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¹ Graduando do Curso de Engenharia Civil da Universidade de Gurupi (UNIRG) - Gurupi - TO. E-mail: [email protected] ² Orientador. Docente no Curso de Engenharia Civil da Universidade de Gurupi (UNIRG) - Gurupi - TO. E-mail: [email protected]
ANÁLISE DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO CONCRETO REFORÇADO
COM FIBRAS POLIPROPILENO
José Felipe Pereira Alencar¹
Julierme Siriano da Silva²
RESUMO
O concreto convencional é um dos materiais mais empregados na construção civil, visto que apresenta boa capacidade de acomodação, baixo custo e versatilidade. Entretanto, ainda aponta algumas limitações. Diante desse exposto, o presente trabalho irá apresentar por meio de um estudo de caso, as propriedades mecânicas do concreto reforçado com fibras, com o enfoque nos ensaios de Slump Test, resistência à Compressão e à Tração na Flexão. Como também, será realizado um comparativo entre o material que será produzido, com o concreto convencional, dosado nas mesmas proporções. O qual possibilitará a análise das propriedades mecânicas do concreto reforçado com fibras de polipropileno, que visa proporcionar o aumento das resistências do concreto. Este material é uma alternativa que está no mercado a muito tempo, entretanto não é comumente utilizado, devido a sua baixa popularidade na sociedade, ainda leiga sobre a área da construção. Desta maneira, serão apresentadas características do concreto convencional, como também, as propriedades do concreto reforçado com fibras de polipropileno.
Palavras-chave: Concreto. Slump Test. Compressão. Tração na Flexão.
ABSTRACT
Conventional concrete is one of the most used materials in construction, as it has good accommodation capacity, low cost and versatility. However, it still points out some limitations. Given this, the present work will present through a case study, the mechanical properties of fiber reinforced concrete, focusing on the tests of Slump Test, Compression and Tensile Strength. Also, a comparison will be made between the material that will be produced, with the conventional concrete, dosed in the same proportions. This will allow the analysis of the mechanical properties of concrete reinforced with polypropylene fibers, which aims to increase the strength of concrete. This material is an alternative that has been on the market for a long time, however it is not commonly used due to its low popularity in the still lay society in the area of construction. In this way, the characteristics of conventional concrete will be presented, as well as the properties of concrete reinforced with polypropylene fibers.
Keywords: Concrete. Slump Test. Compression. Flexion Traction.
2
INTRODUÇÃO
O concreto convencional é um dos materiais mais utilizados na construção
civil, pois apresenta um custo relativamente baixo e possui capacidade de
acomodação a diferentes situações de produção. A partir de sua invenção na era
romana, suas aplicações em diferentes indústrias sempre cresceram. Este fenômeno
é atribuído principalmente à sua utilidade em relação à resistência, durabilidade e
economia (YOO et al., 2013).
No entanto, o concreto ainda possui deficiências, como a baixa fluidez que o
impede de ocupar totalmente peças esbeltas com armaduras densas, retração
plástica e permeabilidade em lugares úmidos, que podem resultar em patologias ao
longo do tempo. Deste modo, os pesquisadores desenvolveram estudos em busca
de obter concretos que possam suprir tais deficiências, no qual resultou no
surgimento dos concretos especiais (FIGUEIREDO, 2011).
Os chamados concreto especiais, assim comumente conhecidos, apresentam
diferentes características, as quais facilitam a construção e execução de estruturas
de diversas formas. Alguns desses concretos são os concretos autoadensáveis, que
possui uma elevada fluidez e possibilita o preenchimento de formas sem a presença
de vibradores, um outro considerado como especial é o concreto de alta resistência
inicial, que proporciona que o concreto atinja uma elevada resistência em poucos
dias depois de sua produção. Além disso, há na atualidade, outra forma de
aprimoramento do desempenho do concreto que vem se popularizando. Consiste na
distribuição uniforme das fibras em todo o seu volume, a partir dessa técnica o
chamado concreto reforçado com fibras pode ser obtido (GRZYMSKI et al., 2019).
O uso de fibras para melhorar as propriedades de tração do concreto tem
sido popular, devido ao seu desempenho comprovado, sendo as fibras de aço e de
polipropileno as mais utilizadas para esse reforço. Neste trabalho a fibra adicionada
na mistura foi a de polipropileno, a qual visa aumentar a resistência do concreto.
Para melhor compreensão do tema em estudo, serão apresentadas as
características do concreto reforçado com fibras, seus componentes e o método de
execução do mesmo.
3
Este estudo apresenta as propriedades que as fibras trazem para o
concreto, de forma a comprovar a sua superioridade quando comparado com o
concreto convencional, analisar e apresentar as propriedades mecânicas do
Concreto Reforçado com Fibras de Polipropileno, o qual visa atingir uma boa
resistência à compressão e à flexão.
Por meio disto, tal pesquisa tem como objetivo realizar a análise das
propriedades mecânicas do concreto reforçado com fibras de polipropileno através
dos ensaios de Slump Test, resistência à compressão e resistência à tração na
flexão.
Além de definir e apresentar o traço de concreto utilizado para análise e
realizar os ensaios necessários para comparar o Concreto Convencional sem Fibras
e o Concreto Reforçado com Fibras Polipropileno.
1 CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS
O concreto convencional geralmente apresenta microfissuras na zona de
transição entre a pasta de cimento e os agregados graúdos, onde qualquer
acréscimo de energia pode resultar na propagação das mesmas. Estas microfissuras
ocorrem devido ao fato do concreto convencional estar sofrendo esforços constantes
de cargas externas, mudanças de temperatura e umidade, como também pelo efeito
da retração hidráulica. Com isso, a adição das fibras ao concreto vem para melhorar
as suas propriedades e minimizar as patologias citadas acima, e consequentemente
proporcionar um ganho de resistência ao concreto (GÓIS, 2010).
A grande disponibilidade de fibras com tamanhos e materiais variados, é
explicada pela data de início das pesquisas acerca da temática técnica do uso das
mesmas no reforço do concreto. As primeiras pesquisas com tal tema tiveram início
na década de 1960, tendo seu desenvolvimento dinâmico começado na década de
1970 com ação contínua até os dias atuais (GRZYMSKI et al., 2019).
As fibras, também chamadas de microarmaduras de reforços, proporcionam
ao concreto algumas propriedades que melhoram no seu desempenho. Uma dessas
propriedades é o acréscimo de resistência à tração, no qual o concreto convencional
4
é bem ineficiente, outra deficiência do concreto convencional, que é melhorada com
a adição das fibras, é a resistência ao impacto (MEHTA; MONTEIRO, 2014).
De acordo com Khalid et. al. (2018), um aumento no teor de fibras melhora a
resistência à tração da matriz de concreto. Um alto teor de fibras resulta em uma
quantidade substancial de fibras cruzando uma seção fraturada, de forma que ative
os mecanismos de resistência à falha.
Segundo Barros (2009), a partir do momento em que ocorre a fissuração do
concreto as linhas de tensões contidas no seu interior são forçadas a se juntarem na
extremidade da fissura. Ela age como uma barreira que impede a propagação das
tensões em linha reta, forçando-as a contornarem a fissura, de tal maneira que
provoca uma concentração de tensões, o que pode resultar na ruptura da estrutura.
Como exemplifica a Figura 1.
Figura 1 – Esquema de concentração de tensões
Fonte: Barros (2009, p. 48)
Quando adicionadas ao concreto, as fibras de reforço agem como
armaduras, que transferem as linhas de tensões contidas no interior das estruturas.
Desta forma, é ocasionado um retardo na propagação das fissuras, como também
reduz a concentração de tensões (GÓIS, 2010), conforme mostra a Figura 2.
5
Figura 2 – Esquema de concentração de tensões
Fonte: Barros (2009, p. 48)
Quando apresentam resistências relativamente eficientes, boa aderência à
mistura do concreto, e adicionadas em quantidades apropriadas, as fibras
promovem ao concreto algumas vantagens. Sendo, a capacidade de resistir a
elevadas tensões de tração e retardar o alargamento das fissuras, algumas das
vantagens proporcionadas. (WATANABE, 2008).
O reforço do concreto pode ser feito através de diferentes tipos de fibras, as
quais possuem suas próprias características e propriedades. Existem inúmeros tipos
de fibras, tais como: fibra de Acrílico, Aramida, Aço, Carbono, Cerâmica, Nylon,
Poliéster, Polietileno, Polipropileno, Vidro, entre outras (GÓIS, 2010).
Apesar de serem várias as opções de fibras no mercado, a mais utilizada
como reforço para o concreto é a de aço, mesmo com sua clara deficiência no
quesito corrosão, o que causa uma maior restrição às suas aplicações. Com o intuito
de solucionar tal problemática, fibras sintéticas são por vezes inferidas como
solução. Contudo, a fabricação das mesmas é tanto quanto dispendiosa, além de
consumir energia (ISLAM; AHMED, 2018).
1.1 Aditivos
A Norma Brasileira 11768 (ABNT, 2011, p. 2) define os aditivos como:
Produto adicionado durante o processo de preparação do concreto, em quantidade não maior que 5% da massa de material cimentício contida no concreto, com o objetivo de modificar propriedades do concreto no estado
6
fresco e/ou no estado endurecido, exceto pigmentos inorgânicos para o preparo do concreto colorido.
Segundo a NBR 11768 (ABNT, 2011), os aditivos superplastificantes são
aqueles que sem alterar a consistência do concreto ainda no estado fresco,
possibilitam uma alta diminuição no conteúdo de água do concreto, como também
podem aumentar significativamente a fluidez e abatimento da mistura, sem que
ocorra alteração na proporção de água.
A classificação dos aditivos superplastificantes é dividida em três grupos, de
acordo com as suas propriedades e seus constituintes químicos. O primeiro,
classificado como aditivos plastificantes de primeira geração, são aqueles que
trabalham de forma a possibilitar a diminuição de água. O segundo grupo, quando
utilizado como redutor de água, pode reduzir em até 25% a utilização de água na
mistura, e são classificados como aditivos superplastificantes de segunda geração.
E por fim, temos o terceiro grupo, que é o mais indicado para a fabricação de
concretos autoadensáveis, devido ao fato de afastar as partículas de cimento,
impedindo o contato entre elas, e poder reduzir em até 40% a quantidade de água
adicionada na mistura de concreto, sendo denominados de superplastificantes de
alta eficiência (AITCIN, 2000).
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Abaixo estão listados os materiais e métodos utilizados na produção do
concreto convencional sem fibras e do reforçado com fibras, os quais possibilitaram
a análise das propriedades através do Slump Test no estado fresco, como também
as propriedades no estado endurecido, através dos ensaios de Resistência à
Compressão e Resistência à Tração Flexão.
A produção dos concretos e moldagem dos corpos de provas, foram
realizados no laboratório do Campus I da Universidade de Gurupi – Unirg, na cidade
de Gurupi, estado do Tocantins, sendo todos os equipamentos utilizados disponíveis
no laboratório de Materiais. Já os materiais utilizados foram adquiridos no comércio
do estado do Tocantins. Os ensaios de resistência à compressão e à flexão foram
realizados no Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA, na cidade
7
de Palmas, estado do Tocantins, já que o laboratório de Materiais da Unirg não
possui as máquinas de rompimento que possibilitassem a realização dos ensaios.
2.1 Materiais
2.1.1 Cimento
O cimento utilizado para a confecção dos traços do concreto, foi o CP II – F
– 32 (Cimento Portland composto com fíler). Este cimento foi escolhido por ser o
mais utilizado na região. Foram utilizados 25 kg de cimento para a confecção dos
dois traços.
2.1.2 Agregado miúdo
Segundo a NBR 7211 (ABNT, 2005), os agregados miúdos são areias de
origem natural ou artificial, provenientes da britagem de rochas, bem como a mistura
das duas, tal que os grãos atravessem a peneira com abertura de 4,8 mm e não
ultrapassem a peneira com 0,075 mm de abertura.
O agregado miúdo utilizado para a confecção dos corpos de provas foi a
areia lavada fina.
2.1.3 Agregado graúdo
A Norma brasileira 7211 (ABNT, 2005, p. 03) define os agregados graúdos
como:
Agregado cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha de 75 mm e ficam retidos na peneira com abertura de malha de 4,75 mm, em ensaio realizado de acordo com a ABNT NBR NM 248, com peneiras definidas pela ABNT NBR NM ISO 3310-1.
Nesse estudo, a brita 1 foi o material utilizado como agregado graúdo para a
produção dos concretos, pois é o material mais utilizado na produção do mesmo.
2.1.4 Aditivo
Utilizou-se o aditivo superplastificante tipo II Sika ViscoCrete® 3535 CB, um
aditivo líquido de pega normal de terceira geração, com o intuito de se obter uma
melhor fluidez na massa de concreto, de forma a melhorar sua trabalhabilidade. Foi
8
adicionado 1,0% de aditivo correspondente à massa de cimento, conforme
recomenda a empresa fabricante Building Trust Sika (2014).
2.1.5 Água
A água utilizada na produção do concreto reforçado com fibras não tem
muitas restrições e segue as mesmas recomendações determinadas para o concreto
convencional, ou seja, apenas deve estar limpa sem resíduos sólidos ou agentes
químicos no momento em que for adicionada ao concreto, pois esses fatores
prejudicariam a mistura, de forma a permitir aparições de patologias futuramente.
A água utilizada para a realização dos traços foi proveniente da
Universidade de Gurupi – Unirg, a qual é abastecida por poços artesianos.
2.1.6 Traço do Concreto
Para a confecção do concreto foi utilizado um balde de 8 litros como medidor
para desenvolver os traços, no qual foram realizados dois traços de concreto com
medidas de 1:1,5:2, sendo que no traço II teve uma adição de 2% de fibras de
polipropileno correspondente à massa de cimento adicionada ao traço, conforme
recomenda a empresa fabricante de fibras MACCAFERRI (1879). A adição que será
feita para cada traço, é representada na seguinte tabela:
Tabela 1 – Traços de concreto
TRAÇO
Nº Cimento Areia Brita Teor de Fibras (%)
Traço I 1 1,5 2 0
Traço II 1 1,5 2 2 Fonte: Autor (2019).
Após a realização das dosagens, foram moldados quatro corpos de provas
cilíndricos com diâmetro de 10 cm e altura de 20 cm, para a realização do ensaio de
resistência à compressão, e quatro amostras em forma retangular com dimensões
de 40 x 20 x 5 cm, para execução do ensaio de resistência à tração na flexão,
correspondentes a cada traço.
Figura 3 – Moldagem dos Corpos de Provas
9
Fonte: Autor (2019)
Após passadas 24 horas da moldagem dos corpos de provas, realizou-se a
desmoldagem dos mesmos, que logo em seguida foram colocados submergidos em
água, de forma a realizar a chamada cura saturada. Ao término do período de 7 dias
de realização da cura, os corpos de provas foram levados para laboratório com o
intuito de serem rompidos e assim obter os resultados das resistências.
Figura 4 – Desmoldagem dos Corpos de Provas
Fonte: Autor (2019)
2.2 Métodos
10
2.2.1 Slump Test
O Slump Test é o ensaio capaz de medir o abatimento do concreto através
da diferença de altura entre o topo do tronco-cone e o eixo do corpo de prova. Este
ensaio é realizado para verificar a trabalhabilidade do concreto em seu estado
plástico, buscando medir sua consistência e avaliar se está adequado para o uso a
que se destina. O ensaio foi realizando seguindo as especificações da NBR NM 67
(ABNT, 1998).
Para realização deste ensaio, as principais ferramentas utilizadas foram o
molde tronco-cone (também chamado de cone de Abrams), haste metálica, utilizada
para compactar as camadas de concreto e uma chapa metálica, que é utilizado
como base, sendo que todos esses equipamentos estavam de acordo com a NBR
NM 67 (ABNT, 1998).
Antes da realização do ensaio, foi realizada a limpeza e umedecimento
internamente do molde, como também, o nivelamento da placa utilizada como base,
em seguida posicionou-se o cone sobre a placa base.
Após a produção do concreto, extraiu-se uma amostra para a execução
deste ensaio. No momento de execução o operador posicionou os pés sobre as
aletas do cone, fixando-o para adicionar a amostra de concreto obtida, que deve ser
adicionada antes de ultrapassar 2 minutos após a sua coleta.
A adição ocorreu em três camadas, cada uma com aproximadamente um
terço da altura do molde, sendo que cada camada foi golpeada 25 vezes, com o
auxílio da haste de compactação, no qual, os golpes forram aplicados de forma
distribuída e uniforme. Ao preencher todo o molde, nivelou-se sua superfície para
dar início a desmoldagem.
A desmoldagem foi realizada de forma cuidadosa, erguendo o cone pelas
alças na direção vertical, em movimento constante e uniforme, sem expor o concreto
a movimentos de torção e sem ultrapassar 5 segundos. Onde, todo o processo de
preenchimento e desmoldagem do cone deve ser realizado em tempo não superior a
150 segundos.
11
Imediatamente após a retirada do molde, mediu-se o abatimento dos dois
traços de concreto com o auxílio de uma trena, onde foi obtido a distância entre a
altura do molde e a altura do eixo do corpo de prova, aproximando este valor aos 5
mm mais próximos.
2.2.2 Resistência à compressão
Este ensaio tem como objetivo determinar a resistência à compressão do
concreto de acordo com as determinações da NBR 5739 (ABNT, 2018).
Foi analisada a resistência à compressão de dois concretos, sendo o
primeiro sem reforço de fibras e o segundo reforçado com fibras de polipropileno,
conforme mostra o item 4.1.6. Os rompimentos dos corpos de provas ocorreram 7
dias após a confecção dos mesmos, respeitando a tolerância de tempo estabelecida
pela NBR 5739 (ABNT, 2018).
A NBR 5739 (ABNT, 2018), especifica que antes de iniciar o ensaio deve-se
realizar a limpeza e secagem das faces dos pratos e corpos de provas. Logo em
seguida os corpos devem ser posicionados no centro do prato inferior, para que
possa iniciar o ensaio.
O carregamento deve ser aplicado de forma contínua e sem choques, com
velocidade constante durante todo o ensaio de 0,45 ± 0,15 MPa/s. Quando houver
queda de força que indique ruptura, o carregamento será interrompido e os dados
serão anotados.
De acordo com a NBR 5739 (ABNT, 2018) o cálculo de resistência à
compressão se dá através da seguinte equação:
Equação 1 – Resistência à compressão
Fc =4F
π ∗ D²
Onde:
Fc = Resistencia à compressão (MPa);
F = Força máxima alcançada (N);
D = Diâmetro do corpo de prova (mm).
12
2.2.3 Resistência à tração na flexão
O ensaio de resistência à flexão três pontos foi realizado conforme a ASTM
C78. Esse ensaio consiste, essencialmente, em posicionar um corpo de prova de
formato retangular sob dois suportes colocados nas extremidades e um terceiro que
será colocado sob o corpo de prova para ser flexionado pela prensa. O ensaio em
três pontos de carregamento lento é realizado de forma progressiva, até a ruptura do
corpo de prova, o qual indica a resistência potencial da placa fabricada. A figura a
seguir exemplifica o método deste ensaio.
Figura 5 – Ilustração do ensaio de Resistencia à Tração na Flexão
Fonte: Ruchert (2008)
A resistência à tração na flexão é obtida pela seguinte equação:
Equação 2 – Resistencia à tração na flexão
Rf = 3Pmax × L
2b × h2
Onde:
b = Largura do corpo de prova (mm);
h = Espessura média do corpo de prova (mm);
L = Distância entre eixos dos suportes (mm);
Pmax = Carga de ruptura por flexão (N);
Rf = Resistência à tração na flexão (MPa).
3 RESULTADOS
3.1 Slump Test
13
Após a realização dos traços, realizou-se, ainda com o concreto no estado
fresco, o Slump Test, para identificar a trabalhabilidade do concreto sem adição de
fibras e o com adição. Conforme a norma regente, o abatimento deve ser expresso
em milímetros e arredondando o resultado sempre em para múltiplos de 5. O
resultado do ensaio está representado na seguinte tabela.
Tabela 2 – Resultado Slump Test
TRAÇO ABATIMENTO (mm)
Sem Fibras 15
Com Fibras 10 Fonte: Autor (2019)
Figura 6 e 7 - Slump Test
Fonte: Autor (2019)
3.2 Resistência à Compressão
A tabela a seguir apresenta os dados obtidos por meio da Equação 1, do
ensaio de resistência a compressão, realizado em um período de 7 dias após a
moldagem dos corpos de provas. A unidade de medida dos dados demonstrados é
Mega Pascal.
14
Tabela 3 – Resultado ensaio de Resistência à Compressão
TENSÃO DE RUPTURA A 7 DIAS (MPa)
Teor de Fibras (%)
0 2
19,52 18,61
22,93 17,85
18,54 22,25
20,47 21,22 Fonte: Autor (2019)
O resultado do ensaio de resistência à compressão, pela análise de médias,
indica que o aumento do teor de fibras na mistura não influencia na resistência à
compressão. A Tabela 4 apresenta os resultados da média, desvio padrão e
coeficiente de variação.
Tabela 4 – Dados do ensaio de Resistência à Compressão
Teor de Fibras
(%)
Quantidades de amostras
Carga Mínima (MPa)
Carga Máxima (MPa)
Média (MPa)
Desvio Padrão (MPa)
Coeficiente de Variação
(%)
0 4 18,54 22,93 20,37 1,88 9,25
2 4 18,11 21,22 19,61 1,39 7,11 Fonte: Autor (2019)
3.3 Resistência à Tração na Flexão
Realizou-se o ensaio e calculou-se a resistência à tração na flexão de
acordo com a Equação 2, para todos os corpos de provas retangulares, no qual
obteve os seguintes resultados que estão representados na Tabela 5.
Tabela 5 – Resultado do ensaio de Resistência à Tração na Flexão a 7 dias
Teor de Fibras (%)
0 % 2 %
5,65 6,16
5,39 5,92
4,87 6,27
5,09 5,80
Fonte: Autor (2019)
A Tabela 6 apresenta os resultados da média, desvio padrão e coeficiente de
variação, do ensaio de resistência à tração na flexão.
Tabela 6 – Dados do ensaio de Resistência à Tração na Flexão
Teor de Quantidades Carga Carga Média Desvio Coeficiente
15
Fibras (%)
de amostras Mínima (MPa)
Máxima (MPa)
(MPa) Padrão (MPa)
de Variação (%)
0 4 4,87 5,39 5,18 0,24 4,70
2 4 5,92 6,80 6,29 0,37 5,91 Fonte: Autor (2019)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a análise dos resultados obtidos por meios dos ensaios executados,
pode-se observar que no estado fresco houve uma pequena diferença no
abatimento dos dois traços analisados, sendo no que teve adição de fibras o
abatimento foi inferior, isso dar-se devido a consistência que as fibras trazem para o
concreto, diminuindo sua trabalhabilidade, de forma a dificultar o preenchimento de
formas de concretagem, no qual resulta em um maior serviço de vibração no
concreto, para que ele possa acomodar-se, sem deixar que aparece ninhos de
concretagem em pilares, vigas e outras estruturas.
Ao analisar os resultados encontrados com o ensaio de resistência a
compressão, conclui-se que a adição das fibras não proporcionou um aumento muito
significante de resistência ao concreto, pois a diferença entre as médias dos traços é
de apenas 3,73%, sendo ainda, que o concreto com adição apresentou a menor
resistência. Isso demonstra que as fibras não influenciam quando se trata de
esforços à compressão.
No ensaio de resistência à tração na flexão, as fibras tiveram um melhor
resultado, pois estas, proporcionaram um aumento um tanto quanto significativo na
resistência do concreto. A diferença entre o concreto com teor de 0% de fibras e o
com a adição de 2% fibras, foi de aproximadamente 17,65%. Esta diferença está
relacionada ao comportamento das fibras no interior do concreto, que agem como
pontes, que transferem tensões através das fissuras quando as estruturas são
expostas à elas, impedindo o acumulo de tensões nas extremidades das peças de
concreto, de forma a minimizar a aparição de fissuras, no que acaba por retardar ou
até mesmo impedir o colapso da estrutura.
Contudo, conclui-se que a resistência à compressão que as fibras de
polipropileno apresentam, é praticamente igual a resistência do concreto
convencional, tendo em vista ainda que, ao adicionar as fibras ocorre um diminuição
16
da trabalhabilidade do concreto, devido a consistência adquirida com a adição das
fibras. Entretanto, as fibras são uma alternativa que promove benefícios na
elaboração de estruturas que sofrerão esforços de flexão, pois apresentou
resistência significativamente superior ao concreto convencional nesse quesito.
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211: Agregado para concreto - Especificação. Rio de Janeiro, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 67: Concreto – Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone. Rio de Janeiro, 1998.
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GÓIS, F. A. P. Avaliação experimental do comportamento de concreto fluido reforçado com fibras de aço: Influência do fator de forma e da fração volumétrica das fibras nas propriedades mecânicas do concreto. 2010. 162f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Centro de Tecnologia, UniversidadeFederal de Alagoas, Maceió, 2010.
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18
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