Upload
juliano-oliveira
View
284
Download
3
Embed Size (px)
Citation preview
BENEFICIOS DA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA SOBRE A
FERTILIDADE DO SOLO EM SISTEMA PLANTIO DIRETO* *ANGHINONI, I.; MORAES, A.; CARVALHO, P. C. F.; SOUZA, E. D.; CONTE, O. &
LANG, C. R. Benefícios da integração lavoura-pecuária sobre a fertilidade do solo em sistema
plantio direto. In: Da Fonseca, A.F.; Caires, E.F.; Barth, G. Fertilidade do solo e nutrição de
plantas no sistema plantio direto. AEACG/Inpag: Ponta Grosa, 2011. (in press)
1. Introdução
Os sistemas de integração lavoura-pecuária estão reassumindo sua importância, pois têm sido
reconhecidos como alternativa aos atuais sistemas intensivos e pouco sustentáveis de produção
agrícola. Perdas na diversidade, poluição do ambiente por nutrientes e resíduos de defensivos
agrícolas, bem como fragmentação de habitats, são algumas das muitas preocupações ambientais
acerca da agricultura moderna. Em contraste, sistemas de integração lavoura-pecuária em plantio
direto (ILP-PD) podem resultar em ganhos econômicos e ambientais, uma vez que a agricultura
conservacionista é potencializada pela diversidade do sistema integrado, onde se criam novas
rotas de ciclagem de nutrientes e novos processos ecossistêmicos emergem.
A sustentabilidade dos sistemas de ILP-PD tem como fundamento o manejo das plantas
(forrageiras e culturas comerciais) e dos animais de forma que, ao mesmo tempo, não se cause
restrições ao ambiente radicular (e.g., compactação do solo) e se produza quantidades de
resíduos suficientes para o estabelecimento e a consolidação do plantio direto (balanço positivo
de carbono). Os sistemas ILP-PD são sistemas complexos por natureza, com inúmeras interações
espaço-temporais que provocam alterações constantes nas características e nas propriedades
físicas, químicas e biológicas do solo. Por conseguinte, a compreensão e o manejo dos processos
nesta escala de ordem é um desafio, uma vez que predominam o prisma reducionista e o conceito
mineralista no meio cientifico. Tais abordagens limitam a compreensão dos processos atuantes
em sistemas de organização mais complexos, tais como os sistemas de ILP-PD, tornando difícil
compreender os benefícios do sistema na fertilidade do solo (sensu mineralista).
Neste contexto, este trabalho se propõe a apresentar o tema de forma não convencional,
fazendo uso do conceito de propriedades emergentes para abordar a fertilidade do solo em seu
conceito mais amplo, aqui considerado como capacidade do solo em produzir
abundantemente enquanto mantém ou incrementa seu papel nas demais funções
ecossistêmicas. Enquanto o conceito mineralista se baseia em relações de causa-efeito
reducionistas e compartimentalizadas, propõe-se abordar o tema de forma sistêmica e holística.
Para tanto, se fará uso privilegiado de protocolos experimentais de longa duração e com prisma
multi-disciplinar. Tal abordagem, como se verá a seguir, é capaz de demonstrar o nível de
2
sinergismo que atinge o sistema, e o quanto sistemas de ILP-PD podem constituir sistemas mais
sustentáveis e competitivos na produção de alimentos. Por último, o conceito de fertilidade do
solo é revisitado no contexto de sistemas ILP-PD, propondo-se uma série de indicadores
considerados importantes para avaliar a fertilidade do solo desses tipos de sistemas.
2. Sistemas de integração lavoura-pecuária em perspectiva
A integração da agricultura com a pecuária, como atividade voltada à produção de alimentos,
remete aos princípios da civilização humana no período Neolítico, quando da domesticação das
plantas e dos animais (Carvalho et al., 2007). Destarte os sistemas ILP estejam em fase
midiática, como sistemas de produção não são novidade. Segundo Keulen & Schiere (2004), os
sistemas de ILP alcançam 2,5 bilhões de hectares no mundo, sendo responsáveis por mais de 50
% da carne e mais de 90 % do leite consumidos.
Se não novo, ainda assim os sistemas de ILP estão em voga, pois novidade é o uso desse
sistema sob os pilares da agricultura conservacionista. O plantio direto e sua exigência em
cobertura do solo, aliado à diversidade de rotações mais o efeito do pastejo, interagem de forma
sinérgica aportando, aos sistemas ILP-PD, novas propriedades. O resultado em nível de sistema é
maior que a soma das contribuições das tecnologias individuais, de onde depreende a aplicação
do conceito de propriedades emergentes (vide item 6). Neste sentido, a percepção vigente é a de
se tratar de um raro sistema de produção onde o dilema produtividade versus conservação tenha
uma solução compatível com as atuais demandas da sociedade, o que gera enorme interesse,
inclusive em nível de política nacional. Para ilustrar tal expectativa, o governo brasileiro
recentemente se comprometeu(1) a reduzir entre 36,1% e 38,9% as emissões nacionais de CO2-
equivalente até 2020. Dentre as várias iniciativas nesse sentido está o fomento à adoção de
sistemas ILP-PD no Brasil, cuja contribuição estimada na redução de CO2-equivalente estaria
entre 18 e 22 milhões de toneladas pelo comprometimento em incrementar em pelo menos
quatro milhões de ha as áreas operando neste tipo de sistema.
Não é apenas o governo brasileiro que reconhece o potencial dos sistemas integrados. A
FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) considera os sistemas ILP-PD
como uma das vias sustentáveis para se atingir o objetivo de alimentar 9 bilhões de pessoas em
2050. A FAO reconhece que os sistemas ILP-PD são capazes de incrementar a resiliência
ambiental pelo aumento da diversidade biológica, pela efetiva e eficiente ciclagem e reciclagem
de nutrientes, com melhoria da qualidade do solo, provimento de serviços ecossistêmicos e
contribuição para adaptação e mitigação das mudanças climáticas. Também enumera como
(1) Documento de comunicação do governo brasileiro ao UNFCCC (United Nations Framework Convention on Climate Change) por ocasião da COP 15 (15th Conference of Parties – Copenhagen – janeiro de 2010)
3
benefícios do sistema a melhoria dos processos de produção, incluindo a mão-de-obra, a
resiliência a fatores econômicos e a diminuição do risco. E sob uma perspectiva sócio-cultural,
os sistemas ILP-PD permitem aos produtores atingirem suas aspirações sociais e almejarem uma
dinâmica social equânime (particularmente para mulheres e jovens), e incrementam a segurança
alimentar enquanto se aderem as aspirações atuais dos consumidores quanto à qualidade dos
produtos e dos processos de produção.
Portanto, há muita expectativa sobre o potencial dos sistemas de ILP-PD como
alternativa que permita alcançar produtividade com conservação. Porém, essa capacidade
somente será atingida se o manejo dos compartimentos solo-planta-animal estiver planejado para
permitir a ocorrência das interações sinérgicas que são potencialmente capazes de ocorrer.
3. Manejo da pastagem e dos animais em sistemas de integração lavoura-pecuária
para a sustentabilidade do plantio direto
A sustentabilidade do plantio direto em sistemas integrados depende fundamentalmente
do adequado manejo da intensidade de pastejo. Ao se manejar o número de animais por unidade
de área, e a sua distribuição no espaço, define-se a capacidade da fase pastagem em prover
balanço positivo ou negativo de carbono ao sistema. De forma geral, taxas de lotação definidas
acima do ideal (superlotação) acarretam massas de forragem baixas, menor cobertura do solo,
menor produção de forragem no sistema e, finalmente, menor acúmulo de palha para a lavoura
em sucessão. Do ponto de vista da tecnologia do PD, o animal em pastejo frequentemente é
tomado como um elemento indesejável, pois ingere forragem acumulada que deveria formar
palha. E se não bastasse, recai sobre o animal em pastejo a desconfiança de acarretar
compactação no solo. Não obstante, eis que nem tudo é o que parece ser num sistema de tal
complexidade, pois sistemas ILP-PD sob pastejo com intensidades moderadas podem acumular
mais carbono e nitrogênio que sistemas sem pastejo (considerando as mesmas rotações). E, além
disso, podem melhorar o solo tanto em seus atributos físicos quanto químicos. Para abordar esse
contexto, necessário é apresentar quais modificações traz a presença do animal em pastejo a um
sistema agrícola baseado em plantio direto.
No caso de sistemas ILP-PD, onde o componente planta da fase pastagem é submetido a
pastejo, acrescenta-se um novo compartimento de interação, o animal (Figura 1).
4
Figura 1. Representação esquemática dos fluxos dos principais elementos nos diferentes
compartimentos de um sistema de integração lavoura-pecuária. (Wesp, 2010 – Dissertação de Mestrado em preparação).
O animal modifica os fluxos clima-solo-planta pela ingestão dos nutrientes via forragem
consumida, sua digestão e retorno ao sistema via fezes e urina. Ele impõe heterogeneidade na
distribuição espacial dos nutrientes ao pastejar de forma seletiva e criar mosaicos de alturas de
pasto e composições morfológicas contrastantes em nível de dossel. Além disso, a deposição de
excrementos também não é uniforme, pois os nutrientes retornados na forma de urina e de fezes
se apresentam de forma concentrada na área referente ao excremento, mas heterogênea em
relação à área do piquete.
Resulta, da presença do animal, alterações nas vias dos fluxos de nutrientes, bem como na
sua natureza e magnitude, modificando o funcionamento do sistema. Excessos de lotação podem
causar compactação superficial, ainda que essa compactação possa ser revertida pela fase lavoura
(Flores, 2008). Carvalho et al. (2007) demonstraram que, em situações de pastos de aveia com
azevém, os animais caminham mais e pastejam por mais tempo em situações de baixa oferta de
forragem. Em pastoreio contínuo, os autores observaram para cada 1 cm de diminuição na altura
de manejo do pasto, que os animais aumentavam o tempo em pastejo em 13,4 min e caminhavam
183 passos a mais na busca pelo alimento. Por conseguinte, essas respostas individuais dos
animais frente à diminuição da oferta de pasto imprimem um maior impacto do casco animal no
solo. Em altas lotações, não somente cada animal individualmente caminha mais, mas o grupo de
animais é maior, o que faz com que a área física de impacto dos animas seja, finalmente, três
5
vezes maior quando se compara extremos de altura de manejo do pasto. Carvalho et al. (2007)
estimaram um incremento de área impactada pelos cascos em 0,47 m2/ha para cada 1 (um) cm a
menos de altura do pasto.
Em intensidades de pastejo moderadas, os animais caminham menos e ingerem mais
forragem, tendo como conseqüência um maior desempenho animal. Nessas condições, a massa
de forragem presente no pasto apresenta-se num dossel que privilegia tanto a colheita de
forragem de alta qualidade pelo animal, quanto à interceptação luminosa e o crescimento vegetal.
Comparado a situações de excesso ou ausência de pastejo, intensidades de pastejo moderadas
incrementam o acúmulo de carbono, pois a produção total de forragem em tal situação é maior.
Além disso, os agregados do solo respondem positivamente a presença do animal, assim como
respondem positivamente vários outros atributos físicos e químicos do solo, conforme
apresentado a seguir.
Neste particular, o solo pode ser considerado como o compartimento centralizador dos
processos, e aquele que captura o sentido (+ ou -) das modificações no sistema. Enquanto os
cultivos se sucedem, tanto quanto a presença dos animais, o solo é o único elemento a
permanecer convergindo alterações físicas, químicas e biológicas de longo prazo. Por esta razão,
o compartimento solo concentra vários dos indicadores de avaliação do sistema. Já o animal em
pastejo pode ser considerado o catalisador que recicla o material vegetal e modifica
profundamente a dinâmica dos nutrientes. Como isto se procede é tema dos itens seguintes.
4. Impacto dos sistemas de integração lavoura-pecuária em atributos do solo
Os sistemas de ILP-PD causam mudanças nos atributos físicos (Conte, 2007), químicos
(Flores, 2008), biológicos (Souza et al., 2010) e na matéria orgânica do solo – MOS (Salton et
al., 2005; Souza et al., 2009), afetando o desenvolvimento radicular (Souza et al., 2008; Souza et
al., 2009) e o rendimento das culturas que vêm na seqüência do pastejo (Silva et al., 2000;
Albuquerque et al., 2001). Por manter os teores de matéria orgânica em níveis adequados (Souza
et al., 2008), além de proporcionar maior qualidade, sustentabilidade e capacidade de produção
dos solos agrícolas, o sistema de ILP-PD, em intensidades moderadas de pastejo, é considerado
um dos sistemas de manejo mais eficientes em melhorar a estrutura do solo (Souza, 2008). Além
disso, em áreas sob pastejo, a deposição de dejetos pelos animais pode constituir-se em
importante fator de reciclagem e de concentração de carbono, de nitrogênio e de outros
nutrientes no solo.
4.1. Impactos em atributos físicos
6
Apesar da crescente adoção de sistemas de ILP-PD no país, questionamentos sobre
possíveis impactos negativos, principalmente ligados a degradação física de solos, ainda
persistem. Essa é uma preocupação particular dos agricultores quando da reflexão em adotar a
integração com a pecuária, pois a entrada dos animais poderia levar à compactação do solo pelo
tráfego animal, especialmente em solos argilosos sob PD. Isto porque solos com longo histórico
de uso nesse sistema apresentam atributos físicos alterados pelo tráfego agrícola acumulado ao
longo dos anos, quando comparados à condição de preparo convencional,.
O tráfego de máquinas e implementos agrícolas tem um grande potencial para causar
efeitos destrutivos na estrutura do solo, devido às pressões aplicadas sobre sua superfície.
Processo semelhante ocorre com a presença de animais se deslocando na busca por alimento
(forragem), imprimindo ao solo uma pressão resultante de sua massa corporal sobre os cascos. O
pisoteio por animais tem potencial de causar compactação no solo tanto quanto implementos
agrícolas (Greenwood & McKenzie, 2001). Segundo os autores, as pressões impostas ao solo
pelos animais são dependentes da espécie e da categoria animal, e ainda têm interferência de
quantos de seus membros locomotores estão apoiados no solo, em função de estarem em repouso
ou em movimento. Essa compactação pode ser agravada quando o solo está com umidade acima
do seu limite de friabilidade, e quando do uso de taxas de lotação excessivas. Greenwood &
McKenzie (2001) afirmam que a pressão estática dos cascos dos bovinos é maior do que aquela
de ovinos e equinos, mas Cumming & Cumming (2003) abordaram o tema de forma mais
extensa e suas conclusões levam a outro sentido. Analisando vários tipos de herbívoros
ungulados com massa corporal variando de 5 a 5.000 kg, os autores encontraram uma relação
alométrica entre a área do casco e a massa corporal do animal, descrita por uma função linear
com coeficiente próximo a unidade. Isto significaria que a pressão exercida por unidade de área
seria uma constante relacionada ao peso do animal, independente de espécies e categorias.
Como conclusão parcial, sistemas de ILP-PD têm efeito sobreposto de tráfego de
máquinas e animais, contribuindo para alterar a condição física natural do solo. O desafio reside
em manejar essas alterações causadas por máquinas e animais no sentido de que não se
comprometa a produtividade e a sustentabilidade do sistema produtivo e do meio ambiente. Tal
preocupação não deve focar somente o sistema de produção e sua eficiência produtiva ou
econômica, pois outros fatores, como os ciclos hidrológicos, de nutrientes e de elementos
contaminantes, podem ser afetados em decorrência do impacto do manejo de implementos e dos
animais sobre a estrutura física do solo.
4.1.1. Densidade, porosidade e umidade
7
Independentemente da região do Brasil onde se aplique os preceitos da ILP-PD, tanto
em solos tropicais (e.g., região Centro-Oeste) como naqueles localizados em regiões subtropicais
do Sul do país, os atributos físicos de solo têm sido afetados pelo manejo do pasto de forma
similar. Por exemplo, com relação a densidade e porosidade solo, ainda que a fase pastagem seja
mal conduzida, com lotação excessiva, os impactos têm sido restritos a camada superficial do
solo (0 – 10 cm) e têm sido reversíveis. Ações no sentido de restabelecer a condição prévia
envolvem agentes naturais, como as próprias culturas em sucessão, ou operações de semeadura,
com dispositivos que permitem preparo localizado na linha, realizado por elementos sulcadores.
Marchão et al. (2007) reportam, em região tropical, pequenos impactos na densidade do solo sob
ILP, havendo inclusive melhoria na recuperação de áreas fisicamente degradadas, como
observado na retenção de água (Tabela 1).
Tabela 1. Densidade, porosidade e água disponível em sistemas de produção agrícola na região tropical – Planaltina DF. (Adaptado de Marchão et al., 2007)
Atributos Camada - cm Pastagem ILP-PD(1) ILP-C(2) 0-5 1,13 1,19 1,20
10-15 1,13 1,11 1,24 Densidade g/ cm3
20-25 1,04 1,02 1,05 0-5 0,58 0,54 0,56
10-15 0,58 0,59 0,56 Porosidade total cm3/cm3
20-25 0,63 0,64 0,62 0-5 0,07 0,05 0,06
10-15 0,12 0,15 0,07 Macroporosidade cm3/cm3
20-25 0,19 0,20 0,18 0-5 0,16 0,16 0,17
10-15 0,13 0,12 0,16 Água disponível cm3/cm3
20-25 0,14 0,12 0,16 (1)ILP-PD: Sistema de integração Panicum maximum e soja em plantio direto; (2)ILP-C: Sistema de integração
Panicum maximum e soja com gradagem .
Flores et al. (2008) reportam respostas similares de impacto somente nas camadas
superficiais do solo. Em protocolo experimental de longa duração na região sul, a densidade do
solo aumentou e a macroporosidade diminuiu com o aumento da intensidade de pastejo
unicamente na camada superficial, de 0 - 5 cm (Tabela 2), efeito este revertido a valores
próximos aos iniciais após o cultivo da soja (Tabela 3).
8
Tabela 2. Densidade e porosidade em diferentes camadas de solo em função de intensidades de pastejo na região Sul (média no período 2001/05). (Adaptado de Flores et al., 2008)
Densidade Porosidade total Macroporosidade Intensidade
de pastejo(1) 0 – 5 5 - 10 0 – 5 5 - 10 0 – 5 5 - 10 -------- g/dm3 --------- -------------------------------- % ----------------------------
Sem pastejo 1,28 1,39 55 49 14 8
Pastejo 40 cm 1,33 1,41 54 50 13 9
Pastejo 20 cm 1,36 1,41 53 50 12 8
Pastejo 10 cm 1,39 1,39 53 49 10 9 (1) As intensidades de pastejo de 10, 20 e 40 cm de altura representam alturas de manejo do pasto obtidas por
alterações na taxa de lotação dos animais. Quanto menor a altura do pasto, maior a taxa de lotação. Sem pastejo representa uma fase pastagem onde não entra animais, e o pasto serve exclusivamente para cobertura do solo.
Tabela 3. Densidade e porosidade na camada superficial do solo após pastagem e após soja em função de intensidades de pastejo na região Sul (média no período 2001/05). (Adaptado de Flores et al., 2008)
Densidade Porosidade total Macroporosidade Intensidade
De pastejo(1) Pós pastejo Pós soja Pós pastejo Pós soja Pós pastejo Após soja
-------- g/dm3 ----------- --------------------------- % --------------------------
Sem pastejo 1,28 1,28 55 55 14 15
Pastejo 40 cm 1,33 1,28 54 55 13 13
Pastejo 20 cm 1,36 1,30 53 54 12 13
Pastejo 10 cm 1,39 1,31 53 54 10 12 (1) As intensidades de pastejo de 10, 20 e 40 cm de altura representam alturas de manejo do pasto obtidas por
alterações na taxa de lotação dos animais. Quanto menor a altura do pasto, maior a taxa de lotação. Sem pastejo representa uma fase pastagem onde não entra animais, e o pasto serve exclusivamente para cobertura do solo.
Portanto, o impacto nos atributos físicos do solo está diretamente relacionado a taxa de
lotação usada na fase pastagem. Ainda que este impacto seja negativo, no caso de lotações
excessivas, os resultados indicam que ele é superficial e reversível. Por último, quando a taxa de
lotação é controlada em nível de pastejo moderado, os atributos do solo são similares a condição
de ausência de pastejo.
4.1.2. Resistência à penetração e força de tensão
A resistência à penetração (RP) é um método clássico e eficiente para o diagnóstico do
estado de compactação do solo (Chancellor, 1994). Os resultados deste parâmetro em protocolo
de longa duração da região Sul (Tabela 4) confirmam aqueles obtidos com densidade do solo, ou
seja, os efeitos se restringem a camada superficial (até 6 cm), aumentando quanto maior a
intensidade de pastejo aplicada. O limite crítico (2,0 MPa) para o desenvolvimento das plantas
9
ocorre somente na maior intensidade de pastejo, e a 12 cm de profundidade, onde o efeito do
pisoteio animal se associa a própria massa do solo na determinação do aumento da RP. O
aumento da RP com a profundidade em todos os tratamentos reflete esse fenômeno e/ou efeitos
acumulados do trafego de máquinas agrícolas.
Tabela 4. Resistência do solo à penetração, expressa em índice de cone, avaliada em três profundidades, na semeadura da safra 2004/05, nos tratamentos estudados. (Conte, 2010 - Tese de Doutorado em preparação)
Profundidades (cm) Intensidade de pastejo 6 12 18
cm .................................kPa.................................... P-10(1) 1.263 A 2.053 a 2.610 A
P-20 1.143 Ab 1.922 a 2.526 A P-30 1.062 Ab 1.977 a 2.654 A P-40 804 Bc 1.759 a 2.389 A SP 635 C 1.448 a 2.131 A
Média 981,4 A 1.831,8 B 2.462 C C V (%) 17,9 14,2 7,8
(1) P -10, P-20, P-30, P-40 e SP representam alturas de manejo do pasto obtidas por alterações na taxa de lotação dos animais. Quanto menor a altura do pasto, maior a taxa de lotação. Sem pastejo (SP) representa uma fase pastagem onde não entra animais, e o pasto serve exclusivamente para cobertura do solo. (Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Duncan P<0,05).
A medida de RP tem também a restrição da heterogeneidade do solo imposta pelo
pisoteio animal. Nesse sentido, a sua medição georreferenciada, ou a medição contínua da força
de tração medida nas hastes sulcadoras de semeadoras, pode fornecer um diagnóstico
espacializado do estado de compactação do solo (Figura 2). A representação gráfica diz respeito a
uma área de aproximadamente 22 ha onde se aplicam as diferentes intensidades de pastejo
apresentadas na Tabela 4. Observa-se, nas áreas em vermelho (acima de 2.0 MPa), e na camada
de 0 – 10 cm, os limites das três unidades experimentais com os tratamentos de maior intensidade
de pastejo (P-10).
10
Figura 2. Mapas de força de resistência à penetração diferentes profundidades em sistema de
integração lavoura-pecuária sobre Latossolo, semeadura 2007, após 6 anos de rotação pasto/soja. (Conte, 2010 - Tese de Doutorado em preparação).
A avaliação do estado de compactação do solo por meio do uso de hastes instrumentadas
com sensores de força de tração em hastes de semeadora e aquisição georreferenciada de dados
permite mapeamento de áreas com maior detalhamento (Figura 3) do que o uso georreferenciado
de penetrômetros de cone (Figura 2).
11
Figura 3. Mapas de força de tração medida em hastes sulcadoras em diferentes profundidades em
sistema de integração lavoura-pecuária sobre Latossolo, semeadura 2007, após 6 anos de rotação pasto/soja. (Conte, 2010 - Tese de Doutorado em preparação).
Como se pode concluir, o conjunto de informações apresentadas reitera a afirmação de
que o uso de pastagens com intensidades de pastejo moderadas não afeta negativamente o solo,
sequer em camadas superficiais.
4.1.3. Estado de agregação do solo
Sistemas de ILP-PD com intensidades de pastejo moderadas promovem melhor
agregação do solo, comparados com os de alta intensidade de pastejo e com os não pastejados
(Tabela 5). Os efeitos benéficos do “bom pastejo” na agregação foram observados por Conte
(2010) até a camada de 20 cm, mas especialmente na camada de 0 -10 cm, aumentando ao longo
do tempo. Pastejos moderados mantendo pastos anuais de inverno entre 20 e 30 cm de altura
promovem melhor agregação por favorecerem a formação de agregados >2 mm (Souza, 2008) e
o diâmetro médio ponderado de agregados estáveis em água (Tabela 5).
12
Tabela 5. Diâmetro médio ponderado (DMP) dos agregados estáveis em água em diferentes camadas de um Latossolo Vermelho distroférrico em sistema de integração agricultura-pecuária, submetido a intensidades de pastejo sob plantio direto. (Conte, 2010 - Tese de Doutorado em preparação)
Intensidades de pastejo(1)
SP P-40 P-30 P-20 P-10
Camadas
cm -------------------------------mm---------------------------------------
0 a 10 2,85aB 3,54aA 3,52aA 3,92aA 3,59aA
10 a 20 2,16bB 2,78bA 3,05bA 2,57bA 2.30bB
Média 2,50 3,16 3,28 3,33 2,94 (1) P -10, P-20, P-30, P-40 e SP representam alturas de manejo do pasto obtidas por alterações na taxa de lotação dos animais. Quanto menor a altura do pasto, maior a taxa de lotação. Sem pastejo (SP) representa uma fase pastagem onde não entra animais, e o pasto serve exclusivamente para cobertura do solo. Letras minúsculas, na coluna, separam o efeito de profundidade. Letras maiúsculas, na linha, comparam o efeito dos tratamentos dentro da mesma profundidade. Letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. Efeitos positivos da integração lavoura-pecuária na agregação do solo também foram
observados em condições tropicais por Salton et al. (2005). Os autores chegaram a tal conclusão
pela medida do índice de estabilidade dos agregados (Figura 4), cujos resultados foram obtidos
em diferentes sistemas de produção agrícola de longa duração e em diferentes locais no Mato
Grosso do Sul.
Figura 4. Índice de estabilidade de agregados na camada de 0 – 20 cm do solo em sistemas com
longo histórico de manejo. (Salton et al., 2005). As siglas Lav, Lav-Past, Past e VN referem-se a sistemas de lavoura, lavoura-pastagem, pastagem e vegetação natural, respectivamente.
Como se pode depreender, nem todos os parâmetros relacionados aos atributos
físicos do solo são indiferentes ou negativamente afetados pela presença do animal em pastejo. A
fase pastagem contribui positivamente no estado de agregação do solo.
4.1.4. Rugosidade superficial e retenção e velocidade de escoamento da água
13
A ruptura da estrutura do solo pelo casco do animal dá origem à formação de
pequenas depressões na superfície do solo, assim como causa leve revolvimento, expondo o solo
desestruturado. É importante ressaltar que esse processo ocorre quando o solo apresenta um teor
de umidade próximo, ou acima, do ponto de friabilidade, não ocorrendo ou sendo pouco
expressivo à medida que o solo vai perdendo umidade.
Após o cultivo da soja, Lunardi (2005) observou maiores valores de infiltração de
água no solo em áreas conduzidas com menor intensidade de pastejo (122,8 mm h-1) na fase
pastagem precedente, em relação a áreas com maior intensidade de pastejo (84,9 mm h-1).
Alterações na superfície interferem diretamente no processo de infiltração de água no solo
devido à descontinuidade de poros a partir da superfície; neste caso diminuindo a taxa de
infiltração de água. O aumento da rugosidade promove armazenamento temporário de água
nessas pequenas depressões superficiais, dando mais tempo para que ocorra infiltração,
retardando ou reduzindo as enxurradas e, assim, contribuindo com a sustentabilidade do sistema
produtivo e do meio ambiente pela redução das perdas de solo, de água e de contaminantes.
4.2. Impactos em atributos químicos do solo
4.2.1. Indicadores de acidez e cálcio e magnésio
A decomposição de resíduos das culturas e dos animais (grupos carboxílicos e
fenólicos), a reação dos adubos nitrogenados (processo de nitrificação) e a exportação de bases
pelos grãos na colheita e pelos animais no pastejo são os principais fatores que provocam a
acidez do solo em sistemas de ILP-PD.
Quando bem conduzido, uma característica do sistema é o aumento gradual do teor de
matéria orgânica ao longo do tempo (item 4.2.2). O aumento dos estoques de matéria orgânica
do solo (MOS) reduz os efeitos prejudiciais da acidez do solo e da toxidez de alumínio devido ao
aumento de ácidos orgânicos de baixo peso molecular (Salet et al., 1999). Entretanto, mesmo que
essa redução ocorra, isto não faz prescindir a correção da acidez do solo, uma vez que as
forrageiras e as culturas comerciais respondem à aplicação de calcário (Petrere & Anghinoni,
2001; Sá, 1999).
A aplicação de calcário em superfície sem incorporação ao solo tem sido utilizada como
prática consolidada em PD e o seu efeito em profundidade é relativamente rápido (Caires et al.,
1998; Caires, 2000; Anghinoni, 2007). Esse efeito é atribuído a diversos mecanismos, dentre eles
a descida física de partículas finas (Amaral et al., 1994) e a ação de ácidos orgânicos
hidrossolúveis (Miyazawa et al., 1993; Franchini et al., 1999a; Franchini et al., 2000), atuando
14
isoladamente ou em conjunto. No sistema de ILP-PD de longa duração na região sul, com
diferentes intensidades de pastejo de bovinos, no período outono-inverno, e soja, na primavera-
verão, a presença dos animais favoreceu os efeitos em profundidade da calagem aplicada na
superfície do solo (Flores et al., 2008). Isto verificado tanto pelos índices de acidez (pH,
saturação por bases e por alumínio), como pelos teores de cálcio e magnésio trocáveis no solo
(Figura 5). Essa rápida descida ocorre como resultado da ação conjunta do pastejo (alteração de
atributos físicos do solo), do resíduo de culturas (biomassa vegetal sobre o solo) e dos
excrementos dos animais (ligantes orgânicos). Além disso, a exsudação de compostos orgânicos
pela aveia e pelo azevém, sob influência do pastejo (remoção da parte aérea com efeito associado
a senescência de componentes morfológicos, tanto da parte aérea quanto do sistema radicular),
poderia ser responsável por um efeito mais homogêneo frente a acidez das áreas pastejadas, uma
vez que a distribuição dos resíduos animais é heterogênea. Os mesmos ácidos orgânicos
exsudados pelas plantas e liberados durante a degradação dos seus resíduos culturais (Kochian,
1995; Ma et al., 2001) também são encontrados no esterco bovino (Baziramakenga & Simard,
1998). Desta forma, é possível que, de forma semelhante ao observado para os ácidos orgânicos
solúveis de origem vegetal, os ácidos orgânicos solúveis de origem animal possam diminuir a
ação fitotóxica do alumínio e formar complexos com Ca2+ e Mg2+ favorecendo, dessa forma, a
sua descida no perfil do solo. Esses efeitos em profundidade dependem, por conseguinte, de uma
série de fatores tais como a quantidade e dose de calcário aplicada, o tipo de solo, a adubação, o
sistema de rotação e de manejo de resíduos das culturas, bem como o regime pluviométrico.
15
Figura 5. pH em água (a), cálcio trocável (b), magnésio trocável (c), saturação por bases (d) e saturação por alumínio 24 meses após a aplicação de calcário em um Latossolo Vermelho distroférrico sob sistema de rotação pasto/soja em plantio direto com (SP-4,5) e sem (SP-0) correção do solo ou sob sistema de integração lavoura-pecuária em plantio direto com correção do solo, submetido a diferentes intensidades de pastejo (ns= não significativo). Flores et al. (2008)
4.2.2. Matéria orgânica e nitrogênio
16
Os teores de carbono e nitrogênio (C e N) se mantém estáveis em solo sob vegetação
natural. O preparo do solo utilizando intenso revolvimento e sistemas de culturas com baixa
adição de resíduos acarretam em redução intensa da MOS, levando o solo à degradação, com
conseqüente perda de sua qualidade e do rendimento das culturas.
A ILP-PD, sob intensidades moderadas de pastejo, combina a ausência de revolvimento
do solo e o elevado aporte de resíduos pela utilização de lavouras e pastagens. Isso vem sendo
obtido em condições tropicais e subtropicais brasileiras pela crescente utilização de forrageiras
para formação de cobertura do solo. Em sistemas de ILP-PD ocorre aporte diferenciado de
resíduos vegetais em relação aos sistemas puros de produção de grãos, tanto na superfície quanto
no perfil do solo pelas raízes (Souza et al., 2008; Souza et al., 2009; Souza et al., 2010). Desta
forma, a intensidade de pastejo tem grande influência na quantidade e distribuição desses
resíduos no solo, assim como dos dejetos excretados pelos animais em pastejo. Diante disso, se
verifica que o aporte de C e N (total e na fração particulada), tanto em superfície quanto em
profundidade, será influenciado pela lotação animal (Figuras 6 e 7) e, por este motivo, a altura de
manejo do pasto passa a ser um fator de grande importância na dinâmica da MOS, entre outros
nutrientes.
17
Figura 6. Estoques de carbono na camada de 0 – 20 cm do solo nas frações associadas aos minerais do solo (C-MOM) e na matéria orgânica particulada (C-MOP) e a proporção entre as duas frações em sistemas com longo histórico de manejo e em diferentes localidades (Salton et al., 2005). As siglas Lav, Lav-Past, Past e VN referem-se a sistemas de lavoura, lavoura-pastagem, pastagem e vegetação natural, respectivamente.
Figura 7. Estoques de carbono orgânico total (a) e nitrogênio total (b) na camada de 0 a 20 cm em um Latossolo Vermelho distroférrico após sete anos de rotação pasto/soja (Souza et al., 2009). P -10, P-20, P-40 representam alturas de manejo do pasto obtidas por alterações na taxa de lotação dos animais. Quanto menor a altura do pasto, maior a taxa de lotação. Sem pastejo (SP) representa uma fase pastagem onde não entra animais, e o pasto serve exclusivamente para cobertura do solo
Dessa forma, a condução desses sistemas por longo tempo sob plantio direto, em
condições de moderada carga animal (cerca de 2 animais por hectare), promove menor saída de
C e de N, por respiração microbiana (Souza et al., 2010) e pelo pastejo animal. Como
conseqüência, o estoque desses elementos no solo tende a ser maior. Os autores verificaram que
o tempo tem efeito importante na avaliação de sistemas ILP-PD, uma vez que o comportamento
da MOS é distinto quando comparado a sistemas puramente de produção de grãos. Aumentos de
até 3,47 Mg ha-1 têm sido observados no estoque de C após três anos, representando um
incremento médio anual de 1,16 Mg ha-1 (Figura 6a), o que é considerado alto (Corazza et al.,
1999). Para o N esse aumento no estoque chega a 345 kg ha-1, representando um aporte anual
médio de 115 kg ha-1 (Figura 7b). Por conseguinte, enquanto intensidades de pastejo moderadas
(20 e 40 cm) promovem aumento nos estoques de carbono e nitrogênio total no solo de forma
similar ao plantio direto sem pastejo, o pastejo pesado (10 cm) acarreta perdas na qualidade do
solo, com diminuição nos estoques de carbono e nitrogênio total ao longo do tempo (Figura 7).
O efeito benéfico dos sistemas ILP-PD, com pastejo a intensidades adequadas, decorre da
melhor relação entre massa de raízes e parte aérea, que se acumulam no tempo, pois ocorre um
18
mínimo de revolvimento do solo e, portanto, pouca incorporação mecânica dos resíduos vegetais,
diminuindo a oxidação. Além disso, o que contribui para o acúmulo de MOS (C e N), em
profundidade em sistemas integrados de produção, é o transporte de resíduos vegetais da
superfície do solo, pela macro e mesofauna do solo, que é bastante superior em sistemas
integrados em relação aos puros.
4.2.3. Índice de manejo de carbono
As melhorias do solo pelo manejo em sistema de ILP-PD podem ser observadas
quando se avalia o índice de manejo de carbono (IMC), que é um indicador de qualidade do solo.
Ele permite avaliar a dinâmica dos processos em relação à perda ou ao ganho: quanto maior o
IMC, maior a qualidade do solo. No RS, Souza et al., (2009) constaram que em baixas
intensidades de pastejo (40 cm) ocorre a manutenção do IMC, tendendo a ser superior na
intensidade moderada (20 cm), em relação a áreas não pastejadas (Tabela 6). Isto demonstra que
essas áreas mantêm a labilidade da matéria orgânica semelhante à área referência (sem pastejo),
enquanto que na maior intensidade de pastejo (10 cm de altura) esse índice é bastante inferior.
Com resultados similares, Salton (2005) avaliou um Latossolo Vermelho distroférrico no
município de Dourados/MS e verificou IMC superior ao cerrado nativo quando da utilização de
sistemas integrados de produção.
Tabela 6. Índice de estoque de carbono (IEC), labilidade (L), índice de labilidade (IL) e índice de manejo de carbono (IMC), na camada de 0 a 20 cm, em um Latossolo Vermelho distroférrico após sete anos de rotação pasto/soja (Souza et al., 2009).
Intensidades de pastejo IEC L IL IMC
10 cm 0,884 b 0,102 b 0,733 b 65 b
20 cm 0,986 a 0,131 a 1,072 a 107 a
40 cm 0,955 a 0,146 a 1,045 a 100 a
Sem pastejo(1) - 0,140 a - 100 a (1)Referência com IMC 100. Intensidades de pastejo de 10, 20 e 40 cm representam alturas de manejo do pasto
obtidas por alterações na taxa de lotação dos animais. Quanto menor a altura do pasto, maior a taxa de lotação. Sem pastejo (SP) representa uma fase pastagem onde não entra animais, e o pasto serve exclusivamente para cobertura do solo. Valores seguidos de mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Tukey (P<0,05).
4.2.4. Fósforo
19
A dinâmica do fósforo no solo em sistemas de ILP-PD, com pastejo pelos animais,
tende a ser mais complexa do que em sistemas puros de produção de grãos ou pastagem.
Aspectos importantes a serem considerados são as formas (orgânica e inorgânica) e as frações
(diferentes labilidades) com que esse fósforo se acumula formando gradientes acentuados no
perfil do solo. No Brasil, inúmeros são os trabalhos desenvolvidos em sistemas de produção de
grãos e plantas de cobertura, tanto em solos de clima tropical (Araújo et al., 1993; Fernandes et
al., 2002) quanto em solos de clima subtropical (Selles et al., 1997; Rheinheimer & Anghinoni,
2001; Pavinatto & Rosolem, 2009).
Entretanto, em sistemas de ILP-PD, raros são os trabalhos como o de Souza (2008), que
relaciona a intensidade de acúmulo do P, as mudanças nas suas formas químicas em função do
tempo e seu grau de disponibilidade às plantas. Nesse trabalho, ao longo de sete anos, ocorreu
aumento no teor total do P (780 para 950 mg dm-3), nas formas inorgânica e orgânica, e nas
frações lábil, moderadamente lábil e pouco lábil, de maneira similar nas áreas pastejadas e não
pastejadas (Figura 8a). O fósforo acumulou-se preferencialmente nas frações inorgânicas e
moderadamente lábeis. Enquanto o acúmulo de fósforo inorgânico foi verificado até a
profundidade de 20 cm, o fósforo orgânico acumulou somente até 5 cm. É interessante, no
entanto, observar que a fração lábil, especialmente sua forma inorgânica, decresceu com a
intensidade de pastejo (Figura 8b), com respectivo aumento nas frações de menor labilidade
(Souza, 2008).
Figura 8. Teor e formas de fósforo (a) e fósforo lábil em função da intensidade de pastejo em um Latossolo Vermelho distroférrico após sete anos de rotação pasto/soja (Souza, 2008). Intensidades de pastejo P-10, P-20 e P-40 representam alturas de manejo do pasto (cm) obtidas por alterações na taxa de lotação dos animais. Quanto menor a altura do pasto, maior a taxa de lotação. Sem pastejo (SP) representa uma fase pastagem onde não entra animais, e o pasto serve exclusivamente para cobertura do solo.
20
O padrão de deslocamento animal também pode influenciar a distribuição de excrementos
neste sistema (Baggio et al., 2009), sendo os animais considerados agentes aceleradores da
ciclagem de nutrientes (Junior et al., 2009), afetando o ciclo biológico de P que participa nas
transformações de P no solo (Tate & Salcedo, 1988). Altas intensidades de pastejo favorecem a
absorção de P lábil pelas raízes nas camadas mais profundas, que é redistribuído no perfil do
solo, enquanto que nas áreas sem pastejo, com menor quantidade de raízes e concentração de
raízes nas camadas superficiais (Souza, 2008), a absorção de P fica limitada nessas camadas. Isso
pode ocorrer devido às adubações contínuas na linha (Ciotta et al. 2002; Costa et al. 2009) e
bioporos formado pelas raízes e fauna do solo (Adiscott, 1995), que promovem a redistribuição
de P no perfil do solo.
4.2.5. Potássio
Em sistemas de ILP-PD a dinâmica de potássio no solo é também alterada quando
comparado a sistemas puros de produção, devido ao aumento na MOS (Souza et al., 2009;
Salton, 2005). Isto promove aumento na capacidade de troca de cátions (Mielniczuk, 2005) e na
reciclagem de K, via culturas de grãos e pelos animais. Tal fenômeno pode ser observado na
Figura 9, onde a ciclagem desse nutriente aumentou com a intensidade de pastejo. O valor dos
excrementos como fonte de nutrientes depende da distribuição nas pastagens, da categoria e da
espécie animal, da quantidade consumida e da composição química das partes da planta que são
ingeridas (Souto, 2006). O potássio é um dos nutrientes que mais retorna à pastagem por meio
das fezes e da urina, que são distribuídos de forma desuniforme na superfície do solo. Portanto,
esse retorno é influenciado pela taxa de lotação animal, pelo método de pastoreio, pela área de
descanso, pelo próprio animal (espécie, raça, sexo), pela quantidade e freqüência de excreção,
pela localização das aguadas, pela topografia do terreno e pela ocorrência de sombras (Rodrigues
et al., 2008).
As quantidades de K, acumuladas nos diferentes compartimentos (soja, pastagem e
animais) em um ciclo de ILP, são elevadas (Figura 9), sendo muito superiores às necessidades
das culturas. A ausência do pastejo, apesar de propiciar menor ciclagem de potássio, resulta em
maiores teores desse nutriente ao longo do perfil do solo, em relação às áreas com animais,
especialmente aquelas intensamente pastejadas. Isto provavelmente devido a perdas no sistema
através da excreta. Em todas as situações, ocorre a formação de um gradiente de concentração de
potássio a partir da superfície, sendo maior após a fase pastagem (Figura 10a) que após a fase
soja (Figura 10b). O balanço de potássio em tal sistema de ILP-PD é negativo e proporcional à
lotação animal (Ferreira, 2009). Mesmo assim, a produtividade da soja não é afetada, uma vez
que os teores disponíveis de potássio são elevados e acima do nível crítico.
21
Figura 9. Potássio acumulado em diferentes compartimentos da pastagem, da soja, nos animais e
nos seus dejetos, em um Latossolo Vermelho distroférrico após oito anos de rotação pasto/soja (Ferreira, 2009). Intensidades de pastejo P-10, P-20, P-30 e P-40 representam alturas de manejo do pasto (cm) obtidas por alterações na taxa de lotação dos animais. Quanto menor a altura do pasto, maior a taxa de lotação. Sem pastejo (SP) representa uma fase pastagem onde não entra animais, e o pasto serve exclusivamente para cobertura do solo. *, N.S., significativo e não significativo pelo teste F (P<0,05), respectivamente. Médias de mesma letra, dentro do mesmo compartimento, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
22
Figura 10. Teores de potássio disponível (Mehlich 1) no perfil do solo em (a) maio e (b) novembro de 2007 e (c) maio de 2008 em Latossolo Vermelho distroférrico após oito anos de rotação pasto/soja (Ferreira et al., 2009). Intensidades de pastejo P-10, P-20, P-30 e P-40 representam alturas de manejo do pasto (cm) obtidas por alterações na taxa de lotação dos animais. Quanto menor a altura do pasto, maior a taxa de lotação. Sem pastejo (SP) representa uma fase pastagem onde não entra animais, e o pasto serve exclusivamente para cobertura do solo. Trat.= tratamento; Prof.= profundidade; DMS= diferença mínima significativa pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
4.3. Em atributos biológicos
4.3.1. Biomassa e atividade microbiana
A biomassa microbiana e a respiração basal são estimuladas pelas maiores
intensidades de pastejo (Tabela 7). De acordo com Cattelan & Vidor (1990), a biomassa
microbiana aumenta com a acumulação de resíduos orgânicos no solo. Nos sistemas de ILP-PD,
além do aumento dos resíduos dos animais (esterco e urina), ocorre incremento da biomassa
radicular com o pastejo (Souza, 2008). Neste trabalho, o conteúdo de carbono na biomassa
microbiana foi menor do que 2 %, o que poderia indicar perdas efetivas de carbono do solo
(Gama-Rodrigues, 1999). Entretanto, os valores de carbono na biomassa encontrados pelo autor
foram ainda maiores do que os encontrados no cultivo convencional (0,5 %), no plantio direto
sem pastejo (0,7 %) e pastagem natural (1.1%) em solos tropicais do cerrado brasileiro.
Medidas do quociente metabólico (qCO2) são importantes para detectar o efeito das
condições de estresse ambiental. Entretanto, esse quociente não foi afetado pelo pastejo (Tabela
7). Essa resposta pode estar relacionada à pequena fração (15-30%) da biomassa microbiana que
é catabolicamente ativa (Mac Donald, 1986), desde que o restante dos microorganismos
permaneçam em forma latente ou inativa.
Tabela 7. Biomassa e atividade microbiana do solo em Latossolo Vermelho distroférrico após sete anos de rotação pasto/soja (Souza et al., 2010).
Atributos microbiológicos P-10(1) P-20(1) P-40(1) SP(2)
Biomassa microbiana (mg C kg-1 de solo) 648 a 574 b 515 c 465 d
Respiração basal diária (mg C-CO2 kg-1 de solo) 8,1 a 7,6 b 7,4 b 6,3 c
Quociente metabólico (mg CO2/mg C dia-1) x 10-3 12,5ns 13,2 14,3 13,5
C-BM/COT (%) 1,98 a 1,82 a 1,51 b 1,47 b
(1)Altura do pasto. (2) Área sem pastejo. Intensidades de pastejo P-10, P-20 e P-40 representam alturas de manejo do pasto (cm) obtidas por alterações na taxa de lotação dos animais. Quanto menor a altura do pasto, maior a taxa de lotação. Sem pastejo (SP) representa uma fase pastagem onde não entra animais, e o pasto serve exclusivamente para cobertura do solo Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem pelo teste de Duncan (p<0,05).
23
4.3.2. Diversidade microbiana funcional
Sistemas de ILP-PD são capazes fomentar a diversidade microbiana em comparação a
sistemas de plantas de cobertura e produção de grãos (Chavez et al., 2008). O índice de
diversidade de Shannon parece se correlacionar com a presença do animal em pastejo (Figura
11). A média observada para o tratamento sem pastejo foi de 6,52, enquanto a maior intensidade
de pastejo atingiu índice de 6,93. Já os demais tratamentos estiveram ao redor de 7,3, o que
parece significar uma diversidade microbiana potencializada pelo pastejo moderado. Os valores
observados são elevados quando comparados a outros sistemas de manejo com plantas de
cobertura/culturas comerciais, que se mantiveram entre 4,0 e 5,0 (Papatheodorou et al., 2008).
Pastagens, como azevém e aveia preta, sob pastejo, promovem exsudação intensa de
compostos orgânicos pelas raízes em sua rizosfera (Tisdall & Oades, 1982), compostos esses que
servem como fonte de energia aos microorganismos. Esse efeito positivo do pastejo na atividade
e diversidade biológica concorre com o adensamento do solo e diminuição da macroporosidade
no tratamento de maior intensidade de pastejo, com provável declínio de suprimento de oxigênio
(Flores et al. 2007). Variabilidade maior dependeria de maior diversidade de espécies
envolvidas na rotação (Moreira & Siqueira, 1999).
Figura 11. Índice de diversidade de Shannon com base na capacidade de utilização de substratos
de carbono pelos microrganismos em Latossolo Vermelho distroférrico após sete anos de rotação pasto/soja (Chavez et al., 2008). Intensidades de pastejo P-10, P-20, P-30 e P-40 representam alturas de manejo do pasto (cm) obtidas por alterações na taxa de lotação dos animais.
24 Quanto menor a altura do pasto, maior a taxa de lotação. Sem pastejo (SP) representa uma fase pastagem onde não entra animais, e o pasto serve exclusivamente para cobertura do solo.
5. Indicadores de avaliação do componente solo
O solo é o componente sobre o qual convergem os efeitos das fases da lavoura e da
pastagem ao longo do tempo, efeitos esses de natureza física, química e biológia. Para se atingir
a “percepção das plantas com relação a fertilidade do solo” nesses sistemas, é fundamental que
se ascenda da escala reducionista a um novo nível de ordem, onde os diferentes parâmetros
estejam compreendidos em sincronismo e de forma multivariada. Os parâmetros indicadores dos
componentes físicos são particularmente importantes em sistemas ILP-PD, pois o sistema
convive com o paradigma técnico de impacto do pisoteio animal em adição ao tráfego agrícola.
Indicadores clássicos de natureza física, como a densidade e a porosidade do solo, e suas
metodologias de determinação, têm sua aplicação dificultada em sistemas de ILP-PD, pela escala
espacial necessária aos estudos e pela heterogeneidade espacial do uso do pasto pelos animais, o
que dificulta a obtenção de unidades amostrais representativas e que reflitam os efeitos dos
animais em nível de unidade experimental. Nesse sentido, a medição georreferenciada da
resistência do solo à penetração e/ou força de tração tem permitido uma avaliação mais apurada
do impacto das máquinas e animais. Os indicadores de agregação do solo têm refletido o
incremento na qualidade do solo quando do uso da fase pastagem sob pastejo em sistemas
integrados.
Nos indicadores de atributos químicos se destacam os estoques de carbono e de
nitrogênio, especialmente pelas características de potencial de seqüestro de carbono. Neste
sentido, o índice de manejo de carbono (IMC) é um bom indicador da qualidade do solo, por
integrar a dinâmica das diferentes frações, especialmente a fração lábil (particulada), a mais
afetada pelo manejo.
Os indicadores de atributos biológicos residem sobre a microbiota do solo, sua atividade
e diversidade. A magnitude e atividade da biomassa microbiana são indicadores sensíveis à
intensidade de pastejo, refletindo o fluxo de remoção de biomassa e de retorno de excrementos.
Em princípio, quanto maior a diversidade de rotações, maior a diversidade esperada na micro e
meso-fauna.
Desta forma, inúmeros são os parâmetros indicadores da qualidade de solo que podem ser
utilizados para avaliar os sistemas de ILP-PD. No entanto, sua importância é relativizada ao que
se quer descrever. A partir desse entendimento e da experiência obtida na condução de diferentes
sistemas de integração lavoura-pecuária no Sul do Brasil, Carvalho et al. (2009) sugerem que a
escala de avaliação apresentada na Tabela 8, seja tomada como orientação em pesquisas ou
situações de avaliação desses sistemas. Mesmo que os autores tenham manifestado não
25
objetivarem ser conclusivos a respeito dos possíveis indicadores de todos os processos que
estejam atuando num sistema de tal complexidade, esses indicadores podem auxiliar na reflexão
de como alguns deles podem se referir a parte dos processos vigentes para, posteriormente,
avaliar os seus impactos em escala sistêmica.
Tabela 8. Indicadores de avaliação de sistemas de integração lavoura-pecuária em plantio direto
(Carvalho et al., 2009)
Avaliação do sistema Indicadores(1)
Prioridade2 Indicação3 Custo relativo4 Densidade +++ - +-++ Porosidade +++ + +-++ Umidade Taxa de infiltração
++ ++
+ +
--+- +-++
Agregação +++ + +-++ Pressão de pré-consolidação + - +-+- Resistência à penetração ++ - +-++ Força de tração ++ - ++++ Calagem superficial (efeito em profundidade)
++ + +-+-
Estoque de carbono +++ + +-++ Índice de manejo de carbono ++ + +-++ Estoque de nitrogênio ++ + +-++ Formas de fósforo + Depende +++- Disponibilidade de nutrientes + + +-+- Ciclagem de potássio + + +++- Biomassa microbiana + + ++++ Quociente metabólico + Depende ++++ Diversidade microbiana Emissão de gases
+ +
+ -
+++- +++-
1 Baseado nos protocolos de integração lavoura-pecuária de corte bovina e ovina de experiência dos autores. 2 Ranking de prioridade (+++ recomendável para todos os tipos de experimentos, ++ desejável para objetivos
exploratórios adicionais, + desejável para objetivos exploratórios pormenorizados) considerando recomendação básica para qualquer experimento de integração lavoura-pecuária (mas vide contexto de abrangência no manuscrito). Hipóteses específicas podem alterar as prioridades menores, mas não as maiores.
3 Refere-se a indicação qualitativa da variável, + sinalizando que maior a sua magnitude, maior a probabilidade de efeito positivo sobre o sistema, o inverso sinalizado por -.
4 Relação empírica entre o esforço para mensuração e o custo para obtenção da amostra e posterior análise em relação a funcionalidade do indicador (++++ alto custo e alta funcionalidade, ++-- alto custo e baixa funcionalidade, --++ baixo custo e alta funcionalidade, +-+- médio custo e/ou funcionalidade).
6. A fertilidade do solo como uma propriedade emergente de sistemas ILP-PD
O estudo da Fertilidade do Solo passou recentemente a ser importante no Brasil, na década
de 1960, com a implantação de programas de recomendação de adubação e de calagem com base
em análise do solo. Isto, para atender uma demanda decorrente da expansão de área cultivada,
especialmente com culturas de grãos em solos ácidos e de baixa fertilidade, proporcionada pela
mecanização agrícola e uso de insumos modernos na agricultura.
26
Desde aquela época e até os dias de hoje, a ênfase tem sido dada às características e
propriedades químicas do solo. A lógica que vigora é que pela análise de atributos químicos se
pretende avaliar a capacidade do solo em suprir nutrientes e verificar a presença de elementos ou
substâncias tóxicas às plantas. A aplicação do conhecimento da Fertilidade do Solo consiste,
então, em efetuar recomendações de adubação e de correção do solo para uma determinada
expectativa de produtividade e manter o solo em nível de suficiência.
Dentro da concepção reducionista, a avaliação da fertilidade do solo fica restrita pelo
grande número de fatores que a afetam, e a análise química do solo contempla apenas parte do
intrincado processo de suprimento dos nutrientes para as plantas. Tal procedimento passa a ser
ainda mais restritivo em sistemas de produção mais complexos, como a ILP-PD, onde o balanço
de matéria e energia é comumente positivo. Neste caso, com base na concepção sistêmica do
solo, da percepção e da inclusão do fator tempo e da aplicação da termodinâmica do não
equilíbrio, há fortes indicações da inadequação dos princípios mecanicistas para o estudo dos
sistemas vivos, pois estes induzem à priorização das relações e do todo (Addiscot, 1995;
Mielniczuk et al., 2003; Nicolodi et al., 2008).
A interpretação do sistema solo, com base na teoria dos sistemas abertos afastados do
equilíbrio termodinâmico, com base na teoria do caos e da existência de estruturas dissipativas,
leva ao funcionamento complexo nos processos de turbulência, auto-organização, mudança de
nível de ordem e geração de propriedades emergentes(2) (Mielniczuk et al., 2003). Segundo os
autores, quanto mais complexas as interações entre e dentro de cada subsistema (químico, físico
e biológico), maior é a probabilidade de resultar em propriedades emergentes que são
importantes na regulação das funções do solo.
Na passagem do manejo convencional de uso do solo (com balanço negativo de matéria e
energia e de elevado estado de desorganização do sistema solo = elevada entropia) para sistemas
conservacionistas, especialmente os sistemas de ILP-PD (com balanço positivo de matéria e
energia = auto-organização do solo e tendência à complexidade) verifica-se, como apresentado
ao longo deste trabalho, ganhos em muitas características e propriedade físicas (agregação,
macroporosidade e armazenamento de água), químicas (eficácia da correção da acidez em
profundidade, teor de matéria orgânica, índice de manejo de carbono e disponibilidade de
nutrientes) e biológicas (biomassa, atividade e diversidade microbiana) do solo, muitas delas
consideradas como indicadores de sua qualidade. De fato, essas melhorias, com a evolução
desses sistemas, propiciam que o solo melhor cumpra as suas funções: de dar suporte e fornecer
2 Propriedades emergentes, são as propriedades do todo; não são redutíveis à soma dos efeitos isolados; não estão presentes no nível inferior de ordem; não podem ser explicadas e nem reduzidas aos elementos que interagiram para gerá-las (Odum, 1983).
27
oxigênio, água e nutrientes para as plantas, que nada mais é do que a fertilidade do solo, no seu
sentido amplo, que emerge do sistema. A fertilidade, neste caso, deve ser encarada como a
capacidade do solo em produzir abundantemente enquanto mantém ou incrementa seu papel nas
demais funções ecossistêmicas.
Mesmo que possam ser identificadas melhorias diretamente relacionadas com o conceito
restrito (químico) de fertilidade do solo, como disponibilidade dos nutrientes e eliminação de
elementos tóxicos para as plantas, elas não são suficientes para a adequada avaliação de sistemas
mais complexos. Há evidências de que o alumínio, em tais condições, seja menos tóxico para as
plantas e ocorram alterações nas relações entre os indicadores de acidez e de fertilidade com o
crescimento e o rendimento das culturas, como resultado da auto-organização do sistema solo
(Salet et al., 1997; Nicolodi et al., 2008). Deste modo, a avaliação da Fertilidade do Solo nos
sistemas mais complexos requer uma abordagem sistêmica e holística, como alternativa ao atual
enfoque, que tem demonstrado ser insuficiente para expressar a “fertilidade do solo percebida
pelas plantas” (Nicolodi et al., 2008).
7. Considerações finais
Sistemas de ILP-PD constituem-se em raros sistemas de produção de alimentos onde
altos níveis de produtividade podem ser almejados com a conservação do ambiente. A
combinação entre os preceitos conservacionistas do plantio direto, a rotação de culturas e a
presença do animal em pastejo, num mesmo sistema, é capaz de mimetizar os processos
fundamentais de ciclagem que ocorrem nos ecossistemas naturais, o que assegura o grau de
sustentabilidade reconhecido desses sistemas. Tal estado de resiliência é atingido em elevado
grau de complexidade, tornando a expressão tradicional da fertilidade, via análise dos atributos
químicos do solo, insuficiente para corresponder a produtividade do sistema. Neste sentido, este
trabalho exemplificou como diferentes parâmetros do solo interagem, se potencializam ou se
anulam, numa intrincada matriz multifuncional. Resulta que sistemas de ILP-PD não conseguem
ter sua fertilidade e, portanto, suas propriedades sinérgicas e emergentes, descritas de forma
convencional. Não obstante, a pesquisa ainda está por desenvolver ferramentas analíticas para tal
desafio, mas importante é reconhecer as limitações do conceito mineralista para que a ciência
possa avançar. Para tanto, sistemas ILP-PD constituem-se num provocativo modelo de estudo.
8. Referências bibliográficas
. ADDISCOT, T.M. Entropy and sustainability. European Journal of Soil Science, 46: 161-168, 1992.
28
ALBUQUERQUE, J.A. et al. Efeito da integração lavoura-pecuária nas propriedades físicas do solo e características da cultura do milho. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 25: 717-723, 2001.
AMARAL, A.S.; ANGHINONI, I.; HINRICHS, R.; BERTOL, I. Movimentação de partículas de calcário no perfil de um cambissolo em plantio direto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 28: 359-367, 2004. ANGHINONI, I. Fertilidade do solo e seu manejo no sistema plantio direto. In: Novais, R. F., Alvarez, V. H.; Barros, N. F.; Fontes, R. L. F.; Cantarutti, R. B.; Neves, J. C. L. (Eds), Fertilidade do Solo, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007. p. 873-928.
ARAUJO, M. S. B.; SALCEDO, I. H.; SAMPAIO, E. V. S. B. Efeito de fertilizações fosfatadas anuais em solo cultivado com cana-de-acucar. I. Intensidade e formas de acumulação. Revista Brasileira de Ciência do Solo,17: 389-396, 1993. BAGGIO, C.; CARVALHO, P.C.F.; SILVA, J.L.S.; ANGHINONI, I.; LOPES, M.L.T.; THUROW, J.M. Padrões de deslocamento e captura de forragem por novilhos em pastagem de azevém-anual e aveia-preta manejada sob diferentes alturas em sistema de integração lavoura-pecuária. Revista Brasileira de Zootecnia, 38, 215-222, 2009. BAZIRAMAKENGA, R.; SIMARD, R.R. Low molecular weight aliphatic acid contents of composted manures. Journal of Environmental Quality, 27: 557-561, 1998. CAIRES, E.F. Manejo da fertilidade do solo no sistema plantio direto: experiências do Estado do Paraná. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 24.FERTBIO 2000. Santa Maria: SBCS/UFSM, 2000. CD-ROM.
CAIRES, E.F.; CHUEIRI, W.A. MADRUGA, E.F.; FIGUEIREDO, A. Alterações de características químicas do solo e respostas ao calcário e gesso aplicados na superfície em sistema de cultivo sem preparo de solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 22: 27-34, 1998. CARVALHO, P. C. F.; SILVA, J.L.S.; MORAES, A.; FONTANELLI, R.S.; MACARI, S.; BREMM, C.; TRINDADE, J. Manejo de animais em pastejo em sistemas de integração lavoura-pecuária. In: Moares, A. et al. International Symposium on International Crop-livestock Systems, Curitiba, 2007, Proceedings...CD-ROM CARVALHO, P.C.F.; ANGHINONI, I.; MORAES, A.; LANG, C.R.; SULC, R.M.; SOUZA, E.D.; BAYER, C. Indicadores para avaliar sistemas de integração lavoura e pecuária de corte. In: Silva, J.L.S. et al. (Eds.) Workshop Integração Lavoura-Pecuária-Floresta no Bioma Pampa, Pelotas, 2009. CD ROM. CATTELAN, A.J.; VIDOR, C. Flutuações na biomassa, atividade e população microbiana do solo, em função de variações ambientais. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 14: 133-142, 1990.
CHANCELLOR, W. J. Soil physical properties. In: CHANCELLOR, W. J. (coord.). Advances in Soil Dynamics. Saint Joseph: ASAE, 1994. p. 21-254.
CHAVEZ L.F; ESCOBAR L.F; AGHINONI, I. et al. Diversidade metabólica e atividade microbiana do solo em sistema de integração agricultura-pecuária em plantio direto submetido a intensidades de pastejo. UFRGS, 2008. 12 p. (Não publicado) CIOTTA, M.N.; BAYER, C.; ERNANI, P.R.; FONTOURA, S.M.V.; ALBUQUERQUE, J.A.; WOBETO, C. Acidificação de um Latossolo sob plantio direto (oxisol acidification under no tillage). Revista Brasileira de Ciência do Solo, 26: 1055-1064, 2002.
CONTE, O. Atributos físicos de solo e demanda de tração em semeadura direta de soja, com diferentes pressões de pastejo em sistema de integração lavoura-pecuária. Porto Alegre:
29
Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007. 91 p. Dissertação (Mestrado) CORAZZA, E. J. et al. Comportamento de diferentes sistemas de manejo como fonte ou depósito de carbono em relação á vegetação de Cerrado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 23: 425-432, 1999.
COSTA, S.E.V.G.A.; SOUZA, E.D.; ANGHINONI, I.; FLORES, J.P.C.; CAO, E.G.; HOLZCHUH, M.J. Phosphorus and root distribution and corn growth under long-term tillage systems and fertilizer placement. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 33: 1237-1247, 2009.
CUMMING, D.H.M.; CUMMING, G.S. Ungulate community structure and ecological processes: body size, hoof area and trampling in African savannas. Oecologia, 134: 560-568, 2003.
FERNANDES , L.A.; FAQUIN, V.; FURTINI, A.E.; CURI, N. Formas de fósforo em solos de varzea e biodisponibilidade para o feijoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 37:373-383, 2002. FERREIRA, E. V. O. Dinâmica de potássio em sistema de integração lavoura-pecuária em plantio direto sob intensidades de pastejo. Universidade Federal do Grande do Sul: Porto Alegre, 2009. 73 p. Dissertação de Mestrado
FERREIRA, E.V.O. ; ANGHINONI, I. ; CARVALHO, P.C.F.; COSTA, S.E.V.G.A.; CAO, E.G. Concentração do potássio do solo em sistema de integração lavoura-pecuária em plantio direto submetido a intensidades d pastejo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 33: 1675-164, 2009. FLORES, J.P.C. Atributos físicos e químicos do solo e rendimento de soja sob integração lavoura-pecuária em sistemas de manejo. Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008. 114 p. (Tese de Doutorado) FLORES, J. P.C.; ANGHINONI, I.; CASSOL, L. C.; CARVALHO, P. C. F.; LEITE, J. G. D.; FRAGA, T. I. Atributos físicos do solo e rendimento de soja em Sistema plantio direto em integração lavoura-pecuária com diferentes pressões de pastejo. Revista. Brasileira de Ciência do Solo, 31:771-780, 2007. FLORES, J.P.C; CASSOL, L.C.; ANGHINONI, I.; CARVALHO, P.C.F. Atributos químicos do solo em função da aplicação superficial de calcário em sistema de integração lavoura-pecuária submetido a pressões de pastejo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 32: 2385-2396, 2008
FRANCHINI, J. C.; BORKERT, C. M.; FERREIRA, M. M.; GAUDÊNCIO, C. A. Alterações na fertilidade do solo em sistemas de rotação de culturas em semeadura direta. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, 24: 459-467, 2000. FRANCHINI, J. C.; MALAVOLTA, E.; MIYAZAWA, M.; PAVAN, M. A. Alterações químicas em solos ácidos após a aplicação de resíduos vegetais. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 23:533-542, 1999.
GAMA-RODRIGUES, E.F. Biomassa microbiana e ciclagem de nutrientes. In: SANTOS, G.A.; CAMARGO, F.A.O. (Ed.). Fundamentos da matéria orgânica: ecossistemas tropicais e subtropicais. Porto Alegre: Gênesis, 1999. p. 227-244. GREENWOD, K. L.; McKENZIE, B. M. Grazing effects on soil physical properties and consequences for pasture: a review. Australian Journal of Experimental Agriculture, 41:1231-1250, 2001.
JUNIOR, A.A.B.; MORAES, A.; VEIGA, M.; PELISSARI, A.; DIECKOW, J. Crop-livestock system: intensified use of agricultural lands. Ciência Rural, 39: 1925-1933, 2009.
30
KEULEN, H.; SCHIERE, H. 2004. Crop-livestock systems: old wine in new bottles? In: Fischer, T. et al. (Eds.). New directions for a diverse planet. Proceedings of the IV International Crop Science Congress, Australia, 2004. CD ROM.
KOCHIAN, L. V. Cellular mechanism of aluminum toxicity and resistance in plants. Annual Revision Plant Physiology Plant Molecular Biology, Palo Alto, 46: 237-260, 1995.
MA, J. F.; RYAN, P. R.; DELHAIZE, E. Aluminium tolerance in plants and the complexing role of organics acids. Trends in Plant Science, 6:273-278, 2001.
MAC DONALD, R.M. Extraction of microorganisms from soil. Biology Agriculture Horticulture, 3: 361-365, 1986.
MACEDO, M. C. M. Integração lavoura e pecuária: o estado da arte e inovações tecnológicas. Revista Brasileira de Zootecnia, 38:133-146, 2009.
MARCHÃO, R. L.; BALBINO, L. C.; SILVA, E. M.; SANTOS JUNIOR, J. D. G.; SÁ, M. A. C.; VILELA, L. ; BECQUER, T. Qualidade física de um Latossolo Vermelho sob sistemas de integração lavoura-pecuária no Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 42: 873-882, 2007. MIELNICZUK, J. Manejo conservacionista da adubação potássica. In: YAMADA, T.; ROBERTS, T. (Eds.). Potássio na Agricultura Brasileira. Piracicaba: Instituto da Potassa e Fosfato, p.165-178, 2005.
MIELNICZUK, J.; BAYER, C.; VEZZANI, F.M.; LOVATO, T.; FERNANDES, F.F.; DEBARBA, L. Manejo do solo e de culturas e sua relação com os estoques de carbono e nitrogênio no solo. In: CURI, N.; MARQUES, J.J.; GUILHERME, L.R.G.; LIMA, J.M.; LOPES, AS.S.; ALVAREZ, V.H. (Eds). Tópicos em Ciência do Solo. Viçosa: SBCS, 2003. p. 209-278 MIYAZAWA, M.; PAVAN, M. A.; CALEGARI, A. Efeito de material vegetal na acidez do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 7: p.411-416, 1993. MOREIRA, F.M.S.; SIQUEIRA, J.O. Microbiologia e bioquímica do solo. Lavras: UFLA, 2006. 727 p. NICOLODI, M.; GIANELLO, C.; ANGHINONI, I,; MARRE, J.; MIELNICZUK,J. Insuficiência do conceito mineralista para expressar a fertilidade do solo percebida pelas plantas. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 32: 2735-2744, 2008.
PAPATHEODOROU, E.E. ; EFTHIMIADOU, E.; STAMAU, G.P. Functional diversity of soil bacteria as affected by management practices and phonological stage of Phaseolus vulgaris. European Journal of soil Biology, 44: 429-436, 2008. PAVINATTO, P.S.; MERLIN, A.; ROSOLEN C.A. Phosphorus fractions in Brazilian Cerrado soils as affected by tillage. Soil & Tillage Research, 105: 149-155, 2009. PETRERE, C.; ANGHINONI, I. Alteração de atributos químicos no perfil do solo pela calagem superficial em campo nativo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 25: 885-895, 2001. RHEINHEIMER, D. S.; ANGHINONI, I. Distribuição do fósforo inorgânico em sistemas de manejo de solo, Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, 36: 151-160, 2001. RODRIGUES, A.M. et al. Concentrações e quantidades de macronutrientes na excreção de animais em pastagem de capim-mombaça fertilizada com fontes de fósforo. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, 37: 990-997, 2008.
SÁ, J.C. Manejo da fertilidade do solo no sistema plantio direto. In: SIQUEIRA, J.O.; MOREIRA, F.M.S.; LOPES, A.S.; GUILHERME, L. R.G. FAQUIM, V.; FURTINI NETO, A.E.; CARVALHO, J.G. (Eds.) Interrelações fertilidade, biologia do solo e nutrição de plantas. Lavras: SBCS/UFLA, 1999. p. 267-319.
31
SALET, R.L.; ANGHINONI, I.; KOCHHANN, R.A. Atividade do alumínio na solução do solo do sistema plantio direto. Revista Científica Unicruz, 1: 9-13, 1999. SALTON, J. C. Matéria orgânica e agregação do solo na rotação lavoura-pastagem em ambiente tropical. 2005.– Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, 2005. 158 p. (Tese de Doutorado)
SALTON, J.C.; MIELNICZUK, J.; BAYER, C. et al. Matéria orgânica do solo na integração lavoura-pecuária em Mato Grosso do Sul. Embrapa: Dourados, 2005. 58 p.
SELLES, F.; KOCHHANN, R. A.; DENARDIN, J. E.; ZENTNER, R. P.; FAGANELLO, A. Distribution of phosphorus fractions in Brazilian oxisol under different tillage systems. Soil & Tillage Research, 44: 23-34, 1997. SILVA, V.R.; REINERT, D.; REICHERT, J.M. Densidade do solo, atributos químicos e sistema radicular do milho afetados pelo pastejo e manejo do solo. Revista. Brasileira de Ciência do Solo, 24:191-199, 2000.
SOUTO, M.S. Pastagem de aveia e azevém na integração lavoura-pecuária: produção de leite e características do solo. – Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Produção Vegetal, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná: Curitiba, 2006. 80 p. (Dissertação de Mestrado)
SOUZA, E.D. Evolução da matéria orgânica, do fósforo e da agregação em sistema de integração agricultura-pecuária em plantio direto, submetido a intensidades de pastejo. Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008. 162p. (Tese de Doutorado) SOUZA, E.D.; CARNEIRO, M.A.C.; PAULINO, H.B.; SILVA, C.A.; BUZETTI, S. Frações do carbono orgânico, biomassa e atividade microbiana em um Latossolo Vermelho sob cerrado submetido a diferentes sistemas de manejos e usos do solo. Acta Scientiarum Agronomy, 28: 323-329, 2006. SOUZA, E.D. et al., Carbono orgânico e fósforo microbiano em sistemas de integração agricultura-pecuária submetidos a intensidades de pastejo em plantio direto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 32:1273-1282, 2008.
SOUZA, E.D.; COSTA, S.E.V.G.A.; ANGHINONI, I.; CARVALHO, P.C.F.; ANDRIGHETI, M.H.; CAO, E.G. Estoques de carbono orgânico e de nitrogênio no solo em sistema de integração lavoura-pecuária em plantio direto, submetido a intensidades de pastejo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 33, 1829-1836, 2009.
SOUZA, E.D.; COSTA, S.E.V.G.A.; ANGHINONI, I.; LIMA, C. V. S.; CARVALHO, P.C.F.; MARTINS, A. P. Biomassa microbiana do solo em sistema de integração lavoura-pecuária em plantio direto, submetido a intensidades de pastejo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 34, 79-88, 2010. TATE, K.R.; SALCEDO, I.H. Phosphorus control of soil organic matter accumulation and cycling. Biogeochemistry, 5 : 99-107, 1988. TISDALL, J. M.; OADES, J. M. Organic matter and water-stable aggregates in soil. Journal Soil Science, 33: 141-163, 1982