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AN ´ ALISE DE MODELO NUM ´ ERICO ESPECTRAL PARA REPRESENTAC ¸ ˜ AO DE TANQUE DE ONDAS Martha Luiza Vilela Hermann Projeto de Gradua¸c˜ ao apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceˆ anica da Escola Polit´ ecnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necess´ arios ` aobten¸c˜ ao do t´ ıtulo de Engenheiro. Orientadores: Sergio Hamilton Sphaier Marcelo de Araujo Vitola Rio de Janeiro Setembro de 2016

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ANALISE DE MODELO NUMERICO ESPECTRAL PARA REPRESENTACAO

DE TANQUE DE ONDAS

Martha Luiza Vilela Hermann

Projeto de Graduacao apresentado ao

Curso de Engenharia Naval e Oceanica

da Escola Politecnica, Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessarios a obtencao do tıtulo de

Engenheiro.

Orientadores: Sergio Hamilton Sphaier

Marcelo de Araujo Vitola

Rio de Janeiro

Setembro de 2016

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ANALISE DE MODELO NUMERICO ESPECTRAL PARA REPRESENTACAO

DE TANQUE DE ONDAS

Martha Luiza Vilela Hermann

PROJETO DE GRADUACAO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO

CURSO DE ENGENHARIA NAVAL E OCEANICA DA ESCOLA POLITECNICA

DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSARIOS PARA A OBTENCAO DO GRAU DE

ENGENHEIRO NAVAL.

Aprovada por:

Prof. Sergio Hamilton Sphaier, Dr-Ing.

Prof. Marcelo de Araujo Vitola, D.Sc.

Prof. Paulo de Tarso Themistocles Esperanca, D.Sc.

Prof. Claudio Alexis Rodrıguez Castillo, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

SETEMBRO DE 2016

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Hermann, Martha Luiza Vilela

Analise de Modelo Numerico Espectral para

Representacao de Tanque de Ondas/ Martha Luiza

Vilela Hermann. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola

Politecnica/ 2016.

XI, 39 p. 29, 7cm.

Orientadores: Sergio Hamilton Sphaier

Marcelo de Araujo Vitola

Projeto de Graduacao – UFRJ/Escola Politecnica/

Curso de Engenharia Naval e Oceanica, 2016.

Referencias Bibliograficas: p. 38 – 39.

1. HOS-NWT. 2. Tanque de ondas. 3. simulacao

numerica. 4. modelo espectral. I. Sphaier, Sergio

Hamilton et al.. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Escola Politecnica, Curso de Engenharia Naval e Oceanica.

III. Tıtulo.

iii

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Para meu engenheiro naval

honorario, meu parceiro Peu

iv

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Agradecimentos

Aos meus pais, que me educaram para o que sou hoje. Voces sempre foram exigentes

e amigos na medida certa, sempre me incentivando a ser curiosa e a estudar, pois o

conhecimento ninguem pode tomar de mim.

Aos meus irmaos, as conversas de bioquımica, economia e naval sempre tornam

os papos interessantes. Quem sabe um dia ainda nao teremos uma empresa de navios

de fungo.

A minha famılia, que vibrou a cada conquista e que mesmo nao sendo engenheiros

sempre quiseram saber todos os detalhes dos meus projetos. Tambem aos que nao

estao mais presentes, mas que continuam na memoria.

Aos amigos de sempre, que me ajudaram a me distrair da engenharia quando

era preciso e que fizeram parte da jornada diaria que me levou a esta universidade.

Aos amigos de hoje, que a engenharia me trouxe. Ninguem tirou mais duvidas

minhas e me socorreu nos trabalhos impossıveis mais do que voces. Em especial aos

colegas de profissao, so voces sabem como eu o que significa se formar um engenheiro

naval.

Aos professores que me motivaram e me deslumbraram com seu conhecimento e

com as historias navais.

Ao professor Marcelo Vitola, que me orientou ao longo da execucao deste traba-

lho, me ensinando como seguir com um projeto de pesquisa e sofrendo junto comigo

quando o modelo se mostrava um verdadeiro quebra-cabeca.

Ao meu Peu, meu companheiro e melhor amigo, que aprendeu tudo sobre projetos

de navio, estando ao meu lado mesmo quando os prazos eram apertados e as noites

mal dormidas.

v

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Resumo do Projeto de Graduacao apresentado a Escola Politecnica/UFRJ como

parte dos requisitos necessarios para a obtencao do grau de Engenheiro Naval.

ANALISE DE MODELO NUMERICO ESPECTRAL PARA REPRESENTACAO

DE TANQUE DE ONDAS

Martha Luiza Vilela Hermann

Setembro/2016

Orientadores: Sergio Hamilton Sphaier

Marcelo de Araujo Vitola

Curso: Engenharia Naval e Oceanica

Tanques de ondas vem sendo utilizados para o ensaio de estruturas e o estudo

do ambiente marinho, permitindo a analise do comportamento de prototipos em

estados de mar especıficos. Com o avanco da capacidade computacional, observamos

o aparecimento de ferramentas numericas que permitem simular estas instalacoes,

colaborando para que a calibracao das ondas seja cada vez mais eficiente e que novos

experimentos possam ser executados. Este projeto apresenta o trabalho realizado

com o modelo numerico ’HOS-NWT’ (High-Order Spectral Numerical Wave Tank),

com o objetivo de estuda-lo e implementa-lo para atuar em conjunto ao LabOceano.

Buscamos compreender o funcionamento do programa a partir da analise dos casos

de Sloshing e de ondas regulares 2D, comparando os dados obtidos do modelo com

valores analıticos e ensaios experimentais. Os resultados comprovam o potencial do

modelo em descrever de forma realista um tanque de ondas.

Palavras-chave: HOS-NWT, Tanque de ondas, simulacao numerica, modelo

espectral.

vi

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Abstract of Undergraduated Project presented to POLI/UFRJ as a partial

fulfillment of the requirements for the degree of Engineer.

SPECTRAL NUMERICAL MODEL FOR WAVE TANK REPRESENTATION

Martha Luiza Vilela Hermann

September/2016

Advisors: Sergio Hamilton Sphaier

Marcelo de Araujo Vitola

Course: Naval and Ocean Engineering

In order to overcome the difficulties of reproducing marine environments, wave

tanks are utilized to create a controlled sea state acting over a prototype. With

upraise of computational capacity, numerical tools have been developed to simulate

these installations, providing an efficient method to calibrate waves and bringing

new experiment possibilities. This work explores the applications of the open-source

software ’HOS-NWT’ (High-Order Spectral Numerical Wave Tank) in the context

of the LabOceano wave tank. For a thorough comprehension of the model, cases

of Sloshing and 2D regular waves were analyzed and compared to analytical and

experimental values. Based on the results obtained, it was demonstrated that the

model has the potential to simulate a wave tank accordingly.

Keywords: HOS-NWT, Wave tank, numerical simulation, Spectral Method.

vii

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Sumario

Lista de Tabelas xi

1 Introducao 1

1.1 Geracao de ondas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 Absorcao das ondas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.3 O laboratorio experimental (LabOceano) . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.4 Tanques numericos e o modelo numerico estudado . . . . . . . . . . . 4

2 Modelo Matematico 6

2.1 Formulacao do problema generalizado de propagacao de ondas . . . . 6

2.2 Modelo de Zakharov . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2.3 Serie de perturbacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2.4 Modelo Espectral HOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2.5 Formulacao do modelo numerico HOS-NWT . . . . . . . . . . . . . . 11

2.6 Calculo do coeficiente de reflexao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

3 Utilizacao do HOS-NWT 18

3.1 Parametros importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3.2 Arquivo de entrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

4 Resultados e Discussoes 22

4.1 Sloshing . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

4.2 Ondas Regulares 2-D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

5 Conclusoes 37

Referencias Bibliograficas 38

viii

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Lista de Figuras

1.1 Principais tipos de atuadores para geracao de ondas em laboratorio . 2

1.2 Alguns modelos de praia de absorcao de ondas [1] . . . . . . . . . . . 3

1.3 Configuracao do LabOceano conforme Mello [2] . . . . . . . . . . . . 4

2.1 Coordenadas do problema de propagacao de ondas . . . . . . . . . . . 6

2.2 Esquematizacao do tanque numerico e seu sistema de coordenadas [3] 11

2.3 Tipos de batedor de ondas representados no HOS-NWT [3] . . . . . . 11

2.4 Esquematizacao da praia numerica do HOS-NWT [4] . . . . . . . . . 12

2.5 Configuracao para medicao do coeficiente de reflexao [5] . . . . . . . . 13

3.1 Arquivo ’common vars.f90’ de configuracoes gerais do modelo HOS-

NWT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

3.2 Arquivo ’input HOS-NWT’ de definicao das propriedades da si-

mulacao do modelo HOS-NWT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

4.1 Os quatro primeiros modos naturais do tanque numerico . . . . . . . 23

4.2 Elevacao medida em um probe no meio do tanque para o caso ka=0.1

e Case001a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

4.3 Perıodo de onda medido para a simulacao ka01Case001a . . . . . . . 28

4.4 Espectro da onda ka02Case002a simulada no HOS-NWT . . . . . . . 29

4.5 Altura de onda medida para a simulacao ka01Case001a . . . . . . . . 30

4.6 Variacao da media da altura de onda medida para a simulacao

ka01Case001a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4.7 Relacao entre a amplitude da crista e do cavado da onda medida para

a simulacao ka01Case001a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

4.8 Relacao entre a largura da crista e do cavado da onda medida para a

simulacao ka01Case001a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

ix

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4.9 Comparacao entre o perıodo medio obtido para diferentes malhas e

ordens do batedor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

4.10 Comparacao entre o perıodo medio obtido para diferentes malhas e

ordens do batedor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

4.11 Probes utilizados no experimento replicado no modelo numerico . . . 35

4.12 Coeficiente de reflexao calculado em funcao da variacao da forca da

praia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

x

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Lista de Tabelas

4.1 Resultado do sloshing para os dez primeiros modos . . . . . . . . . . 24

4.2 Resultado do sloshing para diferentes profundidades . . . . . . . . . . 24

4.3 Perıodo natural do tanque do LabOceano para os dez primeiros modos 25

4.4 Malhas testadas no modelo para ondas regulares . . . . . . . . . . . . 25

4.5 Amplitude e frequencia utilizadas para teste de diferentes esbeltezes . 26

4.6 Resumo dos testes simulados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

4.7 Testes experimentais realizados no LabOceano em 2012 . . . . . . . . 34

4.8 Resultados numericos e experimentais do coeficiente de reflexao da

praia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

xi

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Capıtulo 1

Introducao

Tanque de ondas e uma instalacao que permite a geracao de ondas de superfıcie

para observacao do comportamento de estruturas no ambiente marinho. Este tipo

de laboratorio e usualmente composto de um tanque de agua doce aberto para

pressao atmosferica, apresentando um atuador para geracao de ondas em uma das

paredes e uma regiao de absorcao no extremo oposto para minimizar a reflexao.

Ha dois tipos principais de tanques para o estudo de ondas: canal de ondas e

tanque oceanico. O primeiro apresenta a largura significativamente menor que o

comprimento, compondo um canal estreito ideal para visualizacao das propriedades

das ondas em duas dimensoes. O segundo, que sera o foco deste trabalho, possui

as dimensoes de mesma magnitude, eliminando o efeito da parede do tanque sobre

as ondas e proporcionando um ambiente ideal para o teste de modelos da industria

offshore, inclusive de analise multidirecional.

No restante do capıtulo, iremos comentar a respeito de duas caracterısticas fun-

damentais de um tanque oceanico: a geracao e a absorcao de ondas. Seguidas da

descricao do laboratorio de ensaios experimentais e o modelo numerico utilizados.

1.1 Geracao de ondas

Um dos principais aspectos de um tanque de ondas e sua capacidade de gerar certos

tipos de ondas em um ambiente controlado. A geracao de ondas e possıvel gracas a

atuadores localizados em uma das extremidades do tanque. O trabalho de Michima

[6] apresenta os principais tipos de batedores encontrados em laboratorio. Estes sao:

1

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pneumatico, cunha oscilante, pistao e placa basculante (”flap”), conforme ilustrado

na figura 1.1.

Figura 1.1: Principais tipos de atuadores para geracao de ondas em laboratorio

O atuador pneumatico consiste em uma camara parcialmente imersa na agua

que permite variar a pressao na superfıcie, gerando as ondas. Por nao conter par-

tes mecanicas moveis em contato com a a agua, pode ser considerado um atuador

passivo.

O batedor tipo cunha gera as ondas a partir da oscilacao vertical de um corpo

prismatico. Sua maior limitacao e a necessidade de espaco acima da superfıcie da

agua para permitir a movimentacao da cunha.

O modelo pistao e uma placa rıgida parcialmente imersa que oscila na horizontal,

gerando as ondas a partir do deslocamento da massa de agua.

E, finalmente, temos o atuador do tipo placa basculante, que e analogo ao pistao,

porem apresenta sua movimentacao em torno de um ponto articulado.

1.2 Absorcao das ondas

Uma das vantagens de um tanque de ondas e poder escolher as ondas que serao

geradas, focando no tipo de ensaio desejado. Entretanto, isto so e possıvel se nao

houver interferencia sobre as ondas oriundas do batedor. Assim, e preciso minimizar

a reflexao das ondas nas paredes do tanque, o que e feito a partir de absorvedores

de onda. Ha dois grupos principais de atuadores para a absorcao de ondas: ativos

e passivos.

- Ativos: sao constituıdos de batedores posicionados na extremidade oposta aos

geradores. Estes atuadores formam ondas de mesma amplitude, mas em antifase

2

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as ondas incidentes, criando uma interferencia destrutiva e anulando as ondas que

seriam refletidas [6].

- Passivos: sao praias usualmente construıdas de concreto, areia, cascalho ou pe-

dras. Devem ter uma inclinacao suave para que a absorcao de ondas seja eficiente, o

que pode ser inviavel devido a limitacao do comprimento do tanque. Uma forma de

obter uma praia mais curta eficiente e optar por praias de inclinacao variavel, como

as parabolicas, utilizadas em conjunto com superfıcies rugosas ou de materiais poro-

sos [1]. Sao responsaveis por dissipar a energia das ondas incidentes, principalmente

atraves da quebra. A figura 1.2 ilustra algumas geometrias de praia.

Figura 1.2: Alguns modelos de praia de absorcao de ondas [1]

3

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1.3 O laboratorio experimental (LabOceano)

O Laboratorio de Tecnologia Oceanica (LabOceano), inaugurado em 2003, faz parte

do programa de Engenharia Naval da COPPE/UFRJ. Possui um tanque oceanico

com 45m de comprimento, dos quais 5m sao ocupados por uma praia para absorcao

das ondas, 30m de largura e 15m de profundidade, que pode ser ajustada atraves de

um fundo movel. Alem disso, conta com um poco central de 5m de diametro com

10m adicionais de profundidade [2]. Sua configuracao esta ilustrada na figura 1.3

Figura 1.3: Configuracao do LabOceano conforme Mello [2]

O laboratorio esta equipado com um gerador de ondas do tipo serpente, que

conta com 75 pas no estilo placa basculante (’flap’), permitindo a formacao de ondas

multidirecionais. O gerador e capaz de produzir ondas regulares, multicromaticas e

irregulares, possibilitando ainda a alteracao da direcao das ondas.

1.4 Tanques numericos e o modelo numerico es-

tudado

Devido ao aumento da capacidade computacional, observamos o desenvolvimento

de ambientes virtuais que permitem a simulacao de certas condicoes de teste de

4

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modelos. Em particular, diversas ferramentas conhecidas como ’Numerical Wave

Tanks’ (NWT), os tanques de onda numericos, foram concebidas para o estudo da

propagacao de ondas de gravidade. [3]

Estes modelos numericos sao relevantes por tres principais motivos: auxiliar na

implementacao e analise de testes experimentais; permitir estudos sistematicos do

ambiente de ondas; e permitir a integracao com outros softwares. [4]

De acordo com Bonnefoy et al. [7], o estudo de estados de mar nao-lineares tri-

dimensionais requer uma enorme quantidade de nos espaciais e de passos de tempo

para que seja corretamente mapeado. O metodo potencial apresenta as simpli-

ficacoes necessarias para tornar este tipo de analise possıvel e por isso e o mais

adequado para esta modelagem numerica.

Ao longo das ultimas decadas, uma classe de metodos potenciais nao-lineares

tem sido desenvolvida: o modelo espectral. Atraves do uso da transformada rapida

de Fourier (FFT), este modelo permite a simulacao de diversas condicoes de onda de

forma rapida, mesmo para malhas finas [7]. Particularmente dentro desta categoria,

temos o modelo chamado High-Order Spectral (HOS), desenvolvido em 1987 por

West et al.[8] e Dommermuth & Yue [9] e aperfeicoado desde entao.

O modelo ’HOS-NWT’ (High-Order Spectral Numerical Wave Tank) e um tan-

que numerico desenvolvido pelo laboratorio LHEEA da Ecole Centrale de Nantes.

O codigo fonte escrito em Frotran esta livre para uso na pagina do laboratorio no

Github [10]. O modelo e baseado no metodo HOS e propoe reproduzir as principais

caracterısticas de um tanque oceanico (geracao de ondas direcional, paredes refle-

xivas e praia de absorcao) de forma realıstica e eficiente computacionalmente. O

objetivo deste trabalho e analisar o comportamento deste programa, observando os

fatores que garantam um bom funcionamento. Futuramente, esperamos implementa-

lo em conjunto ao LabOceano para acelerar a calibracao dos testes experimentais

e ser uma alternativa ao tanque oceanico para experimentos que fiquem fora da

capacidade do laboratorio.

5

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Capıtulo 2

Modelo Matematico

Este capıtulo apresenta as principais formulacoes matematicas utilizadas no modelo

numerico HOS-NWT.

2.1 Formulacao do problema generalizado de pro-

pagacao de ondas

Primeiramente, iremos definir a formulacao do problema de propagacao de ondas

em um domınio fluido bidimensional. A figura 2.1, adaptada de Kofiani [11], indica

as coordenadas utilizadas.

Figura 2.1: Coordenadas do problema de propagacao de ondas

Consideramos a hipotese de fluido homogeneo, irrotacional, incompressıvel e

invıscido. Devemos entao obedecer aos seguintes princıpios.

a) Princıpio de conservacao de massa (equacao da continuidade)

Dt+ ρ∇ · ~V = 0 (2.1)

6

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A partir da hipotese de fluido incompressıvel (DρDt

= 0) e escoamento irrotacional,

tal que o campo de velocidades possa ser descrito como o gradiente de um potencial

(~V = ∇ϕ), reduzimos a eq. 2.1 a equacao de Laplace:

∇2ϕ(x, z, t) = 0 (2.2)

b) Equacao de Navier-Stokes (obtida da segunda Lei de Newton, em conjunto as

hipoteses de fluido incompressıvel e newtoniano e Lei de Stokes)

D~V

Dt= −∇p

ρ+µ

ρ∇2~V + ~f (2.3)

Assumindo fluido invıscido (µ = 0) e escoamento irrotacional (∇ × ~V = 0),

obtemos a equacao de Bernoulli:

ρ∂ϕ

∂t+

1

2ρ|∇ϕ|2 + p+ ρgz = F (t) (2.4)

c) Condicao de contorno no fundo

Assumimos a hipotese de impenetrabilidade, de modo que nao ha velocidade

vertical em z = −h.

d) Condicao de contorno cinematica na superfıcie livre

De forma a manter o limite do domınio fluido, devemos considerar que nao ha

fluxo atraves da superfıcie livre z = η(x, t), o que pode ser descrito da seguinte

formaD

Dt(z − η(x, t)) = 0 (2.5)

Levando a seguinte equacao

∂η

∂t+∂ϕ

∂x· ∂η∂x− ∂ϕ

∂z= 0 (2.6)

e) Condicao de contorno dinamica na superfıcie

Esta condicao determina que a pressao do fluido na superfıcie seja igual a pressao

atmosferica, ou seja, em z = η(x, t), temos p = pa. A partir da equacao de Bernoulli

(eq. 2.4) e das hipoteses ja destacadas, obtemos

∂ϕ

∂t+

1

2· |∇ϕ|2 + gη = 0 (2.7)

7

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2.2 Modelo de Zakharov

O problema descrito na secao anterior nao apresenta uma solucao fechada, o que

exige que algumas simplificacoes sejam tomadas para que se obtenha uma solucao

aproximada, como por exemplo de que as ondas sao de pequena amplitude. Para

contornar esta limitacao e aprimorar a solucao para ondas mais esbeltas, Zakharov

[12] (1968, apud Kofiani [11], 2009) propos uma solucao a partir da introducao de

uma nova variavel, o potencial de velocidade da superfıcie livre ϕS, tal que

ϕS(x, t) = ϕ(x, η(x, t), t) (2.8)

Podemos notar que desta forma ϕS e uma funcao independente de z = η(x, t).

Consideramos entao as derivadas parciais em relacao a x e t da eq. 2.8

∂tϕS(x, t) =

∂ϕ

∂t+∂ϕ

∂z· ∂η∂t

(2.9)

∂xϕS(x, t) =

∂ϕ

∂x+∂ϕ

∂z· ∂η∂x

(2.10)

A seguir, substituımos ∂ϕ∂x

obtido da equacao 2.10 na equacao que define a

condicao cinematica (eq. 2.6), obtendo

∂η

∂t+∂ϕS

∂x· ∂η∂x−

(1 +

(∂η

∂x

)2)∂ϕ

∂z= 0 (2.11)

E, analogamente, substituımos as equacoes 2.9, 2.10 e 2.11 na equacao da

condicao dinamica (eq. 2.7), obtendo

∂ϕS

∂t+

1

2·(∂ϕS

∂x

)2

+ gη − 1

(1 +

(∂η

∂x

)2)·(∂ϕ

∂z

)2

= 0 (2.12)

2.3 Serie de perturbacao

Seguindo o desenvolvimento apresentado por Kofiani [11], assumimos que a elevacao

da superfıcie η e de ordem ε, sendo ε = kA a esbeltez da onda. Dessa forma, podemos

expandir o potencial de velocidade ϕ em termos ate uma certa ordem M

ϕ(x, z, t) =M∑m=1

ϕ(m)(x, z, t) (2.13)

e, podemos aplicar uma separacao de variaveis, expandimos cada ordem ϕ(m) em N

ondas, tal que

ϕ(m)(x, z, t) =N∑n=1

ϕm,n(t)ψn(x, z) (2.14)

8

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sendo ψn(x, z) as auto-funcoes do problema nas direcoes x e z.

Assumindo condicoes de contorno periodicas na direcao x, podemos escrever que

ψn(x, z) = Z(z) · exp(iknx) (2.15)

Em relacao a direcao z, a expressao para ψn depende das condicoes de contorno

no fundo. Lembrando que ∂ϕ∂z

= 0 para z = −h, temos que Z(z) = cosh(kn(z + h)).

Assim, da equacao 2.15 temos

ψn(x, z) = cosh(kn(z + h)) · exp(iknx) (2.16)

A seguir, iremos explicitar a descricao da primeira ordem, M = 1, da equacao

2.13. A equacao que governa o problema para a primeira ordem e dada pela equacao

de Laplace

∇2ϕ(1)(x, z, t) = 0 (2.17)

associada a condicao cinematica

∂η

∂t−∂ϕ(1)

∂z= 0 (2.18)

e a condicao dinamica em z = 0

∂ϕS(1)∂t

+ gη = 0 (2.19)

A partir do desenvolvimento apresentado, podemos obter a resolucao para cada

ordem. A solucao deve ser feita de maneira sequencial ate a ordem M , pois cada

passo depende do resultado anterior. As ordens superiores nao serao explicitadas e

podem ser encontradas na literatura associada.

2.4 Modelo Espectral HOS

O metodo ’High-Order Spectral’ (HOS) foi desenvolvido no mesmo ano por Dom-

mermuth e Yue [9] e West et al. [8] em 1987. Nesta secao iremos seguir o desenvol-

vimento apresentado por Kofiani [11] para descrever o modelo HOS.

Mantendo a suposicao de movimentacao 2D e irrotacional de um fluido ho-

mogeneo, incompressıvel e invıscido, temos que o campo pode ser descrito pelo

9

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potencial de velocidade ϕ(x, z, t). Assumimos entao que a superfıcie livre e de or-

dem ε e que o potencial de velocidade pode ser representado por uma serie de

perturbacao em ε = kA, sendo ε a esbeltez, k o numero de onda e A a amplitude,

tal que

ϕ(x, z, t) =M∑m=1

ϕ(m)(x, z, t) (2.20)

sendo que ( )(m) representa uma funcao da ordem O(εm). A seguir, expandimos

cada termo ϕ(m) em uma serie de Taylor em torno da superfıcie media z = 0, de

modo que, lembrando da definicao do potencial de superfıcie de Zakharov (eq. 2.8),

obtemos

ϕS(x, t) = ϕ(x, z = η(x, t), t) =M∑m=1

M−m∑j=0

ηj

j!

∂j

∂zjϕ(m)(x, 0, t) (2.21)

Da descricao acima, obtemos uma serie de condicoes de contorno ϕ(m)(x, 0, t) =

R(m), que devem ser resolvidas sequencialmente a partir de M = 1, tal que

R(1) = ϕS(x, t)

R(m) = −m−1∑j=1

ηj

j!

∂j

∂zjϕ(m−j)(x, 0, t) (2.22)

E, como definido pela serie de perturbacao na eq. 2.14, cada ordem do potencial

de velocidade ϕ(m) contem N ondas livres

ϕ(m)(x, z, t) =N∑n=1

ϕm,n(t)ψn(x, z) (2.23)

O proximo passo do desenvolvimento e calcular a velocidade vertical da superfıcie

livre ϕz = ∂ϕ∂z

. Assim, derivando a eq. 2.21 em conjunto com a eq. 2.23, obtemos

ϕz =M∑m=1

M−m∑j=0

∂ηj

j!

∂j+1

∂zj+1

N∑n=1

ϕm,n(t)ψn(x, 0) (2.24)

Por fim, a expressao para ϕz = ∂ϕ∂z

(eq. 2.24) pode ser substituıda nas condicoes

de contorno cinematica e dinamica reformuladas de Zakharov (eqs. 2.11 e 2.12). As

equacoes resultantes sao chamadas equacoes de evolucao e sao descritas em termos

dos coeficientes modais ϕm,n. Deste modo, podemos obter a elevacao da superfıcie

η e o potencial de velocidade da superfıcie ϕs para o proximo passo de tempo.

Este procedimento e repetido para obtermos o historico temporal da elevacao da

superfıcie.

10

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2.5 Formulacao do modelo numerico HOS-NWT

O modelo numerico HOS-NWT, desenvolvido pelo laboratorio LHEEA da Ecole

Centrale de Nantes, baseado no metodo espectral, busca reproduzir de maneira

realista o campo de ondas 3D de um tanque de ondas. Esta secao busca caracterizar

as principais formulacoes deste modelo.

O NWT e um tanque retangular, 3D, que tem dimensoes horizontais Lx × Ly e

a profundidade h. O escoamento dentro do domınio e calculado de forma potencial,

utilizando o metodo HOS. Seguimos um sistema de coordenadas como indica a figura

2.2, na qual x = 0 corresponde a posicao neutra do batedor de ondas. As secoes

x = Lx, y = 0 e y = Ly sao paredes perfeitamente reflexivas. [3]

Figura 2.2: Esquematizacao do tanque numerico e seu sistema de coordenadas [3]

O HOS-NWT tem implementado dois tipos de batedor: pistao e placa basculante

(’flap’), ilustrados na figura 2.3. A simulacao pode incluir ainda uma rampa para a

geracao de ondas, de modo que a movimentacao do batedor se inicia no repouso e

chega ao valor determinado ao final da rampa. Esta consideracao reduz o estresse

mecanico sobre a placa do batedor real e reduz a descontinuidade inicial.

Figura 2.3: Tipos de batedor de ondas representados no HOS-NWT [3]

11

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Para permitir a integracao de geracao de ondas ao tanque numerico, Bonnefoy

et al. [4] separa o potencial de velocidade ϕ em duas partes

ϕ = ϕf + ϕadd (2.25)

sendo ϕadd representa a condicao nao-homogenea em x=0 imposta pelo batedor e

ϕf contabiliza o restante do domınio.

Assim como apresentado para a modelagem do batedor, o potencial associado a

geracao de ondas tambem e expandido em partes, o que permite a simulacao ate a

terceira ordem do batedor. Mais detalhes sobre a metodologia para representacao

do batedor podem ser encontradas em [4] ou [3].

Para que o modelo seja capaz de representar as ondas de um tanque real de forma

fiel, este deve considerar a praia. Assim, o HOS-NWT inclui uma zona de dissipacao

de ondas a partir da posicao x0 definida pelo usuario, conforme apresentado na figura

2.4.

Figura 2.4: Esquematizacao da praia numerica do HOS-NWT [4]

A praia numerica e definida a partir da mudanca local da pressao sobre a regiao

de absorcao, que passa a ser dada por pa = ρν(~x)~∇φ · ~n. O termo ν(~x) foi de-

terminado como um polinomio de terceira ordem, de modo a ser suave para nao

causar descontinuidades, definido como ν(~x) = 0 para x < x0 e αu2(3 − 2u) nos

demais locais, sendo u = (x − x0)/Lb e Lb = Lx − x0. Portanto, a absorcao passa

a depender somente de dois parametros: o comprimento da zona de absorcao Lb e

o coeficiente de intensidade de absorcao α. Estes valores devem ser determinados

de forma interativa para se obter o coeficiente de reflexao desejado. Primeiramente,

deve se manter Lb fixo e variar α. A partir de um certo valor

alpha = alphac, o coeficiente de reflexao se mantem praticamente constante, de

modo que torna-se preciso modificar Lb para atingir a reflexao desejada. [13]

12

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Para calcular o coeficiente de reflexao, utilizamos a metodologia de Mansard e

Funke [5], descrita na secao a seguir.

2.6 Calculo do coeficiente de reflexao

Para o calculo do coeficiente de reflexao de onda, utilizamos o metodo de tres pontos

de Mansard e Funke [5]. Este determina que a partir dos dados de elevacao de tres

probes e do metodo de mınimos quadrados e possıvel determinar o coeficiente de

reflexao, dado pela relacao entre a amplitude das ondas refletida e incidente. A

seguir iremos descrever os passos mais importantes da resolucao.

Assumimos um canal com ondas progredindo no sentindo longitudinal e uma es-

trutura que provoque reflexao no sentido oposto. Supomos que tenhamos a medicao

simultanea da elevacao em tres probes p1, p2 e p3, localizados em uma linha paralela

a direcao de propagacao de ondas, como ilustrado na figura 2.5.

Figura 2.5: Configuracao para medicao do coeficiente de reflexao [5]

O perfil de onda observado em qualquer um dos probes pode ser dado como uma

soma de componentes de Fourier, tal que

ηp(t) =N∑j=1

Ap,j · sin(

2π · j · tT

+ αp,j

)(2.26)

sendo Ap,j o coeficiente de Fourier para a frequencia j/T , T o perıodo da onda

observada e αp,j a fase relativa a origem do registro.

Para 0 <= t <= T , podemos expressar a transformada de Fourier da funcao

ηp(t) na forma polar como

Bp,j = Ap,j · eiαp,j (2.27)

13

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ou retangular como

Bp,j = Ap,j · cos(αp,j) + i · Ap,j · sin(αp,j) (2.28)

A equacao geral de propagacao de onda pode ser escrita na forma

ηx(t) =N∑j=1

Cj · sin(−2π · j · t

T+

2πx

Lj+ θj

)(2.29)

sendo θj uma fase arbitraria em relacao a origem da funcao e Lj o comprimento de

onda de frequencia j/T .

Podemos definir a elevacao no probe p como a soma dos seguintes termos:

a) uma onda incidente CI,j;

b) uma onda refletida CR,j;

c) o ruıdo do sinal, que pode ser causado por fatores como erros de medicao ou

interacoes nao-lineares.

Podemos entao descrever o perfil de onda no probe p como

ηp(t) =N∑j=1

CIj · sin(−2π · j · t

T+

2π · (X1 +X1p)

Lj+ θj

)

+N∑j=1

CRj · sin(−2π · j · t

T+

2π · (X1 + 2 ·XR1−X1p)

Lj+ θj + φj

)+ Ωp(t) (2.30)

sendo X1 a posicao do probe 1 em relacao a origem, X1p a distancia entre os

probes 1 e p (X11 = 0), XR1 a distancia entre o probe 1 e o objeto reflexivo, φj

a mudanca de fase provocada pela reflexao e Ωp(t) o efeito acumulado de todos os

ruıdos presentes.

E aplicando a transformada de Fourier na eq. 2.30 para o intervalo 0 < t < T

obtemos

F [ηp(t)] = Bp,j = CI,j · exp(i · 2π · (X1 +X1p)

Lj+ iθj

)+ CR,j · exp

(i · 2π · (X1 + 2 ·XR1−X1p)

Lj+ i(θj + φj)

)+ Yp,j · exp · (ρp,j) (2.31)

Estamos interessados apenas na diferenca de fase entre os probes, de modo que

14

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se definirmos

ZI,j = CI,j · exp(i · 2π ·X1

Lj+ iθj

)ZR,j = CR,j · exp

(i · 2π · (X1 + 2 ·XR1)

Lj+ i(θj + φj)

)ZN,p,j = Yp,j · exp · (ρp,j) (2.32)

podemos simplificar a eq. 2.31, obtendo para os tres probes

B1,j = ZI,j + ZR,j + ZN,1,j (2.33)

B2,j = ZI,j ·exp(i · 2π ·X12

Lj

)+ ZR,j ·exp

(−i · 2π ·X12

Lj

)+ ZN,2,j (2.34)

B3,j = ZI,j ·exp(i · 2π ·X13

Lj

)+ ZR,j ·exp

(−i · 2π ·X13

Lj

)+ ZN,3,j (2.35)

Nao e possıvel predeterminar o ruıdo, de modo que os termos ZN nao podem

ser medidos. Porem, e possıvel resolver as equacoes 2.33, 2.34 e 2.35 empregando o

metodo dos mınimos quadrados, como sera descrito a seguir.

Por conveniencia, podemos definir

ψp,j =2π ·X1p

Lj(2.36)

βj = ψ2,j =2π ·X12

Lj(2.37)

γj = ψ3,j =2π ·X13

Lj(2.38)

E entao, reapresentamos as eqs. 2.33 a 2.35 no seguinte formato

ZI,j + ZR,j −B1,j = ε1,j (2.39)

ZI,j · eiβj + ZR,j · e−iβj −B2,j = ε2,j (2.40)

ZI,j · eiγj + ZR,j · e−iγj −B3,j = ε3,j (2.41)

sendo εp,j = −ZN,p,j + fe(ZI,j, ZR,j).

Aplicando entao o metodo dos mınimos quadrados, buscamos os valores de ZI e

ZR para os quais a soma dos quadrados de εp,j para todos os probes p seja mınima.

Isto corresponde aos valores para os quais fe(ZI,j, ZR,j) = 0 e, portanto,

3∑p=1

(εp,j)2 =

3∑p=1

(ZI,j · eiψp,j + ZR,j · e−iψp,j −Bp,j

)2= minimo (2.42)

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Assumimos que o mınimo e obtido quando ambas as derivadas parciais sejam

zero, i.e.

∂(∑3

p=1(εp,j)2)

∂ZI,j=∂(∑3

p=1(εp,j)2)

∂ZR,j= 0 (2.43)

Assim, derivando a eq. 2.42 temos as equacoes

3∑p=1

(ZI,j · eiψp,j + ZR,j · e−iψp,j −Bp,j

)· eiψp,j = 0 (2.44)

3∑p=1

(ZI,j · eiψp,j + ZR,j · e−iψp,j −Bp,j

)· e−iψp,j = 0 (2.45)

que podem ser reescritas como

ZI,j ·(1 + ei·2·βj + ei·2·γj

)+ 3ZR,j = B1,j +B2,j · ei·βj +B3,j · ei·γj (2.46)

ZR,j ·(1 + e−i·2·βj + e−i·2·γj

)+ 3ZI,j = B1,j +B2,j · e−i·βj +B3,j · e−i·γj(2.47)

Finalmente, das eqs. 2.46 e 2.47, podemos obter a solucao para ZI e ZR como

segue:

ZI,j =1

Dj

·[B1,j · (R1 + i ·Q1) +B2,j · (R2 + i ·Q2) +B3,j · (R3 + i ·Q3)

](2.48)

ZR,j =1

Dj

·[B1,j · (R1− i ·Q1) +B2,j · (R2− i ·Q2) +B3,j · (R3− i ·Q3)

](2.49)

sendo:

Dj = 2 · (sin2 βj + sin2 γj + sin2(γj − βj)

R1j = sin2 βj + sin2 γj

Q1j = sin βj · cos βj + sin γj · cos γj

R2j = sin γj · sin(γj − βj)

Q2j = sin γj · cos(γj − βj)− 2 · sin βj

R3j = − sin βj · sin(γj − βj)

Q3j = sin βj · cos(γj − βj)− 2 · sin γj

(2.50)

As equacoes 2.48 e 2.49 sao resolvidas independentemente para cada componente

de frequencia, usando a transformada de Fourier, ou banda de frequencia, caso seja

utilizada uma analise espectral.

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Os parametros Dj, R1,j, R2,j, R3,j, Q1,j, Q2,j e Q3,j sao facilmente obtidos do

espacamento entre os probes. Ja os parametros B1,j, B2,j e B3,j sao expressos tal

como a eq. 2.28, i.e.

Bp,j = Ap,j · cos(αp,j) + i · Ap,j · sin(αp,j) (2.51)

Os valores de Ap,j e αp,j podem ser obtidos diretamente da transformada de

Fourier do registro de onda em cada probe, ou a partir dos espectros de amplitude

e fase no caso de analise espectral.

Finalmente, a partir de ZI,j e ZR,j calculados das eqs. 2.48 e 2.49, podemos

calcular o coeficiente de reflexao

CR =|ZR(j ·∆f)||ZI(j ·∆f)|

(2.52)

Devemos atentar para a existencia de uma singularidade quando Dj = 0, que

ocorre para os espacamentos de probe X12 =qLj

2e X13 = m

nX12. Sendo q, m, n e

m/n inteiros e Lj o comprimento de onda para a frequencia considerada.

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Capıtulo 3

Utilizacao do HOS-NWT

Este capıtulo busca caracterizar o funcionamento do modelo HOS-NWT, destacando

o processo que deve ser seguido para utiliza-lo, assim como a descricao das variaveis

que devem ser determinadas. A pagina do laboratorio no Github [10] descreve as

principais caracterısticas de utilizacao do modelo, que serao reproduzidas a seguir.

O HOS-NWT foi desenvolvido para ser utilizado na linha de comando do Li-

nux conjuntamente com um arquivo de input contendo todas as especificacoes da

simulacao. Os arquivos de output sao salvos em um diretorio ’Results’, que deve ser

criado pelo usuario.

3.1 Parametros importantes

Primeiramente, o usuario deve alterar as configuracoes gerais do modelo no arquivo

’common vars.f90’, tais como o numero de nos e a ordem de resolucao. Isto deve

ser feito no diretorio ’sources/variabledef’ do programa. A figura 3.1 ilustra este

arquivo.

As variaveis que podem ser definidas neste arquivo sao:

- n1: o numero de nos/modos na direcao x;

- n2: a quantidade de nos/modos na direcao y;

- n3: o numero de nos/modos na direcao z;

- mHOS: determina a ordem de nao-linearidade adotada para o modelo.

- p1 e p2: estao relacionadas ao fenomeno chamado ’aliasing’, que ocorre nos

termos que envolvem o produto de variaveis. O entendimento da definicao destes

18

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Figura 3.1: Arquivo ’common vars.f90’ de configuracoes gerais do modelo HOS-

NWT

termos exige um aprofundamento nos estudos do modelo.

A partir destas variaveis, o usuario define se deseja uma simulacao 2D, compi-

lando com n2=1 e p2=1; ou uma abordagem 3D, em que n2 e p2 sao escolhidos

manualmente, desde que diferentes de 1.

3.2 Arquivo de entrada

Para definir as demais propriedades da simulacao, o usuario precisa preencher o

arquivo de entrada ’input HOS-NWT.dat’ localizado no mesmo diretorio em que o

modelo e compilado. Este documento apresenta o formato apresentado na figura

3.2.

Neste arquivo podemos definir as seguintes caracterısticas:

a) Dimensoes do tanque: xlen, ylen e zlen caracterizam respectivamente o com-

primento, a largura e a profundidade do tanque numerico;

b) O caso a ser rodado, que pode ser um dos seguintes:

- Sloshing: para icase=1, o usuario define o modo natural do tanque (islosh) e a

amplitude (aslosh);

- Ondas monocromaticas: para icase=2, o NWT gera ondas regulares. E possıvel

determinar a amplitude (amp mono), frequencia (nu mono) e a fase (ph mono) das

ondas. Adicionalmente para o modelo 3D, escolhemos o angulo de propagacao

(theta mono), o metodo para geracao direcional de ondas (ibat=2 para serpente

e ibat=3 para metodo de Dalrymple) e a distancia para o alvo no caso de Dalrymple

(xd mono);

- Caso de um arquivo: o movimento do batedor e descrito por um arquivo. O

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Figura 3.2: Arquivo ’input HOS-NWT’ de definicao das propriedades da simulacao

do modelo HOS-NWT

valor de icase pode ser 3, 31, 32 ou 33, de acordo com as informacoes contidas no

arquivo de entrada.

- Ondas irregulares: o movimento do batedor gera um campo de ondas irregular,

com altura significativa (Hs) e perıodo de pico (Tp). Para icase=4, tem-se um espec-

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tro JONSWAP com o fator de forma (gamma) definido; para icase=41, o espectro

e de Bretschneider.

c) Definicao do gerador de onda: i wmk define a ordem de nao-linearidade do

batedor, podendo ser 1, 2 ou 3 (o recomendado e i wmk=2); igeom determina o

seu tipo (1: pistao, 2:articulado); d hinge e a altura em relacao ao fundo do ponto

de articulacao (somente para igeom=2); iramp define se a rampa do batedor e do

tipo linear (iramp=1), de segunda ordem (iramp=2) ou de quarta ordem (iramp=4);

Tramp e a duracao em segundos da rampa.

d) Praia numerica: iabsnb indica se ha (iabsnb=1) ou nao (iasbnb=0) uma

praia no final do tanque; xabsf define a posicao de inıcio da praia em relacao ao

comprimento do tanque; coeffabsf determina sua forca de absorcao.

e) Probes: pro file e o nome do arquivo com a localizacao dos probes; iprob=1

indica que estes sao superficiais, para medir a elevacao, e a localizacao e dada por x

e y; iprob=2 e para probes de medicao de pressao e cada linha do arquivo contem a

localizacao x z y.

f) Integracao de tempo: T stop e a duracao da simulacao (em s); toler e a

tolerancia empregada para Runge-Kutta; f out e a frequencia do output (em Hz).

Deve-se atentar para f out escolhido, pois um valor muito baixo nao ira apresentar

pontos suficientes para se analisar os resultados e uma frequencia muito alta ira

tornar o tempo de simulacao desnecessariamente longo.

g) Arquivos de saıda: escolhe-se habilitar (1) ou nao (0) cada um dos formatos

de output. Estes arquivos sao gerados em um formato para visualizacao no Tecplot.

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Capıtulo 4

Resultados e Discussoes

Neste capıtulo, serao apresentados os principais resultados obtidos das simulacoes

no HOS-NWT e uma breve analise de seus significados.

4.1 Sloshing

O primeiro passo tomado para a utilizacao do HOS-NWT foi o caso mais simples, o

Sloshing. Este consiste no calculo do modo natural escolhido pelo usuario (islosh).

O objetivo nesta etapa foi nos familiarizarmos com o programa, testando como este

responderia aos diferentes modos e a diferentes profundidades, comparando com o

valor teorico definido por Faltinsen [14] na equacao 4.1

Ti =2π√

gπil

tanh(πihl

) , i = 1, 2, 3, ... (4.1)

sendo i o modo natural e l o comprimento do tanque.

A figura 4.1 mostra a representacao no Tecplot do arquivo de saıda ’3d.dat’ para

os quatro primeiros modos naturais de um tanque de 50m de comprimento, 29.74m

de largura e 5m de profundidade. A malha 2D utilizada foi n1=513 e n3=33, com

mHOS=3. A amplitude escolhida foi de aslosh=0.1m, a frequencia de saıda de f -

out=20Hz e o tempo de duracao de T stop=80s. Estes valores sao os do exemplo

do modelo.

Podemos observar que o numero de nos obtidos para cada modo condiz com o

esperado teorico apresentado por Faltinsen [14]. O mesmo ocorre para os demais

modos. A representacao da superfıcie se mostra suave, de modo que a malha uti-

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Figura 4.1: Os quatro primeiros modos naturais do tanque numerico

lizada aparenta ser eficiente, nao levando mais do que alguns poucos minutos para

ser compilada.

Desta mesma simulacao, observamos o tempo decorrido entre dois picos de

elevacao em uma determinada posicao do tanque. A partir da media dos valores

medidos, obtemos o perıodo natural do tanque numerico para o modo compilado.

A tabela 4.1 mostra a comparacao entre o valor obtido pelo modelo numerico e

o calculado analiticamente da eq. 4.1 para os dez primeiros modos. Ja a tabela

4.2 apresenta esta mesma comparacao para diversas profundidades, para o caso do

segundo modo natural. Os demais fatores nao foram modificados.

Podemos observar que a diferenca percentual obtida entre modelo numerico e o

valor analıtico permanece abaixo de 1% para todos os casos testados, o que indica

que o modelo oferece uma representacao satisfatoria para o caso de Sloshing.

Em seguida, com a verificacao dos resultados obtidos para Sloshing no modelo,

simulamos os dez primeiros modos naturais de uma tanque semelhante ao LabOce-

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Tabela 4.1: Resultado do sloshing para os dez primeiros modos

islosh T analıtico (s) T numerico (s) Diferenca (%)

1 14.510 14.50 0.07

2 7.583 7.60 0.22

3 5.385 5.40 0.29

4 4.340 4.35 0.23

5 3.737 3.75 0.34

6 3.343 3.35 0.20

7 3.062 3.05 0.40

8 2.848 2.85 0.07

9 2.677 2.70 0.86

10 2.536 2.55 0.57

Tabela 4.2: Resultado do sloshing para diferentes profundidades

h input (m) T analıtico (s) T numerico (s) Diferenca (%)

1 16.006 16.00 0.04

2 11.406 11.40 0.05

3 9.430 9.40 0.32

4 8.306 8.30 0.07

5 7.583 7.60 0.22

10 6.138 6.15 0.20

20 5.696 5.70 0.07

30 5.662 5.65 0.21

40 5.659 5.65 0.16

50 5.659 5.65 0.16

ano, com 40m de comprimento, 30m de largura e 15m de profundidade. Os valores

obtidos e a comparacao com o esperado analıtico estao indicados na tabela 4.3.

Este resultado e importante para a verificacao dos casos de propagacao de ondas no

tanque, pois possıveis ondas estacionarias podem distorcer a elevacao medida nos

probes quando o perıodo da onda gerada se aproxima de algum modo natural do

tanque.

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Tabela 4.3: Perıodo natural do tanque do LabOceano para os dez primeiros modos

islosh T analıtico (s) T numerico (s) Diferenca (%)

1 7.872 7.85 0.28

2 5.107 5.10 0.14

3 4.136 4.15 0.33

4 3.579 3.60 0.58

5 3.201 3.20 0.04

6 2.922 2.90 0.76

7 2.706 2.70 0.20

8 2.531 2.55 0.76

9 2.386 2.40 0.58

10 2.264 2.25 0.60

4.2 Ondas Regulares 2-D

O passo seguinte ao Sloshing foi testar o modelo HOS-NWT para o caso icase=2,

de ondas regulares. Para verificar a influencia da malha e da ordem do batedor de

ondas, compilamos os mesmos casos apresentados por Ducrozet et al. [3]. A tabela

4.4 mostra estes parametros.

Tabela 4.4: Malhas testadas no modelo para ondas regulares

Case n1 n2 n3 mHOS

001 65 1 17 5

002 129 1 33 5

003 257 1 65 5

004 513 1 129 5

005 1025 1 257 5

Para cada um desses casos, variamos tambem a ordem do batedor de ondas

em iwmk=1,2,3, denotando estas simulacoes como a, b e c respectivamente. Estas

malhas foram entao aplicadas para as esbeltezes de onda ka=0.1, ka=0.2, ka=0.3 e

ka=0.4, testando ondas de pequena amplitude ate proximas ao limite de quebra. Os

parametros de onda utilizados para cada esbeltez estao apresentados na tabela 4.5.

Nao ha informacoes sobre a posicao dos sensores na referencia, portanto, arbitramos

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um probe posicionado a 0.5Lx. As dimensoes do tanque de 46.4 x 29.74 x 5m

foram as mesmas apresentadas por Ducrozet et al. [3]. Determinamos um tempo de

simulacao de 80s, com uma frequencia de saıda de 10Hz.

Tabela 4.5: Amplitude e frequencia utilizadas para teste de diferentes esbeltezes

ka Amplitude (m, amp mono) Frequencia (Hz, nu mono)

0.1 0.047746 0.72111

0.2 0.095493 0.72111

0.3 0.143239 0.72111

0.4 0.190986 0.72111

A tabela 4.6 apresenta um resumo do que foi obtido das simulacoes. Temos tres

resultados possıveis: ’ok’ para quando o modelo funcionou por completo; ’NaN’ nos

casos em que a simulacao terminou no tempo determinado, porem, a partir do tempo

indicado entre parenteses, o modelo nao conseguiu mais calcular a propagacao da

onda; e os casos em que a simulacao foi interrompida no tempo indicado, pois o

modelo parecia nao avancar mais no tempo.

Na formulacao do modelo, Bonnefoy et al. [4] supoem que as simulacoes ocorrem

dentro dos limites em que nao ocorre quebra de ondas (ka < 0.44). Portanto, para

verificar se foi este o motivo de alguns casos nao terem sido completados, utilizamos

a expressao apresentada por Babanin et al. [15] indicada na eq. 4.2

N = −11atanh[5.5(IMS − 0.26) + 23] (4.2)

sendo N = xb/Lt o ponto onde a onda ira quebrar em relacao ao comprimento do

tanque e IMS = ka sua esbeltez. A expressao e valida para 0.08 ≤ IMS ≤ 0.44.

Verificando o valor de N para as esbeltezes simuladas, observamos que para todos

os casos N > 1, o que significa que a onda nao quebra dentro dos limites do tanque.

Uma outra hipotese que justificaria as simulacoes incompletas seria a necessidade

de uma ordem maior para decompor a onda no modelo (mHOS > 5), ja que estes

casos envolvem ondas mais proximas do limite de quebra e, portanto, com uma

maior nao-linearidade.

Para o pos-processamento dos dados obtidos, utilizamos o Matlab para gerar os

graficos das informacoes calculadas a partir do arquivo de saıda ’probes.dat’, que

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Tabela 4.6: Resumo dos testes simulados

ka 0.1 0.2 0.3 0.4

Case001a ok ok ok ok

Case001b ok ok ok ok

Case001c ok ok ok ok

Case002a ok ok ok ok

Case002b ok ok ok ok

Case002c ok ok ok ok

Case003a ok ok ok NaN (18.2)

Case003b ok ok ok NaN (22.1)

Case003c ok ok ok NaN (36.2)

Case004a ok ok 17.3 8.9

Case004b ok ok 17.2 8.9

Case004c ok ok 17.2 3.0

Case005a ok 28.6 11.1 4.0

Case005b ok 26.8 4.0 2.6

Case005c ok 5.9 2.8 1.7

apresenta o historico de elevacao medido no probe. A seguir apresentamos um caso

servindo como um exemplo para a analise de informacoes que podem ser retiradas

de cada tipo de grafico.

Figura 4.2: Elevacao medida em um probe no meio do tanque para o caso ka=0.1 e

Case001a

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A figura 4.2 mostra o historico de elevacao da onda observado no sensor. Este

e obtido diretamente do arquivo de saıda ’probes.dat’. O grafico tambem indica o

’tempo inicial’, que e o tempo que a onda programada leva para chegar ao probe,

levando em consideracao a rampa do batedor e o deslocamento do trem de ondas

ate a posicao do probe; e a ’reflexao’, que e o momento em que as primeiras ondas

refletidas sao registradas pelo probe.

Para calcularmos alguns parametros relativos a onda, iremos considerar cada

ciclo de onda identificado no historico de elevacao que esteja entre o ’tempo inicial’

e a reflexao. Um ciclo de onda e definido como a elevacao entre dois zeros ascendentes

consecutivos. Para obter os pontos de elevacao nula, interpolamos linearmente os

pontos negativo anterior e o positivo seguinte.

Figura 4.3: Perıodo de onda medido para a simulacao ka01Case001a

O grafico da figura 4.3 apresenta o perıodo de onda para cada ciclo de onda

medido pelo probe. Podemos observar que ha uma variacao maior nas primeiras

ondas identificadas, demonstrando uma fase transiente. Depois da quinta onda, os

valores tendem a uma media proxima do perıodo de onda determinado pelo arquivo

de entrada.

Uma outra forma de analisar o perıodo de onda no tanque e observar o espectro

de onda gerado a partir da elevacao medida no probe, como mostra a figura 4.4.

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Figura 4.4: Espectro da onda ka02Case002a simulada no HOS-NWT

Um grafico de espectro aponta a energia associada a cada frequencia de onda, indi-

cando todas as frequencias relevantes medidas durante a simulacao. Podemos notar

que, como esperado para uma onda regular, a figura possui um pico acentuado para

valores de frequencia proximas a de input, o que indica que a frequencia predomi-

nante no tanque e proxima aquela determinada como dado de entrada da simulacao.

Optamos por representar a esbeltez ka=0.2 para Case002a, pois este permite a ob-

servacao de um segundo pico nıtido para uma frequencia aproximadamente o dobro

da frequencia do pico maior, o que pode representar o efeito da onda de segunda

ordem.

Analogamente ao grafico para o perıodo de onda, podemos analisar a altura para

cada ciclo de onda identificado, como pode ser visto na figura 4.5. A altura de onda

e medida como a distancia vertical entre o pico do cavado e o pico da crista, o que

equivale a duas vezes a amplitude no caso de uma onda linear. Podemos notar que

a variacao dos valores de altura de onda e mais intensa para as primeiras ondas,

se estabilizando em torno da media em seguida. Neste caso, a diferenca observada

entre a media da altura de onda e o valor dado como input da simulacao esta em

torno de 20%.

A figura 4.6 apresenta a ’running mean’ da altura de onda, que e calculada

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Figura 4.5: Altura de onda medida para a simulacao ka01Case001a

Figura 4.6: Variacao da media da altura de onda medida para a simulacao

ka01Case001a

conforme a eq. 4.3. Este parametro representa a media das N primeiras ondas, em

que N e o numero de ciclos de onda identificados no probe. As conclusoes tiradas

deste grafico sao as mesmas da figura 4.5, porem mostrando de forma mais objetiva

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a tendencia da altura media se manter constante depois de passada a fase transiente.

Hr =1

N

N∑i=1

H (4.3)

Para observarmos o grau de nao-linearidade da onda, podemos comparar as

diferencas entre amplitude e largura da crista em relacao ao cavado. A onda teorica

de segunda ordem e descrita por Dean [16] atraves da equacao 4.4

η =H1

2cos(kx− ωt) +

H21k

16

cosh kh

sin3 kh(2 + cosh 2kh) cos 2(kx− ωt) (4.4)

sendo η a elevacao, H1 a altura de onda de primeira ordem, k = 2π/L o numero de

onda, h a profundidade e ω a frequencia da onda.

Figura 4.7: Relacao entre a amplitude da crista e do cavado da onda medida para a

simulacao ka01Case001a

A figura 4.7 indica a variacao de Ak = acrista/acavado, que define a assimetria de

amplitude entre crista e cavado, presente em ondas nao-lineares. Podemos observar

que os valores apresentam uma convergencia proxima ao valor de Ak calculado para

ondas de segunda ordem.

Na figura 4.8 podemos observar a relacao entre as larguras da crista e do cavado,

tal que Sk = bcrista/bcavado. Para este parametro, o grafico apresentou resultados

inusitados, com grandes variacoes sem chegar a convergir. A principal hipotese para

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Figura 4.8: Relacao entre a largura da crista e do cavado da onda medida para a

simulacao ka01Case001a

justificar este comportamento, que tambem esta presente para outros Cases, e a

existencia de um erro numerico ou de pos-processamento, requisitando um maior

estudo e observacao a respeito.

A figura 4.9 reune os resultados da relacao entre a media do valor de saıda e de

entrada do perıodo de onda para todos os casos que obtiveram a simulacao completa.

O ideal e que o resultado encontrado para o output esteja o mais proximo possıvel do

dado de entrada, ou seja, que a relacao entre eles esteja proxima a 1. Desta forma,

podemos analisar quais malhas e ordem do batedor fornecem o melhor resultado

para cada esbeltez de onda. Temos que para ka=0.1, todos os casos satisfazem a

representacao da onda com menos de 1% de erro, de modo que podemos utilizar

a malha mais grosseira (Case001). O mesmo vale para ka=0.2, desconsiderando-se

Case005, que nao foi conclusivo. Para os demais, a malha Case002 seria a escolhida,

ja que para Case001, o erro chega a ordem de 10%. Em relacao a ordem do batedor,

nao ha diferenca perceptıvel entre a, b e c para as malhas definidas como ideais.

Da mesma forma que analisamos a influencia da malha sobre o perıodo medio de

onda, podemos observar como a altura media se comporta, de acordo com a figura

4.10. Neste caso, analogamente ao perıodo, tambem buscamos os resultados mais

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Figura 4.9: Comparacao entre o perıodo medio obtido para diferentes malhas e

ordens do batedor

Figura 4.10: Comparacao entre o perıodo medio obtido para diferentes malhas e

ordens do batedor

proximos possıvel de 1. Temos que para ka=0.1, o modelo apresenta resultados

abaixo de 5% a partir da malha Case002, sendo Case003 a que apresenta a maior

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precisao. Para ka=0.2, a malha Case002 foi a que atingiu o resultado mais proximo.

Podemos notar que a altura de onda que limita a malha a ser escolhida.

O proximo passo para compreensao do modelo numerico envolveu a simulacao

no HOS-NWT dos testes experimentais realizados por Silva [17] no LabOceano em

2012, descritos na tabela 4.7. Estes tiveram como objetivo calcular o coeficiente de

reflexao da praia do laboratorio, utilizando o metodo definido por Mansard e Funke

[5].

Tabela 4.7: Testes experimentais realizados no LabOceano em 2012

Tests Amplitude (m) Frequencia (Hz) ka Cr

W01-10104 0.04 0.8000 0.103 14.5

W01-10201 0.04 0.6667 0.072 11.4

W01-10301 0.04 0.5714 0.053 20.0

W01-10401 0.04 0.5556 0.050 2.3

W01-10501 0.04 0.5000 0.040 12.8

W01-10601 0.04 0.4651 0.035 11.3

W01-10700 0.04 0.4167 0.028 15.5

W01-10802 0.04 0.4000 0.026 16.7

W01-10901 0.04 0.3774 0.023 17.7

W01-11001 0.04 0.3571 0.021 8.7

W01-11100 0.04 0.3333 0.018 5.2

Como podemos observar, os experimentos envolvem esbeltezes de onda de ate

ka=0.215, de modo que definimos que seria utilizada a malha e batedor de onda

Case002b (n1=129, n2=1, n3=33, mHOS=5 e wmk=2) que tem um bom funci-

onamento nesta faixa. As dimensoes do tanque sao as mesmas do LabOceano:

comprimento de 45m, dos quais 5m compoe a praia, 30m de largura e 15m de pro-

fundidade. A simulacao numerica tera a mesma duracao do ensaio experimental:

180s. Os probes tambem sao posicionados de acordo com o experimento, como

descrito na figura 4.11. Escolhemos o caso ’W01-10501’ para calibrar a praia, por

possuir um coeficiente de reflexao intermediario.

Para calibrar a praia, mantemos seu comprimento (xabsf) fixo e variamos sua

forca (coeffabsf) de forma iterativa ate atingir o valor de Cr = 12.8%, conforme a

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Figura 4.11: Probes utilizados no experimento replicado no modelo numerico

tabela 4.7. O coeficiente de reflexao e calculado utilizando o metodo de Mansard

e Funke [5] para o historico de elevacao nos probes P1, P2 e P3. O coeficiente

de reflexao em funcao da forca da praia tem a forma apresentada na figura 4.12 e

apresenta caracterısticas similares as apresentadas por Bonnefoy et al. [13]. O valor

obtido que satisfaz a reflexao desejada foi de coeffabsf=0.153.

Figura 4.12: Coeficiente de reflexao calculado em funcao da variacao da forca da

praia

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E entao, adotando este mesmo coeficiente de absorcao para os demais testes,

calculamos o coeficiente de reflexao obtido para cada um, conforme a tabela 4.8.

Tabela 4.8: Resultados numericos e experimentais do coeficiente de reflexao da praia

Tests Cr experimento (%) Cr numerico (%)

W01-10104 14.5 1.7

W01-10201 11.4 1.4

W01-10301 20.0 5.9

W01-10401 2.3 6.4

W01-10501 12.8 12.8

W01-10601 11.3 19.2

W01-10700 15.5 25.6

W01-10802 16.7 29.3

W01-10901 17.7 32.3

W01-11001 8.7 38.2

W01-11100 5.2 40.4

Podemos observar que o unico resultado que apresentou um coeficiente de re-

flexao correlacionado ao modelo experimental foi o proprio teste que utilizamos para

calibrar a praia numerica. Assim, podemos concluir que esta nao e a abordagem

correta para se trabalhar com a praia numerica e que para que sua compreensao

seja efetiva e preciso um estudo mais detalhado sobre o tema. Uma justificativa

para estes resultados e o fato da modelacao da praia numerica ser diferente da si-

tuacao real. Uma possıvel abordagem seria calibrar o HOS-NWT alterando tambem

o comprimento da praia, pois esta teria grande influencia do comprimento de onda

simulado, de modo que seria necessario obter a melhor combinacao entre coeffabsf

e xabsf para descrever uma certa faixa de ondas.

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Capıtulo 5

Conclusoes

Este trabalho teve como objetivo analisar o funcionamento do modelo numerico

HOS-NWT, avancando a compreensao dos seus limites e abordagens, abrindo o

caminho para que no futuro possa ser utilizado eficientemente para auxiliar nos

experimentos do LabOceano.

Abordamos o caso do Sloshing, obtendo os modos naturais do tanque de forma

satisfatoria. Estudamos a influencia dos principais parametros do modelo para a

simulacao de ondas regulares, tais como a malha numerica e a ordem do batedor.

Pudemos observar a progressao da onda no sensor de forma minuciosa, obtendo

dados como elevacao, espctro de onda, variacao da altura e do perıodo de onda e

as caracterısticas nao-lineares associadas a assimetria entre cristas e cavados. Por

fim, realizamos uma tentativa de calibrar a praia numerica e comparar os resultados

com experimentos realizados no LabOCeano.

O modelo apresenta uma grande complexidade e ainda apresenta muitas barreiras

para sua utilizacao, exigindo um estudo mais aprofundado de sua concepcao. Como

trabalho futuro, o tanque numerico permite a analise da calibracao da praia numerica

de forma correta, a utilizacao de modelos 3D, ondas irregulares, geracao de ondas e

assim por diante.

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