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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS - UFGD
LUZIMEIRE DOS SANTOS TEIXEIRA
PROJETO DE INTERVENÇÃO: SAÚDE PLENA NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Dourados2011
ii
LUZIMEIRE DOS SANTOS TEIXEIRA
PROJETO DE INTERVENÇÃO: SAÚDE PLENA NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA
FAMÍLIA
DOURADOS – MS
Projeto de Intervenção apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do curso de Pós Graduação à nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família, sob orientação do Prof. MSc. Fernando......
iii
2011LUZIMEIRE DOS SANTOS TEIXEIRA
PROJETO DE INTERVENÇÃO: SAÚDE PLENA NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA
FAMÍLIA
Aprovada em ____/____/____
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
Projeto de Intervenção apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do curso de Pós Graduação à nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família, sob orientação do Prof. MSc. Fernando......
iv
Dedico este trabalho ao Poderoso
Deus, que fez os Céus, a Terra, e a mim. A minha família,
pois é à motivação e incentivo deste acontecimento.
“O amor é o único nexo permanente
válido nas relações familiares. Amar e ser amado é um
desejo de todos. E também um direito que a sociedade
deveria proteger e estimular.” (Knobel, 1992).
v
AGRADECIMENTOS
A vida é cheia de momentos dos quais nem sempre estamos prontos para encara - lós.
Momentos de conquistas, alegrias, tristezas. Independente de qual seja, é sempre preciso um
apoio. Ter alguém para chorar, reclamar, se alegrar, estressar, sonhar e muitas outras coisas
que somente pessoas quem amam, faz.
Neste contexto quero agradecer primeiramente ao Nosso Senhor Jesus Cristo, que
foi, é sempre será meu amigo verdadeiro, fiel. Capaz de realizar grandes maravilhas, somente
para me alegrar. Nos maiores momentos de fraqueza, Ele carregou-me em seu colo, com
muita força e ânimo. “Senhor, sou grata pelo amor, carinho e pela grande obra que tem
realizado em minha vida”.
A minha família por ser minha base, meu abrigo e minha eterna alegria, da qual tenho
grande prazer em fazer parte. Em especial ao meu amigo e esposo, Jair, por toda caminhada
que fizemos juntos até o dia de hoje, e as pelas próximas que virão. Pela paciência e pela
compreensão, por me aturar, me ajudar e me fazer feliz. Ao meu Filho querido Gabriel razão
da minha vida e de todas minhas lutas e conquistas já almejadas.
Ao professor Fernando, pela paciência, ensino, e confiança me encaminhando para
este acontecimento.
Meu eterno carinho e gratidão a todos os colegas de trabalho da Secretaria de
Municipal de Saúde, que contribuíram para meu crescimento profissional e pessoal. E a todos
os profissionais trabalharam na execução deste projeto.
Em especial agradeço aos amigos: Marlayne, Marcio e Lorraine que me incentivaram
e fizeram deste acontecimento uma realidade, tenho um grande respeito e admiração por
vocês. O meu muito obrigado, sem vocês este projeto de intervenção não seria uma realidade.
“Eu pedi Força e Deus me deu dificuldades para me fazer forte. Eu pedi Sabedoria e
Deus me deu Problemas para resolver. Eu pedi Prosperidade e Deus me deu Cérebro e
Músculos para trabalhar. Eu pedi Coragem e Deus me deu Perigo para superar. Eu pedi Amor
e Deus me deu pessoas com Problemas para ajudar. Eu pedi Favores e Deus me deu
Oportunidades. Eu não recebi nada do que pedi, mas eu recebi tudo de que precisava.”(autor
desconhecido)
vi
“... e, se clamares por inteligência e por
entendimento alcançares a voz, se buscares a sabedoria como a
prata e como a tesouros escondidos a procurares, então, entenderás
o temor do SENHOR e acharás o conhecimento de Deus. Porque o
SENHOR dá a sabedoria, e da sua boca vem a inteligência e o
entendimento.” (Prov. 2:3; 6)
vii
RESUMO
De acordo com a Política Nacional de Atenção Básica, a Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde (BRASIL, 2006). As ações de promoção da saúde devem combinar três vertentes de atuação: incentivo, proteção e apoio, sendo estas vertentes combinadas à iniciativas dirigidas aos indivíduos e coletividades e, também, ao ambiente, entendido como os diversos âmbitos da vida cotidiana (comunidade, escola, ambiente de trabalho, meios de comunicação, comércio etc.). Neste sentido, o Projeto de Intervenção Saúde Plena na Estratégia de Saúde da Família tem por objetivo promover ações de promoção e proteção à saúde da população, a prevenção de doenças e agravos à saúde e seus fatores de risco, assim como a garantia de acesso à assistência para a população que em virtude do trabalho não disponibiliza de tempo para participar das ações desenvolvidas nas unidades de saúde. Trata-se de um projeto piloto que será posteriormente estendido a todas as Equipes de Saúde da Família da cidade de Dourados no decorrer do ano de 2011 e 2012. A Proposta Metodológica deste projeto de intervenção foi elaborada com base em uma metodologia participativa, isto é, com o envolvimento direto dos técnicos e gestores do município de Dourados, consiste em um relato de experiência vivenciado pela equipe de Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde do município de Dourados-MS. O Projeto Intervenção Saúde Plena na Estratégia de Saúde da Família teve como proposta desmistificar o modelo de saúde atual, que ainda está centrado na figura do médico, levando à comunidade uma nova proposta de atendimento, voltado para a promoção da saúde e prevenção de agravos à saúde na intenção de provocar mudanças no estilo de vida para uma vida mais saudável. O projeto em questão nos mostra que a saúde ainda tem muito que avançar no campo da promoção e prevenção de agravos, pois a população ainda está centrada no modelo médico de atendimento, dando pouca importância às ações de promoção à saúde.
Palavras Chave: Promoção a Saúde, Qualidade de Vida, Hábitos Saudáveis de Vida.
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ix
LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas e TécnicasACS Agentes Comunitários de SaúdeCAM Centro de Atendimento a Mulher DST Doenças Sexualmente TransmissíveisESF Estratégia de Saúde da FamíliaEACS Estratégia de Agentes Comunitários de SaúdeMS Ministério da SaúdeNASF Núcleo de Apoio a Saúde da FamíliaOMS Organização Mundial de SaúdePAISM Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher SEMS Secretaria Municipal de SaúdeSES Secretaria Estadual de SaúdeSIAB Sistema de Informação da Atenção BásicaSISMAMA Sistema de Informação do Câncer de MamaSISVAN Sistema de Vigilância Alimentar e NutricionalSUS Sistema Único de SaúdeTCC Trabalho de Conclusão de CursoUBS Unidade Básica de Saúde
SUMÁRIO................................................................................................ LISTA DE SIGLAS.....................................................................................................................................................9
1. Introdução.................................................................................................................11
1.1. Objetivos da Pesquisa...................................................................................15
2. Objetivo Geral...........................................................................................................15
2.1. Objetivos Específicos....................................................................................152.1.1.Saúde da Mulher..................................................................................152.1.2.Saúde do Homen..................................................................................16
3. Referencial Teórico...................................................................................................17
3.1. Atenção Básica..............................................................................................183.2. A Estratégia Saúde da Família (ESF)...........................................................213.3. Saúde da Mulher...........................................................................................223.4. Saúde do Homem..........................................................................................243.5. Controle do Câncer de Colo do Útero e de Câncer de Mama.......................263.6. Planejamento Familiar..................................................................................293.7. Prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis....................................313.8. Avaliação do Estado Nutricional e Incentivo a Atividade Física.................333.9. Controle e Prevenção do Tabagismo............................................................36
4. Metodologia...............................................................................................................38
5. Análises dos Resultados............................................................................................40
6. Considerações Finais................................................................................................44
7. Referências Bibliográficas........................................................................................45
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11
INTRODUÇÃO
Em 1986, a 8ª. Conferência Nacional de Saúde (CNS) tinha como tema “Democracia
é Saúde” e constituiu-se em fórum de luta pela descentralização do sistema de saúde e pela
implantação de políticas sociais que defendessem e cuidassem da vida (BRASIL, 1986). Era
um momento chave do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira e da afirmação da
indissociabilidade entre a garantia da saúde como direito social irrevogável e a garantia dos
demais direitos humanos e de cidadania. O relatório final da 8ª CNS lançou os fundamentos
da proposta do SUS (BRASIL, 1990).
Na base do processo de criação do SUS encontram-se: o conceito ampliado de saúde,
a necessidade de criar políticas públicas para promovê-la, o imperativo da participação social
na construção do sistema e das políticas de saúde e a impossibilidade do setor sanitário
responder sozinho à transformação dos determinantes e condicionantes para garantir opções
saudáveis para a população. Nesse sentido, o SUS, como política do Estado brasileiro pela
melhoria da qualidade de vida e pela afirmação do direito à vida e à saúde, dialoga com as
reflexões e os movimentos no âmbito da promoção da saúde. (PNPS, 2006)
Na Constituição Federal de 1988, o Estado brasileiro assume como seus objetivos
precípuos a redução das desigualdades sociais e regionais, a promoção do bem de todos e a
construção de uma sociedade solidária sem quaisquer formas de discriminação (BRASIL,
1988).
Neste contexto, a garantia da saúde implica assegurar o acesso universal e igualitário
dos cidadãos aos serviços de saúde, mas também a formulação de políticas sociais e
econômicas que operem na redução dos riscos de adoecer.
Neste pressuposto em 1994 começaram a ser formadas as primeiras equipes do
Programa de Saúde da Família, com o objetivo de reorganizar, em substituição ao modelo
tradicional de assistência (BRASIL, 2001).
Atualmente de acordo com a Política Nacional de Atenção Básica, a Atenção Básica
caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que
abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o
tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde (BRASIL, 2006).
Sendo assim a Atenção Básica é adotada para definir a Atenção Primária à Saúde,
tendo como estratégia principal de atuação a Saúde da Família. A Atenção Básica precisa
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valorizar e priorizar as atividades de promoção da saúde, reconhecer a saúde como direito e
orientar-se pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), no qual destaca -
se a universalidade, a acessibilidade, a coordenação do cuidado, do vínculo, da continuidade,
da integralidade, da responsabilização, humanização, equidade e a participação popular.
O usuário do SUS deve ter preferencialmente o seu primeiro contato com o Sistema
de Saúde através da Atenção Básica. Para isso o Programa de Saúde da Família carro chefe
do fortalecimento do Sistema Único de Saúde no país iniciou sua expansão em 1998 e têm-se
constituído um dos pilares para a reorganização do sistema de saúde no Brasil.
No município de Dourados, a situação de saúde não se distância do foco nacional e
em 1998, Dourados aderiu o Programa de Saúde da Família, com a implantação de 02
Equipes de Saúde da Família (ESF): PSF 11 (Cachoeirinha e Vila Erondina II) e PSF 12
(Cachoeirinha, Vila Aparecida, Canaã VI, União Douradense e Morada do Salto).
Seguindo do suposto de que implantação em larga escala seja capaz de reverter uma
lógica histórica de atenção à saúde no Brasil, pautada em modelos de atenção médico-
privatista e sanitarista (MENDES, 1996 e PAIM, 1999), possibilidade que está condicionada
ao modo de operar o Programa de Saúde da Família, de forma a originar novas práticas de
atenção pautadas em modelos de promoção da saúde, Dourados expande a saúde da família
de acordo e atinge a proporção de 71,3% de cobertura em todo município.
Uma das diretrizes da saúde no Brasil que norteia o trabalho das Equipes de Saúde da
Família é a Promoção da Saúde que pode ser definida como o processo de envolvimento da
comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida, incluindo uma maior
participação no controle deste processo. Os indivíduos e grupos devem saber identificar
aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente.
As ações de aconselhamento e de divulgação proposto na Política Nacional de
Promoção a Saúde visa organizar os serviços de saúde de forma a desenvolver ações de
aconselhamento junto à população, sobre os benefícios de estilos de vida saudáveis. Além de
desenvolver campanhas de divulgação estimulando modos de viver saudáveis e objetivando
reduzir fatores de risco para doenças não transmissíveis.
A partir desses princípios, a Estratégia de Saúde da Família e Dourados desenvolvem
ações no campo da promoção da saúde e procuram abranger a construção de políticas públicas
saudáveis, incluindo a criação de ambientes favoráveis à saúde; a reorientação dos serviços de
saúde; o desenvolvimento de habilidades pessoais e o reforço à participação popular.
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As ações de promoção da saúde devem combinar três vertentes de atuação: incentivo,
proteção e apoio, sendo estas vertentes combinadas à iniciativas dirigidas aos indivíduos e
coletividades e, também, ao ambiente, entendido como os diversos âmbitos da vida cotidiana
(comunidade, escola, ambiente de trabalho, meios de comunicação, comércio etc.).
O desafio é ajudar as pessoas a buscarem uma adequação entre os cuidados à saúde e
o seu ritmo de vida, incorporando as mudanças possíveis, sem, no entanto, deixar que esses
cuidados se tornem mais um fator de estresse cotidiano.
Por isso o Projeto de Intervenção Saúde Plena na Estratégia de Saúde da Família tem
por objetivo promover ações de promoção e proteção à saúde da população, a prevenção de
doenças e agravos à saúde e seus fatores de risco, assim como a garantia de acesso à
assistência para a população que em virtude do trabalho não disponibiliza de tempo para
participar das ações desenvolvidas nas unidades de saúde. Ações estas que geralmente são
oferecidas a pequenos grupos de pacientes que procuram o serviço de saúde durante a semana.
Projeto de Intervenção foi desenvolvido na área 52 do NASF 1, ou seja, o público
alvo foi o da Estratégia de Agentes Comunitários – EACS 52 que possui 3188 pessoas
cadastradas, totalizando 1092 famílias gerando uma média de 2,9 pessoas por família. A
população feminina cadastrada é de 1672 mulheres, já população masculina é de 1516
homens, cerca de 4,89% a menos que a população feminina. Cerca de 9% da população são
portadores de doenças crônicas como Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial e a população
acima de 60 anos corresponde a 202 pessoas, ou seja, 6,33% da população total.
Diante dos dados destacamos que 62,67% da população cadastrada são
economicamente ativas, sendo assim composta por adultos jovens que necessitam de
orientações sobre estilos de vida saudáveis. Por serem economicamente ativos dificilmente
procuram a Unidade de Saúde em buscar deste tipo de orientações e, somente procuram pelo
atendimento médico quando realmente estão com algum problema de saúde instalado. Assim
as Ações de Saúde deste projeto foram voltadas a atender em específico à Saúde da Mulher no
que se refere às ações de controle dos cânceres do colo do útero e da mama e a Saúde do
Homem no que se refere à prevenção do câncer de próstata, consulta com clínico geral para
realização de exames (glicemia capilar, colesterol, trigliceres, hemograma completo entre
outros), consulta com odontólogo para primeira avaliação da saúde bucal.
Trata-se de um projeto piloto que será posteriormente estendido a todas as Equipes
de Saúde da Família da cidade de Dourados no decorrer do ano de 2011 e 2012.
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A intenção do projeto de intervenção é ofertar a população de homens e mulheres
economicamente ativos, ações de saúde em horário diferenciado que visem a melhoria da
qualidade de vida destas pessoas.
Nesta perspectiva, para que a promoção da saúde se dê plenamente, é fundamental
que ela não se restrinja a unidade de saúde, devendo ser construída por meio de uma ação
intersetorial e em parceria com os diversos setores da Secretaria Municipal de Saúde. Para
isso o projeto em questão pretende estruturar um sistema capaz de combinar um conjunto de
estratégias e medidas de alcance individual e coletivo, garantido a acessibilidade da população
aos serviços de saúde oferecidos no município de Dourados.
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2. OBJETIVO GERAL
O Projeto de Intervenção Saúde Plena na Saúde da Família têm por objetivo levar à
comunidade um novo modelo de atendimento, voltado para a promoção da saúde e prevenção
de agravos à saúde na intenção de provocar mudanças no estilo de vida para uma vida mais
saudável.
2.1. Objetivos Específicos
2.1.1 Saúde da Mulher
Estimular, na população masculina, através da informação, educação e
comunicação, o auto-cuidado com sua própria saúde;
Fortalecer as ações desenvolvidas no Programa Saúde da Mulher, facilitando e
garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao enfrentamento de doenças;
Estimular a participação nas ações do planejamento familiar,
Promover na população feminina, conjuntamente com o Programa Nacional de
DST/AIDS, a prevenção e o controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção
pelo HIV;
Desenvolver ações de prevenção e controle do Câncer de mama e colo uterino;
Oferecer consulta de Enfermagem para avaliação dos resultados de preventivos já
realizados;
Realizar cadastro do SISVAN nos participantes e orientações nutricionais de
acordo com o estado Nutricional, sendo estes encaminhados a atendimento especializado;
Orientar sobre o Programa de Tabagismo com encaminhamento das interessadas
ao tratamento disponibilizado pelo programa.
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2.1.2 Saúde do Homem
Abordar a população de homens trabalhadores sobre a temática de prevenção de
doenças;
Estimular, na população masculina, através da informação, educação e
comunicação, o auto-cuidado com sua própria saúde;
Fortalecer o Programa Saúde do Homem no cuidado com o homem, facilitando e
garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao enfrentamento de doenças;
Estimular a participação e inclusão do homem nas ações do planejamento
familiar,
Promover na população masculina, conjuntamente com o Programa Nacional de
DST/AIDS, a prevenção e o controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção
pelo HIV;
Promover a atenção integral à saúde do homem desenvolvendo estratégias
voltadas para a promoção da equidade para distintos grupos sociais
Solicitar exames no controle de doenças crônicas como hipertensão e diabetes e
exames para diagnóstico precoce de Câncer de próstata;
Realizar cadastro do SISVAN nos homens participantes e orientações
nutricionais de acordo com o estado Nutricional, sendo estes encaminhados a atendimento
especializado;
Oferecer atendimento ao grupo de homens portadores de doenças crônicas
(hipertensão e diabetes), com orientações e consulta de enfermagem.
Orientar sobre o Programa de Tabagismo com encaminhamento dos interessados
ao tratamento disponibilizado pelo programa.
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3 REFERENCIAL TEÓRICO
A promoção da saúde, como vem sendo entendida nos últimos 20-25 anos,
representa uma estratégia promissora para enfrentar os múltiplos problemas de saúde que
afetam as populações humanas e seus entornos neste final de século. Partindo de uma
concepção ampla do processo saúde-doença e de seus determinantes, propõe a articulação de
saberes técnicos e populares, e a mobilização de recursos institucionais e comunitários,
públicos e privados, para seu enfrentamento e resolução. (BUSS, 2000)
Decorridos pouco mais de dez anos da divulgação da Carta de Ottawa (WHO, 1986),
um dos documentos fundadores da promoção da saúde atual, este termo está associado a um
conjunto de valores: qualidade de vida, saúde, solidariedade, eqüidade, democracia,
cidadania, desenvolvimento, participação e parceria, entre outros. Refere-se também a uma
combinação de estratégias: ações do Estado (políticas públicas saudáveis), da comunidade
(reforço da ação comunitária), de indivíduos (desenvolvimento de habilidades pessoais), do
sistema de saúde (reorientação do sistema de saúde) e de parcerias intersetoriais.
A Carta de Ottawa define promoção da saúde como o processo de capacitação da
comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior
participação no controle deste processo. Subjacente a este conceito, o documento assume que
a saúde é o maior recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, assim como
uma importante dimensão da qualidade de vida. A saúde é entendida, assim, não como um
objetivo em si, senão como um recurso fundamental para a vida cotidiana.
Na base do processo de criação do SUS encontram-se: o conceito ampliado de saúde,
a necessidade de criar políticas públicas para promovê-la, o imperativo da participação social
na construção do sistema e das políticas de saúde e a impossibilidade do setor sanitário
responder sozinho à transformação dos determinantes e condicionantes para garantir opções
saudáveis para a população. Nesse sentido, o SUS, como política do Estado brasileiro pela
melhoria da qualidade de vida e pela afirmação do direito à vida e à saúde, dialoga com as
reflexões e os movimentos no âmbito da promoção da saúde. (PNPS, 2006)
A promoção da saúde, como uma das estratégias de produção de saúde, ou seja,
como um modo de pensar e de operar articulado às demais políticas e tecnologias
desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro, contribui na construção de ações que
possibilitam responder às necessidades sociais em saúde.
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As mudanças no Sistema Único de Saúde com a introdução de inovações nas
Estratégias de Agentes Comunitários de Saúde e nas Estratégias de Saúde da Família têm
ocasionado um extraordinário impulso à qualidade de vida e às condições de saúde, sob a
ótica da promoção da saúde.
Partindo do pressuposto de que a atenção à saúde no Brasil tem investido na
formulação, implementação e concretização de políticas de promoção, proteção e recuperação
da saúde o Projeto de Intervenção aqui apresentado, tem por objetivo levar à comunidade um
novo modelo de atendimento, voltado para a promoção da saúde e prevenção de agravos à
saúde na intenção de provocar mudanças no estilo de vida para uma vida mais saudável.
O que suscita um grande esforço da Estratégia de Saúde da Família para edificação
deste modelo de atenção à saúde, desmistificando o modelo de saúde centrado no médico, ao
qual estamos acostumados.
Nessa direção, o desafio colocado no projeto de intervenção, consiste em propor uma
política transversal, integrada e intersetorial, que faça dialogar as diversas áreas da secretaria
municipal de saúde de Dourados e a sociedade, compondo redes de compromisso e co-
responsabilidade quanto à qualidade de vida da população em que todos sejam partícipes no
cuidado com a saúde.
Contudo, o Projeto de Intervenção Saúde Plena na Estratégia de Saúde da Família
pretende desenvolver ações na área da saúde aproximando a relação Unidade de Saúde e a
comunidade, estimulando a qualidade de vida, com foco na qualidade do viver sem doenças e
na superação das dificuldades dos estados ou condições de falta de saúde, através da
divulgação de informações importantes sobre a Saúde da Mulher e Saúde do Homem, publico
alvo desta ideação.
3.1 Atenção Básica
A atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito
individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de
agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida
por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob
forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas
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quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território
em que vivem essas populações (BRASIL, 2006).
É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde; trazendo os serviços
de saúde o mais próximo possível aos lugares de vida e trabalho das pessoas e constitui o
primeiro elemento de um processo contínuo de atenção em saúde.
Entre os fundamentos da Atenção Básica, a adscrição da população em um território
delimitado, a uma equipe multiprofissional de saúde, é a base para o planejamento e a
programação descentralizada das ações de saúde que devem ser organizadas de modo a
assegurar o acesso universal e contínuo da população a serviços de saúde de qualidade e
resolutivos (BRASIL, 2004).
De acordo com Brasil (2006), a atenção básica, orienta-se pelos princípios da
universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da
integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social.
A abrangência da atenção básica no contexto do SUS revela o seu caráter estratégico
na organização dos sistemas de saúde, o que exige uma imprescindível articulação com a
atenção especializada, a atenção hospitalar e com as ações de vigilância em saúde.
Historicamente no Brasil, a Atenção Básica ocupou um segundo plano na saúde, com
o desenvolvimento de uma atenção à saúde centrada no hospital, nas especialidades médicas e
na utilização de alta tecnologia.
Esse modelo revelou-se caro e pouco eficaz para resolver os problemas da população
brasileira. Por isso a consolidação do SUS exige não apenas a ampliação do acesso aos
serviços de saúde, mas uma restauração da prática assistencial focada na organização de
serviços básicos de qualidade e eficiente, capazes de solucionar cerca de 80% dos problemas
de saúde no país (BRASIL, 2004).
Neste sentido, com a construção política do Sistema Único de Saúde no Brasil, este
cenário da saúde começou a mudar.
O Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser considerado como uma das maiores
conquistas sociais consagradas na Constituição de 1988. Seus princípios apontam para a
democratização nas atuações e nos serviços de saúde que deixam de ser limitados e passam a
ser universais, da mesma forma, deixam de ser centralizados e passam a se nortear pela
descentralização (BRASIL, 2000a).
20
O SUS oferece a materialização de uma nova concepção sobre a saúde em nosso
país. Antes, a saúde era entendida como “estado de não doença”, o que fazia com que todas as
ações girassem em torno da cura de agravos à saúde. Essas ações, que constituem em apenas
diminuir os efeitos com menor destaque nas causas, deram espaço a uma nova noção, focada
na prevenção dos agravos e na promoção da saúde. Para tanto, a saúde passa a ser relacionada
com a qualidade de vida da população, a qual é composta pelo conjunto de bens que
englobam a alimentação, o trabalho, o nível de renda, a educação, o meio ambiente,
saneamento básico, a vigilância epidemiológica, a farmacologia, a moradia, o lazer e outros
(BRASIL, 2000a).
Vale ressaltar que a luta pela instituição do SUS parte da base da sociedade. As
reivindicações orientadoras do movimento, que ficou conhecido por “Movimento Sanitarista”,
eram apresentadas, basicamente, por meio dos secretários municipais de saúde e foram
catalisadas na VII Conferência Nacional de Saúde realizada em 1986, quando foram
discutidos os princípios norteadores do novo sistema de saúde para o Brasil. As resoluções
dessa Conferência se converteram em parâmetros que mais tarde viriam a ser inscritos na
Conferência de 1988 (BRASIL, 2000a).
Para o Consensus (2008), a atenção básica à saúde, denominação que corresponderia
ao que a literatura internacional tem chamado de atenção primária à saúde, vem sofrendo
inovações importantes desde os anos de 1990, principalmente a partir da expansão de
cobertura pela Estratégia Saúde da Família.
Desde então, o Ministério da Saúde vem desenvolvendo, uma série de reformas do
sistema de saúde que vem atingindo o nível de atenção básica.
Assim, em 1994 foram formadas as primeiras equipes do PSF, hoje responsável pela
cobertura de aproximadamente 50% da população brasileira. Apresentando-se como uma
estratégia da reorganização do sistema de saúde brasileiro (CONSENSUS, 2008).
A estratégia busca melhorar a saúde e a qualidade de vida dos cidadãos, priorizando
ações de prevenção e promoção da saúde de forma integral e contínua.
Esta promoção da saúde esta sendo reconhecida, cada vez mais, como um elemento
essencial para o desenvolvimento da saúde. È um processo para permitir que as pessoas
tenham maior controle sobre sua vida para melhorá-la (RAMOS; MONTICELLI;
NITSCHKE, 2000).
21
E conforme o Consensus (2008), quase 100 milhões de pessoas já são beneficiadas
pela ESF, que vem substituindo o modelo tradicional de atenção básica. A meta do Ministério
da Saúde é alcançar 70% de cobertura até 2011.
3.2 A Estratégia Saúde da Família (ESF)
O Ministério da Saúde (MS), na tentativa de operacionalizar um modelo tecno-
assistencial, pautado nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) propõe, em 1994, o
Programa de Saúde da Família. Uma estratégia para a reorganização da produção de cuidados
de saúde, que tem como objetivo reorientar a prática assistencial em direção a uma assistência
à saúde centrada na família, entendida e percebida a partir de seu ambiente físico e social
(ERMEL; FRACOLLI, 2006).
Ainda de acordo com os autores citado acima, o programa tem como elemento
diferenciador, a concepção de integração com a comunidade e de um enfoque menos
reducionista sobre a saúde, não centrado apenas na intervenção médica.
Bicca e Tavares (2006) descrevem que em 1998, o MS oficializou o PSF através da
Lei n° 2177 de 30/12/98 que estabelece as gestões do programa. Sua filosofia baseia-se na
doutrina do SUS, com o intuito de buscar a reorganização da prática assistencial em novas
bases e critérios. Tendo como objetivo o atendimento ao indivíduo no seu contexto familiar.
Segundo Brasil (2001c), é uma estratégia que prioriza as ações de promoção,
proteção e recuperação da saúde dos indivíduos de da família, do recém-nascido ao idoso
sadio ou doente, de forma integral e contínua.
A Estratégia Saúde da Família (ESF) se concretiza como um novo paradigma de
promoção da saúde, focado principalmente no estabelecimento de vínculos e criação de laços
de compromisso e co-responsabilidade entre os profissionais de saúde e a população
(OLIVEIRA; BORGES, 2008).
A ESF é organizada a partir da definição de território de abrangência, cadastramento
e acompanhamento da população da área. Vista como o primeiro nível de atenção, devendo
dessa maneira, estar integrada com uma rede de serviços com diferentes níveis de
complexidade, estabelecendo um sistema de referência e contra-referência que garanta
resolutividade e possibilite o acompanhamento dos pacientes (BRASIL, 2001c).
22
Conforme Brasil (2001d), são descritos alguns princípios, nos quais a Unidade de
Saúde da Família deve atuar. Sendo eles:
Integralidade e Hierarquização: A unidade de saúde da família está inserida no
primeiro nível de ações e serviços do sistema local de saúde, devendo estar vinculada à rede
de serviços de forma que se garanta atenção integral aos indivíduos e famílias e seja
assegurada a referência e contra-referência para os diversos níveis do sistema, sempre que for
requerida maior complexidade para a resolução de problemas identificados.
Territorialização e adstrição da clientela: Trabalha com território de abrangência
definido e é responsável pelo cadastramento e acompanhamento da população adstrita a esta
área. Recomenda - se que uma equipe seja responsável pelo acompanhamento de, no máximo,
4.500 pessoas.
Equipe Multiprofissional: A equipe de saúde da família é composta por um médico
generalista ou médico da família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e de quatro a
seis Agentes Comunitários de Saúde.
Malta e Santos (2003) descrevem que, as funções da equipe são distribuídas entre
visitas domiciliares, ações programáticas e atendimentos no consultório por médico e
enfermeira, sendo normatizadas fortemente pelo ministério da saúde.
Para Cianciarullo (2002), a atenção centrada na família, entendida e percebida a
partir de seu ambiente físico e social, possibilita às ESFs uma compreensão ampliada do
processo saúde/doença da necessidade de intervenções que vão além das práticas curativas.
A estratégia do Programa de Saúde da Família (PSF) está estruturada na lógica de
atenção básica à saúde, gerando novas práticas setoriais e afirmando a indissociabilidade entre
os trabalhos clínicos e a promoção da saúde. Para tanto, necessita desenvolver processos de
trabalho que estabeleçam uma nova relação entre os profissionais de saúde e a comunidade,
estes processos de trabalho devem se traduzir, especialmente, em termos de desenvolvimento
de ações humanizadas e intersetorialmente articuladas (ERMEL; FRACOLLI, 2006).
3.3 Saúde da Mulher
No Brasil, a saúde da mulher se incorpora às políticas nacionais de saúde nas
primeiras décadas do século XX, tendo como base atender às demandas relativas à gravidez e
23
ao parto. O Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher - PAISM – implantado no Brasil
em 1984, foi resultado das demandas e das lutas do movimento de mulheres e se configurou
como um dos grandes avanços na saúde da mulher por trazer um olhar diferente, integrado e
articulador das dimensões históricas, socioculturais, (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).
Vinte anos depois do PAISM, o Brasil mudou muito, incluindo a situação das
mulheres, sobretudo no campo dos direitos inscritos nas leis. No entanto, ainda é difícil o
cotidiano da maioria das brasileiras, em particular daquelas que se encontram em situação de
vulnerabilidade de classe social/étnica, isto é, as pobres, as negras e as indígenas.
Diante desse processo em 2004, foi realizada a I Conferência Nacional de Políticas
Públicas para as mulheres, e o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde da Mulher, que considerou todas as reivindicações dos segmentos de
mulheres e legitimada pelo Conselho Nacional de Saúde.
São visíveis os esforços dos gestores e das organizações da sociedade civil para
garantir a realização das demandas da população face as exigências constitucionais. Uma das
estratégias da saúde está materializada na atenção primária, realizada por intermédio de
vínculos estabelecidos, ao qual tem como foco central a família e cujo objetivo é desenvolver
ações de promoção, prevenção, tratamento, reabilitação e monitorização do impacto das
ações.
A prática do cuidado familiar ampliado, efetivada por meio do conhecimento da
estrutura e da funcionalidade das famílias que visa propor intervenções que influenciem os
processos de saúde-doença dos indivíduos, das famílias e da própria comunidade.
A Saúde da Família é organizada por meio do trabalho interdisciplinar em equipe,
mediante a responsabilização de Equipes de Saúde da Família (ESF) num dado território –
área de abrangência de uma população adstrita. Trabalha com foco nas famílias, por
intermédio de vínculos estabelecidos, desenvolvendo ações de promoção, prevenção,
tratamento, reabilitação e manutenção da saúde. (CADERNOS DA ATENÇÃO BÁSICA - Nº
13, 2006).
Considerando a visibilidade do pilar das Políticas de Saúde da Mulher, o Projeto de
Intervenção Saúde Plena na Estratégia de Saúde da Família tem como um dos focos atuar na
saúde da mulher através do desenvolvimento de ações de promoção e prevenção que
proporcionem a mulher acessibilidade aos serviços de saúde, já que atenção a saúde da mulher
24
deve ser realizada pela atenção primária, com referência aos serviços de maior complexidade,
rede secundária e terciária na dependência da necessidade.
Analisando os indicadores da saúde da mulher optou-se por atuar nas áreas de
prevenção e detecção precoce dos canceres de colo de útero, planejamento familiar,
prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e avaliação do estado nutricional com
incentivo a atividade física e controle e prevenção do tabagismo.
3.4. Saúde do Homem
Vários estudos constatam que os homens, em geral, padecem mais de condições
severas e crônicas de saúde do que as mulheres e também morrem mais do que elas pelas
principais causas de morte. Entretanto, apesar de as taxas masculinas assumirem um peso
significativo nos perfis de morbimortalidade, observa-se que a presença de homens nos
serviços de atenção primária à saúde é menor do que a das mulheres (Gomes R et al., 2007)
Há autores que associam esse fato à própria socialização dos homens, em que o
cuidado não é visto como uma prática masculina (Gomes R et al.)
A maior presença feminina observada na demanda aos serviços de saúde, muito
provavelmente, está associada a fatores culturais ou sociais. O fato de caber à mulher, em
geral, acompanhar crianças, adolescentes e idosos a esses serviços de saúde, além de, em
determinado período de sua vida, frequentar o pré-natal, faz com que ela se torne,
provavelmente, mais predisposta à utilização desses serviços (Brasil, 2008).
Uma outra questão que reforça a ausência dos homens ao serviço de saúde seria o
medo da descoberta de uma doença grave. Outra dificuldade para o acesso dos homens a esses
serviços é a vergonha da exposição do seu corpo perante o profissional de saúde,
particularmente a região anal, no caso da prevenção ao câncer de próstata. Também é
apontado como um fator que dificulta esse acesso a falta de unidades específicas para o
tratamento da saúde do homem. (Gomes R et al.)
No que tange ao homem, verifica-se que a diminuição da sua mortalidade foi mais
lenta e sempre menor do que a observada no sexo feminino; como decorrência, atualmente, a
vida média masculina é comparativamente menor em todas as regiões do Brasil. É de se
destacar, e de grande interesse para a saúde, que a proporção de idosos é menor entre os
25
homens. No País, em 2001, 7,8% do total de homens estavam na faixa etária igual a 60 e mais
anos e 0,9% tinham no mínimo 80 anos; para as mulheres esses valores foram maiores,
respectivamente, iguais a 9,3% e 1,3%.(Laurenti, R. et al.)
A estratégia de prevenção e promoção da saúde tem de levar em conta a mudança
comportamental, em toda a população, tendo em mente as diferenças de gênero em relação ao
hábito de fumar, ao alcoolismo, ao tipo de dieta, ao ambiente de trabalho, à atividade física,
ao peso corporal, entre outros. Fica bastante claro que a presença de muitas doenças que
afetam a população, muitas vezes mais acentuadamente a masculina, tem mecanismos
bastante conhecidos e aceitos cientificamente; o difícil, muitas vezes, é como incorporá-los à
prática diária. (Laurenti, R. et al.)
Neste sentido, a Política de Atenção Integral à Saúde do Homem busca oferecer
subsídios à reflexão dos determinantes da saúde do homem, bem como apresenta diversos
elementos condicionantes para a sua saúde, resguardando a consideração da necessidade de
ações de promoção e prevenção, além da recuperação. (BRASIL, 2008)
A consideração de determinantes sociais sobre a saúde do homem prima pelo
desenho de estratégias preventivas e de promoção da saúde, mas o reconhecimento das
barreiras e da precariedade do acesso de homens aos serviços de atenção primária à saúde
implica na necessidade de definição estratégica de linhas de ação com foco na atenção
especializada de média e alta complexidade. O diagnóstico sobre a situação da saúde de
homens, portanto, reflete esse duplo movimento entre a consideração de determinantes sociais
que respaldem ações de prevenção e promoção da saúde a dados epidemiológicos que
sinalizam ações necessárias e urgentes no enfrentamento de altos índices de
morbimortalidade.
A presente política enfatiza a necessidade de mudanças de paradigmas no que
concerne à percepção da população masculina em relação ao cuidado com a sua saúde e a
saúde de sua família. Considera essencial que, além dos aspectos educacionais, entre outras
ações, os serviços públicos de saúde sejam organizados de modo a acolher e fazer com que o
homem sinta-se parte integrante deles.(BRASIL, 2008)
A Política de Atenção Integral à Saúde do Homem, ainda é considerada uma tática
inovadora nas ações da Estratégia de Saúde da Família do município de Dourados, contudo,
pode se considerar que os serviços de saúde ainda estão pouco aptos a absorver a demanda
apresentada pelos homens, já que a organização destes, não estimulam o acesso dos homens
26
aos serviços de saúde. As próprias campanhas de saúde pública não se voltam para este
segmento, além disso, o mercado de trabalho geralmente não garante formalmente a adoção
de tal prática, portanto, o homem em dado momento pode ser prejudicado e sentir seu papel
de provedor ameaçado. (Gomes R et al.)
Considerando todas essas explanações o projeto de intervenção aqui proposto, anseia
pela inserção deste público aos serviços de saúde do município, através do desenvolvimento
de ações que estimulem a população masculina, através da informação, educação e
comunicação, o auto-cuidado com sua própria saúde.
3.5 Controle do Câncer de Colo do Útero e de Câncer de Mama
Segundo Ministério da Saúde, 2006, dentre alguns desafios para se alcançar
integralidade na assistência à saúde da mulher na Atenção Básica, estão as ações de controle
dos cânceres do colo do útero e da mama. O câncer está entre as principais causas de morte na
população feminina e, a mudança de hábitos, aliada ao estresse gerado pelo estilo de vida do
mundo moderno, contribuem diretamente na incidência dessa doença. Alguns fatores como o
tipo de alimentação, o sedentarismo, o tabagismo, a sobrecarga de responsabilidades têm
relevância destacada na mudança do perfil epidemiológico da situação e doença das mulheres.
A prevenção de câncer cérvico-uterino é uma atividade fundamental para o
diagnóstico precoce das lesões precursoras e a redução da mortalidade provocada por esta
patologia. Contribui, também, para detectar os casos, sobretudo os assintomáticos, das
doenças sexualmente transmissíveis e identificar a presença de infecções genitais que,
aumentando a suscetibilidade ao HIV, podem interferir no parto e no puerpério. Dado o
crescente número de gestantes com idade inferior a 15 anos uma sugestão é considerar idade
fértil aquela de 10 a 49 anos, o que traz dificuldades adicionais para o planejamento desta
ação.
O Ministério da Saúde no Brasil preconiza a periodicidade do exame pelo menos de
uma vez ao ano para mulheres entre 25 e 60 anos de idade e, após dois exames consecutivos
negativos, a realização do exame deve ser feita a cada três anos. Esta recomendação de
periodicidade do exame se baseia na prevenção das lesões primárias do câncer de colo de
útero principalmente, mas serve para avaliar o estado do colo do útero e detectar doenças
como o HPV, infecções ginecológicas e a presença de afecções no trato vaginal.
27
No Brasil observa-se que a maior parte do exame preventivo é realizado em mulheres
com menos de 35 anos que procuram a unidade para receber serviços relacionados à
natalidade. As mulheres de maior risco, principalmente aquelas que nunca realizaram o
exame, é o objetivo da captação ativa.
Segundo Brasil, 2004, a vulnerabilidade feminina está intimamente relacionada à
construção social do gênero, a qual tem reflexos profundos sobre o conhecimento e o cuidado
do corpo e a capacidade de autodeterminação para pensar, sentir e agir em campos
estratégicos como a sexualidade e a reprodução. Desse modo, apesar de oprimir homens e
mulheres, ainda submete as mulheres a maiores restrições na expressão e satisfação das suas
necessidades, em uma evidencia de que são maiores suas dificuldades quando se defrontam
com as decisões acerca da saúde reprodutiva e sexual, principalmente, quando estão
envolvidas em um relacionamento duradouro.
A cobertura do teste de Papanicolaou, calculada a partir dos dados do SIAB,
contempla apenas as mulheres cuja coleta foi feita na Unidade de Saúde da Família. Esta,
portanto, além de ser baixa porque as equipes não dispõem de capacidade potencial para
cobrir toda a população feminina com vida sexual ativa, tende a não traduzir a realidade das
áreas de abrangência, já que podem existir mulheres que estejam realizando o exame
colpocitológico em outros serviços. Isto é muito preocupante, pois, não é possível saber como
a cobertura está distribuída na população e se a realização do teste está excluindo os grupos
mais vulneráveis para o câncer cérvico-uterino.
Ressalta-se que, além da baixa incidência de câncer em mulheres jovens, há
evidências de que o rastreamento em mulheres com menos de 25 anos seja menos eficiente do
que em mulheres mais maduras (Sasieni, 2009).
Assim como o câncer de colo do útero, o câncer de mama também é uma doença de
extrema importância para saúde pública em nível mundial, motivando ampla discussão em
torno de medidas que promovam o seu diagnóstico precoce e, consequentemente, a redução
em sua morbidade e mortalidade.
O diagnóstico do câncer de mama nos estágios iniciais permite que a mulher tenha
uma sobrevida muito melhor. As evidências demonstram que 90% dos casos de câncer e
mama são diagnosticados a partir de queixas e sintomas referidos pela própria mulher. O
conhecimento e a intimidade com o corpo, a possibilidade de tocá-lo, a auto-percepção e a
28
possibilidade de procurar a unidade sem barreiras no acesso, são elementos importantíssimos
para o diagnóstico precoce.
A mamografia é apontada como o principal método diagnóstico do câncer de mama
em estágio inicial, capaz de detectar alterações ainda não palpáveis e favorecendo, assim, o
tratamento precoce, mais efetivo, menos agressivo, com melhores resultados estéticos e
eventos adversos reduzidos. Entretanto, embora vários estudos mostrem redução da
mortalidade por câncer de mama por meio do rastreamento mamográfico em massa, ele
também é alvo de controvérsias quanto a sua efetividade, sobretudo em mulheres abaixo dos
50 anos. Apesar disso, o rastreamento mamográfico em massa tem sido estimulado e
praticado em mulheres a partir dos 40 anos, e apesar de suas limitações, ainda é o melhor
método de rastreamento do câncer mamário disponível.
Percebe-se que o número de casos novos aumenta cada vez mais e que a projeção
desta incidência é ainda maior nos países em desenvolvimento, em relação aos países
desenvolvidos. Isto é explicado, principalmente, devido à falta de programas adequados de
rastreamento nestes países (Bland & Copeland, 1994).
A recente discussão em torno dos perigos e da incidência do câncer de mama enseja,
particularmente no Brasil, uma preocupação devido a este já ter superado em incidência o
câncer do colo do útero, anteriormente, o de maior incidência nas neoplasias femininas; e uma
reflexão sobre o preconceito, a desinformação das mulheres em relação à doença e à
importância dos procedimentos de detecção precoce.
Em Dourados, de acordo com o Plano Municipal de Saúde, o Programa de Controle
do Câncer de Colo de Útero – viva mulher é desenvolvido nas unidades básicas de saúde, e
têm por objetivo o rastreamento precoce do câncer. Nos casos de alterações ou detecção do
câncer as mulheres são encaminhadas ao CAM (Centro de Atendimento a Mulher), onde
darão início ao tratamento de acordo com protocolos já existentes.
O município também aderiu ao Projeto Toque de Vida (SIS Mama) em parceria com
Secretaria de Estadual de Saúde (SES), Instituto AVON e Secretaria Municipal de Saúde
(SEMS), desenvolvido em todas as unidades de saúde da rede municipal.
O projeto promove o rastreamento do câncer de mama por meio de exame clínico:
projeto piloto em três municípios de Mato Grosso do Sul. É realizado pelas Secretarias
Municipais de Saúde de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. E tem como objetivo
avaliar o impacto da realização do exame clínico das mamas anual como estratégia de
29
rastreamento organizado do câncer de mama na população feminina nas cidades de teste no
Estado de Mato Grosso do Sul coberta pelo Programa Saúde da Família. (SECRETARIA
MUNICIPAL DE SAÚDE, DOURADOS, 2011).
A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002) ressalta que para um efetivo controle
do câncer são necessárias ações para garantir uma atenção integral ao paciente em todos os
níveis, desde a prevenção, diagnóstico, tratamento até os cuidados paliativos. Em relação ao
câncer do colo do útero e da mama, o tratamento é mais efetivo quando a doença é
diagnosticada em fases iniciais, antes do aparecimento dos sintomas clínicos, justificando a
importância das ações para a detecção precoce.
Seguindo este conjectura o Projeto de interversão absorve a estratégias de prevenção
e controle do câncer do colo do útero e da mama que têm como objetivo reduzir a ocorrência
(incidência e a mortalidade) do câncer do colo do útero, a mortalidade por câncer de mama e
as repercussões físicas, psíquicas e sociais causadas por esses tipos de câncer, por meio de
ações de prevenção, oferta de serviços para detecção em estágios iniciais da doença e para o
tratamento e reabilitação das mulheres.
3.6. Planejamento Familiar
A regulamentação do planejamento familiar no Brasil, por meio da Lei n.º 9.263/96,
foi conquista importante para mulheres e homens no que diz respeito à afirmação dos direitos
reprodutivos. Conforme consta na referida Lei, o planejamento familiar é entendido “... como
o conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição,
limitação, ou aumento da prole pela mulher, pelo homem, ou pelo casal” (art. 2).
Em 1996, um projeto de lei que regulamenta o planejamento familiar foi aprovado
pelo Congresso Nacional e sancionado pela Presidência da República. A Lei estabelece que as
instâncias gestoras do Sistema Único de Saúde (SUS), em todos os seus níveis, estão
obrigadas a garantir à mulher, ao homem ou ao casal, em toda a sua rede de serviços,
assistência à concepção e contracepção como parte das demais ações que compõem a
assistência integral à saúde. Uma questão fundamental desta Lei é a inserção das práticas da
laqueadura de trompas e da vasectomia dentro das alternativas de anticoncepção, definindo
critérios para sua utilização e punições para os profissionais de saúde que as realizarem de
maneira inadequada e/ou insegura.
30
Do ponto de vista formal, essa medida democratiza o acesso aos meios de
anticoncepção ou de concepção nos serviços públicos de saúde, ao mesmo tempo que
regulamenta essas práticas na rede privada, sob o controle do SUS.
A assistência ao planejamento familiar é oferecida, atualmente, no Brasil, pelas
equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF), modelo de política pública de saúde que
traz a proposta do trabalho em equipe, de vinculação dos profissionais com a comunidade e de
valorização e incentivo à participação comunitária.
O Ministério da Saúde (MS), tomando por base o dispositivo da lei do planejamento
familiar (Lei no. 9.263/96), determina, como competência dos profissionais de saúde, assistir
em concepção e contracepção, empenhando-se em informar os indivíduos sobre as opções
para as duas finalidades, destacando a oferta dos métodos anticoncepcionais autorizados e
disponíveis no Brasil – Billings, tabela, temperatura, sintotérmico, camisinha masculina e
feminina, diafragma, espermicida, dispositivo intra-uterino (DIU), hormonais orais e
injetáveis, laqueadura e vasectomia.
A atuação dos profissionais de saúde na assistência à anticoncepção envolve,
necessariamente, três tipos de atividades: atividades educativas, aconselhamento e atividades
clínicas. Essas atividades devem ser desenvolvidas de forma integrada, tendo-se sempre em
vista que toda visita ao serviço de saúde constitui-se numa oportunidade para a prática de
ações educativas que não devem se restringir apenas às atividades referentes à anticoncepção,
no enfoque da dupla proteção, mas sim abranger todos os aspectos da saúde integral da
mulher.
As ações em planejamento familiar, previstas no PAISM como parte da atenção
integral à saúde da mulher, incluem-se na atenção básica, de acordo com o modelo de atenção
à saúde adotado no Brasil desde a criação do SUS, passando pela estratégia de saúde da
família. Percebe-se, entretanto, que a assistência ao planejamento familiar nos municípios está
ainda distante de um patamar satisfatório. As ações de planejamento familiar, com frequência,
são executadas de forma isolada e não priorizadas como os demais componentes da atenção
básica.
Deve-se, ainda, promover a interação dos membros da equipe de saúde, de forma a
permitir a participação dos diversos elementos, nessas atividades, de acordo com o nível de
responsabilidade requerido em cada situação (MOURA e ETAL, 2007).
31
Faz-se necessário superar a restrição da responsabilidade sobre as práticas
contraceptivas às mulheres, assegurando aos homens o direito à participação no planejamento
reprodutivo. A paternidade não deve ser vista apenas do ponto de vista da obrigação legal,
mas, sobretudo, como um direito do homem a participar de todo o processo, desde a decisão
de ter ou não filhos, como e quando tê-los, bem como do acompanhamento da gravidez, do
parto, do pósparto e da educação da criança.
Considerando que o planejamento familiar é uma ação da saúde da mulher e do
homem, o projeto de intervenção, pretende ofertar as mulheres, ao homem ou ao casal em
idade fértil um atendimento integral à saúde reprodutiva, bem como planejamento do número
de filhos, ou do espaçamento entre eles. Garantindo desta forma o acesso ao serviço de
planejamento familiar, respeitando a individualidade de cada indivíduo, ampliando o acesso
às informações sobre as opções de métodos anticoncepcionais, suas vantagens e
desvantagens; estimulando a participação e a inclusão de homens e mulheres nas ações de
planejamento familiar.
3.7 Prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis
As doenças sexualmente transmissíveis (DST) estão entre as cinco principais causas
de procura por serviço de saúde e podem provocar sérias complicações, tais como
infertilidade, abortamento espontâneo, malformações congênitas e até a morte, se não
tratadas. Além disso, aumentam a chance, em pelo menos dez vezes, de contaminação pelo
HIV. São doenças de difícil detecção, uma vez que acarretam poucos sintomas visíveis e,
muitas vezes, apresentam-se de forma assintomática.
As doenças sexualmente transmissíveis (DST) são frequentes em todo o mundo. As
mulheres representam uma parcela cada vez maior dos casos de HIV/Aids, sendo que as DST
facilitam a transmissão desse vírus. (BRASIL, 2005)
Segundo a Unaids, 20 em dezembro de 1999 havia 34,3 milhões de pessoas vivendo
com o HIV em todo o mundo. Dos infectados, 15,7 milhões eram mulheres, o que
correspondia a quase metade de todas as pessoas contaminadas em1999. Grande parte das
mulheres se contaminava na faixa etária entre 15 e 24 anos, em plena vida reprodutiva, o que
eleva o número de casos entre crianças devido à transmissão vertical.
32
As mulheres são especialmente vulneráveis às DST por características biológicas: a
superfície vaginal exposta ao sêmen é relativamente extensa, e o sêmen apresenta maior
concentração de HIV do que o líquido vaginal. As DST são mais frequentemente
assintomáticas; e a mucosa vaginal é frágil, principalmente em mulheres mais jovens
(ANDRADE, 2001). O papel social, ou de gênero, da mulher, também aumenta seu risco.
As relações desiguais de poder e a dependência econômica das mulheres,
especialmente em países em desenvolvimento, limitam o acesso a informações adequadas e
atualizadas. Quando isto ocorre é penosa a modificação de comportamentos e a manutenção
dessas mudanças nas interações cotidianas (Andrade, 2001). Pelos motivos mencionados e em
razão da proporção crescente de mulheres entre os casos novos de Aids, é importante que
sejam desenvolvidas estratégias de prevenção mais efetivas entre as mulheres e homes em
geral.
A assistência às DST deve ser realizada de forma integrada pelo Programa de Saúde
da Família, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e serviços de referência regionalizados. O
primeiro, pelas suas características, pode facilitar o acesso ao cuidado e a busca de parceiros
sexuais, enquanto as UBS e os últimos devem exercer um papel fundamental no tratamento
adequado e seguimento clínico.
A prevenção, estratégia básica para o controle da transmissão das DST e do HIV,
dar-se-á por meio da constante informação para a população geral e das atividades educativas
que priorizem: a percepção de risco, as mudanças no comportamento sexual e a promoção e
adoção de medidas preventivas com ênfase na utilização adequada do preservativo.
De acordo com ARAUJO E LEITÃO, 2005 os homens com DST, culturalmente não
costumam ir aos serviços de saúde, que são mais frequentados pelas mulheres. A
característica do serviço provoca uma diferenciação na demanda. Nas cidades onde a unidade
é específica para o atendimento das DST a demanda maior é de homens e quando o
atendimento às DST constitui um dos programas das unidades convencionais de saúde, a
demanda maior é das mulheres O planejamento e o desenvolvimento das ações de DST
devem indicar alternativas que facilitem a ida do homem à unidade, e também, que atraiam
esta população para o programa por meio de campanhas educativas.
Outro fator importante no atendimento do cliente nas unidades de saúde, além do
acesso, é o acolhimento. Ambos, acesso e acolhimento, são essenciais e podem promover uma
melhoria no estado de saúde do indivíduo e da coletividade.
33
Por entender que o atendimento imediato ao portador de uma DST não é apenas uma
ação curativa e sim uma ação preventiva de transmissão e do surgimento de outras
complicações o Projeto Saúde Plena pretende aconselhar e divulgar informações tanto à
população feminina quanto a masculina sobre as formas de contágios e tipos de tratamento
oferecidos nos serviços de saúde do município.
3.8 Avaliação do Estado Nutricional e Incentivo a Atividade Física
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), homologada em 1999,
integra a Política Nacional de Saúde (BRASIL, 2003f). Tem como principal objetivo
contribuir com o conjunto de políticas de governo voltadas à concretização do direito humano
universal à alimentação e nutrição adequadas e à garantia da Segurança Alimentar e
Nutricional da população, iniciativa pioneira do Brasil no cenário internacional.
A PNAN tem como diretrizes a promoção de práticas alimentares saudáveis e a
prevenção e o controle dos distúrbios nutricionais e doenças associadas à alimentação e
nutrição, o monitoramento da situação alimentar e nutricional, a garantia da qualidade dos
alimentos colocados para consumo no País, o desenvolvimento de pesquisas e recursos
humanos, bem como o estímulo às ações intersetoriais que propiciem o acesso universal aos
alimentos (BRASIL, 2003).
Entre as diversas ações necessárias para a promoção da saúde da população estão as
de promoção de hábitos saudáveis. Dentro do atual contexto epidemiológico da população,
merecem destaque as ações de promoção da alimentação saudável, da prática regular de
atividade física e de prevenção e controle do tabagismo.
Nesse sentido, a estratégia Saúde da Família e o Programa de Agentes Comunitários
de Saúde colaboram para a reorganização da Atenção Básica, possibilitando alcançar os
princípios de universalidade, equidade, integralidade, acessibilidade, humanização,
responsabilização, vínculo e participação social (BRASIL, 2006).
Em consonância com as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), a atenção
básica é a porta de entrada do usuário no sistema. Por estar inserida próxima à comunidade,
tem maior poder de compreensão de sua dinâmica social, tornando-se local privilegiado de
34
atuação na promoção de saúde e no enfrentamento do excesso de peso que acomete o
indivíduo, as famílias e a população (BRASIL, 2006).
A atenção básica de saúde é um espaço privilegiado para o desenvolvimento das
ações de incentivo e apoio à adoção de hábitos alimentares e à prática regular da atividade
física. Cabe ressaltar que essas ações, além de garantir a difusão de informação, devem buscar
viabilizar espaços para reflexão sobre os fatores individuais e coletivos que influenciam as
práticas em saúde e nutrição na sociedade, lançando mão de metodologias que estimulem o
espírito crítico e o discernimento das pessoas diante de sua realidade e promovam a
autonomia de escolha no cotidiano, a atitude protagonista diante da vida e o exercício da
cidadania (Brasil, 2005).
A equipe de saúde tem também um papel importante na promoção da alimentação
saudável e na garantia do direito humano à alimentação. Desta forma, sua atuação junto à
população em geral e aos grupos populacionais específicos identificados como prioritários em
sua área de atuação deve envolver, de forma direta ou indireta, as várias dimensões da
Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e de seus determinantes com diferentes implicações
(BRASIL, 2003).
Fatores de risco como o sedentarismo, o tabagismo e a alimentação inadequada,
diretamente relacionados ao estilo de vida, são responsáveis por mais de 50% do risco total de
desenvolver algum tipo de doença crônica, mostrando-se, nessa relação causal, mais decisivos
que a combinação de fatores genéticos e ambientais (BRASIL, 2002).
Os dados do Ministério da Saúde mostram que os hábitos de vida são os fatores mais
importantes no adoecer e morrer por doenças cardiovasculares, dentre eles o sedentarismo
que, no Brasil, ocupa o primeiro lugar. A adoção da atividade física, nessa perspectiva, tem
mais relação com a qualidade de vida do que com o culto ao corpo, o que significa um passo
importante na construção de uma vida melhor (BRASIL, 2002).
Diante dessas constatações, a Organização Mundial da Saúde estabeleceu como tema
prioritário, a construção de políticas públicas que coloquem em relevância a importância da
atividade física para uma vida mais saudável, orientando para que em todo o mundo sejam
desenvolvidos eventos que estimulem a prática da atividade física regular, divulgando os
efeitos benéficos para a saúde das populações, mesmo em condições especiais e diversas
como em casos de doenças cardíacas, problemas mentais e dependência dos idosos.
35
Importante ressaltar que os benefícios para a saúde podem ser conseguidos com uma
alimentação saudável e balanceada aliada a níveis moderados de atividade física.
A prática regular de atividades físicas proporciona uma série de benefícios, como por
exemplo: aumenta a auto-estima e o bem-estar, alivia o estresse, estimula o convívio social,
melhora a força muscular, contribui para o fortalecimento dos ossos e para o pleno
funcionamento do sistema imunológico. Além disso, é um importante fator de proteção contra
a obesidade, o diabetes, as doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e alguns
transtornos mentais (BRASIL, 2006). Portanto, promover a atividade física é uma ação
prioritária na promoção de hábitos saudáveis.
No Brasil, assim como em outros países em desenvolvimento, calcula-se que mais de
60% dos adultos que vivem em áreas urbanas não estão envolvidos em um nível adequado de
atividade física. Dados do censo 2000 indicam que 80%da população brasileira
viveemcidades associadas ao sedentarismo. As mulheres, os idosos, os indivíduos de baixo
nível socioeconômico e as pessoas portadoras de deficiências estão entre os grupos da
população que apresentam níveis baixos de atividade física. Além disso, o crescimento da
obesidade entre pessoas jovens e a diminuição de programas de educação física em escolas
apresentam-se como uma tendência alarmante em nível mundial (BRASIL, 2002).
Na promoção da prática regular de atividade física, é fundamental estimular que as
pessoas adotem um estilo de vida mais ativo em seu cotidiano (optando, por exemplo, por
caminhar e subir escadas em vez de usar carro ou ônibus para distâncias pequenas e elevador
ou escada rolante). Além disso, é fundamental, também, estimular que elas identifiquem que
atividades físicas lhes dão prazer. Só desta forma esta prática se tornará regular e sustentável.
A defesa de hábitos saudáveis, como é o caso da prática de exercícios físicos e da
alimentação, vem se traduzindo na preocupação exagerada com o preparo físico e com o
consumo de alimentos industrializados, produzindo uma verdadeira onda de adoração ao
corpo, com predomínio de um objetivo mais estético do que saudável. Esse movimento tem
sido uma forte barreira à adoção de um posicionamento mais positivo com relação às
possibilidades de viver melhor e com saúde (BRASIL, 2002).
Contudo, sabemos que uma alimentação saudável é fundamental para promover e
proteger a saúde, e muitos têm sido os mitos criados em torno da questão alimentar.
Com a finalidade de sensibilizar a pessoas sobre a prática de exercícios físicos e
alimentação saldável, o projeto em questão pretende estimular ações que promovam escolhas
36
alimentares saudáveis, além de reforçar a implantação do Sistema de Vigilância Alimentar e
Nutricional - SISVAN como instrumento de avaliação e de subsídio para o planejamento de
ações que promovam a segurança alimentar e nutricional em nível local.
3.9 Controle e Prevenção do Tabagismo.
A maioria das orientações sobre alimentos, nutrição e saúde aborda,
concomitantemente, o uso do tabaco, uma vez que o consumo do cigarro ou outros produtos
derivados do tabaco é prejudicial à saúde e mata cerca de 5 milhões de pessoas por ano no
mundo, 200 mil no Brasil (PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 2002).
Dessa forma, não há mais razão para considerar o consumo de cigarros, charutos e
outros derivados do tabaco uma mera opção comportamental ou um estilo de vida. Hoje, o
tabagismo é amplamente reconhecido como uma doença crônica gerada pela dependência da
nicotina, estando por isso inserido na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) da
Organização Mundial da Saúde, que expõe continuamente os usuários dos produtos de tabaco
a cerca de 4.700 substâncias tóxicas, sendo 60 delas cancerígenas para o ser humano
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999c).
Há aproximadamente duas décadas, o Governo lançou o Programa Nacional para o
Controle do Tabagismo, cujo foco estava voltado para as intervenções não relacionadas aos
preços, como: a proibição da propaganda, restrições ao fumo em locais públicos, entre outras
atividades. O Brasil foi o primeiro país a proibir adjetivos enganosos nos maços de cigarros,
como “light” ou “suave” – mas o foco das ações ainda está concentrado nas ações não
relacionadas aos preços. Dentre tais ações, incluem-se: as proibições relativas à propaganda e
ao consumo de tabaco no sistema de transporte público; a regulamentação dos produtos do
tabaco, como a limitação nos teores de alcatrão, nicotina e monóxido de carbono nos cigarros
e as advertências escritas e com imagens contundentes nos maços de cigarros e em
embalagens dos produtos do tabaco; além do lançamento de campanhas de conscientização e
de educação. Além dessas ações, o Programa desenvolveu iniciativas de vigilância e de
monitoramento, construiu uma capacidade institucional e descentralizou para os Estados e
Municípios as iniciativas de controle do tabagismo (ROBERTO E ETAL, 2008).
O Programa Nacional de Controle do Tabagismo sistematiza quatro grandes grupos
de estratégias: o primeiro voltado para a prevenção da iniciação do tabagismo, tendo como
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público-alvo crianças e adolescentes; o segundo, envolvendo ações para estimular os
fumantes a deixar de fumar; um terceiro grupo no qual se inserem medidas que visam a
proteger a saúde dos não-fumantes da exposição à fumaça do tabaco em ambientes fechados;
e, por fim, medidas que regulam os produtos de tabaco e sua comercialização (BRASIL,
2003g).
Em 15 anos, as ações desenvolvidas reduziram a proporção de fumantes na
população brasileira, de 32% em 1989, para 19% em 2003. Esta taxa é similar às encontradas
atualmente nos Estados Unidos e Canadá, países líderes no controle do tabagismo (BRASIL,
2003g).
Em Dourados, o Programa de Controle do Tabagismo possui ações educativas
divididas em ações pontuais, que são as campanhas de comunicação de massa, como as
desenvolvidas durante as datas comemorativas do Dia Mundial Sem Tabaco (31 de maio), Dia
Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto) e Dia Nacional de Combate ao Câncer (27 de
novembro) e ações contínuas, que utilizam unidades de saúde, escolas e ambientes de trabalho
como canais para atingir os públicos-alvo.
Seguindo esta dinâmica o Programa de Controle do Tabagismo está inserido no
Projeto de Intervenção Saúde Plena, de acordo com a diretrizes da Promoção em Saúde, ou
seja, no projeto em questão os profissionais de saúde envolvem a comunidade em uma rede de
orientações sobre os riscos do tabagismo atuando assim na melhoria da sua qualidade de vida
dos usuários de tabaco.
As atuações dos profissionais visam também a realização de ações educativas de
sensibilização da população para a promoção de “comunidades livres de tabaco”, divulgando
ações relacionadas ao tabagismo e seus diferentes aspectos.
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4. METODOLOGIA
O Projeto Saúde Plena na Estratégia de Saúde da Família, foi desenvolvido através
de ações de intervenção norteadas pelas diretrizes dos programas de saúde estabelecidos pelo
Ministério da Saúde.
A Proposta Metodológica deste projeto de intervenção foi elaborada com base em
uma metodologia participativa, isto é, com o envolvimento direto dos técnicos e gestores do
município de Dourados, como um plano piloto e será aplicado em outras áreas. Resultou de
esforço conjunto de reflexão dos supervisores e gerente da atenção básica, em contemplar
atendimento em horário diferenciado em todos os ciclos de vida da comunidade EACS 52,
favorecendo a classe trabalhadora. Consiste em um relato de experiência vivenciado pela
equipe da Atenção Básica do município de Dourados-MS. Contudo a metodologia aplicada
para o desenvolvimento das ações baseia-se na análise dos indicadores da Atenção Básica e
na capacidade de intervenção diante das demandas e necessidades da população, construindo
desta forma, uma atenção integral e resolutiva.
Para isso o projeto em questão utilizou-se de uma equipe multiprofissional e de um
alto grau de articulação entre setores da Secretaria Municipal de Saúde de modo que não só as
ações sejam compartilhadas, mas que também haja um processo interdisciplinar no qual
ocorra a ampliação da capacidade de cuidar focado no usuário, de forma organizada e
transversal a uma intervenção técnico-científica.
O Projeto de Intervenção Saúde Plena na Estratégia de Saúde da Família esta
organizado de forma a atender a população feminina e masculina economicamente ativa, ou
seja, o projeto visa o atendimento aos usuários trabalhadores que não disponibilizam de tempo
para participar das atividades de promoção da saúde desenvolvidas pelas equipes de saúde.
Trata-se de um projeto piloto que será posteriormente estendido a todas as Equipes
de Saúde da Família da cidade de Dourados no decorrer do ano de 2011 e 2012.
O projeto foi implementado no mês de setembro de 2011 e, suas ações desenvolvidas
na Escola Municipal Aurora Pedroso de Camargo, no bairro Parque Alvorada da Equipe de
Saúde da área 52, onde uma estrutura foi montada e organizada para atendimento do público
alvo.
39
Participaram do evento todos os moradores da área 52 que despertaram o interesse
pelas atividades fornecidas na ação.
Seguindo uma das diretrizes do projeto que visa atender os usuários trabalhadores
que não disponibilizam de tempo para participar das atividades de promoção da saúde
desenvolvidas pelas equipes de saúde durante dias úteis da semana, as atividades foram
desenvolvidas no sábado (período integral).
Uma abertura foi programada antes do início das atividades com o objetivo de
divulgar o projeto e para atrair a atenção da comunidade através de uma aula com atividade
física e alongamento, incentivando desta forma a prática de exercícios para promoção de uma
vida mais saudável.
Em seguida, atividades de orientação e promoção a saúde foram oferecidas à
comunidade por meio de uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros,
dentistas, auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, assistente
social, auxiliar de consultório dentista, agentes comunitários de saúde, assistente
administrativos (digitadores), recepcionistas, acadêmicos de enfermagem e nutrição,
professores de educação física, equipe de manutenção e equipe de higienização.
Além da equipe multiprofissional o projeto está integrado com setores da Secretaria
Municipal de Saúde de Dourados, a parceria envolve: Atenção Básica, Vigilância
Epidemiológica, Núcleo de Programas, Saúde Bucal, Coordenação Planejamento Familiar,
Coordenação DST/AIDS, Unidade Básica de Saúde SELETA e Gestão Operacional.
A divulgação do evento foi realizada através de convites entregues na comunidade
local pelos Agentes Comunitários de Saúde, colocação de faixas nos pontos mais
movimentados do bairro (padaria, distribuidoras, ruas coletoras e etc...). A divulgação do
evento também foi realizada na TV, rádios e internet por meio de entrevista com a Secretaria
de Saúde e divulgação da matérias elaboradas especificamente para a divulgação do projeto.
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5. ANÁLISE DOS RESULTADOS
O Projeto de Intervenção Saúde Plena na Estratégia de Saúde da Família trata-se de
um projeto piloto que foi desenvolvido na região do NASF I e em particular na área 52, onde
atua a Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde do bairro Parque Alvorada. A proposta
do projeto foi levar a comunidade desta região ações de saúde voltadas para a promoção em
saúde (PS), assim como ações de prevenção de agravos que contribuíssem para a melhoria da
qualidade de vida da comunidade com posterior melhora dos indicadores de saúde da região.
A Estratégia de Saúde da Família em Dourados apresentou avanços importantes na
prestação de serviços de saúde a população, contribuindo significativamente para a efetivação
da mudança no modelo assistencial, com ênfase na promoção a saúde em contexto global.
Diante do exposto, o projeto em tese vem contribuir com este progresso, através de uma
atuação conjunta de diferentes áreas profissionais, promovendo desta forma um espaço de
discussão com temas diversos que envolvem as necessidades da comunidade.
O Projeto de Intervenção Saúde Plena na Estratégia de Saúde da Família
desenvolveu ações na área da saúde que proporcionou uma maior interação da Unidade de
Saúde com a comunidade do NASF 1. Entendemos que a criação de vínculos estabelece
confiança permitido uma melhor intervenção da equipe com ações que beneficiem a qualidade
de vida dos usuários do sistema de saúde.
O foco do projeto foi a qualidade do viver sem doenças e na superação das
dificuldades dos estados ou condições de falta de saúde, através da divulgação de informações
importantes sobre a Saúde da Mulher e Saúde do Homem, público alvo da nossa intervenção.
É importante que os membros da comunidade além de adquirir as informações
possam utilizá-las a favor da promoção da própria saúde e com o tempo estes possam se
tornar multiplicadores das práticas de saúde.
Comtemplando um dos objetivos do plano de intervenção, a equipe multidisciplinar
que atuou nesta ação teve como finalidade atender a mulher em sua integralidade respeitando
as necessidades e características de cada uma delas. Para isso, as áreas de atuação foram
divididas em grupos, a saber: consulta de enfermagem para entrega e avaliação de exames
preventivos já realizados posteriormente, consulta de enfermagem para orientação e
encaminhamentos ao planejamento familiar, realização de exame citopatológicos (exame de
preventivo) para prevenção e detecção do câncer de colo uterino, realização de exames clínico
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das mamas através do Projeto Toque de vida, solicitação de mamografias para todas as
mulheres acima de 50 anos conforme protocolo do município e solicitação de exames de
mamografia e exames complementares para as mulheres que apresentaram alterações no
exame clínico das mamas.
As ações de intervenção como já citado anteriormente também atingiu o público
masculino que participou ativamente das ações propostas. Para atender a este público as áreas
de atuação foram divididas da seguinte forma: consulta com clínico geral para avaliação da
saúde do homem de forma integral com solicitação de exames complementares de acordo com
a necessidade de cada usuário, consulta odontológica para avaliação da saúde bucal dos
homens com posterior encaminhamento e agendamento para tratamento, coleta de exames
para identificação do câncer de próstata (PSA – Prova do Antígeno Prostático) e, consulta de
enfermagem para orientação e encaminhamento ao planejamento familiar.
Ainda foram ofertados a todos os participantes (homens e mulheres), orientações
sobre o Programa de Tabagismo do Município. Neste momento a população contou com a
participação da Equipe de Apoio a Saúde da Família (NASF) que além de orientar e alertar os
participantes sobre os riscos do tabagismo ofertaram tratamento aos interessados,
encaminhando-os aos grupos de tabagismo desenvolvido na unidade básica de saúde.
O incentivo a prática de atividade física também foi uma das ações de intervenção
realizada pela equipe multiprofissional do projeto. A intenção do grupo foi desencadear o
interesse da população na prática de exercícios físicos diários proporcionando bem estar físico
e psicológico. Os participantes acompanharam uma aula de ginástica com alongamento,
ministrada pelos professores de educação física da Secretaria de Esporte – FUNCED. Os
interessados foram encaminhados e incentivados a participarem do grupo de caminhada que
acontece na praça da comunidade do bairro todas terças e quartas –feiras das 7 horas às 8
horas da manhã e, é acompanhado pela fisioterapeuta do NASF I e pelas Agentes
comunitárias da área 52.
O incentivo a hábitos alimentares saldáveis também foi um das propostas
desenvolvidas que seguiu as diretrizes da Política Nacional de Promoção da Saúde além de
reforçar a implementação do SISVAN no município.
O Plano de Intervenção contou com a colaboração do Programa de DST/Aids que
levou à população orientações sobre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis,
além da distribuição de camisinhas.
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A população também foi comtemplada com a participação do Programa de
Imunização que ofertou aos interessados as vacinas de campanha, além de atualizar as vacinas
atrasada de muitos participantes.
O SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) também esteve presente na
ação com a divulgação do Projeto SAMUZINHO, explicando sobre suporte básico de vida
(primeiros socorros) e os riscos que os trotes podem gerar a população em geral.
O Projeto de intervenção foi desenvolvido no dia 17 de setembro de 2011 (sábado)
no horário das 8 horas ás 15 horas e, contou com a participação relativa da população adscrita
da área 52. Foram realizados 100 atendimentos ao público, entre homens e mulheres. Gerando
466 procedimentos de acordo com a tabela a seguir:
TABELA 1: Procedimentos realizados durante o Projeto Saúde Plena.
PROCEDIMENTOS TOTALATENDIMENTO INDIVIDUAL 100CONSULTA DE ENFERMAGEM 62CONSULTA ODONTOLOGIA 24CONSULTA CLÍNICO GERAL 44CONSULTA COM GINECOLOGISTA 25COLETA DE EXAMES PSA 10VERIFICAÇÃO DE PRESSÃO ARTERIAL 87APLICAÇÃO DE VACINAS 20COLETA DE PREVENTIVO 35EXAME CLÍNICO DAS MAMAS 25SOLICITAÇÃO DE MAMOGRAFIAS 08ENCAMINHAMENTOS AO PLANEJAMENTO FAMILIAR
5
GLICEMIA CAPILAR 10CADASTRO SISVAN 92ENCAMINHAMENTO AO GRUPO DE OBESIDADE 09ENCAMINHAMENTO AO GRUPO DE TABACO 10FONTE: Secretaria Municipal de Saúde, Dourados 2011.
Apesar da pouca demanda participativa da população a Secretaria de Saúde junto
com a Coordenação da Atenção Básica adotou o Projeto de Intervenção Saúde Plena na Saúde
da Família com o objetivo de dissemina-lo em todas as Equipes de Saúde da Família do
município de Dourados. Até o final de 2011 cinco unidades de saúde da família estarão
desenvolvendo as ações do projeto que terá continuidade no ano de 2012.
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Contudo, o Projeto de intervenção Saúde Plena contou com a colaboração de vários
parceiros e buscou romper com paradigmas que visão somente o atendimento centralizado no
modelo biomédico, o objetivo foi levar a esta comunidade um novo modelo de atendimento,
voltado para a promoção da saúde e prevenção de agravos na intenção de ocasionar mudanças
no estilo de vida da população como um todo.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.
O Projeto Intervenção Saúde Plena na Estratégia de Saúde da Família teve como
proposta desmistificar o modelo de saúde atual, que ainda está centrado na figura do médico,
levando à comunidade uma nova proposta de atendimento, voltado para a promoção da saúde
e prevenção de agravos à saúde na intenção de provocar mudanças no estilo de vida para uma
vida mais saudável.
Neste paradigma, o maior desafio é ajudar as pessoas a buscarem uma adequação entre
os cuidados à saúde e o seu ritmo de vida, incorporando as mudanças possíveis, sem, no
entanto, deixar que esses cuidados se tornem mais um fator de estresse cotidiano. Já que
construir uma vida saudável implica em adotar hábitos de vida saudáveis – como é o caso da
atividade física e da alimentação saudável, o que vai contra as facilidades do mundo moderno.
Adotar uma postura de ser e estar no mundo com o objetivo de bem viver não é tarefa
fácil, por isso, a Estratégia de Saúde da Família deve estar preparada para atuar em um campo
da saúde onde os investimentos são imensos, no entanto de poucos retornos.
As equipes de saúdes devem ofertar ações de promoção que incentivem a mudança de
hábitos, oferecendo proteção e apoio àqueles que optam pela adesão aos programas.
O projeto em questão nos mostra que a saúde ainda tem muito que avançar no campo
da promoção e prevenção de agravos, pois a população ainda está centrada no modelo médico
de atendimento, dando pouca importância às ações de promoção à saúde.
Por outro lado percebe-se que intervenções como esta despertam o interesse de uma
pequena parcela de usuários que geralmente não utilizam o Sistema de Saúde por achar que o
mesmo é burocrático e pouco resolutivo.
Contudo acreditamos que iniciativas como estas são favoráveis e que a mudança no
estilo de da população só será possível a partir disseminação em massa de informações e
oferta de serviços resolutivos.
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