faciais (face
shields) em diferentes cidades.
Com um possível início entre 2005 e 2006, o movimento maker pode ser considerado como
um fenômeno recente que mobiliza pessoas de diferentes formações - engenheiros,
programadores, artistas e até pessoas sem uma formação específica - com um duplo objetivo:
explorar o processo de criação tornando o mesmo prazeroso e construir resultados úteis
(MARTIN, 2015). Nesse processo criação, o compartilhamento de produtos e processos é
uma marca do movimento maker (SHERIDAN et al., 2014), esse compartilhamento pode se
dar por meio de plataformas digitais que facilitam a interação entre os usuários ou em espaços
makers pensados para essas finalidades (HATCH, 2014). Para Mark Hatch, autor do
Manifesto do Movimento Maker, são nove as ideias principais que definem o movimento:
fazer, compartilhar, dar, aprender, instrumentalizar, brincar, participar, dar suporte/apoio e
transformar (HATCH, 2014).
O potencial do Movimento Maker para a aprendizagem tem sido alvo de discussões como a
realizada por Sheridan et al. (2014), no caso dos autores o interesse estava associado aos
makerspaces como um local que auxilia na identificação de problemas, construção de
modelos, aprendizagem e aplicação de habilidades. Já em Braatz et al. (2019), o interesse se
deu nas contribuições do movimento maker para o desenvolvimento do ensino no contexto da
Engenharia de Produção de acordo com as novas diretrizes curriculares para o ensino de
Engenharia aprovadas em 2019.
Nota-se, portanto, que a interação entre os usuários, seja de forma direta ou indireta, é um
fator importante no movimento maker. Essa interação se dá no sentido de suporte, de
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desenvolvimento colaborativo e de compartilhamento de projetos. Os repositórios de modelos
online ganham um destaque nesse movimento, pois funcionam como espaços virtuais em que
os usuários podem divulgar e compartilhar seus desenvolvimentos, bem como contribuir com
outros desenvolvimentos.
Considerando os aspectos citados acima, e tomando o potencial de colaboração e
compartilhamento de projetos do movimento maker, o objetivo deste artigo é, no contexto do
combate à COVID-19, entender como os repositórios já comumente utilizados pela
comunidade maker mundial auxiliaram na disponibilização de modelos 3D que pudessem ser
impressos e utilizados de forma descentralizada e independente das cadeias tradicionais de
produção.
2. Método
Este estudo é de natureza qualitativa comparativa, analisando os principais repositórios de
modelos 3D existentes na internet. O foco da análise é comparar os repositórios e os
principais modelos 3D que fazem referência a atual pandemia da COVID-19.
A pesquisa ocorreu em duas diferentes etapas. Inicialmente foram levantados e analisados os
repositórios de forma global para selecionar aqueles que seriam buscados para compreensão
dos modelos tridimensionais existentes.
Para a etapa inicial de definição dos repositórios de interesse foi realizada um primeiro
levantamento dos repositórios e marketplaces de modelos 3D através de pesquisa genérica em
site de busca. A partir desta pesquisa foram identificados 45 sites distintos, entre repositórios
e marketplaces, que foram então analisados para subsequente definição dos repositórios de
interesse.
A primeira etapa após a identificação dos possíveis sites de interesse, foi a remoção daqueles
que não abriam ou apresentavam erros, restando um total de 38 sites. Em seguida, uma análise
prévia foi realizada para identificar os sites cujo foco é a disponibilização de modelos 3D para
impressão 3D em geral. Assim, sites de nicho (e.g. modelos 3D para miniaturas de jogo) ou
de modelos 3D em geral (e.g. jogos e animações computacionais) foram removidos (n=21),
restando um total de 17 sites de possível interesse. A etapa seguinte de análise detalhada dos
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sites levantou o número de acesso aos sites , o modo de disponibilização dos modelos 1
(gratuitamente ou mediante a pagamento), número total de arquivos e número de arquivos de
interesse. Nessa etapa, 12 sites foram removidos, restando 5 repositórios de interesse cujos
modelos relacionados à COVID-19 foram analisados. Destaca-se aqui que os 4 sites com
maior número de acessos no mês de março do ano de 2020 (Thingiverse, Cults3D,
PrusaPrinters e Pinshape) foram incluídos, além do site NIH 3D Print Exchange que foi
incluído por ser um repositório mantido pelo National Institutes of Health, centro de pesquisa
da área de saúde vinculado ao governo dos EUA que apresentava uma curadoria dos modelos
3D disponíveis (apesar de não ter número de acessos similar aos demais). A sistemática de
análise dos repositórios seguiu o processo delineado na Figura 1.
Figura 1 - Processo de seleção dos sites a serem analisados
Fonte: Autores
1 Para o levantamento do número de acessos foi utilizado o site www.similarweb.com que disponibiliza tais informações.
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Concluída a primeira etapa da pesquisa, iniciou-se a segunda que teve como objetivo analisar
os modelos tridimensionais presentes nos repositórios selecionados e que tinham relação com
as palavras-chave: “covid”, “covid 19”, “covid-19” e “coronavirus”.
Para cada repositório foram analisados os vinte modelos mais relevantes conforme diferentes
critérios de cada site. Importante destacar que não foi possível ter um critério único nesta
etapa visto que os sites não disponibilizam as mesmas informações e categorizações dos
modelos. Assim, para alguns sites o critério empregado foi número de downloads enquanto
que para outros foi o número de “likes” (pessoas que registraram uma reação positiva ao
modelo) ou ainda o número de “makes” (quantas vezes o modelo foi baixado e impresso).
A partir de uma primeira análise dos cem modelos escolhidos foram definidas 7 categorias
que melhor caracterizavam o objetivo de cada modelo, sendo estas:
1. Máscaras semi faciais;
2. Protetor facial (tipo escudo ou faceshield);
3. Respirador;
4. Itens para melhorar o conforto (destaque para Regulador de máscara);
5. Válvulas em geral;
6. Adaptadores em geral;
7. Acessórios para o dia-a-dia.
Com as categorias definidas, cada um dos cem modelos foi classificado em uma destas
categorias e então, foram levantadas as seguintes informações (quando disponíveis):
A. Nome do criador/desenvolvedor;
B. País do criador/desenvolvedor;
C. Número de visualizações;
D. Número de “likes”;
E. Número de downloads;
F. Tags definidas;
G. Descrição do modelo;
H. Orientações para a impressão 3D.
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Com base nas informações coletadas tornou-se possível a realização de análises de cunho
qualitativo, considerando em especial as informações incluídas pelos designers nas descrições
dos modelos. Essas análises complementam os levantamentos quantitativos descritivos e são
explicitadas na seção seguinte.
3. Resultados e Discussão
Nessa seção os resultados e discussões são apresentados, primeiramente, em termos dos
repositórios analisados e, em seguida, com enfoque nas análises dos modelos 3D encontrados.
3.1. Análise dos repositórios
Os 45 sites inicialmente identificados (que inclui os 5 repositórios de interesse) estão listados
no Anexo 1. Os repositórios selecionados através do processo apresentado anteriormente
possuem, conjuntamente, mais de 22 milhões de acessos no período analisado (março de
2020). O número total de arquivos existentes em cada repositório, em geral, não é
disponibilizado de forma sistemática/evidente. Para uma caracterização inicial, o Thingiverse
indica que possui mais de 1,7 milhões de arquivos enquanto o site da PrusaPrinters contém
aproximadamente 17 mil modelos.
De forma similar, não foi possível obter o número exato de modelos identificados após busca
pelas palavras-chaves relacionadas à COVID-19 em todos repositórios. No entanto, foi
possível apurar que para o Thingiverse e Cults3D a quantidade de arquivos de interesse estava
na casa dos milhares, enquanto para os outros sites esse número variava entre 59 e 377
arquivos.
Durante o levantamento dos repositórios e dos modelos analisados, foi verificado que alguns
sites criaram páginas específicas com modelos, desafios e compilações de arquivos
relacionados ao combate à COVID-19. Nesse âmbito destacam-se o Thingiverse que possui
páginas de desafio à comunidade para criação de modelos 3D com objetivo diversos (e.g.
desenvolvimento de máscaras/suportes a coberturas faciais, similares à respiradores) e o NIH
3D Print Exchange. Esse último, por ser ligado ao Instituto Nacional de Saúde dos EUA
possui uma curadoria ativa por diversos órgão de saúde governamentais norte americanos que
criou coleções específicas de arquivos indicados para uso clínico e para uso cotidiano pela
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comunidade, incluindo recomendações de uso e higienização, nesse contexto de combate à
COVID-19.
Finalmente, torna-se evidente que, nos últimos dois meses, houve um aumento no número de
acessos aos repositórios em geral, com destaque para o site PrusaPrinters que teve um
aumento no número de acessos de 240%. Tal aumento é, em grande parte, devido aos
modelos de protetores faciais desenvolvidos pela própria equipe do site e disponibilizados na
segunda quinzena de março. A Figura 2 apresenta a evolução do número de acessos a cada
repositório, nos últimos 6 meses.
Figura 2 - Evolução de Acessos nos Repositórios de modelos 3D nos últimos 6 meses
Fonte: elaborado pelos autores com base em dados de número de acessos obtidos em www.similarweb.com
3.2. Análise dos modelos 3D
A partir dos 5 repositórios selecionados foi possível a seleção de 20 modelos 3D de maior
destaque de cada site, totalizando 100 modelos que foram analisados com um maior
aprofundamento. A primeira constatação foi a quantidade de criadores por país (Figura 3) e, a
partir disso, foi identificado que os principais criadores são dos Estado Unidos (17; 17%),
Espanha (5; 5%), República Tcheca (6; 6%) e China (6; 6%). Algumas hipóteses podem ser
levantadas: o número de arquivos com origem nos Estados Unidos é significativamente maior
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ao da China e da República Tcheca, o que pode ser explicado pelos acontecimentos anteriores
ao período de análise dos sites; isso porque a partir de 26 de março de 2020 os Estados
Unidos se tornou o novo epicentro global da COVID-19 (LABS, 2020). Além disso, é
importante analisar que a República Tcheca e a Espanha têm, respectivamente, o segundo e
terceiro maior número de criadores, o que pode ser explicado por serem países da Europa,
continente com o maior número de mortos pela doença, até o momento de escrita desse artigo
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020a). A China tem o segundo maior número de
criadores, o que pode ser justificado pela doença ter originado no país (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2020).
Analisando a distribuição dos criadores por continentes (Figura 4) é constatado que 35 (35%)
são da Europa, 22 (22%) da América, 10 (10%) da Ásia, 1 (1%) da Oceania, 0 da África e 32
(32%) não foram identificados. Esses dados refletem a situação de cada continente, já
discutida anteriormente nesta seção. Por fim, nota-se que não foi possível identificar a
localização de muitos criadores, 38 (34%), visto que tal informação não é obrigatória nos
sites.
Figura 3 – Localização dos criadores por país
Fonte: Autores
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Figura 4 – Localização dos criadores por continente
Fonte: Autores
Há grande diversidade de criadores elencadas neste estudo, de forma que, dos 100 modelos
analisados, existem 90 diferentes criadores e o criador com maior destaque disponibilizou
apenas 3 diferentes arquivos.
Verificou-se ainda que em alguns casos o criador disponibiliza um mesmo arquivo em sites
diferentes, como é possível verificar no Quadro 1, em que quatro autores disponibilizaram o
mesmo modelo em sites distintos. Mas em geral (81% dos dados analisados), o autor
disponibiliza apenas uma criação no site.
Quadro 1 – Disponibilidade de criações em diferentes sites
Nome do modelo 3D Repositório Criador
Respirator breathing mask with hepa filter Cults3d 3D-mon
Respirator breathing mask with hepa filter Thingiverse 3D-mon
Savegrabber - open door without touching the handle, press knobs
without touching - additional barrier for the coronavirus and other
germs
Prusaprinters Coolioiglesias
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Savegrabber - open door without touching the handle, press knobs
withoud touching - additional barrier for the coronavirus and other
germs
Thingiverse Coolioiglesias
Covid-19 mask (easy-to-print, no support, filter required) Cults3d Lafactoria3d
Covid-19 mask v2 (fast print, no support, filter required) Thingiverse Lafactoria3d
Covid-19 mask/respirator Cults3d Locofrodo
Covid-19 mask/respirator Prusaprinters Locofrodo
Fonte: Autores
Os sites analisados não apresentam um padrão quanto às informações disponíveis; de forma que não
foi possível verificar com precisão qual o número de downloads dos arquivos. Assim, foram
considerados outros itens para estudar se as criações estão sendo utilizadas por outros usuários, como o
número de downloads e impressão 3D. Neste sentido, a Figura 5 informa o número de reações, por
categoria, dos arquivos. Fica claro que a categoria de máscaras semi faciais foi a com maior número
de reações, cerca de 58%, ou seja, estima-se que haja uma procura significativamente maior pelas
máscaras. Esse dado pode ser explicado pelas orientações da OMS quanto ao uso das máscaras semi
faciais pela população, isso porque existem evidências científicas de que o uso de máscaras faciais não
médicas são recomendadas como um meio de controle da propagação da doença por pessoas
sintomáticas (ECDC, 2020; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020b).
A segunda categoria com maior número de reações foi a protetor facial, com 18% do total de reações.
O protetor facial é mais uma medida para evitar que gotículas que são ejetadas ao falar, tossir ou
espirrar, contaminem outras pessoas.
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Figura 5 - Número total de reações por categoria
Fonte: Autores
Dos cem arquivos analisados, 42 (42%) correspondem a categoria das máscaras semi faciais,
seguida pela categoria protetor facial com 34 arquivos (34%), como apresentado na Figura 6.
Figura 6 - Quantidade de arquivos analisados por categoria
Fonte: Autores.
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Outra característica analisada foi o grau de descrição dos arquivos disponibilizados ao público, visto
que a quantidade e qualidade de informação facilita o entendimento e corrobora para a utilização dos
arquivos. A Figura 7 apresenta tanto a análise dos arquivos quanto ao grau de detalhamento da
descrição – dos quais 67 (67%) apresentam um grau detalhado de descrição, 26 (26%) apresentam uma
breve descrição, e 7 (7%) nenhuma descrição – quanto a orientação para a impressão 3D do arquivo.
Neste quesito, verificou-se que um número significativo de autores não disponibilizaram essa
informação, visto que 35% dos arquivos não apresentavam nenhuma orientação para impressão, 21%
uma breve orientação e 44% apresentaram grau detalhado de orientação.
Figura 7 - Grau de detalhamento da descrição e Orientações para impressão 3D
Fonte: Autores.
Destaca-se que as orientações são fundamentais para que a impressão seja feita de uma forma
eficiente, especialmente por usuários com pouca ou nenhuma experiência com manufatura
aditiva. Tais orientações incluem o material indicado a ser utilizado, número de camadas,
porcentagem de preenchimento, temperaturas, entre outras características que podem ser
definidas antes da impressão 3D.
4. Conclusão
O objetivo deste artigo foi entender como os repositórios auxiliaram na disponibilização de
modelos 3D que pudessem ser impressos e utilizados de forma descentralizada e independente
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das cadeias tradicionais de produção. Diante de um cenário onde os equipamentos de proteção
individual são escassos e a prioridade é atender os profissionais de saúde, torna-se
fundamental ter modelos 3D disponíveis para atender a demanda da população e assim
amenizar os impactos da doença na sociedade. Por meio da presente pesquisa foi constatado
que há uma grande disponibilidade de arquivos tridimensionais gratuitos.
No entanto, os modelos analisados não dispõe de validação quanto a sua eficácia no combate
à COVID-19, e não apresentam organização e padronização na disposição das informações
nos sites; esses são pontos a serem melhorados, mas a distância entre os makers pode ser um
fator limitante e pode inviabilizar a organização de certificação, pesquisa e normatização. O
site NIH 3D Print Exchange, um repositório com vínculo governamental, é um bom exemplo
em termos de normatização e pesquisa, visto que os modelos disponíveis no repositório
contam com informações relevantes e orientações claras quanto à impressão, e em sua
maioria, os modelos acompanham manuais digitais para auxiliar o usuário.
Destaca-se também que presente estudo apresenta limitações. Primeiro, a busca simplificada
de repositórios e a definição dos critérios de inclusão destes para análises, o que pode ter
deixado de exibir resultados importantes para a pesquisa. Segundo, os resultados são
dinâmicos no tempo. Terceiro, a inexistência de padronização das informações nos sites
impossibilitou a ideia inicial que era uma análise comparativa objetiva. Quarto, a quantidade
de modelos analisada representa pouco a totalidade de modelos que apresentam relação com a
pandemia da COVID-19. Sugere-se que pesquisas futuras analisem os modelos/arquivos em
termos de tempo de impressão, quantidade necessária de filamento, necessidade de suporte
ou configurações especiais de impressão.
REFERÊNCIAS
BRAATZ, D. et al. Contribuições da cultura Maker para o ensino de Engenharia de Produção no contexto das
Novas Diretrizes Curriculares. Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e
Operações. Anais...Santos: ABEPRO, 2019
CFM. Combate à COVID-19 - Formulário para fiscalização de unidades de saúde. Disponível em:
<https://sistemas.cfm.org.br/fiscalizacaocovid/>. Acesso em: 10 abr. 2020.
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Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.
ECDC. Using face masks in the community. European Centre for Disease Prevention and Control, p. 1–6,
2020. Disponível em:
<https://www.ecdc.europa.eu/sites/default/files/documents/COVID-19-use-face-masks-community.pdf>. Acesso
em: 19 maio 2020.
HATCH, M. The Maker Movement Manifesto. The Maker Movement Manifesto, p. 1–31, 2014.
LABS. United States is the new global COVID-19 epicenter. Latin America Business Stories. Disponível em:
<https://labs.ebanx.com/en/notes/united-states-covid-19/>. Acesso em: 05 maio 2020.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Doença pelo coronavírus 2019. Boletim Epidemiológico, v. 15, p. 1–41, 2020.
NEVES, H. C. C. et al. Segurança dos trabalhadores de enfermagem e fatores determinantes para adesão aos
equipamentos de proteção individual. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 19, n. 2, p. 354–361,
2011.
SHERIDAN, K. et al. Learning in the Making: A Comparative Case Study of Three Makerspaces. Harvard
Educational Review, v. 84, n. 4, p. 505–531, dez. 2014.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Advice on the use of masks in the context of COVID-19. Interim
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WORLD HEALTH ORGANIZATION. Coronavirus disease ( COVID-19 ). World Health Organization, p. 16,
2020a. Disponível em:
<https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/situation-reports/20200501-covid-19-sitrep.pdf?sfvrsn=
742f4a18_2>. Acesso em: 05 maio 2020.
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Anexo 1 - Levantamento dos sites de repositório de modelos 3D;
Repositórios de interesse (n=5) marcados em negrito.
Nome do Site Foco Impressão 3D Geral?
Maior parte Gratuita?
Número de Acessos
(março/2020)
Número Total Arquivos
Número Arquivos de Interesse
Thingiverse Sim Sim 17,87 milhões + de 1,7 milhões + de 1 mil
Cults3D Sim Sim 2,57 milhões N/D + de 4,5mil
Pinshape Sim Sim 581,95 mil N/D 59
PrusaPrinters Sim Sim 1,52 milhões + de 17 mil 377
YouMagine Sim Sim 238,94 mil + de 16 mil 23
NIH 3D Print Exchange Sim Sim 135,6 mil + de 9 mil 148
XYZprinting 3D Gallery Sim Sim 129,38 mil N/D N/D
Threeding Sim Não N/D N/D 0
Redpah Sim Não N/D N/D 0
Zortrax Library Sim Sim 59,63 mil N/D 3
Repables Sim Sim N/D N/D 0
3Dagogo Sim Não N/D N/D 0
Libre3D Sim Sim N/D N/D 0
Fab365 Sim Não N/D N/D 34
Polar Cloud Sim N/D <50 mil N/D 16
Rinkak Sim Não N/D N/D 0
Shapetizer Sim Não N/D N/D 0
Kraftwürxs Sim - - - -
CG Trader Não - - - -
My Mini Factory Não - - - -
Turbo Squid Não - - - -
3D Export Não - - - -
Free3D Não - - - -
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GrabCAD Library Não - - - -
NASA Não - - - -
Instructables Não - - - -
Dremel Lesson Plans Não - - - -
3DKitBash Não - - - -
Wevolver Não - - - -
3D Content Central Não - - - -
I.Materialise Não - - - -
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