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ANÁLISE DAS VARIAÇÕES MORFODINÂMICAS POR FUNÇÕES
ORTOGONAIS EMPÍRICAS - PRAIA DO FLAMENGO (RJ)
Aline Cardinale de Araujo
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Engenharia
Oceânica, COPPE, da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título
de Mestre em Engenharia Oceânica.
Orientador: Marcos Nicolás Gallo
Rio de Janeiro
Novembro de 2016
ANÁLISE DAS VARIAÇÕES MORFODINÂMICAS POR FUNÇÕES
ORTOGONAIS EMPÍRICAS - PRAIA DO FLAMENGO (RJ)
Aline Cardinale de Araujo
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO
LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA
(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA.
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Marcos Nicolás Gallo, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Luiz Galiza, Ph.D.
________________________________________________
Profª Josefa Varela Guerra, Ph.D.
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
NOVEMBRO DE 2016
iii
Cardinale-Araujo, Aline
Análise das Variações Morfodinâmicas por Funções
Ortogonais Empíricas - Praia do Flamengo (RJ) / Aline
Cardinale de Araujo. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2016.
XVI, 138 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Marcos Nicolás Gallo
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Oceânica, 2016.
Referências Bibliográficas: p. 86-91.
1. Morfodinâmica Praial. 2. Análise de Componente
Principal. 3. Praia do Flamengo. I. Gallo, Marcos Nicolás. II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa
de Engenharia Oceânica. III. Título.
iv
Aos meus pais, pela educação.
Ao meu amado filho Leônidas, pela motivação e alegria. E a David, pelo amor, cumplicidade e inspiração.
v
Agradecimentos
Agradeço a Deus pelo fôlego de vida, pelo sustento, pelas oportunidades, pela proteção,
pelo mar, pelo vento, pelo sol e pela lua, pelas ondas, pela praia, por toda a linda e rica
natureza, pelo amor incondicional, e pela graça, que me permitiram ser quem sou e
chegar até aonde cheguei.
Agradeço a CAPES, pelo apoio financeiro que me ajudou a custear a nada barata vida
carioca, e, por consequência, permitiu a execução deste trabalho.
Agradeço ao meu professor e orientador Marcos Gallo, por toda paciência, dedicação e
apoio.
Agradeço ao professor Luiz Gallisa, pelas discussões físicas sobre wavelets e
processamento de sinais, e por toda ajuda que prestou a esta pesquisa.
Agradeço a professora e amiga Celia Regina Souza, pelos sábios e experientes
conselhos referentes à pesquisa em morfodinâmica praial.
Agradeço a professora Josefa Guerra, por aceitar fazer parte da banca examinadora
deste trabalho.
Agradeço a professora Susana Vinzón, por gerir tão bem o LDSC, proporcionando um
excelente ambiente de trabalho.
Agradeço a Cristina, a Marise, e a Lucianita, por sempre cuidarem dos alunos,
facilitando (e muito) a vida acadêmica.
Agradeço aos companheiros de trabalho do LDSC, e àqueles que estiveram comigo
nesta jornada de mestrado (Tainá, Ana Luiza, Julia, Thalles, Lucas, Yuri, Leónidas, e
Julio), em especial àqueles que me ajudaram nos trabalhos de campo: Laíssa e irmãos,
Gabi, Boris, José Luis, Lucho, Geléia, André, Eldred, Teffi, Tía Georgina, Douglas,
Pedrão, Leo, Carol, Lara, Bruno e Mazza (FFT). Muito obrigada!
Agradeço aos meus sogros José e Déborah, pelo apoio e acolhimento nos momentos
mais críticos desta jornada, proporcionando um aconchegante refúgio familiar.
Tanto a agradecer!
Agradeço a todos que fizeram parte deste momento especial de minha vida e que por
alguma razão não têm seus nomes escritos nestas folhas.
vi
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
ANÁLISE DAS VARIAÇÕES MORFODINÂMICAS POR FUNÇÕES
ORTOGONAIS EMPÍRICAS - PRAIA DO FLAMENGO (RJ)
Aline Cardinale de Araujo
Novembro/2016
Orientador: Marcos Nicolás Gallo
Programa: Engenharia Oceânica
A Praia do Flamengo foi modificada devido ao aterramento que resultou no
avanço da linha de costa original, e pode estar exposta à erosão praial. Esta pesquisa
tem por motivação conhecer a morfodinâmica desta praia com o intuito de fornecer
subsídios para tomadas de decisão no âmbito do gerenciamento costeiro, bem como
para orientar futuras obras de engenharia costeira. Os perfis medidos por levantamento
topográfico foram analisados pelo método de EOF (Empirical Orthogonal Functions).
Também foi feita análise granulométrica, com estudo das células de circulação costeira,
e a retroanálise de imagens de satélite para fornecer dados complementares ao trabalho.
Como resultados, foi possível determinar a compartimentação da praia em 3 setores:
Setor I, onde prevalecem as cúspides praias (P1, P2 e P3) passando por um ponto que
provavelmente é a transição (P4); Setor II (P5 e P6) onde o comportamento tende ao
estado refletivo; e o Setor III (P7 e P8), com a presença de um terraço de baixa-mar. A
barlamar do molhe, a praia volta a apresentar comportamento de praia de cúspide.
vii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
ANALYSIS OF MORPHODYNAMIC CHANGES BY EMPIRICAL ORTHOGONAL
FUNCTIONS - FLAMENGO BEACH (RJ)
Aline Cardinale de Araujo
November/2016
Advisor: Marcos Nicolás Gallos
Department: Ocean Engineering
Flamengo Beach has been modified because of the land reclamation which
resulted in the advancement of the original coastline, and may be exposed to beach
erosion. This research is motivated to know the morphodynamics of this beach in order
to provide information for making decision in the coastal management, and to guide
future works of coastal engineering. The profiles measured by survey were analyzed by
EOF method (Empirical Orthogonal Functions). Also, there were performed grain size
analysis, coastal circulation cells study, and satellite images analysis to provide
complementary data. As a result, it was possible to determine the partitioning of the
beach in 3 sectors: Sector I, where prevail beach cusps (P1, P2 and P3) through a point
that is probably the transition (P4); Sector II (P5 and P6) where the beach behavior
tends to reflective state; and Section III (P7 and P8), with the presence of a low-water
terrace. Updrift the pier, the beach back to present cusp of beach behavior.
viii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
1.1 Apresentação e Motivação .......................................................................................... 1
1.2 Objetivos ...................................................................................................................... 5
2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS ........................................................................................ 5
2.1 Ambiente Praial ........................................................................................................... 5
2.2 Circulação costeira: correntes geradas por ondas ................................................... 8
2.3 Classificação de Praias quanto ao Estado Morfodinâmico .................................... 10
2.4 Parâmetro Adimensional de Dean – Cálculo para o estado morfodinâmico da
praia ............................................................................................................................ 12
3. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO............................................................................. 13
3.1 Breve Histórico do Aterramento .............................................................................. 13
3.2 Geomorfologia regional ............................................................................................ 15
4. MÉTODOS ......................................................................................................................... 18
4.1 Medição e Análise do Perfil Praial ........................................................................... 18
4.2 Medição e Análise da Linha de Costa ...................................................................... 26
4.2.1 Análise Espectral ................................................................................................. 28
4.3 Sedimentologia ........................................................................................................... 30
4.4 Estado morfodinâmico da praia ............................................................................... 31
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 31
5.1 Análise descritiva quanto às mudanças sazonais .................................................... 31
5.2 Análise das Autofunções Ortogonais Empíricas (EOF) ......................................... 41
5.3 Variações Espaciais dos Parâmetros Medidos ........................................................ 58
5.5 Estado Morfodinâmico da Praia .............................................................................. 65
5.6 Análise das medições obtidas das imagens de satélite ............................................ 66
5.6.1 Análise Qualitativa .............................................................................................. 66
5.6.2 Análise Interanual ............................................................................................... 68
5.6.3 Análise Anual ...................................................................................................... 69
5.6.4 Análise Mensal .................................................................................................... 71
5.6.5 Análise Espectral ................................................................................................. 72
5.7 Células de Deriva ....................................................................................................... 80
6. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 82
7. RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................... 85
8. REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 86
ix
ANEXO I .................................................................................................................................... 92
ANEXO II ................................................................................................................................. 136
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Localização da área de estudo (Fonte da imagens: “B” e “C” Landsat 7; “D” Google
Earth – imagem de 24/06/2009). ................................................................................................... 3
Figura 2 – Detalhe da área de estudo. Área demarcada mostra o avanço desde a linha de costa
original. (Fonte: Google Earth, imagem de 24/06/2009). ............................................................. 3
Figura 3 – Esquema de um sistema praial, com subdivisão em zonas de acordo com os
respectivos processos atuantes. (Modificado de Short & Masselink, 1999). ................................ 6
Figura 4 – Praia do Flamengo, início do séc. XX. ...................................................................... 14
Figura 5 – (A) Praia do Flamengo - mostrando a inexistência de faixa de areia; (B) Ressaca na
Praia do Flamengo, 1957. (Fonte: Acervo O Goblo). ................................................................. 14
Figura 6 – Construção do Parque Brigadeiro Eduardo Gomes (Aterro do Flamengo). Setas
brancas indicam a posição da calçada construída durante o primeiro aterramento, para a
implantação da Avenida Beira-mar. (A) Início das obras do Aterro do Flamengo, em 1959
(Fonte: O Globo, 2012); (B) Foto aérea do atual do Aterro do Flamengo (Machado, 2008) ..... 15
Figura 7 - Ilustração do procedimento de medição do perfil praial (Modificada de Dean &
Dalrymple, 2004). ....................................................................................................................... 19
Figura 8 - Localização dos perfis praias, e dos setores da praia (Fonte: Google Earth, imagem
de 24/06/2009). ........................................................................................................................... 21
Figura 9 - Localização dos transectos medidos nas imagens de satélite (Fonte: Google Earth,
imagem de 24/06/2009). .............................................................................................................. 27
Figura 10 – Variação espacial das elevações do Perfil 1 em função da distância normal à linha
de costa, medidas entre 09/07/2015 e 23/03/2016. ..................................................................... 33
Figura 11 - Variação espacial das elevações do Perfil 2 em função da distância normal à linha de
costa, medidas entre 03/06/2015 e 23/03/2016. .......................................................................... 35
Figura 12- Variação espacial das elevações do Perfil 3 em função da distância normal à linha de
costa, medidas entre 03/06/2015 e 23/03/2016. .......................................................................... 36
x
Figura 13 - Variação espacial das elevações do Perfil 3 em função da distância normal à linha de
costa, medidas entre 03/06/2015 e 23/03/2016. .......................................................................... 37
Figura 14 - Variação espacial das elevações do Perfil 5 em função da distância normal à linha de
costa, medidas entre 03/06/2015 e 23/03/2016. .......................................................................... 38
Figura 15 - Variação espacial das elevações do Perfil 6 em função da distância normal à linha de
costa, medidas entre 03/06/2015 e 29/01/2016. .......................................................................... 39
Figura 16 - Variação espacial das elevações do Perfil 7 em função da distância normal à linha de
costa, medidas entre 03/06/2015 e 29/01/2016. .......................................................................... 40
Figura 17 - Variação espacial das elevações do Perfil 8 em função da distância normal à linha de
costa, medidas entre 03/06/2015 e 29/01/2016. .......................................................................... 40
Figura 18 - Autofunções dos dados de P1: (a) Perfis medidos em cada campanha junto com a
Função Média da Praia; (b) Perfis extremos de verão e inverno, juntamente com a Função
Média da Praia; (c) Distribuição de cada autofunção ao longo do perfil estudado; (d) Variação
temporal das autofunções. ........................................................................................................... 45
Figura 19 – Autofunções dos dados de P2: (a) Perfis medidos em cada campanha junto com a
Função Média da Praia; (b) Perfis extremos de verão e inverno, juntamente com a Função
Média da Praia; (c) Distribuição de cada autofunção ao longo do perfil estudado; (d) Variação
temporal das autofunções. ........................................................................................................... 47
Figura 20 - Autofunções dos dados de P3: (a) Perfis medidos em cada campanha junto com a
Função Média da Praia; (b) Perfis extremos de verão e inverno, juntamente com a Função
Média da Praia; (c) Distribuição de cada autofunção ao longo do perfil estudado; (d) Variação
temporal das autofunções. ........................................................................................................... 49
Figura 21 - Autofunções dos dados de P4: (a) Perfis medidos em cada campanha junto com a
Função Média da Praia; (b) Perfis extremos de verão e inverno, juntamente com a Função
Média da Praia; (c) Distribuição de cada autofunção ao longo do perfil estudado; (d) Variação
temporal das autofunções. ........................................................................................................... 51
Figura 22 - Autofunções dos dados de P5: (a) Perfis medidos em cada campanha junto com a
Função Média da Praia; (b) Perfis extremos de verão e inverno, e perfil de primavera,
juntamente com a Função Média da Praia; (c) Distribuição de cada autofunção ao longo do
perfil estudado; (d) Variação temporal das autofunções. ............................................................ 53
Figura 23 - Autofunções dos dados de P6: (a) Perfis medidos em cada campanha junto com a
Função Média da Praia; (b) Perfis extremos de verão e inverno, juntamente com a Função
Média da Praia; (c) Distribuição de cada autofunção ao longo do perfil estudado; (d) Variação
temporal das autofunções. ........................................................................................................... 55
Figura 24 - Autofunções dos dados de P7: (a) Perfis medidos em cada campanha junto com a
Função Média da Praia; (b) Perfis extremos de verão e inverno, juntamente com a Função
Média da Praia; (c) Distribuição de cada autofunção ao longo do perfil estudado; (d) Variação
temporal das autofunções. ........................................................................................................... 57
xi
Figura 25 - Gráfico da distribuição espacial da variação da largura dos perfis ao longo da praia.
..................................................................................................................................................... 58
Figura 26 – Variação das linhas de costa amostradas ao longo das campanhas ......................... 59
Figura 27 - Gráfico da distribuição espacial da variação da declividade do swash ao longo da
praia. ............................................................................................................................................ 60
Figura 28 - Gráfico da distribuição espacial da variação da declividade da face da praia ao longo
da praia. ....................................................................................................................................... 61
Figura 29 - Gráfico mostrando a distribuição espacial do D50 ao longo da praia. ..................... 62
Figura 30 - Gráfico mostrando a distribuição espacial do desvio padrão ao longo da praia. ...... 63
Figura 31 - Gráfico mostrando a distribuição espacial da assimetria ao longo da praia. ............ 64
Figura 32 - Gráfico mostrando a distribuição espacial da assimetria ao longo da praia. ............ 64
Figura 33 - Representação da classificação do estado morfodinâmico da praia segundo o
parâmetro de Dean ...................................................................................................................... 66
Figura 34 - Distribuição da variação da largura da praia durante o período total para as imagens
obtidas de 2000 a 2016 ................................................................................................................ 67
Figura 35 - Distribuição espacial da largura dos transectos para a análise interanual ................ 68
Figura 36 - Gráfico mostrando a variação interanual (2000 a 2015) de cada transecto. ............. 69
Figura 37 - Distribuição espacial da largura dos transectos para a análise interanual ................ 70
Figura 38- Gráfico mostrando a variação anual de cada transecto. ............................................. 71
Figura 39 - Distribuição espacial da largura dos transectos para a análise mensal ..................... 71
Figura 40- Gráfico mostrando a variação mensal de cada transecto. .......................................... 72
Figura 41 – Espectros da variação da largura de T1; (a) mostra o espectro bruto e (b) mostra o
espectro alisado. Os números de 1 a 10 indicam os picos que foram selecionados para análise. 74
Figura 42 - Espectros da variação da largura de T2; (a) mostra o espectro bruto e (b) mostra o
espectro alisado. Os números de 1 a 10 indicam os picos que foram selecionados para análise. 75
Figura 43 - Espectros da variação da largura de T3; (a) mostra o espectro bruto e (b) mostra o
espectro alisado. Os números de 1 a 10 indicam os picos que foram selecionados para análise. 76
Figura 44 - Espectros da variação da largura de T4; (a) mostra o espectro bruto e (b) mostra o
espectro alisado. Os números de 1 a 10 indicam os picos que foram selecionados para análise. 78
Figura 45 - Espectros da variação da largura de T5; (a) mostra o espectro bruto e (b) mostra o
espectro alisado. Os números de 1 a 10 indicam os picos que foram selecionados para análise. 80
Figura 46 - Localização das células de deriva litorânea durante o inverno (julho/2015) ............ 81
xii
Figura 47 - Localização das células de deriva litorânea durante o verão (janeiro/2016) ............ 81
ÍNDICE DE TABELA
Tabela 1 – Estado morfodinâmico da praia e sua relação com o valor médio de ômega (Wright
et al., 1985) ................................................................................................................................. 12
Tabela 2 - Campanhas de levantamento de dados. S: sizígia; Q: quadratura; O: outono; I:
inverno; P: primavera; V: verão. ................................................................................................. 20
Tabela 3 - Fatores observados em cada campo ........................................................................... 22
Tabela 4 - Parâmetros meteo-oceanográficos de cada imagem utilizada na análise mensal. ...... 27
Tabela 5 - Parâmetros meteo -oceanográficos de cada imagem utilizada na análise anual. ....... 28
Tabela 6 - Parâmetros meteo -oceanográficos de cada imagem utilizada na análise interanual. 28
Tabela 7 - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 1. ............................................. 33
Tabela 8- - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 2 ............................................ 35
Tabela 9 - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 3. ............................................ 36
Tabela 10 - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 4. ........................................... 37
Tabela 11 - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 5. ........................................... 38
Tabela 12 - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 6. ........................................... 39
Tabela 13 - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 7. ........................................... 40
Tabela 14 - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 8. ........................................... 41
Tabela 15 - Data, Estação do Ano e Dia Relativo de cada Campo ............................................. 42
Tabela 16 - Resultados da Análise da EOF (porcentagem da variância) .................................... 43
Tabela 17 - Valores do parâmetro de Dean calculados para cada perfil, em cada campanha.
Legenda: Valores referentes ao Estado Refletivo (Azul); Valores referentes ao Estado Terraço
de Baixa-Mar (Vermelho). .......................................................................................................... 65
Tabela 18 - Estatística da análise interanual (2000-2 .................................................................. 68
Tabela 19- Estatística da análise anual (ano 2014) mostrando a média dos comprimentos, o
maior comprimento (máx), o menor comprimento (mín), e o desvio padrão de cada transecto. 70
xiii
Tabela 20 - Estatística da análise mensal (maio de 2014) mostrando a média dos comprimentos,
o maior comprimento (máx), o menor comprimento (mín), e o desvio padrão de cada transecto.
..................................................................................................................................................... 71
Tabela 21 - Matriz de Comparação entre os parâmetros morfotexturais da Praia do Flamengo,
para inverno e verão. E= erosão; D= deposição; T= transporte. ................................................. 82
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação e Motivação
O ambiente praial é um sistema físico altamente dinâmico cuja formação é
influenciada principalmente pela movimentação do fluido, capacidade de transporte dos
sedimentos, variação na morfologia local e sucessão de mudanças evolutivas (WRIGTH
& THOM, 1977).
Segundo a definição proposta por Komar (1998) a praia é um acúmulo de
sedimento não consolidado (areia, cascalho, pedras e pedregulhos) que se estende desde
a maré baixa média até alguma mudança fisiográfica, como uma falésia, ou dunas, ou o
ponto onde a vegetação permanente é estabelecida. Uma maneira de se quantificar as
alterações de uma praia é fazer medições do perfil praial, ou seja, de uma seção
transversal da praia, perpendicular à linha de costa. No caso da Praia do Flamengo, esta
mudança fisiográfica é uma ciclovia que se estende por toda a praia.
Quando consideramos os processos que ocorrem ao longo de um perfil praial,
podemos diferenciá-lo em zonas ou setores, e então estamos tratando de um sistema
praial. Os processos costeiros que ocorrem no perfil praial promovem uma variação
espaço-temporal na sua morfologia, como resposta à ação das ondas, marés, ventos e
correntes sobre a praia. Os perfis praiais estão em constante ajuste frente às forçantes
naturais.
Nas últimas décadas, a zona costeira tem sofrido efeitos do crescimento
demográfico desordenado, sem ter em conta as faixas ativas dos sistemas praiais. O
ajuste natural da morfodinâmica da costa é interrompido, e como resultado, processos
erosivos são desencadeados ao longo do litoral. Os problemas acarretados pela erosão
costeira têm motivado pesquisadores a estudar os processos envolvidos na dinâmica
2
costeira, de modo a entendê-los e quantificá-los, fornecendo ferramentas necessárias ao
gerenciamento costeiro.
A região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro possui a maior concentração
populacional costeira do Brasil, com aproximadamente 10 milhões de habitantes
somente na planície costeira da Baía de Guanabara, o que representa 80% da população
do estado (KJERFVE et al.,1997).
A Baía de Guanabara, onde está inserida a Praia do Flamengo, desempenha
importante papel social, pois é uma via marítima para barcas, balsas, barcos de pesca,
para lazer e turismo (BERGAMO, 2006). Também têm importância econômica e
política, visto que possui duas refinarias de petróleo em suas margens, e abriga o Porto
do Rio de Janeiro (segundo maior porto do País), além de dois aeroportos internacionais
(Santos Dumont e Antônio Carlos Jobim). É considerada área de segurança nacional,
abrigando duas bases navais e um estaleiro do Ministério da Marinha.
No último século, a Praia do Flamengo, RJ (Figura 1) foi completamente
modificada devido às obras de aterramento que resultaram no avanço da linha de costa
original, que varia entre 300 e 500 m de largura ao longo de sua extensão, em direção ao
mar (Figura 2). Em decorrência da instalação de um enrocamento no extremo sul da
praia, e de um molhe no extremo norte, a porção norte da praia do Flamengo pode estar
exposta a eventos de erosão praial. Estas instalações também podem estar associadas à
compartimentação da praia em estados morfodinâmicos diferentes.
3
Figura 1 - Localização da área de estudo (Fonte da imagens: “B” e “C” Landsat 7; “D” Google Earth –
imagem de 24/06/2009).
Figura 2 – Detalhe da área de estudo. Área demarcada mostra o avanço desde a linha de costa original. (Fonte:
Google Earth, imagem de 24/06/2009).
4
Alguns estudos nesta área foram feitos em praias da Enseada de Jurujuba
(Niterói/RJ), na parte leste da Baía de Guanabara, descritos em: Silva (1990), no qual as
praias desta enseada foram agrupadas de acordo com o nível de energia local das ondas;
Resende & Silva (1991) acompanharam a formação de cúspides praiais em três praias
de Niterói, identificando as alterações sazonais ao longo de um ano, e sua relação com
as características de cada praia estudada; Silva et al. (1999), monitoraram perfis nas
praias de Niterói durante 10 anos, permitindo o reconhecimento da dinâmica das praias
e identificação das áreas onde a ação das ondas e correntes são mais intensas; Santos et
al. (2004), apresentam observações realizadas entre 1991 a 2002 sobre o
comportamento das praias de Niterói (RJ), frente à ação sazonal das ressacas.
Na Praia do Flamengo, este trabalho é pioneiro na abordagem da morfodinâmica
praial, que reúne a aplicação da EOF para análise de perfis praias com métodos simples
e de relativo baixo custo, como ferramentas descritivas dos processos hidrodinâmicos e
sedimentológicos.
Com vistas a estas considerações, a proposta tem por motivação conhecer a
morfodinâmica desta praia com o intuito de fornecer subsídios para tomadas de decisão
no âmbito do gerenciamento costeiro, bem como para orientar futuras obras de
engenharia costeira, uma vez que se pretende identificar as modificações em diferentes
escala de tempo.
Para tanto, esta pesquisa abrange o estudo do estado morfodinâmico da praia, e
das modificações do perfil praial e linha de costa, utilizando diferentes escalas
temporais (mensais, sazonais, e entre quadratura e sizígia). Pretende-se determinar
também quais são os processos costeiros responsáveis pela compartimentação do estado
morfodinâmico da praia.
5
1.2 Objetivos
O objetivo principal desta pesquisa é estudar a morfodinâmica da praia do
Flamengo a partir da relação entre as variações em perfil e as variações em planta (linha
de costa). Para se lograr este propósito, foram estabelecidos os seguintes objetivos
específicos:
Identificar alterações nos perfis praiais e na linha de costa em diferentes escalas de
tempo
Determinar as características sedimentológicas e hidrodinâmicas em cada perfil
Estudar a relação entre as células de circulação, as alterações morfodinâmicas, e a
compartimentação da praia.
Nas seguintes seções serão apresentadas as definições de conceitos fundamentais
para este estudo, a caracterização da área de estudo e os métodos a serem empregados,
bem como os resultados e discussões que culminam na conclusão deste trabalho.
2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
2.1 Ambiente Praial
Como não existe um padrão para terminologias na literatura científica sobre
ambientes praiais, faz-se necessária a exposição dos termos utilizados neste trabalho
antes de dar continuidade à apresentação da metodologia e resultados. A terminologia
adotada neste trabalho está baseada na proposta por Short & Masselink (1999), e é
ilustrada pela Figura 3.
6
Figura 3 – Esquema de um sistema praial, com subdivisão em zonas de acordo com os respectivos processos
atuantes. (Modificado de Short & Masselink, 1999).
Um sistema praial pode ser diferenciado em zonas segundo critério
hidrodinâmico, que leva em consideração os processos que modificam a morfologia de
um perfil. Ao aproximar-se de águas progressivamente mais rasas, as ondas incidentes
tendem a instabilizar-se até que a velocidade na crista da onda exceda a velocidade de
grupo da mesma, ponto no qual quebrará.
A antepraia tem início na profundidade inferior à quarta parte do comprimento
de onda incidente (d < L/4) e se mescla com o início da zona de surfe, sendo difícil
dissocia-las em um limite. É uma região de transição onde a diminuição da
profundidade causa mudanças na forma das ondas, se tornando mais empinadas,
aumentando em altura e alterando a direção de propagação para uma mais normal à
costa.
De acordo com a dissipação energética das ondas incidentes, ou o tipo de quebra,
se caracteriza a zona de surfe. Em praias com baixa declividade, de características
dissipativas as ondas vão se espraiando até atingir a linha de praia, e, durante este
percurso, grande parte da energia é transferida para a geração de correntes longitudinais
(longshore currents) e transversais à praia (rip currents).
7
A região da praia delimitada pela máxima preamar e mínima baixamar é chamada
Zona de Espraiamento, onde ocorre a excursão das ondas sobre a face da praia. Os
processos que ocorrem nesta zona são de fundamental importância para a engenharia
costeira e para estudos quantitativos por representarem as condições de contorno do
ambiente praial, por determinarem os níveis máximos de atuação dos agentes
hidrodinâmicos sobre a praia, além de participarem do transporte de sedimentos.
O Pós-praia é a região após o limite da face da praia, constituída por uma área
relativamente plana e horizontal. Esta zona é exteriormente limitada por qualquer
mudança fisiográfica brusca, como falésias, dunas ou, no caso da Praia do Flamengo,
um calçamento (ciclovia).
Outra forma de quantificar as alterações morfológicas de uma praia é através do
monitoramento da posição da linha de costa em uma determinada escala de tempo.
Dentro da literatura científica existem várias definições para o termo “linha de costa”.
Para Dolan et al. (1978), a linha de costa é simplesmente “a linha que representa as
bordas de um corpo d‟água”. Porém, a contínua mudança de posição da linha de costa
no tempo, inviabiliza a simples definição do termo "linha de costa" como sendo a
interface água-terra (BOAK & TURNER, 2005).
A linha de costa é um elemento geomorfológico cuja intensa dinâmica espacial é
resultante de processos costeiros de diferentes magnitudes e frequências. As complexas
mudanças de posição da linha de costa são decorrentes de processos controlados por
ondulações geradas pelos sistemas meteorológicos, pelo balanço hídrico e sedimentar
entre o aporte continental e marinho, e pelos processos ligados a elevação do nível do
mar (em curto e longo prazo), movimentos tectônicos, e ações antrópicas (CAMFIELD
& MORANG, 1996; VILLWOCK et al., 2005).
8
Para determinar a posição de uma linha de costa particular é necessário eleger um
datum, e geralmente a máxima linha de água é um bom indicador para a interface terra-
água. Este datum pode ser obtido através da média dos níveis de maré registrados,
fornecendo o MHW (Mean Higth Water), bem como pode ser diferenciado visualmente
através de fotografias aéreas, imagens de satélite, ou mesmo através de dados de perfil
praial (BOAK & TURNER, 2005).
2.2 Circulação costeira: correntes geradas por ondas
Como citado anteriormente, um dos mais importantes agentes modificadores da
morfologia praial, tanto em planta (linha de costa) como em perfil, é o transporte
sedimentar. Na praia do Flamengo o transporte de sedimento pelo vento é praticamente
inexistente, e o aporte de sedimento fluvial é nulo, de forma que todo o transporte
sedimentar fica a cargo da circulação costeira. A formação das correntes costeiras
ocorre pela incidência de ondas na costa, e o ângulo de incidência determina o tipo de
circulação costeira, além de definir a direção do movimento dos sedimentos.
Quando a incidência das ondas na costa é oblíqua, forma-se a deriva litorânea,
que é a componente paralela à praia do transporte sedimentar. A ação da deriva
litorânea é delimitada em uma faixa entre a face da praia e a zona de arrebentação, e é o
principal processo de transporte de sedimentos ao longo de uma costa, visto que
determina as zonas de erosão e de deposição (KOMAR, 1998; BRUNN, 2005). Devido
à variabilidade da direção de incidência das ondas, o transporte gerado por esta corrente
tem direção variável em escala de tempo sazonal, de dias, e de horas (CERC, 1984).
Por ocorrer reversões na direção do transporte, existem duas componentes da taxa
de transporte longitudinal: a taxa bruta, que é o total de material que passa por um
determinado ponto em um ano, independentemente da direção; e a taxa líquida, que
9
considera a direção predominante do transporte para determinar a quantidade de
material que atravessa um determinado ponto, na média de um ano (CERC, 1984;
KOMAR, 1998). Especificamente a esse transporte longitudinal resultante de
sedimentos denomina-se deriva litorânea (TAGGART & SCHWARTZ, 1988).
A deriva litorânea é composta por duas componentes vetoriais: a deriva costeira,
que ocorre na zona de surfe e tem sentido longitudinal à costa, e a deriva praial, que
atua no estirâncio e face da praia, definindo um padrão de transporte em zig-zag, porém
o sentido resultante é o mesmo da deriva costeira (SHORT, 2000; KOMAR, 1991). A
deriva litorânea pode ser variável espacial e temporalmente em diversas escalas, com
respeito a fatores hidrodinâmicos, geológicos, geomorfológicos e antropogênicos, e sua
resultante tem o sentido no qual a maioria dos sedimentos se move durante um longo
período de tempo, mesmo que haja a ocorrência de qualquer sentido oposto, menor ou
sazonal de movimento (SOUZA, 2007).
Quando o ângulo de incidência das ondas em relação à linha de costa é de 45°, a
intensidade de energia da deriva litorânea é máxima. O balanço de sedimentos pode ser
feito com base na equação de continuidade para transporte de sedimentos, de maneira
que o aumento da deriva em algum setor da praia resulta no balanço negativo, e a
redução com a deriva, o balanço de sedimentos será positivo.
Além do ângulo de incidência das ondas, a direção das correntes de deriva
litorânea depende da orientação da praia e da batimetria da zona costeira. Em praias
dominadas por ondas, independente do estado morfodinâmico preeminente, cada
segmento da costa tem uma direção de deriva litorânea particular, e recebe o nome de
célula de deriva litorânea, que podem apresentar correntes longitudinais unidirecionais
ou circulatórias, de dimensões variáveis desde poucos metros a quilômetros.
10
Uma célula de deriva litorânea consiste em três zonas: a de erosão (updrift) é a
fonte de sedimento e onde se origina a corrente (barlamar); a de transporte, por onde o
sedimento é transferido; e a de deposição (downdrift), onde há acúmulo de sedimento
(sotamar) devido à diminuição da energia das ondas (KOMAR & INMAN, 1970).
A interação entre células adjacentes pode resultar na divergência de correntes,
onde o processo erosivo será acentuado; ou na convergência de correntes, onde haverá
intensa acumulação de sedimentos e/ou o desenvolvimento de uma corrente transversal
à costa, denominada corrente de retorno ou rip current. Esta é responsável pelo
transporte de sedimentos para fora da praia e também é uma das principais causas de
afogamentos nas praias. (SOUZA, 1997).
2.3 Classificação de Praias quanto ao Estado Morfodinâmico
Como resultado da ação da circulação litorânea, a morfologia de um perfil de
praia e da linha de costa torna-se bastante dinâmica ao longo da praia, e dentro de
escalas de tempos variadas. A teoria da classificação dos tipos de praias de Wright &
Short (1983) é um modelo evolutivo que classifica as praias arenosas (em regime de
micro-marés) em dois estágios extremos e quatro intermediários, segundo parâmetros de
altura de onda na arrebentação, período da onda e tamanho de grão. A descrição de cada
estado morfodinâmico foi bem explicada em uma revisão feita por Calliari et al. (2003),
e sua síntese é apresentada abaixo.
O estado dissipativo, é favorecido pelas ondas de elevada altura e esbeltez na
zona de arrebentação, decaindo progressivamente em altura à medida que dissipam sua
energia através da zona de surfe. Ondas estacionárias de longo período (infragravidade)
são a forma de energia predominante em zonas de arrebentação dissipativa (WRIGHT et
al.,1982), sendo transformada em fluxos de corrente de retorno. A zona de surfe é larga,
11
com baixo gradiente topográfico e o tipo de arrebentação é geralmente deslizante
(spilling). A porção imersa da praia apresenta elevado estoque de areia de granulometria
fina, e a baixa declividade na face da praia resulta em um reduzido espraiamento. Neste
estágio são comuns bancos longitudinais, paralelos à praia.
A principal reserva de areia de uma praia em estado refletivo se encontra na
porção emersa, com pouca areia depositada na porção submarina. Com uma reduzida
zona de surfe, a energia das ondas atinge diretamente a face da praia, resultando em um
elevado gradiente topográfico desta feição. Este estado morfodinâmico ocorre em praias
bastante compartimentadas e com areia de granulometria grossa, ou em praias que
passaram por longo período de acreção. Arrebentação predominante neste estágio é do
tipo ascendente (surging) e mergulhante (plunging). Em condições refletivas, a energia
pode ser aprisionada por refração mantendo, assim, uma onda de borda (edge wave)
sub-harmônica (duas vezes o período da onda incidente) responsável pela formação de
cúspides praiais na zona do estirâncio. O espraiamento na face da praia é máximo e o
"set-up" é reduzido.
No estágio de banco e praia rítmicos ou de cúspides (rhytmic bar and beach),
as ondas dissipam energia no banco e voltam a se formar na cava. Ao atingir a face da
praia geralmente predominam as condições refletivas, com espraiamento relativamente
alto e a formação de cúspides praiais. As correntes de retorno (rip current) podem
ocorrer nas depressões dos bancos onde desenvolvem-se condições dissipativas,
enquanto que nas cavas, predominam condições refletivas.
O estado de banco e cava transversais (transverse-bar and rip) é caracterizado
pela formação de mega cúspides (ou bancos transversais à praia), de maneira que o
comportamento de elevada dissipação, baixo espraiamento da onda na face da praia, e
elevado "set-up" nos bancos, se alterne com áreas mais inclinadas (cavas) as quais
12
apresentam elevado espraiamento da onda e baixo "set-up". A elevada segregação
lateral resultante destas interações morfodinâmicas, originam gradientes laterais de
pressão que condicionam fortes correntes de retorno, as quais são proporcionais à
energia das ondas.
O terraço de baixa-mar (low tide terrace) é um estado com menor nível de
energia, geralmente desenvolvido em praias mais extensas cujas partes extremas são
mais protegidas, em baías moderadamente abrigadas ou em regiões mais expostas, onde
a areia é fina. A principal característica deste estado é apresentar a face de praia íngreme
e conectada a um terraço plano exposto durante a maré baixa. Segundo Short (1993),
durante a maré alta, ondas de altura inferior a 1 m ultrapassam o terraço sem romper e a
praia se comporta como refletiva.
2.4 Parâmetro Adimensional de Dean – Cálculo para o estado
morfodinâmico da praia
O estado morfodinâmico de uma praia pode ser relacionado às características das
ondas e dos sedimentos utilizando o parâmetro adimensional de Dean (Ω) (DEAN,
1973; WRIGHT & SHORT, 1983)
(6)
onde Hb é a altura significativa da onda na arrebentação; Ws = velocidade média de
decantação dos sedimentos da face da praia; e T = período médio das ondas. A Tabela 1
relaciona o tipo de estado ao valor médio de ômega.
Tabela 1 – Estado morfodinâmico da praia e sua relação com o valor médio de ômega (Wright et al., 1985)
ESTADO MORFODINÂMICO Ω
Refletivo < 1,5
Terraço de Baixa-Mar (TBM) 2,40
13
Bancos Transversais (Bl) 3,15
Banco e Praia de Cúspides (BPC) 3,50
Banco e calha longitudinal (BCL) 4,70
Dissipativo > 5,5
O parâmetro adimensional Ω indica o potencial de sedimentação do grão de areia
em suspensão durante o tempo em que o fluxo em direção a praia é induzido pela
propagação da onda. Se o grão sedimenta com facilidade, tende a produzir um perfil
mais refletivo (de acreção do perfil). Se, porém, o grão permanecer em suspensão por
um período mais longo, tende a se acumular em direção ao mar, gerando um perfil mais
dissipativo (de erosão do perfil).
Esta relação também considera a variabilidade de Hb na determinação de um
sistema praial. Quanto maior a variabilidade de Hb, maior será a mobilidade, típica de
praias com estado intermediário, as quais temporalmente podem migrar para o estado
refletivo ou dissipativo, dependendo das transformações que a onda sofre em águas
rasas.
3. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A seguir, será apresentado o contexto da área de estudo frente aos conceitos
anteriormente abordados, bem como o que se pretende estudar, e a forma pela qual esta
pesquisa foi conduzida.
3.1 Breve Histórico do Aterramento
No início do século XX, a Praia do Flamengo possuía apenas uma mureta
separando a calçada da praia (Figura 4). Em 1907 foi finalizada a construção da
14
Avenida Beira-Mar, desde o centro da cidade até a Praia de Botafogo, dando inicio às
primeiras obras de aterramento no local (Figura 5).
Figura 4 – Praia do Flamengo, início do séc. XX.
A seguinte obra de aterramento foi feita em 1922 para construção do Aeroporto
Santos Dumont, cuja terra empregada na obra é oriunda da demolição do Morro do
Castelo (atual Esplanada do Castelo). Porém, dentre estes fatos que favoreciam a
construção do Aterro, o que é mais relevante para o escopo deste trabalho é que após o
primeiro aterramento, iniciou-se um processo erosivo na Praia do Flamengo, que se
intensificava nos eventos de tempestade (Figura 5) até o ponto de já não haver faixa de
areia. Desta forma, a construção do Aterro serviria como uma proteção costeira ao
ataque das ondas.
Figura 5 – (A) Praia do Flamengo - mostrando a inexistência de faixa de areia; (B) Ressaca na Praia do
Flamengo, 1957. (Fonte: Acervo O Goblo).
15
Posteriormente, o projeto de aterramento para construção do Parque Brigadeiro
Eduardo Gomes (nome oficial do Aterro do Flamengo), foi elaborado para atender a
demanda da crescente ocupação territorial, com objetivo principal de criar vias de
tráfego expressas. Além disso, o aterro também teve como objetivo, a construção de
uma área para lazer, esportes, educação e cultura, principalmente para a população da
zona sul e do centro da cidade (JÁCOMO, 2011), bem como foi um destino para a terra
proveniente da demolição parcial do Morro de Santo Antônio. As obras de aterramento
do parque foram iniciadas em 1959 e concluídas em 1965 (Figura 6).
Figura 6 – Construção do Parque Brigadeiro Eduardo Gomes (Aterro do Flamengo). Setas brancas indicam a
posição da calçada construída durante o primeiro aterramento, para a implantação da Avenida Beira-mar. (A)
Início das obras do Aterro do Flamengo, em 1959 (Fonte: O Globo, 2012); (B) Foto aérea do atual do Aterro
do Flamengo (Machado, 2008)
3.2 Geomorfologia regional
O litoral do Estado Rio de Janeiro com orientação E-W é caracterizado pela
presença de duplos cordões litorâneos que aprisionam lagunas costeiras em um sistema
típico beach barrier (MUEHE,1996). Segundo Figueiredo & Tessler (2004) a
plataforma interna é composta basicamente por areias grossas, com presença de
bioclastos (>30%), e gradiente médio de 0.5°. De maneira geral, a plataforma
continental é tida por diversos autores como a principal fonte sedimentar para as praias
16
do litoral. O baixo aporte sedimentar continental, motivado pela elevação da Serra do
Mar no Terciário e a consequente mudança no padrão de drenagem continental, que
direcionou o fluxo para as lagunas costeiras e Baía de Guanabara.
A Baía de Guanabara encontra-se rodeada de maciços montanhosos litorâneos e
escarpas da Serra do Mar, como reflexo da sua formação geológica (depressão tectônica
no Cenozóico), da evolução do nível do mar (afogamento marinho no Pleistoceno) e dos
aterros recentes (ação antrópica) (KJERFVE et al., 1997; BERGAMO, 2006). Possui
superfície com área total de 384 km2 e perímetro de 131 km, com extensão zonal de 28
km, e extensão meridional de 30 km. A entrada entre o forte de São João e a fortaleza de
Santa Cruz possui apenas 1,6 km, e a profundidade varia entre 58 e 0.1 m (KJERFVE et
al; 1997; QUARESMA, 1997).
Localizada no interior da Baía de Guanabara, entre as latitudes 22° 41‟ e 22° 58‟ S
e as longitudes 43° 02' e 43° 18' O, a Praia do Flamengo é um ambiente praial
completamente modificado pela ação antrópica. Com extensão de aproximadamente 1,7
km, apresenta configuração N-S, e encontra-se delimitada em ambas as extremidades
por enrocamento, e com um molhe instalado próximo à extremidade N.
Clima de ondas, marés e ventos
O clima de ondas para o litoral do Rio de Janeiro é predominantemente o
resultado da interação dos sistemas de larga escala atuantes no Atlântico Sul, como o
Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) que predomina durante todo o ano e é,
conforme apontam Parente et al. (2014), o responsável pelas condições atmosféricas de
estabilidade, com ventos e ondulações provenientes de ENE. Nas estações de inverno e
outono predominam sistemas frontais e ciclones extratropicais que originam ventos e
ondulações provenientes de SE, S e SSO e são os responsáveis pelas formações de
17
tempestades e as condições denominadas de mau tempo. Sabe-se que as ondas que
determinam maior entrada de energia na praia são provenientes do quadrante S-SE,
geradas pela passagem de sistemas frontais (KJERFVE et al., 1997; QUARESMA,
1997).
A região apresenta maré mista, com predomínio de maré semidiurna, com altura
média da maré de 0,7m, e alturas em torno de 1,1m na sizígia e 0,3m na quadratura,
durante a primavera (KJERFVE et al. 1997). A hidrodinâmica é fortemente influenciada
pela maré, porém o vento é um importante fator de alteração das correntes,
principalmente no transporte superficial em locais mais abrigados e com menores
profundidades (ROSMAN, 2001).
Os ventos na área de estudo apresentam um padrão N-S, no qual os períodos da
tarde e da noite contribuem mais efetivamente para os ventos do quadrante S, com
ventos de até 8 m.s-1
, e os períodos da madrugada e da manhã estão mais associados aos
ventos do quadrante N (PIMENTEL et al., 2014). Os ventos de S predominam sobre os
de N em frequência e intensidade na maior parte do ano e, quando associados às frentes
frias, podem atingir velocidades em torno de 10 m.s-1
(JOURDAN, 2007).
Conforme é apontado por Parente et al. (2014), na primavera os ventos de NE - E
chegam a velocidades superiores àqueles associados a ciclones extratropicais e sistemas
frontais, o que intensifica a altura das ondas de ENE nesta estação. Cavalcanti &
Kousky (2009) também verificam que é durante a primavera que a passagem de frentes
frias se intensifica sobre a região sudeste.
18
4. MÉTODOS
Os perfis de praia foram medidos através de levantamento topográfico, usando
nível óptico NorthWest 6633 e a linha de costa foi demarcada com GPS Garmin Map
76CSX por caminhamento sobre a linha de máxima preamar. As campanhas foram
feitas de maneira randômica, ou seja, sem priorizar condições meteorológicas e
oceanográficas. A retroanálise de imagens de satélite permitiu aumentar a escala
temporal da observação das variações da linha de costa. Para a identificação das células
de deriva litorânea foram medidos parâmetros morfológicos (largura do perfil e
inclinação da face da praia), e parâmetros texturais através de granulometria do
sedimento coletado em cada perfil. O parâmetro adimensional de Dean (Ω) foi
calculado para cada perfil, utilizando as medições de altura de onda na arrebentação
(Hb), o período médio da onda (T), e a velocidade de queda da partícula (Ws) calculada,
a fim de verificar o estado morfodinâmico segundo este método.
Os métodos foram escolhidos visando simplicidade, robustez, menor custo e
complementaridade, de forma a se lograr os objetivos propostos para este trabalho. A
seguir é feita uma descrição detalhada de cada método empregado nesta pesquisa. Para
todos os cálculos feitos neste trabalho foram usados os softwares Matlab 7.10.0, e
Microsoft Office Excel 2007.
4.1 Medição e Análise do Perfil Praial
Os perfis e as campanhas de amostragem serão referidos com as respectivas
iniciais (P) e (C), seguidas pelo algarismo indicativo de ordem. A mudança fisiográfica
que limita o perfil na direção onshore é a ciclovia, que se estende por todo o
19
comprimento da praia. O marco de referência altimétrica local foi o calçamento da
ciclovia, adotando uma medida inicial de z =10 m, para que todos os valores medidos
no perfil fossem positivos; assume-se que o valor de z = a 10 m é o mesmo em toda a
extensão da ciclovia. O MSL medido ao longo da pesquisa foi de z = 6.8 m, em relação
ao marco de referência altimétrica, e a partir daí se determinou que o ponto final dos
perfis se estendesse até o ponto onde a profundidade é de aproximadamente 5 m em
relação à ciclovia (ver Figura 7).
Figura 7 - Ilustração do procedimento de medição do perfil praial (Modificada de Dean & Dalrymple, 2004).
Com o fim de facilitar a compreensão do leitor acerca de qual parte da praia está
sendo referida, faz-se aqui a divisão em três setores (Figura 8): Setor I, compreendido
entre o extremo sul da praia (próximo ao P1), até o P4, onde se nota uma área de
transição de cúspides para linha de costa retilínea; Setor II, do P4 até o molhe (próximo
ao P6); e Setor III, área a sotamar do molhe, abrangendo P7 e P8.
As alterações nos perfis praiais e na linha de costa foram medidas durantes
campanhas de coleta de dados que abrangeram o período entre 03/06/2015 a 23/03/2016
(Tabela 2), e se deram sem uma periodicidade determinada, isto é, foram feitas de
maneira aleatória. A fim de obter informações sobre variações no perfil praial entre
sizígia e quadratura, durante o mês de Julho de 2015 as campanhas foram semanais. Nas
20
campanhas C3, C4, C5 e C6 houve o fechamento parcial da praia para realização de
evento desportivo, e em C9, o nível óptico apresentou falha de funcionamento, por isso
o número de perfis medidos não é mesmo em todas as campanhas.
Tabela 2 - Campanhas de levantamento de dados. S: sizígia; Q: quadratura; O: outono; I: inverno; P:
primavera; V: verão.
CAMPANHA DATA MARÉ EST. ANO Nº DE PERFIS
01 03/06/2015 S O 08
02 09/07/2015 Q I 08
03 16/07/2015 S I 05
04 23/07/2015 S I 05
05 30/07/2015 Q I 05
06 23/09/2015 Q P 07
07 30/10/2015 S P 08
08 29/01/2016 S V 08
09 23/03/2016 S O 04
A medição dos oito perfis, cuja localização aproximada é apresentada na Figura 8,
é descrita a seguir. Cada perfil foi marcado para que todas as medições partissem do
mesmo local, e assim permitir posterior comparação. Após, em cada perfil, foi feito o
alinhamento ortogonal à linha de costa, fixado com balizas (tubos de PVC), desde a
linha d‟água até o nível óptico, o qual fez as medições da mira graduada colocada em
cada baliza. Cada ponto medido foi registrado em GPS Garmin Map 76CSX.
21
Figura 8 - Localização dos perfis praias, e dos setores da praia (Fonte: Google Earth, imagem de 24/06/2009).
Os dados meteo-oceanográficos utilizados para caracterizar as condições durante
as campanhas são provenientes do PNBOIA, INMET e CPTEC, e podem ser
consultados no ANEXO I. A preferência dos dados é dada àqueles oriundos da base do
PNBOIA, visto que a boia encontra-se posicionada no interior da baía (posição: 22°53‟S
/ 43°09‟W) e, portanto, a confiabilidade e acurácia dos dados tendem a serem maiores.
As outras fontes são complementares e comparativas.
Para cada campanha foram obtidos: de maré (sizígia ou quadratura); data do pico
de maré; variação da maré (Δ maré) para o dia da amostragem (fonte: DHN); altura e
direção, de onda e de vento (fontes: PNBOIA, INMET e CPTEC), altura significativa
de onda (Hs) e altura máxima de onda (Hmáx) (fonte: PNBOIA); e carta sinótica (fonte:
CPTEC).
Em cada perfil foram medidos parâmetros oceanográficos: altura da onda na
arrebentação (Hb) e período médio das ondas (Tm); e parâmetros morfológicos: largura
do perfil (L), largura da face da praia (Ls), e inclinação da face da praia (Is). Como, em
geral, as ondas são de pequeno tamanho e a arrebentação ocorre muito próxima à praia,
foi possível fazer as medições de Hb com a mira graduada. O Tm foi obtido a partir da
22
média aritmética do período de onze ondas consecutivas. A L foi medida a partir das
coordenadas obtidas com GPS (distância entre pontos final e inicial de cada perfil), Ls
foi medida com trena, desde a linha d‟água até a zona de deixa (ou máxima face da
praia), e Is foi medida na porção intermediária da face da praia, utilizando bússola
modelo Brunton O.S.S. 70 m, onde também foi coletada a amostra de sedimento nos
primeiros 20 cm. As observações de campo abordaram o estado morfodinâmico da praia
para o perfil amostrado, a condição meteorológica, as condições de agitação do mar
(considerando a altura de onda na arrebentação), e a ocorrência de algum processo
litorâneo significante, como erosão, formação de escarpa na berma, etc. Na Tabela 3,
são apresentados os critérios usados nestas observações.
Tabela 3 - Fatores observados em cada campo
ESTADO
MORFODINÂMICO
CONDIÇÃO
METEOROLÓGICA
CONDIÇÕES DE
AGITAÇÃO DO MAR (Hb)
R= refletivo
C= cúspide
T= terraço
B= barra/berma
D= dissipativo
CN = normais
CI = intermediárias
CT = de tempestade
Calmo (≤0,3 m)
Fraca (0,3-0,5 m)
Moderado (0,5-1,5 m)
Forte (1,5-2,0 m)
Muito Forte (≥2,0 m)
Os perfis foram analisados usando a técnica de Função Ortogonal Empírica ou
Empirical Orthogonal Function (EOF), que é uma técnica estatística multivariada que
permite identificar padrões em extensos conjuntos dados, expressando-os de forma a
evidenciar suas similaridades e diferenças. Através da transformação ortogonal, os
dados são decompostos em termos de componentes principais (funções ortogonais), de
forma que a representatividade da variância dos dados originais é mantida. Assim, a
principal vantagem da EOF está na capacidade de descrever a variabilidade espaço-
23
temporal dos dados em termos de um número menor de funções ortogonais e
coeficientes associados.
A técnica de EOF existe desde o início do século XX, mas seu uso nas áreas de
Meteorologia e Oceanografia foi intensificado na década de 1950. Para a análise de
perfis de praia, a EOF foi pioneiramente aplicada no trabalho de Winant et. al (1975),
seguido por Aubrey (1978, 1979), Hashimoto & Uda (1980), Bowman (1981), Uda &
Hashimoto (1982), Dick & Dalrymple (1984), Hsu et. al (1986), e Pruszak (1993).
As campanhas de amostragem que foram conduzidas são expressas por t, e para
cada campanha, são feitas medições em x pontos ao longo de cada perfil. A combinação
linear destas funções resulta na elevação h do perfil, sendo denotada por h(x,t), e
expressa pela somatória das autofunções multiplicadas pelas constantes:
(1)
onde ek(x) é o número de autofunções empíricas variando espacialmente em x pontos ao
longo do perfil e ck(t) é o coeficiente para o número de autofunções temporais. O
número de funções independentes é n, de modo que nx, representa o número de amostras
no espaço e nt, e representa o número de amostras no tempo; ak é o fator de
normalização calculado por ak , onde λk é o autovalor associado a cada k
autofunção.
Uma propriedade das autofunções é a ortogonalidade, ou seja, são independentes
entre si, então, é determinado que:
(2)
onde δnm é o delta de Kronecker (δnm = 1 se n = m; δnm = zero se n ≠ m).
24
As autofunções ek formam um conjunto de modos normalizados, ou autofunções
unitárias. Em decorrência desta propriedade, podem se gerados infinitos conjuntos de
autofunções (e.g séries de Fourier). Este método permite gerar apenas um conjunto de
autofunções empíricas que estejam de acordo com os dados relacionados aos mínimos
quadrados (WINANT et. al, 1975).
O procedimento inicial desta técnica é subtrair o vetor médio de cada componente
principal, de maneira que seja gerado um conjunto de dados cuja média é zero, isto é,
que estarão centralizados na média. Isto é necessário para encontrar a base que
minimiza o erro quadrático médio da aproximação dos dados, e para garantir que os
primeiros componentes principais descrevam a direção de máxima variância, e não o
valo médio (DEAN & DALRYMPLE, 2004).
Agora, com os valores ajustados em relação ao valor médio, forma-se uma matriz
de covariância [A], com dimensões [nx nx], e que é uma medida da variabilidade
espacial no conjunto de dados. É uma matriz (N x M), com N correspondente a x
observações, e M correspondente a t campanhas. Ou seja, o vetor anm é a n-ésima
observação da m-ésima campanha. O foco da análise está na variância e covariância do
fenômeno estudado, logo, a matriz de covariância deve ser obtida da matriz de
anomalias normalizadas, isto é, a matriz [A] é tal que os elementos de cada coluna têm
média nula e variância um. A matriz de correlação é dada por:
(3)
onde H é uma matriz contendo o conjunto de dados (x, t). Uma abordagem semelhante é
usada para encontrar os coeficientes temporais.
25
Da matriz [A] é obtido um conjunto de M autovalores (λk), e cada um destes
autovalores corresponde a uma autofunção ekx. A equação matricial que relaciona
autovalores e autofunções é expressa por:
(4)
A soma dos autovalores de cada autofunção é igual à variância total. Logo, a
porcentagem de variância (pk) explicada por cada respectiva autofunção, pode ser
determinada por:
(5)
Esta propriedade permite classificar as autofunções por sua contribuição na
variabilidade total no conjunto de dados.
A maior parte da variação da configuração do perfil pode ser explicada por três
autofunções correspondentes aos três maiores autovalores. A maior autofunção (ou
primeiro componente principal) é a combinação linear normalizada das variáveis
originais, que representa a máxima fração da variância (definida como a média
quadrática das profundidades) e corresponde a uma função chamada "função principal
da praia", o que representa um perfil médio, ou perfil de equilíbrio. Daqui por diante,
cada sucessiva autofunção será a combinação linear que não está correlacionada com o
componente anterior, e representa a maior parte da variância restante. A segunda
autofunção corresponde à "função de barra-berma", que tem uma grande máxima no
local do berma de verão e um mínimo no local da barra de inverno, o que indica a sua
relação com o movimento sazonal onshore-offshore de areia. A terceira autofunção, a
"função terraço", tem um máximo na localização do terraço de baixa-mar.
Quando aplicado ao estudo de perfis praias, este método se mostra muito eficiente
para identificar as alterações da praia, que podem ser descritas objetivamente por meio
26
da combinação linear de funções correspondentes de tempo e espaço. Entretanto, é
importante ressaltar que é apenas uma ferramenta descritiva, e como tal, não fornece
informações relacionadas aos processos que governam os perfis de praia (Dean &
Dalrymple, 2004). Logo, os processos responsáveis pela modificação da praia serão
identificados a partir de estudos da sedimentologia e hidrodinâmica de cada perfil.
Antes de serem submetidos à análise de EOF, os dados passaram por um pré-
tratamento, no qual foram padronizados em termos de quantidade de pontos (i=100), e
fixados para um mesmo ponto final, na direção offshore. A interpolação dos dados foi
feita através da técnica de spline, a qual gera pontos médios entre os pontos reais, de
forma a não alterá-los quanto à representatividade.
4.2 Medição e Análise da Linha de Costa
A linha de costa foi demarcada em cada campanha com GPS Garmin Map 76CSX,
por caminhamento sobre a linha de máxima preamar. Outra forma de verificar a
variação da linha de costa foi através do levantamento de 128 imagens de satélite
(Google Earth) entre os anos 2000 a 2016, permitindo quantificar esta variação em uma
escala de tempo maior. As imagens utilizadas nesta análise estão disponíveis no
ANEXO II.
Cada imagem obtida foi georreferenciada usando o programa Quantum GIS 2.8, e
em cada uma delas foram medidos 5 transectos praiais fixos, perpendiculares à costa.
Estes segmentos são mostrados na Figura 9, e tem inicio na ciclovia e vão até a marca
de máxima face da praia (abrange somente a areia seca).
27
Figura 9 - Localização dos transectos medidos nas imagens de satélite (Fonte: Google Earth, imagem de
24/06/2009).
Os resultados das medições dos transectos praiais foram comparados graficamente
entre si, em diferentes escalas temporais, e também foram comparados com os perfis
medidos nos mesmos locais. Os parâmetros meteoro-oceanográficos (pico de maré e
tipo de maré; estação do ano; velocidade e direção do vento; período médio, período de
pico, direção e altura média das ondas) de cada imagem utilizada, foram obtidos dos
arquivos do CPTEC e DHN, e são apresentados nas Tabelas 4, 5 e 6.
Tabela 4 - Parâmetros meteo-oceanográficos de cada imagem utilizada na análise mensal.
DATA DA IMAGEM PICO MARÉ MARÉ PICO(s) T MEDIO(s) H ONDA(m) VENTO (m/s)
04/05/2014 29/04/2014 S 9.8 S 8.6 S 1.0 S 5.2 NNE
07/05/2014 07/05/2014 Q 12.5 SSE 10.4 SSE 1.3 SSE 2.7 N
12/05/2014 07/05/2014 Q 10.4 SSE 8.9 SSE 2.5 SSE 6.2 ENE
15/05/2014 14/05/2014 S 7.7 ESE 7.7 ESE 1.3 ESE 0.6 WNW
20/05/2014 14/05/2014 S 11.2 S 8.7 S 1.2 S 2.4 W
30/05/2014 28/05/2014 S 10.4 S 8.6 SSE 1.4 SSE 1.5 WSW
28
Tabela 5 - Parâmetros meteo -oceanográficos de cada imagem utilizada na análise anual.
DATA DA IMAGEM PICO MARÉ MARÉ ESTAÇÃO PICO(s) T
MEDIO(s)
H
ONDA(m)
VENTO
(m/s)
24/01/2014 24/01/2014 Q V 5.7 NE 5.1 NE 1.6 NE 10.8 NE
12/02/2014 06/02/2014 Q V 10.7 S 6.0 E 1.0 E 7.0 NNE
11/03/2014 08/03/2014 Q V 5.2 NE 5.1 NE 1.2 NE 8.8 NE
18/04/2014 15/04/2014 Q O 9.9 S 7.9 SSE 1.5 SSE 3.1 SW
12/05/2014 07/05/2014 Q O 10.4
SSE 8.9 SSE 2.5 SSE 6.2 ENE
11/06/2014 05/06/2014 Q O 6.6 SSE 7.0 SE 1.5 SE 4.9 NE
22/07/2014 18/07/2014 Q I 9.8 S 9.1 SSE 1.6 SSE 6.5 NE
21/08/2014 17/08/2014 Q I 16.4 S 13.6 SSE 1.4 SSE 2.7 NE
06/09/2014 02/09/2014 Q I 8.5 SE 7.2 ESE 8.5 SE 10.0 NE
14/10/2014 08/10/2014 Q P 8.6 ESE 7.9 E 8.6 ESE 4.4 SW
21/11/2014 14/11/2014 Q P 12.7
ESE 7.9 ESE 12.7 ESE 6.5 NE
31/12/2014 28/12/2014 Q V 6.5 NE 6.2 ENE 6.5 NE 4.6 NE
Tabela 6 - Parâmetros meteo -oceanográficos de cada imagem utilizada na análise interanual.
DATA DA IMAGEM PICO
MARÉ MARÉ ESTAÇÃO
T
PICO(s)
VENTO
(m/s)
T MEDIO(s) H ONDA(m)
28/02/2000 27/02/2000 Q V * * * *
25/04/2002 20/04/2002 Q O * * * *
29/09/2005 29/09/2005 Q P * * * *
16/05/2006 13/05/2006 S O * * * *
22/09/2007 22/09/2007 Q P * * * *
06/08/2008 01/08/2008 S I * * * *
17/09/2009 11/09/2009 Q I * * * *
02/01/2010 31/12/2009 S V * * * *
05/10/2011 04/10/2011 Q P 11.3 S 7.0 ENE 9.4 SSE 2.2 SSE
14/09/2012 08/09/2012 Q I 12.8 S 5.2 ESE 8.9 SSE 1.1 SSE
14/05/2013 09/05/2013 Q I 7.0 E 6.9 NNE 5.7 ENE 1.0 ENE
06/09/2014 02/09/2014 Q I 8.5 SE 10.0 NE 7.2 ESE 2.2 ESE
12/04/2015 12/04/2015 Q O 9.7 S 4.3 NNE 9.0 SSE 1.2 SSE
*Dados não disponíveis
4.2.1 Análise Espectral
Os procedimentos descritos acima permitiram a análise qualitativa das variações
de linha de costa. Para uma análise quantitativa destas variações, em termos de
frequência de ocorrência, a série temporal de dados foi submetida à análise espectral,
29
depois de terem sido pré-tratadas utilizando novamente a técnica de spline, gerando
assim 2048 pontos a partir dos 128 originais.
Segundo Miranda (2002), a análise espectral estima a variância em faixas de
frequência, sendo limitada pelo comprimento da série (T= nΔt) e o intervalo de
amostragem (Δt). Considerando o intervalo de amostragem, o eixo das abscissas
(frequência) está em ciclo por dia (cpd). O comprimento da série, isto é, o período
total no qual os dados são amostrados, neste caso T= 5864 dias, determina a menor
frequência para a qual a variância pode ser estimada, que é igual ao inverso da duração
da série (1/T), correspondendo à frequência de 0.000170 cpd. A frequência de Nyquist,
ou a maior frequência para o cálculo da variância da série, é igual à metade da
frequência de amostragem (fa). Se o Δt = 2.863 dias, a fa = 0.35 cpd, e a frequência de
Nyquist é igual a (1/2) fa = 0.17 cpd (ou 5.8 dias).
Como as variações estudadas nesta pesquisa apresentaram frequências maiores do
que a frequência de Nyquist, o espectro mostrou aliasing. A solução para isto foi plotar
dois gráficos para a análise da variação de cada transecto, o primeiro mostrando o
espectro bruto, e o segundo considerando uma janela de 64 pontos, a fim de alisar as
maiores frequências e permitir que delas sejam retiradas informações adequadas.
O espectro de variância da largura dos transectos permite a identificação dos
processos sazonais que governam a oscilação da linha de costa. Para identificar a faixa
de frequências que se poderiam obter informações, cinco pontos extremos da variância
(picos) foram selecionados, entre os domínios de baixa e alta frequência, para ambos os
gráficos, bruto e alisado.
Desta maneira, foi possível identificar a maior frequência de interesse (9 x 10-4
cpd
ou 3 anos), e a menor (1.3 x 10-1
cpd ou 7 dias). Além disso, esta primeira análise
permitiu restringir o número de picos analisados de acordo com a significância das
30
informações para este trabalho. Assim, somente foram considerados os picos cujas
escalas de tempo foram de 1 dia, 7 dias, 15 dias, 30 dias, 3 meses, 6 meses e 3 anos.
4.3 Sedimentologia
Os dados para o estudo da sedimentologia e hidrodinâmica foram obtidos para
determinar a direção das células de deriva, com base na gradação dos parâmetros de
textura e características morfológicas na face da praia (SOUZA 1997; 2007).
Para identificar as células de deriva litorânea, em cada perfil foi coletada amostra
de sedimento nos primeiros 20 cm de areia na porção intermediária da face da praia,
onde também foi medida a inclinação local e a largura da praia em cada perfil, desde o
limite superior do pós-praia, até a linha d‟água.
Para análise destes dados, foi obtida a distribuição dos tamanhos dos grãos pela
técnica de peneiramento padrão, enquanto que o parâmetro de tamanho do grão
utilizado para a análise foi obtido através da fórmula de Folk & Ward (1957). A partir
disto, foram determinados para cada amostra, o diâmetro médio, o desvio padrão, a
assimetria, e a curtose. Os dados foram organizados em uma “Matriz de Comparação”,
para incluir os cinco parâmetros na análise, comparando pares de perfis adjacentes em
ambos os lados, com exceção dos perfis de extremidade, que só foi comparável a um
único perfil. Para o perfil que apresenta características de zona de erosão em relação ao
adjacente, coloca-se (-); inversamente, para perfil de zona de deposição, o sinal é (+); se
os valores são iguais, considera-se (0). Como resultado final, os sinais para cada
comparação são somados. Se houver empate por um o mais “0”, a decisão deve ser feita
através do parâmetro de classificação de grãos (melhor indicador de deriva
longitudinal), e se persistir, por curtose (indicador de nível de energia) (SOUZA, 2007).
31
A partir desta matriz, é possível determinar o sentido das células de deriva,
litorânea, desde um perfil com características erosivas até um perfil com características
deposicionais.
4.4 Estado morfodinâmico da praia
Para o cálculo do Parâmetro Adimensional de Dean (Ω), foram utilizados os
dados de Hb, de T, obtidos em cada perfil medido. Ws foi calculado a partir dos valores
de D50 obtidos através da análise granulométrica. A partir dos valores médios de Ω, foi
gerada uma tabela com os valores e respectivos estados, os quais também são mostrados
posteriormente em um mapa no capítulo referente aos resultados obtidos.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Análise descritiva quanto às mudanças sazonais
A amostragem deste estudo foi iniciada em 03/06/2015, quando a Praia do
Flamengo estava sendo submetida à mudança de configuração do perfil construtivo para
o perfil destrutivo/ erosivo. Entre os meses de Julho/2015 e Março/2016, a praia teve
um contínuo processo de acreção foreshore, com consequente alargamento da berma em
direção ao mar, e elevação desta feição que variou entre 1 e 2 m.
Os perfis P1, P2, P3, P4, e P7 se mostraram perfis destrutivos em C2
(09/07/2015), e perfis construtivos em C9 (23/03/2015), com notável processo de
acreção da berma e erosão da porção subaquática ao longo da pesquisa. Para o P5 este
32
comportamento foi inverso, ou seja, em C2 a berma se mostrou progressivamente mais
erodida até a C7 (30/10/2015), porém em C8 (29/01/2015) recobrou a acreção da porção
aérea (berma). Provavelmente este comportamento está associado às alterações sazonais
no sentido das células de deriva litorânea. O P6 apresentou pouca variação na porção da
berma no decorrer das campanhas, porém, em C8 é possível notar uma significante
acreção na face da praia.
A seguir são apresentados os gráficos que mostram a variação temporal de cada
perfil durante o período que as campanhas de amostragem foram conduzidas, com os
respectivos dados meteo-oceanográficos, como uma ferramenta descritiva para
caracterizar as variações e identificar algum padrão sazonal.
PERFIL 1
O P1 (Figura 11) foi medido apenas a partir da segunda campanha de
amostragem, pois durante a campanha piloto (C1) foi verificada a necessidade de incluí-
lo no estudo.
De maneira geral, o P1 apresentou variações temporais mínimas, com baixos
gradientes; a inclinação média (Iméd) de 4.7° e larguras de perfil maiores (Lméd) de 84.4
m. A altura média da onda na arrebentação (Hbm) foi de 0.4 m, com período médio
(Tméd) de 9.2 s, e a largura média da face da praia (Lsm) de 34.7 m. A berma apresentou
extensão de cerca de 40 m, porém em C2 esta feição se estendeu apenas 30 m desde a
origem do perfil. Também é possível notar a formação de escarpa na berma em C2 e em
C3, e que em C9 o perfil se mostra mais elevado do que nas demais campanhas, tanto da
porção da berma quanto na face da praia.
33
Tabela 7 - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 1.
Campo Data Maré Pico Maré Δ Maré Cond. Mar Hb (m) T (s) L swash (m) Inclinação (°) L. Perfil (m)
1 03-06-2015 S 02/06 - 13h 0,1 - 1,3 - - - - - -
2 09-07-2015 Q 08/07 - 17h 0,4 - 0,9 fraco 0.3 10 58.1 2.4 102.91
3 16-07-2015 S 15/07 - 22h 0,1 -1,2 moderado 0.3 11 46.37 4.4 102
4 23-07-2015 S 15/07 - 22h 0,5 - 0,9 fraco 0.5 10 40.69 5 77.4
5 30-07-2015 Q 24/07 - 01h 0,0 - 1,3 fraco 0.6 9 27.25 6.8 88.68
6 23-09-2015 Q 21/09 - 05h 0,3 - 1,0 fraco 0.4 8.45 19.49 6.2 68.94
7 30-10-2015 S 27/10 - 9h 0.3 - 1.2 moderado 0.6 9 39.17 5 88.79
8 29-01-2016 S 23/01 - 23h 0.4 - 1.1 calmo 0.3 6.3 29.48 3.5 72.71
9 23-03-2016 S 23/03 - 9h 0.2 - 1.3 calmo 0.3 10 17 4.2 73.62
Em C2 (inverno) o perfil teve a berma erodida, com acúmulo de sedimento da
zona de face da praia e consequente elevação (~ 1 m) em relação às outras campanhas.
Esta alteração pode estar relacionada às condições de mar geradas pela passagem de
dois sistemas frontais, nos dias 04 e 09 /07/15, com ventos que chegaram a 11 m/s, no
quadrante SO, ondas de altura de 1.71 m e período de 15 s, predominantes no quadrante
SE. No dia da amostragem da C2, a maré de quadratura teve variação de 0.4 a 0.9 m,
com pico no dia 08/07/2015. A altura significativa (Hs) obtida foi de 0.63 m, a altura
máxima (Hmáx) foi de 1.06 m e o período (T) de 12 s, com direção predominante a SE.
A berma consideravelmente escarpada em C3 (inverno) pode estar relacionada à
passagem de um sistema frontal com ramo estacionário que atuou sobre o RJ no dia
10/07/2015, e provocou ventos de SO que atingiram 9.6 m/s, e ondas de SE, com 1.16
Figura 10 – Variação espacial das elevações do Perfil 1 em função da distância normal à linha de costa, medidas
entre 09/07/2015 e 23/03/2016.
34
m e período de 8 s. A maré de sizígia teve variação de 0.1 a 1.2 m, com pico no dia
15/07/2015. A Hs obtida foi de 0.26 m, a Hmáx foi de 0.43 e o período de 7 s, com
direção predominante a SE.
Em C9 (outono) o perfil se mostra ligeiramente mais acrescido do que nas
demais campanhas. A passagem de uma frente fria no dia 21 gerou ventos que atingiram
7 m/s, variando entre os quadrantes SE e S. A altura média das ondas foi de 0.75 m e
período de 5 s, com direção SE. A maré de sizígia com variação de 0.2 a 1.3 m teve pico
em 23/03/2016. A Hs 0.24 m obtida foi de e a Hmáx 0.36 m, com período de 5 s, com
direção predominante a S.
Ao que se nota, em C2 e C3 o perfil caracteriza o processo cíclico de erosão
(perfil de inverno), e C9 mostra o retorno do sedimento ao prisma praial subaéreo,
denotando um perfil de verão restabelecido.
PERFIL 2
A Lméd do P2 foi de 88.43 m, com Iméd de 6.62° e Hbm foi de 0.5 m, com Tméd de
10 s, e a Lsm de 26.4 m. A berma apresenta declividade suave, com extensão de cerca 60
m desde o ponto inicial (ciclovia). Este perfil coincidiu com a região de uma cava de
cúspide praial. A berma apresentou extensão de cerca de 60 m, porém em C2 esta feição
foi menor que 50 m, evidenciando uma erosão mais pronunciada da berma em relação
às demais campanhas. A formação de escarpa na berma foi verificada em C2, C3 e C5.
As condições meteo-oceanográficas que podem ter influenciado o perfil medido
na C2 e na C3 foram acima relatadas. Para C5, a passagem de um ciclone extratropical
no dia 25/07/2015 resultou em ondas com altura de 1.6 m e período de 8 s, no quadrante
S, e ventos de 9.4 m/s que variaram entre os quadrantes NE e S. A maré de quadratura,
35
com variação de 0.0 a 1.3 m, teve pico em 24/07/2015. A Hmáx obtida foi de 1.54 m, a e
T de 9 s, com direção predominante a SE.
Tabela 8- - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 2
Campo Data Maré Pico Maré Δ Maré Cond. Mar Hb (m) T (s) L swash (m) Inclinação (°) L. Perfil (m)
1 03-06-2015 S 02/06 - 13h 0,1 - 1,3 calmo 0.3 7.6 11.89 6.4 88.06
2 09-07-2015 Q 08/07 - 17h 0,4 - 0,9 moderado 0.5 13 18.49 6.7 77.98
3 16-07-2015 S 15/07 - 22h 0,1 -1,2 moderado 0.4 11 30.17 4.2 103.6
4 23-07-2015 S 15/07 - 22h 0,5 - 0,9 fraco 0.5 10 40.69 5 58
5 30-07-2015 Q 24/07 - 01h 0,0 - 1,3 moderado 0.8 12 29.04 4.2 97.72
6 23-09-2015 Q 21/09 - 05h 0,3 - 1,0 moderado 0.6 9 16.25 8.2 85.37
7 30-10-2015 S 27/10 - 9h 0.3 - 1.2 moderado 0.6 9 39.17 13 88.79
8 29-01-2016 S 23/01 - 23h 0.4 - 1.1 calmo 0.3 8 29.95 4.6 97.05
9 23-03-2016 S 23/03 - 9h 0.2 - 1.3 fraco 0.5 10 22 7.3 99.31
PERFIL 3
O P3 apresentou pouca variação temporal entre as campanhas. A Lméd foi de
92.24 m e a Iméd de 6°. A berma teve extensão média de 65 m, e de maneira geral se
mostrou uma feição suave, com exceção dos perfis medidos em C2 e C6, que
apresentaram formação de escarpa, provavelmente decorrente de condições de mal
tempo. A Hbm foi de 0.4 m, o Tméd de 9.2 s, e a Lsm de 22.93 m. É possível notar que em
C1 o perfil se mostra mais elevado do que nas demais campanhas, tanto da na berma
Figura 11 - Variação espacial das elevações do Perfil 2 em função da distância normal à linha de costa, medidas
entre 03/06/2015 e 23/03/2016.
36
quanto na face da praia, indicando que ali pode ter ocorrido uma erosão no transcurso
desta pesquisa.
As condições de mar na C1 foram determinadas pela passagem de um ciclone
extratropical em 31/05/2015, gerando ondas de 1.64 m e período 17 s, predominantes no
quadrante SE, e ventos de 9 m/s que variaram entre os quadrantes SO e NE. A maré de
sizígia teve variação de 0.1 a 1.3 m, com pico no dia 02/06/2016. A Hs obtida foi de
0.69 m, a Hmáx foi de 1.06 e o período de 13 s, com direção SE.
Tabela 9 - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 3.
Campo Data Maré Pico Maré Δ Maré Cond. Mar Hb (m) T (s) L swash (m) Inclinação (°) L. Perfil (m)
1 03-06-2015 S 02/06 - 13h 0,1 - 1,3 calmo 0.4 6.45 13.5 2.2 83.78
2 09-07-2015 Q 08/07 - 17h 0,4 - 0,9 moderado 0.6 12 14.9 2.4 89.99
3 16-07-2015 S 15/07 - 22h 0,1 -1,2 moderado 0.6 12 34 5.5 99.2
4 23-07-2015 S 15/07 - 22h 0,5 - 0,9 moderado 0.7 12 30 7.7 97.9
5 30-07-2015 Q 24/07 - 01h 0,0 - 1,3 moderado 0.7 11 25 6 94.8
6 23-09-2015 Q 21/09 - 05h 0,3 - 1,0 moderado 0.6 8 14 7.5 83.9
7 30-10-2015 S 27/10 - 9h 0.3 - 1.2 moderado 0.6 8 34 13 102.8
8 29-01-2016 S 23/01 - 23h 0.4 - 1.1 fraco 0.5 8 25 4.2 92.8
9 23-03-2016 S 23/03 - 9h 0.2 - 1.3 fraco 0.4 10 16 5.6 85
PERFIL 4
Figura 12- Variação espacial das elevações do Perfil 3 em função da distância normal à linha de costa, medidas
entre 03/06/2015 e 23/03/2016.
37
Em todas as campanhas o P4 (Figura 5) se manteve bastante semelhante, com a
berma apresentando cerca de 40 m de extensão, Lméd de 70.1 m, Iméd de 10.2° e Lsm de
20 m. Porém em C2, a formação de escarpa resultou em uma berma menor (~ 35 m) em
relação às demais campanhas. A Hbm foi de 0.68 m, com Tméd de 8.5 s, e a de 26.4 m. A
berma apresenta declividade suave, com extensão de cerca 60 m desde o ponto inicial
(ciclovia). Este perfil coincidiu com a região de uma cava de cúspide praial.
Tabela 10 - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 4.
Campo Data Maré Pico Maré Δ Maré Cond. Mar Hb (m) T (s) L swash (m) Inclinação (°) L. Perfil (m)
1 03-06-2015 S 02/06 - 13h 0,1 - 1,3 fraco 0.4 5.9 9.32 9.7 49
2 09-07-2015 Q 08/07 - 17h 0,4 - 0,9 moderado 1.3 10.6 24.6 12.2 117.8
3 16-07-2015 S 15/07 - 22h 0,1 -1,2 moderado 0.5 10 23.8 5.8 72.2
4 23-07-2015 S 15/07 - 22h 0,5 - 0,9 moderado 0.7 11 26.9 12.9 71
5 30-07-2015 Q 24/07 - 01h 0,0 - 1,3 moderado 0.9 11 12.9 14.8 59.7
6 23-09-2015 Q 21/09 - 05h 0,3 - 1,0 moderado 0.8 6 14.9 10.1 59.2
7 30-10-2015 S 27/10 - 9h 0.3 - 1.2 moderado 0.7 6 35.4 10.1 83.3
8 29-01-2016 S 23/01 - 23h 0.4 - 1.1 fraco 0.5 6 19.7 7 64.3
9 23-03-2016 S 23/03 - 9h 0.2 - 1.3 calmo 0.3 10 12.5 9.3 54.5
PERFIL 5
O P5 apresentou Lméd de 67.35 m, com Iméd de 11.1° e Lsm de 20.52 m. De
maneira geral os perfis são bastante similares entre si, marcados por uma acentuada
Figura 13 - Variação espacial das elevações do Perfil 3 em função da distância normal à linha de costa, medidas
entre 03/06/2015 e 23/03/2016.
38
declividade (escarpa). É possível notar a diferença de cerca de 3 m entre a elevação do
perfil em C5 e em C7. Embora as condições de mar tenham sido semelhantes no dia da
amostragem, durante o intervalo de tempo entre as duas campanhas, eventos
meteorológicos resultaram em condições que promoveram a erosão deste perfil.
Tabela 11 - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 5.
Campo Data Maré Pico Maré Δ Maré Cond. Mar Hb (m) T (s) L swash (m) Inclinação (°) L. Perfil (m)
1 03-06-2015 S 02/06 - 13h 0,1 - 1,3 moderado 0.5 12.8 7.7 9 54
2 09-07-2015 Q 08/07 - 17h 0,4 - 0,9 moderado 0.8 6.4 7.03 14 65.89
3 16-07-2015 S 15/07 - 22h 0,1 -1,2 fraco 0.3 7 17 12.4 63.7
4 23-07-2015 S 15/07 - 22h 0,5 - 0,9 moderado 0.8 10 32.6 11.3 78.2
5 30-07-2015 Q 24/07 - 01h 0,0 - 1,3 moderado 0.8 10 18.2 11.3 66.9
6 23-09-2015 Q 21/09 - 05h 0,3 - 1,0 fraco 0.4 9.2 21.8 10.8 64.4
7 30-10-2015 S 27/10 - 9h 0.3 - 1.2 moderado 0.8 9 30.4 13 66
8 29-01-2016 S 23/01 - 23h 0.4 - 1.1 fraco 0.4 6 29.4 7 79.7
9 23-03-2016 S 23/03 - 9h 0.2 - 1.3 - - - - - -
PERFIL6
A Lméd do P6 foi de 105.8 m, com Iméd de 9.34° e Lsm de 9.18 m. A berma tem
variação de posição entre os 70 e 80 m desde o ponto inicial (ciclovia), e a face da praia
apresenta declividade bastante acentuada. Em C7 nota-se a formação de escarpa na
Figura 14 - Variação espacial das elevações do Perfil 5 em função da distância normal à linha de costa, medidas
entre 03/06/2015 e 23/03/2016.
39
berma, e em C8, pode-se verificar a deposição de sedimento no perfil, visto a aumento
na elevação em relação ao perfil medido nas outras campanhas.
Tabela 12 - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 6.
Campo Data Maré Pico Maré Δ Maré Cond. Mar Hb (m) T (s) L swash (m) Inclinação (°) L. Perfil (m)
1 03-06-2015 S 02/06 - 13h 0,1 - 1,3 fraco 0.4 4.5 7.46 8.7 78.87
2 09-07-2015 Q 08/07 - 17h 0,4 - 0,9 fraco 0.3 5.9 9.65 9.8 136.01
3 16-07-2015 S 15/07 - 22h 0,1 -1,2 - - - - - -
4 23-07-2015 S 15/07 - 22h 0,5 - 0,9 - - - - - -
5 30-07-2015 Q 24/07 - 01h 0,0 - 1,3 - - - - - -
6 23-09-2015 Q 21/09 - 05h 0,3 - 1,0 fraco 0.4 5 13.2 9.2 103.8
7 30-10-2015 S 27/10 - 9h 0.3 - 1.2 fraco 0.5 7 8 10 101.6
8 29-01-2016 S 23/01 - 23h 0.4 - 1.1 fraco 0.4 9 7.6 9 109.1
9 23-03-2016 S 23/03 - 9h 0.2 - 1.3 - - - - - -
PERFIL 7
O P7 apresentou largura média de 54.74 m, com inclinação média de 4.8° e
largura média da face da praia de 23.22 m. O perfil apresentou declividade suave ao
longo das campanhas de amostragem. Nas campanhas que intermediaram C1 e C8 é
possível identificar um processo de erosão-acreção, pois apresentaram perfil com menor
elevação (~ 2 m) em comparação a estes.
Figura 15 - Variação espacial das elevações do Perfil 6 em função da distância normal à linha de costa, medidas
entre 03/06/2015 e 29/01/2016.
40
Tabela 13 - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 7. Campo Data Maré Pico Maré Δ Maré Cond. Mar Hb (m) T (s) L swash (m) Inclinação (°) L. Perfil (m)
1 03-06-2015 S 02/06 - 13h 0,1 - 1,3 fraco 0.4 14 16.6 5.2 43.4
2 09-07-2015 Q 08/07 - 17h 0,4 - 0,9 moderado 0.4 9.1 28.7 5.4 56.1
3 16-07-2015 S 15/07 - 22h 0,1 -1,2 - - - - - -
4 23-07-2015 S 15/07 - 22h 0,5 - 0,9 - - - - - -
5 30-07-2015 Q 24/07 - 01h 0,0 - 1,3 - - - - - -
6 23-09-2015 Q 21/09 - 05h 0,3 - 1,0 fraco 0.4 11 28.2 5.2 58.5
7 30-10-2015 S 27/10 - 9h 0.3 - 1.2 fraco 0.4 6 22.3 4.1 52
8 29-01-2016 S 23/01 - 23h 0.4 - 1.1 fraco 0.1 7 20.3 4.1 63.7
9 23-03-2016 S 23/03 - 9h 0.2 - 1.3 - - - - - -
PERFIL 8
A largura média do P8 foi de 37.65 m, com inclinação média de 8.5° e largura
média da face da praia de 15 m. Este perfil caracteriza a crista de uma cúspide praial, e é
possível verificar isto observando a formação de uma berma de cerca de 3 m.
Novamente em C8, se verifica a deposição de sedimento no perfil.
Figura 17 - Variação espacial das elevações do Perfil 8 em função da distância normal à linha de costa, medidas
entre 03/06/2015 e 29/01/2016.
Figura 16 - Variação espacial das elevações do Perfil 7 em função da distância normal à linha de costa, medidas
entre 03/06/2015 e 29/01/2016.
41
Tabela 14 - Parâmetros oceanográficos e morfológicos do Perfil 8.
Campo Data Maré Pico Maré Δ Maré Cond. Mar Hb (m) T (s) L swash (m) Inclinação (°) L. Perfil (m)
1 03-06-2015 S 02/06 - 13h 0,1 - 1,3 - - - - - -
2 09-07-2015 Q 08/07 - 17h 0,4 - 0,9 - - - - - -
3 16-07-2015 S 15/07 - 22h 0,1 -1,2 - - - - - -
4 23-07-2015 S 15/07 - 22h 0,5 - 0,9 - - - - - -
5 30-07-2015 Q 24/07 - 01h 0,0 - 1,3 - - - - - -
6 23-09-2015 Q 21/09 - 05h 0,3 - 1,0 - - - - - -
7 30-10-2015 S 27/10 - 9h 0.3 - 1.2 fraco 0.4 6 15.5 7 32.2
8 29-01-2016 S 23/01 - 23h 0.4 - 1.1 fraco 0.1 6 14.5 10 43.1
9 23-03-2016 S 23/03 - 9h 0.2 - 1.3 - - - - - -
5.2 Análise das Autofunções Ortogonais Empíricas (EOF)
Os resultados da EOF são apresentados em quatro gráficos para cada perfil: o
primeiro mostra todas as perfilagens medidas em cada campanha junto com a Função
Média da Praia; o segundo gráfico expõe os perfis extremos de verão e inverno,
juntamente com a Função Média da Praia; o terceiro gráfico mostra a distribuição de
cada autofunção ao longo do perfil estudado; e o quarto apresenta a variação temporal
das autofunções no período considerado desta pesquisa.
A Tabela 15 sumariza a data, a estação do ano e o dia relativo à condução da
pesquisa para cada campo, a fim de facilitar a análise e compreensão dos resultados
obtidos.
42
Tabela 15 - Data, Estação do Ano e Dia Relativo de cada Campo
Campo Data Est. do Ano Dias
C1 03-06-2015 O 0
C2 09-07-2015 I 36
C3 16-07-2015 I 43
C4 23-07-2015 I 50
C5 30-07-2015 I 57
C6 23-09-2015 P 112
C7 30-10-2015 P 149
C8 29-01-2016 V 240
C9 23-03-2016 O 294
A autofunção com o maior autovalor representa mais de 99.79% do valor
quadrático médio dos dados, com pouca variação no tempo, e denota o nível médio da
praia (Função Média da Praia). A dependência do tempo da função média da praia não é
constante, apenas mostra uma tendência no tempo.
A segunda autofunção, ou Função Barra-Berma, geralmente representa mais de
0.1% do valor médio quadrático dos dados, porém pode apresentar valores próximos a
0.01%. Esta função mostra uma máxima no local da berma de verão, e um mínimo na
área da barra de inverno. A dependência do tempo desta função não mostra qualquer
periodicidade, provavelmente porque a frequência de amostragem não foi suficiente
para detectar ciclos anuais. Geralmente, nos perfis de verão, a função de barra-berma
adicionada à função média da praia representa a migração da areia até ao nível da berma
de verão, enquanto que para os perfis de inverno a função barra-berma subtraída da
função média da praia representa o movimento de areia da praia para a barra de inverno.
A terceira autofunção representa valores próximos a 0.01% do valor quadrático
médio dos dados, sendo referida como Função Terraço por apresentar um máximo no
local do terraço de baixa-mar. A dependência do tempo desta função não mostra
qualquer periodicidade forte neste estudo, possivelmente devido em parte ao aliasing
43
dos dados na área do terraço de baixa-mar. Como os modos de variação das funções
barra-berma e terraço são linearmente independentes, é possível que estejam
relacionadas ao mesmo processo de formação/alteração (WINANT et al., 1975).
Os resultados da análise estatística para cada perfil são apresentados na Tabela
16. Para cada perfil é dada a porcentagem do valor quadrático médio dos dados
atribuídos a cada uma das três autofunções mais importantes. O P8 não entra nesta
análise pois foi amostrado apenas duas vezes e, logo, os dados não foram suficientes
para gerar bons resultados por este método.
Tabela 16 - Resultados da Análise da EOF (porcentagem da variância)
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Função Média da Praia 99.79 99.83 99.96 99.83 99.83 99.97 99.85
Função Barra-Berma 0.16 0.07 0.016 0.12 0.12 0.01 0.12
Função Terraço 0.02 0.06 0.011 0.03 0.03 0.01 0.02
PERFIL 1
Os resultados para P1 são apresentados na Figura 19a, com as elevações como
uma função da distância normal à linha da costa. Perfis típicos de verão e de inverno são
mostrados na Figura 19b, juntamente com a Função Média da Praia (ou Primeira
Autofunção).
A função barra-berma (Figura 19c) mostra um grande pico na localização da
berma verão e um mínimo onde a barra de inverno é normalmente encontrada. No P1
44
ocorre a maior diferença entre os autovalores para a função terraço (0.0117%) e para a
função barra-berma (0.1598%).
Existem dois máximos na função terraço e entre eles, um pronunciado mínimo
que coincide com a região onde eventualmente apareceram escarpas na berma. O
primeiro máximo mostra que algumas das variações do nível no terraço ocorrem em
fase com a formação de berma, embora depois dos 40 m de distância apresentem
comportamento antagônico.
Na Figura 19d pode ser observado que a variância da dependência do tempo da
função média da praia é muito pequena, visto que se encontra em grande parte entre os
perfis extremos. A escala de tempo deste trabalho não permitiu identificar
periodicidades para as funções, porém se nota um mínimo da função barra-berma na C2,
e um pico em C7.
45
Figura 18 - Autofunções dos dados de P1: (a) Perfis medidos em cada campanha junto com a Função Média da
Praia; (b) Perfis extremos de verão e inverno, juntamente com a Função Média da Praia; (c) Distribuição de
cada autofunção ao longo do perfil estudado; (d) Variação temporal das autofunções.
46
PERFIL 2
Os resultados da análise das autofunções para P2 são mostrados na Figura 20. As
medições feitas para este perfil são mostradas na Figura 20a; a função média da praia é
apresentada na Figura 20b, junto com os perfis extremos de verão e inverno, o que
mostra a erosão da berma, porém não fornece considerável informação sobre a barra de
inverno. Isso é devido à amostragem não ter abrangido a extensão suficiente para
registrar as alterações na barra de inverno.
As funções barra-berma e terraço são mostradas na Figura 20c, e também
evidenciam a falta de amostragem da barra, visto que o máximo da função barra-berma
está sobre a berma de verão, e um mínimo incompleto aparece onde supostamente
estaria a barra de inverno. Quanto à função terraço, o máximo ocorre no pós-praia, e
diminui progressivamente ao longo do perfil. No P2 ocorre o maior autovalor para a
função terraço, de 0.0632%, sendo, porém, da mesma ordem que o autovalor encontrado
para a função barra-berma, 0.074%, conforme mostrado na Tabela 16.
A variação das funções com o tempo é mostrada na Figura 20d. Novamente é
observada a pequena variância da função média da praia no tempo, bem como a falta de
periodicidade para as funções barra-berma e terraço. As variações destas duas últimas
funções ocorreram durante o inverno (de C2 a C5), e provavelmente estão associadas à
alteração de nível pela maré meteorológica, no caso da função terraço, e às condições de
swell, com ondas mais energéticas que remobilizam mais o sedimento no sentido
offshore-foreshore, no caso da função barra-berma.
47
Figura 19 – Autofunções dos dados de P2: (a) Perfis medidos em cada campanha junto com a Função Média
da Praia; (b) Perfis extremos de verão e inverno, juntamente com a Função Média da Praia; (c) Distribuição
de cada autofunção ao longo do perfil estudado; (d) Variação temporal das autofunções.
48
PERFIL 3
Os resultados para P3 são mostrados na Figura 21. As medições feitas para este
perfil são mostradas na Figura 21a, e os perfis extremos de verão e inverno na Figura
20b, ambas mostrando também a função média da praia. A variação da elevação do P3 é
muito pequena, inclusive em relação às alterações sazonais de verão/inverno.
As funções barra-berma e terraço são mostradas na Figura 21c. O máximo da
função barra-berma está sobre a berma de verão, e um mínimo incompleto aparece onde
supostamente estaria a barra de inverno. A função terraço se mostra defasada da função
barra-berma, com um máximo no pós-praia e outro na face da praia, e mínimo
localizado na região da berma. No P3 os autovalores para a função barra-berma e a
função terraço são muito próximos, respectivamente 0.0168% e 0.0114%, o que pode
estar relacionado à baixa variância do perfil ao longo do tempo.
A variação temporal das funções na Figura 21d. A função média da praia
novamente se mantém pouco variável no tempo. As variações da função barra-berma
ocorrem principalmente durante o inverno (de C3 a C5), com mínimo em C7
(primavera), voltando ao máximo em C8 (verão). A função terraço, acompanhando a
pequena variação de maré local, variou muito pouco, com um pequeno pico em C2
(inverno), e um ligeiramente maior em C6 (primavera).
49
Figura 20 - Autofunções dos dados de P3: (a) Perfis medidos em cada campanha junto com a Função Média da
Praia; (b) Perfis extremos de verão e inverno, juntamente com a Função Média da Praia; (c) Distribuição de
cada autofunção ao longo do perfil estudado; (d) Variação temporal das autofunções.
50
PERFIL 4
Os resultados para P4 são apresentados na Figura 22a, com as elevações como
uma função da distância normal à linha da costa. Todos os perfis se mostram muito
semelhantes, com pouca variação espaço-temporal, com exceção à C2, que mostra uma
significativa erosão da berma. Perfis típicos de verão e de inverno são mostrados na
Figura 22b, juntamente com a Função Média da Praia (ou Primeira Autofunção). Aqui é
mostrado o ciclo de formação da berma de verão a partir do movimento de saída de
sedimento da barra de inverno.
A função barra-berma (Figura 22c) mostra o máximo onde é encontrada a berma
de verão, e um declínio em direção à localização da barra de inverno. A função terraço
apresenta-se elevada na região do pós-praia, e segue diminuindo em direção ao à
localização da berma, onde mostra uma rara variação, provavelmente devido à
discrepância da elevação medida em C2 em relação aos outros campos.
Na Figura 22d pode ser observado que a pouca variância temporal da função
média da praia. A função terraço variou muito pouco, com um pico em C3 (inverno), e
um em C8 (verão). Para a função barra-berma a variação temporal está concentrada nas
campanhas feitas no inverno (de C2 a C5).
51
Figura 21 - Autofunções dos dados de P4: (a) Perfis medidos em cada campanha junto com a Função Média da
Praia; (b) Perfis extremos de verão e inverno, juntamente com a Função Média da Praia; (c) Distribuição de
cada autofunção ao longo do perfil estudado; (d) Variação temporal das autofunções.
52
PERFIL 5
Os resultados da análise das autofunções para P5 são mostrados na Figura 23. As
medições feitas para este perfil são mostradas na Figura 23a, e pode ser percebida a
maior variação de elevação na porção da berma. Para o caso de P5, adicionalmente aos
perfis extremos de verão e inverno, o perfil medido em C7 (primavera) foi plotado na
Figura 23b. A variação da elevação do P5 ocorreu com maior intensidade entre os perfis
de inverno e de primavera, do que entre os de inverno e de verão.
As funções barra-berma e terraço são mostradas na Figura 23c. O máximo da
função barra-berma está sobre a berma, e o mínimo aparece na região da face praia,
onde o espraiamento é um forte condicionante da alta declividade da face da praia neste
perfil. A função terraço é praticamente inversa à função barra-berma, com um máximo
na região que permeia a berma e a face da praia, e mínimos localizados na região da
berma e da barra.
A variação temporal das autofunções é apresentada na Figura 23d. A função
média da praia é pouco variável no tempo, enquanto que as variações da função barra-
berma e da função terraço ocorrem durante o inverno (de C3 a C5), e a primavera (C7).
A maior variação da função barra-berma é registrada em C7, justamente na qual ocorre
um mínimo da função terraço.
53
Figura 22 - Autofunções dos dados de P5: (a) Perfis medidos em cada campanha junto com a Função Média da
Praia; (b) Perfis extremos de verão e inverno, e perfil de primavera, juntamente com a Função Média da
Praia; (c) Distribuição de cada autofunção ao longo do perfil estudado; (d) Variação temporal das
autofunções.
54
PERFIL 6
Os resultados para P6 são mostrados na Figura 24. As medições feitas para este
perfil são mostradas na Figura 24a, e os perfis extremos de verão e inverno na Figura
24b, ambas mostrando também a função média da praia. A variação da elevação do P6 é
muito pequena, porém não o é em relação às alterações sazonais de verão/inverno.
As funções barra-berma e terraço são mostradas na Figura 24c. O máximo da
função barra-berma está sobre a berma de verão, e um mínimo aparece onde estaria a
barra de inverno (não amostrada). A função terraço se mostra em fase com a função
barra-berma, com um máximo no pós-praia e outro na berma, e mínimo localizado na
região da barra. No P6 os autovalores são os menores tanto para a função barra-berma
como para a função terraço, respectivamente 0.0146% e 0.0083%, o que pode estar
relacionado à baixa variância temporal do perfil.
A variação temporal das funções na Figura 24d. A função média da praia
novamente se mantém pouco variável no tempo. As variações da função barra-berma
ocorreram entre a primavera (C6) e o outono (C9). A função terraço também apresentou
pouca variação, e esta ocorreu na durante a primavera (C6 e C7).
55
Figura 23 - Autofunções dos dados de P6: (a) Perfis medidos em cada campanha junto com a Função Média da
Praia; (b) Perfis extremos de verão e inverno, juntamente com a Função Média da Praia; (c) Distribuição de
cada autofunção ao longo do perfil estudado; (d) Variação temporal das autofunções.
56
PERFIL 7
Os resultados para P7 são apresentados na Figura 25a, com as elevações como
uma função da distância normal à linha da costa. Os perfis mostram elevação com
pouca variação na região do pós-praia, porém esta variação aumenta progressivamente
em direção offshore. Perfis típicos de verão e de inverno são mostrados na Figura 25b,
juntamente com a Função Média da Praia (ou Primeira Autofunção). Aqui é possível
notar uma acreção no perfil sem, contudo, a formação de uma berma.
A função barra-berma (Figura 25c) mostra o máximo na região do pós-praia, e
tende a diminuir ao longo do perfil. Isso é devido à formação não bem definida da
berma neste perfil. Por outro lado, a função terraço apresenta-se bastante variada ao
longo do perfil, com máximo na região do terraço de baixa mar. Este perfil está
localizado a barlamar do molhe, logo, trata-se de uma região protegida e com
características de deposição.
Na Figura 25d pode ser observado que a pouca variância temporal da função
média da praia. A função terraço apresentou maior variação durante a primavera (C6 e
C7). Para a função barra-berma, a variação temporal teve o máximo em C2 (inverno).
57
Figura 24 - Autofunções dos dados de P7: (a) Perfis medidos em cada campanha junto com a Função Média da
Praia; (b) Perfis extremos de verão e inverno, juntamente com a Função Média da Praia; (c) Distribuição de
cada autofunção ao longo do perfil estudado; (d) Variação temporal das autofunções.
58
5.3 Variações Espaciais dos Parâmetros Medidos
Esta parte do trabalho tem o intuito de fornecer informações adicionais aos
métodos empregados, a fim de corroborar com os resultados obtidos. Os gráficos a
seguir mostram a distribuição espacial da largura média do perfil (Figura 26), da
declividade média da face da praia (Figura 28) e da largura média da face da praia
(Figura 29), todos apresentando os valores máximos e mínimos de cada parâmetro. A
Figura 27 mostra a variação das linhas de costa amostradas ao longo das campanhas.
As maiores variações da largura média do perfil ocorrem em P2 e P4. Apesar de
P4 apresentar elevada variação do valor médio para o valor máximo, trata-se de um
evento isolado, visto que em C2 a largura registrada para este perfil foi de 118 m. A
ocorrência de cúspides praiais em P4 é variável, havendo campanhas em que esta feição
é registrada para este perfil, e em outras não. Possivelmente esta discrepância no valor
máximo da largura do P4 em C2 está associada à amostragem de uma de cúspide. Os
perfis mais estáveis são o P3 e o P7, os quais não aprestaram grandes variações na
Figura 25 - Gráfico da distribuição espacial da variação da largura dos perfis ao longo da praia.
59
largura ao longo da pesquisa. P8 não teve o número suficiente de amostras para ser
avaliado como os outros perfis.
A linha de costa medida por demarcação com GPS (Figura 26) se mostrou
bastante estável ao longo da pesquisa, descartando a possibilidade de ocorrência do
fenômeno de rotação praial na escala de tempo abrangida pelas campanhas de
amostragem.
Figura 26 – Variação das linhas de costa amostradas ao longo das campanhas
Quanto à distribuição espacial da declividade da face da praia (Figura 28),
apesar de a maior variação ocorrer entre os perfis 2 e 5, os maiores valores de inclinação
ocorrem em P4 e P5. As menores variações na inclinação são registradas para P6 e P7,
seguidas de P1 e P8. Em P6, mesmo com pouca variação em torno da média, apresenta
um dos mais altos valores de inclinação média da face da praia. O P7 mostrou
características de terraço baixa-mar, tanto nas observações de campo, como para os
resultados das variações da elevação do perfil, é esta deve ser a razão pelos baixos
valores de declividade da face da praia. O fato de P1 apresentar baixa variação tanto na
largura do perfil como na declividade da face da praia pode ser relacionado ao
60
posicionamento deste perfil em uma zona em condições de cotorno. Ainda que P8 não
tenha sido amostrado tantas vezes como os outros perfis, as informações são suficientes
para caracterizá-lo quanto à inclinação da face da praia.
As inclinações registradas para P2, P3 e P4 se mostram bastante variadas por
estarem contidas no compartimento cujo estado morfodinâmico é o de praia em cúspide,
de modo que a amostragem variou entre cava e crista de uma cúspide ao longo das
campanhas de amostragem.
O P5 não se enquadra nesta justificativa de oscilação da ocorrência de cúspide,
porém a alteração do sentido da célula deriva litorânea pode ser a responsável pela
grande variação da declividade neste perfil, como consequência de processos erosivos/
deposicionais.
Figura 27 - Gráfico da distribuição espacial da variação da declividade do swash ao longo da praia.
61
A distribuição espacial da largura média da face da praia, como esperado, mostra
que para a porção da praia onde ocorrem as cúspides (P1), a Lface da praia é maior do que
na porção onde a praia tem comportamento tendendo ao refletivo (P6).
5.4 Granulometria
A Praia do Flamengo é uma praia de enseada composta majoritariamente por
areia média (0,250 mm), cuja configuração é variável ao longo de sua extensão: a parte
S apresenta inclinação suave (~ 5°), cujo estado morfodinâmico predominante é o de
praia de cúspides; já a parte N é bastante íngreme (~ 14º), com linha de costa retilínea, e
o estado morfodinâmico é predominantemente refletivo.
A análise da granulometria foi baseada nas relações estatísticas entre as
porcentagens do diâmetro do grão na distribuição da curva granulométrica,
denominados como estatísticos de granulometria. As amostras de sedimento de C1
foram extraviadas, portanto não compõem esta análise.
Figura 28 - Gráfico da distribuição espacial da variação da declividade da face da praia ao longo da praia.
62
A distribuição espacial dos estatísticos de granulometria, com seus respectivos
valores médios, máximos e mínimos, é apresentada nas figuras a seguir: diâmetro
mediano (Figura 29), desvio padrão (Figura 30), assimetria (Figura 31), e curtose
(Figura 32).
As maiores variações para o D50 foram registradas em P2 e P3, perfis onde as
cúspides praias são bem definidas. Para os outros perfis, tanto a variação do D50 como
os valores para máximo e mínimo foram muito semelhantes.
Figura 29 - Gráfico mostrando a distribuição espacial do D50 ao longo da praia.
63
Para todos os perfis o grau de seleção dos grãos, segundo a escala proposta por
Folk & Ward (1957), foi „Muito Bem Selecionado‟, isto é, grãos com pequena dispersão
dos seus valores granulométricos, ou dos valores das medidas de tendência central. O
maior desvio padrão (σ) foi registrado em P3, seguido por P2, o que corrobora com a
informação fornecida pela distribuição do D50.
Pode-se notar a relação entre grau de seleção do grão e sua localização ao longo
da praia, como reflexo da característica morfodinâmica dominante. Foi verificado que
os grãos que tendem a ter uma menor seleção (maior σ), são aqueles encontrados na
porção da praia em cúspide. De fato, entre P4 e P8, o grau de seleção do grão é bastante
semelhante.
Figura 30 - Gráfico mostrando a distribuição espacial do desvio padrão ao longo da praia.
64
A curva granulométrica se mostrou simétrica para todos os perfis, exceto para
P3, o qual teve assimetria positiva, indicando excesso de grãos finos. Novamente isto
pode ser associado à dinâmica que ocorre neste setor da praia (praia de cúspide).
Para a praia do Flamengo foram encontrados valores platicúrticos (K baixa). Os
menores valores de curtose aparecem em P4 e P5 (perfis centrais) e P7 e P8 (perfis a
Figura 32 - Gráfico mostrando a distribuição espacial da assimetria ao longo da praia.
Figura 31 - Gráfico mostrando a distribuição espacial da assimetria ao longo da praia.
65
sotamar do molhe). Valores de curtose muito altos ou muito baixos podem sugerir que
um tipo de material foi transportado de uma determinada área-fonte e depositado sem
perder suas características originais. A curva platicúrtica mostra um espalhamento de
sedimentos mais finos e mais grossos nas caudas, indicando mistura de diferentes
diâmetros de grão (FOLK & WARD, 1957).
5.5 Estado Morfodinâmico da Praia
O estado morfodinâmico da praia foi determinado através do cálculo do parâmetro
adimensional de Dean (Ω). Os valores de Ω para cada perfil, em cada campanha, são
mostrados na Tabela 17, juntamente com os valores médios. Como a C1 não possui
dados de granulometria, não foi possível calcular o Ω para esta campanha.
Tabela 17 - Valores do parâmetro de Dean calculados para cada perfil, em cada campanha. Legenda: Valores
referentes ao Estado Refletivo (Azul); Valores referentes ao Estado Terraço de Baixa-Mar (Vermelho).
Ômega C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 Média
P1 0.67 0.67 1.08 1.56 0.97 1.53 1.10 0.68 1.03
P2 0.75 0.72 1.21 1.17 1.61 2.13 0.80 1.21 1.20
P3 0.94 1.19 1.12 1.26 1.34 1.48 1.33 0.78 1.18
P4 2.55 - 1.46 1.77 2.93 2.71 2.05 0.69 2.02
P5 2.62 0.99 1.91 1.75 1.82 1.87 1.52 - 1.78
P6 1.04 - - - 1.93 1.58 0.99 - 1.39
P7 1.01 - - - 0.78 1.37 0.40 - 0.89
P8 - - - - - 1.36 0.36 - 0.86
Para a classificação foi adotado o valor de médio de Ω encontrado para cada
perfil, observando a tendência destes valores em cada campanha. Foi observado que a
praia do Flamengo apresenta tendência aos estados morfodinâmicos refletivo e terraço
de baixa-mar, cuja localização de cada estado morfodinâmico é mostrada na Figura 33.
66
Figura 33 - Representação da classificação do estado morfodinâmico da praia segundo o parâmetro de Dean
Como é possível notar, não há concordância entre a classificação determinada
pelo cálculo de Ω com o que de fato é observado na praia. Este tipo de incoerência é
bem relatado no trabalho feito por MUEHE (1998), no qual o autor propõe um novo
método para determinar o estado morfodinâmico no momento da observação, incluindo
parâmetros de espraimento nos cálculos.
5.6 Análise das medições obtidas das imagens de satélite
5.6.1 Análise Qualitativa
A análise das medições obtidas através das imagens do Google Earth foi feita em
diferentes escalas de tempo, interanual, anual e mensal, buscando encontrar relações
entre a variação da largura da praia e os possíveis agentes modificadores. Como agentes
modificadores de praia foram considerados: fenômenos planetários (El Niño, La Niña, e
subida do nível do mar), eventos extremos (ressacas), alterações sazonais (estações do
ano), maré (quadratura e sizígia), ondas (direção e intensidade).
No período considerado, a ocorrência de El Niño se deu entre 2002 e 2003, de
intensidade moderada; entres os anos 2004 e 2005, 2006 e 2007, e 2009 e 2010, com
67
intensidade fraca; e 2015 com intensidade forte. Para o fenômeno de La Niña, a
ocorrência foi entre 1998 a 2001 com intensidade moderada, e entre 2007 e 2009 com
intensidade forte (CPTEC).
Os registros históricos de eventos extremos (ressacas) que atigiram a Praia do
Flamengo ocorreram em 24/abril/1906, 08/março/1913, 1915, 1919, 1921, 1924, 1950,
1956, 1957, 1960, 1995, 24/abril/2008, 09/abril/2010, 14/junho/2010, 21/maio/2012,
14/maio/2015.
Seguindo o padrão de nomenclatura adotado para os perfis praiais, os transectos
medidos em cada imagem de satélite serão referidos pela inicial (T), seguida do
algarismo indicativo de ordem.
Em primeira análise, a Figura 34, mostra a distribuição espacial da variação da
largura da praia, considerando o período relativo às imagens obtidas de 2000 a 2016. É
possível observar que a variação da largura é bastante semelhante entre os transectos ao
longo deste período. As menores variações foram verificadas em T2 e T5 (~20 m), e as
maiores para T1 e T6 (~30 m); T4 variou cerca de 25 m.
Figura 34 - Distribuição da variação da largura da praia durante o período total para as imagens obtidas de
2000 a 2016
68
5.6.2 Análise Interanual
Quando consideramos a distribuição espacial da largura dos transectos para a
análise interanual (Figura 35), se nota que as maiores variações ocorrem em T2 e T5, e a
menor em T4. O mesmo resultado é mostardo na Tabela 18, que apresenta a estatística
da análise interanual.
Tabela 18 - Estatística da análise interanual (2000-2
015), mostrando a média dos comprimentos, o maior
comprimento (máx), o menor comprimento (mín), e o desvio padrão de cada transecto.
A variação no domínio do tempo é mostrada na Figura 36, na qual é possível
notar que os maiores picos de largura do pós-praia coincidem com a ocorrência de El
Niño fraco, no ano de 2005. Entre os anos de 2014 e 2015 nota-se que o único transecto
que teve aumento no comprimento foi o T4. É observada a tendência à redução de
comprimento ao longo do tempo analisado, de maior magnitude para T2, T3 e T5, em
relação a T1 e T4.
ESTATÍSTICA T1 T2 T3 T4 T5
MÉDIA 60.94 75.15 74.09 47.71 39.06
MÁX 67.43 85.54 80.02 52.56 51.77
MÍN 54.00 65.06 66.94 42.70 29.48
DESVIO 3.80 6.32 4.00 2.93 5.44
Figura 35 - Distribuição espacial da largura dos transectos para a análise interanual
69
5.6.3 Análise Anual
Na estatística da análise anual (Tabela 19), novamente é verificado que o maior
desvio padrão encotrado foi para o T2, e menor para o T4. De fato isso é corroborado
pela distribuição espacial das variações de largura analisadas na escala de tempo anual
mostrada na Figura 37. A média do comprimento de cada transecto se manteve muito
semelhante à registrada para análise interanual. Outra similaridade entre as duas escalas
de tempo é que T2 é o maior transecto regitrado e T5 o menor.
Figura 36 - Gráfico mostrando a variação interanual (2000 a 2015) de cada transecto.
70
Tabela 19- Estatística da análise anual (ano 2014) mostrando a média dos comprimentos, o maior
comprimento (máx), o menor comprimento (mín), e o desvio padrão de cada transecto.
Para análise temporal da variação anual (Figura 38), foi escolhido o ano
2014,visto ser o que possui dados para todos os meses. É possível notar que as maiores
distâncias foram registradas para o mês de junho, um dos meses que apresenta maior
ocorrência de frentes frias associadas à passagem de ciclones extratropicais.
De maneira geral, existe uma tendência à diminuição do comprimento dos
transectos ao longo do ano, com exceção ao T3, cuja linha de tendência apresenta
variação despresível.
ESTATÍSTICA T1 T2 T3 T4 T5
MÉDIA 58.17 74.03 71.34 44.10 37.04
MÁX 64.97 81.95 75.21 48.92 45.15
MÍN 49.57 60.38 63.49 39.26 31.10
DESVIO 4.63 5.96 3.40 2.86 3.83
Figura 37 - Distribuição espacial da largura dos transectos para a análise interanual
71
5.6.4 Análise Mensal
A Figura 39 mostra a distribuição espacial da variação mensal da largura dos
transectos. Na análise estatística (Tabela 20) o desvio padrão encontrado para a T1 e T5
são bastante semelhantes, sendo também as maiores larguras. A maior e a menor
amplitude de variação da distância foi, respectivamente para T1 e T4.
Tabela 20 - Estatística da análise mensal (maio de 2014) mostrando a média dos comprimentos, o maior
comprimento (máx), o menor comprimento (mín), e o desvio padrão de cada transecto.
ESTATÍSTICA T1 T2 T3 T4 T5
MÉDIA 56,07 75,03 71,65 42,95 34,46
MÁX 64,51 80,05 76,15 45,38 40,05
MÍN 51,22 70,48 67,54 38,62 27,66
DESVIO 4,89 3,78 3,39 2,60 4,84
Figura 38- Gráfico mostrando a variação anual de cada transecto.
Figura 39 - Distribuição espacial da largura dos transectos para a análise mensal
72
Para a análise das variações mensais, foi escolhido o mês de maio de 2014, visto
ser o que possui dados que abrange todas as semanas. Nesta análise temporal (Figura
40) foi possível identificar que os maiores picos coincidem com as variações de nível da
maré de sizígia.
5.6.5 Análise Espectral
Os números de 1 a 10 indicam os picos que foram selecionados para análise, e as
variâncias estimadas para as bandas de frequência anteriores ao ponto 1são muito baixas
para serem resolvidas, e por isso não são consideradas. Da mesma forma, a alta
frequência (posteriores aos pontos 5) são tidas aqui como ruído, e são analisadas no
espectro alisado. Abaixo são apresentados os gráficos dos espectros para cada transecto
(Figuras 41 a 45), seguidos de uma análise descritiva da ocorrência dos picos.
Figura 40- Gráfico mostrando a variação mensal de cada transecto.
73
TRANSECTO 1
Na Figura 41a, o ponto extremo 1 (período de 3 anos = 9 x 10-4
cpd ) pode estar
associado a ocorrência de El Niño/ La Niña. O ponto 2 (período de 15 meses = 2.2 x 10-
3 cpd) não apresenta relação temporal com algum efeito meteo-oceanográfico. O ponto 3
(período de 0.8 anos = 3.1 x 10-3
cpd), pode ser relacionado às variações climáticas que
ocorrem de um ano para outro, como por exemplo o número de frentes frias, ou a taxa
de precipitação. O ponto 4 (período de 7 meses = 4.7 x 10-3
cpd), e o ponto 5 (período
de 5.4 meses = 6.2 x 10-3
cpd) mostram as variações decorrentes da sazonalidade entre
verão e inverno.
O espectro alisado (Figura 41b) forneceu informações acerca de escalas de tempo
menores (mensais, quinzenais e semanais). As variações entre os pontos 6 (período de
43.4 dias = 2.3 x 10-2
cpd) e 7 (período 18 dias = 5.5 x 10-2
cpd) podem representar as
alterações mensais na largura dos transectos. O ponto 8 (período 15.3 dias = 6.5 x 10-2
cpd) está relacionado às variações da maré de sizígia. As variações decorrentes da
passagem de frentes frias podem estar associadas aos pontos 9 (período 10.7 dias = 9.3
x 10-2
cpd) e 10 (período 7.6 dias = 1.3 x 10-1
cpd).
74
TRANSECTO 2
Em T2 foram encontrados picos de variância para as mesmas escalas de T1,
exceto para a escala mensal. Na Figura 42a, o ponto 1 (período de 2.7 anos = 10-3
cpd )
também mostra alguma relação com a ocorrência de El Niño/ La Niña. Os pontos 2
(período de 1.7 anos = 1.6 x 10-3
cpd) e 3 (período de 1.2 anos = 2.3 x 10-3
cpd),
aparentemente não apresentam relação temporal com algum efeito meteo-
oceanográfico. O ponto 4 (período de 11.1 meses = 3 x 10-3
cpd), pode se tratar de
alguma variação de escala anual, e o ponto 5 (período de 7.2 meses = 4.6 x 10-3
cpd)
mostra as variações sazonais entre verão e inverno.
Figura 41 – Espectros da variação da largura de T1; (a) mostra o espectro bruto e (b) mostra o espectro alisado. Os
números de 1 a 10 indicam os picos que foram selecionados para análise.
75
No espectro alisado (Figura 42b) o ponto 6 (período de 50 dias = 2.2 x 10-2
cpd)
não representa uma frequência a qual seja possível associar algum evento cíclico. Os
pontos 7 (período 15 dias = 6.5 x 10-2
cpd) e 8 (período 12.3 dias = 8.1 x 10-2
cpd)
podem ser relacionados às variações da maré de sizígia; já os pontos 9 (período 10.6
dias = 9.4 x 10-2
cpd) e 10 (período 7.6 dias = 1.3 x 10-1
cpd) apresentam relação com as
variações decorrentes da passagem de frentes frias.
TRANSECTO 3
Nesta análise não foram encontradas variâncias relacionáveis às escalas
superiores a um ano (relativas a ocorrência de El Niño/ La Niña), nem mensais. O ponto
Figura 42 - Espectros da variação da largura de T2; (a) mostra o espectro bruto e (b) mostra o espectro alisado. Os
números de 1 a 10 indicam os picos que foram selecionados para análise.
76
1 (período de 2.1 anos = 1.3 x 10-3
cpd ) e o ponto 2 (período de 1.4 anos = 1.9 x 10-3
cpd) aparentemente não apresentam relação temporal com algum efeito meteo-
oceanográfico. O ponto 3 (período de 0.9 ano = 3.1 x 10-3
cpd) pode estar relacionado a
alguma variação anual. O ponto 4 (período de 6.9 meses = 4.8 x 10-3
cpd) e o ponto 5
(período de 5.6 meses = 6 x 10-3
cpd) apresentam frequências relacionáveis com a
sazonalidade entre verão e inverno.
Na Figura 43b o ponto 6 (período de 58.8 dias = 1.7 x 10-2
cpd) e o ponto 7
(período 18.1 dias = 5.5 x 10-2
cpd) não representam frequências as quais seja possível
associar algum evento meteo-oceanográfico. O ponto 8 (período 12.5 dias = 8 x 10-2
cpd) pode ser relacionado às variações da maré de sizígia. Os pontos 9 (período 10.8
dias = 9.2 x 10-2
cpd) e 10 (período 8.3 dias = 1.2 x 10-1
cpd) apresentam relação com as
variações decorrentes da passagem de frentes frias.
Figura 43 - Espectros da variação da largura de T3; (a) mostra o espectro bruto e (b) mostra o espectro alisado. Os
números de 1 a 10 indicam os picos que foram selecionados para análise.
77
TRANSECTO 4
A análise dos gráficos da Figura 44 não apresentou variâncias relacionáveis a
eventos de El Niño/ La Niña, nem para escalas mensais, porém a escala trimestral é
constatada. O ponto 1 (período de 2.1 anos = 1.3 x 10-3
cpd ) e o ponto 2 (período de 1.4
anos = 1.9 x 10-3
cpd) não mostram associação com algum efeito meteo-oceanográfico.
O ponto 3 (período de 0.9 ano = 2.8 x 10-3
cpd) pode estar relacionado a alguma
variação anual. O ponto 4 (período de 8.3 meses = 4 x 10-3
cpd) também mostra
frequência relacionável a nenhum evento cíclico. O ponto 5 (período de 5.8 meses = 5.7
x 10-3
cpd) apresenta frequências relacionáveis com a sazonalidade entre verão e
inverno.
78
Figura 44 - Espectros da variação da largura de T4; (a) mostra o espectro bruto e (b) mostra o espectro
alisado. Os números de 1 a 10 indicam os picos que foram selecionados para análise.
Na Figura 44b o ponto 6 (período de 90.9 dias = 1.1 x 10-2
cpd) denota a
variância entre estações do ano. O ponto 7 (período 18.1 dias = 5.5 x 10-2
cpd) não
mostrou frequência que se relacione a algum evento meteo-oceanográfico. O ponto 8
(período 15.3 dias = 6.5 x 10-2
cpd) pode ser relacionado às variações da maré de
sizígia. Os pontos 9 (período 10.9 dias = 9.1 x 10-2
cpd) e 10 (período 7.1 dias = 1.4 x
10-1
cpd) novamente apresentam possível relação com as variações decorrentes da
passagem de frentes frias.
79
TRANSECTO 5
A Figura 45 mostra a ausência de frequências que representem escalas superiores
a um ano (relativas a ocorrência de El Niño/ La Niña). O ponto 1 (período de 2.1 anos =
1.3 x 10-3
cpd ) e o ponto 2 (período de 1.2 anos = 2.2 x 10-3
cpd) aparentemente não
apresentam relação temporal com algum efeito meteo-oceanográfico. O ponto 3
(período de 0.9 ano = 3 x 10-3
cpd) pode estar relacionado a alguma variação anual. O
ponto 4 (período de 6.9 meses = 4.8 x 10-3
cpd) também não mostra associação entre a
variância da frequência e algum evento cíclico. O ponto 5 (período de 6.6 meses = 5 x
10-3
cpd) apresentam frequências relacionáveis com a sazonalidade entre verão e
inverno.
Na Figura 45b o ponto 6 (período de 83.3 dias = 1.2 x 10-2
cpd) mostra a
variância trimestral, indicando sazonalidade entre verão e inverno; já o ponto 7 (período
35.7 dias = 2.8 x 10-2
cpd) denota a variância mensal. O ponto 8 (período 15.3 dias = 6.5
x 10-2
cpd) pode ser relacionado às variações da maré de sizígia. Novamente o ponto 9
(período 10.9 dias = 9.1 x 10-2
cpd) e o ponto 10 (período 6.6 dias = 1.5 x 10-1
cpd)
apresentam relação com as variações decorrentes da passagem de frentes frias.
80
Figura 45 - Espectros da variação da largura de T5; (a) mostra o espectro bruto e (b) mostra o espectro
alisado. Os números de 1 a 10 indicam os picos que foram selecionados para análise.
5.7 Células de Deriva
O método de identificação das células de deriva litorânea a partir de parâmetros
morfotexturais, forneceu dois mapas com a localização das células de deriva no inverno
(Figura 46) e no verão (Figura 47). As matrizes de comparação que subsidiaram a
elaboração destes mapas são apresentadas na Tabela 21.
Os parâmetros necessários para esta análise não foram medidos no P8, durante o
inverno, impossibilitando estabelecer a comparação com P7.
81
Nota-se que P5 é uma zona de erosão durante o inverno e de transporte durante o
verão. Este resultado corrobora com o que foi observado na variação das elevações
medidas em P5, as quais mostraram progressiva erosão durante o inverno, recobrando a
acreção da porção aérea entre as campanhas C7 (primavera) e C8 (verão).
Figura 47 - Localização das células de deriva litorânea durante o verão (janeiro/2016)
Em ambos os mapas é possível ver que para os extremos da praia (a barlamar do
molhe) as características do transporte permanecem as mesmas, com P1e P6 sendo
zonas de deposição, e P2 zona de erosão.
Durante o inverno, P3 é uma zona de transporte, porém no verão trona-se uma
zona de deposição; P4 deixa de ser uma zona de deposição e passa a ser uma zona de
erosão; em P5, uma zona que é de erosão no inverno, torna-se uma zona de transporte
durante o verão.
Figura 46 - Localização das células de deriva litorânea durante o inverno (julho/2015)
82
Tabela 21 - Matriz de Comparação entre os parâmetros morfotexturais da Praia do Flamengo, para inverno e
verão. E= erosão; D= deposição; T= transporte.
Parâmetros Texturais Morfologia
Estação
do Ano Perfil
Diâmetro
Médio
(Φ)
Grau de
Seleção
(σ)
Curtose
(K)
Inclinação
(°)
Largura
(m)
Resultado
Final Processo
Inv
ern
o
1 (-) (+) (-) (+) (+) (+) D
2 (+, -) (-, +) (+, +) (-, -) (-, -) (-, -) E
3 (+, +) (-, -) (-, -) (+, +) (+, -) (+, -) T
4 (-, +) (+, +) (+, 0) (-, +) (+, +) (+, +) D
5 (-, -) (-, +) (0, -) (-, -) (-, -) (-, -) E
6 (+, +) (-, -) (+,+) (+.-) (+, +) (+, +) D
7 (-) (+) (-) (+) (-) (-) -
Ver
ão
1 (-) 0.12 0 (+) (-) (+) D
2 (+, -) 0.12 (0, +) (-, -) (+, +) (-, -) E
3 (+, +) 0.20 (-, -) (+, +) (-, +) (+, +) D
4 (-, -) 0.11 (+, +) (-, 0) (-, -) (-, -) E
5 (+, -) 0.12 (-, +) (0, +) (+, -) (+, -) T
6 (+, +) 0.19 (-, -) (-, -) (+, +) (+, +) D
7 (-, -) 0.07 (+, +) (+, +) (-, +) (-, +) T
8 (+) 0.13 (-) (-) (-) (-) E
6. CONCLUSÕES
Constatou-se, a partir da observação de suas variações, que existe a
correspondência entre a largura dos perfis medidos e a variação da linha de costa (vista
em planta), de maneira que P4 e P5 se apresentam como os perfis mais estreitos,
constituindo a porção central da praia.
Associando cada variação à condição meteo-oceanográfica para o dia da
amostragem, foi possível verificar que as alterações mais significativas na elevação dos
perfis se deram pela atuação de eventos meteorológicos, que acrescentaram energia aos
processos costeiros. A variação da maré astronômica parece não ter muita significância
nas alterações dos perfis, tampouco na linha de costa.
83
Considerando as observações de campo, P1, P2 e P3, são perfis típicos de praia
de cúspide, cuja largura da berma e declividade da face da praia variaram de acordo
com a localização do perfil (na cava ou na crista da cúspide); P4 é uma área de transição
entre os compartimentos morfodinâmicos da praia, ora constituindo um perfil de
cúspide, ora constituindo um perfil refletivo; em P5 ocorre considerável redução da
largura da berma e aumento na declividade da face da praia; P6 é um típico perfil
refletivo, com elevada declividade da face da praia, porém de maior comprimento da
berma, provavelmente pelo fato de ser a zona de maior deposição da praia (devido ao
sentido resultante do transporte longitudinal); P7 apresenta baixa declividade, e o perfil
tende a um terraço de baixa-mar; por fim, P8 mostrou características de um perfil de
praia de cúspide, com berma relativamente estreita e formação de escarpa bastante
acentuada.
A análise da EOF mostrou-se bastante eficiente para descrever o perfil médio na
praia, bem como para localizar as feições de barra-berma e de terraço nos perfis.
Entretanto, a escala de tempo do trabalho não forneceu dados suficientes para identificar
a periodicidade da ocorrência de cada feição nos perfis.
A análise granulométrica mostrou que o diâmetro mediano do grão é
praticamente o mesmo em P1, P4, P5, P6, P7 e P8. A maior variação, e o maior D50
ocorrem em P2 e P3, justamente onde são encontrados os maiores valores para curtose,
e as maiores variações na declividade da face da praia, sugerindo que esta seja a região
de maior energia da praia.
Os parâmetros granulométricos (estatísticos) parecem relacionar a seleção do
grão ao tipo de transporte predominante, se longitudinal (em células de circulação -
cúspide) ou transversal (refletivo) à linha de costa.
84
O parâmetro de Dean indicou que a praia do Flamengo apresenta estado
morfodinâmico variando entre refletivo e de terraço de baixa-mar. Esta incoerência
pode estar associada ao fato de ser uma praia transformada, cujo sedimento constituinte
não é genuíno. O Setor I claramente pode ser classificado como praia em cúspide,
porém o Setor II tem um comportamento bastante peculiar. O Setor II se enquadra nas
definições de um estado refletivo, como resultado do constante processo deposicional a
barlamar do molhe, aumentando a elevação do perfil e, como consequência, da
declividade. A sotamar do molhe (Setor III) existe um terraço de baixa-mar, e depois o
padrão de cúspide praial volta a se repetir.
A análise da distribuição espacial da variação da largura dos transectos medidos
a partir das imagens de satélite não concorda com a variação da largura obtidas das
medições in situ. Talvez isto seja devido ao fato de a escala de amostragem in situ não
ser relacionada à ocorrência de eventos extremos, senão randômica. Porém, a análise
espectral da variação destes transectos forneceu importantes informações acerca dos
agentes modificadores da praia, considerando escalas de tempo maiores do que a
abordada no levantamento de campo. Os transectos do Setor I (T1, T2 e T3) se
mostraram mais suscetíveis a eventos de menor frequência do que os do Setor II (T4 e
T5). Os eventos meteo-oceanográficos mais relevantes na modificação da praia,
consistem na passagem de frentes frias e ciclones extratropicais, e na ocorrência de El
Niño e La Niña.
A praia do Flamengo se apresenta bastante estável, com alterações
morfodinâmicas e erosão pontual no extremo norte do Setor III decorrentes de eventos
energéticos (frentes frias e ciclones extratropicais).
85
7. RECOMENDAÇÕES
Com vistas aos resultados obtidos nesta pesquisa, recomenda-se que o
monitoramento da praia do Flamengo, ou outra praia, seja continuado por no mínimo 2
anos, a fim de se obter quantidade suficiente de dados para complementar as
informações deste trabalho, tanto para a análise de EOF, como para a análise dos
transectos medidos nas imagens de satélite. O monitoramento em uma escala de tempo
maior também pode fornecer informações mais detalhadas sobre a eventual erosão que
ocorre no Setor III da praia.
Recomenda-se ainda, o uso de outras técnicas, por exemplo Wavelet (ou
ondeletas), para o estudo da variação da largura da praia dos transectos obtidos das
imagens de satélites.
86
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Brasil. Ribeirão Preto: Holo, Editora, p. 94-107.
92
ANEXO I
93
94
95
96
97
98
99
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110
111
]
112
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117
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119
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129
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134
135
136
ANEXO II
CONDIÇÕES METEO-OCEANOGRÁFICAS
CAMPANHA1 (03-06-2015)
Dados dos dias anteriores à campanha:
Nos dias 29, 30 e 31/05 ocorreu a passagem de um ciclone extratropical cujo ramo de
um sistema frontal passou pelo RJ, gerando ondas de 1.64 m e período 17 s,
predominantes no quadrante SE, e ventos de 9 m/s que variaram entre os quadrantes SO
e NE.
Dados do dia da campanha:
No dia da campanha, a maré de sizígia teve variação de 0.1 a 1.3 m, com pico no dia
02/06/2016. A Hs obtida foi de 0.69 m, a Hmáx foi de 1.06 e o período de 13 s, com
direção SE.
CAMPANHA 2 (09-07-2015)
Dados dos dias anteriores à campanha:
A passagem de duas frentes frias, nos dias 04 e 09/05, resultou em ondas de 1.03 m com
período de 13 s, predominantes no quadrante SE, e ventos que chegaram a 9 m/s, no
quadrante SO. (Dados PNBOIA – 04 e 07/07/2015)
Dados do dia da campanha:
A maré atuante no dia da amostragem foi de quadratura, com variação de 0.4 a 0.9 m,
com pico no dia 08/07/2016. A Hs obtida foi de 0.63 m, a Hmáx foi de 1.06 e o período
de 12 s, com direção predominante a SE.
CAMPANHA 3 (16-07-2015)
Dados dos dias anteriores à campanha:
O sistema frontal com ramo estacionário sobre o RJ em 10/07/2016 provocou ondas de
SE, com 1.16 m e período de 8 s, e ventos que chegaram a 9.6 m/s, no quadrante SO.
(Dados PNBOIA – 15/07/2015)
Dados do dia da campanha:
A maré de sizígia teve variação de 0.1 a 1.2 m, com pico no dia 15/07/2016. A Hs obtida
foi de 0.26 m, a Hmáx foi de 0.43 e o período de 7 s, com direção predominante a SE.
137
CAMPANHA 4 (23-07-2015)
Dados dos dias anteriores à campanha:
A passagem de uma frente fria no dia 17 se estendeu até o dia 18 em uma frente
estacionária, gerando ondas com altura de 1.3 m e período de 8 s, no quadrante SE, e
ventos se S de 3.2 m/s. (Dados INMET e CPTEC – 19/07/16)
Dados do dia da campanha:
O pico da maré de sizígia ocorreu no dia 15/07/2016, portanto não teve a tanta
intensidade na variação de maré, que foi de 0.5 a 0.9 m. A Hmáx obtida foi de 1.37 m, e o
período de 6 s, com direção predominante a SE.
CAMPANHA 5 (30-07-2015)
Dados dos dias anteriores à campanha:
A passagem de um ciclone extratropical no dia 25 resultou em ondas com altura de 1.6
m e período de 8 s, no quadrante S, e ventos e 9.4 m/s variaram entre os quadrantes NE
e S. (Dados INMET e CPTEC – 25/07/16)
Dados do dia da campanha:
A maré de quadratura, com variação de 0.0 a 1.3 m, teve pico em 24/07/2015. A Hmáx
obtida foi de 1.54 m, a e o período de 9 s, com direção predominante a SE.
CAMPANHA 6 (23-09-2015)
Dados dos dias anteriores à campanha:
Não foi registrada a ocorrência de nenhum evento meteorológico significativo. Durante
os dias que antecederam a campanha, ocorreram ondas com altura média de 0.8 m e
período de 7.3 s, no quadrante S, e ventos e 5 m/s predominantes a S. (Dados INMET e
CPTEC – 25/07/16)
Dados do dia da campanha:
A maré de quadratura com variação de 0.3 a 1.0 m teve pico em 21/09/2015. A Hmáx
obtida foi de 1.61 m, a e o período de 7 s, com direção predominante a SE.
CAMPANHA 7 (30-10-2015)
Dados dos dias anteriores à campanha:
138
Presença de um cavado sobre o RJ no dia 28/10. Durante os dias que antecederam a
campanha, ocorreram ondas com altura média de 1.1 m e período de 8 s, no quadrante
SE, e ventos que atingiram 2.8 m/s, variando entre os quadrantes NE e SE. (Dados
INMET e CPTEC – 27/10/15)
Dados do dia da campanha:
A maré de quadratura com variação de 0.3 a 1.0 m teve pico em 27/10/2015. A Hmáx
obtida foi de 1.61 m, a e o período de 7 s, com direção predominante a SE.
CAMPANHA 8 (29-01-2016)
Dados dos dias anteriores à campanha:
A passagem de uma frente fria no dia 27 gerou ventos que atingiram 8 m/s, variando
entre os quadrantes SE e SW. As ondas tiveram altura média de 1.14 m e período de 15
s, nos quadrantes S e SW. (Dados PNBOIA – 27/01/16)
Dados do dia da campanha:
A maré de sizígia com variação de 0.4 a 1.1 m teve pico em 23/01/2016. A Hs 0.26 m
obtida foi de e a Hmáx 0.45 m, com período de 7 s, com direção predominante a S.
CAMPANHA 9 (23-03-2016)
Dados dos dias anteriores à campanha:
A passagem de uma frente fria no dia 21 gerou ventos que atingiram 7 m/s, variando
entre os quadrantes SE e S. As ondas tiveram altura média de 0.75 m e período de 5 s,
nos quadrantes SE. (Dados PNBOIA – 22/03/16)
Dados do dia da campanha:
A maré de sizígia com variação de 0.2 a 1.3 m teve pico em 23/03/2016. A Hs 0.24 m
obtida foi de e a Hmáx 0.36 m, com período de 5 s, com direção predominante a S.