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8 INTRODUÇÃO Os estudos acerca de desenvolvimento regional, crescimento local e economia regional procuram analisar os determinantes do progresso de uma determinada região. Segundo Oliveira (2006), a maioria dos trabalhos sobre desenvolvimento estuda o crescimento dos países, no entanto, os métodos utilizados não são muito aplicáveis quando se tem a intenção de discutir o desenvolvimento regional dado o fato que estes métodos não levam em consideração a mobilidade de mão-de-obra e capital. O autor ainda argumenta que neste hiato teórico surge a Nova Geografia Econômica (NGE) de Krugman em 1991. Esta teoria tenta explicar a diferença do crescimento através da escolha de localização das firmas e pessoas. A diferença de desenvolvimento de regiões e cidades está vinculada à aglomeração das atividades, que é oriunda da presença e mobilidade de fatores, mão-de-obra e capital. A NGE difere das outras teorias do crescimento por considerar dois aspectos de extrema importância ao crescimento: o espaço e as distâncias. O espaço porque tem conseqüências diretas na localização e a distância devido aos custos de transportes. Ainda segundo Oliveira (2006), a principal contribuição da Nova Geografia Econômica é a conclusão de que a distribuição das atividades no espaço depende da resultante de duas forças contrárias. Estas forças são as centrípetas – que são aquelas que atraem os agentes a se concentrarem em determinada região - e as forças centrífugas que levam a dispersão dos agentes. Marshall (1890) foi pioneiro em relação aos estudos que investigam os elementos da aglomeração e suas fontes. Entende-se por economia de aglomeração ou economias externas de escala, o ganho adquirido pela concentração de determinada atividade econômica em uma determinada localidade. O autor justifica este comportamento com três argumentos que são: a existência de mão-de-obra especializada (labor market pooling), os benefícios adquiridos ao

Análise do crescimento do setor de serviços - monografia UFJF

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INTRODUO

Os estudos acerca de desenvolvimento regional, crescimento local e economia regional procuram analisar os determinantes do progresso de uma determinada regio. Segundo Oliveira (2006), a maioria dos trabalhos sobre desenvolvimento estuda o crescimento dos pases, no entanto, os mtodos utilizados no so muito aplicveis quando se tem a inteno de discutir o desenvolvimento regional dado o fato que estes mtodos no levam em considerao a mobilidade de mo-de-obra e capital. O autor ainda argumenta que neste hiato terico surge a Nova Geografia Econmica (NGE) de Krugman em 1991. Esta teoria tenta explicar a diferena do crescimento atravs da escolha de localizao das firmas e pessoas. A diferena de desenvolvimento de regies e cidades est vinculada aglomerao das atividades, que oriunda da presena e mobilidade de fatores, mo-de-obra e capital. A NGE difere das outras teorias do crescimento por considerar dois aspectos de extrema importncia ao crescimento: o espao e as distncias. O espao porque tem conseqncias diretas na localizao e a distncia devido aos custos de transportes. Ainda segundo Oliveira (2006), a principal contribuio da Nova Geografia Econmica a concluso de que a distribuio das atividades no espao depende da resultante de duas foras contrrias. Estas foras so as centrpetas que so aquelas que atraem os agentes a se concentrarem em determinada regio - e as foras centrfugas que levam a disperso dos agentes. Marshall (1890) foi pioneiro em relao aos estudos que investigam os elementos da aglomerao e suas fontes. Entende-se por economia de aglomerao ou economias externas de escala, o ganho adquirido pela concentrao de determinada atividade econmica em uma determinada localidade. O autor justifica este comportamento com trs argumentos que so: a existncia de mo-de-obra especializada (labor market pooling), os benefcios adquiridos ao

9 uso de insumos comuns a todas as firmas (input sharing) e os proveitos que se obtm atravs da troca de conhecimentos e idias entre as firmas e indivduos envolvidos no processo de produo (knowledge spillovers). Sobre o labor market pooling Marshall (1890) afirma que uma regio especializada beneficiada pelo fato de demandar constantemente uma mo-de-obra especializada. Neste caso, os empregadores esto sempre interessados em se localizar onde possam encontrar uma boa quantidade de operrios dotados da habilidade especial de que necessitam e, ao mesmo tempo, todo trabalhador dirigi-se naturalmente aos lugares onde h muitas empresas demandando funcionrios dotados de sua especializao. Embora o proprietrio de uma fbrica isolada consiga encontrar um grande nmero de trabalhadores, o nmero de trabalhadores especializados encontrados pequeno. Da mesma forma, um operrio especializado que esteja desempregado ter dificuldades em encontrar um novo emprego. A segunda justificativa tem em vista a relao entre ofertantes e demandantes de insumo, ou seja, produtores tendem a se estabelecer em locais de fcil acesso aos insumos e de fcil vazo para seus produtos. A terceira e talvez a mais importante justificativa diz respeito ao transbordamento do conhecimento que surge atravs da concatenao de experincias. Marshall (1890) diz que em uma regio especializada, as trocas de informaes so to intensas que os segredos de profisso deixam de ser segredos e ficam soltos no ar de modo que todas as pessoas daquela localidade so capazes de absorv-los. O autor ainda argumenta que as inovaes geradas por determinada empresa so transmitidas para as outras que a adotam e combinam com prprias sugestes e, assim sendo, gerando mais inovaes. Jacobs (1969) apud Chagas e Tonedo Jr. (2003) diz que as cidades esto para a economia assim como o ncleo atmico est para o tomo. Toda atividade econmica passa e depende das cidades. nas cidades que as pessoas trabalham, moram, se educam e consomem o que explica o estudo da dinmica dos municpios. Essa dinmica pode estar associada a vrios fatores, tais como o estoque de infra-estrutura local, o estoque de riqueza, a concentrao industrial, a qualificao profissional e etc. Por estes motivos, a anlise da estrutura regional precede a discusso a respeito do crescimento econmico regional e, portanto, caractersticas da estrutura produtiva e terciria, por exemplo, de uma regio so importantes para explicar suas condies de progresso.

10 Alguns fatores que analisam essa estrutura regional so: foras de aglomerao (centrpetas), associadas economia de aglomerao1, ou foras de disperso (centrfugas), associadas deseconomia de aglomerao. Estas foras esto associadas com a presena de retornos crescentes de escala, externalidades e estruturas imperfeitas de mercado, e impactam no crescimento econmico, no progresso tecnolgico, na organizao da firma, na desigualdade de renda, no bem-estar econmico e podem levar a problemas ambientais. O conceito de externalidade2 pode ser traduzido em termos de espao geogrfico. Existem externalidades positivas (economias externas), tal como a presena de mercadorias pblicas locais, e externalidades negativas (deseconomias externas) normalmente relacionada degradao ambiental, tal como poluio (atmosfrica e hdrica) e congestionamento (rodovirio nas regies urbanas). As economias externas possibilitam ganhos de produtividade, associados a uma determinada localizao, ou seja, menores custos de produo, com a vantagem de que a empresa no assume a totalidade dos custos (IGLIORI, 2007; COMBES, 2000). Este trabalho tem como objetivo estudar se a estrutura econmica local afeta o crescimento regional do emprego do setor de servios nas regies Sul e Sudeste para o perodo 1996 2006 e, se verdadeira essa hiptese, como ocorre esse relacionamento. Para tal anlise ser estimado um modelo de regresso para dados censurados, tambm conhecidos como modelo Tobit. Este modelo ter a varivel crescimento como dependente enquanto as variveis independentes sero: especializao, diversidade, competio, tamanho mdio das firmas e densidade, assim como o proposto por Combes (2000). A construo destas variveis, semelhante a estudos j realizados, utilizar dados de emprego e nmero de estabelecimentos obtidos da RAIS (Relao Anual de Informaes Sociais) do Ministrio do Trabalho e Emprego. Com esses resultados, ser possvel verificar quais variveis afetam, de forma significativa, o crescimento do emprego no setor supracitado, nas microrregies do Sul e Sudeste. Os resultados obtidos a partir desta metodologia foram bem parecidos para todos os 10 modelos estimados. A varivel especializao, competio e tamanho mdio das firmas apresentaram efeitos negativos sobre o crescimento enquanto as variveis diversidade e

Economias de aglomerao consistem em ganhos de produtividade que so atribudos aglomerao geogrfica das populaes ou das atividades econmicas. 2 Externalidades so efeitos positivos ou negativos gerados pelas atividades de produo ou consumo exercidas por um agente econmico e que atingem os demais agentes, sem que estes tenham a oportunidade de impedi-los.

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11 densidade apresentaram efeitos positivos sobre o crescimento. As variveis que apresentaram significncia na maioria dos modelos foram a especializao, que foi significativa em todos, e a diversidade que no teve representatividade em apenas um modelo. Por outro lado, a varivel tamanho mdio das firmas s foi significativa em trs dos dez modelos estimados. Este trabalho est dividido em quatro captulos. No primeiro, feita uma reviso de literatura acerca de estudos anteriores sobre o crescimento econmico e seus determinantes. O segundo captulo descreve de forma mais detalhada os dados utilizados e a metodologia necessria para anlise. O terceiro captulo apresenta a anlise dos resultados. Por ltimo, so feitas as consideraes finais e concluses.

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1. REVISO DE LITERATURA

Em seu estudo Combes (2000) utilizou cinco variveis para tentar explicar o crescimento local. So elas: especializao, diversidade, tamanho mdio das firmas, competio local e densidade. O autor utilizou tais variveis para estimar um modelo economtrico com o intuito de estudar como a estrutura econmica afetou, para os anos de 1984-1993, o crescimento do emprego no setor de servios e industrial para as 341 regies francesas. O autor concluiu que o impacto da estrutura econmica local afeta de forma diferente os dois setores. As variveis supracitadas tm um impacto nas duas principais foras de aglomerao que so information spillovers3 e as foras de mercado. E, essas foras de aglomerao, por sua vez, explicam o desenvolvimento local. A primeira das foras limitada pela distncia e, apesar das tecnologias de comunicao terem sido melhoradas, a difuso de informaes no pode ser acessvel em todo lugar. Alguns autores defendem que com os avanos da tecnologia da informao, os contatos cara-a-cara, no sero mais necessrios e, portanto, no haver mais necessidade de pessoas se aglomerarem em grandes centros urbanos. Biderman (2001) diz que realmente a teoria econmica prev que, num mundo onde o custo de transporte zero, no haveria motivos para as pessoas se aglomerarem num mesmo lugar. Contudo, esta uma hiptese longe da atual realidade, dado que os custos de transportes so diferentes de zero, o que acaba fazendo com que pessoas se aglomerem. Diniz et al (2006, p. 92) afirmam que o desenvolvimento est enraizado nas condies locais e que, em uma sociedade do conhecimento e do aprendizado, a capacidade de gerar novo conhecimento constitui o elemento central no processo de produo,

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Difuso de informaes.

13 competio e crescimento. Assim, a difuso de informaes locais relevante, e as empresas beneficiam de localidades prximas. Quanto s foras de mercado, elas indicam, s empresas, que rentvel localizarem-se prximas aos mercados de insumo e de produto, devido, principalmente, aos custos de transportes. Entretanto, a proximidade gera um elevado grau de concorrncia para esses produtos, reduzindo seus preos, apresentando uma tendncia disperso. Mas, Combes (2000) afirma que mais concorrncia gera mais incentivos aos fornecedores e consumidores para localizar na grande rea, aumentando o tamanho dos mercados. A respeito das variveis de anlise citadas anteriormente, apresentada, em primeiro lugar, uma discusso sobre a especializao e a diversidade. A localizao econmica implica que firmas so beneficiadas por aglomerao com outras firmas do mesmo setor, enquanto externalidades urbanas implicam em efeitos inter-setoriais de aglomerao. Feldman e Audretsch (1999) testam se a especializao da atividade econmica dentro de um conjunto concentrado de atividades econmicas mais propcia difuso de informaes, ou se a diversidade, ao reunir atividades complementares, melhor para promover a inovao. Para eles, h evidncias de que a especializao da atividade econmica no promove inovao. Em vez disso, os resultados indicam que a diversidade em todas as atividades econmicas complementares partilha de uma base cientfica comum que mais favorvel inovao. Com esta mesma idia, Glaeser et al (1992) testaram trs teorias sobre o crescimento econmico que se baseiam no papel das technologial spillovers como propulsoras do crescimento. Todas estas trs teorias focam no knowledge spillovers, porm diferem no fato de acreditarem em diferentes motivos para a causa das externalidades e o que pode ser feito para captar a mesma de forma mais efetiva. Para tal estudo, foram utilizados dados de 170 cidades americanas entre os anos de 1956 e 1987. As trs teorias testadas foram a MarshalArrow-Romer (M-A-R), Porter (1990) e Jacobs (1969). A Teoria MAR, que uma juno de trs importantes trabalhos sendo eles o de Marshall (1890), Arrow (1962) e mais recentemente o de Romer (1986), diz respeito ao knowledge spillovers entre firmas. A concentrao de firmas na cidade ajuda a difuso do conhecimento entre as firmas e, assim sendo, o crescimento do setor e conseqentemente da cidade. Arthur (1989), apud Glaeser et al (1992), cita como exemplo, o Vale do Silcio onde a espionagem, imitao e rpido movimento inter-firmas da fora de trabalho fizeram com que as idias fossem rapidamente disseminadas. A teoria M-A-R, afirma que as indstrias deveriam ser especializadas em determinada regio para absorver o transbordamento do

14 conhecimento entre as firmas. Alm disso, esta teoria defende que firmas especializadas regionalmente crescem mais rapidamente pois firmas dessa regio aprendem umas com as outras, diferentemente de firmas isoladas geograficamente. Segundo Marshall (1890), em uma determinada regio especializada, os segredos da profisso so transmitidos entre as pessoas sem grandes problemas, alm de existir um maior debate sobre as invenes e as inovaes nos mtodos e na organizao empresarial. O autor ainda argumenta que ocorrida uma inovao em determinada firma, esta inovao rapidamente absorvida por outras empresas que a adapta e a modifica, e conseqentemente, a transforma em uma nova fonte de idias. A teoria M-A-R tambm afirma que o monoplio local melhor para o crescimento do que a competio porque o monoplio local restringe o fluxo de idias para outros e assim permite que as externalidades possam ser internalizadas pelo inovador. A segunda teoria Porter (1990) concorda em parte com a M-A-R quando diz respeito a knowledge spillovers, mas ele argumenta que a competio local, ao contrrio do monoplio local, fomenta a atividade e a rpida adoo da inovao. A terceira teoria estudada, diferentemente da M-A-R e Porter, acredita que a difuso mais importante do conhecimento vem de fora da indstria e resultado da variedade e diversidade setorial. A teoria de Jacobs (1969) alega que firmas localizadas em reas onde a diversidade setorial grande, deveriam crescer mais rapidamente. Os resultados encontrados por Glaeser et al (1992) mostraram que a competio local e a variedade urbana, mas no a especializao regional, encorajam o crescimento do emprego na indstria. Estas evidncias sugerem que a difuso do conhecimento significativa ocorre entre os setores e no dentro dos setores. Ao contrrio dessas idias, Henderson et al (1995), apud Badia (2007), apresentam evidncias de que ambas externalidades MAR e Jacobs influenciam o crescimento do emprego. Com relao varivel competio local, o efeito positivo sobre o tamanho dos mercados locais depende do grau de competio deste mercado. Firmas tm incentivos em se localizar prximo de reas onde a competio baixa, mesmo que uma localizao mais central atraia mais consumidores. Entretanto, Fujita e Thisse (1996) afirmam que estruturas diferentes (produtos diferenciados, qualidade do produto) permite que firmas no se preocupem com a competio dos preos o que possibilita uma escolha de localizao mais central. Combes (2000) diz que o impacto da competio nos information spillovers ambguo, o fato que ele no relatado na dimenso espacial. Modelos Schumpeterianos enfatizam o trade-off. A alta competio incentiva as firmas a fazerem expressivos gastos

15 com P&D, mas se a sucesso das inovaes muito rpida, os retornos sobre P&D so cada vez menores o que leva as firmas a reduzirem os seus gastos com P&D e conseqentemente impactam de forma negativa as inovaes. Glaeser et al (1992) argumentam que o grau de competio entre firmas de um mesmo setor possui impacto positivo sobre o crescimento do emprego setorial. A competio local, como dito anteriormente, tambm defendida por Jacobs (1969), apud Glaeser et al (1992), pois acredita-se que este tipo de competio acelera a adoo de tecnologia, enquanto a teoria M-A-R alega que o monoplio permite que as externalidades sejam internalizadas e quando isto ocorre, inovao e crescimento se aceleram. Badia (2007) diz que a competio entre as firmas pode ser vista como uma via de mo-dupla. Por um lado, argumenta-se que o aumento da atividade produtiva est relacionado a um ambiente industrial concentrado, por minimizar a chance de que outras firmas sejam beneficiadas com os frutos de inovaes tecnolgicas realizadas por determinada firma. Em contra partida, dado um ambiente extremamente competitivo, as empresas sentem-se foradas a inovar com intuito de no perderem suas respectivas participaes no mercado. Este ltimo argumento parecido com o de Jacobs (1969), pois v o monoplio como inibidor do crescimento. De acordo com Ciccone e Hall (1996), o tamanho da economia local influencia a intensidade de foras de aglomerao. A varivel densidade significa que a intensidade de mo-de-obra e capital fsico relativa ao espao fsico. A densidade elevada quando h uma grande quantidade de mo-de-obra e de capital num determinado espao (regio). Para eles, a densidade pode afetar a produtividade de vrias maneiras. Se a tecnologia tem constantes retornos sobre ela mesma, mas se o transporte do produto de um estgio de produo para o outro envolve custos que crescem com a distncia, ento a tecnologia de produo de todas as mercadorias dentro de um mesmo espao geogrfico tero um aumento de retornos. A razo de produto por insumo cresce com o aumento da densidade. Se existem externalidades associadas proximidade fsica de produo, ento a densidade contribuir para a produtividade. O estudo desses autores refere-se importncia de se olhar para a densidadepopulacional, e no para o tamanho absoluto das localidades, a fim de se explicar diferenas de produtividade entre estas localidades.

Ainda sobre essa varivel, Combes (2000) diz que, se h custos de transporte, ento o tamanho dos mercados locais afeta grandemente as escolhas de localizao das empresas. Argumenta tambm que o nvel e a qualidade do intercmbio de difuso de informaes so importantes somente quando o nmero de firmas alto o suficiente. Para ele, devido ao fato

16 da densidade favorecer a difuso de informaes, os ganhos de produtividade podem afetar negativamente o emprego. Mas, de acordo com ele, as elasticidades negativas de densidades so obtidas porque efeitos de congestionamento (como, por exemplo, aluguis de terra altos) criam externalidades negativas no crescimento do emprego em lugares densos. Por ltimo, existem evidncias quanto ao fato do tamanho das firmas influenciarem as inovaes e a P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) e, conseqentemente, o crescimento econmico setorial. Sobre esta varivel Goodwin (1998) apresentou 4 teorias que relacionam tamanho da firma e inovao. Estas teorias foram a de Schumpeter (1942), a de Galbraith (1952), a de Arrow (1962) e por ltimo a de Harold Demsetz (1969). A trs primeiras convergem para a mesma idia de que empresas maiores tm maiores gastos com P&D, porm apenas diferem quando tentam explicar esta hiptese. Schumpeter afirma que o grau de inovao est relacionado ao nvel de proteo legal que esta inovao possa ter e ao poder de mercado da empresa. Schumpeter acredita que grandes firmas precisam de proteo e poder de mercado parar promover inovaes e caso no existisse tal proteo, firmas no investiriam em P&D. Ele tambm afirma que firmas menores no so capazes de investir em P&D, e que as maiores tm mais recursos para investir em inovaes, ou seja, investimentos nesta rea so mais custosos para as pequenas firmas. A teoria de Galbraith (1952) diz que empresas maiores so mais propcias a designarem recursos em P&D do que empresas pequenas. O seu principal argumento que o investimento em inovaes muito custo. O autor define custo como sendo tempo e risco, e assim sendo, somente as grandes firmas teriam capacidade de enfrentar tais problemas. Seguindo a mesma linha, Arrow (1962) argumenta que firmas menores no direcionam gastos com P&D devido averso ao risco, ao baixo financiamento e a incapacidade de explorar os retornos das atividades inovativas. Este argumento fortemente embasado nas teorias de Schumpeter e Galbraith e tem um grande foco no risco e nos direitos de propriedade. Arrow (1962) afirma que firmas menores so menos capazes de estabelecer e aproveitar os direitos de propriedades sobre suas inovaes e conseqentemente suas inovaes tecnolgicas passam a ser bens pblicos, pois imitaes so impossveis de serem prevenidas. Com certa oposio, a teoria de Demstez (1969) afirma que os argumentos de Arrow (1962) no so plausveis, porm Demstez (1969) no contrrio concluso de que empresas maiores gastam mais com P&D, ele apenas critica as premissas por trs dessa teoria. Para o autor, os argumentos utilizados por Arrow (1962) tambm so aplicveis a grandes firmas. O autor no argumenta que a inovao acontece nas grandes ou pequenas firmas, mas

17 sim que as hipteses tomadas por Arrow no so claras. Demstez (1969) ainda conclui que o que determina o gasto com inovaes a diferena entre os possveis retornos que podem ser obtidos com um gasto adicional (marginal) e o custo associado com o mesmo. A respeito disso, Cohen (1995), apud Macedo e Albuquerque (1997), ressalta trs aspectos importantes na relao tamanho da firma, P&D, inovao e produtividade. A primeira delas, ele diz que considerando firmas envolvidas com P&D (dispndio no-zero), o montante aplicado, ou seja, o gasto em P&D cresce uniformemente com o tamanho da firma. Em segundo lugar, afirma que o nmero de inovaes tende a crescer proporcionalmente menos do que o tamanho da firma. Por ltimo, ele diz que produtividade do P&D tende a declinar com o tamanho da firma. Cohen & Klepper (1996), apud Macedo e Albuquerque (1997), acrescentam novas idias a este estudo. Esses autores dizem que a probabilidade de uma firma informar gastos em P&D cresce com o tamanho da mesma e, salientam o que j havia sido dito por Cohen (1995) que os gastos em P&D tambm crescem monotonicamente com o tamanho da firma. No entanto, eles afirmam que entre as firmas envolvidas com P&D, na maior parte das indstrias no h evidncia de relao sistemtica entre tamanho da firma e elasticidade de P&D. Alm disso, os autores anteriormente citados dizem que as firmas menores contabilizam um nmero desproporcionalmente grande de patentes e inovaes relativamente ao seu tamanho. Combes (2000) tambm afirma que a eficincia de P&D decresce com o tamanho da firma. Para este estudo, ele ainda acrescenta que o tamanho do departamento de P&D aumenta com o tamanho da fbrica. Para Sousa (2005) as empresas de grande porte tm mais vantagens em relao s mdias e pequenas, tais como ganhos de escala no trabalho de P&D e incentivos inovao de processos que diminuam os custos envolvidos. Essas vantagens, entre outras, praticamente s quem tm acesso so as firmas de grande porte, pelas facilidades que lhes so naturais, enquanto as pequenas no suportam as altas despesas que so necessrias implantao de um plano de P&D. Ainda segundo esse autor, toda anlise do crescimento industrial deve levar em conta o porte da firma, e suas limitaes, ao considerar que cada nvel de tamanho tem uma realidade diferente. Britto e Albuquerque (2002) realizaram um estudo acerca de clusters industriais na economia brasileira, a partir de dados da RAIS do ano 1997 para todos os municpios brasileiros. Nesse trabalho, os autores mostram que padres de especializao setorial das aglomeraes, tamanho relativo dos membros dessas aglomeraes e seus padres de concorrncia so proxies para identificar a estrutura interna de aglomeraes. Para eles, a

18 especializao produtiva das firmas localizada em uma mesma regio proporciona ganhos de eficincia e gera o intercmbio de informaes. Os autores tambm chegam a concluses sobre a diversidade de firmas e atividades e densidade das firmas. A respeito da diversidade eles argumentam que esta afeta, de forma decisiva, a gerao de ganhos de eficincia; e sobre a densidade de firmas e atividades concluem que quanto maior a densidade, maior a interao entre os agentes do cluster. Chagas e Toneto Junior (2003) tiveram como objetivo analisar os determinantes do crescimento dos municpios brasileiros no perodo 1980 1991 utilizando dados dos censos de 1980 e 1991 do IBGE. Eles tambm argumentam que a proximidade entre firmas e pessoas facilita a transferncia de conhecimento entre os indivduos e esse fato justifica os estudos de crescimento regional. Um dos objetivos desses autores explicar se a convergncia da renda tem alguma influncia sobre o crescimento. Para isso, utilizam como varivel dependente a remunerao observada per capita. Fazem ainda uma anlise da relao entre a especializao das atividades e o crescimento econmico, e concluem que essa relao positiva. Neste captulo, foram apresentadas as variveis que entraro no modelo e a argumentao terica que justifica a incluso das mesmas. Todas as variveis citadas anteriormente estaro no modelo (especializao, diversidade, competio, tamanho mdio das firmas e densidade). No caso da especializao e diversidade, ser observado para o setor de servios no Brasil para o perodo de 1996 - 2006 quais teorias se adquam melhor ao crescimento econmico. Se a teoria M-A-R que defende a especializao como propulsora do crescimento ou se a teoria de Jacobs (1969) que defende a diversidade como agente principal no crescimento. Sobre a competio, verificar-se- tambm qual teoria consegue explicar melhor o fenmeno ocorrido no setor de servios. Se a teoria M-A-R que defende que a competio interfere de forma negativa o crescimento ou se a idia defendida por Jacobs (1969) que alega que a competio acelera o crescimento. A hiptese de que a competio tem impactos positivos sobre o crescimento tambm e defendido por Glaeser et al (1992). Em relao varivel tamanha mdio das firmas, ser apurado se as hipteses propostas por Schumpeter (1942), Galbraith (1952) e Arrow (1962) de que o tamanho mdio das firmas est relacionado positivamente com a inovao e conseqentemente com o crescimento. Em contra partida, Combes (2000) afirma que a eficincia de P&D decresce com o tamanho da firma

19 Por fim, ser observado como a varivel densidade se comporta. Caso haja a existncia de efeitos negativos, estes podem ser associados a efeitos de congestionamento (poluio, aluguis altos, etc.). Caso contrrio, os efeitos positivos podem ser pertinentes as externalidades associadas proximidade fsica de produo. No prximo captulo, ser exposto como estas variveis propostas para explicar o crescimento econmico sero calculadas no caso brasileiro para os anos de 1996-2006, alm de ser exibida a estrutura do modelo estimado, a composio do banco de dados assim como suas fontes. Outro ponto que ser ressaltado como se proceder estimao do modelo dado o fato que o banco de dados apresenta algumas peculiaridades.

20

2. METODOLOGIA

2.1 Especificao do Modelo

Para analisar como ocorreu o crescimento econmico, em termos de emprego no perodo 1996 a 2006, sero utilizados dados de emprego do setor de servios (vide ANEXO A), para as 254 microrregies das regies Sul e Sudeste (vide ANEXO B), classificadas de acordo com o IBGE, extrados da Relao Anual de Informaes Sociais (RAIS) do Ministrio do Trabalho e Emprego, de acordo com a Classificao Nacional das Atividades Econmicas. Para o ano de 1996, o nmero total de trabalhadores foi de 17.357 milhes enquanto que para o ano de 2006 foi de 24.310 milhes. Estes valores esto restritos aos vnculos formais, o que conseqentemente deixa de fora uma parcela de ocupados que tem se revelado crescente ao longo do tempo. Todas as variveis calculadas tiveram como ano base o ano de 1996, ou seja, utilizou-se caractersticas dos anos iniciais para tentar explicar o crescimento setorial. O modelo estimado ter uma forma similar ao de Combes (2000), cuja forma reduzida :(1)

onde Yz,s o crescimento do emprego no setor s na regio z, I o intercepto e SPE, DIV, SIZE, COMP e DEN so as variveis explicativas que correspondem, respectivamente, a especializao, diversidade, tamanho mdio das plantas, competio e densidade total do

21 emprego. Para uma melhor anlise, as variveis so em escala logartmica, assim sendo, os parmetros estimados so suas elasticidades com relao a cada varivel. A varivel dependente, Yz, s, a diferena entre o crescimento do emprego do setor s na regio z entre os anos de 1996 e 2006, e o crescimento do emprego destes setores nas regies Sul e Sudeste durante o mesmo perodo.

(2)

onde empz,s,t e emps,t (t=1996, 2006) so o nvel de emprego na regio z do setor s no ano t. As cinco variveis determinantes do crescimento econmico so calculadas conforme as frmulas explicitadas a seguir. O ndice de especializao (spe) proporo da taxa de emprego do setor s na regio z dividido por esta proporo no nvel nacional.

=

,

(3)

onde empz e emp so respectivamente o emprego total da regio e o emprego total, e empz,s e emps so o emprego setorial na regio z e o emprego total do setor. Em relao ao ndice de diversidade (div), ser utilizado, assim como em Henderson et al. (1995), o inverso do ndice de concentrao setorial de Herfindahl baseado no share de todos os setores exceto o considerado.

=

(4)

onde s o numero total de setores. O numerador mximo quando todos os setores, exceto o considerado, tm o mesmo tamanho da microrregio.

22 Para calcular o indicador de competitividade (comp), no ser utilizado o proposto por Combes (2000)4, mas sim, o nmero de firmas por trabalhador, considerado por Glaeser et al. (1992) e utilizado por Gonalves e Almeida (2008) como sendo uma boa proxy para competio.

(5)

onde, nbrz,s o nmero de firmas da regio z no setor s e empz,s o nmero de empregos do setor s na regio z. O tamanho mdio das fbricas calculado pelo inverso do nmero de firmas por trabalhador. Assim, nbrz,s e nbrs o nmero de fbricas do setor s da regio z e a nvel nacional, respectivamente.

,

(6)

O clculo da densidade dado pelo emprego total de uma regio dividido pela rea dessa regio. , (7)

No quadro 1, esto apresentados os resultados encontrados das variveis citadas de acordo com o trabalho de cada autor.

4

Para tal indicador, era necessrio o nmero de empregados em cada firma por microrregio e como esta informao no est disponvel na RAIS, no foi possvel calcular o mesmo.

23

Varivel

Quadro 1 - Resultados encontrados Autor(es) Resultados Encontrados Positivo Positivo Negativo Negativo Positivo* Negativo Positivo Positivo Positivo* Positivo Positivo Negativo Negativo** Positivo** Negativo Positivo*** Positivo Positivo Positivo Negativo Positivo Positivo Negativo Negativo

Britto e Albuquerque (2002) Chagas e Toneto Junior (2003) SPE (Especializao) Feldman e Audretsch (1999) Glaeser et al (1992) Henderson et al (1995) Combes (2000) Feldman e Audretsch (1999) Glaeser et al (1992) Henderson et al (1995) Sousa (2005) Jacobs (1969) Combes (2000) Cohen (1995) Sousa (2005) Combes (2000) Cohen (1995) Britto e Albuquerque (2002) Ciccone e Hall (1996) Benko (1999) Combes (2000)

DIV (Diversidade)

SIZE (Tamanho)

DEN (Densidade)

Glaeser et al (1992) COMP (Competio) Jacobs (1969) Marshall-Arrow-Romer Combes (2000)Benko (1999) apud Gonalves (2006) *Depende do tipo de empresa **Para a produtividade do P&D ***Para os gastos em P&D Fonte: Elaborao prpria

Assim sendo, a partir desses clculos, poder ser feito uma anlise de qual varivel interfere no crescimento econmico alm de mensurar o impacto de cada varivel sobre o setor de servios nos estados da regio Sul e Sudeste para os anos de 1996 2006.

24 2.2. Mtodos de Estimao

Wooldridge (2002, p. 517) diz que, em economia, muito comum a existncia de variveis dependentes limitada. O autor define varivel dependente limitada como sendo uma varivel dependente cujo intervalo de valores substancialmente restrito. O mesmo ainda afirma que a maioria das variveis econmicas que se tenta explicar de certa forma limitada e, em alguns casos, estimar modelos para este tipo de varivel requer a utilizao de modelos economtricos especiais. Um caso particular de modelo que utilizado quando existe alguma peculiaridade no banco de dados o modelo Tobit (Tobins probit). O modelo tobit pode ser utilizado principalmente em duas ocasies. A primeira quando existe o problema de soluo de canto e a segunda quando necessrio realizar uma regresso com dados censurados. Segundo Wooldridge (2002, p. 529), o problema da soluo de canto quando a varivel dependente aproximadamente distribuda de forma contnua ao longo de valores positivos, porm concentrada no zero. Por exemplo, o valor gasto por semana com bebidas alcolicas por uma pessoa adulta. Este valor se distribui aproximadamente de forma contnua, porm se concentra no zero j que existe uma grande parcela da populao que no gasta seus recursos com bebidas. Outra forma de utilizar um modelo Tobit, para estimar modelos de regresso censurada. Fundamentalmente, o problema resolvido por modelos de regresso censurada um problema de falta de dados, contudo um problema em que se tem alguma informao sobre a varivel a que os dados se referem, isto , sabe-se que o resultado da varivel est acima ou abaixo de um valor limite conhecido. Exemplificando, imagine que em uma determinada pesquisa sobre o nmero de filhos que um casal tem, existam as seguintes opes para resposta; um filho, dois filhos, trs filhos, quatro filhos, cinco ou mais filhos. esperado que alguns entrevistados respondam que tm cinco filhos ou mais. Este um caso de censura direita, pois no se sabe exatamente o valor desta varivel, porm sabido que ela no mnimo to grande quanto o limite estipulado que igual a cinco. Outro modelo que lida com o problema da no observao de dados, so os modelos de regresso truncada. Estes ltimos so bem parecidos com os modelos de regresso censurados, mas diferem no fato de que os modelos de regresso truncada, uma parte da populao no observada, ou seja, quando ambos os dados so inexistentes. Esta a principal diferena entre os dois modelos, o primeiro, somente a varivel dependente no

25 observada enquanto no segundo nem a varivel dependente nem a independente so observadas, ou seja, no observada qualquer tipo de informao para uma parcela da amostra. No presente trabalho, apenas sero utilizados modelos com problemas de censura, no utilizando em qualquer momento modelos de regresso truncada. Modelos com problemas de censura, de uma forma geral, so decorrentes de restries institucionais ou devido ao projeto de pesquisa, Wooldridge (2002, p. 543). Este modelo utilizado para variveis que tenham sido censuradas acima (codificao superior ou censura direita) ou abaixo (codificao inferior ou censura esquerda) de qualquer valor limite, neste caso, no se sabe o valor das observaes censuradas, somente se tem conhecimento que a varivel no mnimo to grande ou menor do que o limite estabelecido. Neste trabalho, optou-se por utilizar a codificao inferior, j que existe o interesse de estudar o impacto no crescimento econmico, no fazendo sentido utilizar valores menores ou iguais a zero para a varivel dependente. Outra vantagem da aplicao do modelo Tobit, neste caso, que a interpretao dos parmetros similar interpretao dos parmetros de um modelo de regresso linear. O modelo tobit uma extenso dos modelos probit e logit. Os modelos Probit e Logit so modelos utilizados quando a varivel dependente uma varivel dependente limitada, ou seja, de escolha binria,. Estes modelos so similares diferindo apenas na funo de densidade utilizada em sua metodologia. O modelo probit est associado funo de probabilidade normal acumulada enquanto o logit est relacionado funo de probabilidade logstica acumulada. O modelo probit uma transformao do modelo de probabilidade linear, dado que este fcil de ser estimado e usado, porm sofre de algumas limitaes que os modelos de escolha binria podem compensar. A distribuio de probabilidade acumulada do modelo probit pode ser concebida como: (8) Suponha a existncia de um ndice terico Zi determinado por uma varivel explicativa X. Deste modo pode-se escrever (9) Zi funo linear de X. O modelo Probit oferece um meio apropriado de estimar os parmetros de inclinao e intercepto da relao entre Zi e X.

26 Seja Y uma varivel binria dummy, ento para cada observao, Zi* representa o valor crtico de diviso. Y assume o valor 1 quando Zi > Zi* e 0 quando Zi < Zi*. O modelo probit considera a varivel Zi*uma varivel aleatria com distribuio normal, de tal modo que a probabilidade de Zi*ser menor (ou igual) a Zi pode ser calculada atravs da funo de probabilidade normal acumulada. A funo normal acumulada padronizada escrita da seguinte forma: (10) onde s uma varivel aleatria com distribuio normal,mdia zero e varincia igual a um. Por construo, a varivel Pi est no intervalo (0,1) e representa a probabilidade de um evento acontecer. Como essa probabilidade medida pela rea abaixo da curva normal padro, o evento ter maior probabilidade de ocorrer conforme maior for o valor de Zi. Para conseguir uma estimativa de Zi, aplica-se o inverso da funo normal acumula equao (10) (11) Nesta pesquisa, tanto a varivel dependente quanto as variveis independentes so construdas com base em outras variveis. Por apenas ser divulgado dados de emprego onde o nmero de firmas por setor superior a dois, o que impossibilita a utilizao de toda a amostra, utilizar os mnimos quadrados ordinrios traz problemas para o modelo, pois o mesmo viesado, tendencioso e inconsistente. Heckman (1979) demonstra que o vis originado na seleo da amostra corresponde ao vis de omisso da varivel relevante. O modelo de Heckman trata o problema de seleo como um problema de especificao utilizando um estimador de mxima verossimilhana (ou mtodos de dois estgios) para controlar pela m especificao. (FERRAZ E MOTTA, 2001). Esta suposta varivel que chamada de razo inversa de Mills calculada e posteriormente acrescentada ao modelo. A metodologia proposta por Heckman (1979) primeiramente estima um modelo probit por mxima verossimilhana com varivel dummy que assume o valor 1 se o evento observado e 0 se no. A partir desse modelo encontrado, utilizam-se as estimativas para calcular , que a

razo inversa de Mills e o acrescenta ao modelo com sendo uma varivel explanatria adicional. Esta razo dada por:

27 (12)

Infelizmente, o estimador em dois estgios heterocedstico. Alm disso, o estimador de mxima verossimilhana mais eficiente do que o estimador de dois estgios. Por esses motivos, normalmente melhor utilizar o estimador de mxima verossimilhana embora a estimao pelo mtodo de dois estgios possa ser til durante o processo de desenvolvimento do modelo. Aps a descrio do clculo das variveis assim como a estrutura do modelo apresentados anteriormente que utilizado para analisar como a estrutura econmica afeta o crescimento do emprego local do setor de servios, o prximo captulo apresentar os resultados de 10 modelos estimados. Estes modelos sero um global para o setor de servios, uma para a regio Sudeste, uma para a regio Sul e um para cada estado destas duas regies (Esprito Santo, Minas Gerias, Rio de Janeiro, So Paulo, Paran, Rio Grande de Sul e Santa Catarina). Estes resultados permitiro concluir se as variveis so realmente influentes no crescimento, alm de permitir a observao das peculiaridades do setor de servio em cada estado, ou seja, quais variveis impactam de forma mais intensa o crescimento do setor estudo.

28

3. ANLISE DOS RESULTADOS

Este captulo ser dividido em duas sees. Na primeira seo far-se- uma anlise bivariada entre a varivel dependente e as variveis independentes. Tal anlise tem carter exploratrio e permitir verificar o comportamento de tais relaes. A segunda subseo trar os resultados da estimao do modelo.

3.1 Anlise Exploratria dos Resultados

3.1.1 Crescimento e Competio

Atravs da anlise grfica pode-se perceber que a linha de regresso exposta no grfico 1 aponta para uma inexistncia de causalidade entre a varivel crescimento e a varivel competio, ou seja, o crescimento econmico no influenciado pela varivel competio. Este resultado corroborado pelo valor da correlao que de 0,015. A respeito da varivel competio, o valor mdio -0,634 com um desvio padro de 0,574. O valor mximo de 0,845 e pertence ao setor construo da cidade de Faxinal (PR) e o menor valor -3,315 pertencente ao setor de administrao pblica, defesa e seguridade social do municpio de So Paulo (SP).

29 Grfico 1 Correlao entre crescimento setorial e competitividade1

Competio no setor de Servios

0

-1

-2

-3

-3

-2

-1

0 Crescimento

1

2

3

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos indicadores apresentados na seo 2.

3.1.2 Crescimento e Tamanho Mdio das Firmas

Pela anlise do grfico 2, observa-se que no setor de servios, a varivel tamanho mdio das firmas tambm no aparenta ter nenhum tipo de associao com o crescimento econmico, ou ento essa associao fraqussima e ocorre de maneira negativa. O valor da correlao -0,046. Com relao a varivel tamanho mdio das firmas, a mdia do setor de servios 0,288 com um desvio padro de 0,381. O valor mximo observado 1,496 e pertencente ao setor de captao, tratamento e distribuio de gua da cidade do Rio de Janeiro (RJ). O setor de limpeza urbana esgoto e atividades relacionadas apresentaram o menor valor para esta varivel, -2,169, e foi encontrado nas seguintes cidades de Minas Gerias: Janaba, Ituiutaba, Poos de Caldas e Itabira.

30 Grfico 2 Correlao entre crescimento setorial e tamanho mdio das firmasTamanho Mdio das Firmas no setor de Servios 2

1

0

-1

-2 -3 -2 -1 0 Crescimento 1 2 3

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos indicadores apresentados na seo 2.

3.1.3 Crescimento e Especializao

No grfico 3, possvel perceber uma associao negativa entre as variveis. A especializao apresenta efeitos negativos sobre o crescimento, ou seja, regies especializadas tendem a ter problemas com o crescimento setorial. O valor encontrado para a correlao o maior valor de correlao encontrado nesta anlise inicial, o que pode ser um forte indcio de que esta varivel seja significativa e tenha um dos maiores impactos sobre o crescimento local. A correlao encontrada para o setor de servios foi de -0,476 Levando em considerao a varivel especializao, o valor mdio encontrado para o setor de servios foi de -0,234 com desvio padro de 0,452. O menor valor desta varivel 2,679 e foi observado para o setor de eletricidade, gs e gua quente na cidade de Santos (SP). O valor mximo 1,713 e corresponde ao municpio de Bom Despacho (MG) inerente ao setor de organizaes internacionais e outras instituies extraterritoriais.

31 Grfico 3 - Correlao entre crescimento setorial e especializao2 Especializao no setor de Servios

1

0

-1

-2

-3 -3 -2 -1 0 Crescimento 1 2 3

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos indicadores apresentados na seo 2.

3.1.4 Crescimento e Diversidade

Atravs da anlise do grfico 4, esperado que no exista nenhum tipo de correlao entra o crescimento e a diversidade. A correlao calculada para o setor de servios de 0,019 o que indica um ausncia de correlao ou ento uma correlao fraqussima entre essas duas variveis. Analisando somente a varivel diversidade, a mdia igual a 12,989 com desvio padro de 1,637. A cidade com menor ndice de diversidade a cidade de Piedade (SP) no setor de organismos internacionais e outras instituies extraterritoriais tendo o valor de 8,094. A cidade de Sorocaba (SP) proporcionou o maior valor no setor de administrao pblica, defesa e seguridade social com o valor de 16,155.

32 Grfico 4 - Correlao entre crescimento setorial e diversidade17 16 Diversidade no setor de Servios 15 14 13 12 11 10 9 8 -3 -2 -1 0 Crescimento 1 2 3

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos indicadores apresentados na seo 2.

3.1.5 Crescimento e Densidade

O grfico 5, permite inferir que a associao existente entre a varivel densidade e o crescimento nula. O valor encontrado para a correlao igual a -0,024 o que pode ser um indcio de uma fraqussima associao negativa entre as variveis. Sobre a varivel densidade, pode-se perceber que a mdia de 0,672 com desvio padro de 0,623 . O valor mnimo Maximo de 3,211 para a cidade de So Paulo e o menor valor foi -0,932 relativo a Gro Mogol (MG). Grfico 5 - Correlao entre crescimento setorial e densidade3

2 Densidade

1

0

-1 -3 -2 -1 0 Crescimento 1 2 3

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos indicadores apresentados na seo 2.

33 Cabe ressaltar que esta anlise tem um carter apenas exploratrio e realizada apenas de forma bivariada. Assim sendo, estes resultados podem no condizer com os resultados obtidos atravs da anlise de regresso que seguir (valores e relaes de causalidade diferentes), dado o fato que a anlise ocorrer de forma multivariada. Por fim, salienta-se que os valores das correlaes e a linha de tendncia traadas provavelmente esto sendo viesadas pela quantidade excessiva de zeros na amostra.

3.2 Anlise dos Resultados Economtricos

No total foram estimados 10 modelos, sendo um modelo global para o setor de servios, 1 modelo para cada regio e 1 modelo para cada estado. Todas as anlises contidas neste trabalho utilizam nveis de significncia iguais a 0,05 e 0,10. O nmero de observaes e o nmero de dados censurados em cada modelo, os valores dos coeficientes, seus sinais e suas significncias podem ser observados na tabela 1: Tabela 1 - Coeficiente das RegressesModelo Serv Sudeste Sul ES MG RJ SP PR RS SC Spe. -0.505** -0.536** -0.454** -0.571** -0.541** -0.558** -0.531** -0.470** -0.136** -0.445** Div. 0.042** 0.526** 0.026** 0.069** 0.047** 0.064** 0.046** 0.047** 0.001 0.029** Comp. -0.045** -0.038** -0.055** -0.015 -0.092 -0.042 -0.001 -0.069** -0.065** -0.005 Size -0.032** -0.032** -0.027 -0.024 -0.025 -0.169** 0.004 -0.016 -0.051 -0.001 Dens. 0.036** 0.013 0.106** 0.051* 0.001 -0.048 0.058** 0.078** -0.074** 0.110** Obs. 7366 4640 2726 377 1885 522 1827 1131 1015 580 Uncens. 3670 2267 1404 192 912 246 906 580 437 387

**significante ao um nvel de significncia de 0,05; *significante ao nvel de significncia de 0,10 Obs. nmero total de observaes para o modelo. Nmero obtido atravs do produto entre os 29 setores utilizados e o nmero de microrregies Unces. nmero de observaes no censurado Coeficientes estimados utilizando o software Stata 8.

Em todos os 10 modelos estimados, a estatstica log-verossimilhana que testa a hiptese de que todos os coeficientes da regresso associados s variveis explicativas so iguais a zero contra a hiptese de que a estrutura do modelo proposta representativa,

34 localizou-se dentro da regio de rejeio do teste a um nvel de significncia de 5%. Assim sendo, a estrutura de variveis explicativas propostas inicialmente se mostrou satisfatria. O clculo de uma matriz de correlao entre as variveis independentes, como pode ser visto na tabela 2, tambm foi realizado com o intuito de tentar identificar algum tipo de multicolinearidade. A presena de multicolinearidade interfere em todas as estatsticas calculadas, inclusive afetando os intervalos de confiana e as correlaes entre as variveis do modelo. Tabela 2 - Matriz de CorrelaoSpe Div Spe 1.0000 Div -0.0176 1.0000 Comp -0.0174 -0.5146 Size 0.1255 -0.0623 Dens 0.0463 0.0643 Fonte: Elaborao prpria Comp Size Dens

1.0000 -0.2121 -0.0708

1.0000 0.0476

1.0000

Como pode ser observado, as variveis diversidade e competio apresentam uma correlao que pode induzir a alguma estimao equivocada dos parmetros do modelo. Neste caso, uma anlise de sensibilidade foi necessria. Para tal anlise, foram estimados dois modelos (anexo C) - um contendo as variveis spe, div, size e dens e o outro com as variveis spe, comp, size e dens com o objetivo de identificar alguma mudana de relao entre as variveis. Em ambos os casos, nenhum sinal de correlao entre as variveis independentes com a varivel dependente foi alterado, o que torna robusto os resultados encontrados na tabela 1. O modelo Global de Servios (Serv) rene o setor de servios nas duas regies em conjunto, e mostra que, para um nvel de significncia de 5%, as variveis diversidade (div) e densidade (dens) so proxies para o crescimento econmico, ou seja, essas variveis apresentam uma relao positiva com a varivel dependente, crescimento econmico. J as variveis especializao (spe), competitividade local (comp) e tamanho mdio das firmas (size) apresentam um efeito negativo; por exemplo, quanto mais especializado for o setor menor ser o crescimento. Analisando a magnitude dos impactos das variveis, que foram significativas, de uma forma geral pode-se perceber que a varivel especializao que apresenta maior impacto mdio (-0,474), seguido pela varivel diversidade (0,099), tamanho mdio das firmas (0,077), competitividade (-0,054) e densidade (0,052)

35 Comparando os resultados encontrados para as duas regies em anlise, pode-se notar que para a regio Sudeste, a varivel densidade no significativa. Para a regio Sul a varivel tamanho mdio das firmas no representativa. Outro ponto que se deve ressaltar a diferena do impacto que a varivel diversidade tem sobre a regio Sudeste quando comparado com a regio Sul. Este valor 20 vezes maior enquanto que para as outras variveis as dimenses do impacto sobre o crescimento so bem parecidas. No modelo estimado para todos os sete estados (ES, MG, RJ, SP, PR, RS e SC) pdese notar que a varivel tamanha mdio das firmas (size) s significativa para o estado do Rio de Janeiro. Como j apresentado, no quadro 1, da seo 2.1, Combes (2000) encontrou coeficientes negativos para essa varivel. Entretanto, o resultado (relao positiva entre diversidade e crescimento) encontrado neste trabalho tambm foi apresentado por Glaeser et al (1992), Jacobs (1969), Souza (2005), Feldman e Audrestch (1999).

3.2.1 Especializao

Em todos os casos, a especializao foi significante, porm negativa, ou seja, a especializao tem efeitos negativos sobre o crescimento. Regies mais especializadas tendem a ter problemas com o crescimento. Esta relao tambm foi encontrada na anlise exploratria dos dados, realizada na seo anterior. Em uma anlise geral dessa varivel, o setor de servios, do estado do Esprito Santo, foi o que apresentou o maior impacto negativo para o crescimento (-0,571) e, o setor de servios, do Rio Grande do Sul, apresentou um efeito negativo menor (-0,136). Este resultado contrrio teoria de Marshall-Arrow-Romer, porm tambm foi constatado por Combes (2000), Glaeser et al (1992), Feldman e Audretsch (1999) e difere aos encontrados por Britto e Albuquerque (2002), Chagas e Toneto Junior (2003) e Henderson et al (1995), que encontraram relaes positivas entre essa varivel e o crescimento. Breitbach (2005) faz um estudo de duas regies do Rio Grande do Sul: Caxias do Sul e Vale do Rio dos Sinos. A autora utilizou como fonte de dados a RAIS de emprego industrial por municpio para calcular os coeficientes de localizao, bem como adaptou uma tipologia (elaborada por pesquisadores do IBGE) para caracterizar especializao/diversificao dos municpios para o perodo 1990-2002. A primeira cidade citada apresenta uma estrutura

36 industrial diversificada e a segunda altamente especializada no complexo coureiro-caladista. A autora chegou a concluses contrrias do que quelas que so ditas na maioria dos estudos. Grande parte das abordagens sobre desenvolvimento regional presentes na literatura enfatizam a especializao como um fator favorvel s regies que buscam uma insero competitiva nos mercados, tanto nacionais como mundiais. No entanto, a autora cita autores como Aydalot (1984) e Matteaccioli (1995) que no compartilham da mesma idia citada acima. Para esses autores, uma grande especializao pode trazer maior vulnerabilidade regio, ficando essa dependente das oscilaes dos mercados. Para a autora, a especializao produtiva no a nica forma para o sucesso econmico, nem necessariamente a melhor. Ela salienta que uma regio diversificada tende a ser mais adaptvel, mais flexvel s mudanas econmicas do que uma regio altamente especializada. Uma das concluses da autora que o nvel de emprego industrial apresentou significativas oscilaes na regio especializada (Vale do Rio dos Sinos), enquanto que, na regio diversificada (Caxias do Sul), manteve-se relativamente estvel. Outra concluso que no porque uma regio diversificada que ela estar imune a crises, mas uma regio diversificada apresenta melhores condies de sustentabilidade em seu crescimento econmico do que uma regio fortemente especializada. Ela diz ainda que uma economia local rica e variada fornece um grau de autonomia e permite o controle de decises importantes.

3.2.2 Diversidade

Diferentemente da varivel especializao, a varivel diversidade apresentou sinal positivo para todas as regresses o que corrobora a resultado exploratrio. Assim sendo, a diversidade tem efeitos positivos sobre o crescimento, contudo, somente para o setor de servios no Rio Grande do Sul esta varivel no se mostrou significante. Este resultado encontrado segue a direo da teoria de Jacobs (1969), pois o mesmo afirma que em regies mais diversificadas h mais intercmbio de idias; e tambm foi verificado nos trabalhos de Glaeser et al (1992) e Feldman e Audretsch (1999). Combes (2000), entretanto, encontrou um resultado negativo.

37 De acordo com os coeficientes mostrados na tabela 1, o estado do Esprito Santo foi o que apresentou o maior efeito seguido pelo estado do Rio de Janeiro. O coeficiente menos expressivo do estado de Santa Catarina. De acordo com Britto (2002 a), o fenmeno da diversificao diz respeito expanso da empresa para novos mercados distintos de sua rea original de atuao. A diversificao uma alternativa para viabilizar o crescimento da empresa, pois, permite que esta supere os limites de seus mercados correntes e possibilita, atravs de um conjunto de diversas atividades, dinamizar o crescimento industrial. O autor citado anteriormente apresenta trs grupos distintos de fatores que justificam a diversificao proporcionar uma srie de benefcios que permitem acelerar o ritmo de acumulao e crescimento da empresa. O primeiro deles est relacionado busca de novos mercados de atuao, ou seja, a expanso para novas reas que apresentam um potencial de desenvolvimento atrativo, possibilitando acelerar o ritmo de crescimento da empresa, ou ainda a uma mudana de direo, quando a perspectiva de lucros do produto original da empresa declinante a longo prazo. O segundo grupo de fatores envolve benefcios associados ao incremento da eficincia tcnico produtiva das empresas, envolvendo a melhor utilizao dos recursos disponveis, ou seja, eficincia na alocao de recursos que se refere aos ganhos obtidos com uma utilizao mais racional dos recursos possibilitada pela diversificao. O ltimo grupo envolve benefcios relacionados ampliao da rentabilidade da empresa ao longo do tempo. Neste grupo est inserido a reduo do risco no qual, a diversificao atua de forma a compatibilizar os ciclos de negcios nos diversos mercados, minimizando o risco e maximizando o retorno a longo prazo. Ainda no terceiro grupo, o autor cita a estabilizao de ganhos como um benefcio advindo da diversificao, pois essa estabilizao refere-se obteno de menores flutuaes quanto rentabilidade do conjunto de atividades da empresa diversificada. Por ltimo, uma outra forma de ampliao da rentabilidade o aprofundamento dos laos da empresa com seus consumidores por meio da diversificao, particularmente atravs do lanamento de novos produtos. Alm disso, para Lootty e Szapiro (2002, p. 63), algumas empresas conseguem reduzir seus custos mdios5 com a diversificao de produtos, isso quer dizer que, o conceito economias de escopo6 est relacionado diversificao.

Custo mdio definido como o custo total dividido pela quantidade produzida. , ainda, a soma do custo varivel mdio e do custo fixo mdio. 6 Quando o custo de produzir dois ou mais produtos menor do que o custo de produzi-los separadamente.

5

38

3.2.3 Competitividade Local

Em relao varivel competitividade, todos os valores estimados foram negativos, porm nem todas se mostraram significantes. Tendo em vista as regresses por regio, cinco dos sete coeficientes do setor de servios no foram significativos Ela no foi significante para nenhum estado da regio Sudeste, porm, a mesma foi representativa tanto para o modelo global da regio Sudeste quanto para a regio Sul. Em contra partida, o estado de Santa Catarina foi o nico que esta varivel no foi significante. Alm disso, as duas nicas regies que tiveram esta varivel como significante, tem o crescimento influenciado de forma muito parecido pela competio local. Isto pode ser observado pela anlise dos coeficientes onde a o estimado para estado de Paran de -0,069 e o coeficiente estimado para o estado do Rio Grande do Sul de -0,065. Para os autores Glaeser et al (1992) e Jacobs (1969), esta varivel apresenta um efeito positivo para o crescimento. J Combes (2000) mostrou um efeito negativo. Os resultados encontrados neste trabalho seguiram, em parte, aqueles apresentados por Combes (2000). Na regresso global foram encontrados resultados negativos e significativos (ao nvel de 5%). Combes (2000) mostrou que a competio local no tem efeitos significativos sobre o setor de servios. Segundo Sousa (2005), uma explicao para a competitividade no ter um efeito positivo no crescimento econmico pela forma como a economia no mundo moderno est solidificada numa estrutura de uma economia concentrada, ou seja, poucas firmas participando do processo produtivo. Assim, surge o monoplio, tornando a concorrncia desleal e antitica. Para este autor, a competio, da forma que acontece, extrapola o simples ato de participar do mercado. A participao de monopolistas seja de forma indireta, atravs de cartis, conluios e trustes, faz com que cresa cada vez mais a diferena da empresa grande para a empresa pequena. Com um pensamento semelhante, Britto (2002 b) defende uma cooperao interfirmas, ou seja, a formao de alianas estratgicas. Estas alianas envolvem acordos formais e informais entre empresas que permitem um intercmbio de informaes e uma aglutinao de competncias, associando-se estruturao de arranjos cooperativos em geral de carter pr-competitivo que permitem aos agentes explorar oportunidades tecnolgicas e

39 mercadolgicas promissoras. As alianas tm sido montadas a partir de um posicionamento estratgico dos agentes, que contempla a explorao de oportunidades e a adequao s tendncias tecnolgicas. Este posicionamento das empresas est associado a uma determinada diviso de trabalho que une os diferentes agentes visando atingir determinados objetivos. Esse autor ainda relaciona essa cooperao com a diversificao, pois, para ele, a consolidao desta diviso do trabalho uma conseqncia natural da diversidade de atividades necessrias produo de determinado bem. Britto (2002 b) usa o conceito de aglomeraes industriais, ou seja, uma concentrao geogrfica e setorial de empresas, a partir da qual so geradas externalidades produtivas e tecnolgicas indutoras de um maior nvel de eficincia e competitividade. Portanto, para esse autor a estrutura dessas aglomeraes estimula um processo de interao local (e no competitividade local) que viabiliza o aumento da eficincia produtiva, criando um ambiente favorvel elevao da competitividade dos agentes integrados ao distrito industrial.

3.2.4 Tamanho Mdio das Firmas

Apenas trs dos dez parmetros estimados foram significantes: o modelo de regresso global de servios (-0,032), modelo para a regio Sudeste (-0,032) e o modelo estimado para o setor de servios do estado do Rio de Janeiro (-0,169). Os demais coeficientes so no significantes. Assim, pode-se perceber que a varivel tamanho mdio das firmas no influencia de forma significante o crescimento econmico local nos estados do Esprito Santo, Minas Gerias, So Paulo e em todos os estados da regio Sul. Para este ltimo, nem a regresso global do estado quanto s regresses estaduais tiveram significncia para este coeficiente. No entanto, os coeficientes que apresentaram significncia foram negativos, mostrando um efeito negativo da varivel tamanho no crescimento, ou seja, quanto maior o tamanho da firma, menor o crescimento. Combes (2000) verificou o mesmo efeito para a regresso global e de servios. Para ele, o efeito negativo sobre o crescimento meramente reflexo do ciclo de vida das firmas. Novas firmas so em sua maioria pequenas e tendem a ter um crescimento rpido at atingirem o seu tamanho ideal, assim sendo, estagnando o crescimento do emprego. O que de certa forma intuitiva para o setor de servios, como por exemplo, hotis e restaurantes.

40 Hasenclever e Ferreira (2002) apresentam duas linhas de pensamento que relacionam o tamanho da empresa com outras variveis, tais como P&D e inovao tecnolgica (proxies para o crescimento), para analisar qual a melhor estrutura. A primeira delas a anlise neoclssica que diz que no regime de concorrncia, onde predominam as pequenas e mdias empresas, promove mais adequadamente a inovao tecnolgica. Outras vantagens para esses tipos de empresa so: organizao menos burocratizada, maior motivao para a criatividade e maior disposio para dividir o mercado. A segunda linha de pensamento a hiptese de Schumpeter, que foi traduzido, a partir de 1960, de duas formas: a inovao cresce mais que proporcionalmente com o tamanho da empresa e a inovao cresce com a concentrao do mercado; ou seja, para os estudos dessa poca h um efeito positivo do tamanho da empresa na atividade de inovao. Para justificar esse efeito, destacam-se as imperfeies do mercado de capitais, que conferem vantagens para as grandes empresas por permitirem acesso mais fcil a financiamentos para os projetos de P&D, ou o fato de que grandes empresas dispem de recursos prprios; e tambm o fato de que as empresas maiores e mais diversificadas esto melhores posicionadas para explorar os resultados de P&D pelo fato de atuarem em mercados mais amplos. Os contra-argumentos dessa segunda hiptese concentram-se no aumento da burocratizao das atividades quando aumenta o tamanho da empresa. Goodwin (1998) em suas anlises sobre o tamanho da firma e os gastos com P&D, apresenta as idias de Horowitz (1962), que no seu estudo Firm Size and Research Activity encontrou uma fraca correlao entre os gastos com pesquisa e tamanho da firma. A autora ainda destaca o trabalho de Demsetz (1969) em Information and Efficiency: Another Viewpoint", que sugere que essa relao entre tamanho da firma e gastos com P&D inconclusiva, ou seja, para ele, no se pode dizer que firmas maiores gastam mais com P&D do que firmas menores. Demsetz (1969) no d uma resposta direta razo pela qual as empresas inovam, nem apresenta uma teoria de inovao, em vez disso, ele conclui que as empresas decidem sobre os gastos com P&D, olhando para um ponto de equilbrio entre os possveis retornos e os custos associados a eles. Assim, Goodwin (1998) conclui que no h uma concluso bvia para afirmar que firmas maiores gastam mais com P&D do que firmas menores. Ela ainda diz que a credibilidade das hipteses Schumpeterianas est enfraquecida devido falta de elementos comprobatrios. Para ela, existe uma relao positiva entre P&D e tamanho da empresa at um certo ponto e, depois, h uma relao negativa (talvez um ponto de inflexo) entre P&D e a dimenso da empresa.

41

3.2.5 Densidade

Para esta varivel, trs dos dez coeficientes estimados foram significativos e dez dos onze foram positivos. A regresso do setor de servios e regresso para a regio Sul tiveram sinais positivos, ou seja, um aumento da densidade em determinada regio impulsionam o crescimento econmico. Com relao regresso da regio Sudeste, esta varivel no foi significativa. Em relao s regresses regionais, a densidade no foi significativa para o estado de Minas Gerias e Rio de Janeiro. Os estados do Esprito Santo, So Paulo, Paran e Santa Catarina apresentaram efeitos positivos para estava varivel, enquanto o estado do Rio Grande do Sul foi o nico que apresentou relao inversa com a mesma. A regio de Santa Catarina a que sofre maior influncia da densidade enquanto So Paulo o estado que tm seu crescimento impactado de menor forma. O resultado encontrado para esta varivel condiz com o que foi encontrado por Britto e Albuquerque (2002), Ciccone e Hall (1996) e Benko (1999) apud Gonalves (2006), ou seja, a densidade tem um efeito positivo para o setor de servios. Isso ocorre, pois o tamanho do mercado local influencia a escolha de localizao da firma que procura se enquadrar perto dos mercados de insumo e produto e onde a troca de informao possa ser rpida. Por fim, Bastos et al (2008) dizem que, historicamente o setor de servios foi tratado de maneira residual e somente a partir do sculo XX houve um aumento das pesquisas sobre o setor. Kubota (2006) tambm afirma que o setor de servios foi marginalizado. Porm este cenrio est mudando, principalmente pelo aumento da importncia do setor de servios tanto em pases desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Devido falta de teorias sobre o setor de servios e a escassa literatura sobre o mesmo, optou-se neste trabalho por utilizar argumentos tericos, em algumas partes, relativos a firmas industriais. Esta adaptao est respaldada pelos trabalhos de Cohen e Zysman (1987) apud Bastos et al. (2008) que afirmam que no possvel dissociar o setor de servios do setor industrial. Bastos et al (2008) utilizam o Teste de Causalidade de Granger para avaliar a direo de causalidade entre os dois setores. Em seu trabalho, os autores investigaram o setor tercirio na regio Sudeste no perodo de 1995 a 2006. Para tal anlise

42 foram utilizadas as taxas trimestrais de crescimento do PIB brasileiro alm de informaes de emprego extrado da RAIS. Os autores encontraram empiricamente uma relao de causalidade bilateral, ou seja, eles concluram ser verdadeira a hiptese de Cohen e Zysman (1987). Bastos et al (2008) ainda ressaltam que no possvel que o crescimento do setor de servios causa o crescimento do setor industrial ou vice-versa.

43

4. CONCLUSO

Este trabalho procurou entender como a estrutura econmica pode afetar o desenvolvimento regional. Verificou-se que a estrutura econmica impacta de forma significante o crescimento do emprego local. Os efeitos das variveis independentes atuam de forma similar sobre o crescimento nos estados e regies analisadas. A varivel que tem o maior impacto mdio sobre o crescimento do emprego local a especializao seguida pela diversidade, tamanho mdio das firmas, competitividade e por ltimo a densidade. O modelo proposto por Combes (2000) apresentou-se significante em todas as regresses utilizadas, porm os resultados encontrados no presente trabalho no foram iguais queles encontrados pelo autor citado. A varivel especializao apresentou efeitos negativos sobre o crescimento, ou seja, um setor de servios especializado tem um crescimento menor. Esse resultado foi o mesmo encontrado na anlise exploratria dos dados, isto , quando se analisou de forma bivariada o crescimento e a especializao e tambm no se tratou de forma adequada o problema da censura inerente aos dados. Naquela anlise, apresentada na seo 3.1, praticamente inexistia uma correlao entre a varivel em anlise e o crescimento econmico local. A varivel oposta especializao, a diversidade, apresentou efeitos tambm contrrios ao encontrado pela varivel especializao, ou seja, a diversidade mostrou um impacto positivo sobre o crescimento. Isso nos leva concluso que, para as regies em anlise, um conglomerado com um portflio diversificado de produtos e com atividades complementares gera um maior crescimento local. Esse resultado, diferentemente do resultado da especializao, foi tambm encontrado na seo 3.1, quando se fez a anlise exploratria dos dados. Apesar de no ter sido a mesma concluso de Combes (2000), este

44 resultado foi o mesmo encontrado por Glaeser et al. (1992) e est de acordo com a teoria proposta por Jacobs (1969). A varivel competitividade local apresentou efeitos negativos em todas as regresses estimadas. No entanto, na seo 3.1 ela apresentou efeitos positivos, uma possvel hiptese para esta diferena, como j dito anteriormente, pode ser o problema originado pela censura dos dados ou ento a ao de outra varivel sobre a mesma dado que a anlise economtrica ocorre de forma multivariada. Ento, a concluso principal para esta varivel que, nas regies de anlise, no se deve haver uma concorrncia entre as firmas do distrito, isto , a competio no deve ser local, pois, se for, o crescimento econmico local ser menor. Todos os coeficientes da varivel tamanho mdio das firmas que foram significantes so tambm negativos. Contudo, sete dos dez modelos estimados no foram significantes. Este resultado foi tambm encontrado na seo de anlise exploratria dos dados onde existe uma fraca correlao e esta negativa. Ou seja, pode-se tirar duas concluses a respeito dessa varivel para as regies estudadas. Primeiro, o tamanho mdio das firmas no significante para a maioria das regies. Segundo, para as regies em que a varivel em questo significante, ela gera um impacto negativo no crescimento econmico local. Por ltimo a varivel densidade, em sua maioria, tem efeitos positivos sobre o crescimento. Este resultado foi diferente do encontrado na seo 3.1, o qual mostra uma fraqussima relao negativa. Ou seja, quanto mais densa for uma rea, quanto mais empresas se localizarem nela, maior ser o crescimento local, visto que a escolha de localizao influenciada pelo tamanho do mercado local. Assim, atravs do estudo feito, pode-se notar que cada regio tem caractersticas muito semelhantes e, portanto, cada regio sofrer impactos muito semelhantes das variveis, como pode ser observado na tabela 3. Os sinais de influncia diferem muito pouco, contudo, a magnitude da influncia das variveis sobre cada regio e estado so bem divergentes, o que ressalta a peculiaridade existente em cada localidade.

45 Tabela 3 - Sinais dos Coeficientes das RegressesModelo Serv Sudeste Sul ES Serv MG Serv RJ Serv SP Serv PR Serv RS Serv SC Serv Spe.-

Div.+ + + + + + + +

Comp.-

Size-

Dens.+

+ +-

++

+ Fonte: Elaborao prpria. Obs. Clulas em branco no tiveram seus coeficientes significantes

+

O importante a ser salientado que, neste estudo, procedeu-se com a presena de dados censurados e que, devido a eles, algumas variveis apresentaram resultados diferentes entre a anlise exploratria dos dados e a regresso. tambm importante entender que este estudo no tem como objetivo dizer o que melhor para cada regio, e sim, analisar o que fez cada regio crescer ou no, ou seja, o que impacta no crescimento econmico local.

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REFERNCIAS

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50 ANEXOS ANEXO A: Setores de Servios de acordo com a diviso CNAE 95 Classificao Nacional das Atividades Econmicas Setores de Servios Eletricidade, gs e gua quente Captao, tratamento e distribuio de gua Construo Com e rep de veculos automotores e motocicletas, com a varejo de comb Com por atacado e representantes comerciais e agentes do comrcio Com varejista e reparao de objetos pessoais e domsticos Alojamento e alimentao Transporte terrestre Transporte aquavirio Transporte areo Atividades anexas e auxiliares do transporte e agncias de viagem Correio e telecomunicaes Intermediao financeira Seguros e previdncia complementar Atividades auxiliares da intermediao financeira, seguros e prev complementar Atividades imobilirias Aluguel de veculos, mquinas e equipamentos sem condutores ou op Atividades de informtica e servios relacionados Pesquisa e desenvolvimento Servios prestados principalmente as empresas Administrao pblica, defesa e seguridade social Educao Sade e servios sociais Limpeza urbana e esgoto e atividades relacionadas Atividades associativas Atividades recreativas, culturais e desportivas Servios pessoais Servios domsticos Organismos internacionais e outras instituies extraterritoriaisFonte: Elaborao prpria com informaes da RAIS.

51 ANEXO B: Microrregies do Sudeste e Sul (definidas pelo IBGE)

REGIO SUDESTEMINAS GERAIS Unai Conselheiro Lafaiete Paracatu Guanhaes Januaria Pecanha Janauba Governador Valadares Salinas Mantena Pirapora Ipatinga Montes Claros Caratinga Grao Mogol Aimores Bocaiuva Pice Diamantina Divinopolis Capelinha Formiga Aracuai Campo Belo Pedra Azul Oliveira Almenara Passos Teofilo Otoni Sao Sebastiao do Paraiso Nanuque Alfenas Ituiutaba Varginha Uberlandia Pocos de Caldas Patrocinio Pouso Alegre Patos de Minas Santa Rita do Sapucai Frutal Sao Lourenco Uberaba Andrelandia Araxa Itajuba Tres Marias Lavras Curvelo Sao Joao Del Rei Bom Despacho Barbacena Sete Lagoas Ponte Nova Conceicao do Mato Dentro Manhuacu Para de Minas Vicosa Belo Horizonte Muriae Itabira Uba Itaguara Juiz de Fora Ouro Preto Cataguases ESPRITO SANTO Barra de Sao Francisco Santa Teresa Nova Venecia Vitoria Colatina Guarapari Montanha Alegre Sao Mateus Cachoeiro de Itapemirim Linhares Itapemirim Afonso Claudio

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RIO DE JANEIRO Itaperuna Lagos Santo Antonio de Padua Vale do Paraiba Fluminense Campos dos Goytacazes Barra do Pirai Macae Baia da Ilha Grande Tres Rios Vassouras Cantagalo-Cordeiro Serrana Nova Friburgo Macacu-Caceribu Santa Maria Madalena Itaguai Bacia de Sao Joao Rio de Janeiro SO PAULO Jales Campinas Fernandopolis Amparo Votuporanga Dracena Sao Jose do Rio Preto Adamantina Catanduva Presidente Prudente Auriflama Tupa Nhandeara Marilia Novo Horizonte Assis Barretos Ourinhos Sao Joaquim da Barra Itapeva Ituverava Itapetininga Franca Tatui Jaboticabal Capao Bonito Ribeirao Preto Piedade Batatais Sorocaba Andradina Jundiai Aracatuba Braganca Paulista Birigui Campos do Jordao Lins Sao Jose dos Campos Bauru Guaratingueta Jau Bananal Avare Paraibuna/Paraitinga Botucatu Caraguatatuba Araraquara Registro Sao Carlos Itanhaem Rio Claro Osasco Limeira Franco da Rocha Piracicaba Guarulhos Pirassununga Itapecerica da Serra Sao Joao da Boa Vista Sao Paulo Moji-Mirim Moji das Cruzes Santos

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REGIO SULPARAN Paranavai Ponta Grossa Umuarama Toledo Cianorte Cascavel Goioere Foz do Iguacu Campo Mourao Capanema Astorga Francisco Beltrao Porecatu Pato Branco Florai Pitanga Maringa Guarapuava Apucarana Palmas Londrina Prudentopolis Faxinal Irati Ivaipora Uniao da Vitoria Assai Sao Mateus do Sul Cornelio Procopio Cerro Azul Jacarezinho Lapa Ibaiti Curitiba Wesceslau Braz Paranagua Telemaco Borba Rio Negro Jaguariaiva SANTA CATARINA Sao Miguel D'oeste Rio do Sul Chapeco Blumenau Xanxere Itajai Joacaba Ituporanga Concordia Tijucas Canoinhas Florianopolis Sao Bento do Sul Tabuleiro Joinville Tubarao Curitibanos Criciuma Campos de Lages Ararangua RIO GRANDE DO SUL Santa Rosa Restinga Seca Tres Passos Santa Cruz do Sul Frederico Westphalen Lajeado-Estrela Erechim Cachoeira do Sul Sananduva Montenegro Cerro Largo Gramado-Canela Santo Angelo Sao Jeronimo Ijui Porto Alegre Carazinho Osorio Passo Fundo Camaqua Cruz Alta Campanha Ocidental Nao-Me-Toque Campanha Central Soledade Campanha Meridional Guapore Serras de Sudeste Vacaria Pelotas Caxias do Sul Jaguarao Santiago Litoral Lagunar Santa Maria

54 ANEXO C: Modelos para verificao de multicolinearidade Modelo: Spe, Div, Size, DensCoef. -0.50138 0.051413 -0.01552 0.037518 Std. Err. 0.009937 0.003069 0.011907 0.007108 t -50.46 16.75 -1.3 5.28 P>t 0.000 0.000 0.193 0.000 [95% Conf. Interval] -0.52086 -0.4819 0.045398 0.057429 -0.03886 0.007826 0.023585 0.051452

Spe Div Size Dens

Modelo: Spe, Comp, Size, DensCoef. -0.49796 -0.06003 -0.10491 0.036794 Std. Err. 0.009759 0.011907 0.007887 0.006987 t -51.03 -5.04 -13.3 5.27 P>t [95% Conf. Interval] 0.000 -0.51709 -0.47883 0.000 -0.08337 -0.03669 0.000 -0.12037 -0.08945 0.000 0.023098 0.05049

Spe Size Comp Dens