Analise Real 2-08

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  • 8/19/2019 Analise Real 2-08

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    Análise II (a parte no IRn)

    Notas de aulas

    André Arbex Hallack

    Janeiro/2008

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    Índice

    1 Noções Topológicas no   IRn 1

    1.1 O espaço vetorial IRn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

    1.2 Seqüências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

    1.3 Topologia usual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

    1.4 Limites e continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

    1.5 Compacidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

    1.6 Conexidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

    1.7 Norma de uma transformação linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

    1.8 Exerćıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

    2 Diferenciabilidade 25

    2.1 Definição: diferenciabilidade de uma aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

    2.2 Exemplos de aplicações diferenciáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

    2.3 Funções reais de m variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

    2.4 Exerćıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    2.5 A Regra da Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

    2.6 Teorema/Desigualdade do valor médio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

    2.7 Exerćıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

    2.8 As classes de diferenciabilidade   C k . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

    2.9 O vetor Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

    2.10 Exerćıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

    3 Funções impĺıcitas 57

    i

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    3.1 Motivação: superf́ıcies regulares no IR3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

    3.2 O Teorema da Função Impĺıcita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

    3.3 Generalização: Variedades diferenciáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 653.4 Exerćıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

    4 Derivadas de ordem superior e a Fórmula de Taylor 69

    4.1 Inversão na ordem de derivação: Teorema de Schwarz . . . . . . . . . . . . . . 69

    4.2 Derivadas de ordem superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    4.3 A Fórmula de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

    Referências 77

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    Caṕıtulo 1

    Noções Topológicas no   IRn

    1.1 O espaço vetorial   IRn

    Consideremos o conjunto IRn = { (x1, x2, . . . , xn) ;  xi ∈ IR , i = 1, 2, . . . , n }  das n-uplas denúmeros reais.

    Dados   x = (x1, x2, . . . , xn) ,   y = (y1, y2, . . . , yn) ∈ IRn e   α ∈ IR, definimos:

    x + y = (x1 + y1, x2 + y2, . . . , xn + yn)

    α.x = (αx1, αx2, . . . , α xn)

    Estas operações fazem do IRn um espaço vetorial de dimensão  n   sobre o corpo IR dos

    números reais.

    Produto interno no espaço   IRn:

    Definimos o PRODUTO INTERNO CANÔNICO   < , > : IRn × IRn → IR pondo:

    < x, y > =  x1y1 + x2y2 + . . . + xnyn   ∀ x  = (x1, . . . , xn), y  = (y1, . . . , yn) ∈ IRn

    Normas:

    A partir do Produto Interno Canônico acima definido, constrúımos a NORMA(?)

    EUCLI-

    DIANA   e : IRn → IR pondo:

    xe = √ 

    < x, x >   ∀ x ∈ IRn

    1

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    2   CAP ́ITULO 1

    Obs.: Outras duas normas(?)

    se destacam no IRn:

    A NORMA DO MÁXIMO   m : IRn →  IR dada por

    xm  = max { |x1| , |x2| , . . . , |xn| } ∀ x  = (x1, . . . , xn) ∈ IRn

    A NORMA DA SOMA   s : IRn →  IR dada por

    xs = |x1| + |x2| + . . . + |xn| ∀ x  = (x1, . . . , xn) ∈ IRn

    É fácil mostrar(?)

    que estas duas normas não provêm de produto interno algum no IRn.

    Para todo   x ∈ IRn temos(?) :

    xm ≤ xe ≤ xs ≤ n. xm

    Métricas, bolas e conjuntos limitados:

    A partir de qualquer norma    no IRn podemos construir, de modo natural, uma métricad : IRn × IRn → IR (noção de distância), pondo:

    d(x, y) = x − y ∀ x, y ∈ IRn

    Seguem definições de certos lugares geométricos básicos:

    Definição 1.1.  Consideremos uma norma     no   IRn. Dados um ponto   a ∈   IRn e um n´ umero real   r > 0, definimos:

    (i) BOLA ABERTA de centro  a  e raio  r:   B(a; r) = {x ∈ IRn ; x − a < r}

    (ii) BOLA FECHADA de centro  a  e raio  r:   B[a; r] =

     {x

     ∈ IRn ;

     x

    −a

    ≤ r

    }(iii) ESFERA de centro  a  e raio  r:   S [a; r] = {x ∈ IRn ; x − a =  r}

    Obs.:   É claro que os lugares geométricos acima definidos  dependem da norma   considerada.

    A seguir definimos uma relação de equivalência entre normas:

    Definição 1.2.   Duas normas   1   e   2   no   IRn s˜ ao ditas EQUIVALENTES quando,

    sempre   que for dada uma bola aberta, considerando uma das normas, é posśıvel obter uma bola aberta de mesmo centro, considerando a outra norma, contida na primeira.

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    No瘠oes Topológicas no   IRn 3

    A “equivalência”, assim definida, além de SIMÉTRICA (por definição), é REFLEXIVA E

    TRANSITIVA, sendo portanto uma RELAÇ ÃO DE EQUIVALÊNCIA(?)

    .

    Proposição 1.3.  (?)

    Duas normas   1   e   2   no   IRn s˜ ao equivalentes se, e somente se,existem constantes   k,l > 0   tais que:

    l. x2 ≤ x1 ≤ k. x2   ∀ x ∈ IRn

    Já vimos antes que   xm ≤ xe ≤ xs ≤ n. xm , para todo   x ∈ IRn.Portanto as normas Euclidiana, do Máximo e da Soma são EQUIVALENTES!

    Definição 1.4.  Um conjunto   X  ⊂ IRn é limitado (“em rela瘠ao à norma   ”) quando existir uma constante   c > 0   tal que   x ≤ c   para todo   x ∈ X .

    É imediato que se duas normas   1   e   2   no IRn são equivalentes então um conjuntoX  ⊂  IRn é limitado em relação à norma   1   se, e somente se,   X   é limitado em relação ànorma   2.

    (?)

    Proposição 1.5.  (?)

    Um conjunto   X 

     ⊂ IRn é limitado (em rela瘠ao a qualquer norma equi-

    valente à Norma do M´ aximo) se, e somente se, todas as suas proje瘠oes 

    X 1  =  π1(X ), X 2 = π2(X ), . . . , X  n =  πn(X )

    s˜ ao conjuntos limitados em   IR.

    1.2 Seqüências

    Definição 1.6.   Dizemos que uma seq¨ ûencia    (xk)   no   IRn converge para o limite    a ∈  IRn(“em rela瘠ao à norma   ”) quando, para cada    >   0   dado, é posśıvel obter um ı́ndice k0 ∈ IN   tal que   k > k0  ⇒ xk − a < . Neste caso escrevemos:   a = lim xk   ou   xk → a.

    De modo equivalente temos que, para cada    >  0   , os termos    xk   est˜ ao na bola aberta 

    B(a; )   (em rela瘠ao à norma considerada), para todo  k  suficientemente grande.

    Uma conseqüência importante da definição acima é que,   se duas normas no   IRn são

    equivalentes, então a convergência de uma seqüência independe de qual das nor-

    mas equivalentes é considerada  (?)

    .

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    4   CAP ́ITULO 1

    Conseqüências imediatas:  (?)

    (i) lim xk  = a  ⇔   lim xk − a = 0

    (ii) Toda seqüência convergente é limitada.

    (iii) Se lim xk = a   então toda subseqüência de (xk) converge para a.

    (iv) O limite de uma seqüência convergente é único.

    Uma seqüência (xk) no IRn equivale a n  seqüências de números reais, ou seja, para todo

    k ∈  IN , xk  =

    x(k)1   , x

    (k)2   , . . . , x

    (k)n

    , onde   x

    (k)i   = πi(xk) = i-ésima coordenada de   xk. Essas  n

    seqüências são ditas as Seqüências DAS COORDENADAS de (xk).

    Proposição 1.7.  (?)

    Uma seq¨ ûencia    (xk)   no   IRn converge (em rela瘠ao a qualquer norma 

    equivalente à Norma do M´ aximo) para o ponto   a  = (a1, a2, . . . , an)   se, e somente se, para 

    cada   i = 1, 2, . . . , n   tem-se   lim x(k)i   = ai   , ou seja, cada coordenada de   xk   converge para a 

    coordenada correspondente de   a.

    Coroĺario 1.  Dadas as seq¨ uências convergentes    (xk),   (yk)   no   IRn e    (αk)   em   IR, sejam 

    lim xk = a,   lim yk = b   e   lim αk = α. Ent˜ ao:

    (i)   lim(xk + yk) = a + b

    (ii)   lim αk.xk  = α.a(iii)   lim < xk, yk > =  < a, b >

    A seguir dois importantes resultados, onde usamos o fato de IRn ter dimensão finita:

    Teorema 1.8.   (Bolzano-Weierstrass)  (?)

    Toda seq¨ uência limitada (em rela瘠ao a qualquer 

    norma equivalente à Norma do M´ aximo) em   IRn possui uma subseq¨ uência convergente.

    Prova: Exercı́cio (Sugestão: use o mesmo resultado em IR para as seqüências das coorde-

    nadas, juntamente com a proposição anterior)

    Teorema 1.9.  Duas normas quaisquer no espaço   IRn s˜ ao equivalentes.

    Demonstração:

    Sejam   s : IRn → IR a Norma da Soma, dada por

    x

    s =

     |x1

    |+

    |x2

    |+ . . . +

    |xn

    | ∀ x  = (x1, x2, . . . , xn)

     ∈ IRn

    e    : IRn → IR uma norma qualquer no IRn.

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    No瘠oes Topológicas no   IRn 5

    Temos:

    (i) Por transitividade, se mostrarmos que   s   e     são equivalentes, então o teorema

    estará demonstrado.(ii) Para a Norma da Soma valem os resultados anteriores, pois ela é equivalente à Norma

    do Máximo.

    Consideremos a Base Canônica   β  = {e1, e2, . . . , en}   do IRn.Para todo vetor x  = (x1, x2, . . . , xn) ∈ IRn, temos:

    x = x1e1 + . . . + xnen ≤ |x1| . e1 + . . . |xn| . en ≤ b.(|x1| + . . . + |xn|) = b. xs

    onde   b   = max { e1 , . . . , en }   (repare que este   b   está bem definido, pois tomamos omáximo em um conjunto finito de números reais).

    Logo   x ≤ b. xs   para todo   x ∈ IRn.   (1)

    Resta mostrarmos que existe   a > 0 tal que  xs ≤ a. x ∀x ∈ IRn.

    De fato: se isto não ocorrer temos que para todo   k ∈   IN é posśıvel obter um   xk ∈  IRntal que   xks > k. xk   (pois   k  não serviria como tal   a > 0 ).

    Tomemos, para cada   k ∈ IN,   uk  =  xkxks (note que a seqüência (uk) está bem definida,

    pois  xks > 0   ∀k )Como  uks = 1 para todo   k   (verifique), temos que (uk) é limitada em relação à Norma

    da Soma.

    Pelo Teorema de Bolzano-Weierstrass, (uk) tem uma subseqüência (ukj) convergente (na

    Norma da Soma) para um ponto   u ∈ IRn.

    Temos então que ukjs → us. Logo us = 1 , o que significa que   u = 0.Agora, dado   > 0, é posśıvel obter   k j0   tal que

    ukj0 − us <   2b   e   1k j0 < 

    2  .

    Logo

    u ≤ ukj0 − u+ ukj0 ≤ b. ukj0 − us +   1k j0 < b. 

    2b +

     

    2  =   .

    Assim   u = 0  ⇒   u = 0 (contradição!)

    Então, obrigatoriamente, existe   a > 0 tal que

      x

    s

     ≤ a.

    x

    ∀x

     ∈ IRn.   (2)

    Por (1) e  (2),   s   e     são equivalentes, qualquer que seja a norma     no IRn.

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    6   CAP ́ITULO 1

    Por transitividade, temos então que duas normas quaisquer no IRn são equivalentes.

    Obs.:   À luz deste último teorema, temos também que   os resultados anteriores são

    válidos para qualquer norma considerada no   IRn.

    Proposição 1.10.   ( IRn é Banach)  (?)

    Uma seq¨ uência    (xk)   no   IRn é convergente (em 

    rela瘠ao à qualquer norma     considerada) se, e somente se, ela é uma Seq¨ uência de Cauchy.

    Prova: Exercı́cio (Sugestão: use a norma do máximo, a proposição 1.7 e o resultado já

    conhecido para seqüências de números reais)

    Prove também o resultado acima sem usar o que já foi provado para seqüências de números

    reais  (?)

    .

    1.3 Topologia usual

    Conjuntos abertos:

    Definição 1.11.   Um ponto   a   é dito um PONTO INTERIOR a um conjunto   X  ⊂

      IRn

    quando existe   > 0   tal que   B(a; ) ⊂ X . Se denotarmos por   int X    o conjunto dos pontos interiores a  X   (INTERIOR de  X ), é imediato que    int X  ⊂ X . Se   a ∈   int X   ent˜ ao  X   é ditouma VIZINHANÇA de  a.

    Um conjunto   A ⊂ IRn é dito ser ABERTO (em  IRn) quando   A = int A.Um conjunto   B ⊂ X   é dito ser um conjunto ABERTO EM  X  quando existe um conjunto

    aberto (em  IRn)   A   tal que   B = X  ∩ A .

    Conseqüências imediatas:  (?)

    (i)   φ   e IRn são abertos.

    (ii) A interseção   A =  A1 ∩ . . . ∩ Al  de uma coleção FINITA de abertos é um aberto.(iii) A reunião   A =

    λ∈L

    Aλ   de uma coleção arbitrária   {Aλ}λ∈L   de abertos é um aberto.

    (iv) Toda bola aberta   B(a; r) é um conjunto aberto.

    (v) Para todo   X  ⊂ IRn tem-se: int X  = A ⊂ XA  aberto

    A

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    No瘠oes Topológicas no   IRn 7

    Conjuntos fechados:

    Definição 1.12.  Um ponto   a   é dito um PONTO ADERENTE a um conjunto   X  ⊂   IRn

    quando existe uma seq¨ uência    (xk)   em  X   (  xk ∈ X  ∀ k  ) tal que   xk → a   . Se denotarmos por cl X   o conjunto dos pontos aderentes a  X  (FECHO de  X ), é imediato que    X  ⊂   cl X .

    Um conjunto   F  ⊂  IRn é dito ser FECHADO (em  IRn) quando   F  = cl F .Um conjunto   B ⊂ X   é dito ser um conjunto FECHADO EM  X  quando existe um conjunto

     fechado (em  IRn)   F    tal que   B = X  ∩ F   .Dado   X  ⊂ IRn , definimos    fr X  = cl X  ∩   cl (IRn\X )   (FRONTEIRA de  X ).Sejam   Y  ⊂ X  ⊂ IRn . Dizemos que   Y    é DENSO em    X   quando   X  ⊂   cl Y    (todo ponto

    de  X   é limite de uma seq¨ uência de pontos de  Y ).

    Conseqüências imediatas:  (?)

    (i)   a ∈   cl X  ⇔   toda vizinhança de  a possui algum ponto de  X .(ii)   F  ⊂  IRn é fechado  ⇔   A = IRn\F   é aberto.(iii)   φ   e IRn são fechados.

    (iv) A reunião   F  = F 1 ∪

    . . .∪

    F l

      de uma coleção FINITA de fechados é um fechado.

    (v) A interseção   F  =λ∈L

    F λ   de uma coleção arbitrária   {F λ}λ∈L   de fechados é um fechado.

    (vi) Toda bola fechada   B[a; r] é um conjunto fechado.

    (vii) Toda esfera   S [a; r] é um conjunto fechado.

    (viii)   Qn é denso no IRn.

    (ix) Para todo   X  ⊂ IRn tem-se: cl X  =

    F   ⊃ X

    F   fechado

    Pontos de acumulação:

    Definição 1.13.   Um ponto   a   é dito um PONTO DE ACUMULAÇ ˜ AO de um conjunto

    X  ⊂  IRn quando existe uma seq¨ ûencia    (xk)   em    X \ {a}   (  xk ∈  X , xk =  a ∀  k  ) tal que xk → a   . Denotamos por   X  o conjunto dos pontos de acumula瘠ao de  X .

    Se   a ∈ X   n˜ ao é ponto de acumula瘠ao de  X , ent˜ ao  a  é um PONTO ISOLADO de  X .

    Se todos os pontos de  X   s˜ ao isolados,  X   é chamado um conjunto DISCRETO.

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    8   CAP ́ITULO 1

    Conseqüências imediatas:  (?)

    (i)   a ∈ X  ⇔   toda vizinhança de  a possui algum ponto de  X \ {a}.

    (ii)   a ∈ X 

    ⇔   toda bola aberta   B(a; r) possui uma infinidade de pontos de  X .(iii) Se   X  =   φ   então  X   é infinito.(iv) O conjunto   X  dos pontos de acumulação de  X   é fechado.

    (v) Se   X  ⊂ IRn é infinito e limitado, então   X  =   φ   (Bolzano-Weierstrass)

    1.4 Limites e continuidade

    Estudaremos agora noções de limites e continuidade para aplicações   f   :   X  →   IRn ,com   X  ⊂   IRm . Podemos sempre identificar aplicações como esta atrav́es de suas funçõescoordenadas:

    A cada aplicação  f   :  X  ⊂   IRm →   IRn correspondem n   funções   f 1, f 2, . . . , f  n   :  X  →   IRdadas por   f i  =  πi ◦ f   ( i  = 1, . . . , n ), ditas as FUNÇ ÕES COORDENADAS da aplicação  f .

    Para todo   x ∈ X    temos   f (x) = (f 1(x), f 2(x), . . . , f  n(x)) .Escrevemos   f  = (f 1, f 2, . . . , f  n).

    Limites:

    Definição 1.14.   Sejam   f   : X  ⊂ IRm → IRn e   a ∈ X  ( a  é ponto de acumula瘠ao de  X ).Dizemos que   b ∈ IRn é o LIMITE DE    f (x)   QUANDO   x TENDE PARA a e escrevemos 

    b = limx→a

    f (x)

    quando, para cada   > 0   dado, é possı́vel obter   δ > 0   tal que 

    x ∈ X,   0 

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    No瘠oes Topológicas no   IRn 9

    Continuidade:

    Definição 1.17.   Uma aplica瘠ao   f   :  X  ⊂  IRm →  IRn é CONT ́  INUA NO PONTO   a ∈  X 

    quando, para cada   > 0   dado, é possı́vel obter   δ > 0   tal que 

    x ∈ X, x − a < δ  ⇒ f (x) − f (a) <

    Se  f   como acima é cont́ınua em todos os pontos do conjunto  X , dizemos simplesmente que 

    f   é uma aplica瘠ao CONT ́  INUA.

    Proposição 1.18.  (?)

    Seja    f   :  X  ⊂  IRm →  IRn . A fim de que  f  seja cont́ınua em    a ∈  X é necess  ́ario e suficiente que, para toda seq¨ ûencia    (xk)   em    X    com    xk →   a   se tenha f (xk) → f (a) .

    Proposição 1.19.  (?)

    Uma aplica瘠ao   f   : X  ⊂  IRm →  IRn é cont́ınua se, e somente se, para cada   A   aberto do   IRn (ou para cada   F    fechado do   IRn ), sua imagem inversa   f −1(A)   é 

    um conjunto aberto em  X   (ou   f −1(F )   é um conjunto fechado em  X ).

    Proposição 1.20.  (?)

    A composta de duas aplica瘠oes cont́ınuas é cont́ınua.

    Proposição 1.21.  (?)

    Seja    a ∈  X  ⊂   IRm. Dada a aplica瘠ao   f   :  X  →   IRn , cujas fun瘠oes coordenadas s˜ ao   f 1, f 2, . . . , f  n : X  → IR , tem-se:   f   é cont́ınua em    a  se, e somente se, cada uma das suas fun瘠oes coordenadas   f i  =  πi ◦ f   : X  → IR   é cont́ınua no ponto   a.Coroĺario 1.   Dadas   f   : X  →  IRm e   g   : X  →  IRn , seja   h = (f, g) : X  →  IRm × IRn dada por   h(x) = (f (x), g(x))  . Ent˜ ao  h   é contı́nua se, e somente se,  f   e  g  s˜ ao ambas cont́ınuas.

    Uma conseqüência deste corolário: se   f, g : X  ⊂ IRm → IRn e   α :  X  → IR são contı́nuasentão são também contı́nuas (f   + g) :   X  →   IRn dada por (f   + g)(x) =   f (x) + g(x) ,(α.f ) :   X  →   IRn dada por (α.f )(x) =   α(x).f (x) ,   < f, g >   :   X  →   IR dada por< f, g >   (x) = < f (x), g(x) >.

    Obs.: Se, para obtermos   f (x) (onde temos   f   : X  ⊂  IRm → IRn e   f   = (f 1, f 2, . . . , f  n) ),para cada função coordenada aplicada em  x   (  f i(x) ) submetemos as coordenadas do ponto

    x = (x1, . . . , xm) a operações definidas por funções contı́nuas, então  f   é cont́ınua.

    Exemplos:   f (x, y) = ((sen x).y,x2y3, ex cos y) define uma função contı́nua   f   : IR2 → IR3.

    A função determinante det : M n(IR) →  IR é cont́ınua.

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    10   CAP ́ITULO 1

    Continuidade uniforme:

    Ao estudarmos a continuidade de uma aplicação   f   :   X  ⊂   IRm →   IRn num ponto do

    domı́nio  X , o   δ   obtido para cada     (veja a definição) depende, em geral, não apenas do   dado, mas também depende do ponto onde estamos analisando a continuidade de  f .

    Quando, para cada     dado, for posśıvel obter um   δ  que dependa apenas de     e portanto

    sirva (como na definição) para TODOS OS PONTOS DE  X , temos um fenômeno conhecido

    como Continuidade Uniforme:

    Definição 1.22.  Uma aplica瘠ao   f   : X  ⊂ IRm → IRn é dita UNIFORMEMENTE CONT ́  INUAquando, para cada   > 0   dado, é possı́vel obter   δ > 0   tal que 

    x, y

     ∈ X,

     x

    −y

     < δ 

     ⇒ f (x)

    −f (y)

     <

    Resultados relacionados com a continuidade uniforme:  (?)

    (i) Uma aplicação  f  = (f 1, . . . , f  n) : X  ⊂ IRm → IRn é uniformemente contı́nua se, e somentese, suas funções coordenadas   f 1, . . . , f  n : X  → IRn o são.(ii) Uma aplicação  f   : X  ⊂ IRm → IRn é uniformemente cont́ınua se, e somente se, para todopar de seqüências (xk), (yk) em  X , com lim(xk − yk) = 0 tem-se lim[f (xk) − f (yk)] = 0 .(iii) Se  f   :  X  ⊂   IRm →   IRn é uniformemente contı́nua então, para todo   a ∈  X  , existe olimite limx→a f (x) .

    Uma fonte natural de aplicações uniformemente cont́ınuas:

    Definição 1.23.   Uma aplica瘠ao  f   : X  ⊂  IRm → IRn é dita LIPSCHITZIANA quando existe uma constante   k > 0  (chamada CONSTANTE DE LIPSCHITZ DE  f ) tal que 

    f (x) − f (y) ≤ k. x − y ∀ x, y ∈ X 

    Alguns resultados:

    (i) Toda aplicação lipschitziana é uniformemente contı́nua.  (?)

    (ii) Toda transformação linear   A : IRm → IRn é lipschitziana (mostre), logo uniformementecont́ınua e portanto cont́ınua.

    (iii) Se   ϕ : IRm × IRn → IR p é uma aplicação bilinear (linear em cada componente) então   ϕé lipschitziana em cada  parte limitada de IRm × IRn = IRm+n.Portanto toda aplicação bilinear é contı́nua.

    Exemplos: multiplicação de números reais (  ϕ(x, y) =  x.y   ); Produto Interno Canônico( < x, y > =  x1y1 + . . . + xnyn ); multiplicação de matrizes (  ϕ(A, B) = A.B  )

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    No瘠oes Topológicas no   IRn 11

    (iv) As projeções   πi   : IRm →   IR , dadas por   πi(x) =   xi   ∀  x  = (x1, x2, . . . , xm) ∈   IRm

    ( i  = 1, 2, . . . , m ), são lineares, logo lipschitzianas e portanto cont́ınuas.

    Homeomorfismos:

    Definição 1.24.  Dados os conjuntos   X  ⊂ IRm e   Y  ⊂ IRn , um HOMEOMORFISMO entre X   e   Y   é uma bije瘠ao contı́nua    f   : X  →  Y    cuja inversa   f −1 : Y  → X    tamb́em é cont́ınua.Diz-se ent˜ ao que   X   e   Y   s˜ ao conjuntos homeomorfos.

    Resultados imediatos:

    (i) O inverso de um homeomorfismo é um homeomorfismo.

    (ii) A composta de dois homeomorfismos é um homeomorfismo.

    (iii) Se dois conjuntos   X   e   Y   são homeomorfos, eles possuem a mesma estrutura topológica,

    ou seja, um homeomorfismo “leva” abertos de   X   em abertos de   Y   e seu inverso “leva”

    abertos de   Y  em abertos de   X .  (?)

    Exemplos:

    1) Qualquer aplicação linear invert́ıvel   A : IRn → IRn é um homeomorfismo.

    2) As translações   T a : IRm → IRm , onde   T a(x) = x + a, a ∈ IRm (fixado).3) As homotetias   H λ : IR

    m → IRm , onde   H λ(x) = λ.x,   0 = λ ∈  IR (fixado).4) Duas bolas abertas quaisquer no IRm são homeomorfas, o mesmo ocorrendo com duas

    bolas fechadas arbitrárias no IRm ou duas esferas no mesmo espaço.  (?)

    5) Toda bola aberta no IRm é homeomorfa ao espaço IRm.  (?)

    6) Seja   f   :   X  ⊂   IRm →   IRn uma aplicação cont́ınua. Seu GRÁFICO é o conjunto   G ⊂IRm × IRn formado pelos pontos (x, f (x)) , com   x ∈  X   . O domı́nio  X   e o gráfico  G  daaplicação contı́nua  f   são homeomorfos.

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    12   CAP ́ITULO 1

    7) Sejam   S m =

    x ∈ IRm+1 ;  < x,x > = 1 ⊂   IRm+1 a esfera unitária  m-dimensional e p = (0, 0, . . . , 0, 1) ∈ S m seu POLO NORTE.

    A PROJEÇ ˜AO ESTEREOGR

    ´AFICA   ϕ :  S 

    m

    \ { p} → IRm

    é um homeomorfismo.

    1.5 Compacidade

    Definição 1.25.   Um conjunto   K  ⊂   IRn ser´ a dito um conjunto COMPACTO quando for limitado e fechado.

    Buscaremos agora novas caracterizações para os compactos do IRn:

    Teorema 1.26.  (?)

    Um subconjunto   K  ⊂  IRn é compacto se, e somente se, toda seq¨ ûencia 

    (xk) ⊂ K    possui uma subseq¨ uência convergente para um ponto de   K .

    Teorema 1.27.  (?)

    (Propriedade de Cantor) Dada uma seq¨ uência “decrescente” de conjuntos 

    compactos e n˜ ao-vazios   K 1 ⊃  K 2 ⊃  . . . ⊃ K i ⊃  . . .  , sua interse瘠ao   K  =∞i=1

    K i   (limitada e 

     fechada) n˜ ao é vazia.

    Lema 1.28.  (?)

    Todo conjunto   X  ⊂ IRn é separ  ́avel, isto é, possui um subconjunto enumer´ avel E  = {x1, x2, . . . , xl, . . .} ⊂ X, E   denso em   X .

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    No瘠oes Topológicas no   IRn 13

    Lema 1.29.   (Lindel¨ of) Considere um conjunto arbitr´ ario   X  ⊂  IRn . Toda cobertura aberta X  ⊂

    Aλ  admite uma subcobertura enumer´ avel.

    Chegamos então ao resultado que nos interessa:

    Teorema 1.30.  Um conjunto  K  ⊂ IRn é compacto se, e somente se, toda cobertura aberta de K  admite uma subcobertura finita.

    Demonstração:

    (⇐) (Exercı́cio)   (?)

    (⇒) Borel-Lebesgue:Suponhamos que   K  seja compacto (limitado e fechado).

    Seja   K  ⊂

    Aλ   uma cobertura aberta de   K .

    Pelo Lema de Lindelöf, ela admite uma subcobertura enumerável

    K  ⊂∞i=1

    Aλi   =   Aλ1 ∪ Aλ2 ∪ . . .

    Para cada   i = 1, 2, 3, . . . ∈ IN ponha

    K i =  K 

      (IRn

    \ (Aλ1 ∪ . . . ∪ Aλi))K i ⊂ K    (limitado) ⇒   K i   é limitado.Aλ1 ∪ . . . ∪ Aλi   é aberto ⇒   IRn\ (Aλ1 ∪ . . . ∪ Aλi) é fechado. Como   K   é fechado, temos

    então que   K i   é fechado.

    Assim, para todo   i ∈ IN,   K i   é limitado e fechado.

    Observemos agora que   K  ⊃ K 1 ⊃ K 2 ⊃ K 3 ⊃ . . . ⊃ K i ⊃ . . .

    Dado   x ∈ K , existe   λi   tal que   x ∈ Aλi   (pois   K  ⊂∞i=1

    Aλi  )  ⇒   x ∈ K i

    Logo∞i=1

    K i =   φ   .

    Pela Propriedade de Cantor, podemos concluir que existe   i0   tal que   K i0  =   φ   e teremos

    φ   = K i0  = K  

    X \ (Aλ1 ∪ . . . ∪ Aλi0 )  ⇒   K  ⊂   (Aλ1 ∪ . . . ∪ Aλi0 )

    Portanto toda cobertura aberta de   K   admite uma subcobertura finita.

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    14   CAP ́ITULO 1

    Destacamos a seguir os principais resultados relativos à compacidade:

    Teorema 1.31.   Seja    K  ⊂  IRm um conjunto compacto. Se   f   :  K  →  IRn é uma aplica瘠ao

    contı́nua, ent  ̃ao sua imagem   f (K )   é um conjunto compacto do   IR

    n

    .

    Coroĺario 1.  (?)

    (Weierstrass) Toda fun瘠ao real contı́nua    f   : K  → IR  definida num compactoK  ⊂ IRm atinge seu m´ aximo e seu mı́nimo em  K , isto é, existem pontos   x1, x2 ∈ K    tais que f (x1) ≤ f (x) ≤ f (x2)   para qualquer   x ∈ K .

    Coroĺario 2.   (?) Seja   K  ⊂ IRm compacto. Toda aplica瘠ao cont́ınua    f   : K  → IRn é fechada,ou seja, se   F  ⊂  K    é fechado, ent  ̃ao   f (F ) ⊂ IRn é fechado.

    Coroĺario 3.  (?)

    A inversa de uma bije瘠ao cont́ınua definida num compacto é uma fun瘠ao

    contı́nua, isto é, toda bije瘠ao cont́ınua definida num conjunto compacto é um homeomorfismo

    sobre sua imagem.

    Teorema 1.32.  (?)

    Toda aplica瘠ao contı́nua    f   :  K  →  IRn definida num conjunto compactoK  ⊂ IR

    m

    é uniformemente contı́nua.

    1.6 Conexidade

    Definição 1.33.  Uma CIS ˜ AO de um conjunto   X  ⊂  IRn é uma decomposi瘠ao   X  = A ∪ B   ,onde  A  e  B   s˜ ao disjuntos (  A ∩ B =   φ ) e abertos em  X .

    Todo conjunto   X  ⊂ IRn admite a chamada CIS ̃  AO TRIVIAL   X  = X  ∪ φ   .

    Um conjunto   X  ⊂ IRn

    é dito CONEXO quando s´ o admite a cis˜ ao trivial. Caso contr´ arioele é dito DESCONEXO.

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    No瘠oes Topológicas no   IRn 15

    Proposição 1.34.  (?)

    Uma decomposi瘠ao   X   =   A ∪ B   é uma cis˜ ao de   X   se, e somente se, nenhum dos conjuntos    A, B   cont́em um ponto aderente ao outro, ou seja, se tivermos 

    cl A

    ∩B  =   φ   = A

    ∩  cl B .

    Proposição 1.35.  (?)

    X  ⊂ IR   é conexo se, e somente se,  X   é um intervalo da reta.

    Destacamos a seguir o principal resultado relativo à conexidade:

    Teorema 1.36.   Seja    X  ⊂   IRm um conjunto conexo. Se    f   :  X  →   IRn é uma aplica瘠aocontı́nua, ent  ̃ao sua imagem   f (X )   é um conjunto conexo do   IRn.

    Corolário 1.  (?)

    (Teorema do Valor Intermedi´ ario) Seja    f   :   X  →   IR   uma fun瘠ao real cont́ınua, definida num conjunto conexo   X  ⊂  IRm . Se existem   a, b ∈ X    e   d ∈ IR   tais que f (a) < d < f (b) , ent˜ ao existe   c ∈ X    tal que   f (c) = d  .

    Veremos a seguir uma série de resultados sobre conexidade:

    Proposição 1.37.  (?)

    (Teorema da Alfˆ andega) Seja    X  ⊂   IRn . Se um conjunto conexoC  ⊂   IRn contém um ponto   a ∈  X    e um ponto   b ∈  X   , ent˜ ao  C  contém algum ponto da  fronteira de  X .

    Sugestão: use que IRn = int X  ∪  fr X  ∪  int (IRn\X )

    Lema 1.38.  (?)

    Seja   X  = A

    ∪B   uma cis˜ ao do conjunto   X 

     ⊂ IRn . Se   Y 

     ⊂ X    é conexo e 

    n˜ ao-vazio ent˜ ao ou   Y  ⊂ A   ou   Y  ⊂ B  .

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    16   CAP ́ITULO 1

    Proposição 1.39.  (?)

    Se   X  ⊂ IRn é conexo e   X  ⊂ Y  ⊂   cl X  , ent˜ ao  Y   é conexo.

    Coroĺario 1.   Se  X  ⊂  IRn é conexo e  Y   é formado a partir de  X  adicionando-se alguns ou 

    todos os pontos de seu fecho, ent˜ ao  Y   é conexo.

    Teorema 1.40.  A reuni˜ ao de uma famı́lia de conjuntos conexos com um ponto em comum é 

    um conjunto conexo.

    Coroĺario 1.   (?) A fim de que    X  ⊂   IRn seja conexo é (necess´ ario e) suficiente que, para quaisquer   a, b ∈ X  , exista um conjunto conexo   C ab   com   a, b ∈ C ab ⊂ X   .

    Coroĺario 2.  (?)

    Dados    X  ⊂   IRm e    Y  ⊂   IRn , o produto cartesiano   X  × Y  ⊂   IRm+n é conexo se, e somente se,  X   e  Y   s˜ ao conexos.

    Definição 1.41.  (Componentes conexas) Seja   X  ⊂ IRn . Para cada ponto   x ∈ X  , definimos a COMPONENTE CONEXA do ponto   x   em   X   como sendo a reuni˜ ao   C x   de todos os 

    subconjuntos conexos de  X  que contêm o ponto  x.

    É imediato que   C x   é o maior subconjunto conexo (veja o teorema anterior) de  X   que

    contém o ponto  x.

    Segue também que, dados dois pontos   x, y ∈  X   , suas componentes conexas   C x, C y   emX , ou coincidem ou são disjuntas

      (?).

    Assim, a relação “x   e   y  pertencem à mesma componente conexa em   X ” é uma relação

    de equivalência em  X   (?)

    e as componentes conexas dos pontos de  X  o dividem em classes de

    equival̂encia, as quais denominaremos as COMPONENTES CONEXAS de  X .

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    No瘠oes Topológicas no   IRn 17

    Proposição 1.42.  (?)

    Seja   h :  X  →  Y    um homeomorfismo. Se   C x   é a componente conexa do ponto  x  em  X , ent˜ ao   Dy  = h(C x)   é a componente conexa do ponto   y = h(x)   em  Y .

    Portanto, um homeomorfismo   h   : X  →  Y    estabelece uma bijeção entre as componentesconexas de  X  e as componentes conexas de  Y .

      (?)

    (Exemplos)

    Um CAMINHO num conjunto   X  ⊂  IRn é uma aplicação contı́nua   f   :  I  →  X    definidanum intervalo   I  ⊂ IR.

    Dizemos que os pontos   a, b ∈ X    PODEM SER LIGADOS POR UM CAMINHO EM  X quando existe um caminho   f   : I  → X    tal que   a, b ∈ f (I )

    Por exemplo, se   X   é convexo então cada dois pontos   a, b

     ∈ X   podem ser ligados por um

    caminho em  X , a saber, o caminho retiĺıneo [a, b] = { t.a + (1 − t).b ;   t ∈ [0, 1] }.Se   a, b ∈  X    podem ser ligados por um caminho   f   :  I  →  X    então existe um caminho

    ϕ : [0, 1] → X    tal que   ϕ(0) = a   e   ϕ(1) = b.   (?)

    Um conjunto   X  ⊂   IRn é dito CONEXO POR CAMINHOS quando cada dois pontosa, b ∈ X    podem ser ligados por um caminho em   X .

    Por exemplo: todo conjunto convexo é conexo por caminhos.

    Teorema 1.43.   Todo conjunto conexo por caminhos é conexo. (Exerćıcio)

    Obs.: Nem todo conjunto conexo é conexo por caminhos:

    Exemplo:   X  = {(x,  sen1/x) ;   x ∈ (0, +∞)} ∪ {(0, 0)} ⊂ IR2 é conexo mas não é conexopor caminhos.

    Isto não ocorre se o conjunto em questão for aberto:

    Teorema 1.44.   Se   A

     ⊂ IRn é aberto e conexo ent˜ ao   A   é conexo por caminhos.

    Prova: Exercı́cio.

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    18   CAP ́ITULO 1

    1.7 Norma de uma transformação linear

    Seja   A : IRm

    → IRn uma transformação linear.

    Fixadas duas normas:   m   em IRm e   n   em IRn , existe   c > 0 tal que

    Axn ≤ c. xm   ∀ x ∈ IRm

    Temos então:   xm = 1  ⇒ Axn ≤ c   e podemos definir ...

    Definição 1.45.   Fixadas duas normas:   m   em    IRm e    n   em    IRn , definimos uma norma 

      (?)em    L(IRm; IRn) =  M n×m(IR) = IR

    nm pondo, para cada transforma瘠ao linear 

    A : IRm → IRn ∈ L(IRm; IRn) :

    A = sup { Axn   ; xm = 1 }

    Proposição 1.46.   Nas condi瘠oes da defini瘠ao acima, temos:

    A   = sup { Axn   ; xm ≤ 1 }

    = inf  { c > 0 ; Axn ≤ c. xm   ∀ x ∈ IRm

    }

    Obs.:   Note que para cada par de normas fixadas, em IRm e IRn, temos uma norma

    em   L(IRm; IRn) =  M n×m(IR) = IRnm . De qualquer jeito, não vamos esquecer que as normas

    obtidas neste último espaço são todas equivalentes.

    Proposição 1.47.  (?)

    Nas mesmas condi瘠oes da defini瘠ao anterior, temos:

    Axn ≤ A . xm   ∀ x ∈ IRm

    AB ≤ A . B   se   B ∈ L(IR p; IRm)   e   A ∈ L(IRm; IRn)

    Obs.: Na segunda parte da proposição acima, consideramos a mesma norma em IRm .

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    No瘠oes Topológicas no   IRn 19

    1.8 Exerćıcios

    1.   Se  c

     ∈ [a, b] =

     { t.a + (1

    −t).b ;   t

     ∈ [0, 1]

    } então

     b

    −a

     =

     b

    −c

    +

    c

    −a

     . Se a norma

    provém de um produto interno, vale a rećıproca. Para uma norma arbitrária, pode-se ter a

    igualdade acima com   c ∈ [a, b] .

    2.   Se a norma provém de um produto interno e a = b  em IRn são tais que a ≤ r   e  b ≤ rentão (1 − t).a + t.b  < r   para todo   t ∈ (0, 1) (ou seja, a esfera não contém segmentos dereta).

    3.  Qualquer que seja a norma adotada no IRn (n > 1), a esfera unitária   S n−1 = { x ∈ IRn ; x = 1 }é um conjunto infinito.

    4.  Um conjunto  X  ⊂ IRn é dito CONVEXO quando, para todos os pares de pontos a, b ∈ X ,o SEGMENTO (RETILÍNEO) [a, b] = { t.a + (1 − t).b ;   t ∈ [0, 1] } que os liga cumpre [a, b] ⊂X   . Mostre que a interseção de uma famı́lia arbitrária de conjuntos convexos é um conjunto

    convexo.

    5.   Dado  X  ⊂   IRn, a ENVOLTÓRIA CONVEXA DE  X   é a interseção co(X ) de todos ossubconjuntos convexos do IRn que contêm   X . Prove que co(X ) é o conjunto de todas as

    combinações lineares   α1x1 +  . . . +  αkxk   tais que   x1, . . . , xk ∈  X   ,   α1 ≥  0, . . . , αk ≥  0 eα1 + . . . + αk  = 1 .

    6.  Mostre que o fecho de qualquer conjunto convexo no IRn é também convexo.

    7.  As seguintes afirmações a respeito de uma seqüência (xk) de pontos do IRn são equivalentes:

    (a) lim xk = +∞ ;(b) (xk) não possui subseqüência convergente ;

    (c) Para todo conjunto  limitado  L ⊂ IRn, o conjunto dos ı́ndices  k  tais que  xk ∈ L   é finito.

    8.   Prove que lim xk = a   em IRn se, e só se, lim < xk, y > =  < a, y >   para todo   y ∈ IRn .

    9.  Toda matriz   n × n   é limite de uma seqüência de matrizes invertı́veis   n × n .

    10.   Se nenhum ponto do conjunto   X  ⊂  IRn é ponto de acumulação então se pode escolher,para cada ponto  x ∈ X , uma bola aberta   Bx, de centro  x, de tal maneira que, para   x =  yem  X  se tenha   Bx ∩ By  =   φ   .

    11.   Todo conjunto discreto é enumerável. Em outras palavras: todo conjunto não-enumerável

    contém (pelo menos) um ponto de acumulação.

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    20   CAP ́ITULO 1

    12.   Se   A ⊂  IRn é aberto então sua fronteira fr A   tem interior vazio. Dê exemplo de umconjunto   X  ⊂ IRn cuja fronteira fr X   seja um conjunto aberto.

    13.   Se   F  ⊂  IRn é fechado então sua fronteira fr F    tem interior vazio.

    14.   Seja   E  ⊂ IRn um subespaço vetorial. Se   E  = IRn então int E  =   φ   .

    15.   A ⊂ IRn é aberto se, e somente se,   A ∩   cl (IRn\A) =   φ   .

    16.   Seja   B(X ; ) a reunĩao das bolas abertas   B(x; ) de raio    e centro em algum ponto

    x ∈ X   . Prove que cl X  =>0

    B(X ; ) .

    17.  (i) Mostre que para toda seqüência decrescente   F 1 ⊃  F 2 ⊃  . . . ⊃ F k ⊃  . . .   de conjuntosfechados e não-vazios   F k ⊂ IRn , com lim diam F k = 0 ( diam X  = sup { d(x, y) ;   x, y ∈ X } ),existe um ponto   a ∈ IRn tal que

    ∞k=1

    F k  = {a}.

    (ii) (Teorema de Baire) Mostre que se   F   =∞k=1

    F k   , onde cada   F k   é fechado em IRn e tem

    interior vazio, então int F   =   φ .  (Sugestão: olhe o livro sobre Espaços Métricos do Elon)

    (iii) O que podemos concluir se IRn =∞

    k=1

    F k  , onde cada   F k   é fechado no IRn ?

    18.   Seja   f   :  X  →   IRn cont́ınua. Dada uma seqüência   xk   em  X   com lim xk   =  a ∈  X    ef (xk) ≤ c   para todo   k ∈ IN então   f (a) ≤ c  .

    19.   Sejam   f, g   :  X  →  IRn contı́nuas no ponto   a ∈  X   . Se   f (a) =  g(a) então existe umabola  B  de centro  a tal que   x, y ∈ B  ⇒   f (x) = g(x) .

    20.   Seja   f   : X  →  IRn contı́nua no ponto   a ∈ X   . Se   f (a) não pertence a   B[b; r] ⊂ IRnentão existe   δ > 0 tal que   x

     ∈ X,

     x

    −a

     < δ 

     ⇒  f (x)

     ∈ B[b; r] .

    21.   Sejam   f   :  X  →  IRn e   a ∈  X   . Suponha que, para todo   >  0, exista   g   :  X  →  IRn ,contı́nua no ponto  a, tal que   f (x) − g(x)  <   para todo   x ∈ X   . Então  f   é cont́ınua noponto a  .

    22.   Seja   f   : IRm → IRn cont́ınua. Se   X  ⊂ IRm é limitado então   f (X ) ⊂ IRn é limitado.

    23.   Se   f   : IRm → IRn é cont́ınua então, para cada parte limitada   x ⊂ IRm , a restrição   f |X é uniformemente cont́ınua.

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    No瘠oes Topológicas no   IRn 21

    24.  Se a aplicação linear   A : IRm → IRn é injetiva, então existe   c > 0 tal que Ax ≥ c xpara todo   x ∈ IRm .

    25.  Se B é a bola aberta de centro na origem e raio 1 no IRn, a aplicação contı́nua   f   : B → IRndefinida por   f (x) =

      x

    1 − x   não é uniformemente cont́ınua.

    26.   Considerando as seqüências de pontos   z k   = (k, 1/k) e   wk   = (k, 0) no IR2 , prove que

    a aplicação   ϕ   : IR2 →   IR dada por   ϕ(x, y) =   xy   não é uniformemente cont́ınua. Useum argumento análogo para provar que uma aplicação bilinear   ϕ   : IRm × IRn →   IR p só éuniformemente cont́ınua se for identicamente nula.

    27.  O cone   C  = (x,y,z ) ∈ IR3 ;   z 

     ≥ 0 , x2 + y2

    −z  = 0   é homeomorfo ao IR2 .

    28.  Estabeleça um homeomorfismo entre IRn+1\ {0}   e   S n × IR .

    29.  O quadrante   P   =

    (x, y) ∈ IR2 ;   x ≥ 0 , y ≥ 0   é homeomorfo ao semi-plano superiorS  = { (x, y) ;   y ≥ 0 } .

    30.   Os conjuntos   X   =

    (x, y) ∈ IR2 ;   y  = 0 , 0 < x

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    22   CAP ́ITULO 1

    37.  O conjunto das matrizes   n × n   com determinante 1 é um conjunto fechado, ilimitado ecom interior vazio em IRn

    2

    .

    38.  O conjunto dos valores de aderência de uma seqüência limitada é um conjunto compactoe não-vazio.

    39.  As matrizes ortogonais   n × n   formam um subconjunto compacto do IRn2 .

    40.  Todo conjunto infinito   X  ⊂ IRn possui um subconjunto não-compacto.

    41.   Seja   X  ⊂ IRn . Se todo conjunto homeomorfo a  X  for limitado, então  X   é compacto.

    42.   Seja   f   : IRm

    → IRn

    cont́ınua. As seguintes afirmações são equivalentes:

    (a) limx→∞

    f (x) = ∞ ;(b) A imagem inversa   f −1(K ) de todo compacto   K  ⊂ IRn é compacta.

    43.   Sejam   X  ⊂ IRm ,   K (compacto) ⊂ IRn ,   f   : X × K  → IR p cont́ınua e   c ∈ IR p . Suponhaque, para cada   x ∈  X   , exista um único   y ∈   K    tal que   f (x, y) =   c   . Prove que esse  ydepende continuamente de  x .

    44.  Toda aplicação localmente lipschitziana definida num conjunto compacto é lipschitziana.

    45.  Um subconjunto conexo não-vazio   X  ⊂ Qn consta de um único ponto.

    46.  Um conjunto conexo enumerável   X  ⊂ IRn possui no máximo um ponto.

    47.  O conjunto das matrizes invert́ıveis   n × n   é um aberto desconexo em IRn2 . Também édesconexo (mas não aberto) o conjunto das matrizes ortogonais.

    48.   Se   X  ⊂ IRn é compacto, então toda aplicação contı́nua aberta   f   : X  → S n é sobrejetiva.

    49.   Seja   X  ⊂   IRm . Uma aplicação   f   :  X  →   IRn diz-se   localmente constante   quandopara cada  x ∈ X   existe uma bola  B  de centro  x  tal que   f |(B∩X )   é constante.   X    é conexose, e somente se, toda aplicação localmente constante   f   : X  → IRn é constante.

    50.   Se   X  ⊂  IRn é conexo por caminhos e   f   : X  →  IRn é cont́ınua, ent̃ao   f (X ) é conexopor caminhos.

    51.   Se   X  ⊂ IRm e   Y  ⊂ IRn são conexos por caminhos então   X  × Y  ⊂ IRm+n é conexo porcaminhos.

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    No瘠oes Topológicas no   IRn 23

    52.   A reunião de uma faḿılia de conjuntos conexos por caminhos com um ponto em comum

    é conexa por caminhos.

    53.  O fecho de um conjunto conexo por caminhos pode n ão ser conexo por caminhos.

    54.  As componentes conexas de um subconjunto aberto em IRn são conjuntos abertos.

    55.  Dada uma aplicação linear   A : IRm → IRn e fixadas normas em IRm e IRn, a imagem porA da esfera unitária   S  = { x ∈ IRm ; x = 1 }   é um conjunto limitado no IRn . Pondo, paracada   A ∈ L(IRm; IRn) ,   A   = sup { Ax   ;   x ∈ S  } , a função   A → A   é uma norma noespaço vetorial   L(IRm; IRn) , para a qual vale a desigualdade   Ax ≤ A · x   para todox

     ∈  IRm . Além disso, se   A

     ∈  L(IRm; IRn) e   B

     ∈  L(IRn; IR p) então, fixadas normas em

    IRm , IRn e IR p , tem-se   BA ≤ B · A .

    56.   Seja G  o grupo das matrizes invert́ıveis   n × n . Mostre que se   A ∈ G   e  Ax ≥ |c| . xpara todo   x ∈ IRn então   A−1 ≤ 1/c  . Conclua que se   X  ∈  G   e   X  − A < c/2 entãoX −1 ≤  2/c   . Em seguida, use a identidade   X −1 − A−1 =  X −1(I  − XA−1) para mostrarque lim

    X →AX −1 = A−1 . Logo,   f   : G → G   dada por   f (X ) = X −1 é cont́ınua.

    57.   Dada   A ∈ L(IRm; IRn) , supomos fixadas normas em IRm e IRn e definimos, como antes,

    A

     = sup

    { Ax

      ;   x

     ∈ IRm ,

     x

     = 1

     }  . Mostre que, com essa definição de

      A

      , temos

    também   A = inf { c ∈ IR ; Ax ≤ c x   para todo x ∈ IRm } .

    58.   Defina convergência e convergência absoluta (ou normal) de uma série 

    xk   , cujos

    termos   xk  = (xk1, xk2, . . . , xkn) pertencem ao IRn . Prove que a série

     xk   converge (resp.

    converge absolutamente) se, e somente se, para cada   i  = 1, . . . , n , a série 

    k xki   converge

    (resp. converge absolutamente). Conclua que toda série absolutamente convergente no IRn é

    convergente.

    59.   Dada uma seqüência de aplicações lineares   Ak   : IRm

    →  IRn , suponha que para todo

    x ∈ IRm exista   Ax = limk→∞

    Akx . Prove que a aplicação linear   A : IRm → IRn assim definida é

    linear, que lim Ak  = A   relativamente a qualquer norma em   L(IRm; IRn) e que a convergência

    Akx → Ax   é uniforme em qualquer parte limitada de IRm .

    60.  Mostre que para toda aplicação   X  ∈ L(IRn)  IRn2 , a série∞k=0

    X k

    k!  é absolutamente

    convergente. Indiquemos sua soma por   eX  . Usando que   eX  · eY  =  eX +Y  se  XY   =  Y X   ,conclua que para toda   X  ∈ L(IRn) temos que   eX  é invertı́vel, com (eX )−1 = e−X  .

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    24   CAP ́ITULO 1

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    Caṕıtulo 2

    Diferenciabilidade

    2.1 Definição: diferenciabilidade de uma aplicação

    Definição 2.1.  Uma aplica瘠ao   f   : U  →  IRn , definida no aberto   U  ⊂  IRm diz-se diferenci´ avel no ponto   a ∈ U    quando existe uma transforma瘠ao linear   T   : IRm →  IRn tal que, para todov ∈ IRm com   a + v ∈ U , temos 

    f (a + v) = f (a) + T (v) + r(v)   com    limv→0

    r(v)

    v

      = 0

    A diferenciabilidade de f  no ponto   a  significa que podemos obter uma “boa aproximação

    linear”para  f  numa vizinhança de a. Essa boa aproximação de f (a + v) por f (a) + T (v) numa

    vizinhança de   a   é expressa pela condição limv→0

    r(v)

    v   = 0.

    Pondo   ρ(v) = r(v)

    v   se   v = 0 e   ρ(0) = 0 , podemos exprimir a diferenciabilidade de  f   noponto  a  por:

    f (a + v) = f (a) + T (v) + ρ(v)·

    v

      com limv→0

    ρ(v) = 0

    Alguns resultados imediatos:

    Seja   f   : U (aberto) ⊂ IRm → IRn uma aplicação diferenciável no ponto  a ∈ U .Então existe uma transformação linear   T   : IRm →   IRn tal que, para todo   v ∈   IRm com

    a + v ∈ U :f (a + v) = f (a) + T (v) + ρ(v) · v   com lim

    v→0ρ(v) = 0

    25

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    26   CAP ́ITULO 2 

    (A)   f   é cont́ınua em  a

    Antes do próximo resultado apresentaremos o conceito de derivada direcional.

    Seja  f   : U 

     → IRn definida num aberto  U 

     ⊂ IRm.

    A derivada direcional de  f  num ponto   a ∈ U  , relativamente a um vetor   v ∈ IRm é, pordefinição:

    ∂f 

    ∂v(a) = l im

    t→0

    f (a + tv) − f (a)t

      ∈ IRn quando existir tal limite

    Se   f   = (f 1, f 2, . . . , f  n) , onde   f i   : U  →  IR (i  = 1, . . . , n) são as funções coordenadas def   , então

    ∂f 

    ∂v

    (a) = ∂f 1

    ∂v

     (a) , . . . , ∂f n

    ∂v

     (a)Quando   v = e j   é o j-ésimo vetor da base canônica do IR

    m, escrevemos  ∂f 

    ∂x j(a).

    (B)   T (v) = ∂f 

    ∂v(a)   ∀ v ∈ IRm

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    Diferenciabilidade    27

    Conseqüências de (B):

    (i)   A derivada direcional de f   em   a , se  f   é diferenciável em   a, depende linearmente do

    vetor relativamente ao qual é considerada.

    (ii)   A transformação linear   T   : IRm →  IRn que dá a boa aproximação para  f  perto dea   é única e chamada a derivada de  f  no ponto   a , que indicaremos por   f (a) ou   Df (a).

    (iii)   Podemos obter a matriz que representa a transformação linear   f (a) em relação às

    bases canônicas de IRm e IRn, que será uma   n × m  matriz chamada a matriz jacobiana de  f no ponto   a   e indicada por   Jf (a). Sua j-ésima coluna é dada por

    f (a).e j  = T (e j) =  ∂f 

    ∂x j(a) =

    ∂f 1∂x j

    (a) , . . . , ∂f n∂x j

    (a)

    ∈ IRn

    onde   e j   é o j-ésimo vetor da base canônica do IRm ( j  = 1, 2, . . . , m).

    Então:

    Jf (a) = [f (a)] =

    ∂f 1∂x1

    (a)  ∂f 1

    ∂x2(a)   . . .

      ∂f 1∂xm

    (a)

    ∂f 2∂x1

    (a)  ∂f 2

    ∂x2(a)   . . .

      ∂f 2∂xm

    (a)

    ...  ...

      ...

    ∂f n∂x1

    (a)  ∂f n

    ∂x2(a)   . . .

      ∂f n∂xm

    (a)

    (C)   Temos:   f (a + v) = f (a) + f (a)(v) + r(v) com limv→0

    r(v)

    v   = 0

    Se   f  = (f 1, f 2, . . . , f  n) e   r = (r1, r2, . . . , rn) , a condição acima é equivalente a

    f i(a + v) =   f i(a) +

    ∂f i∂x1

    (a)  ∂f i∂x2

    (a)   . . .  ∂f i∂xm

    (a)

    · v   +   ri(v) com lim

    v→0

    ri(v)

    v   = 0

    para todo

     ∀ i  = 1, 2, . . . , n.

    Temos então o ...

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    28   CAP ́ITULO 2 

    Teorema 2.2.  A aplica瘠ao   f   : U  →  IRn é diferenci  ́avel no ponto   a ∈ U    se, e somente se,cada uma das suas fun瘠oes coordenadas   f 1, f 2, . . . , f  n : U  →  IR   é diferencí  avel em   a.

    Coroĺario 1.   A aplica瘠ao   f   = (g, h) :   U  →   IRn

    × IR p

    , dada por    f (x) = (g(x), h(x))   é diferenci´ avel no ponto   a ∈  U    se, e somente se, cada uma das aplica瘠oes    g   :  U  →   IRn e h :  U  →  IR p é diferenci  ́avel em   a.

    Em caso afirmativo, temos:   f (a) = (g(a), h(a)) : IRm → IRn × IR p.

    2.2 Exemplos de aplicações diferenciáveis

    A)   Aplicações constantes: Uma aplicação constante é diferenciável em todo ponto e sua

    derivada em qualquer ponto é a transformação linear nula   O .

    B)   Transformações lineares: Qualquer transformação linear   T   : IRm → IRn é diferen-ciável em todos os pontos   a ∈ IRm e   DT (a) = T (a) = T    ∀ a ∈ IRm.

    C)   Aplicações bilineares: Qualquer aplicação bilinear   ϕ : IRm× IRn → IR p é diferenciávelem cada ponto (a, b) ∈ IRm × IRn e  ϕ(a, b) = Dϕ(a, b) : IRm × IRn → IR p é a transformaçãolinear dada por:

    ϕ(a, b) (v, w) =   ϕ(v, b) +   ϕ(a, w)   ∀ (v, w) ∈ IRm × IRn

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    Diferenciabilidade    29

    D)   Aplicações k-lineares: Qualquer aplicação k-linear   µ : IRm1 × IRm2 × . . .× IRmk → IR pé diferenciável em cada ponto (a1, a2, . . . , ak) e

    Dµ(a1, . . . , ak) (v1, . . . , vk) =   µ(v1, a2, . . . , ak) +  µ(a1, v2, a3, . . . , ak)+. . .+  µ(a1, . . . , ak−1, vk)

    Exemplo: det : IRn2

    = IRn × IRn × . . . × IRn → IR é n-linear e portanto é diferenciável emcada   n × n   matriz real  A. Dada   A = (A1, A2, . . . , An) , onde cada   Ai  = (ai1 ai2   . . . ain) éa i-ésima linha de  A, temos que det(A) : IRn

    2 →  IR é a transformação linear dada por

    det(A)(V ) =n

    i=1det(A1, . . . , Ai−1, V i, Ai+1, . . . , An)   ∀ n × n   matriz real   V 

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    30   CAP ́ITULO 2 

    E)   A derivada da “análise na reta” :

    Sejam   f   : U   (aberto) ⊂ IR → IR e  a ∈ U .

    Dizemos que existe a derivada de  f   em   a  quando existir o limite

    limt→0

    f (a + t) − f (a)t

      =   f (a)  ∈ IR

    Já vimos que  f   é derivável em   a  se, e somente se, existir uma constante   c ∈  IR tal que,para todo   t ∈ IR onde   a + t ∈ U , tenhamos

    f (a + t) =   f (a) +   c · t   +   r(t) com limt→0

    r(t)

    t  = 0

    Em caso afirmativo, temos ainda que   f (a) = c.

    Se considerarmos a transformação linear   T   : IR →  IR dada por   T (x) = c.x   ∀x ∈ IR eobservarmos que lim

    t→0

    r(t)

    t  = 0  ⇔   lim

    t→0

    r(t)

    |t|   = 0 podemos ent̃ao concluir que

    f   é derivável em   a   ⇔   f   é diferenciável em   a

    F)   Caminhos diferenciáveis:

    Um caminho em IRn é uma aplicação   f   : I 

     → IRn cujo domı́nio é um intervalo   I 

     ⊂ IR.

    O vetor velocidade (vetor tangente) do caminho   f   : I  →  IRn em um ponto   a ∈   int I    édefinido por:

    df 

    dt(a) = l im

    t→0

    f (a + t) − f (a)t

      ∈ IRn desde que esse limite exista

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    Diferenciabilidade    31

    Temos   f  = (f 1, f 2, . . . , f  n) , f i  :  I  → IR , i = 1, 2, . . . , n .O caminho f  possui vetor velocidade em um ponto   a  se, e somente se, cada f i for derivável

    (ou seja, diferenciável) em   a. Isto ocorrerá portanto se, e somente se,  f   for diferenciável ema. (ver teorema 2.2).

    Teremos, em caso afirmativo:

    df 

    dt(a) =

    df 1dt

     (a)

    ...

    df ndt

     (a)

    =

    f 1(a)

    ...

    f n(a)

    que pode ser “visto” tanto como um vetor em IRn (o vetor velocidade  df 

    dt(a) de   f   em   a)

    quanto como uma transformação linear de IR em IRn (a derivada de   f   em   a, dada por

    f (a)(t) = df 

    dt(a) · t ).

    Aplicação:  Dada uma aplicação   f   : U   (aberto) ⊂  IRm →  IRn diferenciável em   a ∈ U   ,tentaremos obter, via caminhos, uma interpretação para   f (a)(v) , onde   v ∈ IRm.

    Dado   v

     ∈ IRm, consideremos um caminho   α : (

    −, )

     → U 

     ⊂ IRm dado por

    α(t) = a + tv

    Temos que   ∃   dαdt

     (0) = limt→0

    α(0 + t) − α(0)t

      = limt→0

    a + tv − at

      =   v   (v   é o vetor veloci-

    dade de  α  em  t = 0)

    Geometricamente, a imagem do caminho   α   é uma curva (neste caso um segmento de reta)

    em  U , passando pelo ponto   a   e tendo   v   como vetor tangente em   a.

    Vamos agora olhar para o caminho   γ  = f  ◦ α  : (−, ) →  f (U ) ⊂ IRn , correspondente àaplicação de  f  ao caminho   α   (composição).

    Geometricamente, a imagem do caminho   γ   é uma curva em   f (U ) , passando por   f (a).

    Temos:

    ∃   dγ dt

    (0) = limt→0

    (f  ◦ α)(t) − (f  ◦ α)(0)t

      = limt→0

    f (a + tv) − f (a)t

      =  ∂f 

    ∂v(a) = f (a)(v)

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    32   CAP ́ITULO 2 

    Portanto, f (a)(v) é o vetor velocidade de γ  em   t = 0 (geometricamente, é o vetor tangente

    à imagem de  γ , em   f (a) ):

    2.3 Funções reais de m variáveis

    Seja   f   : U  ⊂  IRm → IR uma função real de m variáveis definida num aberto   U  ⊂ IRm.

    Temos:   f   é diferenciável em   a ∈   U    se, e somente se, existe uma transformação linearT   : IRm → IR (funcional linear) tal que, sempre que  a + v ∈ U , temos:

    f (a + v) = f (a) + T (v) + r(v) com limv→0

    r(v)

    v   = 0

    Em caso afirmativo, temos  T   = f 

    (a)  ∈ (IRm)∗ , derivada de  f   em   a.

    Equivalentemente,  f   é diferenciável em   a ∈   U    se, e somente se, existirem constantesA1, A2, . . . , Am   tais que, para todo  v = (v1, v2, . . . , vm) ∈ IRm com   a + v ∈ U   , tem-se:

    f (a + v) = f (a) + A1v1 + A2v2 + . . . + Amvm + r(v) com limv→0

    r(v)

    v   = 0

    Como   Jf (a) =

    ∂f ∂x1

    (a)   ∂f ∂x2

    (a)   . . .   ∂f ∂xm

    (a)

     , chegamos a outra definição equivalente:

    f   é diferenciável em   a ∈ U   se, e só se, existirem as derivadas parciais   ∂f ∂x1

    (a), . . . ,  ∂f 

    ∂xm(a)

    e, para todo vetor  v = (v1, v2, . . . , vm) ∈ IRm com   a + v ∈ U    tivermos

    f (a + v) = f (a) +  ∂f 

    ∂x1(a).v1 + . . . +

      ∂f 

    ∂xm(a).vm + r(v) com lim

    v→0

    r(v)

    v   = 0

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    Diferenciabilidade    33

    A diferencial

    Seja   f   : U  (aberto) ⊂ IRm → IR uma função diferenciável em   a ∈ U .Sua derivada   f (a) , em   a, é uma transformação linear   f (a) : IRm →   IR, ou seja, um

    funcional linear sobre IRm, que denotaremos por   df (a) e chamaremos a diferencial de f 

    no ponto   a:

    df (a) = f (a) : IRm → IR   , df (a) ∈ (IRm)∗

    Para todo vetor  v = (v1, v2, . . . , vm) ∈ IRm, temos:   df (a)(v) =  ∂f ∂v

    (a) =m

     j=1

    ∂f 

    ∂x j(a).v j

    Nosso interesse agora será, uma vez que  df (a) ∈ (IRm

    )∗

    , exprimir  df (a) como combinaçãolinear de funcionais que formem uma base de (IRm)∗. Para tal, utilizaremos a base dual da

    base canônica de IRm:

    Sejam B = {e1, e2, . . . , em}  a base canônica do IRm e B∗ sua base dual, em (IRm)∗.

    Temos  B∗ = {π1, π2, . . . , πm} , onde   π j   : IRm → IR é dado por   π j(x1, . . . , xm) = x j   , paratodo  j = 1, 2, . . . , m   (π j   é a projeção na j-ésima coordenada).

    ´E comum denotarmos   π j   por   x j   . Logo B

    = {x1, x2, . . . , xm}   (aqui cada   x j   é umfuncional linear).

    Para todo  j  = 1, . . . , m temos que   x j  =  π j   : IRm →   IR é uma transformação linear, logo

    diferenciável em todos os pontos de IRm e sua derivada (diferencial) em cada ponto é a própria

    transformação linear   x j   .

    Portanto:   x j  =  dx j(x)   ∀  x ∈  IRm, ∀  j  = 1, . . . , m. Logo escreveremos   x j   =  dx j   , paratodo   j = 1, . . . , m.

    Assim,  B∗ = {dx1, dx2, . . . , d xm}   é a base dual da base canônica do IRm.

    Para todo j  = 1, . . . , m temos:   df (a)(e j) =  ∂f 

    ∂x j(a) e pela relação entre  B   e  B∗ , temos:

    df (a) =  ∂f 

    ∂x1(a).dx1   +

      ∂f 

    ∂x2(a).dx2   +   . . .   +

      ∂f 

    ∂xm(a).dxm

    Conseguimos portanto escrever   df (a) como combinação linear dos funcionais da base  B∗

    (que são também diferenciais), dual da base canônica  B   de IRm.

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    34   CAP ́ITULO 2 

    Uma útil condição suficiente

    Teorema 2.3.  Se uma fun瘠ao   f   : U   (aberto) ⊂ IRm → IR  possui derivadas parciais em todos os pontos de uma vizinhança de   a ∈ U    e cada uma delas é cont́ınua no ponto   a ∈ U   , ent˜ aof   é diferenci  ́avel em   a.

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    Diferenciabilidade    35

    Um exemplo interessante

    Seja   f   : U 

     ⊂ IR2

    → IR uma função cont́ınua definida num aberto  U 

     ⊂ IR2.

    Considere o conjunto   S  = gr f  = {(x,y,f (x, y)); (x, y) ∈ U } ⊂ IR3 (gráfico de  f ).Seja   g :  U  →  S    a aplicação dada por   g(x, y) = (x,y,f (x, y)).Temos   g = (g1, g2, g3) , sendo suas funções coordenadas dadas por:

    g1(x, y) = x , g2(x, y) = y , g3(x, y) = f (x, y)

    Já vimos que  g   é um homeomorfismo de  U   em  S , ou seja,  S   é topologicamente idêntico a

    um “pedaço” U  do plano (S   é uma superf́ıcie).

    Consideremos agora f   diferenciável em   a ∈ U .É imediato então que  g  é diferenciável em  a (olhe para as funções coordenadas de  g).

    Fixemos  v ∈ IR2.O caminho   α : (

    −, )

     → U    dado por   α(t) = a + tv   é geometricamente um segmento de

    reta passando por  a e tem  v  como um vetor tangente em a (vetor velocidade em  t = 0)

    Temos então (veja Aplicação do exemplo F) que   g ◦ α : (−, ) → S   é um caminho cujaimagem é uma curva em  S , passando por  g(a) e tendo neste ponto  g

    (a)(v) como vetor tan-gente:

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    36   CAP ́ITULO 2 

    Procedendo desta forma para cada vetor   v ∈   IR2, temos que   g(a)(v) fornece um vetortangente a uma curva na superfı́cie  S , no ponto  g(a)

    Vamos dar uma olhada para

    Jg(a) = [g(a)] =

    ∂g1∂x  (a)   ∂g1

    ∂y  (a)

    ∂g2∂x

     (a)  ∂g2

    ∂y (a)

    ∂g3∂x

     (a)  ∂g3

    ∂y (a)

    =

    1 0

    0 1

    ∂f 

    ∂x(a)

      ∂f 

    ∂y(a)

    (matriz de  g(a) em relação às bases canônicas)

    Temos que a dimensão da imagem de  g(a) é igual a 2 e portanto o conjunto dado por

    T g(a)(S ) =

    g(a) + g(a)(v), v ∈ IR2   é um plano (plano tangente ao gráfico   S   de   f   emg(a) = (a, f (a)) ).

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    Diferenciabilidade    37

    2.4 Exerćıcios

    1.  (Derivadas direcionais) Sendo   f (x)(h) = limt→

    0

    f (x + th) − f (x)t

      e admitindo a existência

    das derivadas em questão, calcule:

    a)   f (z )(h), com   z  = (4, −1), h = (1, 2) e   f   : IR2 → IR2 dada por   f (x) = (x2 + y, x + y2).b)   ϕ(x)(v), onde   x, v  ∈   IRm são vetores quaisquer e   ϕ   : IRm →   IR é definida porϕ(x) = f (x).g(x), sendo   f, g : IRm → IR funcionais lineares.c)   ξ (x)(h), onde   h ∈ IRm é um vetor arbitrário e   ξ   : U  →  IR é definida do seguinte modono aberto   U  ⊂  IRm : são dadas  f, g   : U  →  IR p diferenciáveis e   ξ (x) = < f (x), g(x)  >  , paratodo  x ∈ U   , é o produto interno dos vetores f (x) e  g(x).

    2.   (Diferenciabilidade) Seja  E  o espaço das matrizes  n

    ×n   (se achar conveniente, identifique

    E   com IRn2). Defina  f   :   E  →  E   pondo   f (X ) =   X 3 para cada matriz  X . Mostre que   f   é

    diferenciável em todos os pontos de  E   (use o método do exerćıcio anterior para determinar o

    candidato a  f (X )).

    3.   (Diferenciabilidade) Sejam  U  ⊂  IRm e  f , g : U  →  IRn diferenciáveis no ponto  a ∈ U ,

    com   f (a) = g(a). Mostre que   f (a) = g (a) se, e só se, limv→0

    f (a + v) − g(a + v)v   = 0.

    4.  (Diferenciabilidade e matriz Jacobiana) Seja  f   : IR3

    → IR4 dada por

    f (x,y,z ) = (x2 − y2,xy,xz,zy)a) Prove que  f   é diferenciável em todos os pontos de IR3 e calcule sua matriz jacobiana.

    b) Mostre que a derivada  f (x,y,z ) : IR3 →   IR4 é uma transformação linear injetora, excetono eixo  Oz  (isto é, para  x =  y  = 0).

    c) Determine a imagem de  f (0, 0, z ) : IR3 → IR4.

    5.   (Derivada) Seja  f   : U  →  IRn diferenciável no aberto  U  ⊂  IRm. Se, para algum b ∈ IRn, oconjunto f −1(b) possui um ponto de acumulação a

     ∈ U   então f (a) : IRm

    → IRn não é injetiva.

    6.  (Derivada; matriz Jacobiana) Seja  f   : IR2 → IR3 dada porf (x, y) = (x2, y2, (x + y)2)

    Mostre que f (x, y) : IR2 → IR3 tem posto 2, exceto na origem (isto é, f (x, y)(e1) e f (x, y)(e2)são linearmente independentes salvo quando  x =  y  = 0).

    7.  (Derivada) Seja f   : IRm → IRm diferenciável, com f (0) = 0. Se a transformação linear f (0)não tem valor próprio 1 então existe uma vizinhança  V   de 0 em IRm tal que  f (x) =  x   paratodo  x ∈ V  − {0}.

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    38   CAP ́ITULO 2 

    8.  (Derivada; matriz Jacobiana) Seja  f   : IR3 → IR3 dada por

    f (x,y,z ) = (x + y + z, x2 + y2 + z 2, x3 + y3 + z 3)

    Mostre que  f (x,y,z ) : IR3 →  IR3 é uma aplicação biuńıvoca, salvo se duas das coordenadasx,y,z  são iguais.

    9.   (Diferenciabilidade) Seja  E   = IRn2

    o espaço vetorial formado pelas matrizes  n × n. Indi-cando com  X ∗ a transposta de uma matriz  X , considere a aplicação  f   : E  →  E  definida porf (X ) =  XX ∗. Descreva a derivada  f (X ) :  E  →  E . Mostre que f (X )(H ) é simétrica, paracada  H  ∈  E  e que se  X   é ortogonal (isto é,  X ∗ = X −1) então, para toda matriz simétrica  S ,existe pelo menos uma matriz  H  tal que  f (X )(H ) = S .

    10.   (Máximos e mı́nimos relativos interiores) Seja  U  ⊂  IRm aberto. Se  f   : U  →  IR atinge ummáximo (ou mı́nimo) relativo no ponto  x ∈ U , e f   é diferenciável no ponto  x, então  f (x) = 0(transformação linear nula).

    11.   (Condições necessárias, não suficientes) Obtenha aplicações  f   :  U (aberto)⊂   IRm →   IRntais que:

    a) Existem todas as derivadas parciais de  f  em um ponto mas não existem todas as derivadas

    direcionais (f   não é diferenciável neste ponto).b) Existem todas as derivadas parciais de  f  em um ponto mas  f   não é contı́nua nesse ponto

    (f   não é diferenciável neste ponto).

    c) Existem todas as derivadas direcionais de  f  em um ponto mas f  não é contı́nua nesse ponto

    (f   não é diferenciável neste ponto).

    d) Existem todas as derivadas direcionais de   f   em um ponto   a ∈   U ,   f   é contı́nua nesseponto, mas a derivada direcional de  f   em  a, relativamente a um vetor  v ∈  IRm, não dependelinearmente de v  (f   não é diferenciável neste ponto).

    e) Existem todas as derivadas direcionais de  f  em um ponto  a

     ∈ U , f   é cont́ınua nesse ponto,

    a derivada direcional de  f   em a, relativamente a um vetor  v ∈ IRm, depende linearmente de  v ,mas  f   não é diferenciável neste ponto.

    12.  (Derivada do determinante) Seja E  = IRn2

    o espaço vetorial das matrizes  n × n. Sabemosque a função determinante det :  E  →  IR é diferenciável em toda matriz  A ∈ E  (ver exemploD nas notas de aula). Verifique, para as matrizes 4 × 4, a validade da expressão∂ det

    ∂xij(A) = (−1)i+ j det A[i,j], onde A[i,j]  é a n − 1× n−1 matriz obtida eliminando-se a i-ésima

    linha e a j-ésima coluna da matriz A (a expressão foi obtida também no exemplo D), escolhendo

    uma variável  xij.

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    Diferenciabilidade    39

    13.   (Caminhos diferenciáveis) Determine as equações paramétricas das retas tangentes às

    seguintes curvas em IR3 nos pontos especificados:

    a)  g  :  t

     → (x,y,z ) = (t, t2, t3) nos pontos correspondentes a  t  = 0 e  t = 1.

    b)  f   : t → (x,y,z ) = (t − 1, t2, 2) nos pontos correspondentes a  t = 0 e  t = 1.c)  h :  t → (x,y,z ) = (2 cos t, 2sen t, t) nos pontos correspondentes a  t =  π/2 e  t =  π .

    14.   (Caminhos diferenciáveis, EDOs) Consideremos o problema de obter um caminho

    y = y(t) : I  ⊂ IR → IR p tal que:

    y(n)(t) = F (t, y(t), y(t), y(t),...,y(n−1)(t))

    y(0) = η1

    y

    (0) = η2...

    y(n−1)(0) = ηn

    São dados

    F   : IRnp+1

    → IR p

    η1, η2,...,ηn ∈ IR p

    Mostre que podemos resolver este problema resolvendo um sistema de equações de primeira

    ordem, que equivale ao problema da forma:

    x1(t) = f 1(t, x1(t), x2(t),...,xn(t))

    x2(t) = f 2(t, x1(t), x2(t),...,xn(t))

    ...xn(t) = f n(t, x1(t), x2(t),...,xn(t))

    x1(0) = η1

    x2(0) = η2

    ...

    xn(0) = ηn

    x1, x2,...,xn : I 

     ⊂ IR

     → IR p

    São dados

    f 1, f 2,...,f n : IRnp+1 → IR p

    η1, η2,...,ηn ∈ IR p

    Mostre agora que podemos reduzir o problema acima a um outro, na forma:

      x

    (t) = f (t, x(t))x(0) = η0

    x :  I  ⊂ IR → IRnpSão dados

    f   : IRnp+1 → IRnpη0 ∈ IRnp

    Finalmente, se quisermos, podemos ainda reduzir o problema acima a um outro, autônomo

    (“independente” de t):

      w(t) = g(w(t))

    w(0) = η  w :  I  ⊂ IR → IRnp+1

    São dados

    g : IRnp+1 → IRnp+1η ∈ IRnp+1

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    40   CAP ́ITULO 2 

    15.   (Caminhos diferenciáveis, EDOs) Usando a idéia do exerćıcio anterior, reduza cada pro-

    blema abaixo a um formado por uma única equação de primeira ordem:

    a)  y + y2 = 0, y(0) = a, y(0) = b, y  =  y(t) : I  ⊂

     IR →

     IR

    b) (1 − t2)y − 2ty + 2y = 0, y(0) = a, y(0) = b, y  =  y(t) : I  ⊂ IR → IRc)  y − 2y + 3y − y  = 0,  y(0) = a,  y (0) = b,  y(0) = c,  y =  y(t) : I  ⊂ IR → IR

    16.   (Caminhos diferenciáveis, EDOs) Consideremos o problema:

      x(t) = f (t, x(t))

    x(0) = x0

    São dados

    f   : IRn+1 → IRn, cont́ınuax0 ∈ IRn

    a) Mostre que  x =  x(t) : I  ⊂ IR → IRn é solução do problema acima se, e somente se:

    x(t) = x0 +

       t0

    f (s, x(s)) ds  , para todo   t ∈ I 

    b) Um importante resultado (Teorema de Picard) assegura que, se f   é lipschitziana em relação

    à variável   x  (existe uma constante   k > 0 tal que ||f (t, x) − f (t, y)|| ≤ k ||x − y||, para todos(t, x), (t, y) ) numa vizinhança de (0, x0) então existe uma solução para o problema acima,

    definida numa vizinhança de   t = 0 de modo único. Mais ainda, o Teorema de Picard fornece

    uma seqüência de caminhos  x1, x2,...   :  I  →   IRn

    que converge para a solução, seqüência estadada por:

    x1(t) = x0 , x2(t) = x0 +

       t0

    f (s, x1(s))ds , ..., xn+1(t) = x0 +

       t0

    f (s, xn(s))ds ,...

    Use a seqüência acima para obter a única solução  x =  x(t) : IR → IRn do problema:

      x(t) = A(x(t)) (x = Ax)

    x(0) = x0

    A : IRn → IRn, linear, n × n matriz de coef. constantesx0 ∈ IRn

    OBS.: Boas justificativas para o estudo de sistemas lineares de coeficientes constantes

    x =   Ax   se encontram não só no fato de que uma série de problemas são desta natureza,

    bem como em um outro resultado importante, o Teorema de Hartman, que de um certo modo

    diz que, dado um problema  x =  f (x), f  ∈  C 1 (note que  f   não é necessariamente linear), sex0   é ponto singular (f (x0) = 0) e os autovalores de   Df (x0) têm todos parte real não nula

    (neste caso  x0   é dito ser um ponto singular hiperbólico), então o comportamento das soluções

    x  =  x(t) numa vizinhança de  x0  pode ser aproximado pelo comportamento das soluções dosistema linear   x = Df (x0)x   (repare que este é linear) numa vizinhança de 0 (origem do IR

    n).

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    Diferenciabilidade    41

    17.   (Funções reais de m variáveis) Mostre que se uma função f   : U (aberto)⊂ IRm → IR possuiderivadas parciais em todos os pontos de uma vizinhança de a ∈ U  e m −1 delas são contı́nuasno ponto  a, então  f   é diferenciável em a.

    18.   (Gráficos de funções, planos tangentes) Seja   f   :   U  ⊂   IR2 →   IR uma função contı́nuadefinida num aberto  U  ⊂  IR2. Tomando   S  = {(x,y,f (x, y))|(x, y) ∈ U } ⊂ IR3 (gráfico de  f ),sabemos que  g   :  U  →  S  dada por  g(x, y) = (x,y,f (x, y)) é um homeomorfismo entre  U   e  S (dê uma olhada na Seção 2.3). Se  f   é diferenciável em um ponto  a ∈ U   então é imediato queg  também é diferenciável em  a  e sabemos que existe o Plano Tangente a S (gráfico de  f ) no

    ponto  g(a):   T g(a)(S ).

    Seja  f   : IR2 → IR a função dada por  f (x, y) = x2 + y2.Faça um esboço de  S  (gráfico de  f ).

    Fixemos um ponto   a ∈   IR2, digamos   a   = (2, 1). Dado um vetor   v ∈   IR2, consideremos ocaminho  γ  = γ (t) : IR → IR2 dado por  γ (t) = a  + tv  (geometricamente a imagem de  γ   é umareta em IR2, passando por  a  e tendo em  a  vetor tangente igual a  v). Sabemos que (g ◦ γ )(IR)é uma curva em   S   (lembremos que   g(x, y) = (x,y,f (x, y)), conforme acima) e que o vetor

    tangente a (g ◦ γ )(IR) no ponto  g(a), dado por (g ◦ γ )(0) = g (a)(v), é um vetor tangente a  S em  g(a) (g(a) + g(a)(v) ∈ T g(a)(S )).

    Dados os vetores   v1   =   e1   = (1, 0),   v2   =   e2   = (0, 1),   v3   = (2, 1),   v4   = (1, 3),   v5   = (3, −2)em IR2, utilizando a Matriz Jacobiana de  g  em  a = (2, 1), calcule  g(a)(vi), i = 1, ..., 5 (alguns

    vetores tangentes a  S   em  g(a) = (2, 1, 5)), faça um esboço considerando os vetores tangentes

    g(a)(v1) e   g(a)(v2) e finalmente verifique que todos esses cinco vetores tangentes a   S   em

    g(a) = (2, 1, 5) são coplanares, como era de se esperar.

    19.   (Gráficos de funções, planos tangentes) Com as mesmas considerações do exercı́co anterior

    para uma função   f   :   U 

     ⊂  IR2

    →  IR definida num aberto   U 

     ⊂  IR2, determine os Planos

    Tangentes a  S   (gráfico de  f ) nas situações abaixo (faça os esboços):

    a)   f 1(x, y) = x2 + y2 . Determine   T (0,0,f 1(0,0))(S ) e   T (1,2,f 1(1,2))(S ) .

    b)   f 2(x, y) = x2 − y2 . Determine   T (0,0,f 2(0,0))(S ) e   T (1,2,f 2(1,2))(S ) .

    c)   f 3(x, y) = (4 − (x2 + y2))1/2 . Determine   T (0,0,f 3(0,0))(S ) e   T (1,1,f 3(1,1))(S ) .

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    42   CAP ́ITULO 2 

    2.5 A Regra da Cadeia

    Teorema 2.4.   (Regra da Cadeia) Sejam   U 

     ⊂ IRm e   V 

     ⊂ IRn conjuntos abertos,

    f   : U  →  IRn uma aplica瘠ao diferenci´ avel no ponto   a ∈ U   , com   f (U ) ⊂ V    e   g   : V  →  IR puma aplica瘠ao diferenci´ avel no ponto   b =  f (a) ∈ V .Ent˜ ao a aplica瘠ao composta   g ◦ f   : U  →  IR p é diferenci  ́avel no ponto   a   e temos ainda que 

    (g ◦ f )(a) =   g(b) ◦ f (a) : IRm → IR p

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    Algumas conseqüências:

    (A) Interpretação geométrica para  f (a)(v):

    Coroĺario 1.  Seja  f   : U  ⊂  IRm → IRn uma aplica瘠ao diferenci´ avel em   a ∈ U . Dado  v ∈ IRm,seja  α   : (−, ) →  U   um caminho em  U , diferenci´ avel em   t  = 0  (existe vetor velocidade em t = 0), com   α(0) = a   e   α(0) = v.

    Ent˜ ao   f (a)(v)   é o vetor velocidade do caminho   f  ◦ α : (−, ) → IRn em   t = 0   (geometri-camente é o vetor tangente à curva   (f  ◦ α) (−, )   em  f (a) ).

    (B) Derivada da aplicação inversa:

    Coroĺario 2.  Seja   f   : U  →  IRn diferenci´ avel em   a ∈ U  ⊂ IRm e suponha que  f  admite uma inversa    g   =  f −1 :  V  →   IRm , V  ⊂   IRn (f (U ) = V, g(V ) = U, f  ◦ g =  idV    e   g ◦ f  = idU )que é diferenci  ́avel no ponto   b =  f (a).Ent˜ ao   f (a) : IRm → IRn é um isomorfismo cujo inverso é   g(b) : IRn → IRm e em particular temos que   m =  n.

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    44   CAP ́ITULO 2 

    (C) Regra da Cadeia e derivadas parciais:

    Coroĺario 3.  No teorema anterior, suponha   f  = (f 1, f 2, . . . , f  n)   e   g = (g1, g2, . . . , g p).

    Ent˜ ao para cada   i = 1, . . . , p   e   j  = 1, . . . , m , temos:

    ∂ (gi ◦ f )∂x j

    (a) =n

    k=1

    ∂gi∂yk

    (b) ·   ∂f k∂x j

    (a)

    (D) Regras de diferenciação:

    Coroĺario 4.   Sejam   f, g  : U  →  IRn diferenci´ aveis no ponto   a ∈ U   (aberto) ⊂ IRm e   λ   um n´ umero real. Ent˜ ao:

    f  + g : U  →  IRn é diferenci  ́avel em   a ,   com   (f  + g)(a) = f (a) + g(a)

    λf   : U  →  IRn é diferenci  ́avel em   a ,   com   (λf )(a) = λ · f (a)Se    ϕ   : IRn

    × IRn

    →  IR p é uma aplica瘠ao bilinear ent˜ ao a aplica瘠ao   ϕ(f, g) :   U 

     →  IR p ,

    definida por   x → ϕ(f (x), g(x))   é diferencí  avel no ponto   a , com 

    [ϕ(f, g)]   (a)(v) = ϕ  (f (a)(v), g(a)) + ϕ (f (a), g(a)(v))

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    Algumas aplicações:

    (i)   “Derivada do produto”: Sejam   f, g   :   U  ⊂   IR →   IR diferenciáveis (deriváveis) ema ∈ U . Então   f g :  U  →   IR dada por f g(x) = f (x) · g(x) é derivável em   a   com

    (f g)   (a) = f (a) · g(a) + f (a) · g(a)

    (ii)  Seja   f   : IRm →  IR dada por   f (x) =  x2 = < x, x >  . Então

    f (a)(v) = 2 < v,a >   ∀ v, a ∈ IRm

    (iii)  Seja   n : IRm →  IR dada por   n(x) =  x   = < x, x >1/2 (norma proveniente de umproduto interno). Então

    n(a)(v) =   < v, a >< a, a >1/2

      ∀ v ∈ IRm, a = 0  ∈ IRm

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    46   CAP ́ITULO 2 

    2.6 Teorema/Desigualdade do valor médio

    Tentaremos agora generalizar o Teorema do Valor Médio de Lagrange, estudado no

    curso de análise na reta.

    Teorema 2.5.   (Generaliza瘠ao do TVM de Lagrange da “An´ alise na Reta”)

    Seja    f   :   U  ⊂   IRm →   IR   diferenci´ avel em todos os pontos do segmento de reta aberto(a, a +  v) = {  a + tv ,   0 < t  1, aparece sob a forma de desigualdade.

    Isto não impede que dele seja extráıda uma série de resultados significativos, conformeveremos adiante.

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    Teorema 2.6.   (“Vers˜ ao fraca” da Desigualdade do Valor Médio)

    Dado   U  ⊂  IRm , aberto, seja   f   :  U  →  IRn diferenci´ avel em cada ponto do segmento de 

    reta aberto   (a, a + v)  e tal que sua restri瘠ao ao segmento de reta fechado   [a, a + v] ⊂ U    seja cont́ınua.Ent˜ ao existem uma constante real   θ > 0   e um ponto   ci0 ∈ (a, a + v)   tais que 

    f (a + v) − f (a) ≤   θ. f (ci0)(v) ≤   θ. f (ci0) . v

    Em particular, se   f (x) ≤ M    para todo   x ∈ (a, a + v) , temos 

    f (a + v) − f (a) ≤   θ.M. v   se   f (x) ≤ M 

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    48   CAP ́ITULO 2 

    Teorema 2.7.   (“Vers˜ ao completa” da Desigualdade do Valor Médio)

    Dado   U  ⊂  IRm , aberto, seja    f   :  U  →  IRn diferenci´ avel em cada ponto do segmento de 

    reta aberto   (a, a + v)  e tal que sua restri瘠ao ao segmento de reta fechado   [a, a + v] ⊂ U    seja cont́ınua.Se   f (x) ≤ M    para todo   x ∈ (a, a + v)   ent˜ ao   f (a + v) − f (a) ≤   M. v.

    Demonstração: veja em Lima, E.L. - Análise no Espaço IRn - Capı́tulo 5, Teorema 2, pág.

    27 (1a Edição).

    OBS.: Se a norma considerada em IRn provém de um produto interno, então podemos

    garantir ainda que existe um ponto   ci0 ∈ (a, a + v) tal quef (a + v) − f (a) ≤ f (ci0)(v) ≤ f (ci0) . v

    A demonstração neste caso fica mais simples e pode ser encontrada em Bartle, R.G. - Ele-

    mentos de Análise Real - Caṕıtulo 7 (Seção 40), págs. 329-330 (2a Edição).

    Algumas conseqüências:

    (A) Uma fonte natural de aplicações Lipschitzianas:

    Corolário 1.   Seja    U  ⊂   IRm aberto e convexo. Se    f   :   U  →   IRn é diferenci  ́avel, com f (x) ≤ M    para todo   x ∈ U    ent˜ ao  f   é Lipschitziana, com   f (y) − f (x) ≤ M. y − xquaisquer que sejam   x, y ∈ U .

    OBS.: Para conclúırmos que  f   é Lipschitziana basta a “Versão fraca”(Teo 2.6)

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    (B) Generalização de um resultado canônico:

    Coroĺario 2.   Se    f   :  U  →  IRn é diferenci  ́avel no aberto e conexo   U  ⊂  IRm e