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ANÁLISE DE FALHAS EM TRANSFORMADORES DE
CORRENTE
João Pedro Mattos Costa
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Elétrica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro.
Orientadores: Jorge Nemésio Sousa
Marianna Nogueira Bacelar
Rio de Janeiro
Março de 2018
ANÁLISE DE FALHAS EM TRANSFORMADORES DE
CORRENTE
João Pedro Mattos Costa
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO
ELETRICISTA.
Examinado por:
Prof. Jorge Nemésio Sousa, M.Sc.
(Orientador)
Engª. Marianna Nogueira Bacelar, M.Sc.
(Co-orientadora)
Prof. Jorge Luiz do Nascimento, Dr.Eng.
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
MARÇO DE 2018
iii
Mattos Costa, João Pedro
Análise de Falhas em Transformadores de Corrente/ João
Pedro Mattos Costa – Rio de Janeiro: UFRJ/ ESCOLA
POLITÉCNICA, 2018.
XIV, 98 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: Jorge Nemésio Sousa
Marianna Nogueira Bacelar
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso
de Engenharia Elétrica, 2018.
Referências Bibliográficas: p. 92-95.
1. Falha. 2. Transformador de Corrente. 3. Manutenção.
4. Vida Útil. I. Nemésio Sousa, Jorge et al. II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de
Engenharia Elétrica. III. Título.
iv
Agradecimentos
A toda minha família e aos meus pais, Jorge e Regina, por todo carinho, todas as
renúncias, todos os ensinamentos e todas as oportunidades que me ofereceram. Essa
conquista também é de vocês. Obrigado!
À minha namorada, Vanessa, por todo o apoio, por ser minha melhor amiga e
companheira e por todos os momentos que vivemos nos últimos anos. Nossa trajetória se
confunde com meu caminho na graduação e, sem você, nada disso seria possível.
A todos os meus amigos que me ajudaram a vencer os desafios da graduação.
Agradeço a todos os companheiros da UFRJ e em particular aos amigos Felipe Farage,
Larissa Verlaine, Maisa Kashima, Maria de Fátima, Pedro Trindade e Robson Elias que
fizeram parte de um verdadeiro time e me ajudaram em diferentes fases da faculdade.
Aos meus orientadores, Jorge Nemésio e Marianna Bacelar, pela orientação e
discussões que levaram à elaboração deste trabalho.
A todos os professores que passaram pela minha vida. Especialmente, aos
professores do DEE e em particular aos professores (as) Carmen, Jorge Nemésio e Tatiana
pelo ofício de preparar e inspirar a mim e meus colegas. Fica a minha profunda admiração
e agradecimento por todas as aulas, palestras, conversas e por nos passar um pouco de
toda a experiência que têm.
À UFRJ, Escola Politécnica e em particular ao DEE e seus funcionários que
fizeram do Bloco H uma segunda casa.
Ao ONS e aos colegas da GET e EGP, pelo imenso aprendizado ao longo dos dois
anos de estágio. Agradeço especialmente à minha supervisora Marianna Bacelar, por
todas as respostas para minhas inúmeras perguntas e pelo tanto que agregou na minha
formação, à Andreia Maia e ao Antônio Carlos, por todas as oportunidades de crescimento
e aprendizado, inspiração e confiança no meu trabalho e aos amigos de estágio Gabriel
Longhi, Pedro Trindade e Victor Campos, pela parceria diária.
À CAPES por proporcionar meu ano de intercâmbio pelo Ciência sem Fronteiras,
período de enorme crescimento.
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.
ANÁLISE DE FALHAS EM TRANSFORMADORES DE CORRENTE
João Pedro Mattos Costa
Março/2018
Orientadores: Jorge Nemésio Sousa
Marianna Nogueira Bacelar
Curso: Engenharia Elétrica
O envelhecimento das instalações de alta tensão é uma questão que vem ganhando maior
destaque nos últimos anos. Com isso, técnicas para monitorar e prever o fim da vida útil
de equipamentos têm sido desenvolvidas. No Brasil, as tratativas de renovação das
instalações e equipamentos do Sistema Interligado Nacional ganharam impulso a partir
de 2015, com a publicação da Resolução Normativa 643/2014 da ANEEL.
Enquanto isso, o grande número de falhas catastróficas de transformadores de corrente
que acarretaram explosões suscita debates quanto à possibilidade desses equipamentos
estarem operando com vida útil esgotada ou por esgotar. Esta hipótese levou à criação de
um Grupo de Trabalho entre órgãos e empresas do Sistema Elétrico Brasileiro para
discussão do tema. Com isso, são estudadas as falhas ocorridas de forma a mitigá-las.
O presente TCC tratará das principais características técnicas dos transformadores de
corrente, permitindo a compreensão sobre seu funcionamento. Serão apresentados os
principais ensaios pertinentes, técnicas de manutenção, modos de falha, conceitos de vida
útil e caracterização de fim de vida útil. Será realizada uma abordagem estatística das
explosões de transformadores de corrente no Brasil com o cálculo das taxas de falha para
esses equipamentos. Será feita ainda uma análise mais profunda do modelo com maior
número de explosões, mostrando o processo de identificação das possíveis causas. Por
fim, serão mostrados os números relacionados ao processo de substituição de
transformadores de corrente por fim de vida útil.
Palavras-chave: Falha; Transformador de corrente; Manutenção; Vida útil.
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/ UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Electrical Engineer.
FAILURE ANALYSIS OF CURRENT TRANSFORMERS
João Pedro Mattos Costa
March/2018
Advisors: Jorge Nemésio Sousa
Marianna Nogueira Bacelar
Course: Electrical Engineering
The ageing process of power transmission assets turned into a major concern in the last
years. Hence, new techniques have been developed for monitoring and prediction of
equipment’s end-of-life. In Brazil, the renewal process gained momentum through the
publication of the Normative Resolution 643/2014 by ANEEL, which is in application
since 2015.
Meanwhile, the large number of current transformers’ catastrophic failures followed by
explosion raises debates about the possibility that these equipment were operating beyond
their lifetime. This hypothesis led to the creation of a Working Group among the Brazilian
Electricity Sector bodies and transmission utilities to discuss this subject. By these means,
the failures are investigated in order to mitigate their occurrence.
This Bachelor thesis will address the main technical characteristics of current
transformers leading to the complete understanding of its functioning. The relevant
electrical tests, maintenance aspects, failure modes, lifespan concepts and end-of-life
characterization will be presented. A statistical analysis of the failures in the Brazilian
transmission grid as well as the failure rates calculation will be undertaken. A deeper
analysis of the model with most number of explosions will be carried out in order to show
the identification process of the explosions’ root causes. Finally, the substitution of
current transformers due to end-of-life numbers in Brazil will be shown.
Key-words: Failure; Current transformer; Maintenance; Lifetime.
vii
Sumário
Capítulo 1 Introdução ................................................................................................... 1
1.1 Apresentação ....................................................................................................... 1
1.2 Proposta ............................................................................................................... 2
1.3 Motivação ............................................................................................................ 2
1.4 Objetivos do estudo ............................................................................................. 3
1.4.1 Objetivo primário........................................................................................... 3
1.4.2 Objetivos secundários .................................................................................... 3
1.5 Relevância e importância do estudo .................................................................... 3
1.6 Limitações do estudo ........................................................................................... 4
1.7 Organização e descrição do trabalho ................................................................... 5
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica ................................................................................. 6
2.1 Transformador de corrente .................................................................................. 6
2.1.1 Conceitos básicos e definições ...................................................................... 7
2.1.2 Circuito equivalente ..................................................................................... 10
2.1.3 Especificação ............................................................................................... 13
2.1.3.1 Normas ................................................................................................. 14
2.1.3.2 Condições ambientais ........................................................................... 14
2.1.3.3 Serviço .................................................................................................. 15
2.1.3.4 Valores nominais .................................................................................. 17
2.1.3.5 Nomenclatura........................................................................................ 22
2.1.3.6 Representação ....................................................................................... 23
2.1.4 Características construtivas do TC .............................................................. 25
2.1.4.1 Tipos construtivos ................................................................................ 25
2.1.4.2 Partes principais .................................................................................... 29
2.2 Vida útil de um equipamento elétrico ............................................................... 30
2.2.1 Envelhecimento ........................................................................................... 30
2.2.2 Fim da vida útil ............................................................................................ 33
viii
2.3 Falhas em transformadores de corrente ............................................................. 36
2.3.1 Tipos de falha .............................................................................................. 37
2.3.2 Taxas de falha .............................................................................................. 38
2.3.3 Modos de falha de transformadores de corrente .......................................... 42
2.3.4 Explosões de transformadores de corrente .................................................. 43
2.4 Manutenção de transformadores de corrente .................................................... 47
2.4.1 Técnicas preditivas de manutenção para transformadores de corrente ....... 47
2.4.2 Manutenção corretiva para transformadores de corrente ............................. 52
2.5 Obras de melhorias e reforços ........................................................................... 54
2.5.1 Substituição e reforma de equipamentos em fim de vida útil ...................... 57
2.5.2 Receita anual permitida ............................................................................... 57
Capítulo 3 Metodologia da Pesquisa .......................................................................... 62
3.1 Delineamento da pesquisa ................................................................................. 62
3.2 Conceito e classificações de pesquisa ............................................................... 62
3.3 Classificação desta pesquisa .............................................................................. 64
Capítulo 4 Análise Estatística de Explosões de Transformadores de Corrente ......... 65
4.1 Estudo de caso: o modelo com mais explosões ................................................. 72
4.1.1 Investigação das causas das falhas .............................................................. 77
4.2 Taxas de falha de transformadores de corrente ................................................. 81
4.3 Substituição de transformadores de corrente por fim de vida útil ..................... 85
Capítulo 5 Conclusões Gerais .................................................................................... 89
5.1 Sugestões de trabalhos futuros .......................................................................... 90
Referências Bibliográficas .............................................................................................. 92
Anexo ............................................................................................................................ 96
ix
Lista de Figuras
Figura 2.1- Esquema básico de um TC [13]. ........................................................... 7
Figura 2.2 - Modelo real completo de um transformador de corrente. ............... 11
Figura 2.3 - Circuito simplificado de um TC. .................................................... 12
Figura 2.4 - Curva de saturação de transformadores de corrente para serviço de
proteção e medição [18]. ................................................................................................... 17
Figura 2.5 - Trecho da placa de um TC com seus valores nominais. ................. 17
Figura 2.6 - Paralelogramo de exatidão para TCs de medição com classe de
exatidão 0,3 [12]. .............................................................................................................. 19
Figura 2.7 - Paralelogramo de exatidão para TCs de medição com classe de
exatidão 0,6 [12]. .............................................................................................................. 20
Figura 2.8 - Paralelogramo de exatidão para TCs de medição com classe de
exatidão 1,2 [12]. .............................................................................................................. 20
Figura 2.9 - TC com núcleos e enrolamentos separados para proteção e medição
[19]. ................................................................................................................................... 21
Figura 2.10 - Polaridades aditiva e subtrativa para TCs [18]. .............................. 24
Figura 2.11 - Terminais do primário e secundário de TCs [20]. ........................... 25
Figura 2.12 - TCs de barra. ................................................................................. 26
Figura 2.13 - TC do tipo janela [21]. .................................................................... 26
Figura 2.14 – Vista dos TCs de bucha instalados em um transformador. .......... 27
Figura 2.15- Transformador de corrente do tipo invertido associado a um
disjuntor. ......................................................................................................................... 28
Figura 2.16 - Partes principais que compõe um transformador de corrente: (a) tipo
Invertido; e (b) tipo Pedestal [23]. .................................................................................... 29
Figura 2.17 - Efeito dos estresses do equipamento com o aumento do risco de falha
[27]. ................................................................................................................................... 33
Figura 2.18 - Curvas típicas de taxa de falha em função do tempo em operação do
equipamento [25]. ............................................................................................................. 40
Figura 2.19 - Rompimento dielétrico externo de um TC. ................................... 43
Figura 2.20 - Transformador de potência que pegou fogo após explosão de um
TC. .................................................................................................................................. 44
Figura 2.21 - Foto de um TC no momento da explosão. .................................... 45
x
Figura 2.22 - Foto de um TC após a explosão. ................................................... 46
Figura 2.23 - Estado do núcleo do TC após a explosão. ..................................... 46
Figura 2.24 - Indicativo de vazamento do óleo isolante de um TC. ................... 48
Figura 2.25 - Termograma de um TC. ................................................................ 49
Figura 2.26 - Retirada de amostra de papel isolante de um TC para ensaios. .... 50
Figura 2.27 - Decisões que podem ser tomadas ao longo da vida útil do
equipamento [27]. ............................................................................................................. 54
Figura 2.28 - Composição da RAP [11]. ............................................................... 58
Figura 2.29 - Configuração da RAP [11]. ............................................................. 59
Figura 2.30 - Configuração da RAP com a realização de Melhorias e Reforços [11].
........................................................................................................................................ 59
Figura 2.31 - Configuração da RAP após o fim do contrato de concessão [11]. .. 60
Figura 2.32 - Configuração da RAP com a adição da PAI [11]. .......................... 61
Figura 4.1 - Gráfico das explosões ao longo do tempo. ..................................... 65
Figura 4.2 - Mapa com os locais das explosões e a frequência de ocorrências. . 66
Figura 4.3 - Gráficos das explosões por Região do país (esquerda) e as Unidades
Federativas (direita). ....................................................................................................... 67
Figura 4.4 - Gráfico da perda de carga causado pelas explosões. ...................... 68
Figura 4.5 - Gráficos da tensão operativa nominal dos TCs (esquerda) e os
equipamentos aos quais estavam associados (direita). ................................................... 68
Figura 4.6 - Gráficos do Tipo Construtivo (esquerda) e Isolação (direita) dos TCs
que explodiram. .............................................................................................................. 69
Figura 4.7 - Gráfico da idade dos TCs que explodiram. ..................................... 70
Figura 4.8 - Gráfico da distribuição da frequência de explosões por modelo de TC.
........................................................................................................................................ 70
Figura 4.9 - Gráfico da idade dos TCs que explodiram dentre os três modelos com
maior número de ocorrências. ........................................................................................ 71
Figura 4.10 - Evolução do número de explosões envolvendo o TC de modelo J.
........................................................................................................................................ 73
Figura 4.11 - Mapa com os locais das explosões do modelo J, bem como a
frequência de ocorrências. .............................................................................................. 74
Figura 4.12 - Ano de fabricação (esquerda) e idade dos TCs (direita) do modelo J
que explodiram. .............................................................................................................. 75
Figura 4.13 - Equipamentos associados aos TCs do modelo J que explodiram. 76
xi
Figura 4.14 - Gráfico da perda de carga causado pelas explosões do modelo J. 76
Figura 4.15 - Vãos da subestação testada. .......................................................... 80
Figura 4.16 - Total de TCs em operação e explosões por ano. ........................... 82
Figura 4.17 - Taxa de falha anual e média de TCs. ............................................ 83
Figura 4.18 - Taxa de falha anual e média de TCs - Rede de 230 kV. ............... 83
Figura 4.19 - Taxa de falha anual e média de TCs - Rede de 345 kV. ............... 84
Figura 4.20 - Taxa de falha anual e média de TCs - Rede de 500 kV. ............... 84
Figura 4.21 - Taxa de falha anual e média de TCs - Influência do modelo J na rede
de 500 kV. ...................................................................................................................... 85
Figura 4.22 - Substituição de modelos envolvidos nas ocorrências de explosão de
TC. .................................................................................................................................. 87
xii
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 - Esforços que impactam no envelhecimento de transformadores de
corrente [26]. ..................................................................................................................... 31
Tabela 2.2 - Vida útil regulatória e taxas de depreciação de alguns equipamentos.
Em destaque as informações sobre transformadores de corrente [28].............................. 35
Tabela 2.3 - Modos de Falhas Maiores e Menores em TCs [26]. ......................... 42
Tabela 4.1 - Níveis básicos de isolamento para um TC da classe 550 kV [12]. ... 73
xiii
Lista de Siglas
Ω - Ohms – Unidade de resistência elétrica
A – Ampère - Unidade de corrente elétrica
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
AIS – Air Insulated Substation
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
ANSI – American National Standards Institute
CERNE - Centro de Excelência em Recursos Naturais e Energia
CIGRÉ – Conseil International des Grands Réseaux Electriques
CIGRÉ-Brasil – Comitê Nacional Brasileiro de Produção e Transmissão de Energia
Elétrica
DGA – Dissolved Gas Analysis
ECE – Esquema de Controle de Emergência
ECS – Esquema de Controle de Segurança
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
GP – Grau de Polimerização
GT – Grupo de Trabalho
IEC – International Electrotechnical Comission
IEEE – The Institute of Electrical and Electronics Engineers, Inc.
MCPSE – Manual de Controle Patrimonial do Setor Elétrico
MME – Ministério de Minas e Energia
MW – Mega Watt – Unidade de potência elétrica ativa
NBI – Nível Básico de Isolamento
NBR – Norma Brasileira aprovada pela ABNT
O&M – Operação e Manutenção
xiv
ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico
PAI - Parcela Adicional de Incentivo
PAR – Plano de Ampliações e Reforços
pC – Pico Coulomb – Unidade de carga elétrica
PMI – Plano de Modernização de Instalações
ppm – Partes por milhão
PV – Parcela Variável
RAP – Receita Anual Permitida
RB – Rede Básica
RBF – Rede Básica de Fronteira
ReA – Resolução Autorizativa
ReN – Resolução Normativa
SEB – Setor Elétrico Brasileiro
SEP – Sistemas Especiais de Proteção
SIN – Sistema Interligado Nacional
TC – Transformador de Corrente
TI – Transformador de Instrumento
TMEF – Tempo Médio entre Falhas
TMPF – Tempo Médio para Falhar
TSFI – Tensão Suportável Nominal à Frequência Industrial
TSIA – Tensão Suportável Nominal de Impulso Atmosférico
TSIM – Tensão Suportável Nominal de Impulso de Manobra
UNIFEI - Universidade Federal de Itajubá
UV – Ultravioleta
V – Volt - Unidade de tensão elétrica
VA – Volt-Ampère – Unidade de potência elétrica aparente
1
Capítulo 1
Introdução
1.1 Apresentação
As tensões e correntes elevadas observadas em sistemas de potência
impossibilitam medidores e instrumentos convencionais de exercerem suas funções
conectados diretamente à rede. Com a intenção de contornar esse problema, surgiram os
TIs - Transformadores de Instrumentos, para reduzirem os níveis de tensão ou corrente
no secundário, permitindo a conexão dos instrumentos e medidores. Além disso, são
responsáveis por isolar o chamado ‘circuito de força’, conectado ao seu enrolamento
primário, dos circuitos de proteção, medição e controle, conectados ao seu secundário.
Operando em tensão e corrente reduzidas, se torna viável a fabricação de instrumentos e
medidores de tamanhos reduzidos, com vistas ao seu isolamento (FRONTIN, 2013) [1].
Pode-se ainda citar a possibilidade de padronização e normalização da tensão e corrente
de operação desses dispositivos com a utilização de Transformadores de Instrumentos
(SILVA, 2014) [2].
Transformadores de Corrente - TCs podem ser classificados como
Transformadores de Instrumentos, responsáveis por reduzir os níveis de corrente
proporcionalmente à corrente da rede conectada ao primário.
Com a crescente expansão do Sistema Elétrico Brasileiro, naturalmente aumenta
a quantidade de TCs conectados à rede e, aliado a esse movimento, observa-se ainda o
envelhecimento dos equipamentos já existentes. Por consequência, a correta gestão e
manutenção desses ativos se torna cada vez mais importante para as empresas do SEB –
Setor Elétrico Brasileiro. Ocorrências que provoquem a indisponibilidade do
equipamento incorrem em penalidades por parte da ANEEL – Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL, 2016) [3] e devem ser evitadas a todo custo pelas transmissoras
e geradoras.
2
1.2 Proposta
Este trabalho trata de um estudo sobre a vida útil de transformadores de corrente,
trazendo as diferentes formas de classificá-la e abordá-la, como ela é vista no Setor e
como os proprietários desses equipamentos devem agir de forma a garantir a vida útil
prevista.
Por outro lado, será discutida a deterioração precoce desses equipamentos e
consequente redução de sua vida útil, razão da maioria das falhas observadas no SIN –
Sistema Interligado Nacional.
1.3 Motivação
As recorrentes falhas envolvendo transformadores de corrente estão sendo
tratadas e analisadas por um Grupo de Trabalho - GT composto por representantes das
transmissoras, de órgãos do Setor Elétrico como o ONS, ANEEL e MME – Ministério de
Minas e Energia, de fabricantes de modelos de TC com ocorrência de explosões e de um
laboratório de ensaios elétricos em equipamentos de alta tensão. Inicialmente, esse GT
foi criado para tentar relacionar as explosões de equipamentos com o estado de sua vida
útil, com o objetivo de melhorar o processo de substituição desses ativos. Atualmente,
devido ao aumento do número de explosões, o principal objetivo do GT é analisar as
ocorrências e estudar as falhas visando a discussão de suas possíveis causas e possíveis
formas de prevenção ou solução, sendo a substituição do equipamento uma delas. Com
isso, o GT é chamado de Grupo de Trabalho de Vida Útil de Transformadores de
Instrumentos.
A grande motivação para a realização deste TCC foi a realização das reuniões do
GT que trouxeram apresentações dos representantes das empresas transmissoras sobre a
metodologia que estava sendo utilizada para a determinação das causas das explosões.
Essas apresentações mostraram a importância do acompanhamento do equipamento de
forma a prever, mitigar ou até mesmo evitar situações de falha, que envolvem a explosão
do TC e podem provocar danos em outros equipamentos e trazer riscos para a equipe que
trabalha no local.
3
1.4 Objetivos do estudo
1.4.1 Objetivo primário
O presente trabalho tem como objetivo primário o estudo de conceitos ligados a
vida útil, falhas e manutenção de transformadores de corrente e sua aplicação para
entender o contexto da ocorrência de falhas seguidas de explosões no SIN.
1.4.2 Objetivos secundários
Definir o que é a vida útil e como o fim de vida útil pode ser caracterizado.
Elencar as possíveis formas de monitorar o desempenho e o estado de
transformadores de corrente e quais ensaios podem ser feitos para prevenir falhas
e garantir o serviço do equipamento durante o tempo planejado.
Analisar estatisticamente as ocorrências de explosão de TCs na rede de
transmissão.
1.5 Relevância e importância do estudo
A vida útil de equipamentos é um tema extremamente atual e vêm ganhando
relevância dentro dos grupos de estudo, sendo alvo de investigações dos Grupos A3 e C1
do CIGRÉ1 com diversas publicações na área (BACELAR et al., 2016) [4], (MONTEIRO
et al., 2017) [5], (KOPEJTKOVA et al., 2014) [6], (JANSSEN et al., 2017) [7] e
(CARVALHO et al., 2016) [8]. Por isso, seguindo a tendência global, a questão foi
abordada pelo SEB de forma mais específica em 2014, com a publicação da Resolução
Normativa – ReN N° 643 da ANEEL de 2014 (ANEEL, 2014) [9], que altera a ReN N°
443 de 2011 (ANEEL, 2011) [10] para tratar da substituição de equipamentos devido ao
fim de vida útil, conceito tratado na seção 2.2.2. Sendo assim, a partir de então, iniciou-
se em todo o SIN um grande processo de renovação dos equipamentos em operação.
1 O Cigré - Conseil International des Grands Réseaux Electriques é uma organização mundial sem fins
lucrativos, fundada em 1921. Seu objetivo é promover o intercâmbio de conhecimento entre especialistas
do mundo todo, unindo forças para desenvolver os sistemas elétricos do presente e do futuro. No Brasil,
sua representação é chamada de CIGRÉ Brasil - Comitê Nacional Brasileiro de Produção e Transmissão de
Energia Elétrica, fundada em 1971.
4
No entanto, visando a modicidade tarifária, é de interesse da ANEEL que os
equipamentos permaneçam em operação pelo maior tempo possível, recebendo a
manutenção devida para que sua vida útil seja maximizada, sempre atentando aos
indicadores necessários para evitar o sucateamento do sistema. Para isso, são estudadas
medidas que possam incentivar os proprietários dos ativos a postergar sua substituição,
como em GOMES e DORNINGER (2017) [11].
Além disso, os transformadores de corrente são equipamentos muitas vezes
tratados como secundários, mas que tem papel fundamental na operação do sistema e
podem ter grande impacto quando fora de operação. A falha de um TC traz diversas
consequências, como a ocorrência de curto-circuito, perda de carga, explosão do
equipamento e danificação dos equipamentos ao redor, entre outros. Por isso, os
transformadores de corrente merecem a devida atenção e cuidado, para que operem
segundo o planejado.
1.6 Limitações do estudo
O tema abordado neste trabalho ainda é alvo de estudos e está em constante
evolução. Como, no Brasil, começou a ser tratado recentemente, não há muitos anos de
experiência para a aquisição de dados sobre o processo de substituição de equipamentos
por fim de vida útil regulatória e falhas envolvendo TCs.
O ONS, na posição de operador do sistema, não dispõe de uma base de dados
completa contendo informações quantitativas e qualitativas sobre os transformadores de
corrente instalados na RB. Com isso, o envio dos dados relativos aos equipamentos em
fim de vida útil é de responsabilidade dos agentes2 para o atendimento da Resolução
Normativa Nº 443/2011 da ANEEL. E, justamente por ser responsável por uma ‘visão
macro’ do sistema, as falhas em TCs só são identificadas quando há uma perturbação na
Rede Básica, que está sob supervisão do Operador. Isso pode acarretar subestimação dos
eventos ocorridos no SIN, pelos casos que ocorrem fora da Rede Básica ou que ocorrem
dentro dela sem que haja registro de perturbações em sua decorrência.
2 Os agentes do SEB são empresas titulares de concessões, permissões ou autorizações do Poder
Concedente para desempenhar uma determinada função, seja ela de gerar, transmitir ou distribuir energia
elétrica, entre outras. Como o presente trabalho aborda principalmente a rede de transmissão, a utilização
de agente deve ser entendida como ‘empresa transmissora’, ou seja, detentora de ativos do setor da
transmissão (ABRADEE) [37].
5
Pelos motivos acima expostos, o enfoque das análises será dado aos TCs em
operação em instalações classificadas como Rede Básica e Rede Básica de Fronteira,
sendo estendida a tensões inferiores apenas ocasionalmente.
1.7 Organização e descrição do trabalho
O presente trabalho se encontra dividido em seis capítulos, cujos conteúdos se
encontram descritos abaixo.
O Capítulo 1 apresenta a introdução do TCC, mostrando sua proposta, seu
objetivo, a motivação para sua realização, sua relevância e suas limitações.
No Capítulo 2, é realizada uma revisão bibliográfica com uma abordagem
teórica sobre transformadores de corrente, ensaios e manutenção, modos
de falha, vida útil e conceitos para a caracterização de fim de vida útil,
além de aspectos regulatórios da substituição de equipamentos por fim de
vida útil.
No Capítulo 3, são apresentadas a metodologia e classificação deste
estudo.
No Capítulo 4 é exibido o histórico recente de ocorrências de explosões de
TCs no SIN com uma análise gráfica sobre elas, além do cálculo das taxas
de falha3. Há ainda um breve estudo do modelo com maior número de
explosões, que tem sido tratado a fundo pelo Grupo de Trabalho de Vida
Útil de Transformadores de Instrumentos. Por fim, será apresentado um
panorama sobre o processo de substituição por fim de vida útil dos
modelos de TCs envolvidos nas explosões.
O Capítulo 5 mostra a conclusão do trabalho com seus principais pontos
de destaque.
A seguir, se encontra um anexo, com a lista de todas as ocorrências de
explosão de TC verificadas no SIN, que serviram de base para a análise
gráfica feita no Capítulo 4.
Por fim, é apresentada a relação das referências bibliográficas utilizadas
neste estudo.
3 As taxas de falha são um instrumento para a avaliação da confiabilidade. Sua conceituação teórica será
feita na seção 2.3.2.
6
Capítulo 2
Revisão Bibliográfica
2.1 Transformador de corrente
Transformadores são equipamentos basicamente compostos por dois
enrolamentos, não conectados eletricamente, e um núcleo ferromagnético. Seu
funcionamento é baseado na produção de um fluxo magnético pela corrente passante por
uma das bobinas, que percorre o núcleo e provoca a circulação de corrente na outra
bobina, conforme fenômenos descritos nas Leis de Biot-Savart4 e de Faraday-Neumann-
Lenz5, respectivamente.
Estes equipamentos podem ser classificados quanto sua finalidade em
Transformadores de Potência (ou Força), de Distribuição e de Instrumentos.
Transformadores de Instrumentos têm como objetivo principal a reprodução
proporcional das tensões e correntes, impostas ao seu enrolamento primário pelo sistema
de potência ao qual ele está conectado, em seu enrolamento secundário sem provocar
grandes alterações na posição fasorial da grandeza. Dessa forma, permite-se a
monitoração das grandezas elétricas (tensão e corrente) dos sistemas de potência pelos
relés, medidores e instrumentos conectados ao secundário do Transformador de
Instrumentos. Segundo FRONTIN (2013) [1], ao mesmo tempo, a redução dos níveis de
corrente e tensão possibilita a fabricação de instrumentos e medidores em dimensões mais
reduzidas, por demandar menor isolação.
Os Transformadores de Corrente são Transformadores de Instrumentos que
promovem a redução proporcional da corrente do circuito primário para suprir os
4 A Lei de Biot-Savart relaciona a corrente elétrica que passa por um condutor com o campo magnético
criado por ela. Foi formulada por Jean-Baptiste Biot (1774-1862), físico, astrônomo e matemático francês,
e Félix Savart (1791-1841), físico francês (YOUNG e FREEDMAN, 2009) [35].
5 A Lei de Faraday-Neumann-Lenz trata do comportamento de um campo magnético frente a um circuito
elétrico, produzindo uma tensão induzida. Michael Faraday (1791-1867), físico e químico inglês, fez a
descoberta da indução eletromagnética. Franz Ernst Neumann (1798-1895), mineralogista, físico e
matemático alemão, foi responsável por sua formulação matemática. E Heinrich Lenz (1804-1865), físico
estoniano, estabeleceu a relação entre o sentido da corrente elétrica induzida e o campo magnético que a
gerou [35].
7
dispositivos conectados ao circuito secundário. Seu enrolamento primário é colocado em
série com o circuito de potência e a relação entre as espiras do enrolamento primário e do
enrolamento secundário tem o papel de produzir a ‘imagem’ da corrente primária (IP) que
será induzida no enrolamento secundário. Usualmente, utiliza-se a padronização da
corrente secundária (IS) em 5A, podendo assumir também os valores de 1A ou 2A,
segundo a NBR 6856-2015 (ABNT, 2015) [12], que trata da especificação de TCs.
2.1.1 Conceitos básicos e definições
Para a compreensão do funcionamento dos Transformadores de Corrente, alguns
conceitos precisam ser entendidos. Para isso, a Figura 2.1 apresenta um desenho
esquemático de um TC, cujas descrições das partes envolvidas são apresentadas a seguir.
Figura 2.1- Esquema básico de um TC [13].
Adaptado pelo autor.
Núcleo
Composto de material ferromagnético laminado em chapas para reduzir a
indução de correntes de Foucault6. Devido à sua baixa relutância magnética,
permite a circulação de fluxo magnético no interior do material. É envolvido
pelos enrolamentos primário e secundário.
Enrolamento Primário
6 As correntes de Foucault, também conhecidas como correntes parasitas, são correntes induzidas que
escoam superficialmente em um material condutor quando submetido a um fluxo magnético variável.
Provoca aumento na dissipação de energia por calor (Efeito Joule), aumentando as perdas no núcleo. Esse
fenômeno foi descoberto por Jean Bernard Léon Foucault (1819-1868), físico e astrônomo francês, também
inventor do Pêndulo de Foucault. (TERRA, 2013) [36]
8
É a bobina do TC que está em série com o sistema de potência. Pela Lei
de Biot-Savart, a circulação de corrente pela bobina do enrolamento primário
produz um fluxo magnético. Este percorre o núcleo e, pela Lei de Lenz, induz
uma corrente no enrolamento secundário.
Enrolamento Secundário
Por onde circula a corrente que é induzida pelo enrolamento primário.
Responsável pela alimentação das bobinas de corrente dos instrumentos de
medição e dispositivos de proteção e controle.
Circuito Primário
Corresponde ao sistema de potência cuja corrente precisa ser medida ou
monitorada. Está conectado em série com o enrolamento primário.
Circuito Secundário
Conjunto de medidores (amperímetro, wattímetro e medidores de energia)
e dispositivos de proteção (relés) que são alimentados pelo enrolamento
secundário do TC.
Carga
Impedância do circuito secundário conectado ao TC. Compreende a
impedância dos medidores, dispositivos de proteção e controle e também dos
cabos que os conectam aos painéis de controle.
Carga Nominal
Carga máxima para qual o TC garante o cumprimento dos requisitos de
exatidão necessários.
Corrente Primária (IP)
Corrente que percorre o enrolamento primário. Devido à impedância
desprezível oferecida pelo Transformador de Corrente, a corrente primária é
imposta pelo sistema de potência no qual está instalado e reflete todas as
alterações sofridas pela rede.
Corrente Primária Nominal (IPN)
Corrente primária para a qual o TC foi projetado e designado.
Corrente Secundária (IS)
9
Corrente que percorre o enrolamento secundário e supre o circuito
secundário. É uma imagem da corrente primária.
Corrente Secundária Nominal (ISN)
Corrente secundária para a qual o TC foi projetado e designado.
Relação Real (RRTC)
Razão entre os valores eficazes das correntes primária e secundária, como
segue:
𝑅𝑅𝑇𝐶 =𝐼𝑃
𝐼𝑆
Onde:
IP – corrente primária
IS – corrente secundária
RRTC – relação real do TC
Relação Nominal (RTC)
Valor de placa da relação de transformação do TC. É a razão entre as
correntes primária e secundária nominais e inverso da relação entre as espiras do
enrolamento primário e as do enrolamento secundário, como pode ser visto
abaixo.
𝑅𝑇𝐶 =𝐼𝑃𝑁
𝐼𝑆𝑁=
𝑁𝑆
𝑁𝑃
Onde:
IPN – corrente primária nominal
ISN – corrente secundária nominal
NP – número de espiras do enrolamento primário
NS – número de espiras do enrolamento secundário
RTC – relação nominal do TC
Fator de Correção da Relação (FCR)
Razão entre a Relação Real e a Relação Nominal do TC, ou seja, mostra o quão
próxima da relação projetada é a Relação Real. Essa diferença se deve à
compensação de espira, característica construtiva do TC. Pode ser escrito como:
10
𝐹𝐶𝑅 =𝑅𝑅𝑇𝐶
𝑅𝑇𝐶
Onde:
FCR – fator de correção da relação
RRTC – relação real do TC
RTC – relação nominal do TC
Erro de Relação Percentual (E%)
Valor, em porcentagem, que expressa o erro introduzido pela compensação de
espira. É dado por:
𝐸% = 100(𝐹𝐶𝑅 − 1)
Onde:
E% – erro de relação percentual
FCR – fator de correção da relação
Ângulo de Fase (β)
Defasagem entre os ângulos dos fasores das correntes primária e do inverso da
corrente secundária, introduzida pela transformação. É positivo quando a corrente
secundária está adiantada em relação à primária.
Fator de Correção da Transformação (FCT)
Leva em conta o erro introduzido tanto pelo Ângulo de Fase (β) quanto
pelo Erro de Relação Percentual (E%). Para corrigir a leitura fornecida pelos
medidores conectados no circuito secundário, basta multiplicar a medida pelo
FCT.
2.1.2 Circuito equivalente
O funcionamento dos transformadores de corrente pode ser bem entendido a partir
da análise de seu circuito real. Na Figura 2.2, pode-se observar o modelo real completo
de um transformador de corrente, cujos componentes buscam modelar os fenômenos que
ocorrem em seu núcleo e enrolamentos. As resistências RP e RS representam,
respectivamente, as resistências dos enrolamentos primário e secundário para a
modelagem dos efeitos das perdas ôhmicas no cobre das duas bobinas; as reatâncias XP e
XS modelam o fluxo de dispersão nos enrolamentos primário e secundário,
11
respectivamente; a resistência RC e a reatância XM formam o chamado ramo de
magnetização ou de excitação e representam, respectivamente, as perdas por corrente de
Foucault no núcleo e histerese do material ferromagnético que o compõe e a reatância de
magnetização; já a impedância ZB representa a carga (burden) do TC, formada pelo seu
circuito secundário.
Figura 2.2 - Modelo real completo de um transformador de corrente.
Fonte: Elaboração própria.
A corrente de excitação Ie, que percorre o ramo de excitação, é composta de duas
componentes. A primeira delas, chamada corrente de perdas no núcleo, percorre RC e está
em fase com a tensão aplicada no núcleo; a segunda, corrente de magnetização, percorre
XM e está atrasada de 90° em relação à tensão aplicada no núcleo.
A Figura 2.3 mostra uma representação equivalente simplificada que pode ser
usada para transformadores de corrente. Para isso, pode-se desprezar a resistência e
reatância do primário, visto que, na maioria das vezes, o enrolamento primário é formado
por um condutor ao qual o TC está conectado. Outra mudança é a reflexão do ramo de
excitação para o secundário. Dessa forma, o circuito da Figura 2.3 agrega apenas as
grandezas inerentes ao transformador de corrente.
12
Figura 2.3 - Circuito simplificado de um TC.
Fonte: Elaboração própria.
Percebe-se que as únicas correntes que percorrem o diagrama do TC da Figura 2.3
são IP/RTC, Ie’ e IS, que são, respectivamente a corrente do primário referida ao
secundário, a corrente de excitação referida ao secundário e a corrente do secundário que
percorre a carga. Com isso, fica em evidência uma importante conclusão acerca do
funcionamento dos TCs. Pela Lei das Correntes de Kirchhoff7, sabe-se que 𝐼𝑃
𝑅𝑇𝐶= 𝐼𝑒
′ + 𝐼𝑆,
o que mostra que nem toda corrente do primário é transformada em corrente do
secundário, pois uma parte se perde na excitação do núcleo. Essa diferença traz outra
interpretação para dois conceitos explicados na seção 2.1.1, que serão importantes na
compreensão da exatidão do TC.
Fator de Correção da Relação (FCR)
Pode ser também escrito como:
𝐹𝐶𝑅 =𝑅𝑅𝑇𝐶
𝑅𝑇𝐶=
𝐼𝑃𝐼𝑆
⁄
𝑁𝑆𝑁𝑃
⁄=
𝐼𝑆 + 𝐼𝑒′
𝐼𝑆
Onde:
7 Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887) foi um físico alemão, responsável pela elaboração das Leis de
Kirchhoff para circuitos elétricos (SILVA) [34]. Segundo a primeira Lei de Kirchhoff, a soma das correntes
que fluem na direção de um nó elétrico é igual à soma das correntes que saem desse mesmo nó. Já a segunda
Lei de Kirchhoff afirma que a soma das quedas de tensão em qualquer caminho fechado percorrido por
corrente é igual a zero.
13
FCR – fator de correção da relação
RRTC – relação real do TC
RTC – relação nominal do TC
IP – corrente primária
IS – corrente secundária
NS – número de espiras do enrolamento secundário
NP – número de espiras do enrolamento primário
Ie’ – corrente de excitação referida ao secundário
Erro de Relação Percentual (E%)
Dado também por:
𝐸% = 100(𝐹𝐶𝑅 − 1) = 100 ×𝐼𝑒
𝐼𝑆
Onde:
E% – erro de relação percentual
FCR – fator de correção da relação
Ie – corrente de excitação
IS – corrente secundária
2.1.3 Especificação
A especificação de transformadores de corrente segue padrões ditados pelas
normas técnicas. Estas são as estabelecidas por organizações nacionais, como a ABNT, e
internacionais, como a ANSI, IEEE e IEC. Assim, a partir da escolha de qual norma seguir
por parte do responsável pela aplicação do TC, diferentes faixas de valores das
características a serem especificadas ficam disponíveis, de acordo com o critério de cada
organização.
Seguindo o processo de especificação, há ainda de se observar se as condições
ambientes previstas em norma serão cumpridas, pois, caso não sejam, os valores nominais
especificados podem sofrer correções. A partir da escolha da norma e da avaliação do
meio externo, deve-se identificar o propósito da utilização do equipamento, se ele tem o
objetivo suprir medidores ou relés. E então, finalmente, a determinação dos valores
nominais necessários para a especificação completa e nomenclatura de acordo com a
norma escolhida.
14
2.1.3.1 Normas
Abaixo, são listadas as normas técnicas relacionadas a transformadores de
corrente e passíveis de utilização no Brasil:
ABNT
o NBR 6856 [12]
Transformador de Corrente – Especificação e ensaios
ANSI/ IEEE
o IEEE Std C57.13-2016 [14]
Standard Requirements for Instrument Transformers
o IEEE Std C37.110-2007 [15]
Guide for the Application of Current Transformers Used for
Protective Relaying Purposes
IEC
o IEC 61869-1:2007 [16]
Instrument transformers - Part 1: General requirements
o IEC 61869-2:2012 [17]
Instrument transformers - Part 2: Additional requirements for
current transformers
2.1.3.2 Condições ambientais
Segundo a NBR 6856, os TCs são projetados para operar respeitando alguns
limites para o ambiente no qual o equipamento está instalado, tais como:
Altitude de até 1000 m.
Temperatura máxima ambiente de até 40°C.
Temperatura mínima ambiente de até -10°C.
Temperatura média de até 30°C para um período de 24 horas.
No entanto, existem casos em que esses limites não podem ser respeitados devido
às condições locais. Para esses casos, são feitas correções nos valores nominais
especificados.
15
A norma NBR 6856 ainda cita condições adversas que podem ser encontradas e
que devem ser relatadas aos fabricantes para que sejam tomados os cuidados necessários.
Exemplos citados pela NBR 6856 para condições especiais:
Instalação em pontos com altitude superior a 1000 m.
Temperatura ambiente fora dos limites normalizados.
Exposição do equipamento à salinidade, vapor, gases ou fumaça
Exposição excessiva à poeira.
Exposição a ambientes corrosivos.
Vibrações excessivas e abalos sísmicos.
Exposição a ambientes explosivos.
Transporte em condições precárias.
Instalação em ambientes de alta umidade, possibilitando a formação de fungos.
2.1.3.3 Serviço
Segundo SILVA (2014) [2], os TCs podem ser classificados quanto ao serviço
para o qual foram designados da seguinte forma [2]:
Transformadores de Corrente para Serviço de Medição
O objetivo desses equipamentos é a medição de correntes em circuitos de
alta tensão. Para tal, deve apresentar alta precisão, com erros de medição de 0,3%
a 0,6% e baixa corrente de saturação de quatro vezes a corrente nominal, como
pode ser visto na Figura 2.4. Durante curtos-circuitos, o ideal é que o TC entre
em saturação, protegendo os equipamentos de medição do circuito secundário.
Construtivamente, seu núcleo apresenta seção menor do que os TCs para serviço
de proteção, de modo a promover a saturação do núcleo do equipamento.
Transformadores de Corrente para Serviço de Proteção
Esses equipamentos têm como objetivo a proteção de circuitos de alta
tensão e, para isso, trazem em seu circuito secundário relés de proteção. Para esse
serviço, não é necessária elevada precisão, podendo o equipamento apresentar até
10% de medição, mas é necessário apresentar elevada corrente de saturação, da
16
ordem de vinte vezes a corrente nominal, para que não saturem durante a
ocorrência de curtos-circuitos, como mostrado na Figura 2.4.
Para TCs de Proteção em operação em sistemas com religamento, como
alimentadores com religadores ou com disjuntores com relé de religamento, há
de se ter ainda cuidado com o magnetismo residual. Na ocorrência de eventos de
religamento, a remanência, fenômeno que provoca a preservação de um
magnetismo residual no núcleo, pode provocar a saturação do TC antes do ponto
previsto. Assim, de acordo com FILHO, J. M. e MAMEDE, D. R. (2013) [18],
uma medida comum para evitar esse problema é a inserção de um entreferro, de
modo a tornar o núcleo antirremanente.
Pode-se subdividir os transformadores de corrente para serviço de
proteção em duas classes:
o TCs da classe A (ABNT) ou classe T (ANSI):
Possuem alta impedância interna, pois a reatância de dispersão do
enrolamento secundário possui valor muito maior do que a impedância do
total do circuito secundário em situação de carga nominal. Normalmente,
apresentam ambas as bobinas primária e secundária enroladas sobre o
núcleo.
Possuem alta impedância interna, pois a reatância de dispersão do
enrolamento secundário possui valor muito maior do que a impedância do
total do circuito secundário em situação de carga nominal. Normalmente,
apresentam ambas as bobinas primária e secundária enroladas sobre o
núcleo.
o TCs da classe B (ABNT) ou classe C (ANSI):
Possuem baixa impedância interna, pois a reatância de dispersão
do enrolamento secundário possui valor desprezível em relação à
impedância total do circuito secundário em situação de carga nominal.
Construtivamente, costumam apresentar núcleo toroidal, com o
enrolamento secundário enrolado uniformemente sobre o núcleo. O
enrolamento primário apresenta suportabilidade a altas correntes.
17
Figura 2.4 - Curva de saturação de transformadores de corrente para serviço de proteção e medição [18].
2.1.3.4 Valores nominais
Após a definição da norma a ser seguida e da função do transformador de corrente,
é necessária a definição de seus valores nominais. Eles são exibidos na placa do
equipamento, como mostrado na Figura 2.5. Conforme FILHO, J. M. e MAMEDE, D. R.
(2013) [18], os valores nominais mais importantes a serem definidos são relacionados a
seguir.
Figura 2.5 - Trecho da placa de um TC com seus valores nominais.
Fonte: Acervo do autor.
Tensão máxima do equipamento e níveis de isolamento
Os níveis básicos de isolamento são tensões para as quais há a garantia de
não ocorrerem descargas disruptivas na isolação externa e são definidas por ensaio
a partir da tensão máxima de operação do equipamento. São elas:
Tensão suportável nominal à frequência industrial.
Tensão suportável nominal de impulso de manobra.
18
Tensão suportável nominal de impulso atmosférico.
Correntes nominais e relações nominais
As correntes secundárias geralmente são normalizadas em 5 A, podendo
também ser de 2 A ou 1 A, e as correntes primárias dependem do circuito em que
o TC opera. Portanto, para o atendimento dos requisitos dos dispositivos do
circuito secundário a partir da faixa de valores de corrente imposta pelo circuito
primário, deve-se escolher a relação nominal adequada, que poderá ser obtida por
ligações série e paralelo ou tapes na bobina do equipamento. Assim, poderão ser
escolhidas relações nominais simples, duplas ou múltiplas.
Frequência nominal
Também chamada frequência industrial. No Brasil é definida por norma
como 60 Hz, podendo variar entre 58 Hz e 62 Hz. Em outros países, como no
Paraguai, é adotada a frequência de 50 Hz.
A utilização de TCs para uma frequência não especificada pode acarretar
aumento nas perdas internas e redução da exatidão.
Cargas nominais
A carga do circuito secundário do TC pode ser expressa como uma
impedância, com resistência e reatância, ou como potência identificando o fator
de potência, representando o consumo da carga para a corrente secundária
nominal. Ressalta-se que, para o cálculo da carga total, são consideradas as
impedâncias tanto dos relés e medidores quanto dos cabos.
As normas definem a nomenclatura a partir da carga nominal do TC. Deve-
se encontrar nas tabelas de cada norma a faixa de valores que atendem a carga
designada ao transformador de corrente que está sendo especificado. A NBR 6856
[12] define a carga por meio da potência aparente (VA), enquanto a IEEE Std
C57.13-2016 [14] utiliza a definição da carga pela sua impedância (Ω).
Classe de exatidão
A exatidão é uma característica muito importante de TCs, sobretudo para
o serviço de medição. O equipamento real introduz erros na magnitude e ângulo
das correntes medidas, causados pela Corrente de Excitação Ie e pelo ângulo de
fase β. Por isso, são estabelecidos limites para esses pequenos erros introduzidos
19
pelos TCs, definidos pelos paralelogramos de exatidão. Estes são traçados para as
diferentes classes de exatidão à disposição, segundo a norma escolhida.
Nas Figuras 2.6, 2.7 e 2.8, podem ser vistos os paralelogramos de exatidão
para as classes de exatidão 0,3, 0,6 e 1,2, definidas pela ABNT, para correntes de
carga iguais à corrente nominal e à 10% da nominal. No eixo das ordenadas estão
localizados os valores de FCR e no eixo das abcissas os valores de β. É
interessante observar que os limites do FCR e β aumentam conforme a classe de
exatidão também aumenta. Com isso, percebe-se que quanto menor a classe de
exatidão, mais preciso é o TC, pois menor é o Erro de Relação Percentual E%
admitido.
Figura 2.6 - Paralelogramo de exatidão para TCs de medição com classe de exatidão 0,3 [12].
20
Figura 2.7 - Paralelogramo de exatidão para TCs de medição com classe de exatidão 0,6 [12].
Figura 2.8 - Paralelogramo de exatidão para TCs de medição com classe de exatidão 1,2 [12].
21
Como dito, enquanto os TCs de medição devem ser extremamente fiéis e
saturar para altas correntes para proteger os medidores, os TCs de proteção não
devem saturar para correntes altas, mas podem apresentar classes de exatidão
maiores, de 5 e 10%, segundo a ABNT e de 10% segundo a ANSI. Isso quer dizer
que o Erro de Relação Percentual E% fica limitado a 5% ou 10% para correntes
secundárias desde seu valor nominal até 20 vezes o mesmo.
Número de núcleos para medição e proteção
Devido às características intrínsecas de núcleos para medição e proteção
quanto à questão da saturação e conexão de enrolamentos secundários para cada
função, é possível fazer a separação do núcleo em pernas, como mostrado na
Figura 2.9. Assim, pela diferença das espessuras dos núcleos, garante-se a
saturação do núcleo para medição e a correta operação do núcleo para proteção,
quando da ocorrência de curtos-circuitos.
A quantidade de núcleos para cada função depende da necessidade de
alimentação do TC (sistemas de proteção, medição e faturamento, medição para
controle da operação, por exemplo) e sua especificação é feita de acordo com o
ponto em que o transformador de corrente está instalado.
Figura 2.9 - TC com núcleos e enrolamentos separados para proteção e medição [19].
Fator térmico nominal
O Fator Térmico é a razão entre a máxima corrente permitida no primário
e a corrente primária nominal para que a temperatura do equipamento não exceda
os valores estipulados em norma.
22
Corrente suportável nominal de curta duração
Também chamada de Corrente Térmica. É o valor eficaz da maior corrente
que o TC pode suportar por 1 segundo com o enrolamento secundário curto-
circuitado sem sofrer avarias e perda de vida útil e sem ultrapassar os limites de
temperaturas da sua classe de isolamento. Essa corrente tem origem em falhas,
como curtos-circuitos.
Valor de crista nominal da corrente suportável
Também chamada de Corrente Dinâmica. É o valor do primeiro pico da
corrente primária na ocorrência de defeitos para o qual o TC apresenta
suportabilidade por geralmente 0,1s com seu enrolamento secundário curto-
circuitado e sem que haja avarias elétricas e mecânicas causadas pelas forças de
atração e repulsão (forças eletromagnéticas).
Aterramento do sistema
Especificação do aterramento do local do sistema onde o TC está instalado:
sistema efetivamente aterrado, sistema isolado, entre outros.
Uso interno ou externo
Equipamentos de uso interno estão abrigados contra intempéries, enquanto
os de uso externo se encontram ao ar livre, no pátio, sujeito às intempéries.
2.1.3.5 Nomenclatura
A nomenclatura depende da norma utilizada, pois cada uma define sua própria
regra. Assim, como forma de exemplificar, serão apresentadas as regras adotadas pela
ABNT [12] e pela ANSI/IEEE [14].
O primeiro passo é definir o serviço do TC – proteção ou medição. Caso seja para
proteção, este poderá ser do tipo A ou B (ABNT) ou T ou C (ANSI), sendo o tipo A
equivalente ao tipo T da norma americana e o tipo B equivalente ao tipo C. Antes da letra,
é escrita a classe de exatidão para a ABNT (suprimida pela ANSI por pertencer
exclusivamente à classe 10) e após a letra é escrita a tensão secundária que aparece nos
terminais secundários do TC quando ocorre a circulação de 20 vezes a corrente nominal
no secundário. Caso seja para serviço de medição, para a ABNT, a nomenclatura ganha
a letra C de carga, enquanto para a ANSI utiliza-se a letra B de Burden. Antes da letra, é
23
escrita a classe de exatidão e após a letra é escrita a carga conectada ao enrolamento
secundário do TC em volt-ampéres para a ABNT e em ohms para a ANSI que verifica a
classe de exatidão fornecida. Assim, um TC para serviço de medição classificado como
0,3C2,5 pela ABNT é classificado como 0,3B0,1 pela ANSI. Já um TC para serviço de
proteção especificado pela ABNT como 5A200 corresponde ao T200 especificado pela
ANSI.
Para a especificação da relação nominal do TC, a ABNT utiliza dois pontos (:)
para separar a relação entre as espiras, e o hífen (-) para separar as correntes nominais de
enrolamentos diferentes. Já a ANSI, determina a utilização de dois pontos (:) para separar
as correntes nominais e hífen (-) para a relação entre as espiras. Ambas definem a letra x
para separar correntes nominais que podem ser obtidas por ligações série e paralelo dos
enrolamentos, enquanto a barra (/) é usada para indicar correntes que podem ser utilizadas
por meio da ação de tapes nos enrolamentos. Por exemplo, um TC que pode operar com
correntes primárias de 300 A e 400 A, obtidas por meio de derivações, recebe a
nomenclatura 300/400-5 A de acordo com a ABNT e 300/400:5 de acordo com a ANSI.
Já um TC que pode operar com correntes primárias de 300 A e 600 A por meio de ligações
série e paralelo, recebe a nomenclatura 300x600-5 A pela ABNT e 300x600:5 A pela
ANSI.
2.1.3.6 Representação
Os terminais de cada enrolamento do transformador de corrente devem ser
corretamente identificados para garantir a correta conexão do equipamento à rede e dos
dispositivos do circuito secundário ao equipamento. Para isso, são usadas marcas de
polaridade e a identificação por letras e números.
Polaridade
A polaridade é a representação da relação entre os ângulos das correntes primária
e secundária. Quando não há inversão da fase da corrente entre o primário e secundário,
a polaridade é aditiva; quando a inversão de fase ocorre, a polaridade é subtrativa.
Segundo a NBR 6856 [12], os TCs devem ter polaridade subtrativa e os terminais de igual
polaridade devem ser marcados em baixo ou alto relevo de forma permanente ou
apresentar buchas de cores diferentes. As representações para as polaridades aditiva e
subtrativa são mostradas na Figura 2.10.
24
Figura 2.10 - Polaridades aditiva e subtrativa para TCs [18].
Adaptado pelo autor.
Identificação dos terminais
Os transformadores de corrente podem apresentar um ou mais enrolamentos
primários e secundários e podem apresentar mais de dois terminais de conexão para cada
enrolamento, como ‘tapes’.
Quando o terminal pertencer ao enrolamento primário, deve receber a letra P
quando especificado segundo a ABNT e a letra H quando especificado segundo a ANSI.
Caso pertença ao enrolamento secundário, recebe a letra S segundo a ABNT e a letra X
segundo a ANSI.
O número do enrolamento ao qual o terminal pertence é identificado pelo
algarismo antes da letra que identifica se se trata do enrolamento primário ou secundário.
Portanto, por exemplo, caso seja um terminal do segundo enrolamento secundário, recebe
a identificação 2S (ABNT) ou 2X (ANSI) e quando se trata de um terminal do primeiro
enrolamento primário, recebe a identificação 1P (ABNT) ou 1H (ANSI).
Já o número em seguida da letra de identificação do enrolamento representa a
posição do terminal no enrolamento. A ordem das derivações do enrolamento é dada pela
ordem dos algarismos escritos após a letra do enrolamento. Por exemplo, os terminais
1P1, 1P2 e 1P3 (ABNT) são as três derivações do primeiro enrolamento primário e estão
na ordem do primeiro para o terceiro terminal. Quando houver mais de um enrolamento
primário ou secundário, os dois terminais marcados com o número 1 deverão ter a mesma
25
polaridade. A Figura 2.11 mostra um exemplo de marcação de terminais considerando as
regras de identificação por letras e números e polaridade.
Figura 2.11 - Terminais do primário e secundário de TCs [20].
2.1.4 Características construtivas do TC
Os transformadores de corrente podem assumir diferentes formas. De forma
genérica, as principais diferenças residem no isolamento interno (papel-óleo, resina epóxi
ou a seco) e externo (gás SF6 ou ar) e na posição do enrolamento primário e secundário
em relação ao núcleo, ou seja, na sua construção mecânica. Em instalações de alta tensão,
alguns tipos são encontrados com maior frequência, como os do tipo Bucha, do tipo
Pedestal e do tipo Invertido, usualmente com isolamento a óleo em subestações isoladas
a ar (AIS – Air Insulated Substation). A seguir, são descritos os principais tipos de TC e,
em seguida, são mostrados os principais componentes de um TC típico.
2.1.4.1 Tipos construtivos
Do ponto de vista mecânico
o Tipo primário enrolado
Para circuitos de até 15 kV, por possuir isolação limitada. Os enrolamentos
primário e secundário se encontram montados permanentemente enrolados no núcleo.
o Tipo barra
Os enrolamentos primário e secundário se encontram montados permanentemente
no núcleo e estão completamente isolados. O primário é formado por uma barra condutora
fixa que atravessa a janela do núcleo, como pode ser visto na Figura 2.12.
26
Figura 2.12 - TCs de barra.
Fonte: Acervo do autor.
o Tipo janela
Apenas o enrolamento secundário se encontra montado permanentemente no
núcleo, pois o enrolamento é constituído de um condutor ou barramento que atravesse a
janela, como na Figura 2.13.
Figura 2.13 - TC do tipo janela [21].
o Tipo bucha
27
Análogo ao Tipo janela, mas fabricado para ser instalado no interior das buchas
de equipamentos elétricos, como transformadores, disjuntores e reatores. Seu núcleo tem
formato toroidal e tem o enrolamento secundário enrolado, enquanto o enrolamento
primário é formado pelo condutor que o atravessa.
Pelas suas características construtivas e sua instalação, seu circuito magnético é
maior do que o dos outros. É mais preciso para altas correntes por possuir baixa saturação.
Para baixas correntes, apresenta menor precisão por apresentar alta corrente de excitação.
Por isso, é usado usualmente para altas correntes [2].
Muito empregado em transformadores de potência, como na Figura 2.14, para sua
proteção diferencial, de forma a restringir a zona de proteção ao equipamento [18].
Figura 2.14 – Vista dos TCs de bucha instalados em um transformador.
Fonte: Acervo do autor.
o Tipo núcleo dividido
Seu enrolamento secundário é montado permanentemente no núcleo, que possui
parte separável ou articulada para permitir abraçar o condutor que serve de enrolamento
primário. Difundido popularmente na forma do amperímetro alicate.
o Tipo pedestal
28
Possui maior robustez mecânica, pois sua massa está concentrada em sua base. O
condutor primário percorre o equipamento até o núcleo e enrolamento secundário e
retorna ao topo do equipamento, como na parte (b) da Figura 2.16.
o Tipo invertido
O núcleo e o secundário se localizam na parte superior do equipamento; o primário
é uma barra estacionária. Usado para altas correntes nominais e de curto-circuito.
(RAMÍREZ, 1991) [22]
Os terminais do secundário ficam acessíveis por meio de uma caixa de terminais
localizada em sua base.
Na Figura 2.15 pode ser visto um TC do tipo Invertido associado a um disjuntor:
Figura 2.15- Transformador de corrente do tipo invertido associado a um disjuntor.
Fonte: Acervo do autor.
Do ponto de vista elétrico
o Tipo com vários núcleos
Possui vários enrolamentos secundários distintos isolados e montados cada um em
seu próprio núcleo. O fluxo produzido pelas espiras do primário enlaça todos os
enrolamentos secundários. Pode atender o caso de um único TC com núcleos separados
para medição e para proteção, mostrado na Figura 2.9, mostrada anteriormente.
o Tipo com ligações série-paralelo
29
Possui dois enrolamentos primários distintos que podem ser associados em série
ou em paralelo, possibilitando duplicar sua capacidade de corrente sem alterar o
enrolamento secundário e preservando a precisão.
o Tipo com relações múltiplas
Apresenta tapes no enrolamento secundário que permitem alcançar diversas
RTCs.
2.1.4.2 Partes principais
Na Figura 2.16, são vistos os principais componentes comuns aos TCs dos tipos
Invertido e Pedestal, tipos encontrados facilmente nos pátios das subestações.
Figura 2.16 - Partes principais que compõe um transformador de corrente: (a) tipo Invertido; e (b) tipo
Pedestal [23].
Adaptado pelo autor.
30
2.2 Vida útil de um equipamento elétrico
A vida útil de um equipamento é o período durante o qual ele está apto a cumprir
sua função e a um custo de operação e manutenção razoável [24]. Durante esse período,
o equipamento envelhece e são realizadas manutenções preventivas, que tratam de sua
monitoração e de seus parâmetros, e corretivas, que atuam na correção de problemas de
funcionamento ou na prevenção de problemas que podem ocorrer. Assim, permite-se que
ele permaneça em serviço até o ponto em que os custos não justifiquem mais que ele
permaneça em operação e então deve ser tomada a decisão de substituir o equipamento.
No entanto, essa decisão também pode não ter nenhuma relação com o envelhecimento
do equipamento, sendo ocasionada pelo fim da vida útil sob outros aspectos.
2.2.1 Envelhecimento
Com dito, durante sua vida útil, o equipamento envelhece e, na ausência de
manutenção, se deteriora. Se tratando de transformadores de corrente, esse
envelhecimento é denotado principalmente por indicadores da qualidade do seu
isolamento.
Para transformadores de corrente com isolamento a óleo mineral e papel, sabe-se,
de forma geral, que a ruptura mecânica do papel isolante é fator determinante para a
ocorrência de falhas. Portanto, o acompanhamento das características mecânicas, além
das físico-químicas, do sistema papel-óleo pode determinar o padrão de envelhecimento
do equipamento.
O envelhecimento segue normalmente um padrão esperado, mas a ocorrência de
estresses excessivos no equipamento pode provocar seu aceleramento. Assim, como
consequência do envelhecimento precoce, aumenta a probabilidade de falha, reduzindo
sua expectativa de vida.
Envelhecimento natural
Diz respeito, principalmente, à degradação das substâncias orgânicas que,
no caso, do isolamento de transformadores de corrente, podem ser o papel e o óleo
mineral. Conforme NEMÉSIO SOUSA (2017) [25], a degradação da isolação
pode ser proveniente de agressões térmicas, hidrolíticas ou oxidativas. O primeiro
tipo gera, como subprodutos, glucose, água, ácidos orgânicos e óxidos de carbono
31
em decorrência da quebra das moléculas de celulose e ocorre na presença de calor.
O segundo, é catalisado pela presença de água e ácidos no óleo e forma glucose
livre. Já a agressão oxidativa ocorre sob presença de óxidos e oxigênio e produz
ácidos, aldeídos e água e, secundariamente, óxidos de carbono e gás hidrogênio.
Destaca-se a ação da água decorrente da degradação oxidativa, que, por meio de
outras reações, influencia diretamente na resistência mecânica das fibras da
celulose.
Outros compostos que resultam da degradação do material isolante,
especialmente o celulósico, e que merecem atenção são os Furanos e seus
derivados, que são produzidos durante a operação normal do equipamento mesmo
sob temperaturas baixas.
Envelhecimento acelerado
Os equipamentos são projetados para operar sob determinadas condições
especificadas que os permitam suportar situações ambientais adversas, como
terremotos, neve e chuva, e permanecer em serviço mesmo sob condições severas
de curtos-circuitos e descargas atmosféricas, por exemplo. Quando o equipamento
é estressado, ou seja, opera em condições fora de sua especificação, sofre esforços
não planejados, acelerando sua deterioração, o que acentua o envelhecimento e
pode levar à sua falha.
Se tratando de transformadores de corrente, os fatores que levam ao
envelhecimento acelerado podem ser separados em três ordens, expostas na
Tabela 2.1.
Tabela 2.1 - Esforços que impactam no envelhecimento de transformadores de corrente [26].
Esforços de ordem
elétrica
Esforços de ordem
ambiental
Esforços de ordem mecânica e
térmica
Estresses elétricos Chuva Estresses mecânicos
Sobrecorrentes e
sobretensões Umidade Estresses térmicos
Descargas atmosféricas Poeira
32
Esforços de ordem
elétrica
Esforços de ordem
ambiental
Esforços de ordem mecânica e
térmica
Efeito Corona Radiação UV
Esforços dielétricos Temperatura
Vento
Os esforços elétricos por vezes acabam por se transformar em esforços
térmicos, mecânicos ou dielétricos 8 , podendo a levar à degradação de
componentes dos TCs. Falhas Menores9, tais como perda de alguma função e
vazamento de óleo, podem ser provocadas por esses esforços, podendo chegar a
Falhas Maiores 10 como ruptura dielétrica, danificação permanente de
componentes e explosões [26].
Os esforços ambientais provocam esforços térmicos, mecânicos e
dielétricos em decorrência da corrosão das partes metálicas externas, rachaduras
em isoladores, danificação do verniz protetor, erosão, entre outros. Estes fatores
podem levar a Falhas Menores e Maiores como as mencionadas.
Os esforços mecânicos e térmicos podem ser provenientes de ações
ambientais como terremotos e ventos ou também de estresses elétricos como a
trepidação causada pela circulação de corrente de curto-circuito. Falhas Menores,
como vazamento de óleo e aumento da resistência de contato, podem ocorrer, bem
como Falhas Maiores, como perda de óleo, levando à falha dielétrica, e falha na
conexão com o circuito primário.
A Figura 2.17 ilustra, segundo o CIGRÉ WG C1.1 [27], o efeito de estresses
excessivos na aceleração do envelhecimento do equipamento. A curva da direita (verde)
representa a ‘resistência’ ou confiabilidade do equipamento, que, ao caminhar para a
8 Materiais dielétricos são responsáveis por impedir a passagem de corrente elétrica, ou seja, são isolantes.
Por outro lado, permitem a manifestação de campo elétrico. Rigidez dielétrica é o valor da diferença de
potencial que aplicada a um dielétrico provoca a passagem de corrente pelo material. Quando há a superação
desse limite, há a ruptura dielétrica. Como os TCs apresentam uma camada dielétrica formada pelo sistema
papel-óleo, quando há a ruptura dielétrica desse material, pode-se dizer que houve uma falha dielétrica.
[25]
9 Conceito explicado na seção 2.3.1 - Tipos de falha.
10 Conceito explicado na seção 2.3.1 - Tipos de falha.
33
esquerda, fica gradativamente menor com o tempo. Na ocorrência de estresses, a curva
se aproxima mais rápido da origem do gráfico do que o esperado. Assim, quando há
superposição da ‘curva de suportabilidade’ do equipamento com a distribuição de
esforços (curva da esquerda de cor azul) há uma chance de falha e, quanto maior a área
de interseção, maior é o risco.
Figura 2.17 - Efeito dos estresses do equipamento com o aumento do risco de falha [27].
Adaptado pelo autor.
2.2.2 Fim da vida útil
O fim vida útil de um equipamento é um conceito complexo e multidisciplinar
que exige o estabelecimento de indicadores ou parâmetros que permitam avaliar se ele
está no fim de sua vida útil e sob qual aspecto isso ocorre. Assim, podem ser adotados
alguns pontos de vista, segundo o CIGRÉ WORKING GROUP 12.09, 1993 [24].
Fim de vida útil estratégico
É caracterizado pela decisão de substituição do equipamento por motivos
sistêmicos e, como diz o próprio nome, estratégicos - do ponto de vista do
planejamento eletroenergético, realizado pela EPE – Empresa de Pesquisa
Energética11 e pelo ONS. Está relacionado à decisão de substituição pela previsão
11 A Empresa de Pesquisa Energética tem por finalidade prestar serviços ao MME na área de estudos e
pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético, cobrindo energia elétrica, petróleo e
gás natural e seus derivados e biocombustíveis. (EPE) [39]
34
de superação de alguma de suas características elétricas devido à expansão e
modificação do sistema em que está inserido. Dentre essas características, podem
ser citadas, por exemplo, a superação dos valores nominais das correntes dinâmica
e térmica do equipamento (definidas na seção 2.1.3.4), sobrecargas e sobretensões
além do limite do equipamento. Como a decisão de substituição não se dá pela
condição do equipamento, este pode ser reutilizado em outra instalação ou virar
unidade reserva.
Fim de vida útil econômico
A vida útil econômica é o período de tempo durante o qual o equipamento
ainda compensa o investimento em manutenção. Ou seja, é mais vantajoso mantê-
lo em operação, arcando com os custos da realização da rotina de manutenção
preventiva e ocasionalmente corretiva, do que o substituir por um equipamento
novo. O fim de vida útil econômico é exatamente o momento em que é previsto
um aumento dos custos de O&M – Operação e Manutenção que não justifique sua
permanência em operação. Esse é o fim de vida útil diretamente ligado à
degradação do equipamento.
Fim de vida útil técnico
O fim de vida útil técnico se dá quando o equipamento não se encontra
mais apto a permanecer em operação, por não ser capaz de exercer a função para
a qual foi concebido ou por exercê-la de forma insatisfatória. Isso pode acontecer
em decorrência de falhas maiores, que podem ocasionar o sinistro do
equipamento, ou após a ocorrência de sucessivas falhas menores, que poderiam
ocasionar o sinistro, sendo a substituição recomendada como forma de prevenção.
Esse fim de vida útil pode ser frequentemente ligado à degradação precoce do
equipamento.
Fim de vida útil regulatório
A vida útil regulatória é período de total depreciação contábil para os
ativos de transmissão, segundo taxas de depreciação estabelecidas pela ANEEL
no Manual de Controle Patrimonial do Setor Elétrico – MCPSE (ANEEL, 2015)
[28]. Ou seja, após esse período, a empresa transmissora tem seu investimento
recuperado, acrescido de juros referentes ao período de duração do contrato. As
35
taxas de depreciação, bem como a vida útil de alguns equipamentos se encontram
sumarizadas na Tabela 2.2.
Tabela 2.2 - Vida útil regulatória e taxas de depreciação de alguns equipamentos. Em destaque as
informações sobre transformadores de corrente [28].
Adaptado pelo autor.
Equipamento Descrição Taxa de
Depreciação
Vida
útil
(anos)
Banco de
Capacitores
Paralelo ou Série
Classe de tensão igual ou superior a 69 kV 5,00% 20
Classe de tensão inferior a 69 kV 6,67% 15
Barramento Rígido ou Flexível 2,50% 40
Conjunto de isoladores de pedestal 2,50% 40
Chave
Secionadora com ou sem lâmina de terra, tensão igual
ou superior a 69 kV 3,33% 30
Secionadora com ou sem lâmina de terra, tensão
inferior a 69 kV 6,67% 15
Chave fusível, tensão igual ou superior a 69 kV 3,33% 30
Chave fusível, tensão inferior a 69 kV 6,67% 15
Chave de aterramento, tensão igual ou superior a 69
kV 3,33% 30
Chave de aterramento, tensão inferior a 69 kV 6,67% 15
Compensador de
Reativos Compensador de reativos estático ou rotativo 3,33% 30
Condutor
Classe de tensão igual ou superior a 69 kV 2,70% 37
Classe de tensão inferior a 69 kV 3,57% 28
Conjunto de cadeia de isoladores 2,70% 37
Disjuntor Classe de tensão igual ou superior a 69 kV 3,03% 33
Classe de tensão inferior a 69 kV 3,03% 33
Gerador Gerador 3,33% 30
Para-raios Para-raios 4,17% 24
Transformador de
Aterramento Transformador de aterramento 3,33% 30
Transformador de
Distribuição
Aéreo 4,00% 25
Pedestal, Plataforma ou Estaleiro 4,00% 25
Subterrâneo 3,70% 27
Transformador de
Força Transformador ou autotransformador de força 2,86% 35
Transformador de
Medida
Transformador de corrente, tensão igual ou
superior a 69 kV 3,33% 30
Transformador de corrente, tensão inferior a 69
kV 4,35% 23
Transformador de potencial indutivo, tensão igual ou
superior a 69 kV 3,33% 30
Transformador de potencial indutivo, tensão inferior a
69 kV 4,35% 23
Transformador de potencial capacitivo 3,33% 30
Turbina Hidráulica Pelton, Francis, Kaplan, Michell-Banki, Hélice e
Bulbo 2,50% 40
A publicação da ReN 643 em 2014 alterando a ReN 443 de 2011, da
ANEEL, teve como um dos objetivos a mudança do tratamento dos equipamentos
em fim de vida útil segundo esse critério. Assim, definiu como Reforço Tipo IX
36
a implementação de soluções para a ampliação da vida útil para além da vida útil
regulatória e manteve o conceito de Melhoria Tipo II como a substituição de
equipamentos por obsolescência ou vida útil esgotada. Além disso, criou o
compromisso de as transmissoras enviarem anualmente a relação de
equipamentos com vida útil regulatória remanescente de até 4 anos, incluindo os
com vida útil já esgotada, e apontar os que devem ser substituídos por não
apresentar condição de permanecer em operação.
As taxas de depreciação publicadas no MCPSE tiveram seus cálculos
baseados em estudos (CERNE, 2000) [29] como os do CERNE - Centro de
Excelência em Recursos Naturais e Energia da UNIFEI - Universidade Federal de
Itajubá que calculam a vida útil econômica de equipamentos em geral. Portanto,
o objetivo do cálculo é que a concessionária seja ressarcida do investimento
durante o período que é esperado que o equipamento permaneça em operação e
então, ao término desse período, seja capaz de realizar o investimento relativo à
substituição do ativo ou ao prolongamento de sua vida útil.
No entanto, o esgotamento da vida útil regulatória não se traduz como fim
da vida útil econômica, visto que os cálculos das taxas de depreciação são
baseados expectativa de vida média dos equipamentos. É perfeitamente possível
encontrar equipamentos em operação após o fim de sua vida útil regulatória, como
mostram dados de agentes mostrados no estudo do CERNE - UNIFEI e do banco
de dados da ANEEL [11]. Portanto, para receber a indicação de substituição por
parte do ONS, a transmissora deve justificar quais evidências comprovam a
impossibilidade de permanecer em operação, caracterizando o fim de vida útil
econômico, técnico ou estratégico.
2.3 Falhas em transformadores de corrente
Como dito, o histórico de eventos ao longo da vida útil do equipamento pode
acelerar seu envelhecimento normal, o que aumenta a possibilidade esperada de falhas.
No entanto, para prevenir a ocorrência de falhas e defeitos, é preciso conhecê-los.
37
2.3.1 Tipos de falha
Antes de especificar os tipos de falha, é necessário entender a diferença entre
falhas e defeitos, de acordo com CYRINO, 2017 [30].
Falha – ocorrência que incapacita o equipamento de exercer a função para a qual
foi designado.
Defeito – ocorrência que pode diminuir parcialmente a capacidade do
equipamento. Pode evoluir para uma falha caso não seja sanado.
Por sua vez, as falhas podem ser classificadas de acordo com a severidade,
consequências e causas. Conforme NEMÉSIO SOUSA (2017) [25], temos as definições
de algumas dessas classificações.
Falha Maior
Falhas que provocam a retirada do equipamento de operação, devido à sua
incapacidade de realizar suas funções.
Falha Menor
Toda falha não classificada como Falha Maior.
Falhas devido ao envelhecimento
Causadas pela deterioração e desgaste do equipamento com o tempo.
Relacionada com sua idade e tempo de operação.
Falhas não relacionadas com o envelhecimento
Falhas imprevisíveis, aleatórias. Podem ser causadas por causas internas
ou externas ao equipamento. Técnicas preditivas, em alguns casos, são capazes de
prever sua ocorrência.
Falhas ocultas
Ocorre em unidades reserva de equipamentos e só são descobertas quando
o equipamento é posto em operação.
Falhas evidentes
Observáveis a partir de inspeção visual em equipamentos em operação.
Falhas sistemáticas
38
Falhas que se repetem a partir da ocorrência das mesmas circunstâncias ou
de um mesmo evento.
Falhas aleatórias
Não apresentam causas previsíveis, sem relação com a data, idade do
equipamento ou seu tempo em operação.
Falhas simples
Falhas que não provocam outras falhas.
Falhas múltiplas
Falhas que provocam a ocorrência de outras falhas (falhas ocultas, por
exemplo)
Falhas combinadas
Combinação de quaisquer dos tipos apresentados. Difíceis de serem
enfrentadas.
2.3.2 Taxas de falha
As taxas de falha são calculadas pela relação entre o número de falhas e o período
de tempo total decorrido entre elas, como visto abaixo.
𝜆(𝑡) =𝐾
𝑇
Onde:
K = número de falhas.
T = intervalo de tempo total entre as falhas.
No entanto, ainda pode ser analisado o universo de equipamentos em que as falhas
ocorreram, pois duas falhas ocorridas em um universo de dez equipamentos deve ser
muito pior do que duas falhas em um universo de cem equipamentos. Assim, a relação
pode ser representada da forma abaixo.
𝜆(𝑡) =𝐾
𝑈 × 𝑇
Onde:
K = número de falhas.
39
U = universo de equipamentos considerado.
T = intervalo de tempo total entre as falhas.
Dessa forma, a unidade para taxas de falha pode ser expressada como o número
de falhas por equipamentos em um determinado tempo entre as falhas
(𝐹𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠
𝐸𝑞𝑢𝑖𝑝𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑥 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜).
Ainda, pode-se dividir as falhas em falhas menores, falhas maiores e falhas
seguidas de incêndio e explosão, um subgrupo das falhas maiores.
Nos cálculos realizados na pesquisa efetivada pelo grupo A3.06 do Cigré 12
(CIGRÉ WG A3.06, 2012) [26] sobre transformadores de instrumento, a unidade
utilizada foi o número de falhas por ano (𝐹𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠
100 𝑥 𝑇𝐼𝑠 𝑥 𝐴𝑛𝑜), multiplicando o resultado por
100 para melhorar a leitura. Como o presente trabalho tratará no Capítulo 4 sobre
explosões de TCs, a unidade adotada será o número de explosões de TCs por ano
(𝐸𝑥𝑝𝑙𝑜𝑠õ𝑒𝑠
100 𝑥 𝑇𝐶𝑠 𝑥 𝐴𝑛𝑜𝑠) , de forma a comparar os resultados observados no Brasil com a
experiência internacional reunida pela publicação do Cigré. Ressalta-se ainda que o
denominador TCs x Anos também pode ser usado para dimensionar a ‘experiência’
da rede, quando feita a comparação entre países, por exemplo. Quanto mais TCs
instalados ou quanto maior o período de análise, maior o denominador e maior a
expertise dos proprietários dos equipamentos.
As taxas de falha apresentam alguns perfis típicos, podendo se comportar de forma
diferente durante três fases da vida do equipamento: período de mortalidade infantil,
período de vida útil e período de desgaste. As curvas da Figura 2.18 mostram seis modelos
típicos, associados ao comportamento da taxa de falha ao longo da vida útil dos
equipamentos.
12 A pesquisa foi realizada nos anos de 2004 a 2007 com 73 empresas de 25 países diferentes, sobre
transformadores de instrumento, disjuntores a SF6, chaves secionadoras, chaves de terra e painéis a gás.
Seus resultados são tratados em diferentes brochuras técnicas, separadas por equipamento. A brochura
técnica 512 trata da pesquisa sobre confiabilidade de transformadores de instrumentos.
40
Figura 2.18 - Curvas típicas de taxa de falha em função do tempo em operação do equipamento [25].
Adaptada pelo autor.
Curva A
Também conhecida como Curva da Banheira. Apresenta alta taxa de falha
durante o período de mortalidade infantil, baixa e constante taxa de falha durante
a maioria de sua vida útil e novamente alta taxa de falha no período em que o
equipamento se aproxima ao fim de sua vida útil. Representa o comportamento de
cerca de 4% dos equipamentos.
Curva B
Baixa e constante taxa de falha durante a vida útil e crescimento da taxa
de falha no final de sua vida útil. Apenas 2% dos equipamentos seguem esse
padrão.
Curva C
Baixa taxa de falha inicial, mas crescente com o envelhecer do
equipamento. É observada em 5% dos equipamentos.
Curva D
Apresenta chance mínima de falha quando o equipamento entra em
operação, que aumenta um pouco e permanece constante durante as duas outras
fases da sua vida. Caracteriza 7% dos equipamentos.
41
Curva E
Taxa de falha baixa inicial e constante durante as três fases da vida do
equipamento. Representa 14% dos equipamentos.
Curva F
Alta taxa de falha na fase de mortalidade infantil, que decai e permanece
baixa e constante durante as outras duas fases. É observada em 68% dos
equipamentos.
Das curvas de taxa de falha apresentadas, as que melhor representam
equipamentos elétricos são as curvas D, E e F, com independência da ocorrência de falhas
com a idade e envelhecimento do equipamento e com leve melhora na confiabilidade por
meio da manutenção preventiva. A análise dessas curvas mostra que cerca de 89% dos
equipamentos não apresentam uma correlação causal entre o aumento no risco de falha e
a sua idade.
Alguns outros conceitos sobre falhas são importantes de ser abordados como o
TMEF – Tempo Médio entre Falhas e o TMPF – Tempo Médio para Falhar.
TMEF – Tempo Médio entre Falhas
É o tempo médio decorrido entre falhas consecutivas, dado pela relação entre o
tempo total decorrido e o número de falhas. Quando a taxa de falha é constante ao longo
do tempo, pode ser calculado segundo a relação abaixo.
𝑇𝑀𝐸𝐹 =𝑇
𝐾
Onde:
K = número de falhas.
T = intervalo de tempo total entre as falhas.
TMPF – Tempo Médio para Falhar
Tem significado análogo ao TMEF e é dado pela mesma relação. No entanto, é
usado para equipamentos que, após a falha, não podem ser reparados.
42
2.3.3 Modos de falha de transformadores de corrente
Os modos de falha de transformadores de corrente definem quais eventos causam
falhas em TCs. A Tabela 2.3 apresenta alguns dos modos de falhas encontrados na
pesquisa internacional do grupo A3.06 do Cigré [26].
Tabela 2.3 - Modos de Falhas Maiores e Menores em TCs [26].
Adaptado pelo autor.
Modos de Falhas Menores Modos de Falhas Maiores
Vazamento do meio de isolação Ruptura dielétrica externa
Perda de acurácia Falha dielétrica interna
Mudança no comportamento do dielétrico Saída dos limites de acurácia
Outros Sinais falsos para proteção e medição
Perda da integridade das conexões
elétricas
Perda de função do equipamento de
monitoração
Outros
Segundo a pesquisa, as empresas participantes informaram que a Falha Menor
mais registrada é o vazamento do meio isolante, seguido por mudanças no dielétrico dos
TCs. As Falhas Maiores mais comumente observadas são as falhas dielétricas internas e
em segundo lugar a ruptura dielétrica externa. Na Figura 2.19, pode ser vista uma figura
de Lichtenberg13 na parte externa de um transformador de corrente que sofreu falha
dielétrica externa.
13 As figuras de Lichtenberg são imagens produzidas por descargas elétricas ramificadas, arborescentes.
Possuem esse formato ramificado e aparecem quando há uma ruptura dielétrica no material. Mostra a marca
da passagem da corrente durante a falha. Foi descoberta por Georg Christoph Lichtenberg (1742-1799),
físico alemão. (POTIER, 2010) [38]
43
Figura 2.19 - Rompimento dielétrico externo de um TC.
Fonte: Acervo do autor.
2.3.4 Explosões de transformadores de corrente
As explosões de TCs ocorrem em decorrência de falhas, como a ruptura dielétrica,
que provocam danos irreparáveis nos equipamentos, além da sua indisponibilidade e
consequências sistêmicas e locais, podem ser vistas de diferentes formas pelas empresas
que compõem o Setor.
Para a ANEEL, o foco se dá na questão da indisponibilidade, incorrendo em
penalidades, chamadas de PV – Parcela Variável, que deduzem do montante previsto de
RAP a ser recebida o valor correspondente ao tempo que o equipamento ficou
indisponível para o SIN.
Para o ONS, a explosão resulta em desligamento que gera uma perturbação que
pode até provocar o desligamento e a indisponibilidade de outros equipamentos,
dependendo da importância sistêmica do ponto em que o TC estava instalado, além de
perda da carga associada.
E para o agente, detentor do ativo, a explosão representa a perda de um
equipamento, o que causa a necessidade de um novo investimento da empresa ou
remanejamento de unidades reservas, e o recebecimento de penalidades pela
indisponibilidade, além do risco de dano a outros equipamentos no pátio da subestação
44
ou aos profissionais que podem estar na área, devido a ejeção de peças e materiais no
momento da explosão.
A foto da Figura 2.20 mostra um transformador de potência incendiado em
decorrência da explosão de um TC próximo.
Figura 2.20 - Transformador de potência que pegou fogo após explosão de um TC.
Fonte: Acervo do ONS.
Dessa forma, a atuação do ONS monitorando as perturbações é de vital
importância, pois permite, em conjunto com o agente, a análise da perturbação de forma
a identificar suas causas, prestando as informações necessárias à ANEEL.
O processo se inicia na operação em tempo real, quando os operadores, ao notaram
a ocorrência, promovem o cadastramento da perturbação em um sistema. O segundo
passo é dado pelos profissionais da pós-operação, que fazem a análise das perturbações
cadastradas com o objetivo de identificar suas causas, como uma falha ou explosão, por
exemplo. A partir daí, é feita a análise da falha com o auxílio dos engenheiros de proteção
e controle.
45
No início de 2014, em decorrência do aumento nas ocorrências de explosões em
equipamentos (para-raios, disjuntores, transformadores de potencial e transformadores de
corrente), foi formado um Grupo de Trabalho por órgãos do Setor, como o MME, ONS e
a ANEEL, além das transmissoras e dos fabricantes de equipamentos envolvidos nas
explosões e do laboratório responsável pela realização de testes em equipamentos de alta
tensão. Como dito, os objetivos do GT eram a identificação das principais causas, o estudo
das condições operativas às quais eles estavam submetidos, a avaliação da possibilidade
de fim de vida útil dos equipamentos e o acompanhamento do processo de substituição.
Com a evolução das ocorrências, o GT deu foco principal aos transformadores de
corrente, pois as explosões destes representavam a maior parte dos eventos, muitas vezes
até registrando perda de carga.
Nas Figuras 2.21, 2.22 e 2.23, são mostradas algumas fotos de TCs que
explodiram, tiradas por agentes em conjunto com o ONS para a análise da falha. Na
Figura 2.21 é possível observar ainda os fragmentos da porcelana do isolador de um TC
de 138 kV espalhados pelo local da explosão.
Figura 2.21 - Foto de um TC no momento da explosão.
Fonte: Acervo do ONS.
46
Figura 2.22 - Foto de um TC após a explosão.
Fonte: Acervo do ONS.
Figura 2.23 - Estado do núcleo do TC após a explosão.
Fonte: Acervo do ONS.
47
2.4 Manutenção de transformadores de corrente
A manutenção de equipamentos tem como foco a otimização da produção. No
caso de equipamentos elétricos de alta tensão, o maior objetivo é evitar falhas e
desligamentos desnecessários, em busca de melhora na qualidade e confiabilidade do
serviço. Assim, a manutenção de equipamentos elétricos prega a maximização da
qualidade com o mínimo de custos.
2.4.1 Técnicas preditivas de manutenção para
transformadores de corrente
O uso de técnicas preditivas promove a redução das intervenções no equipamento,
fazendo com que ele pare apenas quando for necessário, aumentando sua disponibilidade.
Uma de suas principais vantagens é a detecção de defeitos intermediários,
possibilitando a tomada de decisões antes que o equipamento se degenere de tal maneira
que provoque a ocorrência de falhas que o coloquem fora de operação [25].
Abaixo serão relacionadas algumas das principais técnicas preditivas que podem
ser empregadas no acompanhamento do envelhecimento de TCs ou na investigação de
falhas.
Inspeção sensitiva e visual
Feita por profissionais treinados, capazes de detectar visualmente sinais
anormais que podem identificar o envelhecimento e deterioração do equipamento.
As principais características que devem ser observadas são:
Sinais de corrosão no tanque e no aterramento.
Deterioração dos terminais de alta tensão e das conexões para a terra.
Sinais de vazamento de óleo.
Deterioração dos equipamentos de medição de pressão.
Erosão, rachaduras e perda da característica hidrofóbica dos isoladores.
Condição das proteções anticorrosão.
Na Figura 2.24 podemos ver sinal de vazamento de óleo em um TC, detectável
por inspeção visual.
48
Figura 2.24 - Indicativo de vazamento do óleo isolante de um TC.
Fonte: Acervo do ONS.
Inspeção por raios ultravioletas
Deve ser feita por uma câmera especializada e visa basicamente a
identificação de ocorrência de Efeito Corona, que é causado pela ionização do ar
devido à ação de campos elétricos elevados. Pode acarretar ruído audível,
interferência e emissão de raios UV – Ultravioletas, e provoca o aumento das
perdas e a produção de ozônio e ácido nítrico capazes de danificar o equipamento.
Essa técnica é eficaz na detecção de corona nos isoladores e conexões do primário
do TC.
Termografia
Sabe-se que parte da energia elétrica é perdida na forma de calor e que
corpos quentes emitem radiação eletromagnética. No entanto, o sobreaquecimento
leva ao envelhecimento acelerado do equipamento e pode leva-lo à falha. Com
isso, a termografia monitora a ocorrência de aquecimento anormal no
equipamento e a presença de pontos quentes. Estes podem ser encontrados
principalmente nos terminais de entrada do TC, devido à presença da resistência
de contato entre os materiais, nas buchas e no tanque principal. Um termograma,
imagem produzida por um termógrafo, de um transformador de corrente é
mostrada na Figura 2.25.
49
Figura 2.25 - Termograma de um TC.
Fonte: Acervo do ONS.
Medição das perdas dielétricas
Esse ensaio relaciona as perdas ativas, medidas em Watts, com a potência
total, medida em Volt-Ampéres. Quanto menor o fator de potência, melhor o
estado da isolação e menores são as perdas dielétricas.
Detecta contaminação ou produtos do processo de degradação e oxidação
do óleo isolante, como água, sabões e partículas em suspensão. É recomendado
para TCs de alta tensão.
Determinação da rigidez dielétrica do óleo isolante
Determina a suportabilidade do óleo isolante a níveis de tensão elétrica
sem falhar, visto que um equipamento deve suportar sua tensão de operação bem
como as determinadas pelos Níveis Básicos de Isolamento.
Detecta presença de água, carbono e sólidos em suspensão no óleo.
Medição da resistência de isolamento
Consiste na aplicação de tensão em corrente contínua para a medição da
corrente de fuga na isolação elétrica. Capaz de determinar a qualidade da isolação
do equipamento.
Acompanhamento do grau de polimerização do isolamento celulósico
As moléculas de celulose de um papel íntegro, novo, apresentam de 950 a
1.300 unidades de glicose e o número médio de unidades de glicose por molécula
50
de celulose é chamado GP – Grau de Polimerização do material [25]. A
degradação do material celulósico isolante imerso em óleo provoca a quebra das
ligações glicosídicas do papel e, com isso, reduz o GP do material. É sabido que,
com a diminuição do GP, o papel perde importantes propriedades mecânicas,
ficando assim mais suscetível a falhas, pois, com GP de 100 a 250, o papel só
apresenta de 40% a 50% dos valores de suas propriedades mecânicas [25].
Consequentemente, o Grau de Polimerização pode ser usado como
indicador do fim da vida útil do isolamento. O acompanhamento do valor do GP
pode ser útil para acompanhar o envelhecimento da isolação e do equipamento.
Na Figura 2.26, pode ser visto o processo de retirada de um trecho do papel
isolante de um transformador de corrente para testes, como o de GP.
Figura 2.26 - Retirada de amostra de papel isolante de um TC para ensaios.
Fonte: Acervo do ONS.
Determinação da concentração de furanos e seus derivados
Os compostos furânicos são subprodutos do envelhecimento do papel
isolante. O acompanhamento de sua concentração por ensaios periódicos, pode
apontar, caso haja aumento maior do que o esperado, a ocorrência de
sobreaquecimento da isolação e aceleração no processo de degradação do papel.
Análise cromatográfica do óleo isolante
51
Também chamada de DGA – Dissolved Gas Analysis, permite a
determinação da concentração de gases na isolação. O acompanhamento das
concentrações de cada gás pode, a partir de um aumento anormal, indicar a
deterioração do papel e do óleo isolantes. A relações entre as concentrações dos
gases determinadas pelo ensaio são capazes também de indicar as prováveis
causas, como a ocorrência de pontos quentes, efeito corona, descargas parciais,
entre outras. Para isso, são usados alguns critérios, como o de Rogers, da IEC, de
Dörnemburg, de Duval e de Pugh, que, a partir das concentrações e da relação
entre elas, identificam o provável agente causador [25].
Medição da concentração de umidade
A presença de umidade no óleo prejudica suas características dielétricas.
Sua concentração normal é entre 5 e 10 ppm e, quando chega de 25 a 30 ppm, se
torna insolúvel no óleo, diminuindo sua rigidez dielétrica. Como tratado, a
presença de umidade no óleo acelera o processo de envelhecimento, pois a água
participa dos processos de degradação.
Acompanhamento da pressão
O processo de envelhecimento e degradação da isolação tem diversos
gases como subprodutos. Ao liberar esses gases, aumenta a concentração desses
compostos na isolação e consequentemente a pressão da mistura. Ao monitorar a
pressão de TCs selados, pode-se identificar um aumento na pressão que pode ser
justificado pela geração de gases provenientes da degradação do papel ou ainda
identificar uma redução na pressão que possa ser causada pelo vazamento do meio
de isolação.
Medição da resistência do enrolamento
Os esforços térmicos e mecânicos podem degradar a proteção dos
enrolamentos. A medição da resistência dos enrolamentos verifica a integridade
dos mesmos e determina se há a ocorrência de circuito abertos ou curtos-circuitos
entre espiras.
Medição das descargas parciais
As descargas parciais, medidas em pC – Pico Coulomb, são rupturas
dielétricas localizadas que acarretam a formação de pequenas marcas no papel
isolante. Estas, por sua vez, tornam-se um foco para a ocorrência de mais
52
descargas parciais, por apresentarem um caminho com menor rigidez dielétrica.
Sua ocorrência promove a degradação acelerada da isolação e pode levar o
equipamento a falhar. Podem ser causadas por sobretensões transitórias de alta
frequência que vencem a rigidez dielétrica da isolação e permitem a circulação de
corrente de fuga através dela. A detecção de aumento nos níveis de descargas
parciais pode ser feita em estágios ainda iniciais de deterioração da isolação.
2.4.2 Manutenção corretiva para transformadores de
corrente
Técnicas de manutenção corretiva podem ser aplicadas para promover
desaceleração no processo de degradação do TC. Por meio delas, a vida útil do
equipamento pode ser prolongada. Algumas das principais técnicas são tratadas abaixo.
Manutenção dos componentes e reparos
Alguns reparos simples de componentes podem apresentar bom custo-
benefício, prolongando a vida útil do equipamento e retardando o processo de
envelhecimento. Entre algumas medidas para reparos pontuais de componentes,
pode-se citar:
Limpeza dos isoladores.
Limpeza dos terminais.
Aplicação de proteção contra corrosão na parte metálica externa.
Reparo dos selos de vedação do tanque.
Reparo de danos na superfície dos isoladores.
Contudo, os reparos só devem ser efetuados após a análise do custo-
benefício em comparação com a substituição do componente a ser reparado por
um novo ou até mesmo do equipamento por completo. Os reparos de componentes
são interessantes principalmente em equipamentos mais novos, de no máximo 20
anos.
Complementação do meio de isolação
Pode ser feita com desligamentos planejados do TC. Tem como objetivo
tratar vazamentos de óleo, considerado como uma Falha Menor. No caso de TCs
isolados a óleo, é preenchido o nível de óleo até o nível correto e em TCs isolados
a gás SF6, pode-se ajustar a pressão.
53
Troca de componentes
Pode ser vantajosa economicamente em relação à substituição do
equipamento ou à manutenção corretiva, mas deve ser tratada caso a caso. Por
exemplo, no caso de Falhas Menores, como vazamento de óleo, a troca do selo do
tanque pode ser uma medida eficaz. Contudo, caso o problema fosse, por exemplo,
devido à degradação da isolação de papel, dificilmente sua substituição seria
economicamente interessante e serviria para prolongar a vida útil remanescente
do equipamento. Já caso a degradação ocorresse apenas no óleo isolante, com o
papel permanecendo íntegro, a substituição do óleo poderia ser uma decisão
viável.
Substituição do equipamento
Por fim, a opção restante passa a ser a substituição completa do
equipamento e esta acaba sendo, por muitas vezes, a melhor decisão. Para isso,
antes da decisão de substituí-lo, questionamentos como os relacionados abaixo
devem ser feitos:
Qual será o ganho de vida útil com a manutenção feita?
Há partes sobressalentes para a substituição?
Qual será o tempo de reparo?
Qual será o custo do reparo?
Se a resposta dessas perguntas demonstrar que a substituição é o caminho
mais vantajoso, esta pode ser a melhor solução.
A Figura 2.27 ilustra o processo decisório ao longo da vida útil do equipamento.
Na fase inicial, com manutenção de rotina e reparos. Conforme o equipamento envelhece
e surge a degeneração da isolação, faz-se necessária uma reforma, remodelação ou um
reparo que possa torná-lo mais confiável e estender sua vida útil. Por fim, quando se torna
imprevisível a ocorrência de falhas, a decisão de substituição do equipamento deve ser
tomada. No SIN, as obras de reforma de equipamento para aumento de vida útil e
substituição de equipamentos em fim de vida útil são tratadas como reforços e melhorias.
54
Figura 2.27 - Decisões que podem ser tomadas ao longo da vida útil do equipamento [27].
Adaptado pelo autor.
2.5 Obras de melhorias e reforços
O SIN está em constante expansão, seja pela crescente demanda de energia que
provoca a expansão do parque gerador e consequentemente a expansão do sistema de
transmissão ou seja pela busca da melhoria do serviço prestado e de sua confiabilidade.
Para isso, o sistema é continuamente estudado, em busca da identificação de seus pontos
fracos, que podem ser reforçados. Esses estudos precisam ser feitos com antecedência,
pois tratam de obras de grande porte, que levam tempo não só para serem aprovadas e
autorizadas, mas também projetadas e executadas.
O planejamento do sistema de transmissão é uma tarefa de extrema complexidade
que fica a cargo de órgãos de SEB. Quando feito visando o planejamento de longo e
médio-longo prazo, ou seja, com horizonte de mais de cinco anos, é realizado pela EPE.
Já quando visa o planejamento elétrico com horizonte de até cinco anos, fica a cargo do
ONS.
Visando tratar das obras em instalações de transmissão já existentes e definir o
papel de cada uma das partes envolvidas, a ANEEL publicou em 2011 a ReN 443 e
posteriormente em 2014 publicou a ReN 643, que altera o texto original da ReN 443. Essa
resolução distingue as obras de melhoria das obras de reforço conforme descrito a seguir.
55
Melhoria - “instalação, substituição ou reforma de equipamentos em instalações
de transmissão existentes, ou a adequação destas instalações, visando manter a
prestação de serviço adequado de transmissão de energia elétrica” [10].
Reforço - “instalação, substituição ou reforma de equipamentos em instalações
de transmissão existentes, ou a adequação destas instalações, para aumento de
capacidade de transmissão, de confiabilidade do Sistema Interligado Nacional –
SIN, de vida útil ou para conexão de usuários” [10].
O texto da resolução promove ainda a distinção das diversas classificações
possíveis dentro das categorias de Melhoria ou Reforço, além da forma de
encaminhamento da obra para a ANEEL e da descrição processo de ressarcimento dos
detentores dos ativos por conta do investimento realizado.
Quanto ao encaminhamento das obras para a autorização da ANEEL, existem duas
formas possíveis: o Plano de Modernização de Instalações – PMI e o Plano de Ampliações
e Reforços – PAR. Esses dois relatórios são elaborados anualmente pelo ONS e contém
a relação de obras indicadas para o horizonte de estudo e cinco anos no caso do PAR e
três anos no caso do PMI. O que determina se a obra deve ser emitida no PAR ou PMI é
sua classificação segundo os critérios adotados pela ReN 443, que são:
Tipos de Melhorias
I. “Automação, reforma e modernização de subestações, obras e
equipamentos destinados a diminuir a indisponibilidade de instalações de
transmissão e eliminação de interferências em faixas de servidão”; e
II. “Substituição de equipamentos por motivo de obsolescência, vida útil
esgotada, falta de peças de reposição, risco de dano a instalações, desgastes
prematuros ou restrições operativas intrínsecas”.
Tipos de Reforços
I. “Instalação de transformador com os respectivos módulos de conexão”.
II. “Instalação de equipamento de compensação de potência reativa com o
respectivo módulo de conexão”.
III. “Recapacitação ou repotenciação 14 de equipamentos existentes para
aumento de capacidade operativa”.
14 A repotenciação de um equipamento elétrico é a alteração de sua potência. Para o caso de
transformadores, pode ser feita pela substituição dos enrolamentos ou pela adição de novos estágios de
refrigeração.
56
IV. “Instalação de equipamentos para adequação ou complementação de
módulo de conexão, entrada de linha ou módulo geral, em função de
alteração de configuração da rede elétrica”.
V. “Substituição de equipamentos por superação de capacidade operativa”.
VI. “Instalação de Sistemas Especiais de Proteção – SEP, abrangendo
Esquemas de Controle de Emergência – ECE, Esquemas de Controle de
Segurança – ECS15 e proteções de caráter sistêmico”.
VII. “Instalação ou substituição de equipamentos em subestações para aumento
da observabilidade16 e controlabilidade17 do SIN, incluindo sistema de
oscilografia digital, bem como o sequenciamento de eventos”.
VIII. “Remanejamento de equipamentos de transmissão para uso em outros
pontos do SIN”.
IX. “Implementação de soluções com a finalidade de manter a instalação em
operação por tempo adicional à vida útil calculada utilizando-se as taxas
de depreciação estabelecidas no Manual de Controle Patrimonial do Setor
Elétrico – MCPSE”.
X. “Implementação de torres de derivação ou de módulos de conexão de
linhas de transmissão ou de transformadores de potência de propriedade
de acessante18 ou de outra concessionária de transmissão”.
15 Os SEP são definidos segundo os Procedimentos de Rede do ONS (Submódulo 11.4) como “sistemas
automáticos de controle e proteção que permitem a utilização adequada dos sistemas de geração,
transmissão e distribuição; proporcionam maior confiabilidade à operação do Sistema Interligado Nacional
– SIN; evitam que perturbações possam levar o sistema a perda de estabilidade ou a colapso de tensão; e
aumentam a segurança elétrica operacional do SIN, diminuindo a possibilidade de ocorrência de
perturbações de grande porte ou restringindo a área de abrangência dessas perturbações” (ONS, 2017) [42].
Eles podem ser um ECE ou um ECS, definidos pelo Manual de Procedimentos da Operação (Submódulo
10.21) como, respectivamente, “um Sistema Especial de Proteção que objetiva, a partir da detecção de uma
condição anormal de operação, realizar uma ação automática de controle com a finalidade de preservar a
integridade de equipamentos e linhas de transmissão” e “um Sistema Especial de Proteção que objetiva, a
partir da detecção de contingências múltiplas nos sistemas, realizar uma ação automática de controle que
evite agravamento da situação com a propagação de distúrbios, visando a manter a integridade do sistema
interligado” (ONS, 2017) [43].
16 O conceito de observabilidade está ligado à capacidade de se monitorar grandezas elétricas (estados) em
determinada área de interesse, tais como a tensão em uma barra, a frequência operativa de um sistema, a
corrente que flui por um equipamento, entre outros.
17 A controlabilidade é a capacidade de modificar as grandezas elétricas observadas por meio de ações de
controle, como acionar um banco de capacitores para aumentar a tensão em uma barra ou redespachar uma
usina para controle de frequência, mesmo que remotamente, quando estas se encontram fora da faixa de
valores esperados. Só é possível controlar grandezas que são observadas, o que garante a relação direta
entre os dois conceitos.
18 Definido segundo os Procedimentos de Rede do ONS (Submódulo 20.1) como: “Concessionária ou
permissionária de distribuição, concessionária ou autorizada de geração, autorizada de importação e/ou
57
Devem ser emitidas no PAR, obras classificadas como Melhoria tipo II
envolvendo equipamentos de ‘grande porte’ (transformadores, equipamentos de
compensação de potência reativa e linhas de transmissão) e demais equipamentos
associados, além das classificadas como Reforços de tipos I, II, III e IX (Grandes
Reforços) e de tipos IV a XIII (Pequenos Reforços). No PMI deverá constar a relação de
obras envolvendo Melhorias tipo I e tipo II relacionadas a equipamentos de pequeno porte
não associados a obras em equipamentos de grande porte.
Após a emissão da relação de obras por meio do PAR, este segue para o MME,
responsável pela elaboração da Consolidação de Obras, chamada também de Plano de
Outorgas de Transmissão de Energia Elétrica, documento que relaciona as obras que serão
objetos de Resoluções Autorizativas - ReAs emitidas pela ANEEL.
2.5.1 Substituição e reforma de equipamentos em fim de vida
útil
Assim sendo, quanto ao processo de indicação de obras em equipamentos em fim
de vida útil, a ReN 443/2011 da ANEEL estabelece como Melhoria de tipo II a
substituição de equipamentos em fim de vida útil técnico e como Reforço do tipo IX a
reforma do equipamento para extensão da vida útil para além da vida útil regulatória.
De acordo com o Artigo 3º-A da ReN 443/2011, as transmissoras detentoras de
equipamentos com vida útil regulatória remanescente de até quatro anos ou já esgotada,
devem enviar a relação desses equipamentos anualmente, até 1º de fevereiro, à ANEEL,
ao ONS, à EPE e ao MME. Dentre esses equipamentos, devem ser indicados pela
concessionária os que necessitam de substituição, além dos prazos e justificativas para
substituição, com motivos e evidências para tal. A partir das informações prestadas, a
análise da indicação é feita pelo ONS. Se aprovadas, as obras compõem o relatório do
PAR ou PMI.
2.5.2 Receita anual permitida
O ressarcimento das obras é efetuado por meio de reajustes na RAP – Receita
Anual Permitida, remuneração que as empresas transmissoras recebem pela prestação do
exportação de energia elétrica, bem como o consumidor livre, que acessam instalações de transmissão”
(ONS, 2017) [40].
58
serviço público de transmissão de energia elétrica aos usuários. A receita associada às
melhorias e aos reforços é devida a partir de sua data de entrada em operação. A revisão
do montante retroage à data de entrada em operação e a eventual diferença proveniente
da revisão é incluída na RAP em parcelas iguais até sua próxima revisão.
Esse reajuste pode ser feito de duas formas:
Estabelecimento prévio de receita – Melhorias tipo II (grande porte e
equipamentos de pequeno porte associados), Reforços tipo I, II, III e IX e
Reforços tipo IV, V, VI, VII, VIII relacionados a Reforços tipo I, II, III e IX.
Estabelecimento de receita no reajuste anual subsequente à entrada em operação
– Reforços tipo IV, V, VI, VII, VIII não relacionados a Reforços tipo I, II, III e
IX. Melhorias tipo I e tipo II (pequeno porte) que tiverem receita aprovada na
avaliação da ANEEL.
Como regra geral, pode ser entendido o estabelecimento prévio da receita como
um incentivo, dado prioritariamente a obras de maior impacto, tratadas como de ‘grande
porte’, e obras de pequeno porte associadas a elas.
A RAP é composta basicamente de parcelas referentes à amortização do
investimento realizado, juros, operação e manutenção do ativo ou instalação, encargos
setoriais e tributos, sendo apenas os três primeiros repassados à transmissora. O efeito da
inflação também pode ser desconsiderado, pois é levado em conta na sua correção anual.
Uma composição típica para a RAP é mostrada na Figura 2.28.
Figura 2.28 - Composição da RAP [11].
59
A RAP inicial é estabelecida em leilão e é calculada visando a amortização
integral do investimento a partir da data de entrada em operação até o fim do contrato de
concessão. Sua base do cálculo é feita com preços médios de mercado para o período de
vigência do contrato. Seu perfil é ilustrado pela Figura 2.29.
Figura 2.29 - Configuração da RAP [11].
No entanto, quando há a realização de uma melhoria ou reforço, o investimento
acaba não sendo totalmente amortizado, restando um saldo devedor que deverá ser
indenizado à transmissora ao fim do contrato de concessão, como na Figura 2.30.
Figura 2.30 - Configuração da RAP com a realização de Melhorias e Reforços [11].
60
Após o fim do período de concessão, durante o qual a transmissora teve seu
investimento completamente compensado, a RAP é reduzida à parcela referente à
operação e manutenção do ativo, conforme a Figura 2.31.
Figura 2.31 - Configuração da RAP após o fim do contrato de concessão [11].
Com isso, segundo GOMES e DORNINGER (2017) [11], o interesse do
concessionário em prolongar a vida útil do ativo é reduzido, visto que somente sua
substituição implica em acréscimo na RAP. Além disso, há indícios de que a vida útil
regulatória adotada nos dias de hoje é subestimada, segundo dados dos equipamentos em
operação atualmente no SIN e estudos de transmissoras e fabricantes.
Dessa forma, de modo a incentivar a manutenção e o prolongamento da vida útil
regulatória para que esta se aproxime o máximo possível da vida útil técnica e econômica
dos equipamentos, os autores propõem um incentivo financeiro denominado PAI –
Parcela Adicional de Incentivo. Esta parcela passaria a compor a RAP após o fim da vida
útil regulatória do equipamento e deve ser calculada de forma a não ultrapassar, somada
com a parcela destinada a O&M, o valor correspondente à substituição do equipamento
por um novo. Essa medida, no entanto, deve ser ainda acompanhada da utilização de
índices de verificação da qualidade do serviço prestado, evitando o sucateamento da
Transmissão. O perfil da RAP com a sugestão de adição da PAI é ilustrado na Figura 2.32
61
Figura 2.32 - Configuração da RAP com a adição da PAI [11].
62
Capítulo 3
Metodologia da Pesquisa
Neste capítulo, serão classificadas a metodologia e as etapas da pesquisa realizada
para a elaboração deste trabalho.
3.1 Delineamento da pesquisa
O presente estudo visa a discussão do conceito de vida útil para Transformadores
de Corrente. Serão abordadas as práticas que preservam a integridade do equipamento
para sua correta operação ao longo do tempo esperado, evitando a ocorrência de falhas,
como as observadas no SIN. Além disso, será tratada de que forma ocorre a substituição
de equipamentos em fim de vida útil. Portanto, antes da confecção do trabalho, foi feita
uma revisão bibliográfica visando a compreensão completa do tema, abordando os
seguintes tópicos:
Falhas em Transformadores de Corrente.
Manutenção de Transformadores a óleo.
Aspectos regulatórios do SEB envolvendo a troca de equipamentos por
fim de vida útil.
Vida útil de transformadores de corrente.
3.2 Conceito e classificações de pesquisa
As pesquisas e seus diferentes tipos podem ser classificadas de diversas formas.
Dentre elas, destacam-se algumas clássicas, tratando dos pontos relacionados com o
objetivo de posicionamento metodológico deste estudo.
Resumidamente, quanto à natureza, as pesquisas podem ser classificadas, em
básicas e aplicadas; quanto à forma de abordagem, em quantitativa e qualitativa; quanto
aos seus objetivos, em exploratória, descritiva e explicativa e quanto aos procedimentos
técnicos, em bibliográfica, documental, experimental, levantamento, estudo de caso, ex
post facto, pesquisa de ação e participante.
63
Dessa forma, uma pesquisa pode ser classificada das seguintes formas:
Quanto à natureza, segundo Silva e Menezes (2005) [31]:
o Pesquisa Básica – objetiva gerar conhecimentos úteis para o
avanço da ciência sem prever aplicação prática.
o Pesquisa Aplicada – objetiva gerar conhecimentos para aplicação
prática, para a resolução de problemas específicos, envolvendo
fatos e interesses locais.
Quanto ao ponto de vista da abordagem do problema, de acordo com Silva
e Menezes (2005) [31]:
o Pesquisa Quantitativa – Busca traduzir em números as opiniões
e informações para então promover sua análise e classificação.
o Pesquisa Qualitativa – Considera que não é possível traduzir em
números o vínculo entre o mundo objetivo e a subjetividade do
sujeito, pois há uma relação dinâmica entre eles.
Quanto aos objetivos, segundo Gil (1991) [32]:
o Pesquisa Exploratória – visa a discussão e construção de
hipóteses por meio de levantamento bibliográfico, entrevistas com
especialistas e análise de exemplos pertinentes. Geralmente
assume a forma de Pesquisas Bibliográficas e Estudos de Caso.
o Pesquisa Descritiva – tem como objetivo a descrição de
fenômenos ou eventos e busca estabelecer relações entre
parâmetros. Utiliza técnicas padronizadas para a coleta de dados,
como a observação sistemática e questionários. Geralmente
assume a forma de Levantamento.
o Pesquisa Explicativa – busca a identificação de respostas, razões.
Procura encontrar fatores que possam justificar a ocorrência de um
dado evento. Assume geralmente as formas de Pesquisa
Experimental e Ex post facto.
Quanto aos procedimentos técnicos (Gil, 1991), a pesquisa pode ser:
o Pesquisa Bibliográfica – quando realizada baseada em material
publicado, disponibilizado em livros, artigos de periódicos e na
internet.
64
o Pesquisa Experimental – quando são definidos o objeto de
estudo, suas variáveis de influência e as formas de controle e de
observação dos efeitos que essas variáveis produzem no objeto.
o Levantamento – quando envolve a interação e pesquisa direta com
as pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.
o Estudo de caso – quando trata de um estudo profundo de um ou
poucos objetos de forma a tratar de todas as discussões possíveis e
permitir o detalhado conhecimento sobre o assunto.
o Pesquisa ex post facto – quando o estudo é realizado após a
ocorrência dos fatos.
o Pesquisa de Ação – quando é feita em associação com uma ação
ou resolução de um problema coletivo.
o Pesquisa Participante – quando é desenvolvida por meio da
interação com pesquisadores e membros dos eventos investigados.
3.3 Classificação desta pesquisa
Por meio da análise das possíveis classificações de pesquisa científicas apontadas
anteriormente, pode-se definir a presente pesquisa como:
Aplicada, pois trata de questões reais, presentes no planejamento de
empresas do SEB, e procura trazer aplicações práticas para o assunto.
Quantitativa, visto que se trata de um trabalho focado em abordagens
estatísticas, para a descrição e o estudo de fenômenos reais.
Exploratória, já que discute sobre as explosões de TCs por meio da
análise das ocorrências e comparação com a experiência de outros países.
Ex post facto, pois relata o trabalho desenvolvido pelo GT de Vida Útil de
Transformadores de Instrumentos após o registro de um elevado número
de explosões de TCs.
65
Capítulo 4
Análise Estatística de Explosões de
Transformadores de Corrente
Para a análise estatísica das falhas que provocaram a explosão de TCs, foram
coletados os dados provenientes das análises das perturbações feitas pelo ONS.
Do início de 2012 até janeiro de 2018, foram contabilizadas 109 explosões de TCs
na rede de transmissão. A lista completa com todas as ocorrências e os dados coletados
pelo ONS se encontra no Anexo deste trabalho.
É importante ressaltar que, para a preservação dos envolvidos nas ocorrências
(instalações, agentes, fabricantes e modelos), todos os nomes foram ocultados,
substituídos por outros genéricos (instalação ‘A’, empresa ‘B’, fabricante ‘C’ e modelo
‘D’, por exemplo).
Na Figura 4.1, está ilustrada a cronologia das explosões desde o início de 2012,
no total de 109 ocorrências. Fica evidente o crescimento do número de explosões no verão
de 2013/2014, o que motivou a criação do GT. No entanto, elas não obedecem um padrão
claro, que poderia, por exemplo, mostrar um crescimento do número de ocorrências no
verão, por serem meses mais quentes.
Figura 4.1 - Gráfico das explosões ao longo do tempo.
Fonte: Elaboração própria.
10
12 2
10
10
10 0
3
10
10 0
12
01
23
5
7
01
01 1 1
3 3
1 12
1
5 5
01
01
21
2
0 0
43
10
32
0
2 2
0
3
12
10
2
0
2
4 4
01
32
0
Jan
eir
o
Feve
reir
o
Mar
ço
Ab
ril
Mai
o
Jun
ho
Julh
o
Ago
sto
Sete
mb
ro
Ou
tub
ro
No
vem
bro
Dez
em
bro
Jan
eir
o
Feve
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o
Mar
ço
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Mai
o
Jun
ho
Julh
o
Ago
sto
Sete
mb
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ro
No
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bro
Dez
em
bro
Jan
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o
Feve
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o
Mar
ço
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Mai
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Jun
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Ago
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Sete
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ro
No
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bro
Dez
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bro
Jan
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o
Mar
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sto
Sete
mb
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bro
Dez
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bro
Jan
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o
Feve
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o
Mar
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o
Ago
sto
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mb
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ro
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bro
Dez
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bro
Jan
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Mar
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Mai
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Jun
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Ago
sto
Sete
mb
ro
Ou
tub
ro
No
vem
bro
Dez
em
bro
Jan
eir
o
Feve
reir
o
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Explosões (109)
66
Ainda, analisando as explosões pelo local onde foram registradas, mostradas na
Figura 4.2, pode-se ver que há registros por todo o SIN, com grande concentração em São
Paulo, no Tronco Norte-Sul e no Tronco Goiás-Mato Grosso.
Figura 4.2 - Mapa com os locais das explosões e a frequência de ocorrências.
Fonte: Elaboração própria.
Assim, reunindo os eventos mostrados no mapa da Figura 4.2 em gráficos, chega-
se ao resultado da Figura 4.3. Fica destacada a divisão das explosões por todo o SIN, com
concentração maior no Centro-Oeste, nos estados de Mato Grosso e Goiás, além dos
estados do Pará e de São Paulo.
A análise por região geográfica é importante, pois é comum que instalações
próximas sejam de propriedade de um mesmo agente, o que pode indicar a adoção da
mesma filosofia de trabalho, comprando equipamentos dos mesmos fabricantes,
67
utilizando arranjos de subestação iguais, entre outros aspectos e detalhes. Dessa forma,
pode-se tentar encontrar uma relação causal entre os eventos.
Figura 4.3 - Gráficos das explosões por Região do país (esquerda) e as Unidades Federativas (direita).
Fonte: Elaboração própria.
Como uma possível consequência das explosões e perturbações causadas por elas,
está a perda de carga. Nesses casos, é de interesse de todos a identificação das causas para
prevenir que voltem a acontecer.
A Figura 4.4 exibe a quantidade de explosões que resultaram em perda de carga,
por ano. Devem ser destacadas as explosões que levaram à perda de 1.124 MW em 2014
e 2.915 MW em 2016, ocorridas em TCs em operação nos setores de 345 kV e 500 kV,
respectivamente. Apesar de 69,7% dos eventos (76 explosões) não causarem perda de
carga, a existência de explosões que causaram interrupções severas de carga ainda
preocupa. Evitar novas ocorrências desse tipo é um dos objetivos do GT criado.
28; 26%
24; 22%18;
16%
22; 20%
17; 16%
Região
Centro-oeste
Nordeste
Norte
Sudeste
Sul1 1
8
21
12
4
6
16
10
3
5
7
21
7
3
13
7
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
AL
AM BA CE ES GO
MA
MG
MT
PA PE PI
PR RJ
RN RS
SC SP TO
Estado
Unidade Federativa
68
Figura 4.4 - Gráfico da perda de carga causado pelas explosões.
Fonte: Elaboração própria.
Podemos também analisar o contexto da instalação em que os TCs estavam
operando. As informações relativas ao equipamento ao qual o TC estava associado e às
suas tensões nominais se encontram nos gráficos da Figura 4.5.
Observa-se o predomínio de casos de TCs que operavam em 500 e 230 kV (83%)
e TCs associados a linhas de transmissão, transformadores e barramentos (87%), devido
a essas características serem encontradas com maior facilidade no SIN.
Figura 4.5 - Gráficos da tensão operativa nominal dos TCs (esquerda) e os equipamentos aos quais
estavam associados (direita).
Fonte: Elaboração própria.
Quanto às características intrínsecas ao equipamento, algumas relações também
podem ser traçadas.
5
2 1 1 0 0
7
2
5
0 0 0
15
4 31 1 0
14
3 2 1 0 0
18
1 0 0 1 0
15
1 2 1 0 120 0 0 0 0
02468
101214161820
Sem corte de carga Até 100 MW De 101 a 500 MW De 501 a 1000 MW Mais de 1000 MW Não informado
Fre
qu
ên
cia
Intervalos de carga perdida (MW)
Perda de Carga (MW)
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
49; 45%
41; 38%
12; 11%
5; 4%1; 1% 1; 1%
Tensão
500 kV
230 kV
345 kV
13,8 kV
138 kV
440 kV
48; 44%
30; 27%
17; 16%
12; 11%
1; 1%1; 1%
Equipamento Associado
Linha de Transmissão
Transformador
Barramento
Reator
Banco de CapacitoresSérie
Banco de CapacitoresShunt
69
Os gráficos da Figura 4.6 relacionam a quantidade de TCs que explodiram pelo
seu tipo construtivo e isolação interna. Como era de se esperar, pela maior ocorrência em
subestações, os transformadores de corrente com isolação papel-óleo representam 88% e
os TCs do Tipo Invertido, 62% dos casos registrados, resultado semelhante ao registrado
pelo Cigré [26].
Figura 4.6 - Gráficos do Tipo Construtivo (esquerda) e Isolação (direita) dos TCs que explodiram.
Fonte: Elaboração própria.
A idade do equipamento também foi levantada, contando o tempo decorrido entre
a data de sua fabricação e a data da ocorrência da explosão.
Pode ser observado, no gráfico da Figura 4.7, a maior ocorrência de explosões em
TCs entre sete e onze anos, o que caracteriza falhas prematuras; e por volta dos trinta
anos, tempo estimado de vida útil de transformadores de corrente [29] e também de
duração da sua vida útil regulatória.
68; 62%15; 14%
21; 19%
5; 5%
Tipo construtivo
Invertido
Não informado
Pedestal
Barra
96; 88%
8; 7%
5; 5%
Isolação
Papel-óleo
Não informado
Resina Epóxi
70
Figura 4.7 - Gráfico da idade dos TCs que explodiram.
Fonte: Elaboração própria.
Por fim, outra comparação que rendeu informações interessantes é a entre os
modelos de transformadores de corrente que mais explodiram, mostrada na Figura 4.8.
Destacam-se os modelos genéricos B, J e S como os envolvidos na maioria dos casos, o
que suscita a possibilidade de problemas particulares desses modelos, relativos à sua
fabricação e projeto ou problemas que tenham a ver com outras características, como
instalação em que se encontram, região geográfica, operação, entre outras.
Figura 4.8 - Gráfico da distribuição da frequência de explosões por modelo de TC.
Fonte: Elaboração própria.
A ideia da análise por gráficos estatísticos é reunir os dados em busca de relações
causais entre eles. No entanto, esse método nem sempre permite estabelecer conexões
diretas entre todas as ocorrências, devido à sua aleatoriedade. Muitas vezes, os gráficos
32
0 0 0 0
2
78
11
14
0
2 2 21 1
0
2
0 0 0 0 0 0 0
2
01
21
5
13
3
1
4
0
4
0 0 0 01 1
0 01
13
0
2
4
6
8
10
12
14
16
1 2 3 4 5 6 7 8 9
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 N.I
.
Freq
uê
nci
a
Idade
Idade do equipamento
1
124 1
5 2 1 2 1
36
1 3 1 1 1 3 2 1
18
2 1 1 3 6
0
10
20
30
40
Mo
del
o A
Mo
del
o B
Mo
del
o C
Mo
del
o D
Mo
del
o E
Mo
del
o F
Mo
del
o G
Mo
del
o H
Mo
del
o I
Mo
del
o J
Mo
del
o K
Mo
del
o L
Mo
del
o M
Mo
del
o N
Mo
del
o O
Mo
del
o P
Mo
del
o Q
Mo
del
o R
Mo
del
o S
Mo
del
o T
Mo
del
o U
Mo
del
o V
Mo
del
o W
Não
…
Fre
qu
ên
cia
Modelo
Modelo
71
apresentam certa tendência, causada por grande influência de casos particulares que
ocorrem em maior frequência. Por isso, acaba sendo mais vantajoso trabalhar caso a caso.
Assim, da mesma forma, o GT de Vida Útil de Transformadores de Instrumentos passou
a trabalhar focado em casos mais específicos.
O caso que vem concentrando os esforços do GT no último ano é o aumento no
número de explosões envolvendo o modelo J. Este, ao contrário dos outros dois modelos
com grande número de ocorrências (B e S), apresentou diversas similaridades entre as
explosões.
Uma das particularidades entre os eventos pode ser vista no gráfico da Figura 4.9,
que mostra que os transformadores de corrente do modelo J que explodiram tinham entre
sete e onze anos de fabricados, cerca de um terço de sua expectativa de vida útil.
Enquanto isso, os outros modelos com grande número de explosões não
apresentam relação entre os eventos e a idade do equipamento, com exceção do modelo
S, que explodiu 8 vezes com 33 anos de fabricado, um pouco a mais do que sua
expectativa de vida útil.
Enquanto um caso provavelmente trata do envelhecimento natural com a idade do
equipamento, o outro pode tratar de envelhecimento acelerado, contaminação ou
deterioração da isolação, erros de projeto, de fabricação, de especificação, de operação,
entre outros, que precisam ser identificados.
Figura 4.9 - Gráfico da idade dos TCs que explodiram dentre os três modelos com maior número de
ocorrências.
Fonte: Elaboração própria.
2 1 2 31
32
7 8 8
11
1 1 1 1 2 2
8
2
0
5
10
15
7 8 9 10 11 13 15 19 27 30 31 32 33 36 43 N.I.
Fre
qu
ên
cia
Idade
Idade do equipamento - modelos que mais explodiram
Modelo B Modelo J Modelo S
72
Portanto, após a análise geral dos dados de explosões de TCs, será feita uma breve
descrição do estudo dos casos de explosões envolvendo apenas os TCs de modelo J e do
andamento dos trabalhos do GT de Vida Útil de Transformadores de Corrente.
4.1 Estudo de caso: o modelo com mais explosões
O modelo J, que apresentou o maior número de explosões até janeiro de 2018 (36
ocorrências – 33% do total), tem, segundo o fabricante, as seguintes características gerais:
Tensão Nominal: de 72,5 até 765 kV
Corrente Nominal: até 5.250 A
Corrente Suportável Nominal de Curta Duração (Corrente térmica): até 80
kA por 1 s
Valor de Crista Nominal da Corrente Suportável (Corrente dinâmica): até
200 kAp
Núcleos: até oito
Isolação: Papel-óleo
Tipo Construtivo: Invertido (Top-Core)
Membrana metálica em aço inoxidável
Núcleos secundários encapsulados em caixa de alumínio
Primários de religação simples, dupla ou tripla.
Este é um modelo comercializado no mundo todo, com mais de 10.500 unidades
em operação em diversos países, desde 1993.
O modelo envolvido nas explosões é da classe de tensão de 550 kV, operando em
tensões de 500 kV e 525 kV, havendo ainda unidades não-sinistradas operando nas redes
de 440 kV e 345 kV, segundo dados enviados pelos agentes. Segundo a NBR 6856 [12],
os Níveis Básicos de Isolamento disponíveis para especificação de TCs da classe 550 kV
se encontram sumarizados na Tabela 4.1.
73
Tabela 4.1 - Níveis básicos de isolamento para um TC da classe 550 kV [12].
Tensão
máxima do
equipamento
(kV)
Tensão Suportável
Nominal à
Frequência
Industrial por 1 min
(kV)
Tensão
Suportável
Nominal de
Impulso de
Manobra (kVp)
Tensão
Suportável
Nominal de
Impulso
Atmosférico
(kVp)
550
630 1.175
1.425
650 1.550
680 1.300
1.550
740 1.675
Os níveis de isolamento escolhidos variam de empresa para empresa e com o local
de instalação, sendo possível encontrar todas as variações em operação no SIN, além de
NBIs normalizados pela ANSI/IEEE [14].
A análise gráfica das explosões ocorridas pode nos levar a algumas observações.
Na primeira metade do intervalo de tempo analisado só havia ocorrido quatro eventos e,
na segunda metade ocorreram os outros trinta e dois. Ou seja, a escalada de eventos é
recente.
No ano de 2015, deu-se o início do crescimento do número de falhas seguidas de
explosão do modelo J. Esse aumento justificou o foco do GT na identificação das causas
de tantas ocorrências. A linha do tempo de todas as explosões do modelo J pode ser vista
na Figura 4.10.
Figura 4.10 - Evolução do número de explosões envolvendo o TC de modelo J.
Fonte: Elaboração própria.
0 0
1
0 0 0 0 0 0 0 0 0
1
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
2
0 0 0 0 0
3
0 0
1
0
1
0
1
0 0 0 0
3
1
0
3
2
0
1
0 0
2
1
2
1
0 0 0
1 1
4
0
1 1
2
0
Jan
eiro
Mar
ço
Mai
o
Julh
o
Sete
mb
ro
No
vem
bro
Jan
eiro
Mar
ço
Mai
o
Julh
o
Sete
mb
ro
No
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bro
Jan
eiro
Mar
ço
Mai
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Julh
o
Sete
mb
ro
No
vem
bro
Jan
eiro
Mar
ço
Mai
o
Julh
o
Sete
mb
ro
No
vem
bro
Jan
eiro
Mar
ço
Mai
o
Julh
o
Sete
mb
ro
No
vem
bro
Jan
eiro
Mar
ço
Mai
o
Julh
o
Sete
mb
ro
No
vem
bro
Jan
eiro
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Explosões - Modelo J (36)
74
As exposões se concentraram nos Troncos Norte-Sul e Goiás-Mato Grosso, em
instalações de sete agentes do Setor Elétrico, sendo 17 eventos (47,2%) ocorridos nas
instalações de apenas um desses agentes. No entanto, é importante salientar que nas
instalações desses agentes se encontram em funcionamento unidades de outros modelos
com especificação semelhante sem registro de explosão e também que existem TCs do
modelo J em operação em instalações de outros agentes também sem registro de
explosões.
No mapa da Figura 4.11, estão ilustrados os locais das ocorrências envolvendo o
modelo J em vermelho e, em verde, os locais nos quais estão instalados TCs desse mesmo
modelo sem a ocorrência de explosões.
Figura 4.11 - Mapa com os locais das explosões do modelo J, bem como a frequência de ocorrências.
Fonte: Elaboração própria.
75
O questionamento que resulta dessa análise é sobre o motivo que leva TCs do
modelo J explodirem nessa região do SIN, em instalações novas, enquanto outros TCs
idênticos, de mesmo modelo, operam sem falhas em outras regiões. E, ainda, sobre o
porquê de transformadores de corrente de outros modelos não explodirem com a mesma
frequência na região com maior número de ocorrências.
Outro fato que chamou atenção é o ano de fabricação dos equipamentos
sinistrados. O gráfico da Figura 4.12 - Ano de fabricação (esquerda) e idade dos TCs
(direita) do modelo J que explodiram. (esquerda) mostra a distribuição de ocorrências por
ano de fabricação do modelo J.
Pode-se notar claramente que o ano de 2006 desponta como o ano com maior
número de explosões, seguido de 2007. Assim, os TCs fabricados entre 2006 e 2009
representam 94,4% das ocorrências de explosões do modelo J (34 das 36 explosões). Para
pronta referência, a idade dos equipamentos de modelo J na data da explosão é exibida
na Figura 4.12 (direita). As explosões desses transformadores de corrente envolvem o
envelhecimento acelerado do equipamento para justificar que estes só conseguiram operar
por um terço de sua expectativa de vida.
Figura 4.12 - Ano de fabricação (esquerda) e idade dos TCs (direita) do modelo J que explodiram.
Fonte: Elaboração própria.
Também podemos observar os equipamentos associados aos TCs do modelo J que
explodiram, mostrados na Figura 4.13. Em 86% das explosões, o TC estava em um vão
de linha de transmissão ou de reator.
1 1
21
9
31
02468
1012141618202224
2001 2005 2006 2007 2009 2010
Ano de Fabricação -Modelo J
2
78 8
11
0
2
4
6
8
10
12
7 8 9 10 11
Freq
uên
cia
Idade
Idade do equipamento -Modelo J
76
Figura 4.13 - Equipamentos associados aos TCs do modelo J que explodiram.
Fonte: Elaboração própria.
Ainda, comparando as consequências das explosões, as que envolveram o modelo
J não causaram perda de carga em 32 das 37 ocorrências (86,5%). Uma explosão resultou
em corte de 27 MW; outra, gerou interrupção de 127 MW; a segunda pior explosão
provocou perda de 595,9 MW; e a pior delas causou corte de 2915 MW. A distribuição
das faixas de perda de carga e a frequência de explosões por ano para cada uma delas se
encontra na Figura 4.14.
Figura 4.14 - Gráfico da perda de carga causado pelas explosões do modelo J.
Fonte: Elaboração própria.
22; 61%9; 25%
4; 11%1; 3%
Equipamento associado - Modelo J
Linha de Transmissão
Reator
Transformador
Barramento
1 0 0 0 01 0 0 0 02
0 0 0 0
5
0 1 0 0
11
0 0 0 1
10
1 0 1 02
0 0 0 00
5
10
15
Sem corte decarga
Até 100 MW De 101 a 500MW
De 501 a 1000MW
Mais de 1000MW
Fre
qu
ên
cia
Intervalos de carga perdida (MW)
Perda de Carga (MW) - Modelo J
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
77
4.1.1 Investigação das causas das falhas
A partir de abril de 2017, quando o GT focou suas atividades nas explosões do
modelo J, algumas etapas já foram concluídas, sob a liderança da transmissora com maior
número de ocorrências e do fabricante. Abaixo, serão descritas de forma cronológica as
ações tomadas.
Inspeção em campo e retirada dos TCs das fases restantes para testes.
Retirada de amostra de óleo para DGA e medição do fator de potência do
isolamento – resultados normais.
Realização de ensaios de rotina, de tipo, de estabilidade térmica, especiais
de estanqueidade e suportabilidade de impulso a onda cortada 19 –
resultados normais.
Ensaio de GP – compatível com o envelhecimento esperado.
Dissecação de um TC após a explosão e verificação de pontos de arco
interno. O estado do equipamento após a explosão dificulta qualquer
conclusão por inspeção visual.
Verificação da especificação dos equipamentos – de acordo com o
esperado.
Estudo do fabricante com simulações de transitórios muito rápidos,
causados pelas manobras de chaves secionadoras – em andamento.
Medições em campo, em conjunto com o laboratório participante do GT,
em vãos de linha de transmissão e reator, realizando manobras com as
19 As ondas cortadas são tipos de impulso elétrico normalizado para ensaios de impulsos em equipamentos
que se caracterizam por possuírem elevadas taxas de variação de tensão. Além da forma de onda de impulso
pleno, existem duas outras que poderão acontecer nos sistemas elétricos, normatizadas e especificadas para
ensaios dielétricos em alta tensão: impulso cortado na cauda e impulso cortado na frente, derivadas do
impulso pleno. Um impulso atmosférico cortado na cauda, representa um impulso que simula que, em
determinado trecho da linha de transmissão, a tensão sofre um afundamento repentino, provocado pela falha
da isolação de um isolador. Com isso, uma onda cortada se propagará pela linha de transmissão até atingir
os equipamentos situados na subestação. Por outro lado, impulso atmosférico cortado na frente, simula uma
onda, que é cortada na frente ao atingir diretamente ou nas proximidades dos terminais dos equipamentos.
Desta forma, o elevado nível de crescimento da tensão, próximo desses terminais, provoca uma falha da
isolação quase imediata no equipamento atingido. As ondas de impulsos cortados apresentam um parâmetro
caracterizado como o ‘tempo de corte’. A onda completa de impulso atmosférico, p.ex. é caracterizada por
uma onda 1,2/50 µs, ou seja, que alcança 1 pu de tensão em 1,2 µs e cai para 0,5 pu em 50 µs. Já a onda
cortada na cauda, p.ex., desce abruptamente para 0 pu com uma tolerância no tempo entre 2 e 5 µs, de
acordo com a NBR IEC 60060-1 (2013).
78
chaves secionadoras em diferentes configurações para observar a
suportabilidade do TC aos impulsos – em andamento.
Assim, após essas etapas, foram traçadas algumas conclusões e foram observados
alguns aspectos relevantes, relacionados abaixo.
A explosão do equipamento é causada por falha dielétrica, com ocorrência
de um arco interno entre o invólucro do secundário (virola) e a área
energizada da carcaça do TC, evoluindo para um curto-circuito interno.
Houve ejeção da tampa do compartimento de expansão do TC e
cisalhamento da sua parte superior, respectivamente ‘fole’ e ‘domo’, e em
seguida foi observado incêndio no alto do TC, no aspecto de uma ‘tocha’.
Em alguns casos, foi observada a quebra da virola.
A degradação do isolamento se dá de forma muito acelerada, evoluindo
para o arco elétrico e curto-circuito, pois foram verificados equipamentos
que tiveram seu óleo isolante testado e aprovado 12 horas antes de sua
explosão.
Os equipamentos tinham como níveis básicos de isolamento: TSFI de 650
kV, TSIM de 1175 kV e TSIA de 1550 kV. Há outros TCs de outros
modelos com essa especificação que não apresentaram problemas até hoje.
Há TCs de modelo J com essa especificação que também não
apresentaram problemas.
Quase em todas as explosões do modelo J, foi verificada a operação
recente de chaves secionadoras e disjuntores próximos ao TC, não
necessariamente no momento da explosão.
Devido ao registro de manobras recentes de chaves e disjuntores nos vãos
dos TCs que explodiram e da observação de pontos no papel isolante, foi
levantada a suspeita de ocorrência de descargas parciais devido às
reignições20 entre o contato fixo e o contato móvel da chave.
20 Reignição é o processo de reacendimento do arco elétrico provocado pela ionização do ar. No processo
de abertura de chaves secionadoras, enquanto a diferença de potencial entre os contatos fixo e móvel é
superior à rigidez dielétrica do ar, ocorre a formação de arco elétrico pela ionização do ar, que se extingue
quando a distância entre os contatos permite isolá-los. Durante esse processo de abertura ou fechamento
das chaves, ocorrem centenas de reignições, que se transformam em impulsos elétricos que se propagam,
atingindo equipamentos instalados no mesmo vão.
79
Para a verificação dessa hipótese, foram realizadas simulações em
computador das manobras das chaves e foram solicitadas medições em
campo para efeito de comparação.
Foi levantada a hipótese de influência das distâncias reduzidas entre o TC
e as chaves secionadoras na não-amortização dos impulsos de manobra.
No entanto, as distâncias entre o TC e o contato fixo da chave variam de
9,5 a 14,4 m, sendo descartada a hipótese pela independência da distância
nos casos registrados.
Os ensaios de campo mediram a corrente de fuga pelo neutro dos
equipamentos por meio de um TC de alta frequência. A partir dos sinais
obtidos, foi feita a convolução21 destes sinais com a impedância modelada
do TC para obtenção das tensões às quais o isolamento estava sendo
submetido. Ou seja, essa metodologia trata da medição indireta das tensões
às quais o isolamento é submetido.
Os ensaios em campo foram feitos para diversas configurações dos vãos
em ‘disjuntor e meio’. Foi verificado que a situação mais severa ocorre na
manobra da chave adjacente ao TC com o disjuntor e a chave secionadora
oposta abertos. Na Figura 4.15 podem ser vistos os vãos testados (linha de
transmissão e reator) com os TCs em que as correntes foram medidas
assinalados em azul.
As medições em campo apresentaram valores significativamente
superiores aos das simulações. No entanto, a modelagem utilizada nas
simulações foi baseada em uma outra subestação de mesma configuração,
o que gera dúvidas sobre a influência da mudança do local de estudo.
A frequência das correntes medidas, geradas pelas manobras, coincide
com a região de ressonância natural dos TCs.
Durante as manobras, foram observadas centenas de ignições entre os
contatos fixo e móvel das chaves, chegando a quinhentas no pior caso.
Foram verificados altos níveis de variação rápida de tensão (dV/dt),
superando 1,5 MV/µs em alguns casos.
21 A convolução é um operador linear que, a partir de duas funções dadas, resulta numa terceira que mede
a soma do produto dessas funções ao longo da região subentendida pela superposição delas em função do
deslocamento existente entre elas. (BRACEWELL, 2000) [41]
80
A energia da corrente de fuga para casos com menos de 10 operações de
chave secionadora foi significativamente maior do que em ensaios de 600
impulsos cortados. Embora alguns impulsos sejam de amplitude
relativamente baixa (abaixo de 1,3 pu), a grande sucessão de eventos e a
variação abrupta de polaridade provocaram efeitos semelhantes aos da
energia proveniente de impulsos atmosféricos.
Foram feitos ensaios semelhantes com a utilização de uma bobina para
amortização dos impulsos em série com o contato de arco da chave
secionadora. Com isso, foi observado um valor máximo de corrente
medida menor do que o anterior, além de deslocamento da região de
ressonância.
Não necessariamente, os NBIs do TC são as únicas causas das explosões.
Pode ocorrer uma distribuição interna desigual das tensões para surtos de
frequência muito elevada.
Figura 4.15 - Vãos da subestação testada.
Fonte: Acervo do ONS.
Próximos passos e providências:
Realização de ensaios em subestações sem registro de explosão do modelo
J com repetição em outra subestação do Tronco Norte-Sul.
Repetição das simulações do fabricante em computador a partir da
modelagem da mesma instalação em que os testes de campo serão
realizados.
81
Até a conclusão dos estudos, a transmissora com maior número de explosões
registradas do modelo J adotou ainda algumas práticas de segurança:
Evitar a circulação de pessoas nas imediações dos TCs, após 48h da sua
energização, isolando a área durante esse período.
Acompanhar o nível de óleo dos TCs reenergizados.
Acompanhar as manobras de abertura e fechamento de chaves próximas
aos TCs.
Evitar manobrar chaves próximas a esses TCs.
Se as manobras das chaves realmente forem a causa do envelhecimento acelerado
do isolamento dos TCs, estes deverão ser substituídos por equipamentos com NBIs mais
robustos. Talvez seja indicada a instalação dos reatores de amortização em série com as
chaves secionadoras, em associação com a nova especificação dos TCs.
4.2 Taxas de falha de transformadores de corrente
A ocorrência de falhas menores e falhas maiores é inerente à operação e
manutenção de equipamentos. A observação única e exclusivamente dos números de
falhas não é suficiente para dar um diagnóstico sobre a confiabilidade do sistema ou do
equipamento.
Para efeitos comparativos, é importante saber o universo em que os TCs que
falharam se encontram, além do período de tempo analisado. Para isso, é feita uma análise
das taxas de falha. O primeiro passo, portanto, foi a estimativa de TCs em operação na
rede de transmissão.
O gráfico da Figura 4.16 mostra o total de TCs em operação para cada ano, além
do número de explosões registradas.
82
Figura 4.16 - Total de TCs em operação e explosões por ano.
Fonte: Elaboração própria.
Assim, de posse dos dados de explosões e de TCs em operação para o período
analisado de seis anos, é possível calcular as taxas de falha anual e média do período,
levando em conta todas as falhas e o total de TCs em operação ao final do período. Os
resultados são exibidos no gráfico da Figura 4.17.
Para efeito de comparação, foi traçada no mesmo gráfico a taxa de falha
encontrada pelo Cigré na pesquisa internacional sobre confiabilidade [26].
A taxa encontrada foi de 0,0154 𝑬𝒙𝒑𝒍𝒐𝒔õ𝒆𝒔
𝟏𝟎𝟎𝒙 𝑻𝑪𝒔 𝒙 𝑨𝒏𝒐𝒔 e leva em conta apenas as
ocorrências de explosão sem a presença do país com dados dominantes22 e pode ser
encontrada na Tabela 4-80 do referido documento.
22 No levantamento feito pelo Cigré, um dos países apresentou taxas de falhas muito mais baixas que os
demais. Com isso, quando esse país é considerado nos cálculos, a taxa de falha média tende a diminuir.
Para reduzir a influência desses números no estudo, são feitos cálculos com e sem a presença desse ‘país
com dados dominantes’. O presente trabalho considerou os números da pesquisa do Cigré sem a influência
desse país.
21798 23157 24327 25326 26337 26961
9
14
2420 20 20
04812162024283236
0
4000
8000
12000
16000
20000
24000
28000
2012 2013 2014 2015 2016 2017
Exp
losõ
es
TCs
em o
per
ação
Ano
Explosões x TCs em Operação
TCs em operação Explosões
83
Figura 4.17 - Taxa de falha anual e média de TCs.
Fonte: Elaboração própria.
Por meio da comparação entre a taxa de falha encontrada no levantamento do
Cigré e a taxa de falha média da rede brasileira, pode-se verificar que o desempenho da
rede brasileira está muito aquém do registrado nos outros países da pesquisa, com uma
taxa de falha média quatro vezes maior do que a do grupo estudado.
Outra comparação possível é a separação por níveis de tensão, visto que certos
níveis registraram muito mais explosões do que outros. Mais uma vez, foram calculadas
as taxas de falhas anuais e média para o período, para as redes de 230 kV, 345 kV e 500
kV, pois foram os níveis de tensão com mais ocorrências. Os resultados podem ser vistos
nos gráficos das Figuras 4.18, 4.19 e 4.20, respectivamente.
Figura 4.18 - Taxa de falha anual e média de TCs - Rede de 230 kV.
Fonte: Elaboração própria.
0,041
0,060
0,099
0,079 0,076 0,074
0,067
0,015
0,000
0,020
0,040
0,060
0,080
0,100
0,120
0
5
10
15
20
25
30
2012 2013 2014 2015 2016 2017
Taxa
de
Falh
a
Exp
losõ
es
Ano
Taxa de Falha Anual
Explosões Taxa de Falha Anual Taxa de Falha Média Taxa de Falha do Cigré
0,082
0,117
0,159
0,117
0,0230,033
0,079
0,0154
0,0000,0200,0400,0600,0800,1000,1200,1400,1600,180
02468
101214161820
2012 2013 2014 2015 2016 2017
Taxa
de
Falh
a
Exp
losõ
es
Anos
Taxa de Falha - Rede de 230 kV
Explosões Taxa de Falha Anual Taxa de Falha Média Taxa de Falha do Cigré
84
Figura 4.19 - Taxa de falha anual e média de TCs - Rede de 345 kV.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 4.20 - Taxa de falha anual e média de TCs - Rede de 500 kV.
Fonte: Elaboração própria.
Como esperado, pelo número elevado de explosões, a rede de 500 kV apresenta a
maior taxa de falha média, mais de sete vezes maior do que o indicador do Cigré. Porém,
mesmo os outros níveis de tensão analisados também apresentam taxas de falha mais
elevadas do que as obtidas pelo Cigré.
Para identificar a influência das explosões do modelo J no desempenho e no
cálculo das taxas de falha da rede de 500 kV, foram calculadas as taxas de falha com e
sem esse equipamento. A taxa de falha decresceu sensivelmente, ficando quase quatro
vezes menor, mas, mesmo assim, continua o dobro da taxa de falha apresentada pelo
Cigré.
0,035 0,033
0,191
0,000
0,094
0,031
0,062
0,0154
0,0000,0200,0400,0600,0800,1000,1200,1400,1600,1800,2000,220
02468
101214161820
2012 2013 2014 2015 2016 2017
Taxa
de
Falh
a
Exp
losõ
es
Anos
Taxa de Falha - Rede de 345 kV
Explosões Taxa de Falha Anual Taxa de Falha Média Taxa de Falha do Cigré
0,0380,051
0,0650,091
0,230 0,223
0,114
0,0154
0,0000,0250,0500,0750,1000,1250,1500,1750,2000,2250,250
02468
101214161820
2012 2013 2014 2015 2016 2017
Taxa
de
Falh
a
Exp
losõ
es
Anos
Taxa de Falha - Rede de 500 kV
Explosões Taxa de Falha Anual Taxa de Falha Média Taxa de Falha do Cigré
85
O gráfico da Figura 4.21, mostra os resultados encontrados, além do total de
explosões por ano e as que envolveram o modelo J, além da taxa de falha média apenas
desse modelo, contando com sua população de 1.402 unidades.
Sua taxa de falha é quase vinte e oito vezes maior do que a taxa de explosão de
TCs mostrada no estudo do Cigré.
Figura 4.21 - Taxa de falha anual e média de TCs - Influência do modelo J na rede de 500 kV.
Fonte: Elaboração própria.
Com isso, aumentam os indícios que esse modelo realmente apresenta problemas
específicos que carecem de investigação profunda. A substituição dos TCs desse modelo
parece ser a medida mais indicada. Para isso, é importante também delimitar o grupo que
deve ser trocado, assunto tratado na próxima seção.
4.3 Substituição de transformadores de corrente por
fim de vida útil
O processo de substituição de equipamentos por fim de vida útil foi modificado
em 2014 com a publicação da ReN 643 pela ANEEL [9], que alterou a ReN 443/2011
[10]. Com isso, esse tipo de substituição ganhou destaque e incentivo, passando a ser
tratado como Melhoria do tipo II, com receita estabelecida previamente quando
relacionada a equipamentos de grande porte, como explicado na seção 2.5.
0,114
0,030
0,416
0,015 0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
2012 2013 2014 2015 2016 2017
Taxa de Falha - Modelo J x Rede de 500 kV
Explosões do Modelo J Explosões dos demais modelosTaxa de Falha Anual Taxa de Falha Média com o Modelo JTaxa de Falha Média sem o Modelo J Taxa de Falha Média do Modelo JTaxa de Falha do Cigré
86
No entanto, ressalta-se que o fim de vida regulatório não caracteriza a necessidade
de substituição do equipamento, pois a extensão da vida útil técnica do equipamento para
além da vida útil regulatória é incentivada, pois é economicamente benéfica ao sistema.
Na Tabela 4.2, são mostrados alguns dos possíveis motivos e evidências que
podem justificar a substituição de um transformador de corrente por fim de vida útil.
Tabela 4.2 - Motivos e evidências para a substituição de transformadores de corrente por fim de
vida útil.
Fonte: ONS.
Motivo Evidência
Equipamento de tecnologia obsoleta.
Histórico de falhas ou defeitos.
Falta de peças de reposição.
Degradação e obsolescência de
vários componentes.
Histórico de falhas ou defeitos.
Falta de peças de reposição.
Resultados de ensaios elétricos, termográficos ou outro método.
Relatórios emitidos por Transmissoras, ONS, etc.
Isolação degradada.
Histórico de falhas ou defeitos.
Resultados de ensaios elétricos, termográficos ou outro método.
Relatórios emitidos por Transmissoras, ONS, etc.
Anomalias térmicas.
Histórico de falhas ou defeitos.
Deficiência de projeto.
Resultados de ensaios elétricos, termográficos ou outro método.
Relatórios emitidos por Transmissoras, ONS, etc.
Riscos de danos às instalações devido
à perda de confiabilidade.
Histórico de falhas ou defeitos.
Deficiência de projeto.
Resultados de ensaios elétricos, termográficos ou outro método.
Relatórios emitidos por Transmissoras, ONS, etc.
Assim, após a publicação da ReN 643/2014, foram concluídos dois ciclos de
análise das solicitações de substituição (2015+2016 e 2017) de equipamentos por fim de
vida útil, cujos resultados foram publicados nos relatórios do ONS: ‘PAR 2017-2019
Volume 1 – Tomo 2’ e ‘PMI 2016-2019’ para o ciclo 2015+2016 e ‘PAR 2018-2020
Volume 1 – Tomo 2’ e ‘PMI 2017-2020’ para o ciclo 2017.
Nesses dois ciclos de análise, foram indicadas 2008 unidades de transformador de
corrente por fim de vida útil, dos quais 916 (45,62%) envolvem modelos de TC com
ocorrência de explosão registrada. Nos ciclos anteriores à publicação da ReN 643/2014,
foram indicadas 701 unidades de TC para substituição, sendo 360 (51,36%) ligadas aos
modelos com ocorrência de explosão. No total, foram indicados para substituição 2709
87
TCs, sendo 1276 (47,10%) relacionados aos modelos de TC com registro de explosão. A
discriminação do número de substituições por modelo de TC pode ser vista no gráfico da
Figura 4.22.
Figura 4.22 - Substituição de modelos envolvidos nas ocorrências de explosão de TC.
Fonte: Elaboração própria.
O GT de Vida Útil de Transformadores de Instrumentos foi responsável pela
recomendação da substituição de TCs dos modelos A, E e L após o estudo das
ocorrências. É válido ressaltar que, nesses casos, os modelos tinham como característica
comum o tempo médio de fabricação superior a 20 anos.
Caso o GT recomende a substituição do modelo J, é esperado um grande aumento
nas indicações desse modelo nos próximos ciclos. Para o ciclo de 2018, já há uma
previsão de substituição de pelo menos 34 unidades do modelo J. As unidades que
explodiram foram substituídas por fases reserva de TC que estavam armazenadas. Agora,
é necessário repor as fases reserva por outros TCs.
No entanto, a decisão de substituição não é simples, pois impacta diretamente o
planejamento orçamentário das transmissoras. Para a agência reguladora, a necessidade
de tantas obras de Melhoria provoca grandes reajustes nas RAPs das empresas. Por
exemplo, segundo os valores de referência da ANEEL, o custo de implantação de um
transformador de corrente para tensão de 500 kV gira em torno de R$ 351.547,84 (os
valores dependem também da região do Brasil). Assim, a substituição indiscriminada das
1.402 unidades do modelo J em operação no SIN geraria custos da ordem de R$
492.870.070,34. Por isso, a substituição do equipamento pode ser a decisão mais indicada,
mas traz consequências que devem ser analisadas.
146 5 95 48 84 89 18 130 77 24 72 84 63 1 311 9 200
80
160
240
320
Freq
uên
cia
Modelo
Substituição - por modelo (2709)
88
A restrição do grupo de transformadores de corrente do modelo J a serem
substituídos para apenas os fabricados entre 2006 e 2009 (94,4% das explosões do modelo
J envolveram TCs fabricados nesse intervalo), caso a decisão fosse tomada frente a
descoberta de algum erro de projeto ocorrido durante esses anos, poderia reduzir seu
impacto financeiro. Ainda, a restrição do grupo de TCs a serem substituídos para somente
os instalados nas regiões de maior frequência de explosões, caso a fosse determinado que
a região afeta a operação do TC, poderia também reduzir a quantidade de equipamentos
substituídos e o montante a ser indenizado nas melhorias.
No entanto, todas as justificativas passam pela identificação dos motivos que
possam ter levado às explosões, traçando uma relação causal entre as ocorrências,
trabalho desenvolvido pelo Grupo de Trabalho de Vida Útil de Transformadores de
Instrumentos, responsável pela decisão final.
.
89
Capítulo 5
Conclusões Gerais
Este trabalho teve como objetivo primário a apresentação de aspectos teóricos dos
transformadores de corrente envolvendo falhas, vida útil e manutenção visando a
aplicação desses conceitos no estudo das explosões de TCs na rede de transmissão. Esse
objetivo foi cumprido na medida que, no Capítulo 4, a descrição das atividades do GT,
sobretudo na investigação das falhas do modelo J, mostrou a importância e utilidade
prática de diversos conceitos abordados no Capítulo 2. Com isso, pode-se concluir que
esses conceitos têm grande aplicabilidade em casos como o apresentado, servindo de base
para as investigações necessárias.
O primeiro objetivo secundário foi atingido, visto que o conceito de vida útil foi
tratado de forma teórica segundo suas diferentes vertentes na seção 2.2, sendo também
apresentadas as possíveis caracterizações de fim de vida útil. Foi mostrado também como
ocorre o processo de substituição de equipamentos por fim de vida útil segundo a
regulamentação do SEB vigente. Por fim, foram exibidos os números de substituição de
TCs por fim de vida útil, com ênfase no impacto econômico causado pela decisão de
substituição.
O segundo objetivo secundário foi cumprido na seção 2.4. Nela, foi evidenciada
a importância da manutenção e de suas técnicas preditivas para o acompanhamento
contínuo do estado dos transformadores de corrente. Com dito, essas técnicas podem ser
empregadas nas atividades de manutenção do TC, monitorando suas condições com o
objetivo de antever o aumento do risco de falha, e também na investigação post mortem
das causas da falha do equipamento. Na investigação das falhas do modelo J foram feitas
inspeções visuais e sensitivas, ensaios para medição do GP e análise cromatográfica do
óleo isolante – técnicas mostradas no Capítulo 2. Por meio do acompanhamento das
atividades do GT, pôde-se observar que, apesar da existência de técnicas para monitorar
o estado do TC, é muito difícil prever e evitar a ocorrência de falhas, já que elas podem
apresentar um caráter aleatório. As investigações das causas das falhas também são
difíceis, devido à deterioração do equipamento após a explosão.
90
O terceiro objetivo secundário foi tratado com êxito no Capítulo 4 com a
apresentação do panorama das explosões de TCs ocorridas na rede de transmissão,
mostrando a dimensão que essa questão ganhou nos últimos anos. Como dito, o elevado
e crescente número de ocorrências levou à criação de um GT para promover a análise das
ocorrências e buscar a relação delas com a vida útil dos equipamentos, o que motivou a
realização deste trabalho. Foram ressaltadas ainda as consequências locais e sistêmicas
das explosões, sendo a perda de carga a pior delas (do ponto de vista elétrico) - o que
eleva a importância da busca por uma relação causal que permita mitigar novas
ocorrências. Ainda, observou-se que a taxa de falha é um bom indicador para a avaliação
do desempenho dos equipamentos a serem analisados, pois permite uma análise de
tendência e a comparação adequada com outros equipamentos análogos. Para isso, a
realização de pesquisas como a feita pelo Cigré deve ser estimulada, para que se conheça
a experiência de outras empresas e outros países.
O estudo de caso do modelo com maior número de explosões, assunto da seção
4.1, reuniu a aplicação direta de todos os conceitos teóricos abordados no Capítulo 2
deste trabalho: especificação de TCs, ensaios elétricos, vida útil, modos de falha e
substituição por fim de vida útil. Nesse âmbito, ressalta-se que a comparação dos
resultados encontrados por meio do cálculo das taxas de falha com os dados do estudo de
confiabilidade do Cigré poderá servir futuramente como subsídio para a indicação de
substituição desse modelo por parte do GT, caso essa seja a medida adotada. Além disso,
a especificação do novo equipamento é outro ponto delicado. A substituição de um
equipamento que explodiu por outro idêntico não exime a ocorrência de nova explosão
no mesmo local (como já registrado). Por isso, a investigação das causas é necessária para
a identificação correta do grupo vulnerável a explosões, minimizando o número de
substituições e permitindo a especificação do novo equipamento que suporte as condições
elétricas e ambientais do local.
5.1 Sugestões de trabalhos futuros
Para trabalhos futuros, pode-se abordar outra categoria de falhas, como as Falhas
Menores, envolvendo transformadores de corrente ou outros equipamentos.
91
É também indicado o estudo de uma ocorrência em particular, abordando o
caminho traçado até a descoberta do modo de falha, com os testes realizados e resultados
encontrados.
Pode-se ainda abordar a substituição de equipamentos por fim de vida útil sob a
ótica do detentor do ativo, mostrando a avaliação de risco da decisão e suas consequências
financeiras, além do planejamento dos investimentos para essa situação.
92
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28. AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. MANUAL DE CONTROLE
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29. CERNE - CENTRO DE ESTUDOS EM RECURSOS NATURAIS E ENERGIA.
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Disponivel em: <https://www.manutencaoemfoco.com.br/quebra-falhas-ou-
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31. SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de
dissertação. 4ª. ed. Florianópolis: UFSC, 2005.
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39. EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Quem somos. Disponivel em:
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40. OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO. Procedimentos de Rede -
Submódulo 20.1: Glossário de termos técnicos. ONS. [S.l.]. 2017.
41. BRACEWELL, R. The Fourier Transform and Its Applications. 3ª. ed. Nova
Iorque: McGraw-Hill, 2000.
42. OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO. Procedimentos de Rede -
Submódulo 11.4: Sistemas especiais de proteção. ONS. [S.l.]. 2017.
43. ______. Manual de Procedimentos da Operação - Submódulo 10.21: Instrução
de Operação - Esquemas Especiais da Interligação Norte/Nordeste. ONS. [S.l.].
2017.
96
Anexo
A Tabela A exibe a relação de todas as explosões de transformadores de corrente
ocorridas no sistema de transmissão desde 2012. A partir dessa tabela, foram gerados
todos os gráficos do Capítulo 4, para preservar suas identidades.
Tabela A - Tabela completa, segundo dados do ONS, das perturbações causadas pela explosão de
TCs no SIN.
Fonte: ONS.
Empresa Explosão Equipamento Tensão
(kV) Estado Fabricante Modelo Fabricação
Idade
do
Equipa
mento
Isolação Tipo
Construtivo
Perda
de
Carga
(MW)
Agente 6 26/01/2012
05:32
Linha de
Transmissão 500 PE
Fabricante
A Modelo C 1978 34 Papel-óleo Pedestal 0
Agente 9 25/03/2012
11:42
Linha de
Transmissão 500 SC
Fabricante
F Modelo J 2001 11 Papel-óleo Invertido 0
Agente 4 02/04/2012
16:26
Linha de
Transmissão 230 GO
Fabricante
I Modelo F 1997 15 Papel-óleo
Não
informado 22
Agente 6 23/04/2012
03:02 Reator 230 BA
Fabricante
D Modelo S 1982 30 Papel-óleo Invertido 27
Agente 13 12/05/2012
16:07 Barramento 230 GO
Fabricante
A Modelo P 2001 11 Papel-óleo Pedestal 0
Agente 13 12/05/2012
16:24 Barramento 230 GO
Fabricante
A Modelo P 2001 11 Papel-óleo Pedestal 0
Agente 6 26/06/2012
07:53
Linha de
Transmissão 230 BA
Fabricante
J Modelo L 1979 33 Papel-óleo Pedestal 0
Agente 8 05/08/2012
00:26 Barramento 345 SP
Fabricante
A Modelo B 1981 31 Papel-óleo Invertido 585
Agente 2 10/10/2012
08:27 Transformador 230 RS
Não
informado
Não
informado
Não
informado
Não
informa
do
Não
informado
Não
informado 166
Agente 18 09/01/2013
12:53
Linha de
Transmissão 500 PA
Fabricante
F Modelo J 2006 7 Papel-óleo Invertido 0
Agente 8 12/01/2013
17:31 Reator 440 SP
Fabricante
B Modelo N 1975 38 Papel-óleo
Não
informado 0
Agente 6 18/01/2013
08:58 Barramento 230 PI
Fabricante
I Modelo F 1979 34 Papel-óleo
Não
informado 228
Agente 12 11/02/2013
17:27
Linha de
Transmissão 230 GO
Não
informado
Não
informado
Não
informado
Não
informa
do
Não
informado
Não
informado 0
Agente 3 08/04/2013
10:15 Transformador 230 RS
Fabricante
D Modelo U 1984 29
Não
informado
Não
informado 28
Agente 5 29/07/2013
08:14 Transformador 345 MG
Fabricante
A Modelo B 1986 27 Papel-óleo Invertido 0
Agente 10 16/08/2013
17:46 Transformador 230 PA
Fabricante
B Modelo M 1980 33 Papel-óleo
Não
informado 120
Agente 6 22/08/2013
21:39 Barramento 500 PI
Fabricante
K Modelo A 1996 17 Papel-óleo
Não
informado 0
Agente 10 20/10/2013
15:25 Transformador 500 TO
Fabricante
C
Não
informado
Não
informado
Não
informa
do
Papel-óleo Não
informado 0
Agente 10 09/11/2013
23:24 Transformador 230 MT
Fabricante
D Modelo S 2002 11 Papel-óleo Invertido 0
Agente 6 20/11/2013
08:57 Barramento 230 PE
Fabricante
J Modelo L 1980 33 Papel-óleo Pedestal 194
Agente 3 17/12/2013
23:06 Transformador 230 RS
Fabricante
A Modelo E 1981 32 Papel-óleo Pedestal 120
Agente 3 26/12/2013
15:18 Transformador 230 RS
Fabricante
A Modelo E 1978 35 Papel-óleo Pedestal 156
Agente 3 27/12/2013
02:47
Linha de
Transmissão 230 RS
Fabricante
A Modelo E 1981 32 Papel-óleo Pedestal 53
Agente 5 02/01/2014
20:27
Linha de
Transmissão 230 MG
Fabricante
D Modelo T 1970 44 Papel-óleo Invertido 372
Agente 8 03/01/2014
15:58 Barramento 345 SP
Fabricante
A Modelo B 1981 33 Papel-óleo Invertido 514
Agente 8 04/01/2014
12:39 Transformador 345 SP
Fabricante
A Modelo B 1981 33 Papel-óleo Invertido 358
Agente 7 12/01/2014
14:52
Linha de
Transmissão 230 PR
Fabricante
D Modelo S 1995 19 Papel-óleo Invertido 0
Agente 11 16/01/2014
02:03
Linha de
Transmissão 500 RS
Fabricante
A Modelo Q 2001 13 Papel-óleo
Não
informado 0
97
Agente 7 01/02/2014
21:42 Transformador 230 PR
Fabricante
D Modelo S 1981 33 Papel-óleo Invertido 0
Agente 6 03/02/2014
04:11
Linha de
Transmissão 230 RN
Fabricante
D Modelo S
Não
informado
Não
informa
do
Papel-óleo Invertido 0
Agente 7 04/02/2014
21:55 Transformador 230 PR
Fabricante
D Modelo S 1981 33 Papel-óleo Invertido 77
Agente 7 06/02/2014
00:06 Transformador 230 PR
Fabricante
A Modelo Q 2004 10 Papel-óleo
Não
informado 0
Agente 7 07/02/2014
22:54 Barramento 230 PR
Fabricante
D Modelo S 1981 33 Papel-óleo Invertido 60
Agente 7 08/02/2014
21:04
Linha de
Transmissão 230 PR
Fabricante
D Modelo S 1981 33 Papel-óleo Invertido 0
Agente 13 11/02/2014
20:21 Transformador 138 ES
Fabricante
A Modelo D 1980 34 Papel-óleo Pedestal 1124
Agente 6 24/04/2014
14:00
Linha de
Transmissão 230 AL
Fabricante
D Modelo S 1999 15 Papel-óleo Invertido 0
Agente 5 02/06/2014
01:16 Transformador 345 MG
Fabricante
A Modelo B 1987 27 Papel-óleo Invertido 0
Agente 7 01/07/2014
21:18
Linha de
Transmissão 230 PR
Fabricante
C Modelo I 1998 16 Papel-óleo Pedestal 73
Agente 6 10/08/2014
13:58
Linha de
Transmissão 230 CE
Fabricante
D Modelo S 1982 32 Papel-óleo Invertido 198
Agente 10 03/09/2014
21:47 Transformador 500 PA
Não
informado
Não
informado
Não
informado
Não
informa
do
Não
informado
Não
informado 0
Agente 1 03/09/2014
22:24
Linha de
Transmissão 500 PA
Fabricante
F Modelo J 2007 7 Papel-óleo Invertido 0
Agente 15 04/09/2014
17:09 Transformador 500 MT
Fabricante
F Modelo J 2006 8 Papel-óleo Invertido 0
Agente 6 05/10/2014
18:57 Transformador 230 PI
Não
informado
Não
informado
Não
informado
Não
informa
do
Não
informado
Não
informado 0
Agente 13 13/10/2014
23:19 Barramento 345 SP
Fabricante
A Modelo B
Não
informado
Não
informa
do
Papel-óleo Invertido 0
Agente 13 17/10/2014
19:12 Barramento 230 SP
Fabricante
A Modelo E
Não
informado
Não
informa
do
Papel-óleo Pedestal 19
Agente 13 20/11/2014
14:51 Barramento 345 SP
Fabricante
A Modelo B
Não
informado
Não
informa
do
Papel-óleo Invertido 0
Agente 13 28/12/2014
20:42 Barramento 345 SP
Fabricante
A Modelo B
Não
informado
Não
informa
do
Papel-óleo Invertido 0
Agente 11 25/01/2015
09:10 Barramento 230 SC
Fabricante
A Modelo P 2005 10 Papel-óleo Pedestal 0
Agente 5 31/01/2015
21:51
Linha de
Transmissão 230 MG
Fabricante
A Modelo E 1977 38 Papel-óleo Pedestal 157
Agente 6 27/02/2015
16:15
Linha de
Transmissão 230 BA
Fabricante
J Modelo L 1979 36 Papel-óleo Pedestal 0
Agente 15 08/03/2015
15:03 Transformador 500 MT
Fabricante
F Modelo J 2006 9 Papel-óleo Invertido 0
Agente 15 09/03/2015
09:22
Linha de
Transmissão 500 MT
Fabricante
F Modelo J 2006 9 Papel-óleo Invertido 0
Agente 13 17/03/2015
16:45
Banco de
Capacitores
Shunt
13,8 RJ Fabricante
H Modelo V 2001 14
Resina
Epóxi Barra 0
Agente 6 24/03/2015
22:14 Transformador 230 BA
Fabricante
D Modelo S 1982 33 Papel-óleo Invertido 0
Agente 1 30/03/2015
14:39
Linha de
Transmissão 500 PA
Fabricante
F Modelo J 2007 8 Papel-óleo Invertido 0
Agente 6 07/04/2015
17:46 Transformador 230 BA
Fabricante
D Modelo S 1982 33 Papel-óleo Invertido 0
Agente 6 07/04/2015
18:14
Linha de
Transmissão 230 BA
Fabricante
D Modelo S 1982 33 Papel-óleo Invertido 0
Agente 4 12/04/2015
03:57 Transformador 13,8 GO
Fabricante
E Modelo G 2005 10
Resina
Epóxi Barra 0
Agente 3 13/04/2015
01:30
Linha de
Transmissão 230 RS
Fabricante
D Modelo S 2002 13 Papel-óleo Invertido 11
Agente 4 27/04/2015
17:03 Transformador 13,8 GO
Fabricante
L Modelo W 2014 1
Resina
Epóxi Barra 30
Agente 15 05/06/2015
19:45
Linha de
Transmissão 500 GO
Fabricante
F Modelo J 2006 9 Papel-óleo Invertido 0
Agente 14 29/08/2015
14:55
Linha de
Transmissão 500 TO
Fabricante
F Modelo J 2007 8 Papel-óleo Invertido 127
Agente 10 01/09/2015
22:36
Linha de
Transmissão 230 MT
Fabricante
D Modelo S 1983 32 Papel-óleo Invertido 0
Agente 4 08/09/2015
17:10 Transformador 13,8 GO
Fabricante
L Modelo W 2014 1
Resina
Epóxi Barra 40
Agente 18 20/10/2015
01:48
Linha de
Transmissão 500 PA
Fabricante
F Modelo J 2006 9 Papel-óleo Invertido 0
Agente 6 26/11/2015
19:28
Linha de
Transmissão 230 BA
Fabricante
D Modelo S 1982 33 Papel-óleo Invertido 0
Agente 6 27/11/2015
21:38
Linha de
Transmissão 230 CE
Fabricante
D Modelo S 1985 30 Papel-óleo Invertido 924
Agente 6 13/02/2016
17:52
Linha de
Transmissão 500 PI
Fabricante
A Modelo C 1978 38 Papel-óleo Pedestal 0
Agente 13 18/02/2016
21:38 Barramento 345 SP
Fabricante
A Modelo B 1980 36 Papel-óleo Invertido 0
98
Agente 13 18/02/2016
21:38 Barramento 345 SP
Fabricante
A Modelo B 1980 36 Papel-óleo Invertido 0
Agente 6 20/02/2016
09:54
Linha de
Transmissão 500 PI
Fabricante
A Modelo C 1978 38 Papel-óleo Pedestal 0
Agente 18 02/03/2016
08:15
Linha de
Transmissão 500 PA
Fabricante
F Modelo J 2006 10 Papel-óleo Invertido 2915
Agente 18 13/03/2016
01:36
Linha de
Transmissão 500 PA
Fabricante
F Modelo J 2006 10 Papel-óleo Invertido 0
Agente 14 19/03/2016
09:21
Linha de
Transmissão 500 GO
Fabricante
F Modelo J 2007 9 Papel-óleo Invertido 0
Agente 15 13/04/2016
10:02
Linha de
Transmissão 500 MT
Fabricante
F Modelo J 2006 10 Papel-óleo Invertido 0
Agente 15 09/06/2016
21:00
Linha de
Transmissão 500 MT
Fabricante
F Modelo J 2006 10 Papel-óleo Invertido 0
Agente 15 10/06/2016
21:17
Linha de
Transmissão 500 MT
Fabricante
F Modelo J 2006 10 Papel-óleo Invertido 0
Agente 1 26/06/2016
01:12
Linha de
Transmissão 500 TO
Fabricante
F Modelo J 2007 9 Papel-óleo Invertido 0
Agente 14 06/07/2016
00:03
Linha de
Transmissão 500 TO
Fabricante
F Modelo J 2007 9 Papel-óleo Invertido 0
Agente 15 22/07/2016
17:26 Reator 500 MT
Fabricante
F Modelo J 2006 10 Papel-óleo Invertido 0
Agente 10 10/09/2016
16:32 Transformador 500 MA
Fabricante
A Modelo C 1984 32 Papel-óleo Pedestal 0
Agente 14 27/09/2016
04:36
Linha de
Transmissão 500 TO
Fabricante
F Modelo J 2005 11 Papel-óleo Invertido 0
Agente 13 26/10/2016
14:07 Transformador 345 SP
Fabricante
A Modelo B 1980 36 Papel-óleo Invertido 0
Agente 4 28/10/2016
06:18 Transformador 13,8 GO
Fabricante
L Modelo W 2014 2
Resina
Epóxi Barra 19
Agente 13 20/12/2016
15:56
Banco de
Capacitores Série 500 SP
Fabricante
C Modelo K 2002 14 Papel-óleo Pedestal 0
Agente 15 22/12/2016
19:37 Reator 500 MT
Fabricante
F Modelo J 2006 10 Papel-óleo Invertido 0
Agente 1 23/12/2016
12:52
Linha de
Transmissão 500 PA
Fabricante
F Modelo J 2007 9 Papel-óleo Invertido 0
Agente 15 16/01/2017
01:48
Linha de
Transmissão 500 MG
Fabricante
F Modelo J 2006 11 Papel-óleo Invertido 0
Agente 15 14/02/2017
01:19 Reator 500 MT
Fabricante
F Modelo J 2006 11 Papel-óleo Invertido 0
Agente 15 17/02/2017
13:29 Reator 500 MT
Fabricante
F Modelo J 2006 11 Papel-óleo Invertido 595,9
Agente 17 10/03/2017
13:05 Barramento 500 GO
Fabricante
F Modelo J 2009 8 Papel-óleo Invertido 0
Agente 18 15/05/2017
21:37
Linha de
Transmissão 500 PA
Fabricante
C Modelo H 2015 2 Papel-óleo Pedestal 0
Agente 11 22/05/2017
13:44 Reator 500 SC
Fabricante
C Modelo H 2016 1 Papel-óleo Pedestal 0
Agente 8 19/07/2017
21:53 Barramento 345 SP
Fabricante
A Modelo B 1974 43 Papel-óleo Invertido 0
Agente 15 26/07/2017
07:31 Reator 500 MT
Fabricante
F Modelo J 2006 11 Papel-óleo Invertido 0
Agente 6 03/08/2017
20:41
Linha de
Transmissão 230 PE
Fabricante
D Modelo S
Não
informado
Não
informa
do
Papel-óleo Invertido 135
Agente 13 10/08/2017
00:04 Transformador 500 RJ
Fabricante
B Modelo O
Não
informado
Não
informa
do
Não
informado Pedestal 0
Agente 10 19/08/2017
06:26
Linha de
Transmissão 500 MA
Fabricante
G Modelo R 1998 19
Não
informado
Não
informado 0
Agente 10 19/08/2017
19:28 Reator 500 MA
Fabricante
F Modelo J 2009 8 Papel-óleo Invertido 0
Agente 10 07/09/2017
19:40 Transformador 500 MA
Fabricante
F Modelo J 2009 8 Papel-óleo Invertido 27
Agente 15 11/09/2017
12:36
Linha de
Transmissão 500 MT
Fabricante
F Modelo J 2006 11 Papel-óleo Invertido 0
Agente 14 23/09/2017
14:33 Reator 500 TO
Fabricante
F Modelo J 2007 10 Papel-óleo Invertido 0
Agente 15 25/09/2017
17:40
Linha de
Transmissão 500 MT
Fabricante
F Modelo J 2006 11 Papel-óleo Invertido 0
Agente 15 17/11/2017
05:29 Reator 500 MT
Fabricante
F Modelo J 2006 11 Papel-óleo Invertido 0
Agente 15 03/12/2017
22:52 Reator 500 GO
Fabricante
F Modelo J 2006 11 Papel-óleo Invertido 0
Agente 6 05/12/2017
20:20 Transformador 230 BA
Não
informado
Não
informado
Não
informado
Não
informa
do
Não
informado
Não
informado
Não
informa
do
Agente 5 25/12/2017
22:17
Linha de
Transmissão 230 MG
Fabricante
D Modelo T 1970 47 Papel-óleo Invertido 235,6
Agente 14 16/01/2018
06:24
Linha de
Transmissão 500 TO
Fabricante
F Modelo J 2007 11 Papel-óleo Invertido 0
Agente 16 25/01/2018
20:55 Transformador 500 AM
Fabricante
F Modelo J 2010 8 Papel-óleo Invertido 0