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REVISTA UNIANDRADE V.12 N.2 ANÁLISE DE RISCO DE DOENÇA GASTROINTESTINAL ASSOCIADA À PATÓGENOS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA Margarete Martins dos Santos Afonso 1 , Cássia Regina Alves Pereira 2 , Aldo Pacheco Ferreira 3 , Marco Aurélio Pereira Horta 4 , Rosângela Mourat da Rocha Ávila 5 RESUMO A crescente presença de patógenos no ambiente aquático representa um dos maiores problemas de saúde pública decorrentes em grande escala de deficiências inerentes ao saneamento. A análise de risco baseou-se no método WHO (2001), com adaptações propostas por DONOVAN et al. (2008), concatenando aplicações com dados sanitários da malha hídrica que desemboca na Baía de Sepetiba. O risco anual para o desenvolvimento de gastrenterites na população que usufruir dessa Baía é de 0,63577, que comparados aos valores da USEPA e WHO, significa ser aproximadamente 63 vezes e meia maior a probabilidade de desenvolver gastrenterites devido ao uso recreacional das águas da Baía de Sepetiba. A avaliação de risco microbiológico traz informações sobre o risco de doenças a que estão expostas as populações e com base nessas informações, medidas de controle e proteção podem ser propostas para minimizar agravos significativos a população. Palavras-chave: Análise de risco; gastrenterite; patógenos de veiculação hídrica; saúde pública; Baía de Sepetiba. ABSTRACT The growing presence of pathogens in the aquatic environment represents the largest public health problems arising from large-scale deficiencies inherent in sanitation. The risk analysis was based on the WHO method (2001), with adjustments proposed by DONOVAN et al. (2008), concatenating health data applications with mesh water that flows to Sepetiba Bay. The annual risk for the development of gastroenteritis in the population who use this bay is 0.63577, compared to the values from USEPA and WHO, it means be approximately 63 and half times more to develop gastroenteritis due to recreational use in Sepetiba Bay. The microbiological risk assessment provides information on the disease risk they that population are exposed and based on that information, protection and control measures can be proposed to minimize significant harm to the population. Keywords: Risk analysis; gastroenteritis; waterborne pathogens; public health; Sepetiba Bay. _______________ 1. Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca. Rua Leopoldo Bulhões, 1480, CEP 21041-210, Manguinhos. Rio de Janeiro, Brasil. [email protected] 2. Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública e Meio Ambiente. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca 3. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/Ensp/Fiocruz) 4. Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública e Meio Ambiente. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca 5. CEFET/RJ. Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca 95

ANÁLISE DE RISCO DE DOENÇA GASTROINTESTINAL ASSOCIADA À PATÓGENOS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA

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A crescente presença de patógenos no ambiente aquático representa um dosmaiores problemas de saúde pública decorrentes em grande escala de deficiênciasinerentes ao saneamento. A análise de risco baseou-se no método WHO (2001),com adaptações propostas por DONOVAN et al. (2008), concatenando aplicaçõescom dados sanitários da malha hídrica que desemboca na Baía de Sepetiba. O riscoanual para o desenvolvimento de gastrenterites na população que usufruir dessaBaía é de 0,63577, que comparados aos valores da USEPA e WHO, significa seraproximadamente 63 vezes e meia maior a probabilidade de desenvolvergastrenterites devido ao uso recreacional das águas da Baía de Sepetiba. Aavaliação de risco microbiológico traz informações sobre o risco de doenças a queestão expostas as populações e com base nessas informações, medidas de controlee proteção podem ser propostas para minimizar agravos significativos a população.

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  • REVISTA UNIANDRADE V.12 N.2

    ANLISE DE RISCO DE DOENA GASTROINTESTINAL ASSOCIADA PATGENOS DE VEICULAO HDRICA

    Margarete Martins dos Santos Afonso1, Cssia Regina Alves Pereira2, Aldo Pacheco

    Ferreira3, Marco Aurlio Pereira Horta4, Rosngela Mourat da Rocha vila5

    RESUMO A crescente presena de patgenos no ambiente aqutico representa um dos maiores problemas de sade pblica decorrentes em grande escala de deficincias inerentes ao saneamento. A anlise de risco baseou-se no mtodo WHO (2001), com adaptaes propostas por DONOVAN et al. (2008), concatenando aplicaes com dados sanitrios da malha hdrica que desemboca na Baa de Sepetiba. O risco anual para o desenvolvimento de gastrenterites na populao que usufruir dessa Baa de 0,63577, que comparados aos valores da USEPA e WHO, significa ser aproximadamente 63 vezes e meia maior a probabilidade de desenvolver gastrenterites devido ao uso recreacional das guas da Baa de Sepetiba. A avaliao de risco microbiolgico traz informaes sobre o risco de doenas a que esto expostas as populaes e com base nessas informaes, medidas de controle e proteo podem ser propostas para minimizar agravos significativos a populao. Palavras-chave: Anlise de risco; gastrenterite; patgenos de veiculao hdrica; sade pblica; Baa de Sepetiba. ABSTRACT The growing presence of pathogens in the aquatic environment represents the largest public health problems arising from large-scale deficiencies inherent in sanitation. The risk analysis was based on the WHO method (2001), with adjustments proposed by DONOVAN et al. (2008), concatenating health data applications with mesh water that flows to Sepetiba Bay. The annual risk for the development of gastroenteritis in the population who use this bay is 0.63577, compared to the values from USEPA and WHO, it means be approximately 63 and half times more to develop gastroenteritis due to recreational use in Sepetiba Bay. The microbiological risk assessment provides information on the disease risk they that population are exposed and based on that information, protection and control measures can be proposed to minimize significant harm to the population. Keywords: Risk analysis; gastroenteritis; waterborne pathogens; public health; Sepetiba Bay. _______________ 1. Programa de Ps-Graduao em Sade Pblica. Escola Nacional de Sade Pblica Srgio Arouca. Rua Leopoldo Bulhes, 1480, CEP 21041-210, Manguinhos. Rio de Janeiro, Brasil. [email protected] 2. Programa de Ps-Graduao em Sade Pblica e Meio Ambiente. Escola Nacional de Sade Pblica Srgio Arouca 3. Escola Nacional de Sade Pblica Srgio Arouca, Centro de Estudos da Sade do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/Ensp/Fiocruz) 4. Programa de Ps-Graduao em Sade Pblica e Meio Ambiente. Escola Nacional de Sade Pblica Srgio Arouca 5. CEFET/RJ. Centro Federal de Educao Tecnolgica Celso Suckow da Fonseca

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    INTRODUO

    O Estado do Rio de Janeiro composto por 92 municpios que foram sendo

    criados gradativamente a partir de processos de emancipao socioeconmica

    segundo relatrio do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE/RJ). Ao

    levantar os dados junto ao Sistema nico de Sade (SUS) e ao TCE/RJ, se verifica

    que os municpios de Itagua e Mangaratiba foram os mais expressivos quanto aos

    reflexos do passivo ambiental por comportarem a maioria dos rios que compem a

    malha hdrica que drena toda a bacia hidrogrfica da regio e que desemboca na

    Baa de Sepetiba (FERREIRA, CUNHA; 2005).

    Os ecossistemas marinhos so altamente complexos, dinmicos e sujeitos a

    muitos relacionamentos internos e externos que esto suscetveis a mudanas ao

    longo do tempo. Os poluentes que entram nas guas costeiras e esturios criam

    problemas graves que causam srios prejuzos para a vida e as atividades

    marinhas. Como ponto de investigao, as aves vm sendo usadas como

    indicadores da condio ambiental porque so particularmente sensveis a

    mudanas de origem antrpica (BOST, LEMAHO, 1993).

    A anlise de risco consiste de quatro etapas principais: identificao do

    perigo, avaliao da exposio, avaliao da relao da doseresposta e

    caracterizao do risco. Dentro dessa estrutura, a avaliao do risco a estimativa e

    a caracterizao qualitativa e quantitativa de efeitos potencialmente adversos

    sade associados exposio de indivduos ou populaes a materiais e situaes

    perigosas (GERBA et. al., 2000). Em decorrncia, a anlise de risco de doena

    gastrointestinal associada a patgenos apresenta-se, portanto, como ferramenta til

    na estimativa de risco de infeco, doena ou morte em decorrncia da exposio

    patgenos de veiculao hdrica (GERBA et al., 2002).

    Portanto, em decorrncia da anlise quantitativa e probabilstica, propiciado

    elementos para intervenes, tais como o estabelecimento de leis, padres e

    normas, focadas na promoo e proteo da sade humana. Cabe ressaltar que a

    anlise de risco, fortalece-se gradativamente como mtodo, dando subsdios para se

    estimar riscos sade humana relacionados s guas de consumo e recreacionais.

    E assim tem se consolidado como ferramenta importante pela Organizao

    Mundial de Sade (OMS) para a validao de planos para estabelecer polticas que

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  • REVISTA UNIANDRADE V.12 N.2

    visem melhoria da qualidade da gua e, portanto a promoo da sade humana,

    como apresentado na figura 1.

    Figura 1 - Diagrama esquemtico para avaliao de risco microbiolgico

    Fonte: (WHO, 2001)

    Surtos de doenas relacionados exposio s guas de recreao tem sido

    descritos mundialmente, como o surto de gastrenterite por Giardia sp. em Nova York

    no ano de 1982 entre militares, bombeiros e policiais que nadaram nos rios Hudson

    e Leste (USEPA, 1998). Em 1998, uma reviso de 22 estudos epidemiolgicos com

    guas recreacionais mostrou uma relao estreita dos microrganismos indicadores

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    Enterococcus e Streptococcus sp. com as enfermidades gastrointestinais em guas

    salgadas e doces (PRUSS, 1998).

    Segundo a Resoluo 357/05 do CONAMA (2005) nos pargrafos 3 e 4, a

    qualidade dos ambientes aquticos poder ser avaliada por indicadores biolgicos,

    quando apropriado, utilizando-se organismos e/ou comunidades aquticas. As

    possveis interaes entre as substncias e a presena de contaminantes passveis

    de causar danos aos seres vivos, devero ser investigadas utilizando-se ensaios

    ecotoxicolgicos, toxicolgicos, ou outros mtodos cientificamente reconhecidos.

    A balneabilidade determinada conforme a Resoluo 274/00 do CONAMA

    (2000) onde aps 5 semanas de coletas e anlises microbiolgicas para coliformes

    fecais, Escherichia coli e/ou enterococos, nos dias e locais de maior afluncia do

    pblico. Quando da utilizao de mais de um indicador biolgico as guas tero

    suas condies avaliadas de acordo com o critrio mais restritivo. Ressalta-se que

    os padres referentes aos enterococos aplicam-se somente s guas marinhas. O

    monitoramento da balneabilidade realizado nos meses de vero, perodo de maior

    procura dos corpos dgua para banho e recreao.

    O alvo deste estudo foi demonstrar o potencial de risco microbiolgico

    relacionado balneabilidade da Baa de Sepetiba, que est situada na costa sul do

    oceano Atlntico, Rio de Janeiro, Brasil. Adicionalmente, este estudo realizou uma

    anlise ecolgica descritiva, de forma a comparar historicamente o perfil

    epidemiolgico no perodo de 1997 a 2010, da morbidade por diarria e gastrenterite

    de origem infecciosa presumvel da populao dos Municpios analisados,

    buscando-se contribuir dessa forma para traar o perfil epidemiolgico da populao

    local. Com os dados obtidos buscou-se relacionar o custo social e os investimentos

    na sade, sugerindo-se medidas preventivas aos municpios.

    Atividades potencialmente poluidoras contribuintes Baa de Sepetiba

    A bacia da Baa de Sepetiba possui uma populao estimada de 1.295.000

    habitantes, os quais geram uma produo de esgotos sanitrios da ordem de

    286.900 m3/dia. A carga orgnica produzida na bacia de aproximadamente 70.000

    kg/dia, em termos de demanda bioqumica de oxignio (DBO), lanada, na prtica,

    diretamente nos corpos dgua, j que uma parcela muito pouco significativa

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    dotada de algum tratamento (COPELAND et al., 2003).

    A olericultura e a fruticultura so as principais atividades agrcolas da regio.

    A utilizao de defensivos agrcolas intensa, podendo trazer graves

    conseqncias, tanto para os rios quanto para as guas da Baa, tendo em vista que

    muitos desses compostos so resistentes e acumulativos na cadeia trfica

    (FERREIRA, CUNHA; 2005).

    A indstria qumica, quanto ao potencial de contaminao por efluentes

    lquidos e por resduos slidos, a segunda mais importante a ser considerada

    (MORENO, 2005). Cabe ressaltar que basicamente esto estabelecidas nos

    Municpios de Nova Iguau, Queimados, Itagua e na zona industrial de Santa Cruz

    as indstrias com considervel potencial txico (FERREIRA, 2009). necessrio

    levar em conta que, em termos de toxicidade, a descarga em grande quantidade de

    uma substncia de baixa toxicidade supera, em termos de danos ambientais, a

    descarga de uma substncia considerada de alta periculosidade, porm em

    quantidade reduzida (PARAQUETI et al., 2004).

    Segundo Ferreira & Cunha (2005), a poluio ambiental mais relevante

    associada ao setor industrial relacionada contaminao ambiental por metais

    pesados. Esta, embora decorrente do lanamento destes, em vrios pontos do

    sistema hdrico da bacia, tem como principal compartimento os sedimentos do fundo

    da Baa de Sepetiba, em especial na sua poro leste, com lanamentos e

    derramamentos acidentais diretamente na costa. Quanto aos resduos slidos,

    considervel potencial de gerao existente na bacia, o problema mais urgente

    situa-se no equacionamento dos passivos ambientais acumulados (VELLOSO,

    2008).

    METODOLOGIA

    rea de Estudo

    A baa de Sepetiba localiza-se no Estado do Rio de Janeiro, entre as latitudes

    2255' e 2305S e as longitudes 4340' e 4440W, com rea de aproximadamente

    450 km2 (figura 2). Apresenta forma alongada, limitando-se a norte e a leste pelo

    continente, ao sul pela Restinga de Marambaia e a oeste pela Baa de Ilha Grande.

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    Seu maior comprimento de 42,5 km no sentido leste-oeste e sua maior largura

    de 17,2 km no sentido norte-sul, com permetro de 122 km.

    A bacia hidrogrfica contribuinte baa de Sepetiba tem duas origens: a

    vertente da serra do Mar e uma extensa rea de baixada, recortada por inmeros

    rios, composta de 22 sub-bacias (COSTA, 1992). Os principais rios da regio

    hidrogrfica da Baa de Sepetiba so os rios Guandu (chamado de canal de So

    Francisco na poro final, prximo baa), da Guarda, canal do It (interligado com

    o rio Guandu-Mirim), Piraqu, Portinho, Mazomba e Cao. Os demais rios so

    cursos dgua com bacias bem menores, com baixssimas vazes. O rio Guandu o

    mais importante da bacia de contribuio. Responsvel pelo abastecimento de gua

    para vrias cidades forma o principal manancial da cidade do Rio de Janeiro

    (PARAQUETI et al., 2004). As vazes mdias dos rios citados so: 89 m3/s, 6,8

    m3/s, 3,3 m3/s, 2,5 m3/s, 8,8 m3/s, 0,5 m3/s e 1,1 m3/s, respectivamente.

    Figura 2 - rea de estudo: Baa de Sepetiba

    Atualmente, a bacia da baa de Sepetiba possui uma populao estimada de

    1.295.000 habitantes, os quais geram uma produo de esgotos sanitrios da ordem

    de 286.900 m3/dia. A grande parte dos municpios, compreendidos nesta bacia no

    conta com servios de coleta de resduos slidos e mais precria ainda, a situao

    de disposio final desses resduos, sendo comum o lanamento em lixes, que em

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  • REVISTA UNIANDRADE V.12 N.2

    grande parte esto localizados s margens dos rios e em encostas e prximos a

    aglomeraes urbanas, resultando em uma grave degradao ambiental. O aumento

    desordenado da populao, sem a correspondente ampliao da infra-estrutura de

    saneamento adequada, o grande volume de resduos industriais e o uso, ainda que

    moderado, de agrotxicos nas atividades agrcolas, representam fontes poluidoras

    para as guas da bacia (ARAJO et al. 1998).

    O municpio de Itagua tem uma rea total de 281,3 km2, correspondentes a

    12,25% da bacia da baa de Sepetiba. Possui uma populao de 105.640 habitantes

    (IBGE, 2009). O municpio de Mangaratiba tem uma rea total de 351,8 km2,

    correspondentes a 17,36% da bacia da baa de Sepetiba. Possui uma populao de

    224.901 habitantes (IBGE, 2009).

    Anlise de risco

    O desenvolvimento da anlise de risco baseou-se no mtodo WHO (2001)

    Assessment risk and risk management for water-related infectious, com adaptaes

    propostas por DONOVAN et al. (2008), concatenando aplicaes com dados

    sanitrios da malha hdrica que desemboca na Baa de Sepetiba. Ainda na

    composio dos clculos utilizaram-se dados de enterococos dirios e anuais, que

    foram associados a taxas pr-determinadas pela USEPA de exposio a guas de

    recreao e ingesto (GERBA et al., 2000). Adicionalmente, incorporou-se nas

    anlises um banco de dados da rea de estudo, concatenando a situao

    microbiolgica dos rios pesquisados para o perodo de 2009, os quais foram

    disponibilizados pela Companhia estadual de guas e esgoto do Rio de Janeiro

    (CEDAE). Cabe destacar que a CEDAE, monitora sistematicamente os rios da

    regio, pois dessa malha hidrogrfica d-se a captao, tratamento e distribuio da

    gua potvel para todo o Municpio do Rio de Janeiro.

    Estudo ecolgico descritivo

    Foi realizado um estudo ecolgico de sries temporais descritivo para o

    perodo de 1997 a 2010 tendo como unidades de anlise os municpios de Itagua e

    Mangaratiba, localizados no Estado do Rio de Janeiro.

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  • REVISTA UNIANDRADE V.12 N.2

    Dados foram obtidos para a populao total e grupos de sexo a partir do

    banco de dados sobre internaes por faixa etria pela causa XI Doenas do

    aparelho digestrio (CID-10), Mortalidade Infantil por diarria com fonte de dados no

    Programa de Sade da Famlia (PSF), populao coberta pelo programa PSF,

    dados de indivduos hospitalizados por desidratao e nmero de Centros de Sade

    e Unidades Bsicas de Sade nos municpios de Itagua e Mangaratiba apenas do

    ano de 2009. Adicionalmente, foram incorporados na anlise dados fornecidos pela

    Secretaria de Sade do Estado do Rio de Janeiro relativos aos municpios em

    estudo, inseridos na situao-base de dados nacionais de 2010.

    Dados populacionais foram obtidos a partir dos Censos de 1991 e 2000, e

    contagem populacional de 1996 do IBGE. Para os anos intercensitrios foram

    usadas estimativas populacionais do Ministrio da Sade Datasus.

    RESULTADOS

    Segundo dados do Sistema de ateno de informao bsica (SIAB), em

    2009 a taxa de mortalidade infantil por diarria no municpio de Itagua foi de

    6,6/1.000 nascidos vivos, enquanto que o municpio de Mangaratiba no fornece

    dados sobre esse importante indicador de sade no referente ano. Ainda a SIAB

    mostra que 26,3% da populao do municpio de Itagua foi atendida pela cobertura

    do programa PSF, ao passo que no municpio de Mangaratiba a populao coberta

    pelo mesmo programa foi de 69,3% no ano de 2009 num universo de 35 centros de

    atendimento de sade (21 pblicos, 01 filantrpico, 13 privados e 00 sindicais) no

    municpio de Itagua e apenas 04 (04 pblicos, 00 filantrpico, 00 privados e 00

    sindicais) no municpio de Mangaratiba. Ambos os municpios no apresentaram

    dados de hospitalizaes por desidratao no ano de 2009.

    Embora houvesse semelhana nos valores totais em ambos os municpios

    quanto a idade, observou-se maior prevalncia de internaes em faixas etrias

    menores que 05 a 09 anos e na faixa etria de 50 a 64 anos em ambos os

    municpios (Tabela 1).

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    Tabela 1 - Internaes por faixa etria e causa Doenas do Aparelho Digestrio (XI-

    CID-10) nos Municpios de Itagua e Mangaratiba no ano de 2009.

    Faixa Etria Itagua (%) Mangaratiba (%)

    menor que 1 ano 7,3 2,8

    1 a 4 anos 6,8 4,8

    5 a 9 anos 19,5 20,6

    10 a 14 anos 18,1 12,1

    15 a 19 anos 3,5 3,7

    20 a 49 anos 11,7 11,0

    50 a 64 anos 19,3 18,7

    65 anos ou mais 9,0 9,5

    Total por todas as idades 11,7 11,1

    Partindo do indicador de exposio bacteriana preconizado pelos padres da

    USEPA (1986) e WHO (2001), que reportam uma relao dose resposta de 104

    enterococcos/100 ml em cada 1.000 pessoas expostas s guas de recreao,

    assim como 72 ml/dia como sendo a ingesto estimada de gua por pessoa, ambos

    so capazes de desencadear 19 enfermidades gastroentricas, procederam-se

    clculos de risco absoluto e risco anual. A relao dose resposta descrita seguindo

    a equao 1;

    taxa da doena/1.000 pessoas = 12,17 X log10 (densidade de enterococos) + 0,20 (eq. 1)

    Dessa forma o risco absoluto (considerado evento nico) estimado pela

    equao 2 que tambm envolve taxas de ingesto de gua, como a seguir:

    Riscoabsoluto = (12,17/1.000) X log [ C x (IRgua ingerida / IRpessoas expostas a gua de recreao) + 0,2] (eq. 2)

    onde:

    C = mdia aritmtica da concentrao de enterococcos (UFC/ml)

    IRgua ingerida = taxa de ingesto acidental de gua do stio de estudo (ml/dia)

    IRpessoas expostas a gua de recreao = taxa de ingesto de gua da regresso dose resposta (ml/dia)

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    O risco anual explicado pela equao 3, descrita a seguir:

    Riscoanual = 1 (1 - Riscoabsoluto) EF (eq. 3)

    onde:

    EF = freqncia de exposio (dias/ano).

    Somando-se o valor de C = 3518 ((obtido de 4884 (UFC/ml) + 433 (UFC/ml) +

    102 (UFC/ml) + 253 (UFC/ml) + 1042 (UFC/ml) + 144 (UFC/ml) + 178 (UFC/ml)) /2)

    frmula de risco absoluto acima, obtm-se (equao 4):

    Riscoabsoluto = (12,17/1.000) X log [ 3518 x (72 / 104) + 0,2] = 0,04121 (eq. 4)

    Utilizando a mdia de 3518 dos nveis de exposio a coliformes fecais

    obtidos na equao 4, frente s estimativas da USEPA (1986) e WHO (2001), o risco

    anual de 0,61277 para a Baa de Sepetiba (equao 5).

    Riscoanual = 1 (1 0,04121)24 = 0,63577 (eq. 5)

    Dentre as enfermidades do Captulo CID-10: I (algumas doenas infecciosas

    e parasitrias) no Municpio de Itagua e no Municpio de Manguaratiba, os casos de

    morbidade hospitalar em sua maioria foram atribudos a diarria e a gastrenterite por

    origem infecciosa presumvel, durante o perodo de 1997 a 2010 (DATASUS, 2009)

    (figura 3 e figura 4).

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    Clera

    Amebase

    Diarria e gastroenterite origem infecc presumvel

    Outras doenas infecciosas intestinais

    Difteria

    Ancilostomase

    Outras helmintases

    Figura 3 - Srie histrica de 1997 a 2010 - nmero de casos de morbidade

    hospitalar pelo SUS, pelas enfermidades do Captulo CID-10: I. Algumas doenas

    infecciosas e parasitrias no Municpio de Itagua, Estado do Rio de Janeiro. Fonte:

    DataSus

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    Clera

    Amebase

    Diarria e gastroenterite origem infecc presumvel

    Outras doenas infecciosas intestinais

    Difteria

    Ancilostomase

    Outras helmintases

    Figura 4 - Srie histrica de 1997 2010 - nmero de casos de morbidade

    hospitalar pelo SUS, pelas enfermidades do Captulo CID-10: I. Algumas doenas

    infecciosas e parasitrias no Municpio de Manguaratiba, Estado do Rio de Janeiro.

    Fonte: DataSus

    A partir desta observao, foi realizada a srie histrica desta enfermidade,

    observando-se que em Itagua os anos de 1998 e 1999 tiveram a maior prevalncia,

    enquanto que em Mangaratiba este fato ocorreu em 2002. A partir de 2003, observa-

    105

  • REVISTA UNIANDRADE V.12 N.2

    se que a morbidade hospitalar por diarria e gastrenterite diminuem

    expressivamente nos dois municpios, possivelmente devido a melhora nos sistemas

    de sade da regio (figura 5 e figura 6).

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    Itagua Mangaratiba

    Figura 5 - Srie histrica de 1997 2010 - nmero de casos de morbidade

    hospitalar pelo SUS, por diarria e gastrenterite de origem infecciosa presumvel nos

    Municpios de Itagua e Mangaratiba, Estado do Rio de Janeiro. Fonte: DataSus

    0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,00

    1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

    Itagua Mangaratiba

    Figura 6 - Srie histrica de 1997 2009 prevalncia de morbidade hospitalar pelo

    SUS, por diarria e gastrenterite de origem infecciosa presumvel nos Municpios de

    Itagua e Mangaratiba, Estado do Rio de Janeiro. Fonte: DataSus, IBGE (dados por

    1.000 hab.).

    Dados do IBGE/Censos Demogrficos apontam que o municpio de Itagua

    106

  • REVISTA UNIANDRADE V.12 N.2

    possua em 1991 72,6% de rede geral de abastecimento de gua sendo que em

    2000 passou a 75,2. Poos ou nascentes (na propriedade) em 1991 correspondiam

    a 25,3% e em 2000 a 22,4%. O municpio de Mangaratiba em 1991 possua 47,6%

    de rede geral de abastecimento de gua que em 2000 passou a 63,2%. Poos ou

    nascentes (na propriedade) em 1991 correspondiam a 43,1% e em 2000 a 23,7%.

    Nas questes relativas sade, no municpio de Itagua apresenta: com base

    no TCE/RJ (2009): (a) Acesso: Insuficincia de saneamento bsico: gua, esgoto e

    coleta de lixo; (b) Gesto: Aes de Vigilncia em Sade ainda centralizadas;

    deficincia na articulao das aes intersetoriais, com destaque na questo do

    combate dengue; demora na entrega dos resultados devido distncia do

    laboratrio de Sade Pblica de referncia; falta de integrao das aes entre a

    Vigilncia em Sade e Ateno Bsica; (c) Recursos financeiros: sub-

    financiamento;(d) Recursos fsicos: Inadequao de estrutura fsica e insuficincia

    de equipamentos (inclusive computadores) e veculos para as vigilncias municipais;

    falta de um Laboratrio de Sade Pblica Regional; (e) Gesto do Trabalho:

    Insuficincia de RH; falta de qualificao; falta de capacitao de pessoal para a

    Vigilncia em Sade; (f) Informao: Sub-notificao e desatualizao das

    informaes sobre agravos; falta de divulgao das informaes - no so utilizadas

    como ferramenta para tomada de decises.

    Nas questes relativas sade, no municpio de Mangaratiba apresenta com

    base no TCE/RJ (2009): (a) Acesso: Insuficincia de saneamento bsico: gua,

    esgoto e coleta de lixo; (b) Gesto: Aes de Vigilncia em Sade ainda

    centralizadas; deficincia na articulao das aes intersetoriais, com destaque na

    questo do combate dengue; demora na entrega dos resultados devido distncia

    do laboratrio de Sade Pblica de referncia; falta de integrao das aes entre a

    Vigilncia em Sade e Ateno Bsica; (c) Recursos financeiros: sub-financiamento;

    (d) Recursos fsicos: inadequao de estrutura fsica e insuficincia de

    equipamentos (inclusive computadores) e veculos para as vigilncias municipais;

    falta de um Laboratrio de Sade Pblica Regional; (e) Gesto do Trabalho:

    Insuficincia de RH; falta de qualificao; falta de capacitao de pessoal para a

    Vigilncia em Sade; (f) Informao: Sub-notificao e desatualizao das

    informaes sobre agravos; falta de divulgao das informaes - no so utilizadas

    como ferramenta para tomada de decises.

    107

  • REVISTA UNIANDRADE V.12 N.2

    DISCUSSO

    De uma forma geral, a humanidade vive uma poca em que se acentuam as

    alteraes sobre o ambiente e se modificam os processos sociais em escala global,

    com tal magnitude que os riscos aumentam mais rapidamente que nossa

    capacidade para control-los. A partir disso, foi generalizada e internalizada, nas

    sociedades contemporneas, a sndrome do cmbio global assentada em trs

    aspectos principais: i) a sndrome da ameaa seguridade global, derivada da

    destruio do meio ambiental e que ameaa a viabilidade do sistema econmico

    mundial e a sobrevivncia humana; ii) a sndrome dos limites ao crescimento, ao

    reconhecer-se a impossibilidade do crescimento material ilimitado dentro de um

    planeta finito; e iii) a sndrome da interdependncia entre pobreza e riqueza,

    resultante da intrincada inter-relao entre meio ambiente e desenvolvimento

    humano.

    A avaliao de risco microbiolgico traz informaes sobre o risco de doenas

    a que esto expostas as populaes e com base nessas informaes medidas de

    controle e proteo podem ser propostas para minimizar agravos significativos a

    populao.

    Para clculo do risco microbiolgico, utilizando dados do quantitativo

    microbiolgico de dois importantes rios que desembocam na Baa de Sepetiba, o

    risco anual para o desenvolvimento de gastrenterites na populao que usufruir

    dessa Baa de 0,63577, que comparados aos valores da USEPA e WHO, significa

    ser aproximadamente 63 vezes e meia maior a probabilidade de desenvolver

    gastrenterites devido ao uso recreacional na Baa de Sepetiba. Esse achado

    equivalem-se aos 0,67, encontrados por DONOVAN et al (2008) em estudo

    semelhante num cenrio anual de guas de recreao em Nova Jersey (EUA).

    Diante desta sntese das questes socioeconmicas dos municpios de

    Itagua e Mangaratiba percebem-se um baixo investimento em sade pblica ficando

    ambos os municpios vulnerveis a doenas. Embora em julho de 2009 a Secretaria

    de Estado de Sade e Defesa Civil (SESDEC) tenha inaugurado a primeira Unidade

    de Pronto-Atendimento 24 horas (UPA) do municpio de Itagua, ainda assim muito

    pouco diante da necessidade maior de investimentos nessa rea.

    108

  • REVISTA UNIANDRADE V.12 N.2

    CONCLUSO

    O atual sistema de monitoramento e preveno no eficiente o suficiente

    para antecipar todos os possveis riscos para a populao residente em uma rea de

    sistemtica poluio. Dessa forma, a anlise do risco microbiolgico fornece dados

    importantes para o planejamento e polticas que resultem na melhoria das condies

    de saneamento e higiene e, dada a sua importncia como ferramenta deve ser mais

    utilizada para estimar os riscos sade humana. Abre perspectivas significativas e

    respaldadas para debater, sugerir e desenvolver metas que visem proteo da

    sade humana, uma vez que permite subsidiar importantes pendncias atuais no

    controle ambiental, tais como o estabelecimento de valores-limite e risco tolervel

    para patgenos, a proposio de mtodos de tratamento e controle em estaes de

    tratamento de esgoto, a criao e reviso de normas, regulamentaes e leis

    ambientai, e a implementao de polticas pblicas que visem a promoo da sade

    pblica.

    REFERNCIAS

    ARAUJO FG, CRUZ-FILHO AG, AZEVDO MCC, SANTOS ACA. Estrutura da comunidade de peixes demersais da Baa de Sepetiba, RJ. Revista Brasileira de Biologia 1998; 58(3): p. 417-430. BOST CA, LEMAHO Y. Seabirds as bio-indicators of changing marine ecosystems - new perspectives. Acta Oecologica 1993; 14(3): 463-470. BRASIL. Resoluo CONAMA 274. Publicada no dirio Oficial da Unio em 29 de novembro de 2000. BRASIL. Resoluo CONAMA 357. Publicada no dirio Oficial da Unio em 17 de maro de 2005. BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Bsica. Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gesto. Braslia: Ministrio da Sade. 2006. COSTA RNLTR. Pensar o mar para poder pescar: o espao da pesca de litoral na Baa de Sepetiba, RJ. Dissertao de Mestrado do Curso de Ps-Graduao em Geografia da UFRJ, Rio de Janeiro, 181p. 1992. COPELAND G, MONTEIRO T, COUCH S, BORTHWICK A. Water quality in Sepetiba Bay, Brazil. Marine Environmental Research 2003; 55: 385408.

    109

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