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ANÁLISE ERGONÔMICA DA
BIBLIOTECA DA FACULDADE DE
CIÊNCIAS INTEGRADAS DO PONTAL
Hilano Jose Rocha de Carvalho (UFU )
Gessica Mina Kim Jesus (UFU )
Luciana Correa Santos (UFU )
Raina Marielle do Nascimento Alves (UFU )
Bruna Graziela Araujo Oliveira (UFU )
Este trabalho apresenta uma aplicação dos conceitos teóricos de
Ergonomia na biblioteca da Faculdade de Ciências Integradas do
Pontal. A proposta inicial foi identificar os problemas críticos
presentes e buscar alternativas para solucioná-llos. Para isso,
inicialmente, foram aplicadas ferramentas da ergonomia cognitiva
para obter informações preliminares da situação de trabalho,
culminando num enfoque em ergonomia física. Os principais
problemas encontrados foram alta temperatura, falta de ventilação do
ambiente, acúmulo de poeira nas prateleiras e livros, inadequação do
conjunto mesa-cadeira, falta de um banheiro interno para as
funcionárias, desorganização dos objetos dispostos na zona
preferencial e movimentação incorreta do corpo na atividade de
guardar livros. Através da pesquisa realizada, concluiu-se que a
maioria deles pode ser facilmente solucionada, realizando pausas e
alongamentos durante o trabalho, utilizando roupas adequadas e
instalando equipamentos de climatização, assim já seria possível um
aumento considerável do bem-estar dos colaboradores. Já os
problemas mais complexos, como aqueles relacionados à
infraestrutura, requerem tempo maior, por envolverem aprovação e
mediação da universidade e, se solucionados, tornariam as condições
de trabalho adequadas.
Palavras-chaves: Ergonomia, Biblioteca, Projeto
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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1. Introdução
Contemporaneamente, observa-se que investimentos crescentes em Ergonomia têm gerado
impactos positivos na saúde dos trabalhadores, na medida em que se busca promover o bem-
estar dos mesmos no ambiente de trabalho. Por conseguinte, maiores níveis de produtividade
e de qualidade das tarefas realizadas vêm sendo atingidos.
No presente trabalho, a biblioteca atual da Faculdade de Ciências Integradas do Pontal
(FACIP), campus Pontal, da Universidade Federal de Uberlândia foi analisada. Seu corpo
técnico-admistrativo é composto por 8 assistentes-administrativos e 1 bibliotecária-chefe, com
idades entre 22 e 48 anos e do sexo feminino.
Objetivou-se identificar e analisar os problemas ergonômicos de natureza física e propor
soluções (recomendações) para promover o bem-estar das assistentes-administrativos lotadas
na biblioteca.
O artigo está dividido a seguir da seguinte maneira: Seção 2, aspectos téorico-conceituais e
práticos da Ergonomia Física e das ferramentas mais comumente utilizadas na atualidade;
Seção 3, materiais e os métodos dessa pesquisa ergonômica; Seção 4, resultados da aplicação
das técnicas de Ergonomia Física e as recomendações ergonômicas; Seção 5, conclusão.
2. Referencial Teórico
2.1. Adequação mesa-cadeira
Segundo Iida (2005), em geral, recomenda-se que esta altura da mesa esteja entre 3 a 4 cm
acima do nível do cotovelo, na posição sentada. Caso a mesa seja ajustável, é necessário
primeiro ajustar a cadeira e depois a mesa. Se a mesa tiver uma altura fixa, a cadeira deve ter
altura regulável. Objetos como estrados também são recomendados para acomodar as pessoas
de estaturas menores. A Figura 1 mostra as recomendações de medidas sugeridas por Iida
(2005) para o arranjo ideal de mesas e cadeiras.
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Figura 1 – Dimensões recomendadas para o arranjo ideal de mesas e cadeiras.
Fonte: Iida (2005)
As complicações provocadas por uma mesa muito alta causam abdução e elevação dos
ombros, além de uma postura forçada do pescoço, provocando fadiga dos músculos dos
ombros e do pescoço (CHAFFIN, 2001 apud IIDA 2005). Por outro lado, uma mesa muito
baixa causa inclinação do tronco e cifose lombar, aumentando a carga sobre o dorso e o
pescoço, provocando dores (IIDA, 2005).
2.2. Transporte de cargas
De acordo com Iida (2005), as recomendações para transporte de cargas são:
a) Com os dois braços, deve-se manter a carga próxima do corpo, na altura da cintura;
b) Adotar valor adequado para as cargas unitárias;
c) Deve-se manter simetria de cargas;
d) Pegas adequadas;
e) Trabalho em equipe quando a carga for excessiva para somente uma pessoa;
f) O caminho deve ser predefinido e não haver nenhum obstáculo;
g) Eliminar desníveis no piso e entre postos de trabalho;
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h) Usar carrinhos com rodas e transportadores mecânicos.
2.3. Arranjo físico (layout) e prateleiras
Como mostradas na Figura 2, a área de alcance ótimo sobre a mesa é delimitada por um arco
de raio de 35 cm a 45 cm e a área de alcance máximo deve ser definida por um arco de 55 cm
a 65 cm de raio. As tarefas que exigem acompanhamento visual constante e precisão devem
estar entre 20 cm a 40 cm de distância focal, como mostra a Figura 3 (IIDA, 2005).
Figura 2 – Exemplos de zonas de alcances máximos; posição sentada (Esquerda) e em pé
(Direita).
Fonte: Iida (2005)
Figura 3 – Áreas de alcance ótimo e máximo na mesa; trabalhador sentado.
Fonte: Iida (2005)
Na Figura 3, têm-se a zona preferencial e os alcances máximos (trabalhador sentado).
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2.4. Fatores ambientais
Segundo Iida (2005), para os organismos adaptados ao calor a zona de conforto térmico é
delimitada entre as temperaturas de 20ºC a 24°C, a umidade relativa de 40% a 80% e a
velocidade do ar de 0,2 m/s.
2.5. Ferramentas de ergonomia física
A equação de NIOSH (do inglês, National Institute for Occupational Safety and Health) é
composta por seis variáveis, como mostra a Eq. (1) (IIDA, 2005).
(1)
Na Eq. (1), têm-se:
A - ângulo de assimetria;
C - qualidade da pega;
D - deslocamento vertical (cm);
F - frequência média de levantamentos (levantamentos/min);
H - distância horizontal (cm);
V - distância vertical (cm);
PLR - Peso Limite Recomendável.
As medidas referentes ao levantamento de peso, bem como as tabelas com os multiplicadores
C e F, utilizados para o cálculo da equação, basearam-se em Iida (2005).
O método OCRA (do inglês, Occupational Repetitive Actions) permite o cálculo de um índice
quantitativo (IE) que representa os riscos existentes relacionados à repetição dos movimentos
dos membros superiores na execução de uma tarefa (MÁSCULO; VIDAL, 2011). Se o
resultado obtido para IE for até 2.2, nenhuma ação corretiva é necessária; caso o resultado
esteja entre 2.3 e 3.5, é necessário verificar a situação e implementar melhorias. Em uma
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situação mais grave, o IE encontrado será maior que 3.5 (risco presente) e será necessário
redesenhar o posto e avaliar a saúde dos trabalhadores.
De acordo com Másculo e Vidal (2011), o método OWAS tem como objetivo analisar uma
tarefa, identificando posturas inadequadas que, juntamente com outros fatores, podem
ocasionar problemas músculos-esqueléticos, incapacidade para o trabalho, absenteísmo e até
mesmo custos adicionais ao processo produtivo (CARDOSO JUNIOR 2006, apud KASPER;
LOCH, 2012). O método OWAS é composto por três tabelas que permitem classificar as
posturas relativas do corpo de maneira isolada, combinada ou ainda levando em consideração
a duração da tarefa sendo executada. A Figura 4 ilustra uma dessas tabelas.
Figura 4 - Sistema para registro de posturas (método OWAS)
Fonte: Iida (2005)
Com base em Tabelas, como a da Figura 4, podem-se classificar as posturas de acordo com
as quatro classes descritas abaixo:
a) Classe 1 - postura normal, que dispensa cuidados, a não ser em casos excepcionais;
b) Classe 2 - postura que deve ser verificada durante a próxima revisão rotineira dos
métodos de trabalho;
c) Classe 3 - postura que deve merecer atenção a curto prazo;
d) Classe 4 - postura que deve merecer atenção imediata.
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Por fim, o método RULA foi desenvolvido com o objetivo de avaliar os riscos sob os quais o
trabalhador está exposto quando há posturas e atividades musculares inadequadas com a
possibilidade de desenvolvimento de doenças ocupacionais (DORT/LER) (MÁSCULO;
VIDAL, 2011).
Após a obtenção de pontuações específicas, obtém-se uma pontuação global final, que indica
em que nível a atividade se classifica e qual sua gravidade. As recomendações apresentadas
na Figura 5 referem-se ao que deve ser feito em cada nível de risco para a tarefa realizada.
Figura 5 - Tabela de recomendações do método RULA
Fonte: MÁSCULO; VIDAL (2011)
2.6. Princípios ergonômicos
Reunindo informações apresentadas por Iida (2005) e Másculo e Vidal (2011), estabeleceu-se
a seguinte lista de princípios ergonômicos considerados importantes nesta pesquisa:
Princípios gerais do assento: as dimensões do assento devem ser adequadas às
dimensões antropométricas do usuário; o assento deve permitir variações de postura;
Princípios de economia de movimentos: as duas mãos devem iniciar e terminar os
movimentos no mesmo instante e não devem ficar inativas ao mesmo tempo; os braços
devem mover-se em direções opostas e simétricas; devem ser usados movimentos
manuais simples;
Princípios relativos ao arranjo do posto de trabalho: as ferramentas e materiais devem
ficar em locais fixos, perto dos seus locais de uso, de acordo com uma sequência de
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uso; cada trabalhador deve dispor de uma cadeira que possibilite uma postura
adequada;
Princípios de levantamento de carga: manter a coluna reta e usar a musculatura das
pernas; levantar carga próxima do corpo; manter cargas simétricas e usar as duas mãos
ao mesmo tempo.
3. Metodologia
Houve reuniões para definir o local para a realização da pesquisa ergonômica e, devido ao
tipo de atividades realizadas e a maneira pela qual são executadas pelas assistentes-
administrativos, chegou-se a conclusão para a realização desse trabalho de que a biblioteca
necessita de atenção mais urgente nos fatores físicos. A partir disso, os seguintes métodos e
ferramentas foram utilizados:
a) Entrevista semiestruturada: segundo Oliveira (2002), as perguntas devem ser claras, o
entrevistado não deve ser influenciado pelos entrevistadores e as respostas devem ser
transcritas exatamente como foram ditas. As entrevistas realizadas com 100% das
funcionárias foram gravadas com gravador de voz, transcritas e, em seguida,
analisadas;
b) Medições: Houve diversas medições relacionadas à antropometria e à biomecânica,
utilizando uma trena. Na coleta de dados do ambiente, realizaram-se as medições da
temperatura e da umidade relativa do ar no interior da biblioteca. As medições dos
fatores ambientais foram realizadas nos dias 19 e 22 de Outubro de 2012, durante os
períodos da manhã, tarde e noite, utilizando um Hygro – Thermometer Clock,
Instrutherm HT-210;
c) Observações diretas: antes de iniciar uma observação, é necessário determinar quais
situações de trabalho devem receber atenção (BELLO, 2007). Para isso, houve
reuniões e as situações a serem observadas foram estabelecidas.
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Por último, foram aplicadas as ferramentas de ergonomia física presentes em Másculo e Vidal
(2011):
Equação de NIOSH - aplicada no levantamento de livros, no transportar livros do
carrinho para a prateleira, transportar livros da mesa em grupo para o carrinho e
transportar livros da mesa individual para o carrinho;
Método OCRA - utilizado para calcular o risco para o braço direito das funcionárias ao
guardar os livros nas prateleiras, considerando uma tarefa que consiste em conduzir o
carrinho já cheio desde o balcão de atendimento até guardar todos os livros;
Método OWAS - aplicado na análise da postura de empurrar o carrinho de livros e da
postura de levantamento de livros;
Método RULA - aplicado na análise da tarefa de guardar os livros nas duas prateleiras
inferiores, os livros na prateleira do meio e os livros nas duas prateleiras superiores.
4. Resultados e análise
4.1 Adequação mesa-cadeira
90% das assistentes-administrativos da biblioteca indicaram alto índice de desconforto com o
conjunto mesa-cadeira, uma vez que passam a maior parte do tempo em posições estáticas em
frente ao computador. Observou-se que a mesa de atendimento da biblioteca possui altura fixa
de 81.5 cm com cadeiras reguláveis, variando entre 42 a 56 cm de altura. No entanto, o
conjunto mesa-cadeira dos postos de trabalho da biblioteca não oferece conforto e bem-estar
às assistentes-administrativos, pois não estão regulados ergonomicamente. Isso se dá, pois
tem-se uma altura de 81.5 cm das mesas, que não se enquadra no valor recomendado. Apesar
das cadeiras oferecerem a possibilidade de ajuste de altura, isso ocorre insuficientemente, pois
a altura máxima que ela permite é de 56 cm, sendo que essa medida corresponde a uma altura
de 74 cm para a mesa. A recomendação para esse caso seria colocar a altura da cadeira no
máximo, 56 cm, e introduzir o estrado para dar sustentação aos membros inferiores, uma vez
que as assistentes-administrativos da biblioteca possuem estatura mediana (entre 155 e 172
cm). No entanto, existe apenas um estrado para atender 3 pessoas e o mesmo se encontra
quebrado no estado atual. Diante disso, pode-se concluir que as mesas e cadeiras do
atendimento da biblioteca não foram projetadas ergonomicamente.
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4.2 Transporte de cargas
Há o uso de carrinhos com rodas para transportar livros acumulados no balcão de devolução.
Sobre isso, houve um relato uníssono das assistentes-administrativos: o barulho muito alto
que o carrinho emite quando está quase vazio ou vazio. Por se tratar de uma biblioteca, na
maioria das vezes, as funcionárias sentem-se constrangidas por provocar este barulho e
atrapalhar os alunos e, sempre que possível, preferem não utilizá-lo. O carrinho utilizado tem
3 andares de prateleiras, sendo que a mais alta possui 78,5 cm medidos a partir do chão.
4.3 Arranjo físico (Layout) e prateleiras
As zonas de alcances máximo e preferenciais para posição sentada, para o layout da
biblioteca, nas mesas de atendimento, ocupam o plano transversal, que pode ser analisado
quando se utiliza o mouse, no empréstimo e devolução de livros ao se passar no
desmagnetizador e o plano sagital ao pegar e devolver os livros. Os alcances máximos sobre a
mesa são: máquina de registrar empréstimos: 47 cm na diagonal direita; espeto de notas de
devolução: 107 cm na diagonal esquerda; carimbo e tinta: 100 cm na diagonal direita;
monitor: 31 cm à frente, teclado: 11 cm à frente; mouse: 20 cm na diagonal direita; sensor de
código de barras (carteirinha da biblioteca): 39 cm na diagonal direita; sensor de tarja
magnética: 34 cm na diagonal direita; desmagnetizador: 118 cm na diagonal direita. Os
seguintes equipamentos costumam ser trocados de lugar de acordo com a assistente-
administrativo que está usando: espeto de notas de devolução, carimbo e tinta e
desmagnetizador.
Para o arranjo físico da biblioteca, a máquina de registrar empréstimos está quase em seu
alcance máximo, sendo necessário aproximá-la da assistente-administrativo ou colocar uma
mesa de auxílio ao lado. O espeto de notas de devolução, sensor de código de barras
desmagnetizador estão no alcance máximo e devem ser aproximados imediatamente.
Carimbos e tintas dependem da preferência da assistente-administrativo, ajustando-os ao
alcance ótimo. No entanto, suas distâncias não requerem mudanças. Para o teclado e mouse, é
recomendável o uso do suporte de apoio para mãos e pulsos, de modo a evitar dores.
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No estudo dos movimentos realizados em relação às prateleiras, a mais alta que é de 178 cm é
inadequada para os funcionários, pois exige maior esforço, gerando dores e desconfortos.
Uma possível solução nesse caso seria uma escada adequada e segura. Porém, a escada
disponível para uso na biblioteca não transmite segurança e, por isso, é comumente evitada. A
prateleira mais baixa que possui altura de 19 cm, medidos a partir do chão, também é
inadequada, gerando desconforto e dores lombares. Uma possível solução seria a instrução e o
treinamento de como realizar corretamente esses movimentos. As prateleiras do meio que
medem 57, 97.5 e 138.5 cm não geram desconfortos e dores, pois não exigem movimentos
inadequados.
4.4 Fatores ambientais
Após realizar as medições de temperatura e umidade relativa do ar durante dois dias no
período de funcionamento da biblioteca, foram realizadas as médias dos resultados obtidos,
que são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 - Temperatura em °C e umidade relativa do ar em % médias da biblioteca.
Período Temperatura (ºC) Umidade Relativa do Ar
Manhã 28.4 56.5
Tarde 32.2 37.4
Noite 29.8 54
Fonte: AUTOR
Como se pode observar na Tabela 1, as temperaturas encontradas na biblioteca estão acima
das recomendadas para zona de conforto térmico, o que representa um fator ambiental
inadequado para o trabalho. Durante a manhã, a temperatura encontrada estava 4.4°C acima
da máxima para zona de conforto térmico e a noite 5.8°C. Porém, é durante a tarde que a
temperatura se encontra mais elevada, na média de 32.2°C, podendo interferir diretamente nas
funções fisiológicas dos colaboradores (aumento da transpiração, aumento do trabalho do
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coração pela maior exigência de irrigação dos músculos e pela vasodilatação periférica), no
aumento da freqüência de acidentes de trabalho e na diminuição da eficiência do trabalho, ou
seja, queda do bem-estar, da produtividade dos colaboradores e da qualidade do trabalho
realizado.
Com base nos resultados obtidos da umidade relativa do ar apresentados na Tabela 1, é
possível afirmar que este fator apresenta-se dentro da faixa de zona de conforto térmico
recomendada, que é de 40% e 80%, durante a manhã e a tarde, com os respectivos resultados
56.5% e 54%. Porém, durante a tarde a umidade relativa do ar média encontrada está abaixo
da recomendada, 37.4%.
Com base na análise visual do ambiente, é possível afirmar a ausência de roupas adequadas ao
trabalho, ventiladores, ar condicionados ou qualquer aparelho de climatização na biblioteca.
Há janelas laterais na construção, que ficam abertas devido às altas temperaturas, facilitando a
entrada de poeira. Quando a umidade relativa do ar está muito abaixo do recomendado e há
mais incidência de vento, as janelas são fechadas, impossibilitando a ventilação no ambiente.
De acordo com os dados recolhidos nas entrevistas realizadas, 60% das assistentes-
administrativos têm problemas respiratórios como renite alérgica, que se agrava com a
presença da poeira.
4.5 Resultados da Aplicação das Ferramentas de Ergonomia Física
Ao utilizar o método NIOSH, chegou-se aos resultados do peso limite recomendável para a
primeira situação de transporte de livros do carrinho para as prateleiras, como apresentados na
Tabela 2.
Tabela 2 - Valores de PLR para o transporte de livros do carrinho para as prateleiras.
Nível das Prateleiras
(cm)
PLR (kg)
59,5 5,2
57,0 5,9
97,5 6,1
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138,5 5,2
178,5 5,0
Fonte: AUTOR
Na Tabela 2, a altura do carrinho (origem) se manteve constante, enquanto que a altura das
prateleiras (destino) foi variável, logo, foi calculado um valor de PLR para cada altura de
prateleira.
Na segunda situação, na qual a funcionária faz o transporte de livros da mesa em grupo para o
carrinho, tanto a altura da mesa (origem) quanto a altura do carrinho (destino) permaneceram
constantes, como se pode ver na Tabela 3.
Tabela 3 - Valores de PLR para o transporte de livros da mesa de grupo para o carrinho.
Frequência de levantamentos
(levantamentos/min)
PLR (kg)
1 7,2
2 6,9
3 6,7
4 6,4
5 6,1
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Fonte: AUTOR
De acordo com a Tabela 3, a variação do PLR foi em função da frequência com que os livros
eram transportados. A frequência relaciona-se diretamente com a quantidade de livros
disponíveis sobre a mesa. Por exemplo, se houver apenas um livro sobre a mesa, a freqüência
será 1 levantamento/ minuto, se houver dois livros, então será 2 levantamentos/minuto, e
assim por diante.
O cálculo do PLR para a situação três de transporte de livros da mesa individual para o
carrinho foi similar à lógica adotada para a situação dois, na qual o PLR variava em função da
frequência de levantamento. Os resultados desta etapa estão apresentados na Tabela 4.
Tabela 4 - Valores de PLR para o transporte de livros da mesa individual para o carrinho.
Frequência de levantamentos
(levantamentos/min)
PLR (kg)
1 6,9
2 6,7
3 6,4
4 6,1
5 5,8
Fonte: AUTOR
Pelo método OCRA, calculou-se o ATR e o ATO. A Tabela 5 apresenta os
multiplicadores que compõem o ATR.
Tabela 5 - Identificação dos multiplicadores para calcular ATR.
Fator Descrição Multiplicador
MF- Força Realizou-se média entre as respostas de cada
funcionária para a escala de Borg (valor: 8)
0,01
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MP- Postura Ombro com flexão + 80º
Cotovelo com flexo-extensão +60º
Pulso com supinação e pronação (sem
flexão, extensão ou desvio)
Pega de pinça palmar
(4+2+0+4=10)
0,60
ME- Estereotipia Aproximadamente 60% do ciclo 0,85
MC- Complementares Não há forças fatores complementares 1
MR- Recuperação Sempre há recuperação adequada 1
MJ- Duração ≤ 120 minutos gastos no turno com todas as
tarefas repetitivas
2
Fonte: AUTOR
Cálculo do ATR: ATR= 30 X MF X MP X ME X MC X MR X MJ X 20= 6,12
Em seguida, calculou-se o ATO, como apresentado na Tabela 6.
Tabela 6 - Dados para cálculo do ATO.
Parte Ações por ciclo
A
Duração do ciclo
B (min)
Frequência
C= A/B
Duração da tarefa
D (min)
ATO
C x D
Braço 1 0,1 10 20 200
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direito
Braço
esquerdo
0 0 0 0 0
Fonte: AUTOR
Por último, foi possível calcular o índice: IE= ATO/ATR= 200/6,12=32,68
Ou seja: o IE é maior que 3,5. Assim, o risco é presente.
Com relação à aplicação do método OWAS, os resultados encontram-se nas Tabelas 7 e 8.
Tabela 7 - Atividade de empurrar o carrinho
Tarefa 1- Empurrar o carrinho
Dorso – postura 1 – nota 1
Braços – postura 1 – nota 1
Pernas – postura 6 – nota 1
10 % do tempo
Fonte: AUTOR
Tabela 8 - Atividade de guardar livros na prateleira mais alta e para a mais baixa.
Tarefa 2-OWAS para atividade de guardar
livros na prateleira mais alta
Tarefa 2-OWAS para atividade de
guardar livros na prateleira mais
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baixa
Dorso – postura 1
Braços – postura 3
Pernas – postura 1
Carga (até 10 kg) – índice 1
Dorso – postura 2
Braços – postura 1
Pernas – postura 3
Carga (até 10 kg) – índice 1
Fonte: AUTOR
Na Tabela 7, obteve-se o resultado de classificação 1, o que indica que a postura é normal e
dispensa cuidados. O mesmo resultado foi obtido para a tarefa da Tabela 8 de guardar livros
em prateleiras mais altas. Porém, nesse caso, deve-se considerar a carga levantada. Para a
tarefa de guardar livros em prateleiras mais baixas, na Tabela 8, obteve-se o resultado de
classificação 2, indicando que a postura deve ser verificada durante a próxima revisão
rotineira dos métodos de trabalho.
Os resultados do método RULA são apresentados nas Figuras 6, 7 e 8.
Figura 6 - Método RULA para guardar livros nas duas prateleiras inferiores
Fonte: AUTOR
Figura 7 - Método RULA para guardar livros na prateleira do meio
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Fonte: AUTOR
Figura 8 - Método RULA para guardar livros nas duas prateleiras superiores
Fonte: AUTOR
Na Figura 6, a atividade de guardar livros nas prateleiras inferiores obteve pontuação final 6,
o que a enquadra no nível 3, sendo, portanto, recomendável investigar a atividade e realizar
mudanças rapidamente na mesma. Na Figura 7, a tarefa de guardar os livros na prateleira do
meio obteve pontuação final 4, o que significa que ela está no nível 2 e que deve ser
investigada com a finalidade de sofrer possíveis mudanças. Na Figura 8, já a tarefa de guardar
livros nas prateleiras superiores apresenta pontuação final 6, sendo classificada também no
nível 3, o que é recomendável que a atividade seja investigada e alterada rapidamente.
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4.6. Recomendações ergonômicas
- Inserção de novos estrados de modo a confortar os membros inferiores e reduzir o esforço
na região do ombro e pescoço;
- Limpeza periódica de livros e estantes;
- Adequação de roupas utilizadas pelos colaboradores;
- Aumento da ingestão de água;
- Instalação de equipamentos de climatização no ambiente (ar condicionado, ventilador e
umidificador);
- Instrução para realizar movimentos corretos e treinamento para utilizar de forma segura os
equipamentos disponíveis, tais como as escadas;
- Instrução para transporte e levantamento de cargas corretos especialmente até as prateleiras
mais altas;
- Necessidade de revisar os métodos de trabalho utilizados segundo os princípios ergonômicos
da economia de movimentos, tendo como foco problemas posturais;
- Adequação do conjunto mesa-cadeira levando em consideração realmente aspectos
antropométricos e biomecânicos das assistentes-admistrativos.
5. Conclusão
Para que as atividades laborais sejam executadas sem afetar negativamente a saúde dos
trabalhadores, é necessário adequar os elementos do trabalho a esses últimos, de sorte que o
bem-estar seja promovido, o que cria as condições de possibilidade para a elevação da
produtividade e melhoria da qualidade na execução das tarefas. No caso de uma biblioteca
universitária, na medida em que se tem um espaço de trabalho composto por pessoas em
atividade, os princípios anteriores também são concretamente válidos.
Sendo fruto regional do processo de expansão universitário recente ocorrido em várias
Universidades Federais, na biblioteca do campus Pontal da Universidade Federal de
Uberlândia, como compilados na Seção 4, os principais problemas encontrados foram:
inadequação de mesa e cadeira das assistentes-administrativos; alta temperatura devido à falta
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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de ventilação do ambiente; acúmulo de poeira nas prateleiras e livros provocando renites
alérgicas; desorganização dos objetos dispostos na zona preferencial; movimentação incorreta
do corpo na atividade de guardar livros. Tais constatações da realidade concreta corroboram o
grande número de reclamações recorrentes sobre as condições de trabalho vigentes por parte
das trabalhadoras da biblioteca.
As soluções propostas na Seção 4.6 para os problemas ergonômicos encontrados são simples
e de fácil implementação. Parte delas já vem sendo implementadas, enquanto outras
encontram-se sob análise por parte da Administração Superior da Universidade. Assim,
juntamente com a análise ergonômica empreendida, o objetivo desse trabalho foi atingido.
REFERÊNCIAS
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acadêmicos, monografias, dissertações e teses. Rio de Janeiro: Universidade Veiga de
Almeida, 2007.
GARCIA, P.C.F. Ergonomia em Bibliotecas Universitárias. Santa Catarina: Universidade
Regional de Blumenau, 2009.
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.
KASPER, A.A.; LOCH, M.V.P. Análise Ergonômica do trabalho em um posto de
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BRASILEIRO DE ENEGENHARIA DE PRODUÇÃO, Ponta Grossa, 2012.
MÁSCULO, F.S.; VIDAL, C.V. Ergonomia: Trabalho adequado e eficiente. Rio de
Janeiro: Elsevier/ABEPRO, 2011.
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TCC, Monografias, Dissertações e Teses. São Paulo: Ed Pioneira Thomson Learning, 2002.