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ANÁLISE DE RENTABILIDADE: IMPACTO DOS INVESTIMENTOS EM
MODERNIZAÇÃO EM UMA EMPRESA DE TECNOLOGIA
Pedro Koetz Paladino
Especialista em Controladoria de Gestão
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
e-mail: [email protected]
Mara Ivanice Vendruscolo
Doutora em Informática na Educação
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
e-mail: [email protected]
Giovana Bolzan
Mestranda em Contabilidade
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
e-mail: [email protected]
Área Temática: Contabilidade para Usuários Internos
RESUMO Este estudo tem o propósito de verificar a análise da rentabilidade de uma empresa de
tecnologia após os investimentos realizados em modernização do seu parque produtivo a
partir das demonstrações contábeis. Primeiramente, realizou-se a revisão da literatura sobre os
assuntos que fundamentam o artigo. Após, coletaram-se os balanços patrimoniais e as
demonstrações dos resultados do exercício da empresa dos anos de 2009 a 2015. Feito isso,
foram calculados os principais índices rentabilidade e de estrutura de capitais, quais sejam:
Retorno sobre os Investimentos, Giro do Ativo, Margem Bruta, Margem Líquida,
Rentabilidade do Ativo, Participação de Capitais de Terceiros e Composição do
Endividamento. Constatou-se que, em geral, a empresa analisada apresentou piora nos índices
de rentabilidade em 2012 até 2015 em comparação ao ano de 2009. Observou-se ainda que a
empresa estudada apresentou queda no lucro líquido, em função do aumento dos custos de
produtos vendidos e também nas despesas operacionais, principal fator para a queda na
rentabilidade. Verificou-se que os investimentos realizados para a modernização do parque
produtivo da empresa foram determinantes para a redução da rentabilidade, o que reduziu a
margem de lucro e, consequentemente, o retorno do investimento aos acionistas. No curto
prazo, a empresa apresentou indicadores praticamente estáveis de rentabilidade e margem.
Porém, no médio e longo prazos, a empresa obteve rentabilidade e margem muito inferior aos
períodos iniciais da análise, em função de aumento de custo e despesas operacionais. De
posse da análise, a empresa pode traçar novos objetivos organizacionais para melhorar seus
indicadores e proporcionar um crescimento nos próximos exercícios.
Palavras-chave: Análise de rentabilidade. Índices. Investimento. Contabilidade.
2
1 INTRODUÇÃO
Mensurar a rentabilidade do negócio para fornecer ao acionista informações precisas a
respeito do retorno do capital investido de forma a avaliar e monitorar sua efetividade é uma
das principais dificuldades das empresas. Durante a vida útil das entidades ocorrem
investimentos para adequá-la à realidade do mercado, melhorar seu processo produtivo e, com
isso, torná-las mais competitivas. Esses investimentos levam os empresários à necessidade de
Uma vez que as empresas estão cada vez mais preocupadas com o desenvolvimento de
novos produtos e a busca de maior competitividade no mercado, para o que elas têm aplicado
recursos em diversas etapas da cadeia produtiva. Porém, tais investimentos impactam na
rentabilidade das companhias, considerando que sua amortização se efetivará em algum
momento no resultado (COSTA, 2008). Se os benefícios econômicos não acompanharem a
amortização destes investimentos, a empresa, sem dúvida, terá um impacto negativo nos seus
indicadores de rentabilidade, se estes forem comparados aos resultados de períodos anteriores
aos investimentos.No entanto, tais investimentos, provenientes de capitais próprios ou de
terceiros, podem vir a impactar o resultado da empresa, por meio de amortizações,
depreciações, pagamento de juros, variações do faturamento ou do custo.
Organizações dedicadas à fabricação de equipamentos e componentes eletrônicos são
altamente competitivas e demandam constantes aplicações de recursos em tecnologia e
inovação para agregar maior valor ao seu produto. Tendo em vista a necessidade de
investimentos em melhorias e renovação do parque produtivo demandadas pelas empresas de
tecnologia, questiona-se: Qual o efeito dos investimentos periódicos na rentabilidade de curto,
médio e longo prazos?
O objetivo geral do presente trabalho é analisar a rentabilidade de uma empresa de
tecnologia após os investimentos realizados em máquinas, equipamentos e melhorias nas
instalações. O estudo irá contribuir para que os tomadores de decisão avaliem a evolução da
rentabilidade da empresa após os gastos com investimentos realizados.
Estudos têm evidenciado a relação da rentabilidade com a manutenção de
investimentos de longo prazo (MOROZINI; OLINQUEVITCH; HEIN, 2006; DEHNING;
RICHARDSON; ZMUD, 2007; LONGO; MEIRELLES, 2016). Segundo Morozini,
Olinquevitch e Hein (2006) analisaram os investimentos por indicadores econômico-
financeiros que normalmente são apresentados para as análises das demonstrações contábeis,
tanto do ponto de vista dos investidores, quanto dos credores, gestores, pesquisadores,
analistas e consultores da área contábil-financeira. Dehning, Richardson e Zmud (2007)
relacionaram à análise do valor dos investimentos em tecnologia às capacidades para o
desempenho da empresa. Por sua vez, Longo e Meirelles (20016) identificaram que as
indústrias brasileiras que mais investiram em tecnologia da informação no período analisado,
obtiveram melhor desempenho financeiro refletido no resultado operacional.
Este estudo está organizado em quatro outras seções além desta introdução. A segunda
é destinada à apresentação do referencial teórico que diferencia contabilidade gerencial e
financeira, aborda conceitos de imobilizado e de estrutura de capitais, bem os indicadores de
rentabilidade e outras técnicas de análises e interpretação dos resultados. A terceira seção trata
a respeito dos procedimentos metodológicos, seguida da análise de rentabilidade realizada.
Por fim, são apresentadas as considerações finais sobre o estudo e sugeridas possibilidades de
futuras investigações sobre o tema.
3
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Para que fosse possível atingir os objetivos deste trabalho e responder às variáveis
encontradas no problema apresentado, faz-se necessária uma revisão literária dos conceitos e
das técnicas apresentados pela literatura da área contábil e financeira.
2.1 CONTABILIDADE FINANCEIRA E CONTABILIDADE GERENCIAL
A necessidade de distinguir a contabilidade gerencial da contabilidade financeira é
abordada por Padoveze (2010). Para o autor, os métodos da contabilidade gerencial e da
contabilidade financeira foram desenvolvidos para usuários e propósitos distintos; entretanto,
existem similaridades entre ambos os métodos. Em regra, utiliza-se a contabilidade gerencial
para atender usuários internos como forma de auxiliá-los no processo de tomada de decisão,
enquanto que a contabilidade financeira é utilizada para atender aos usuários externos. O
Quadro 1, apresentada as principais diferenças entre a contabilidade financeira e a
contabilidade gerencial.
Quadro 1 - Comparação entre a contabilidade gerencial e a contabilidade financeira
Fator Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial
Uso dos relatórios Externos e internos Internos
Objetivo dos relatórios
Facilitar a análise financeira
para as necessidades dos
usuários externos
Objetivo especial de facilitar o planejamento,
controle, avaliação de desempenho e tomada de
decisão internamente
Forma dos relatórios
Balanço patrimonial,
Demonstração dos Resultados,
Demonstração das Origens e
Aplicações de Recursos
Orçamentos, contabilidade por responsabilidade,
relatórios de desempenho, relatórios de custo,
relatórios especiais não rotineiros para facilitar a
tomada de decisão
Frequência dos
relatórios
Anual, trimestral,
ocasionalmente, mensal Quando necessário para a administração
Custos ou valores
utilizados
Primariamente históricos
(passados) Históricos e esperados (previstos)
Bases de mensuração
utilizadas para
quantificar os dados
Moeda corrente Várias bases (moeda corrente, moeda estrangeira -
moeda forte, medidas físicas, índices, entre outros)
Restrições nas
informações oferecidas
Princípios Contábeis geralmente
aceitos
Restrições: apenas as determinadas pela
administração
Arcabouço teórico e
técnico Ciência Contábil
Utilização pesada de outras disciplinas, como
economia, finanças, estatística, pesquisa
operacional e comportamento organizacional.
Características da
informação fornecida
Deve ser objetiva (sem viés),
verificável, relevante e a tempo.
Orientada para o futuro para facilitar o
planejamento, controle e avaliação de desempenho
antes do fato (para impor metas), acoplada com
uma orientação histórica para avaliar os resultados
reais (para controle posterior do fato)
Fonte: Adaptado de Padoveze (2010, p.38)
É papel da contabilidade financeira elaborar e comunicar informações econômicas sobre
determinada organização ao público externo - acionistas, credores, órgãos reguladores e
autoridades governamentais. Tal processo está restrito às exigências de elaboração de
relatórios por parte de autoridades regulamentadoras externas como a Comissão de Valores
4
Mobiliários (CVM). As consequências das decisões e as melhorias de processos são retratadas
ao público externo pela informação contábil financeira (MARTINs et al., 2013). Já Iudícibus
(1995, p. 15) conceitua Contabilidade Gerencial da seguinte forma: A Contabilidade Gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um
enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já
conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na
análise financeira e de balanços, etc., colocados numa perspectiva diferente, num
grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação
diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo
decisório.
Existem elementos que distanciam as duas Contabilidades. Tanto os usuários internos
quanto os externos fazem uso da informação contábil; todavia, as necessidades informacionais
não são as mesmas e o tipo e o emprego que cada usuário faz dessa informação a torna
diferente.
2.1.1 Modelos de avaliação e técnicas de análise
Conhecer a situação da empresa segundo o grau de profundidade de análise desejada
deve ser possibilitado por um conjunto de indicadores e não necessariamente por um número
elevado de índices. Pode ser que o interesse informacional recaia sobre informações rápidas e
simples como rentabilidade e endividamento; porém, pode ser que o interesse recaia em
informações mais complexas como a aquisição de determinada empresa - neste caso, a opção
deve recair sobe uma análise mais aprofundada da situação. Os índices por si só trazem ao
administrador inúmeras respostas quanto à situação econômica e financeira da empresa, mas
uma análise mais concisa envolve a comparabilidade com outras empresas.
Na concepção de Matarazzo (2007, p. 147), “índice é a relação entre contas ou grupo
de contas das demonstrações financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação
econômica ou financeira de uma empresa”. Sua principal característica é fornecer uma visão
ampla da situação econômica ou financeira da organização - em meio aos números dispostos
no Balanço Patrimonial, por exemplo, não haveria como fazer avaliações sem se basear em
outros números que se relacionem com aquilo que se busca saber.
Um dos principais métodos de análise de índices é conhecido como quocientes.
Segundo Braga (1999, p. 134) o método de quocientes “consiste em estabelecer uma ‘razão’
entre duas ou mais quantidades monetárias ou físicas”. Logo, se faz necessário obter ao
menos duas dessas quantidades: uma como numerador e outra como denominador. Dentre os
métodos de análises das demonstrações financeiras, é possivelmente um dos método mais
utilizados, pois permite evidenciar relações importantes, principalmente quando se comparam
várias demonstrações da mesma empresa.
Existem dois grandes grupos no qual o método de índices pode ser classificado:
quocientes estáticos e quocientes dinâmicos. Os quocientes estáticos são aqueles que referem
uma situação da empresa em uma mesma data sendo que estes dados estão contidos no
balanço patrimonial. Já os quocientes dinâmicos são aqueles que podem ser relacionados
entre os dados do período e, além disso, possuem elementos extraídos da Demonstração de
Resultado do Exercício e também do Balanço Patrimonial. Na análise por quocientes
dinâmicos ocorre a “decomposição de todos os fatores que contribuem para a formação do
resultado do exercício” (BRAGA, 1999, p. 135), o que permite saber a parcela de
contribuição de cada conta para que a empresa feche o balanço com o resultado positivo ou
negativo.
5
Além disso, a análise por quocientes pode ser absoluta ou relativa. Absoluta quando o
número encontrado pode ser considerado aceitável sendo maior ou menor a um número X;
Relativa quando o número avaliado se dá em percentual e pode ser comparado a outras
empresas com o mesmo ramo de atividade.
2.2 ANÁLISES ECONÔMICO-FINANCEIRAS
Através do levantamento das demonstrações contábeis, as empresas podem extrair
informações a respeito de sua posição econômica e financeira.
A análise das demonstrações contábeis é um processo meditativo sobre os números de
uma empresa, para avaliação de sua situação econômica, financeira, operacional e de
rentabilidade (PADOVEZE; BENEDICTO, 2004). Ela permite, conforme o interesse do
usuário (BLATT, 2001), conhecer se uma empresa é atrativa para se investir em ações, se um
crédito merece ou não ser concedido, se a liquidez está em uma situação de equilíbrio ou
insolvência e ainda se a atividade operacional da empresa oferece rentabilidade capaz de
satisfazer as expectativas dos proprietários do capital (ASSAF NETO, 2012). Tal análise é de
interesse tanto dos acionistas e credores atuais e potenciais, quanto da própria administração
da empresa (GITMAN, 2001).
O objetivo da gestão econômica é criar valor para o acionista e isso pode ser medido
pela análise da rentabilidade (PADOVEZE; BENEDICTO, 2004). A demonstração de
resultados é o modelo da mensuração e informação do lucro, enquanto o balanço patrimonial
é o modelo de mensuração e informação do investimento; dessa forma, uma consistente
análise de balanço envolve o entendimento dessas duas peças contábeis.
2.2.1 Indicadores de Rentabilidade
Os índices econômicos de rentabilidade indicam a aplicação de recursos em bens e
direitos realizáveis ou em imobilizações, em contrapartida de obrigações (PADOVEZE;
BENEDICTO, 2004) – representam o somatório do patrimônio da empresa deduzidos os
empréstimos que a organização contraiu para a aquisição do patrimônio.
A análise das demonstrações financeiras permite extrair resultados de índices sobre o
investimento, retorno sobre as vendas e retorno sobre o capital próprio, entre outros. A
rentabilidade representa o resultado das operações da empresa em determinado período em
relação aos investimentos realizados tendo em vista elementos econômicos, operacionais e
financeiros (SILVA, 2001).
A avaliação da rentabilidade costuma ser feita através do ROA (Return on Assets) e do
ROE (Return on Equity), sendo este a medida final do grau de êxito econômico. A
Rentabilidade do Ativo (ROA) (Lucro Líquido / Ativo Total) demonstra a capacidade dos
ativos da empresa em gerar resultados, mede a eficácia da empresa no emprego de seus ativos
para a geração do lucro. Quanto menor o resultado da operação de divisão, menos está
compensando para os proprietários o investimento de capital em ativos. Sua utilização pode
proporcionar uma melhor identificação de como a margem do lucro aumenta ou se deteriora,
além de medir a eficiência dos ativos permanentes em produzir vendas, avaliar a gestão do
capital de giro (WERNKE, 2008).
Já o Retorno sobre os Investimentos (ROE) (Lucro Líquido / Patrimônio Líquido)
descreve a taxa do retorno do investimento ao proprietário ou acionista (BLATT, 2001). Silva
(2001) denomina esse retorno sobre os investimentos de retorno sobre o Patrimônio Líquido.
O resultado deste índice informa quanto a empresa obteve de lucro para cada 100 unidades
6
monetárias investidas (MATARAZZO, 2010) e representa a rentabilidade do capital investido
no empreendimento.Conforme esclarece Padoveze (2010), para fins de comparação, deve-se
utilizar o ativo financeiro de menor risco - a poupança -, não sendo aceitável um retorno de
um investimento empresarial, cujo risco seja significativo, igual ou inferior ao rendimento
desta. Quanto maior o quociente, melhor para a empresa.
O Giro sobre o Ativo (GA) (Vendas Líquidas / Ativo Total) indica quanto a empresa
vendeu para cada unidade monetária de investimento total (SILVA, 1996). Uma empresa não
pode concluir que está obtendo bom volume de vendas se este valor não estiver relacionado
com o montante dos investimentos. É apontado como um índice de eficiência, pois indica o
quão efetiva é a empresa em gerar vendas a partir de sua base de ativos. Quanto maior o
quociente, melhor para a organização. Se, por exemplo, o resultado da divisão for 1,20, isso
significa que a empresa consegue gerar 0,20 (20%) de receita para cada unidade monetária
investida.
Segundo Matarazzo (2010), a Margem Bruta (MB) (Lucro Bruto / Vendas Líquidas)
demonstra a relação entre o lucro bruto da empresa e suas vendas líquidas. Uma margem
bruta maior indica que os custos para a venda das mercadorias são relativamente baixos. A
Margem Líquida (ML) (Lucro Líquido/Vendas Líquidas), por sua vez, é a representatividade
percentual do lucro ou prejuízo depois de deduzidos os custos e despesas operacionais do
faturamento líquido (IUDÍCIBUS, 2009; MATARAZZO, 2010). Revela quanto a empresa
obtém de lucro para cada 100 unidades monetárias vendidas, portanto, quanto maior o
quociente, melhor.
2.2.2 Indicadores de Estrutura de Capitais
Por índices financeiros compreende-se os obtidos de "[...] relações entre contas ou
grupo de contas das demonstrações financeiras, que têm por objetivo fornecer-nos
informações que não são fáceis de serem visualizadas de forma direta” (SILVA, 1996, p.
207), o que significa que para o índice financeiro ser eficiente, ele deve estar relacionado a
outro.
Conceitualmente, os índices de estrutura de capitais são aqueles que relacionam a
composição de capitais (próprios e de terceiros), medem os níveis de imobilização de recursos
e buscam diversas relações na estrutura da dívida da empresa (MARTINS et al., 2013). Estes
índices têm ligação direta com as decisões financeiras da empresa para a obtenção e captação
de recursos.
O Índice de participação de Capitais de Terceiros (PCT) ([Passivo circulante + Passivo
não circulante] / Patrimônio Líquido) “[...] indica o percentual de capital de terceiros em
relação ao patrimônio líquido, retratando a dependência da empresa em relação aos recursos
externos” (SILVA, 1996, p. 213). Este coeficiente representa a dependência da empresa em
relação ao capital de terceiros; portanto, quanto maior o resultado da divisão, pior para a
empresa, pois indica maior participação de capitais de terceiros na empresa e mais risco para
os credores (MATARAZZO, 2010).
O Índice de Composição do Endividamento (CE) (Passivo Circulante / [Passivo
circulante + Passivo não circulante]) compara obrigações a curto prazo com as obrigações
totais e informa quanto da dívida total da empresa deve ser paga no curto prazo (REIS, 2003).
Assaf Neto (2012) observa que quanto menor o quociente, melhor, mais vantajoso para a
empresa obter dívidas a longo prazo do que a curto prazo.
7
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa realizada pode ser classificada quanto a três aspectos: quanto à abordagem
do problema; quanto aos seus objetivos; e quanto aos procedimentos técnicos utilizados.
Quanto a abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa, que segundo Oliveira
(2011), busca descrever a complexidade de determinado problema. Quanto aos objetivos, é
descritiva, que conforme Raupp e Beuren (2013), visa a descobrir a existência de associações
entre variáveis. Em relação aos procedimentos técnicos de coleta de dados a pesquisa é
documental de fontes primárias, que, segundo Gil (2002), vale-se de documentos originais,
que ainda não receberam tratamento analítico como relatórios, reportagens de jornais,
revistas, cartas, entre outras matérias de divulgação. Quanto à natureza, trata-se de uma
pesquisa aplicada ao comportamento de rentabilidade da empresa analisada.
A população-alvo desta pesquisa são as empresas de tecnologia e a amostra não
probabilística, selecionada por critério de acessibilidade, é representada pela uma empresa de
responsabilidade limitada, denominada neste estudo por "Entidade", mantido o seu anonimato
por questões de sigilo. A empresa selecionada para ser objeto do presente estudo dedica-se à
fabricação de equipamentos e componentes eletrônicos voltados para o controle e medição de
energia, bem como o desenvolvimento de softwares relacionados a estes equipamentos.
Possui engenharia de desenvolvimento própria, o que melhora sua competitividade e agrega
valor ao seu produto. O capital da empresa é 100% nacional; pertence a um mesmo sócio 99%
do capital. A organização adota o regime tributário do Lucro Presumido. Seu faturamento
anual é de cerca de R$ 7 milhões, podendo ser considerada uma empresa de médio porte.
Os dados foram os saldos contábeis coletados nos Balanços Patrimoniais, as
Demonstrações do Resultado do Exercício e balancetes analíticos de Investimentos e
Imobilizado do período de 2009 a 2015. Os dados formam organizados cronologicamente
tabulados com o uso de planilha. A coleta dos dados ocorreu junto ao departamento de
Contabilidade na sede da "Entidade" em janeiro de 2016. Os dados foram analisados pelos
indicadores de rentabilidade e estrutura de capitais e os resultados interpretados de forma
evolutiva, descritos no Quadro 1.
Quadro 1 - Relação de indicadores e fórmulas de cálculos adotados
Retorno sobre os Investimentos = Lucro Líquido
x 100 Patrimônio Líquido
Giro do Ativo = Vendas Líquidas
Ativo Total
Margem Bruta = Lucro Bruto
x 100 Vendas Líquidas
Margem Líquida = Lucro Líquido
x 100 Vendas Líquidas
Rentabilidade do Ativo = Lucro Líquido
x 100 Ativo Total
Participação de Capitais de Terceiros = Passivo Circulante + Passivo Não circulante
x 100 Patrimônio Líquido
Composição do Endividamento = Passivo Circulante
x 100 Passivo Circulante + Passivo Não Circulante
Fonte: diversos autores
8
Os índices que fazem parte do Quadro 1 são indicadores de rentabilidade e indicadores
de estrutura de capitais da empresa e foram utilizados para a análise dos dados, apresentada na
próxima seção.
4 DESENVOLVIMENTO PRÁTICO DO ESTUDO
Esta seção apresenta a análise de rentabilidade realizada na empresa "Entidade" no
período de 2009 a 2015, indicando os cálculos dos índices e suas interpretações.
4.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS
Os dados relativos aos saldos contábeis do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido da
"Entidade" são apresentados nas Tabelas 2 e 3, respectivamente.
Tabela 2 – Evolução do ativo da empresa "Entidade" (R$/mil)
ATIVO
2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009
CIRCULANTE 4.946 6.656 4.280 7.540 5.426 3.199 1.959
Caixa e equivalente de caixa 119 217 247 597 1.628 169 154
Clientes 931 1.315 1.118 1.370 1.968 1.621 978
Aplicações financeiras 763 2.268 - 3.504 - - -
Estoques 2.757 2.583 2.489 1.595 1.122 1.016 655
Outros Créditos 361 259 402 476 707 393 172
Adiantamento a fornecedores 110 123 329 356 616 315 109
Adiantamentos diversos 31 28 18 33 21 26 21
Tributos a recuperar 220 108 65 89 70 53 42
Créditos diversos - - (10) - - - -
Despesas meses seguintes 15 14 24 1 1 1 1
NÃO CIRCULANTE 2.934 1.924 5.471 2.716 3.138 2.895 2.630
Realizável a longo prazo 1.225 46 3.275 435 1.059 1.066 1.400
Créditos diversos 1.216 - 3.229 395 1.053 892 563
Empréstimos compulsórios - - - - 1 1 1
Aplicações financeiras - - - - - - 669
Depósito Judicial 9 46 46 40 5 173 166
Investimento 1 1 1 1 1 1 1
Imobilizado 1.380 1.496 1.420 1.516 1.354 1.238 858
Intangível 328 381 775 764 724 589 371
TOTAL DO ATIVO 7.880 8.580 9.750 10.256 8.564 6.093 4.590
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
Os dados apresentados na Tabela 2 evidenciam que os maiores volumes de
investimentos concentram-se nos itens estoques, ativo imobilizado e créditos diversos. Quanto
aos investimentos em ativo imobilizado, se resumem a melhorias nas instalações da fábrica e
nas dependências administrativas como reforma geral dos prédios, incluindo nova iluminação
e climatização, além de aquisição de novas máquinas para otimização do processo produtivo.
Tais investimentos foram realizados ao longo dos anos de 2010, 2011 e 2012. Em 2012,
representavam cerca de 10% do ativo total. Segundo estimativas realizadas pela empresa, o
período de retorno destes investimentos seria de até 5 anos.
No prédio administrativo, foi construído um pequeno auditório e uma sala de reuniões,
com sistema multimídia completo. Foram adquiridos ainda novos computadores para o
departamento de engenharia, com sistema de processamento mais avançados para otimizar o
9
desenvolvimento de projetos. A empresa também realizou investimento em softwares de
engenharia, adquirindo licenças de diversos programas na busca de melhorar o produto
ofertado pela empresa com significativa redução de custos.
Tabela 3 – Evolução do passivo da empresa "Entidade" (R$/mil)
PASSIVO
2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009
CIRCULANTE 1.155 1.230 1.289 1.695 1.518 989 511
Fornecedores 277 152 380 566 937 425 235
Obrigações sociais e tributárias 122 106 227 237 291 268 109
Adiantamento de clientes 75 34 54 127 54 40 23
Empréstimos e financiamentos 506 608 395 608 82 113 69
Obrigações com pessoal 34 143 43 28 16 28 9
Créditos diversos 2 1 3 5 20 11 1
Comissões 139 166 16 26 - - 3
Provisões - 22 170 99 117 105 62
NÃO CIRCULANTE 2 508 1.331 1.727 597 245 278
Empréstimos e financiamentos - 506 1.329 1.725 595 75 115
Obrigações sociais e tributárias - - - - - 168 162
Sócios administradores 2 - 2 2 2 2 2
PATRIMONIO LÍQUIDO 6.723 6.842 7.131 6.834 6.449 4.859 3.800
Capital social 559 559 559 559 559 559 559
Reserva de Lucros 802 1.040 - 6.275 5.890 4.300 3.242
Resultado do exercício - - - - - - -
TOTAL DO PASSIVO 7.880 8.580 9.750 10.256 8.564 6.093 4.590
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
Conforme os dados da Tabela 3, em 2012, a empresa buscou financiamento dos seus
investimentos e contou com empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).
Tais investimentos foram iniciados em 2010 com recursos próprios, mas somente em 2012
que foi liberado o capital por meio do BNDES. O contrato de financiamento foi feito com
prazo de liquidação de cinco anos a partir da obtenção dos recursos e a empresa dispunha de
seis meses de carência para saldar a primeira parcela. Essa modalidade de financiamento
adquirido junto ao banco exigia que a empresa comprovasse que os recursos seriam de fato
destinados ao fim proposto, de forma que foi necessário apresentar e comprovar os
investimentos que vinham seno feitos com capital próprio desde 2010. Isso justifica o
significativo recurso em aplicações financeiras e créditos diversos nos anos seguintes.
Os dados estruturados relativos ao resultado da "Entidade" encontram-se na Tabela 4.
Esta evidencia que a Receita Líquida sofreu decréscimo ocasionado pelo aumento das
deduções da receita bruta. A despeito de um crescimento de quase 100% na receita bruta no
período analisado, houve uma redução significativa no resultado líquido do exercício ao longo
do período analisado. A empresa que em 2009 possuía um lucro de R$ 1 milhão, passou em
2015 a apresentar prejuízo de R$ 17 mil. O Lucro Bruto manteve-se praticamente constante.
O resultado caiu drasticamente em função do aumento exacerbado das despesas
administrativas e comerciais.
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Tabela 4 - Demonstração de Resultado do Exercício da "Entidade" (R$/mil)
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO
2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009
RECEITA BRUTA 7.673 7.273 6.802 7.833 7.859 5.759 4.134
Deduções da receita bruta -1.220 -1.167 -698 -1.358 -1.596 -658 -496
RECEITA LÍQUIDA 6.453 6.106 6.104 6.475 6.262 5.101 3.638
Custo das mercadorias e serviços -3.800 -3.479 -2.840 -3.283 -2.633 -1.865 -1.131
LUCRO BRUTO 2.653 2.626 3.264 3.192 3.629 3.235 2.507
Despesas administrativas/comerciais -2.939 -2.759 -2.704 -2.407 -1.919 -1.800 -1.423
Despesas tributárias -73 -52 -8 -21 -16 -26 -27
Outras despesas operacionais 217 76 204 -85 -6 -108 -20
Outras receitas operacionais 0 -7 -69 188 228 122 78
RESULTADO OPERACIONAL* -143 -116 164 868 1.917 1.423 1.116
Receitas financeiras 277 333 302 326 184 130 138
Despesas financeiras -156 -197 -154 -172 -73 -50 -52
Variação cambial liquida 9 9 17 5 -23 3 -
RESULTADO ANTES DOS IMPOSTOS -13 29 851 1.026 2.006 1.595 1.202
IR / CSLL** -4 -7 -443 -453 -314 -264 -193
RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO -17 22 408 572 1.692 1.331 1.009
* Resultado operacional antes do resultado financeiro e dos tributos sobre o lucro
** Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
Fonte: dados da pesquisa (2016).
4.2 CATEGORIAS DE ANÁLISE
No que diz respeito às categorias, a análise se pauta em índices de rentabilidade e de
estrutura de capitais por exercício social analisado e interpretação evolutiva dos resultados.
Quanto aos índices de rentabilidade e de estrutura de capitais por exercício social analisado,
são apresentados na Tabela 5.
Tabela 5 - Cálculo dos indicadores da "Entidade"
Indicadores 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009
Retorno sobre o investimento ROE (%) -0,25 0,32 5,72 8,37 26,23 27,4 26,55
Giro do Ativo (índice) 0,82 0,71 0,63 0,63 0,73 0,84 0,79
Margem Bruta (%) 41,12 43,02 53,48 49,29 57,96 63,43 68,91
Margem Líquida (%) -0,26 0,36 6,68 8,84 27,01 26,1 27,74
Rentabilidade do Ativo - ROA (%) -0,21 0,26 4,18 5,58 19,75 21,85 21,99
Participação de Capitais de Terceiros (%) 17,21 25,41 36,74 50,07 32,8 25,4 20,77
Composição do Endividamento (%) 99,84 70,77 49,19 49,53 71,78 80,14 64,74
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
Em relação ao índice de retorno dos investimentos, a "Entidade", em 2010, ano do
auge do retorno sobre o capital investido, obteve um índice de 27%. Nos três primeiros anos,
a variação deste índice na empresa foi insignificante e ele se manteve próximo de 26%. Nos
anos seguintes, houve uma queda brusca no resultado dos períodos analisados, em função do
aumento das contas de despesa operacional e também dos custos de produtos vendidos.
11
A "Entidade" não obteve giro do ativo superior a 85%. Embora esse índice tenha sido
maior em 2010, houve uma queda nos anos de 2011, 2012, 2013 e 2014. Os anos de 2012 e
2013 foram aqueles que a empresa apresentou os piores índices do período analisado (63%).
Ainda que o maior faturamento da empresa tenha se dado no ano de 2011, o giro do ativo foi
menor do que em 2010, quando o resultado líquido do exercício era menor.
A Margem Bruta apresentou-se decrescente desde 2009. Isso se justifica pelo aumento
nos custos, uma vez que a receita líquida da empresa apresentou acréscimo de quase 100%
desde o primeiro período. Percebe-se uma certa estabilidade em relação à Margem Líquida
entre 2009 e 2011. No ano de 2012 houve uma queda brusca atingindo índices negativos em
2015. Ao observar as demonstrações de resultado, nota-se um aumento expressivo em
despesas administrativas e comerciais, além de um incremento dos ativos imobilizados e
intangíveis em 2012, quando a empresa concluiu a reforma da sede e as melhorias nas
instalações de máquinas e equipamentos. A partir disso, o valor contabilizado no ativo
imobilizado passou a sofrer depreciação, o que contribuiu para que as despesas operacionais
ficassem elevadas ao longo dos últimos períodos analisados.
O ROA apresentou uma brusca queda no ano de 2012, apresentando uma redução
nominal de 17,41 pontos percentuais, o equivalente a um decréscimo de 75% no índice. Esse
fato revela-se preocupante, uma vez que possivelmente, o risco de investimentos em ativos na
empresa não está mais compensando. A análise do índice de rentabilidade do ativo juntamente
com o indicador de margem líquida, permite observar que existem três fatores principais para
a queda deste indicador em 2012. O primeiro é em relação ao aumento do ativo total da
empresa, em função dos investimentos realizados os quais foram contabilizados como ativo
imobilizado e intangível. O segundo é o registro de novas aplicações financeiras, fato este que
a empresa não dispunha em exercícios anteriores. E o terceiro é o aumento das despesas
administrativas e comerciais. Isso leva a crer que os investimentos realizados foram
determinantes para a piora do resultado da "Entidade" a partir do ano de 2012.
Ainda sobre a rentabilidade do ativo, em 2013, 2014 e 2015 houve uma contínua
queda neste indicador, pois, mesmo havendo uma redução patrimonial nestes períodos, a
empresa apresentou resultado líquido insuficiente para elevar a rentabilidade ao patamar dos
primeiros anos. Houve o consumo de parte das reservas financeiras existentes em 2012 para
aumento dos estoques, que por sua vez vieram a se tornar custo de produtos vendidos.
Até o ano de 2012, evidencia-se um crescimento na participação de capitais de
terceiros. Este crescimento inicia-se em 20% no ano de 2009 e chega a mais de 50% em 2012;
um crescimento de aproximadamente 150%. Esse fato deve-se à contratação de empréstimos
e financiamentos necessários para o aporte de investimentos feitos ao longo dos períodos. Nos
anos seguintes, a empresa reduziu drasticamente esta participação, pois houve uma
diminuição significativa do montante de empréstimos a pagar. Ao invés de aumentar seu
endividamento, a empresa reduziu-o a níveis menores que apresentados nos primeiros anos, o
que pode explicar o fato da empresa ter reduzido seu patrimônio em 2013, 2014 e 2015. Nota-
se a aquisição de estoques e a amortização de empréstimos com recursos de caixa, sem a
criação de novas obrigações.
A empresa adquiriu empréstimos para realização dos investimentos no seu parque
produtivo para liquidação de parte no curto prazo. O resultado do índice de composição do
endividamento (participação da dívida de curto prazo em relação ao total) revela que, em
2012, a "Entidade" teve um equilíbrio entre passivos de curto e longo prazo. Considerando
que a empresa não contraiu novas dívidas nos anos seguintes, as parcelas referentes ao longo
prazo se aproximam de zero em 2015, e serão liquidadas durante o exercício de 2016.
12
Em 2016 a empresa será desafiada no gerenciamento do caixa, uma vez que não
existirão dívidas de longo prazo. Uma análise rápida dos recebíveis da empresa permite inferir
que, inevitavelmente, haverá a necessidade em contratação de empréstimos para a liquidação
destas dívidas no decorrer do ano.
Trabalhos similares indicam que, os índices de rentabilidade são de grande valia para a
análise das empresas, uma vez que são utilizados por diversos stakeholders, especialmente os
próprios administradores da companhia (MOROZINI; OLINQUEVITCH; HEIN, 2006), além
de reforçar a ideia de que a rentabilidade é fundamental para a análise evolutiva de resultados
para as empresas (COSTA, 2008). É, portanto, preocupação diária das empresas ser mais
competitivas, desenvolver novos produtos e aprimorar os processos produtivos sempre em
busca da redução de custos e do aumento da qualidade dos produtos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das demonstrações contábeis da empresa SIM TECH, foi possível extrair
informações importantes para o seu diagnóstico de rentabilidade, bem como a evolução destes
indicadores durante o período de 2009 a 2015, objeto da análise desta pesquisa. Verificou-se
que os investimentos realizados para a modernização do parque produtivo da empresa foram
determinantes para a redução da rentabilidade de uma maneira geral, tendo em vista um
aumento patrimonial e um aumento nos custos e nas despesas administravas na mesma
proporção. Isso reduziu a margem de lucro e, consequentemente, o retorno do investimento
aos acionistas.
No curto prazo, a empresa apresentou indicadores praticamente estáveis, no que diz
respeito a rentabilidade e margem. Porém, a médio e longo prazos, a empresa obteve
rentabilidade e margem muito inferior aos períodos iniciais da análise, em função de aumento
de custo e despesas operacionais. Observou-se, também, um equilíbrio no faturamento, a
principal explicação para a piora significativa nos indicadores de uma forma geral.
A análise dos indicadores como um todo permite inferir que, em não havendo, por
parte da empresa, uma revisão dos custos e despesas operacionais, continuarão sendo
apresentados resultados negativos nos próximos períodos. Além disso, é importante que se
proceda a uma reavaliação dos empréstimos e financiamento e das aplicações financeiras de
curto prazo, de modo a diminuir as despesas financeiras com juros e quitar tais obrigações nos
próximos exercícios.
A análise da rentabilidade das empresas é importante instrumento gerencial e, no caso
da empresa da amostra, permitiu conhecer as mudanças significativas pelas quais passaram os
índices de rentabilidade após os investimentos realizados em modernização do seu parque
produtivo. Espera-se que a administração possa traçar novos objetivos organizacionais, a fim
melhorar os indicadores da empresa e proporcionar um crescimento nos próximos exercícios.
Para pesquisas futuras, sugere-se abordar a relação entre estrutura patrimonial e o aumento de
custos e despesas operacionais, bem como a análise de indicadores em uma amostra contando
o conjunto de empresas do setor, a fim de obter uma análise mais aprofundada da situação.
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