Analise Dos Comportamentos Tacticos de Jogadores de Futebol

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    I

    Anlise dos comportamentos tcticos

    de jogadores de Futebol do escalo

    sub-10: Estudo comparativo entre os

    quartis de nascimento

    Paulo Alexandre Ferreira Pereira

    Porto, 2009

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    II

    Orientador: Prof. Doutor Jlio Garganta

    Co-Orientador: Mestre Israel Costa

    Autor: Paulo Alexandre Ferreira Pereira

    Porto, 2009

    Anlise dos comportamentos tcticos

    de jogadores de Futebol do escalo

    sub-10: Estudo comparativo entre os

    quartis de nascimento

    Monografia realizada no mbito da disciplina deSeminrio do 5 ano da licenciatura em Desportoe Educao Fsica, na opo de Futebol, daFaculdade de Desporto da Universidade doPorto

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    III

    Provas de Licenciatura

    Pereira, P. A. (2009). Anlise dos comportamentos tcticos de jogadores de

    Futebol do escalo Sub-10: Estudo comparativo entre os quartis de

    nascimento. Dissertao de Licenciatura. Porto: FADE-UP.

    Palavras-Chave: TCTICA; FUTEBOL; ANLISE DE JOGO; IDADE

    RELATIVA

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    Agradecimentos

    IV

    Agradecimentos

    Durante a elaborao do nosso trabalho, contmos, directa ouindirectamente, com o apoio de vrias pessoas. Nestas pginas, queremos

    expressar os nossos agradecimentos a todos os que tornaram possvel, pela

    sua participao ou incentivo, a realizao desta dissertao:

    Ao Mestre Israel Costa, pelo apoio incondicional durante a realizao

    desta tese.

    Ao Prof. Doutor Jlio Garganta, pelo seu saber, orientao e total

    disponibilidade revelados ao longo da elaborao do estudo.

    Aos clubes participantes. A sua abertura e receptividade foram fulcrais

    durante a recolha de dados.

    Aos treinadores e jogadorespela disponibilidade total demonstrada ao

    longo deste trabalho.

    queles pertencentes linha de investigao no CEJD que contriburam

    para a realizao deste estudo: Xuxa, Bernardo, Daniel Castelo,

    Robertinho, Wagner e Bruno.

    Ao Ita, pelas horas passadas na anlise de jogos, pela sua AMIZADE.

    Ao Tiago Silva, pelo longo caminho que partilhamos na busca pelo

    conhecimento a nvel estatstico.

    Ao Pinho e ao Manuel, pela amizade demonstrada ao longo deste

    longo percurso.

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    Agradecimentos

    V

    Aos meus grandes amigos, que trabalham comigo no Gondomar,

    Pedro Abreu, Miguel Azevedo e em especial ao Pedro Silva, pelas horas que

    perdemos a falar do que mais gostamos FUTEBOL.

    Aos meus Pais, que apesar destes 5 anos longe sempre estiveram

    perto de mim. Por me incentivarem a lutar sempre pelos meus objectivos e por

    me fazerem acreditar. Obrigada!

    A Ti, Elisabeth, pelo apoio, amor e dedicao incondicional. Este

    trabalho tem muito de ti. Tu sabes

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    ndice

    vi

    ndice Geral

    Agradecimentos IV

    ndice Geral VI

    ndice de Figuras VIII

    ndice de Tabelas VIII

    Resumo IX

    Abstract X

    Rsum XI

    1.Introduo 1

    2.Reviso da Literatura 5

    2.1. Origem da tctica 5

    2.2. A Tctica no Futebol 6

    2.2.1. Conceptualizao dos Princpios Tcticos de Jogo 10

    2.2.1.1. Princpios Tcticos Fundamentais da Fase Ofensiva 11

    2.2.1.2. Princpios Tcticos Fundamentais da Fase Defensiva 13

    2.3. A importncia da Anlise do Jogo no Futebol 16

    2.4. A relao entre Idade relativa e comportamentos observveis de

    jogadores na formao 18

    3. Material e Mtodos 21

    3.1. Amostra 21

    3.2. Instrumento

    3.3. Procedimento

    21

    22

    3.4. Material 22

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    ndice

    vii

    3.5. Anlise Estatstica 22

    3.6. Anlise da Fiabilidade 23

    4. Apresentao dos Resultados

    4.1 Frequncia de Aces Tcticas em Funo dos Princpios

    4.2. Localizao de realizao das Aces Tcticas

    4.3. Resultado das Aces Tcticas

    4.4. ndice de Performance dos Jogadores

    24

    24

    26

    27

    29

    5. Anlise e Discusso dos Resultados 31

    6. Concluses 36

    7. Sugestes para trabalhos Futuros 37

    8. Referncias Bibliogrficas 38

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    ndice

    viii

    ndice de Figuras

    Figura 1: Processo de anlise de desempenho. 17

    ndice de Tabelas

    Quadro 1: Definies de Tctica. 7

    Quadro 2:Aces tcticas em funo dos princpios tcticos. 23

    Quadro 3: Comparao entre quartis referente s aces tcticas em funodos princpios tcticos.

    24

    Quadro 4: Localizao da Aco no Campo de Jogo. 25

    Quadro 5: Comparao entre quartis referente localizao da Aco. 26

    Quadro 6: Resultado das Aces Tcticas. 27

    Quadro 7: Comparao entre quartis referente ao resultado das aces

    tcticas.27

    Quadro 8: ndice de Performance tctica e percentual de erro. 29

    Quadro 9: Comparao entre quartis referente ao ndice de Desempenho

    Tctico.

    30

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    Resumo

    ix

    Resumo

    O objectivo do presente estudo consiste em analisar os comportamentos

    tcticos de jogadores de Futebol do escalo sub-10, comparando os quartis de

    nascimento. A amostra foi composta por 72 jogadores pertencentes categoria

    de escolas (Sub-10). As suas datas de nascimento foram distribudas por

    quartis com 18 jogadores cada, sendo o ano civil dividido em quatro quartis

    distintos. Foram ainda analisadas 2017 aces tcticas desempenhadas por

    todos os jogadores. O instrumento utilizado para a recolha e anlise de dados

    consistiu no teste GR3-3GR, desenvolvido no Centro de Estudos dos Jogos

    Desportivos da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e que permite

    avaliar as aces tcticas de acordo com dez princpios tcticos fundamentais

    do Jogo de Futebol. Os jogos foram registados em imagens de vdeo e o

    tratamento de imagem e anlise do jogo foi utilizado os softwares Utilius VS e

    Soccer Analyser. Os resultados obtidos demonstraram que existem diferenas

    estatisticamente significativas entre jogadores relativamente : (i) Frequncia

    dos princpios de jogo ofensivos: espao e defensivos: conteno e

    concentrao (ii) Localizao da Aco no Campo de Jogo no meio campo

    ofensivo nas aces tcticas defensivas (iii) Resultado da aco na fase

    ofensiva - realizar finalizao e na fase defensiva - recuperar a posse de

    bola e continuar sem a posse de bola (iv) ndice de Performance Tctica:

    concentrao, unidade defensiva, fase defensivae de Jogo. Concluiu-se

    que (i) os atletas mais novos (3 e 4 quartis) realizam mais aces tcticas

    comparativamente aos atletas do 2 e 1 quartis; (ii) os jogadores mais velhos

    apresentam melhores desempenhos tcticos nos princpios de jogo especficos

    concentrao e unidade defensiva em comparao aos jogadores maisnovos; (iii) os atletas mais velhos apresentam melhores desempenhos tcticos

    na fase de jogo defensiva em comparao com os atletas mais novos; (iv) os

    atletas mais velhos atingem melhores desempenhos tcticos nos jogos GR3-

    3GR em relao aos atletas mais novos;

    Palavras-Chave: TCTICA; FUTEBOL; ANLISE DE JOGO; IDADE

    RELATIVA.

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    Material e Mtodos

    x

    Abstract

    The purpose of this study is to analyze the tactical behavior of soccer players

    under-10 level, comparing the quartiles of birth.

    Thus, a sample was selected from 72 players in the category of schools

    (under-10). Their birth dates were distributed by quartiles with 18 players each,

    with the calendar year divided into four different quartiles. Were also analyzed

    2017 tactical actions performed by all the players. The instrument used to

    collect and analyze data consisted of test "GR3-3GR", developed at the Center

    for the Study of Sports Games of the Faculty of Sport from University of Porto

    which permits an evaluation of tactics according to ten principles of fundamental

    tactical game of football. The games were recorded in video images and for the

    image processing and analysis of game, the software used was Utilius VS and

    Soccer Analyser, specific computer software for the analysis and archiving of

    records observed. The results showed that there are significant differences

    between players concerning: (i) the frequency of early offensive game : "space"

    and defensive : "containment" and "concentration" (ii) in the Location of Action

    in the field of play midfield offensive in the defensive tactics actions (iii) the

    outcome of the offensive action phase - "set completion" defensive phase -

    "regain possession of the ball" and "continue without the ball" (iv) the

    performance index tactical: "concentration", "defensive unit," defensive phase

    "and" Game ". It was concluded that (i) the players born in the first half of the

    year achieve better tactical performance in the games "GR3-3GR", (ii) the older

    athletes present the best tactical performers in the beginning of specific games

    "concentration" and "defensive unit "(iii) the older players have better tacticalperformance during the phase of defensive game, (iv) the younger athletes

    have a higher frequency concerning to the tactical actions.

    Keywords: TACTICS; PRINCIPLES OF PLAY; GAME ANALYSIS; RELATIVE

    AGE.

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    Rsum

    xi

    Rsum

    Le but de cette tude est detudier les comportements tactiques des

    joueurs de football de la categorie de moins de 10 ans , comparant les

    quartiles de naissance.Ainsi, un chantillon a t slectionn partir de 72

    joueurs dans la catgorie (moins-10). Leurs dates de naissance ont t

    distribus par quartiles avec 18 joueurs chacune, avec l'anne civile, divis en

    quatre quartiles diffrents. On a aussi analys 2.017 actions tactiques effectus

    par tous les joueurs. L'instrument utilis pour recueillir et analyser des donnes

    a t le teste "GR3-3GR", dvelopp au Centre d'tude des Jeux sportifs de la

    Facult de Sport, Universit de Porto qui permet une valuation de la tactique

    en fonction de dix principes de jeu tactique fondamentaux du football. Les jeux

    ont t enregistrs dans les images vido et le traitement d'images et d'analyse

    du jeu a t efectu par Utilius VS eit Soccer Analyser, logiciels spcifiques

    pour l'analyse et l'archivage des dossiers observs. Les rsultats ont montr

    qu'il existe des diffrences significatives entre les joueurs par rapport : (i) la

    frquence de jeu au dbut de l'offensive "espace" et dfensive de

    confinement et concentration (ii) Emplacement du milieu de terrain d'actiondans des actions offensives "tactiques dfensives" (iii) les rsultats de la phase

    de l'action offensive - "ensemble d'achvement" phase dfensive - "reprendre

    possession de la balle et continuer sans le ballon" (iv) l'indice de

    performance tactique: "concentration", "unit dfensive, la" phase dfensive

    et jeu . On a conclu que (i) les joueurs ns dans la premire moiti de

    l'anne, obtiennent de meilleures performances dans les jeux tactiques "GR3-

    3GR", (ii) les athltes plus gs prsentent des meilleurs performances sur lesprincipes de jeu tactique spcifique concentration et dfensive (III), les

    joueurs plus gs ont une meilleure performance durant le jeu tactique

    dfensive, (iv) les jeunes athltes ont une frquence plus leve par rapport

    aux actions tactiques.

    Mots-Cls: TACTIQUE; PRINCIPES DE JEU, JEU D'ANALYSE; GE

    RELATIF

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    Introduo

    1

    1. Introduo

    O Futebol de Formao hoje cada vez mais importante, pois tem sidoalvo de interesse crescente por parte de vrios clubes (Franks et al., 1999).

    Cada vez mais v-se os clubes numa busca desenfreada por conseguir

    identificar jovens jogadores talentosos em idades cada vez mais precoces. No

    entanto, vrios problemas se colocam ao nvel da identificao de jovens

    jogadores com talento, tanto pela subjectividade dos mtodos usados, como

    pela indefinio que existe em torno do talento. Para tal, segundo Reilly et al.

    (2000) os clubes de Futebol profissionais confiam em avaliaes subjectivas deobservadores experientes e treinadores na deteco e seleco de jovens

    talentos. Porm este facto pode levar a que diversos erros se cometam durante

    todo o processo, sendo possvel em ltima anlise, que alguns jovens

    jogadores talentosos no sejam identificados.

    Outro problema que se coloca em relao deteco de talentos

    prende-se com as idades com que se inicia a competio no Futebol, bem

    como os mtodos usados na definio de escales desta modalidade

    desportiva. Nas crianas e jovens, a idade cronolgica est relacionada com o

    desenvolvimento fsico e mental (Barnsley et al., 1992), o que podemos

    constatar em diversas reas uma tendncia para agrupar os jovens segundo

    a idade cronolgica, na tentativa de promover tarefas e instruo adequadas ao

    seu nvel de desenvolvimento. Tambm no desporto, a definio de escales

    feita por idade cronolgica, existindo a preocupao de assegurar o treino mais

    adequado ao seu nvel de desenvolvimento, oferecer uma competio justa e

    igual oportunidade de sucesso para todos os atletas (Helsen et al., 1998).

    Em 1997 o rgo que tutela o futebol, FIFA (Fdration Internationale de

    Football Association), sugeriu um sistema de seleco que comea no dia 1 de

    Janeiro, para competies internacionais (Helsen et al. 2000a). Em Portugal, o

    perodo de seleco do Futebol foi estabelecido entre o dia 1 de Janeiro e o dia

    31 de Dezembro: uma criana nascida no dia 1 deste perodo tem quase um

    ano de diferena em relao a uma criana nascida no ltimo dia deste

    perodo, mas mesmo assim competem no mesmo escalo.

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    Introduo

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    A diferena das idades entre as crianas do mesmo escalo etrio

    referido como idade relativa, e as suas consequncias so conhecidas como o

    efeito da Idade Relativa(Musch e Grondin, 2001).

    Atravs dos resultados obtidos num estudo realizado por Helsen et al.

    (2000a) onde se pretendia estabelecer uma relao entre o ano de nascimento

    de jogadores de Futebol Juvenis belgas e a probabilidade de serem

    seleccionados, os resultados indicaram claramente que os jogadores com

    maior probabilidade de serem seleccionados eram os jogadores nascidos entre

    Janeiro e Maro. Na base desta seleco estar fortemente influenciada pela

    temporria vantagem fsica, relativamente aos jogadores nascidos nos ltimos

    meses de seleco, beneficiando sensivelmente de 12 meses de maturaofsica e no necessariamente pela sua habilidade para o Futebol.

    Como referem Abernethy et al. (2005) quanto mais velha for a criana ou

    o jovem, relativamente aos colegas da mesma equipa, maior probabilidade tem

    de ser considerada especialmente dotada, ainda que o no seja de facto.

    Contudo a maior parte dos estudos que referem a idade relativa, apenas

    relatam as diferenas em relao distribuio das idades dos jogadores nas

    equipas (Helsen, 2005; Vaeyens, 2005) ou em relao a questesmaturacionais (Malina, 2000) e nesse sentido este estudo pretende analisar os

    comportamentos tcticos de jogadores de Futebol do escalo de sub-10,

    comparando os quartis de nascimento. Os objectivos especficos pretendem

    identificar:

    Os jogadores que possuem maior frequncia de aces tcticas nos

    jogos de GR3-3GR;

    Quais jogadores apresentam maior eficcia nas aces tcticas;

    Quais jogadores obtm maior desempenho nos princpios tcticos de

    jogo;

    Quais jogadores apresentam maior desempenho tctico nas fases de

    jogo;

    Quais jogadores revelam maior desempenho tctico no jogo;

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    Introduo

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    Quais jogadores erram mais na realizao dos comportamentos tcticos

    relacionados aos princpios tcticos de jogo;

    Quais os jogadores erram mais na realizao dos comportamentos

    tcticos relacionados s fases de jogo.

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    Reviso da Literatura

    4

    2. Reviso da Literatura

    2.1. Origem da Tctica

    No domnio do Desporto o conceito de tctica sempre teve um contornopouco claro e preciso (Garganta e Oliveira, 1996). Segundo estes autores a

    noo de tctica tem a sua origem em fenmenos sociais que se caracterizam

    pela conflitualidade de interesses e objectivos. assim que vemos

    comummente referido este termo em reas da actividade humana como a

    poltica e a economia. Como refere Garganta e Oliveira (1996) foi na arte e na

    cincia militar que melhor e talvez mais profundamente se desenvolveu o

    conceito de tctica.No sculo XIX, Carl Von Clausewitz, na sua obra Da Guerra d a

    conhecer o produto de ininterrupto estudo e reflexo sobre o conceito de

    tctica, explanando de forma metodizada. Para Clausewitz (1963) a tctica

    identifica-se com a formao e conduo dos combates, ou seja, com a

    utilizao das foras militares em combate, levando em conta a aco

    recproca, bem como a natureza dos objectivos e dos meios.

    Em termos militares e desportivos, tctica refere-se ao necessrio para

    vencer uma batalha ou um jogo (Garganta e Oliveira, 1996). Para Sun Tzu

    (2000) aps se conseguir uma vitria, no se deve repetir a tctica, dever

    responder s circunstncias em formas de infinita variedade, ou seja, assim em

    guerra como em jogo no existem condies constantes, deve-se adaptar a

    tctica s circunstncias.

    De acordo com o mesmo autor eram atributos indispensveis para a

    vitria a capacidade de previso, de iniciativa, de manobra e de adaptao a

    novas circunstncias. Segundo Oliva et al. (cit. por Chirino Cabrera, 2006) a

    tctica a busca da eficcia, da perfeio e do conhecimento atravs do

    pensamento e da praxis inteligente, desenvolvimento em combate de forma

    prtica, livre e criativa. H desta forma a necessidade de saber fazer a escolha

    certa para o momento certo.

    Tal como a gua se adapta conformao do terreno, tambm em

    guerra (jogo) se ter de ser adaptvel, empregando-se com frequncia tcticas

    em conformidade com as posies dos adversrios (Sun Tzu, 2000).

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    Reviso da Literatura

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    Concluindo a aplicao deste conceito, que inicialmente se reportava, ao

    uso e modo de aplicao das armas em combate, foi-se alargando para outras

    reas, sendo actualmente conotado com a gesto inteligente do

    comportamento face a situaes que impliquem conflitualidade de interesses,

    ou concorrncia entre objectivos, de que o desporto uma das expresses

    mais representativas.

    2.2. A Tctica no Futebol

    Segundo Dufour (1993) o Futebol considerado o jogo desportivo

    colectivo (JDC) mais imprevisvel e aleatrio, caractersticas que resultam do

    envolvimento aberto (Knapp, 1963) do elevado nmero de jogadores e da

    dimenso do espao de jogo, bem como da durao do tempo de jogo. Sem

    diminuir a importncia das restantes caractersticas, a relao de oposio

    entre os elementos das duas equipas em confronto e a relao de cooperao

    entre os elementos da mesma equipa, ocorridas num contexto aleatrio, que

    traduzem a essncia do jogo de Futebol (Garganta, 2001).

    Do ponto de vista terico, so mencionados os aspectos tcnicos,

    tcticos, fsicos e psicolgicos como determinantes na variao do rendimentodesportivo das equipas e dos atletas (Garganta, 2002a).

    No entanto, sobre o aspecto tctico que parecem assentar todas as

    outras dimenses, facto que est relacionado com a especificidade do jogo e

    com o comportamento e misso dos jogadores no campo (Teodorescu, 1977;

    Konzag, 1983; Grhaigne, 1992; Castelo, 1994; Pinto e Garganta, 1998).

    O Futebol possui um sistema de referncia com vrias componentes no

    qual se integram todos os jogadores e com o qual se confrontamconstantemente. So as situaes de jogo que determinam a direco dos

    comportamentos a adoptar pelos jogadores, pelo que a estes reclamada uma

    atitude tctica permanente (Konzag, 1983).

    Segundo Garganta (1997) nos JDC, nomeadamente no Futebol, o

    conceito de tctica marca-se em trs aspectos caractersticos: a sua ligao ao

    jogo, ou seja, ao contacto directo entre os opositores e os companheiros; o seu

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    Reviso da Literatura

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    carcter de execuo para tornar operativa a estratgia, qual cabe a

    concepo e a direco, e a sua estreita dependncia da estratgia.

    Ao longo dos tempos foram sendo apresentadas possveis definies de

    tctica como referido no Quadro 1.

    Quadro 1.Definies de tctica

    Autor/Data Definio

    Parlebas, 1981 Aplicao concreta dos meios de aco

    Konzag, 1983

    Normas e comportamentos que servem para a utilizao

    ptima em competio dos pressupostos condicionais,

    motores e psquicos, tendo em conta o modo de jogar do

    adversrio e outras condies (instalaes, regras,)

    Grhaigne, 1992

    Mtodo de aco prprio do sujeito em situao de jogo

    atravs do qual este utiliza ao mximo os

    constrangimentos, a incerteza e a imprevisibilidade do

    jogo.

    Riera, 1995

    Actuao imediata para superar ou evitar ser superado

    pelos oponentes. A tctica associa-se ao objectivo parcial

    no combate com o oponente.

    Grhaigne &

    Godbout, 1995

    Adaptao pontual s configuraes de jogo, sobretudo

    oposio, e circulao da bola.

    Deste conjunto de definies expostas, despontam aspectos essenciais

    que permitem delimitar a noo de tctica.

    O conceito de tctica expressa os nveis de relao intra-equipa

    segundo os quais se pode desenvolver. Greco e Chagas (1992) classificam a

    tctica em tctica individual, de grupo e colectiva. Segundo os mesmos

    autores:

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    Reviso da Literatura

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    do ponto de vista perceptivo, so receptivos aos estmulos, a partir dos quais

    tomam decises.

    A tctica acarreta atrs de si a necessidade de tomar decises em

    funo de diferentes alternativas de actuaes, dependendo assim da oposio

    da equipa adversria e da cooperao dos seus colegas de equipa (Ferreira

    s/d). Tavares (1998) acrescenta que a mestria tctica decorre da excelncia do

    pensamento operativo do atleta, isto , do pensamento estritamente ligado

    actividade especfica, ao jogo. Por exemplo, os melhores jogadores de Futebol

    distinguem-se dos outros, no apenas pela justeza das decises tomadas

    durante o confronto, mas tambm pela velocidade com que essas decises so

    tomadas.Face ao jogo, o problema primeiro de natureza tctica, isto , o

    praticante deve saber o que fazer, para poder resolver o problema

    subsequente, o como fazer, seleccionando e utilizando a resposta motora mais

    adequada. Tal exige, ento, que os jogadores possuam uma adequada

    capacidade de deciso, que decorre duma ajustada leitura do jogo, para

    poderem materializar a aco atravs de recursos motores especficos,

    genericamente designados por tcnica (Garganta, 2002a).A aco adquire sentido e pertinncia a partir das configuraes que

    resultam da forma como os elementos de jogo se relacionam entre si. Como

    tal, as competncias dos jogadores e da equipa transcendem largamente o

    domnio de um conjunto de habilidades tcnicas e capacidades motoras para

    se situarem fundamentalmente em princpios de aco, em regras de gesto da

    organizao do jogo e em habilidades perceptivas e decisionais (Grhaigne e

    Guillon, 1992). Deste modo, a tctica consiste em determinar meios e encontrarsolues para os problemas prticos surgidos nas situaes de jogo (Greco e

    Chagas, 1992; Garganta, 1998;Cunha, 2000).

    O xito da aco resulta da expresso ptima das componentes da

    tctica (Teodurescu, 1977; Konzag, 1983), processo esse que conjuga todas as

    possibilidades fsicas, tcnicas, psicolgicas (Alvarez Bedolla, 2003), dando

    uma soluo imediata a dissimilar situaes imprevistas e instveis que se

    criam em condies de oposio.

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    Actualmente, o Futebol de alto nvel obriga a uma constante adaptao

    das equipas e jogadores a novas necessidades impostas pelo prprio jogo. A

    diminuio de espaos, do tempo de percepo, execuo e deciso, assim

    como o aumento das aces colectivas, exigem do jogador uma outra atitude

    mental, mais pensamento tctico, ou seja, uma nova mentalidade tctica.

    Na construo desta mentalidade tctica nos jogadores, o seu

    desenvolvimento supe o desenvolvimento da atitude de decidir e de decidir

    rapidamente, estando esta dependente da atitude de conceber solues. Quer

    isto dizer que o desenvolvimento das possibilidades de escolha necessita do

    desenvolvimento de conhecimentos (Grhaigne, 1992).

    No Futebol, as interaces geradas pelas equipas nas diferentessituaes de jogo requerem uma ajustada e continuada atitude tctica dos

    jogadores, na medida em que so chamados a perceber e at a antecipar as

    movimentaes dos companheiros e dos adversrios, formulando respostas

    ajustadas, baseadas em princpios de jogo que consubstanciam regras de

    aco para jogar de modo eficaz (Costa et al., 2009a).

    2.2.1. Conceptualizao dos Princpios de JogoPara Garganta e Pinto (1998) os princpios tcticos so um conjunto de

    normas sobre o jogo que proporcionam aos jogadores a possibilidade de

    concretizarem rapidamente solues tcticas para os problemas advindos da

    situao que enfrentam. O conjunto da aplicao dos princpios tcticos

    permite a equipa ter um melhor controlo do jogo, manter a posse de bola,

    realizar variaes na sua circulao, a alterar o ritmo de jogo, e a concretizar

    aces tcticas tendo como objectivo desequilibrar a equipa adversria e,consequentemente, alcanar com mais facilmente o golo (Aboutoihi, 2006).

    Deste modo, quanto mais ajustada e qualificada for a aplicao dos princpios

    tcticos durante uma partida, melhor poder ser o desempenho da equipa ou

    do jogador no jogo.

    Segundo Costa et al. (2009b) os princpios tcticos so a consequncia

    da construo terica da lgica do jogo, operacionalizando-se nos

    comportamentos tctico-tcnicos dos jogadores. Castelo (2004) acrescenta que

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    os princpios tcticos possuem certo grau de generalizao das

    movimentaes e esto estreitamente ligados com as aces dos jogadores,

    com os mecanismos motores, com a conscincia e o conhecimento tctico.

    Para vrios autores o xito do ataque e da defesa exige uma

    coordenao precisa das aces dos jogadores, segundo princpios gerais e

    princpios especficos (Worthington, 1974; Hainaut e Benoit, 1979; Queiroz

    1983; Garganta e Pinto, 1998; Castelo 2004). Segundo estes autores os

    princpios gerais recebem essa denominao pelo facto de serem comuns as

    diferentes fases do jogo e aos princpios especficos, pautando-se em trs

    conceitos advindos das relaes espaciais e numricas, entre os jogadores da

    equipa e os adversrios, nas zonas de disputa pela bola, deve procurar criar-sesituaes de superioridade numrica, evitar as situaes de igualdade

    numrica e no permitir a inferioridade numrica.

    J os princpios fundamentais representam um conjunto de regras de

    base que orientam as aces dos jogadores e da equipa nas duas fases do

    jogo (defesa e ataque), com o objectivo de criar desequilbrios na organizao

    da equipa adversria, estabilizar a organizao da prpria equipa e propiciar

    aos jogadores uma interveno ajustada no centro de jogo (afigura-se emuma circunferncia de 9,15m de raio a partir da localizao da bola). Na

    literatura consensual a existncia de quatro princpios para cada fase de jogo

    condizentes com os respectivos objectivos, sendo na defesa os princpios: (i)

    da conteno, (ii) da cobertura defensiva, (iii) do equilbrio e (iv) da

    concentrao; e no ataque os princpios: (i) da penetrao, (ii) da cobertura

    ofensiva, (iii) do espao e da (iv) mobilidade (Worthington, 1974; Hainaut e

    Benoit, 1979; Queiroz 1983; Garganta e Pinto, 1998; Castelo 2004). Costa etal. (2009b) acrescentam ainda um quinto princpio para a defesa e o ataque, (v)

    unidade defensiva e (v) unidade ofensiva respectivamente.

    2.2.1.1. Princpios Tcticos Fundamentais da Fase Ofensiva

    Os princpios tcticos fundamentais da fase ofensiva de jogo colaboram

    para que os jogadores, tanto os mais afastados como os mais envolvidos

    directamente no centro de jogo, orientem as suas atitudes e os seus

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    comportamentos tctico-tcnicos em prol dos objectivos da equipa, ou seja,

    conduzam a bola para as reas vitais do campo de jogo e marquem golo

    (Castelo, 1996).

    O cumprimento de tais princpios tcticos possibilita equipa obter

    condies favorveis em termos de espao e tempo para a realizao da

    tarefa, isto , maior nmero de jogadores no centro de jogo, maior facilidade

    para executar as aces tctico-tcnicas ofensivas e maior possibilidade de

    criar instabilidade na organizao defensiva da equipa adversria (Castelo,

    1994).

    Penetrao

    De acordo com Costa et al. (2009b) o princpio penetrao pode ser

    convergente ou divergente. Segundo o mesmo autor o princpio convergente

    referente progresso do portador da bola em direco baliza adversria. J

    o princpio da penetrao divergente a progresso do portador da bola em

    direco linha de baliza adversria.

    As directrizes deste principio se orientam na busca da desorganizao

    da defesa adversria, procurando criar situaes vantajosas para o ataque emtermos numricos e espaciais.

    Cobertura Ofensiva

    O princpio da cobertura ofensiva est relacionado com as aces de

    aproximao dos colegas de equipa ao portador da bola, de forma que ele

    tenha opes ofensivas para dar sequncia ao jogo.

    As regras deste princpio pressupem a diminuio da presso dosadversrios sobre o mesmo, o aumento oportuno de manuteno da posse de

    bola, conseguindo criar superioridade numrica e criando desequilbrios na

    organizao defensiva adversria (Costa et al., 2009b).

    Mobi l idade

    O princpio de mobilidade so aces de movimentao do atacante nas

    costas do ltimo homem de defesa, de forma a criar instabilidade nas aces

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    defensivas da equipa adversria e assim aumentar substancialmente as

    hipteses de marcar golo.

    As directrizes deste princpio objectivam a criao de linhas de passe em

    profundidade e a ruptura da estrutura defensiva adversria, para com o efeito

    pretendido aumentar o ritmo de jogo e alcanar o desequilbrio defensivo

    adversrio (Costa et al., 2009b).

    Espao

    Segundo Costa et al. (2009b) o princpio espao pode ser sem a posse

    de bola ou espao com bola.O princpio do espao sem bola configura-se a partir da busca constante

    dos jogadores, sem a posse da bola, por posicionamentos mais distantes do

    portador da bola, criando dificuldades defensivas equipa adversria que

    diante da ampliao transversal e/ou longitudinal do campo de jogo, dever

    optar por marcar um espao vital de jogo ou o adversrio (Worthington, 1974).

    De acordo com Castelo (1996) as aces deste princpio buscam e

    exploram posicionamentos que propiciam a ampliao do espao de jogoofensivo. Como consequncia, o afastamento de alguns jogadores do centro

    de jogo cria espaos para os seus companheiros beneficiarem de corredores

    livres em direco baliza contrria.

    J o principio espao com bola representa as movimentaes do

    portador da bola realizadas em direco linha lateral ou prpria baliza com

    o intuito de ganhar espao e tempo para dar sequncia ao jogo. Tem como

    principiais objectivos movimenta-se para um espao de menor presso, ganhartempo para tomar a deciso mais ajustada situao do jogo e procurar

    opes mais seguras, atravs de jogadores posicionados mais

    defensivamente, para dar sequncia ao jogo.

    Unidade Ofensiva

    Segundo Costa et al. (2009b) as aces de um ataque organizado

    suportam medidas preventivas asseguradas por um ou mais jogadores que se

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    colocam e agem na retaguarda dos jogadores atacantes, oferecendo mais

    segurana nas aces ofensivas realizadas no centro de jogo. Ao jogar de

    acordo com este princpio, a equipa conseguir atacar em unidade ou em bloco

    estruturado ampliar, sem descompensar, as suas linhas de actuao.

    2.2.1.2. Princpios Tcticos Fundamentais da Fase Defensiva

    Os princpios tcticos especficos da fase defensiva ajudam todos os

    jogadores, sejam os mais distantes ou os mais directamente envolvidos no

    centro de jogo, a coordenarem as suas atitudes e os seus comportamentos

    tctico-tcnicos dentro da lgica de movimentaes instituda para o mtodo

    defensivo da equipa, buscando essencialmente, a execuo rpida e efectivadas aces de defesa que levem a consecuo dos dois principais objectivos

    defensivos: defesa da prpria baliza e recuperao da posse de bola

    (Worthington, 1974).

    O cumprimento desses princpios auxiliar os jogadores a orientarem os

    seus comportamentos e posicionamentos em relao bola, prpria baliza,

    aos adversrios, aos companheiros e aos acontecimentos dinmicos da

    partida. Proporcionando que a defesa consiga orientar as aces de ataquepara reas menos vitais do campo de jogo e possa tambm limitar o espao e

    o tempo disponvel para a realizao das aces de ataque por parte dos

    jogadores adversrios (Bangsbo e Peitersen 2002).

    Con teno

    O princpio da conteno refere-se, aco de oposio do jogador de

    defesa sobre o portador da bola visando parar ou atrasar o ataque ou contra-ataque de modo a propiciar a organizao defensiva da sua equipa (Costa et

    al., 2009b).

    Procura tambm orientar a progresso longitudinal do seu opositor,

    diminuindo deste modo o espao de aco ofensiva. Como consequncia

    restringe as possibilidades de passe a outro jogador atacante, evitando o drible

    que favorea a progresso pelo campo de jogo em direco ao golo e,

    prioritariamente, impedindo a finalizao baliza (Castelo, 1996).

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    Cobertura defensiva

    O princpio da cobertura defensiva est relacionado com as aces de

    apoio de um jogador s costas do primeiro defensor, de forma a reforar a

    marcao defensiva e a evitar o avano do portador da bola em direco

    baliza.Tem por objectivo servir de novo obstculo ao portador da bola, caso

    esse ultrapasse o jogador de conteno. Alm disso, o jogador de cobertura

    defensiva tambm pode orientar o jogador de conteno sobre as

    movimentaes tctico-tcnicas dos adversrios, de forma a estimul-lo a

    tomar a iniciativa de combate s aces ofensivas do portador da bola

    (Bangsbo e Peitersen 2002).

    Equ ilbri o

    Segundo Costa et al. (2009b) existe o princpio equilbrio pode ser de

    dois tipos: equilbrio defensivo e equilbrio de recuperao.

    O equilbrio defensivo pretende assegurar a estabilidade defensiva no

    centro de jogo, atravs do apoio desses jogadores aos companheiros que

    executam as aces de conteno e cobertura defensiva (Castelo, 2004).

    Portanto, as directrizes deste princpio abrangem, a cobertura dos espaos e

    marcao dos jogadores livres sem posse da bola, cobertura de eventuais

    linhas de passe e, em alguns casos, a reduo do ritmo de jogo, forando o

    adversrio a aceitar certa cadncia de jogo (Costa et al., 2009b).

    J o equilbrio de recuperao repercute-se s movimentaes de

    estabilidade na relao de oposio realizadas na metade menos ofensiva docentro de jogo. Tendo como principais objectivos obstruir eventuais linhas de

    passe, marcar potenciais jogadores que podem receber a bola e realizar a

    recuperao defensiva sobre o portador da bola.

    Concen tr ao

    O princpio da concentrao pauta-se nas movimentaes dos jogadores

    em direco zona do campo de maior risco baliza, com o intuito de

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    aumentar a proteco defensiva, de reduzir o espao disponvel de realizao

    das aces ofensivas do adversrio no centro de jogo e de facilitar a

    recuperao da posse de bola (Bangsbo e Peitersen 2002).

    As directrizes deste princpio orientam-se na tentativa de direccionar o

    jogo ofensivo adversrio para zonas menos vitais do campo de jogo e de

    minimizar a amplitude ofensiva na sua largura e profundidade.

    Unidade Defensiva

    Segundo Costa et al. (2009b) a unidade defensiva deve permitir que a

    equipa defenda em unidade ou em bloco, diminuindo a amplitude ofensiva da

    equipa adversria na sua largura e profundidade.As directrizes desse princpio visam assegurar linhas orientadoras

    bsicas que coordenam as atitudes e os comportamentos tctico-tcnicos dos

    jogadores que se posicionam fora do centro de jogo. Essas directrizes

    tambm permitem que a equipa consiga equilibrar ou reequilibrar constante e

    automaticamente a repartio de foras do mtodo defensivo consoante as

    configuraes momentneas de jogo (Castelo, 1996).

    2.3. A importncia da Anlise do Jogo no Futebol

    Treinar uma equipa de futebol sobretudo potenciar o desempenho da

    equipa atravs do feedback do desempenho individual e colectivo dos seus

    atletas (Hughes e Bartlett, 2002). A observao e a memria humana

    apresentam caractersticas limitativas (Frank e Miller 1991) que impossibilitam

    a recolha de informao objectiva de atletas em competies de topo. Ao longode uma partida de futebol o treinador receptor de uma quantidade elevada de

    informao, contudo factores emocionais como o stress, a fria, entre outros e

    o seguimento preferencial das zonas de aco onde a bola se encontra

    conduzem muitas vezes a distores da realidade. Neste contexto, se o

    treinador for capaz de desenvolver um procedimento de observao

    sistemtico, menos subjectivo e centrado em certa informao referente ao

    jogo, provavelmente evitar um grande nmero de conflitos entre jogadores e

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    entre jogadores e treinadores, que surgem da confuso pelas ms

    interpretaes e percepes que cada um teve do jogo (Lopes, 2007). Na

    perspectiva do treinador existem seis etapas distintas no processo de anlise

    de desempenho (Figura 1).

    .Figura 1: Processo de anlise de desempenho (adaptado de Carling et al., 2007)

    Como se pode facilmente constatar a fase de anlise e de observao

    ocupa um papel fundamental no processo de desempenho por parte do

    treinador.

    No Futebol, existem dois tipos diferentes de anlise: Notacional

    (NotationalAnalysis) e de Movimento (Motion Analysis) (Carling et al., 2007). A

    anlise notacional baseada na recolha de informao de eventos do jogo,realizada durante e aps (atravs por exemplo de vdeo) uma partida de futebol

    com o objectivo de avaliar e classificar o desempenho dos atletas. A anlise de

    movimento baseada em indicadores individuais e de caractersticas do

    movimento dos jogadores ao longo de uma partida sem realizar qualquer

    anlise qualitativa.

    De acordo com Carling et al. (2007) durante um processo de anlise

    vrios aspectos podem ser investigados: aspectos tcticos que podem incluir a

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    identificao de padres de jogo (que engloba interpretao da organizao de

    jogo das equipas e das aces que concorrem para a qualidade do jogo) de

    equipas, aspectos comportamentais que incluem factores mentais que podem

    ser retratados atravs da avaliao da linguagem corporal, aspectos fsicos que

    incluem informao biomtrica e movimentao dos jogadores e aspectos

    tcnicos como passes ou remates que podero influenciar directamente o

    desempenho da equipa.

    Neste estudo foi realizada uma anlise a comportamentos tcticos num

    jogo de GR3-3GRusando para isso uma anlise notacional. De acordo com

    Garganta (1997), parte dos comportamentos tcticos no so passveis de

    observao directa, porm possvel observar e avaliar o desempenho dejogadores a partir daquilo que exteriorizado, ou seja, a partir de

    comportamentos observveis. Neste seguimento, com vista a identificar

    aspectos tcticos no jogo de GR3-3GR foram utilizados vrios factores de

    registo: identificao de princpios tcticos de jogo, zona do terreno em que os

    mesmos se desenrolaram, seus resultados (eficcia), o ndice de performance

    tctico e o seu percentual de erro (eficincia).

    Vrios estudos no Futebol centralizam o interesse em investigar os

    efeitos da idade relativa na seleco de jogadores feita pelos

    treinadores/seleccionadores. (Helsen et al., 2005; Vaeyens et al., 2005; Cobley

    et al., 2008). No entanto h uma escassez de investigaes acerca da relao

    entre a idade relativa e os comportamentos observveis dos jogadores. Na

    seco seguinte ser abordada com mais profundidade esta problemtica.

    2.4. A Relao entre Idade relativa e comportamentos observveis de

    jogadores na formao

    O Desporto de elite no caracterizado pela igualdade de

    oportunidades, o objectivo destes ganhar, mantendo a reputao e a imagem

    do clube como vencedor em todos os escales (Jimnez e Matthew, 2008).

    De acordo com Vaeyens et al. (2005) e Musch e Hay (1999) existe uma

    preferncia por atletas nascidos no primeiro semestre do ano. Segundo Sherar

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    et al. (2006), indivduos nascidos no incio do ano so seleccionados e

    identificados como talentos pelos treinadores. Isto revela que a idade relativa

    um factor determinante na seleco dos jovens atletas. Este factor poder ser

    uma das causas mais provveis do desperdcio de jogadores futuros (Helsen

    et al., 2005; Vaeyens et al., 2005).

    A Idade Relativa resulta da categorizao dos atletas por data de

    nascimento (Costa et al., 2009). Os seus efeitos referem-se as

    vantagens/desvantagens especficas da seleco e participao que ocorrem

    como resultado de diferenas nas variveis antropomtricas, de

    desenvolvimento da condio fsica, capacidades cognitivas, e

    psicolgicos/emocionais de crianas nascidas no mesmo ano (Helsen et al.,2000a; Reilly et al., 2000; Simmons e Paull, 2001; Philippaerts et al., 2006;

    Vicent e Glamser, 2006; Cobley et al., 2008).

    Um dos primeiros estudos sobre este tema, foi desenvolvido por

    Barnsley et al. (1985) realizado com jogadores de Hquei no Canad. Neste

    estudo concluiu-se que atletas nascidos nos primeiros meses do ano so duas

    vezes mais comuns no desporto profissional do que os nascidos nos ltimos

    meses. Outros estudos reforaram esta ideia: atletas profissionais nascempredominantemente no primeiro semestre (Musch e Hay, 1999; Musch e

    Grondin, 2001; Glamser e Vicent, 2004; Costa et al., 2009). Barnsley et al.,

    (1992); Musch e Hay, (1999) e Helsen et al., (2000b) acrescentam que este

    critrio de seleco tambm est presente nas camadas mais jovens.

    Sobretudo nestas camadas os factores psicolgicos so ainda mais

    importantes e esta escolha inicial levar a uma maior confiana e motivao

    que poder culminar num sucesso adicional (Wilson, 1999). Os jogadoresseleccionados tendem a ser mais reconhecidos pelos treinadores tendo mais

    oportunidades de acesso prtica e competio (Helsen et al., 1998),

    enquanto os no escolhidos so desencorajados e tendem a abandonar a

    prtica (Wilson, 1999).

    De acordo com Vroom (1964) indivduos com melhores prestaes

    desportivas tm uma maior motivao implicando uma melhor aprendizagem e

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    consequentemente atingirem um desempenho superior ao que tinha

    anteriormente.

    Para alm disso, em estudos referentes distribuio dos futebolistas

    pelas diferentes posies especficas, concluiu-se que h diferenas

    estatisticamente significativas na distribuio de nascimentos (Richardson e

    Stratton, 1999). De acordo com Frank et al. (1999), tambm foram encontradas

    diferenas significativas na altura, massa corporal e percentagem de massa

    gorda. De acordo com o mesmo estudo, os Guarda-Redes so os mais altos e

    mais pesados, j os mdios so os mais leves e os que apresentam a menor

    percentagem de massa gorda. Malina et al. (2004) concluram no seu estudo

    que so os defesas os que apresentam maior altura e peso mais elevado, osavanados se mostraram os mais baixos e os mdios os mais leves. Assim,

    parece haver uma seleco na distribuio dos jogadores pelas posies

    especficas com base em parmetros essencialmente fsicos.

    Concluindo, no acto de seleco de jogadores, os treinadores so

    fortemente influenciados pela precocidade fsica e pela vantagem etria dos

    praticantes. Como consequncia os jogadores seleccionados pelos seus

    treinadores/seleccionadores so sujeitos a um processo de treino sistemtico epassam a participar em competies formais de nvel superior. Portanto, vo

    dispondo de mais e melhores oportunidades para apurarem as suas qualidades

    e capacidades no mbito da performance desportiva (Garganta, 2009).

    Paralelamente, prejudica-se as condies de prtica dos jogadores com idade

    biolgica mais baixa e estatuto maturacional mais atrasado, porque estes so

    obrigados a competir com jogadores mais velhos, mais altos e mais fortes

    (Helsen et al., 2000a), o que os coloca em clara desvantagem. Para alm de sedebaterem com um nmero mais restrito de probabilidades de serem

    reconhecidos como talentos, dificilmente lhes sero facultadas oportunidades,

    em quantidade e em qualidade, para evolurem. Neste sentido, este trabalho

    pretende analisar os comportamentos tcticos de jogadores com diferentes

    idades relativas dentro do mesmo escalo.

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    Material e Mtodos

    21

    objectivo do teste. Foram concedidos, aos jogadores, 30 segundos para

    familiarizao com o teste, findos os quais se deu incio avaliao.

    3.4. Material

    Para a gravao dos jogos foi utilizada uma cmara digital PANASONIC

    modelo NV DS35EG. O material de vdeo obtido foi introduzido, em formato

    digital num computador porttil (marca Tsunami modelo FT00 processador Intel

    Pentium Dual-Core) via cabo (IEEE 1394), convertendo-os em ficheiros .avi.

    Para o tratamento de imagem e anlise do jogo foi utilizado o software Utilius

    VS, softwareinformtico especfico destinado anlise e arquivo dos registos

    observados. Foi utilizado o Soccer Analyser, criado especialmente para o teste

    GR3-3GR, para introduzir as referncias espaciais, no vdeo, possibilitandoavaliar o posicionamento e a movimentao dos jogadores.

    A categorizao do material foi realizada posteriori, com recurso ao

    software Utilius VS, com base num sistema de observao sistemtica em

    contexto natural desenvolvido para tal efeito.

    3.5. Anlise Estatstica

    Para o tratamento dos dados foi utilizado o software SPSS (Statistical

    Package for Social Science) for Windows, verso 17.0. Foi realizada a anlise

    descritiva da Frequncia, Percentual, Mdia, Desvio-Padro e Mediana. A

    distribuio normal dos dados foi verificada atravs do teste de Kolmogorov-

    Smirnov. Para as variveis Princpios Tcticos, Localizao da Aco e

    Resultado da Acorecorreu-se ao teste do Qui-quadrado ( 2), com um nvel

    de significncia p0,05, de modo a verificar a associao entre as frequncias

    de realizao dos princpios de jogo para os quartis avaliados. Para as

    variveis ndice de Performance Tctica e Percentual do Erro, para os

    dados onde o teste de normalidade (p0,05) era aceitvel recorreu-se

    Oneway-Anova, para os dados onde o teste de normalidade (p0,05) no era

    aplicvel recorreu-se ao Teste de Kruskall-Wallis para verificar se existia

    diferenas entre os grupos e ao teste de Mann-Whitney para averiguar entre

    que par de grupos que existia diferenas.

    O teste Kappa de Cohen foi utilizado para aferir as fiabilidades intra-

    observador e inter-observadores.

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    Material e Mtodos

    22

    3.6. Anlise da Fiabilidade

    As observaes do teste GR3-3GR foram realizadas por trs

    observadores treinados que possuam concordncia inter-observadores

    superior a 0,80. Para efeitos de aferio da fiabilidade intra-observador foram

    reavaliadas 678 aces tcticas desempenhadas dos jogadores, o que

    representa 14,3% da amostra, ou seja, um valor superior ao de referncia

    (10%), apontado pela literatura (Tabachnick e Fidell, 1989).

    As sesses para determinar a fiabilidade intra-observador foram

    realizadas com um intervalo de 10 dias. Os resultados da fiabilidade intra-

    observadores exibiram valores de Kappa de 0,95 (erro padro=0,014), 0,89(erro padro=0,022) e 0,92 (erro padro=0,018) para o primeiro, segundo e

    terceiro avaliadores, respectivamente, sendo portanto superiores aos valores

    de referncia (0,75) apontados pela literatura (Bakeman e Gottman, 1989;

    Fleiss, 1981).

  • 7/24/2019 Analise Dos Comportamentos Tacticos de Jogadores de Futebol

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    Apresentao dos Resultados

    23

    4. Apresentao dos Resultados

    Os resultados das avaliaes do teste GR3-3GR sero expostos na

    sequncia de variveis avaliadas pelo teste. Sero apresentados,primeiramente, os dados referentes s frequncias de ocorrncia dos

    princpios, de seguida, dar-se- conta da localizao das aces tcticas

    realizadas, seus resultados e por fim mostrar-se- o ndice de performance

    tctica e o Percentual de erro dos jogadores estudados.

    4.1 Frequncia de Aces Tcticas em Funo dos Princpios

    O Quadro 2 apresenta a frequncia das aces tcticas em funo dos

    princpios realizados pelos jogadores no teste.

    Quadro 2Aces tcticas em funo dos Princpios Tcticos

    PRINCPIOS TCTICOS1Q 2Q 3Q 4Q

    N % N % N % N %OfensivoPenetrao 25 5,18 29 6,28 23 4,31 33 6,16Cobertura Ofensiva 73 15,11 62 13,42 64 11,99 58 10,82Espao* 80 16,56 71 15,37 109 20,41 86 16,04Mobilidade 26 4,97 34 7,36 29 5,43 41 7,65Unidade Ofensiva 29 6,00 28 6,06 30 5,62 26 4,85DefensivoConteno* 54 11,18 44 9,52 74 13,86 49 9,14Cobertura Defensiva 13 2,69 10 2,16 12 2,25 20 3,73Equilbrio 41 8,49 38 8,23 53 9,93 46 8,58Concentrao* 44 9,11 44 9,52 30 5,62 64 11,94Unidade Defensiva 100 20,70 102 22,08 110 20,60 113 21,08Total 485 462 534 536

    *Diferenas estatisticamente significativas para p0,05

    Verifica-se que do total de aces tcticas analisadas, o quarto quartil

    o que revela maior frequncia de aces, sendo que os princpios espaoe

    unidade defensivaso aqueles que mais contribuem para este nmero.

    Destaca-se no Quadro 2 que relativamente aos princpios ofensivos, a

    maior frequncia das aces pertence ao princpio espao e uma menor

    frequncia das aces para o princpio penetrao para todos os quartis. No

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    Apresentao dos Resultados

    24

    que concerne aos princpios defensivos, o princpio unidade defensiva foi o

    que mais se destacou, contrastando com o princpio de cobertura defensiva.

    No Quadro 3 apresenta a comparao entre quartis referente s aces

    tcticas em funo dos princpios de jogo.

    Quadro 3.Comparao entre quartis referente s aces tcticas em funo dosprincpios de jogo.

    * Diferenas estatisticamente significativas para p0,05.

    Em relao aos quartis, foram encontradas diferenas significativas

    (p0,05) relacionadas com a frequncia de aplicao dos princpios de jogo,

    nomeadamente nos princpios ofensivos: espao (p=0,028); e nos princpiosdefensivos: conteno(p=0,025) e concentrao(p=0,005).

    No princpio espaoforam encontradas diferenas significativas entre o

    primeiro e terceiro quartis (p=0,03) e diferenas entre o segundo e terceiro

    quartis (p=0,005). Atravs desta anlise mais quantitativa verificamos que o

    terceiro quartil tem uma frequncia maior de aces de espao do que o

    primeiro quartil, diferena essa que aumenta substancialmente se a

    comparao for feita entre 2 e 3 quartil.

    No que respeita ao princpio da conteno foram encontradas

    diferenas significativas entre o segundo e o terceiro quartis (p=0,006) e entre

    o terceiro e quarto quartis (p=0,024). Constata-se, ainda que o terceiro quartil

    aquele que revela ter um maior nmero de aces de conteno em relao

    ao segundo e quarto quartis.

    Comparao dos QuartisEspao Conteno Concentrao

    2 p 2 p 2 p

    1 vs 2 0,54 0,46 1,02 0,31 0,01 0,91

    1 vs 3 4,45 0,03* 3,12 0,07 3,00 0,081 vs 4 0,22 0,64 0,24 0,62 3,31 0,07

    2 vs 3 8,02 0,05* 7,62 0,06* 2,65 0,10

    2 vs 4 1,43 0,23 0,27 0,60 3,70 0,05

    3 vs 4 2,71 0,10 5,01 0,02* 12,30 0,01*

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    Apresentao dos Resultados

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    Foram ainda encontradas diferenas estatisticamente significativas no princpio

    concentrao entre o terceiro e o quarto quartil (p=0,001). Sendo que o

    terceiro quartil foi o teve uma frequncia maior neste princpio especfico.

    4.2. Localizao de realizao das Aces Tcticas

    No Quadro 4 esto expostos os dados referentes ao local de execuo

    das aces tcticas. As frequncias das aces esto divididas entre os

    princpios ofensivos e defensivos e a localizao em meio campo ofensivo e

    meio campo defensivo.

    Quadro 4.Localizao da Aco no Campo de Jogo.

    *Diferenas estatisticamente significativas para p0,05.

    Ao nvel da Localizao da Aco no Campo de Jogo foram

    encontradas diferenas estatisticamente significativas (p0,05) no Meio Campo

    Ofensivo no que respeita a Aces Tcticas Defensivas(p=0,038).

    Localizao da aco nocampo de jogo

    1Q 2Q 3Q 4Q

    N % N % N % N %

    Meio Campo Ofensivo

    Aces Tcticas Ofensivas 110 22,77 119 25,76 105 19,66 116 21,64

    Aces Tcticas Defensivas* 120 24,84 105 22,73 150 28,09 128 23,88

    Meio Campo Defensivo

    Aces Tcticas Ofensivas 133 27,54 134 29,00 161 30,15 152 28,36

    Aces Tcticas Defensivas 120 24,84 104 22,51 118 22,10 140 26,12Total 485 462 534 536

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    Apresentao dos Resultados

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    apresentado no Quadro 5 a comparao entre quartis referente

    localizao da aco no campo de jogo.

    Quadro 5. Comparao entre quartis referente Localizao da Aco no Campo deJogo.

    *Diferenas estatisticamente significativas para p0,05.

    Realizando uma anlise entre quartis, no Meio Campo Ofensivo nas

    Aces Tcticas Defensivas, foram encontradas diferenas entre o segundo

    quartil e o terceiro quartil (p=0,005).

    4.3. Resultado das Aces TcticasOs resultados das aces (Quadro 6) recolhidos a partir do teste GR3-

    3GR reproduzem cinco resultados, tanto em aces ofensivas como

    defensivas.

    Os possveis resultados das aces tcticas ofensivas so: remate da

    equipa atacante baliza, sequncia da equipa atacante, sequncia

    fragmentada da equipa atacante, sequncia fragmentada da equipa

    defensorae

    sequncia da equipa defensora.Na fase defensiva os resultados

    das aces no teste GR3-3GR so a sequncia da equipa defensora,

    sequncia fragmentada da equipa defensora, sequncia fragmentada da

    equipa atacante, sequncia da equipa atacante e remate da equipa

    atacante.

    No Quadro 6 verifica-se que os resultados das aces avaliadas na fase

    ofensiva apresentaram a seguinte ordem: Manuteno da Posse de Bola,

    Perda da Posse de Bola e Remate Baliza . J para a fase defensiva a Posse

    Localizao da AcoMeio Campo Ofensivo

    Aces Tcticas Defensivas

    Comparao dos Quartis2 p

    1 vs 2 1,00 0,31

    1 vs 3 3,33 0,07

    1 vs 4 0,25 0,61

    2 vs 3 7,94 0,05*

    2 vs 4 2,27 0,133 vs 4 1,74 0,19

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    Apresentao dos Resultados

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    de Bola do Adversrioobteve maior frequncia, seguida da Recuperao da

    Posse de Bolae do Remate do Adversrio Baliza.

    Quadro 6.Resultado das aces Tcticas.

    RESULTADO DA ACO1Q 2Q 3Q 4Q

    N % N % N % N %

    Ofensiva

    Realizar finalizao* 27 5,59 48 10,39 26 4,87 37 6,90

    Continuar com a posse de bola 134 27,74 116 25,11 159 29,78 145 27,05Sofrer falta, ganhar lateral ou canto 15 3,11 4 0,87 11 2,06 7 1,31Cometer falta, ceder lateral ou canto 10 2,07 9 1,95 12 2,25 12 2,24Perder a posse de bola 44 9,11 47 10,17 47 8,80 43 8,02Defensiva

    Recuperar a posse de bola* 55 11,39 68 14,72 38 7,12 48 8,96Sofrer falta, ganhar lateral ou canto 14 2,90 8 1,73 17 3,18 10 1,87Cometer falta, ceder lateral ou canto 8 1,66 16 3,46 8 1,50 16 2,99Continuar sem a posse de bola* 144 29,81 123 26,62 172 32,21 181 33,77Sofrer finalizao 32 6,63 23 4,98 44 8,24 37 6,90Total 485 462 534 536

    *Diferenas estatisticamente significativas no resultado das aces tcticas para p0,05.

    Ao comparar as frequncias dos resultados das aces, verificaram-se

    diferenas estatisticamente significativas (p0,05), na fase Ofensiva, realizar

    finalizao (p=0,027); e na fase Defensiva, recuperar a posse de bola

    (p=0,028) e continuar sem a posse de bola(p=0,003).

    No Quadro 7 apresentado a comparao entre quartis referente ao

    resultado das aces tcticas.

    Quadro 7.Comparao entre quartis referente resultado das aces tcticas.

    Resultado das AcesOfensivo Defensivo

    Realizar finalizaoRecuperar a posse

    de bola

    Continuar sem a posse

    de bolaComparao entre quartis2 p

    2 p

    2 p

    1 vs 2 5,88 0,02* 1,37 0,24 1,65 0,20

    1 vs 3 3,11 0,07 2,48 0,12 2,56 0,11

    1 vs 4 1,56 0,21 3,33 0,05* 4,21 0,04*

    2 vs 3 6,54 0,01* 8,49 0,04* 8,14 0,04*

    2 vs 4 1,42 0,23 3,45 0,05* 11,01 0,01*

    3 vs 4 1,92 0,17 1,16 0,28 0,23 0,63

    *Diferenas estatisticamente significativas para p0,05 .

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    Apresentao dos Resultados

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    No resultado da aco no momento ofensivo (Quadro 7), realizar

    finalizao, foram encontradas diferenas estatisticamente significativas

    (p0,05), entre o primeiro e segundo quartis (p=0,015); e segundo e terceiro

    quartil (p=0,011). J no resultado da aco na fase defensiva, recuperar a

    posse de bola foram encontradas diferenas estatisticamente significativas

    (p0,05), entre o primeiro e quarto quartis (p=0,05); segundo e terceiro quartis

    (p=0,015) e segundo e quarto quartis (p=0,05). Relativamente ao continuar

    sem a posse de bola foram encontradas diferenas entre o primeiro e quarto

    quartis (p=0,040); entre o segundo e terceiro quartis (p=0,004) e entre o

    segundo quartil e o quarto quartil (p=0,001).

    4.4. ndice de Performance Tctica e Percentual de Erro dos

    Jogadores

    No Quadro 8 pode observar-se os ndices de desempenho dos

    jogadores e o percentual de erro representantes de cada quartil. O ndice de

    Performance Tctica e o Percentual de Erro calculado pela soma das

    aces tcticas, as referncias espaciais e os indicadores de performance.

    Foram calculados para cada Princpio Tctico, por Fase (ofensiva e

    defensiva) e por Jogo.

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    Apresentao dos Resultados

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    Quadro 8. Mdia e Desvio Padro das variveis da categoria ndice de Performance tctica e Percentual de erro

    *Diferenas estatisticamente significativas no ndice de Performance Tctica para p0,05

    ndice de Performance Tctica Percentual de Erros1Q 2Q 3Q 4Q 1Q 2Q 3Q 4Q

    Ofensivo

    Penetrao 35,2820,30 61,9331,40 42,1327,40 54,3218,40 56,8334,20 31,1135,40 47,2244,80 33,5723,77

    Cobertura Ofensiva 47,429,70 54,3914,10 52,5619,70 48,6513,40 5,939,87 6,0015,78 10,9215,23 13,2419,22

    Mobilidade 49,0017,12 53,5322,90 52,1420,60 59,9422,60 0,000,00 1,794,72 3,836,56 3,7011,11

    Espao 42,2710,40 44,097,23 45,697,22 39,556,05 4,608,58 4,4410,73 2,204,89 8,0813,74

    Unidade Ofensiva 65,7923,10 54,0727,10 41,3931,07 63,2631,35 4,4413,33 15,7418,61 23,3337,42 7,7817,16

    Defensivo

    Conteno 30,9711,60 37,9820,60 26,564,92 36,8524,13 44,7331,60 37,4429,69 38,8231,99 49,3238,65

    Cobertura Defensiva 26,1912,40 60,0033,17 38,7517,50 37,8622,70 15,4820,65 28,5748,80 20,8314,43 28,2735,96

    Equilbrio 28,4315,40 41,9017,53 25,6914,27 29,7110,03 61,1720,94 38,0012,47 56,4225,28 64,5029,02

    Concentrao* 39,2318,90 36,1112,10 23,007,87 33,047,24 20,0024,60 22,9226,30 20,0028,61 13,1720,49

    Unidade Defensiva* 34,488,85 29,227,62 25,385,95 24,357,12 11,4916,79 33,7827,04 23,8522,52 15,7611,94

    Fase de Jogo

    Fase Ofensiva 47,977,18 52,4510,60 45,627,70 48,796,59 9,126,12 9,196,26 11,6710,94 10,606,55

    Fase Defensiva* 35,687,21 34,488,22 26,085,47 31,024,39 31,019,38 35,0113,19 39,6515,99 29,8910,93

    Jogo* 44,634,94 43,617,39 35,454,31 36,112,73 21,585,50 22,377,48 27,2412,42 23,935,88

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    Apresentao dos Resultados

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    Atravs do Quadro 8 constatamos que existem diferenas

    estatisticamente significativas (p0,05), no Indice de Performance Tctica,

    nos Princpios Tcticos de concentrao e de unidade defensiva. Foram

    tambm encontradas diferenas estatisticamente significativas no Indice de

    Performance Tctica, na fase defensiva e de Jogo (p=0,040). Verifica-se

    que em situao de jogo, a nvel tctico, os jogadores mais velhos (primeiro e

    segundo quartil) tm um ndice de performance mais elevado que os jogadores

    mais novos.

    De realar que no Percentual de Erro no foram encontradas

    diferenas estatisticamente significativas.Como analisamos nas tabelas anteriores eram nos jogadores mais

    novos (terceiro e quarto quartis) onde se verificou uma maior frequncia na

    realizao dos princpios tcticos, mas a nvel qualitativo os resultados

    sugerem que no foram bem executados.

    No Quadro 9 apresentado a comparao entre quartis referente

    performance tctica.

    Quadro 9.Comparao entre quartis referente performance tctica.

    ndice deperformance

    ConcentraoUnidade

    defensivaFase

    defensivaJogo

    Comparao entrequartis

    Z p F p Z p F p

    1 vs 2 0,26 0,79 2,57 0,41 0,07 0,94 4,39 0,72

    1 vs 3 1,98 0,05* 2,57 0,05* 2,49 0,01* 4,39 0,03*

    1 vs 4 0,00 1,00 2,57 0,03* 1,21 0,05* 4,39 0,04*

    2 vs 3 2,71 0,07* 2,57 0,66 2,34 0,02* 4,39 0,04*

    2 vs 4 0,45 0,65 2,57 0,99 1,05 0,29 4,39 0,05*

    3 vs 4 2,87 0,04* 2,57 0,81 2,42 0,02* 4,39 0,15

    *Diferenas estatisticamente significativas para p0,05

    Atravs da comparao entre quartis, verificamos que existem

    diferenas estatisticamente significativas (p0,05), no ndice de performance

    tctica no princpio da concentrao, da unidade defensiva, na fase

    defensivaenojogo.

  • 7/24/2019 Analise Dos Comportamentos Tacticos de Jogadores de Futebol

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    Apresentao dos Resultados

    31

    No princpio da concentrao foram encontradas diferenas

    significativas entre o primeiro e terceiro quartis (p=0,048); entre o segundo e o

    terceiro quartis (p=0,007) e entre o terceiro e quarto quartil (p=0,004).

    Relativamente ao ndice de performance do princpio da unidade

    defensivaencontrou-se diferenas entre o primeiro e terceiro quartis (p=0,046)

    e entre o primeiro e o quarto quartis (p=0,027).

    Referente fase defensiva, foram encontradas diferenas entre o

    primeiro e terceiro quartis (p=0,013); entre o segundo e terceiro quartis

    (p=0,019); entre o terceiro e quarto quartil (p=0,015) e entre o primeiro e o

    quarto quartis (p=0,05).

    No ndice de performance tctica do jogo foram encontradas diferenasentre o primeiro e terceiro quartis (p=0,034); no primeiro e quarto quartis

    (p=0,043); no segundo e terceiro quartis (p=0,04) e no segundo e quarto

    (p=0,05).

  • 7/24/2019 Analise Dos Comportamentos Tacticos de Jogadores de Futebol

    43/62

    Discusso dos Resultados

    32

    5. Discusso dos Resultados

    O objectivo deste trabalho foi analisar os comportamentos tcticos dos

    jogadores de Futebol, comparando os quartis de nascimento.Atravs dos resultados constatou-se que nos Princpios Tcticos de

    jogo avaliados o nmero total de aces tcticas maior nos jogadores mais

    novos, representados pelo terceiro e quarto quartis. Estes resultados podem

    sugerir que os jogadores mais novos (terceiro e quarto quartil) precisam de

    realizar mais aces tcticas para atingir o objectivo final, o golo. No entanto

    constata-se no Quadro 7, atravs das diferenas encontradas entre os quartis

    no Realizar Finalizao, que so os jogadores pertencentes ao segundoquartil aqueles que procuram rematar mais vezes. Apesar de serem estes

    jogadores que realizaram um menor nmero total de aces tcticas, so os

    que direccionaram a sua eficcia da aco para a procura do golo.

    Nos princpios tcticos ofensivos verificou-se que em todos os quartis

    o princpio espao aquele que realizado mais vezes contrastando com o

    princpio de penetrao. Relativamente aos princpios tcticos defensivos, o

    princpio unidade defensiva o que denota uma maior frequncia de aces

    tcticas em todos os quartis. Este resultado foi corroborado por Costa et al.

    (2009c) e poder dever-se ao facto das dimenses do campo utilizado no teste

    serem mais reduzidas o que pode levar a um aumento de nmero de bolas que

    saem pela linha de baliza e, consequentemente, os momentos de reposio de

    bola por parte do guarda-redes. Nesta situao, provvel que a equipa

    adversria recue e se reposicione, com o intuito de conseguir tempo e espao

    para organizar o sistema defensivo colectivo. O princpio tctico cobertura

    defensiva o que revela uma menor frequncia entre os princpios tcticos

    analisados. De acordo com Costa et al.(2009c) poder ser devido ao espao

    de jogo no favorecer aces tcticas de marcao que envolvem

    movimentaes, tais como as dobras e/ou coberturas que possuem como

    caracterstica a preocupao direccionada ao adversrio marcado pelo atleta

    em conteno.

    Ao analisarmos o local onde foram efectuadas as aces tcticas

    constata-se que no meio campo defensivo, que as aces tcticas

  • 7/24/2019 Analise Dos Comportamentos Tacticos de Jogadores de Futebol

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    Discusso dos Resultados

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    ofensivas so feitas em maior nmero em todos os quartis. Este

    comportamento, verificado em todos os jogadores, poder sugerir que ambas

    as equipas analisadas quando recuperam a bola, ou nas sadas de bola no

    pontap de baliza, procuram realizar um jogo menos directo, privilegiando mais

    a posse e circulao de bola no sector defensivo. Em consonncia com esta

    ideia, quando analisamos o resultado das aces tcticas, a nvel ofensivo, o

    continuar com a posse de bola aquele que tem um maior nmero de aces

    tcticas analisadas em jogo. De acordo com esta ideia, a nvel defensivo, o

    continuar sem a posse de bola onde se verifica um maior nmero de

    aces, o que revela que todos os jogadores procuram que a sua equipa tenha

    a posse de bola o maior tempo possvel.Foram encontradas diferenas entre os quartis no meio campo ofensivo

    nas aces tcticas defensivas,sendo os jogadores pertencentes ao terceiro

    e quarto quartis (jogadores mais novos) os que apresentam uma frequncia

    maior de aces neste local no terreno de jogo. Tais resultados parecem

    traduzir uma tendncia dos jogadores mais novos realizarem uma marcao

    mais avanada no terreno de jogo, quando comparados aos jogadores mais

    velhos (primeiro e segundo quartil).No resultado das aces tcticas foram encontradas diferenas no

    recuperar a posse de bolae ainda no continuar sem a posse de bola.A nvel

    quantitativo os jogadores mais velhos (primeiro e segundo quartis) tiveram uma

    eficcia maior. Conseguiram recuperar mais vezes a posse de bola e a sua

    equipa teve menos tempo sem a posse de bola comparativamente aos

    jogadores mais novos. Para alm disto os jogadores mais velhos obtiveram um

    ndice de desempenho mais elevado nos princpios defensivos concentraoe de unidade defensiva.

    Apesar de se ter verificado que os jogadores mais novos efectuavam um

    nmero maior de aces ao nvel dos princpios de conteno e

    concentrao, constata-se que so os jogadores mais velhos aqueles que de

    facto tm um ndice de desempenho tctico defensivo mais elevado.

    Estes resultados podem sugerir que os jogadores que nasceram nos

    primeiros meses do ano ocupam posies mais recuadas nas suas equipas, ou

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    seja, defesas ou mdios mais defensivos. No estudo feito por Richardson e

    Stratton (1999) constataram que existem diferenas significativas na

    distribuio das posies, sendo que os defesas na sua grande maioria

    nasceram nos primeiros meses do ano. Estes dados podem significar uma

    tendncia para uma seleco de jogadores para as posies com base em

    parmetros fsicos. Franks et al. (1999) concluram no seu estudo que existiam

    diferenas significativas na altura, massa corporal e percentagem gorda, em

    funo das diferentes posies. Corroborando com esta ideia, Malina et al.

    (2004) acrescentam que so os defesas os que apresentam uma altura maior e

    peso mais elevado, enquanto os avanados se mostram os mais baixos e os

    mdios os mais leves. Se nos repercutirmos ao Quadro 2, verificamos que nosprincpios de jogo espao e mobilidade (princpios de jogo ofensivos que

    regra geral so efectuados mais perto da baliza contrria), so efectuados em

    maior nmero pelos pertencentes ao terceiro e quarto quartis.

    Julgamos que ser importante ter em considerao esta anormal

    distribuio de jogadores nas posies especficas em jogadores de formao,

    tendo como principal factor para esta escolha dos treinadores, parmetros

    fsicos.Apesar de no Percentual de Erro no se verificarem diferenas

    significativas, o mesmo no se passou no ndice de Performance Tctica.

    Atravs da comparao entre quartis, verificamos que existem diferenas

    estatisticamente significativas no ndice de performance de jogo nos quartis um

    e trs; dois e trs e um e quatro.

    Segundo Tavares (1998) o complexo sistema de referncia com que se

    defronta o atleta no jogo, coloca grandes exigncias s suas funes mentais,podendo assim considerar que no Futebol, os comportamentos tcticos esto,

    deste modo, relacionados com os pressupostos cognitivos no desempenho

    desportivo (Tavares e Faria, 1998). Tavares (1998) acrescenta que a mestria

    tctica decorre da excelncia do pensamento operativo do atleta, isto , do

    pensamento estritamente ligado actividade especfica, ao jogo. Assim, a

    performance condicionada pelo comportamento tctico dos jogadores, sendo

    esta influenciada pelo desenvolvimento cognitivo de cada um. De acordo com

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    Cobley et al. (2008) os efeitos da idade relativa referem-se a vantagens ou

    desvantagens especficas da seleco e participao que ocorrem como

    resultado de diferenas cognitivas e fsicas de crianas nascidas no mesmo

    ano. A partir dos resultados obtidos, onde os jogadores representantes do

    primeiro quartil apresentaram melhores desempenhos tcticos que os

    jogadores do terceiro e quarto quartis, podem sugerir que os treinadores destas

    equipas seleccionem os jogadores referentes ao primeiro quartil, ou seja,

    jogadores mais velhos, sendo influenciados por vantagens circunstanciais

    destes em relao aos demais, ao nvel do desenvolvimento cognitivo e fsico.

    Podendo os jogadores do primeiro quartil ter quase um ano de diferena em

    relao aos jogadores mais novos (quarto quartil) o seu desenvolvimentocognitivo poder ser superior. Pelo facto de nasceram mais cedo, adquirem por

    isso mais experincia e a isto que Helsen et al. (2005) chamam de Initial

    Performance Advantage. Os mesmos autores referem que a vantagem inicial

    de performance refere-se aos reforos positivos externos e aos de auto-estima,

    conectados competncia percebida relacionado com a idade relativa, o que

    pode aumentar a motivao e a performance. Assim, em relao ao

    desenvolvimento cognitivo os jogadores pertencentes ao primeiro e segundoquartis tm uma anlise de jogo, uma percepo, um comportamento tctico ou

    estratgico superior aos jogadores mais novos (terceiro e quarto quartis).

    Tambm a seleco dos jogadores para a escolha dos jogadores

    pertencentes ao primeiro e segundo quartis poder ser devido a estes terem

    um desenvolvimento e maturao fsica superior aos jogadores do terceiro e

    quarto quartis, estando em concordncia com alguns estudos (Musch e Hay,

    1999; Helsen et al., 2000a; Simmons e Paull, 2001 Glamser e Vincent, 2004).

    Tais resultados podem indicar que j nestas idades observa-se o efeito da

    idade relativa. Tais resultados vo de encontro ao que verificaram Helsen et al.

    (1998), onde constataram que o efeito da idade relativa j se verifica nos

    escales etrios mais baixos (6-8 anos).

    Como referido anteriormente pode-se sugerir que existe uma tendncia

    para os treinadores destas equipas os seleccionem para jogarmais tempo de

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    jogo nas respectivas equipas ao longo da poca em detrimento dos jogadores

    terceiro e quarto quartis. Tal como referem Vaeyens et al. (2005) no seu estudo

    onde relacionaram as datas de nascimento de jogadores belgas com o nmero

    de jogos e os minutos de jogo de cada jogador e concluram que os jogadores

    nascidos no incio do ano so escolhidos com maior frequncia. Sem descurar

    a importncia da competio para a evoluo de um jogador de Futebol

    (principalmente para uma criana), pode-se sugerir que esta seleco por parte

    do treinador j ocorre ao longo da semana, ou seja, nos treinos. O treinador ao

    longo da semana de treinos prepara a sua equipa para o jogo que se avizinha,

    no entanto, tendencialmente prepara, corrige e ensina apenas os jogadores

    que pensa convocar para o mesmo visto que normalmente nesta categoriaapenas existe um treinador a cargo de um plantel com 25\30 crianas.

    Sendo assim, este direcciona a sua ateno para aqueles que pensa

    serem os jogadores que lhe do mais garantias no imediato, que so quase

    sempre os mais velhos. Por exemplo, quando em treino h um exerccio que o

    treinador pretende ensinar comportamentos tcticos e onde no podem jogar

    todos os jogadores ao mesmo tempo, este chama em primeiro lugar aqueles

    que pensa serem os mais evoludos e aptos para o jogo. Estes jogadores nagrande maioria dos casos ficam praticamente o tempo todo que o treinador

    destinou para este exerccio a executar o mesmo enquanto que os restantes

    ficam sentados a observar os colegas ou fazer alguma brincadeira entre eles

    fora do campo. Sendo apenas chamados pelo treinador para fazerem o

    exerccio poucos minutos antes do trmino do mesmo ou em alguns casos nem

    sequer passam por ele. Deste modo ocorre uma discriminao no s nos

    jogos mas praticamente desde o primeiro dia de treinos.De acordo com Garganta (2009) perante esta discriminao negativa,

    comum a desvalorizao do facto de uma criana ou um jovem no ser

    seleccionado pelo treinador/seleccionador para alguma actividade alegando

    que se este possui talento ser posteriormente reconhecido com a sua

    exposio a prtica. No entanto, esta discriminao pode levar as crianas e os

    jovens no seleccionados a ficarem longos anos sem o desenvolvimento pleno

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    das suas capacidades, devido a ausncia de solicitao, de exercitao e de

    experincia ao nvel do treino e da competio.

    J os jogadores seleccionados podero beneficiar de um processo de

    treino sistemtico e passam a participar em competies formais de nvel

    superior. Deste modo, vo dispor de mais e melhores oportunidades para

    apurarem as suas qualidades e capacidades no mbito da performance

    desportiva. Helsen et al. (2000b) acrescentam que, paralelamente, os

    jogadores com idade biolgica mais baixa e estatuto maturacional mais

    atrasado so prejudicados ao nvel das condies de prtica, pois estes so

    obrigados a competir com jogadores mais velhos, mais altos e mais fortes, o

    que os coloca em clara desvantagem. Assim os jogadores no seleccionadospelo treinador tero um menor nmero de oportunidades, em quantidade e em

    qualidade, para evolurem.

    Por consequncia desta escolha por parte dos treinadores, os jogadores

    que jogam mais tempo de jogo podero sentir-se mais motivados e com maior

    confiana, o que poder ajudar de forma decisiva a uma melhor performance

    desportiva por partes destes jogadores. Segundo Vroom (1964) os indivduos

    que apresentam melhores desempenhos tm uma maior motivao o quedesencadeia uma melhor aprendizagem e performance.

    Outro possvel factor para uma melhor performance tctica de jogo do

    primeiro e segundo quartis, e de acordo com Malina et al. (2004), os jovens que

    apresentam um maior nvel de maturao dentro do mesmo escalo, possuem

    maiores nveis de fora, potncia e velocidade, sendo estas diferenas

    maturacionais. Estes dados podem significar que o efeito de idade relativa

    encontrada nestes escales se deve a uma seleco de jogadores com baseem parmetros fsicos. Pelos resultados obtidos, os treinadores destas equipas

    parecem ser influenciados pela precocidade fsica e pela vantagem etria dos

    praticantes.

    Assim o efeito da idade relativa pode implicar que a maturao fsica

    leve a que certos jogadores tenham acesso a melhores processos de treino,

    tanto ao nvel de equipamentos, como de treinadores, o que leva a um

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    aumento do tempo de prtica da modalidade, fundamental para atingir um alto

    nvel de rendimento (Baker, 2003; Lorenzo e Sampaio, 2005).

    Desta forma, este sistema torna-se cclico, promovendo sempre o

    desenvolvimento destes jogadores. Se no Futebol o processo de seleco de

    jogadores (em desenvolvimento) no aplicar mecanismos que minimizem os

    efeitos negativos da idade relativa, alguns jogadores enfrentaro a dura

    realidade que privilegia factores maturacionais custa das capacidades

    tcnico-tcticas e questes psicolgicas (Costa et al., 2009). Os treinadores

    devem estar sensibilizados para esta problemtica, procurando arranjar meios

    no treino que possam responder a todos os jogadores, independentemente da

    sua idade relativa.Com informao sobre este efeito da idade, torna-se mais fcil antever o

    problema e criar as respectivas solues. Os principais problemas da idade

    relativa no mesmo escalo so de dois tipos: a justia da competio e a

    igualdade de oportunidades de acesso para todos. Uma possvel soluo para

    combater os problemas que a idade relativa acarreta poder ser a promoo de

    um sistema de identificao de jovens jogadores que privilegie as capacidades

    tcnico-tcticas do jogador no jogo, em detrimento das suas qualidades fsicaspois, s o jogo poder dar um conhecimento mais correcto do real valor de

    cada jogador independentemente da maturao fsica de cada um. De acordo

    com o treinador francs Alain Prin (in Prin e Lemar, 2002, cit. in Garganta,

    2009) como escolhia os talentos, ele respondeu: Faoos jogar e vejo o que

    fazem e como fazem no jogo. Detenhome, essencialmente, na alegria de

    jogar, na maior ou menor facilidade com que se relacionam com a bola e na

    propenso para o jogo colectivo.

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    Concluses

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    6. Concluses

    A partir dos resultados obtidos na presente investigao, torna-se

    possvel fazer as seguintes concluses. Estas afiguram-se como as mais

    pertinentes para dar resposta aos objectivos propostos para este trabalho:

    Os atletas mais novos (3 e 4 quartis) realizam mais aces tcticas

    comparativamente aos atletas do 2 e 1 quartis;

    Os atletas do primeiro e segundo quartis apresentam uma eficcia maior

    em relao aos atletas do terceiro e quarto quartis para recuperar aposse de bola;

    Os atletas do primeiro e segundo quartis apresentam uma eficcia maior

    em relao aos atletas do terceiro e quarto quartis para continuar sem a

    posse de bola;

    Os atletas do primeiro e segundo quartis apresentam melhores

    desempenhos tcticos nos princpios de jogo especficos concentraoe unidade defensivaem comparao aos atletas do terceiro e quarto

    quartis;

    Os atletas do primeiro e segundo quartis apresentam melhores

    desempenhos tcticos na fase de jogo defensiva em comparao com

    os atletas pertencentes ao terceiro e quarto quartis;

    Os atletas do primeiro e segundo quartis atingem melhores

    desempenhos tcticos nos jogos GR3-3GR em relao aos atletas do

    terceiro e quarto quartis;

    No foram encontradas diferenas estatisticamente significativas entre

    os quatro quartis ao nvel dos erros na realizao dos comportamentos

    tcticos relacionados aos princpios tcticos de jogo;

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    Concluses

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    No foram encontradas diferenas estatisticamente significativas entre

    os quatro quartis ao nvel dos erros na realizao dos comportamentos

    tcticos relacionados s fases de jogo.

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    Sugestes

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    7. Sugestes para Trabalhos Futuros

    Um trabalho cientfico tanto pode esclarecer possveis dvidas, como

    contribui para a reflexo, originando novas questes. Desta formaconsideramos importante clarificar aspectos abordados neste trabalho, assim

    como reflectir sobre outras questes relacionadas com esta temtica, como por

    exemplo:

    Realizar um estudo de caso sobre uma equipa ao longo de uma poca

    desportiva, avaliando se h relao entre os minutos jogados e a

    performance tctica de cada jogador;

    Indagar se o desempenho tctico dos jogadores, relativamente sua

    idade, est relacionado com a posio que ocupa em campo;

    Investigar a relao da idade relativa com o desempenho tctico em

    equipas de rendimento superior;

    Estudo comparativo entre clubes dentro do mesmo escalo - anlise

    entre diferentes polticas de escolha de talentos versus a sua

    performance em campo;

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    Referncias Bibliogrficas

    42

    8. Referncias Bibliogrficas

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