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ISBN: 978-85-7282-778-2 Página 1
ANIMAIS SINANTRÓPICOS NO CAMPUS I DA UDESC -
FLORIANÓPOLIS/SC
Weslley Luan Soares (a), Jairo Valdati (b)
(a) Departamento de Geograifa, Universidade do Estado de Santa Catarina, [email protected]
(b) Departamento de Geograifa, Universidade do Estado de Santa Catarina, [email protected]
Eixo: II WORKBIO – Workshop de Biogeografia Aplicada
Resumo/
O presente trabalho tem por objetivo a identificação do caráter e do grau de sinantropismo
dos animais silvestres encontrados no Campus I da Universidade do Estado de Santa Catarina.
Localizado em Florianópolis, o Campus I está inserirido em área circundada por vegetação de
mangue e de áreas com vegetação de Mata Atlântica, além de vias e edificações. O trabalho foi
realizado por meio de observações de campo e elaborçao de mapas em gabinete. Partiu-se pela
elaboração de um zoneamento dos ambientes encontrados no Campus e também inseridos pontos
de avistamentos dos animais encontrados ao longo de observações realizadas nas quatro estações
do ano. Com isto foi possível compreender certos tipos de relação que a fauna estabelece com
áreas alteradas e como estes animais se adaptaram às áreas urbanas recebendo assim um caráter
sinantrópico (passagem, utilização de recursos, permanência, descanso e/ou deslocamento) e grau
sinantrópico (animal frequente, comum, acidental e ocasional).
Palavras chave: Sinantropismo, Fauna urbana, UDESC, Florianópolis.
1. Introdução
O objetivo deste trabalho é determinar o caráter e o grau de sinantropismo para a
fauna urbana encontrada dentro do Campus I da Universidade do Estado de Santa Catarina
(UDESC). A fauna urbana pode ser dividida em três grupos, os animais domésticos (cães,
gatos e algumas aves de criação), animais nocivos (pombos, ratos e baratas) e os animais
silvestres, os quais se adaptaram a viver nas localidades urbanizadas, ou simplesmente as
utilizam de maneira transitória (como as aves migratórias) (SÃO PAULO, 2013; Id., 2013).
Estes animais, tidos como fauna urbana, são caracterizados por indivíduos de uma gama de
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espécies que se utilizam dos ambientes urbanizados para diversos fins, como nidificação,
alimentação, proteção e outros.
Segundo a Instrução Normativa 141/2006 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o sinantropismo é dado por populações de
animais que se adaptaram a ambientes urbanizados. Tal Instrução Normativa, ainda define os
animais sinantrópicos como, as populações de animais exóticos e nativos (silvestres) que se
encontram em áreas urbanas, além de sua relação com as mesmas, sendo como local de
descanso, via de deslocamento, bem como seu habitat por terem se adaptado a ele (BRASIL,
2006). Os animais sinantrópicos têm se adaptado ao meio urbano, de maneira que usufruam
deste ambiente da melhor forma, como utilizar os recursos humanos descartados para
construção de ninhos ou até mesmo alimentação, além das estruturas urbanas proporcionarem
em alguns casos, um excelente abrigo contra predadores.
Desales-Lara; Francke; Sánchez-Nava (2013) dizem que é possível classificar certas
espécies de aranhas em quatro níveis de sinantropismo, usando parâmetros como: abundância
e frequência de acordo com a densidade da espécie em determinado local, os quais foram
representados em gráfico.
Figura 1 - Gráfico dos graus de sinantropismo. Fonte: DESALES-LARA; FRANCKE; SÁNCHEZ-
NAVA (2013). Tradução nossa.
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A área de estudo abrange os limites do Campus I da UDESC ocupa
aproximadamente 76.000 m². Localizado na porção centro-oeste da Ilha de Santa Catarina, o
Campus I se está posicionado na interseção da Avenida Madre Benvenuta e da Rodovia
Admar Gonzaga, no bairro Itacorubi, fazendo parte da bacia do rio Itacorubi.
A área de estudo (Figura 2) pode ser considerada uma faixa de transição entre os
ambientes de Mata Atlântica e manguezal. A vegetação presente nas encostas do Maciço do
Itacorubi (um dos divisores da bacia do rio Itacorubi) é Mata Atlântica secundária, enquanto a
área em direção à foz apresenta vegetação de manguezal. No Campus é observada uma
variabilidade de plantas frutíferas, sendo algumas dessas espécies exóticas, como as nêsperas
(Eriobotrya japonica) dispostas com intuito paisagístico, mas que atraem animais que se
alimentam de seus frutos.
Figura 2 - Mapa de localização da área de estudo. Elaborado pelo autor em 2017.
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2. Materiais e Métodos
O levantamento da fauna realizado neste trabalho se deu em duas etapas, sendo elas,
a busca in loco dos animais no Campus, por meio de observações e outra em pesquisas
documentais. Para o levantamento em documentos, buscou-se as listas dispostas em Estudo de
Impactos Ambientais (EIA) disponibilizados pelos órgãos responsáveis em Florianópolis,
bem como em bibliografia especializada. Vale ressaltar que não foram realizados
procedimentos por meio de descritores das espécies, pois o objetivo principal do trabalho era
de relacionar a espécie ao seu ambiente.
Segundo Furlan (2011) o intervalo biológico se faz muito importante nos estudos de
campo biogeográfico. As observações de campo para coleta de dados foram realizadas num
período de oito meses, os quais compreendem o período letivo disposto no calendário
acadêmico da UDESC. As observações de campo foram realizadas de forma direta e indireta,
com buscas ativas e de sentinela com duração de aproximadamente 1h, para detectar espécies
de répteis, anfíbios e de mamíferos dentro dos limites do Campus em períodos alternados do
dia em cada estação do ano.
Para as espécies de anfíbios optou-se pelo uso de gravações da vocalização, pois
apresentam hábitos mais noturnos e são de difícil visualização. Foram registradas as
vocalizações e identificados os ambientes mais próximos das ocorrências da espécie.
Para os répteis, buscou-se por vestígios de alimentos deixados, como cascas de ovos,
restos de frutos. Foram feitas buscas em meio à serapilheira, mas principalmente próximo das
rachaduras das edificações e em locais com maior recepção de luz solar, nos horários de
maior incidência de insolação.
No caso dos mamíferos procurou-se gravar vídeos para os de rápida movimentação, e
busca de vestígios como, pegadas, fezes e outros, sendo feitos registros fotográficos para as
espécies mais habituadas a presença humana.
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Para elaboração dos mapas fez-se uso de uma ortoimagem/mosaico do Campus I -
UDESC, a qual foi produzida em 05 de novembro de 2016 por Martins - GEOLAB (2016).
Gerada no imageador de Remotely Piloted Aircraft (RPA) ou drone multirrotor (DJI
MATRICE 100). Além desta, foi inserida a restituição hídrica e ortofoto digital com resolução
de 0,39m, a fim de complementar o mapa, elaborados em levantamento aerofotogramétrico do
estado de Santa Catarina (2013) feito pela Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (SDS).
A delimitação dos ambientes foi realizada a partir das imagens aéreas e de
reconhecimento de campo, e, representados em 7 polígonos. Usaram-se tons de cinza para as
áreas construídas e escalas de verde para representar as áreas vegetadas, mesmo que estas
estejam alteradas por ação antrópica, e, tons de azul para as áreas úmidas.
Os pontos de avistamento da fauna foram feitos a partir dos dados coletados em
campo no período de fevereiro a outubro de 2017, abrangendo os pontos de avistamentos das
espécies. Para cada espécie da fauna foi definido um símbolo pontual para representação. As
classes (répteis, anfíbios e mamíferos) trabalhadas receberam uma cor que se evidenciasse no
mapa: amarelo para os répteis, laranja para os anfíbios e lilás para os mamíferos. Os mapas
foram elaborados em escala 1:2000.
A partir das observações e registos feito em campo foi definido em gabinete o caráter
e o grau de sinantropismo. Com uso dos mapas foram avaliados o período de maior
ocorrência para cada espécie, de acordo com o turno do dia (manhã, tarde e noite) e estação
do ano (verão, outono, inverno e primavera). Em seguida, analisou-se o ambiente de
preferência, e por fim, foram definidas as características sinantrópicas baseadas na Instrução
Normativa 141/2006 do IBAMA (BRASIL, 2006), e feitas análise dos tipos de relações que
estas espécies possuem com a área de estudo, com base nas suas adaptações sinantrópicas
observadas em campo. A caracterização sinantrópica de cada espécie foi definida a partir da
adaptação da classificação apresentada por Desales-Lara; Francke; Sánchez-Nava (2013), a
qual se baseia na abundância e frequência (em dados quantitativos) dos indivíduos em certos
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locais. Entretanto não foi quantificada a abundância das espécies no Campus. Por isso, foi
apenas utilizada a frequência de suas ocorrências no período de observação.
Sendo assim, foram classificadas, qualitativamente, de acordo com os dados de
campo, da seguinte forma: animais comuns (frequentes e observados em três ou mais
estações); animais frequentes (frequentes e observados entre duas e três estações); animais
ocasionais (pouco frequentes e observados em uma ou mais estações), e; animais acidentais
(pouco frequentes e observados em apenas uma estação). Vale ressaltar que o termo comum é
derivado de comumente visto, ou seja, tem a maior frequência do que as espécies frequentes.
3. Resultados e Discussões
Apresentam-se dois grupos de resultados, o primeiro o mapeamento dos ambientes,
de acordo com a cobertura do solo e o segundo os animais que habitam estes ambientes, bem
como seu grau e caráter sinantrópico.
Os ambientes foram divididos em antrópicos e naturais para melhor analisar quais as
espécies têm preferências e podem ser mais facilmente avistadas. Foram delimitados sete
ambientes (Figura 3), sendo apenas um classificado como ainda natural. Vale ressaltar que
todo este ambiente considerado natural também sofre ação antrópica, porém o que foi
considerado como ambiente natural o que apresenta menor atividade antrópica em relação aos
outros ambientes. Sendo assim, os ambientes são os de: Área florestada (considerado natural);
Área tipo parque; Área de gramíneas; Área alagada; Lago; Estacionamento; e Edificação.
Foram registrados nas campanhas de campo um total de 58 (cinquenta e oito) pontos
de avistamentos, sendo 4 (quatro) pontos de anfíbios, 27 (vinte e sete) pontos de mamíferos e
27 (vinte e sete) pontos de répteis. Pode-se notar que os répteis possuem uma ampla
distribuição pelo Campus I, sendo presentes em todos os ambientes em diferentes estações do
ano. Os anfíbios se concentram apenas nas áreas com maior umidade, entretanto são
constantes em todas as estações. Por fim, os mamíferos demonstram preferência nas áreas
florestadas ou do tipo parque, onde são encontradas as espécies vegetais frutíferas e locais
para abrigos, entretanto são avistadas em diversos ambientes.
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Figura 3 - Mapa de avistamentos da fauna e ambientes do Campus I da UDESC
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O levantamento da fauna resultou em 16 (dezesseis) espécies, divididas entre répteis,
anfíbios e mamíferos. Como exemplo de resultado é apresentado um representante de cada
uma das classes trabalhadas. Apresenta-se para cada espécie o ambiente, que serve de habitat,
o caráter sinantrópico, a estação de avistamento e o grau de sinantropismo (tabela 1).
Tabela 1 - Lista dos animais sinantrópicos do Campus da UDESC
ESPÉCIE AMBIENTE CARÁTER
SINANTRÓPICO
ESTAÇÃO
OBSERVADA GRAU SINANTRÓPICO
Jacaré-de-papo-
amarelo (Caiman
latirostris)
Lago e afluente do rio
Itacorubi
Utilização de recursos,
permanência e descanso
Verão, outono, inverno
e primavera Animal comum
Tartaruga-tigre-
d’água (Trachemys
dorbgini)
Lago Permanência, descanso e utilização de recursos
Primavera Animal ocasional
Cágado-pescoço-de-
cobra (Hydromedusa
tectifera)
Lago e área florestada Passagem ou
deslocamento Outono Animal acidental
Cobra-jararaca
(Bothrops jararaca) Edificação
Passagem ou
deslocamento Verão Animal acidental
Cobra-d’água (Liophis
miliaris)
Estacionamento, área florestada e tipo parque
Passagem, deslocamento e descanso
Outono e primavera Animal ocasional
Lagarto-teiú
(Tupinambis merianae)
Edificação,
estacionamento, área
tipo parque, gramíneas e florestada
Descanso, permanência
e utilização de recursos Outono e primavera Animal frequente
Lagartixa
(Hemidactylus maboia) Edificações
Permanência e
utilização de recursos
Verão, outono e
primavera Animal frequente
Cobra-cega
(Gymnophionas Spp.) Área tipo parque
Passagem ou
deslocamento Verão Animal acidental
Rã (Leptodactylus
latrans)
Área alagada, tipo parque e florestada
Permanência Verão, outono, inverno
e primavera Animal comum
Sagui (Callithrix
penicillata)
Área florestada e tipo parque
Utilização de recursos,
passagem e
deslocamento
Verão, outono, inverno e primavera
Animal comum
Macaco-prego
(Sapajus nigritus)
Área florestada e tipo parque
Utilização de recursos e descanso
Outono, inverno e primavera
Animal comum
Tamanduá-mirim
(Tamandua
tetradactyla)
Área de gramíneas Deslocamento ou
passagem Outono Animal acidental
Rato (Rattus sp.) Estacionamento e
edificações Permanência e
utilização de recursos Outono e inverno Animal ocasional (nocivo)
Lontra (Lontra
longicaudis)
Lago e afluente do rio Itacorubi
Passagem ou
deslocamento e
utilização de recursos
Primavera Animal acidental
Gambá-de-orelha-
preta (Didelphis aurita)
Edificações, Área de
gramíneas, tipo parque e florestada
Utilização de recursos, descanso, permanência e
deslocamento ou
passagem
Outono, inverno e
primavera Animal comum
Morcego (Chiroptera
sp./ Artibeus sp. )
Área tipo parque e florestada
Utilização de recursos, descanso e permanência
Outono, inverno e primavera
Animal comum
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018
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3.1 Ambientes Mais Antropizados
Os ambientes mais antropizados foram caracterizados por aqueles em que houve
completa ou uma significativa alteração do ambiente original. Seis dos sete ambientes foram
caracterizados por receberem diversas alterações, desde construções até mudanças com
intuitos paisagísticos. Sendo assim, os ambientes considerados mais antropizados são: Área
tipo parque, Área de gramíneas, Área alagada, Lago, Estacionamento e Edificação.
As áreas tipo parque e de gramíneas possuem semelhanças, pois foram alteradas com
fins paisagísticos e tornar os ambientes mais agradáveis aos frequentadores. A principal
característica que difere as duas áreas são a presença de árvores esparsas em meio às
gramíneas nas áreas tipo parque, sendo ausente nas áreas de gramíneas.
Os estacionamentos e as edificações são as áreas mais alteradas, foram construídas
para atender o público frequentador da UDESC. Os estacionamentos são áreas pavimentadas
com lajotas na maior parte, ou com britas. Enquanto as edificações estão representadas pelos
centros de ensino e outros, podendo ter até três pavimentos.
O lago e a área alagada são as duas áreas úmidas encontradas no Campus e são de
grande importância, uma vez que permitem a permanência de certas espécies. O lago possuí
ligações com os afluentes do rio Itacorubi, permitindo a entrada de água salobra em
determinadas ocasiões. Enquanto a área alagada se encontra em uma área mais baixa do
terreno junto da drenagem tamponada.
3.2 Áreas Menos Antropizadas
A área considerada menos antropizada foi classificada como área florestada, tal área
foi caracterizada pela presença de vegetação mais densa e que se assemelhasse aos ambientes
originais dos sopés das encostas. Apesar de serem encontradas interferências antrópicas
principalmente na zona de borda, com a inserção de espécies exóticas, esta área é de
preferência por grande parte dos animais do Campus. O estágio avançado de sucessão vegetal,
tipo capoeirão, permite estratos vegetais diferenciados.
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3.3 Jacaré-de-papo-amarelo
Na área de estudo, o jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) pode ser visto com
regularidade no lago, localizado próximo à estrutura da academia, e, também às margens do
rio Itacorubi. Quanto ao seu caráter sinantrópico são citadas a utilização de recursos,
permanência e descanso, visto que este é visto na maior parte das vezes em locais de maior
incidência de luz solar, buscando regulação térmica corpórea. Por sua presença frequente
quase que diariamente é visto na área de estudo, em todas as estações do ano, seu grau de
sinantropismo é classificado como animal comum.
3.4 Rãs
No Campus, as rãs (Lepdodactilus latrans) são encontradas em três ambientes
distintos: na área florestada próxima à academia, na área alagada em frente à FAED e na área
tipo parque próximo da ESAG. Estes ambientes apesar de distintos quanto à cobertura do solo
são úmidos e condicionados a alagamentos em períodos de maior pluviosidade. No lago, no
entanto, não foi audível nenhum tipo de vocalização anfíbia, acredita-se que por receber águas
salinas em casos isolados (alta pluviosidade junto da maré alta) reduz/anula a presença de
espécies das rãs, uma vez que a osmorregulação cutânea dos anfíbios ressecaria a pele dos
mesmos, podendo levar a morte.
O caráter sinantrópico das rãs é dado por estarem permanentemente em ambientes
antropizados do Campus corroborando com a caracterização de permanência dada pela
Instrução Normativa de Brasil (2006) da fauna sinantrópica. Por serem frequentemente
ouvidas na área de estudo e presentes em todas as estações do ano, as rãs são classificadas
como animais comuns em seu grau de sinantropismo.
3.5 Gambás
Os gambás-de-orelha-preta ou saruês (Didelphis aurita), são animais de hábitos
solitários e costumam aparecer entre os finais de tarde e noite, conforme observado em
campo. Foram registrados gambás em diversos ambientes, sendo eles: as áreas tipo parque, de
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gramíneas, nas edificações e áreas florestadas. A observação destes animais se deu em três
estações, sendo elas: o outono, inverno e a primavera. Seu caráter sinantrópico pode ser
facilmente assinalado pela utilização de recursos, como as estruturas de edificações e por
serem encontrados revirando lixeiras, além de descanso, permanência, visto a descoberta de
dois abrigos na área de estudo (nas edificações do CEART e FAED), além de deslocamento e
passagem, quando são mais facilmente observados. Os gambás são animais frequentes na área
de estudo e por terem sido registrados em três estações do ano (outono, inverno e primavera),
foram classificadas como animal comum em seu grau de sinantropismo.
4. Considerações Finais
Com a expansão das áreas urbanas tem havido uma redução das paisagens naturais,
além do aumento de ruídos, poluentes e outros. Apesar destas novas condições, a fauna
silvestre tem encontrado maneiras de se adaptar em meio a estas novas condições.
Nota-se que alguns animais têm maior abrangência em pontos de avistamentos em
diversidade de áreas, algumas são atraídas pela abundância de alimentos (como os roedores),
atraindo por sua vez seus predadores (alguns répteis como cobras e lagartos), os quais buscam
abrigo de seus predadores em meio as edificações. Nota-se também que grande parte da fauna
encontrada, apesar de serem observadas entre as áreas construídas, tem preferências pelas
áreas vegetadas. Ainda que os estacionamentos e áreas construídas não disponibilizarem
alimentos, estes servem como abrigos ou vias de passagem para a fauna.
Quanto ao sinantropismo, a caracterização deste a partir da Instrução Normativa
(BRASIL, 2006), possibilita ver este termo como algo mais abrangente nas interações
ecológicas. A análise do sinantropismo gera uma nova categorização dentro das interações.
Com este estudo mostramos que o sinantropismo deve ser visto também em seu viés positivo
e não somente como animais nocivos ao ambiente de ocupação humana.
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5. Referências Bibliográficas
DESALES-LARA, M. A. FRANCKE, O. F. SÁNCHEZ-NAVA, P. Diversidad de arañas
(Arachnida: Araneae) em hábitats antropogênicos. Revista Mexicana de Biodiversidad,
Ciudad de México, v. 8. p. 291-305, mar 2013. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/262503693_Diversidad_de_aranas_Arachnida_Ar
aneae_en_habitats_antropogenicos>. Acesso em: 23 de maio de 2017.
BRASIL. Instrução normativa nº. 141, de 19 de dezembro de 2006. Regulamenta o controle e
o manejo ambiental da fauna sinantrópica nociva. Diário Oficial da União, 20 de dezembro de
2006. p. 139-140. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/legislacao
/IBAMA/IN0141-191206.PDF>. Acesso em: 12 de nov de 2017.
FURLAN, S. A. Técnicas de Biogeografia. In: VENTURI, L. A. B. (Org.). Geografia:
práticas de campo, laboratório e sala de aula. São Paulo: Editora Sarandi, 2011.p. 135 – 170.
MARTINS, J. D. B. (GEOLAB). Ortoimagem/mosaico do Campus I – UDESC. Resolução
112 GSD: 3,8cm. Altura do voo: 100m. Imagem de RPAs multirrotor (DJI Matrice 100). 05
de nov de 2016.
SANTA CATARINA, Secretaria de Desenvolvimento Sustentável: levantamento
aerofogramétrico do estado de Santa Catarina 2010 – 2013. Restituição hídrica e ortofoto
digital. 2013.
SÃO PAULO (Estado) Secretária do Meio Ambiente/Coordenadoria de Educação Ambiental.
Fauna urbana, v. 1. PIEDADE, H. M. São Paulo: SMA/CEA, 2013. 216 p.; (Cadernos de
Educação Ambiental, 17, vol. I). Disponível em:
<https://www.ambiente.sp.gov.br/publicacoes/2011/10/06/17-fauna-urbana-volume-1/>.
Acesso em: 24/01/2019.
SÃO PAULO (Estado) Secretária do Meio Ambiente/Coordenadoria de Educação Ambiental.
Fauna urbana, v. 2. PIEDADE, H. M. São Paulo: SMA/CEA, 2013. 177 p.; (Cadernos de
Educação Ambiental, 17, vol. I). Disponível em: <
https://www.ambiente.sp.gov.br/publicacoes/2011/10/06/17-fauna-urbana-volume-2/>.
Acesso em: 24/01/2019.