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Nuevas Ideas en Informática Educativa TISE 2014
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Análise de expressões não-manuais em avatares tradutores de Língua Portuguesa para Libras
Maristela C. Vieira
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Av. Paulo Gama, 110. Porto Alegre, RS
55 51 3308-3986 [email protected]
Ygor Corrêa
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Av. Paulo Gama, 110. Porto Alegre, RS
55 51 3308-3986 [email protected]
Lucila M. C. Santarosa
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Av. Paulo Gama, 110. Porto Alegre, RS
55 51 3308-3986 [email protected]
Maria Cristina V. Biasuz
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Av. Paulo Gama, 110. Porto Alegre, RS
55 51 3308-3986 [email protected]
ABSTRACT This paper adopts a sociointeractionist perspective about the use of Assistive Technologies as mediators of interactional processes between deaf and hearing people, related to the construction of knowledge through language. Thus, based on previous studies that analyzed two Brazilian apps, HandTalk and ProDeaf Móvel, which perform automatic translation of Portuguese into Brazilian Sign Language (Libras), using animated avatars, we observed significant reference, in the individuals’ narratives about fragilities associated to the facial expression parameter. Once in Libras we also use non-manual elements to effect communication, fragilities in the avatars’ animation can result in deficient interactive linguistic processes. Therefore, this study presents, in its theoretical framework, definitions about non-manual parameters in Libras, specifically, for the non-manual negation and interrogation expressions, in order to identify the avatars’ consistency under study. The analysis conducted allowed us, in fact, to identify fragilities, which are in accordance to the individuals’ narratives. About this aspect, the results of this study indicated guidelines composed of 11 variables of different facial expressions with 8 combinations of non-manual movements, which can be considered in future implementations.
RESUMO Este artigo adota uma perspectiva sociointeracionista quanto à utilização de Tecnologias Assistivas (TAs) como mediadoras dos processos de interação entre surdos e ouvintes, no que tange à construção de conhecimento por meio da linguagem. Assim, com base em estudos anteriores, que analisaram dois aplicativos brasileiros, HandTalk e ProDeaf Móvel, os quais realizam tradução automática de Língua Portuguesa para Língua Brasileira de Sinais (Libras), observou-se nas narrativas dos sujeitos significativa referência a fragilidades quanto ao parâmetro de expressão facial dos avatares animados. Posto que a Libras utiliza-se também de elementos não-manuais para efetivar a comunicação, fragilidades na animação dos avatares podem resultar em processos linguísticos interativos deficitários. Deste modo, este estudo apresenta, em seus pressupostos teóricos, definições acerca dos parâmetros não-manuais em Libras, especificamente, quanto às expressões de negação e interrogação, com vistas a identificar a consistência dessas nos avatares em
questão. A análise realizada permitiu identificar fragilidades, que vão ao encontro das narrativas dos sujeitos. Frente a isso, os resultados deste estudo indicaram diretrizes compostas por 11 variáveis de diferentes expressões faciais com 8 combinações de movimentos não-manuais, as quais podem ser consideradas em futuras implementações.
Descritor de Categorias e Assuntos J.5 [Computer Applications]: Arts and Humanities - Architecture, Language translation and Linguistics.
Termos Gerais Performance, Design, Human Factors, Languages, Theory
Palavras-Chave Libras, Expressões Faciais, Tradução Automática, Tecnologia Assistiva, Inclusão Sociodigital.
1. INTRODUÇÃO A linguagem, em geral, e a fala, em particular, desempenham papel fundamental no desenvolvimento das funções psicológicas superiores [39]. É também por meio da língua que ocorrem os processos de socialização, elementos fundamentais da constituição humana, inerentemente associados aos processos de interação. Sendo assim, barreiras na comunicação podem resultar em processos de interação deficitários e contribuir para a segregação social [40].
Uma barreira na comunicação pode ser vivenciada por sujeitos pertencentes às minorias linguísticas, como é o caso das pessoas surdas. Uma série de movimentos históricos [10, 15] caracterizou a exclusão e/ou a inclusão da pessoa surda na sociedade, desde a segregação, passando pelo oralismo, à comunicação total até o atual bilinguismo, que oficializa a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como língua materna da pessoa surda [5].
A dificuldade de comunicação entre surdos e ouvintes, por barreiras linguísticas, sobretudo na perspectiva de uma sociedade que se propõe a ser inclusiva, acaba por ser um obstáculo na socialização e no desenvolvimento da pessoa surda [30]. Embora exista também no Brasil regulamentação com relação aos espaços e atividades em que é assegurado ao surdo o direito ao serviço de tradução por um intérprete humano [6], é sabido que estes profissionais ainda não estão presentes na maioria das situações em que são necessários.
É neste contexto imperativo da inclusão da pessoa com deficiência em todos os ambientes sociais [34, 26], da adoção da Libras como língua materna e principal do surdo e da deficiência
Permission to make digital or hard copies of all or part of this work for personal or classroom use is granted without fee provided that copies are not made or distributed for profit or commercial advantage and that copies bear this notice and the full citation on the first page. To copy otherwise, or republish, to post on servers or to redistribute to lists, requires prior specific permission and/or a fee. XXXXXXXXXXXXX – As informações serão preenchidas no proceso de
edição dos Anais.
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no oferecimento do serviço de tradução por meio de intérpretes humanos que se delineiam espaços favoráveis para o desenvolvimento de aplicações que sejam capazes de mediar as relações entre sujeitos surdos e ouvintes e/ou com ambientes e suportes apoiados no uso de língua oral e escrita.
Nessa perspectiva, identificou-se no ano de 2013, o surgimento no mercado brasileiro de aplicativos para dispositivos móveis, de duas importantes ferramentas, ambas voltadas para a inclusão social: ProDeaf Móvel e HandTalk. Esses aplicativos são gratuitos e realizam traduções automáticas de palavras, termos e pequenas frases da Língua Portuguesa para Libras, por meio de um avatar animado. Ambos foram originados a partir de pesquisas realizadas em universidades do nordeste brasileiro - Universidade Federal de Pernambuco (ProDeaf Móvel) e Universidade Federal do Alagoas (HandTalk).
Uma vez tendo realizado, em estudos anteriores [11, 37], a análise das funcionalidades desses aplicativos, assim como a verificação de sua validade social inclusiva, junto a sujeitos surdos e ouvintes inseridos no Curso de Formação Continuada de Professores em Tecnologias de Informação e Comunicação Acessíveis, identificou-se, por meio das narrativas destes sujeitos, a premissa de que as expressões faciais, não-manuais, dos avatares animados das referidas ferramentas apresentavam fragilidades. Levando em consideração que essas expressões são, muitas vezes, imprescindíveis para decodificação da sinalização da Libras [12, 29, 31], observou-se a necessidade de realizar o presente estudo. Desta maneira, propõe-se, nos pressupostos teóricos, uma perspectiva sociointeracionista do desenvolvimento linguístico dos sujeitos apoiada na tecnologia, em caráter inclusivo, e, em seguida, tendo em vista a problemática anteriormente identificada, a descrição do que entende-se por parâmetros não-manuais da Libras, no que concerne às marcações de negação e interrogação. Após essas postulações, realiza-se um levamento de aplicativos que se assemalham às ferramentas HandTalk e ProDeaf Móvel, quanto às suas características, com vistas a verificar a possibilidade de analisar não apenas esses, sob o viés aqui proposto. Essa estratégia metodológica tem por objetivo verificar se a fragilidade quanto às expressões não-manuais se fazem presentes apenas nos sistemas já estudados, na ocasião, sob outra perspectiva, ou se trata-se de uma característica geral.
Ao definir quais os aplicativos cujos avatares seriam analisados, propôs-se, inicialmente, a observação de suas expressões emotivas, a fim de perceber o processo de sinalização dos avatares em caráter de construção semântica. Posteriormente, observou-se a manifestação de expressões não-manuais negativas e interrogativas dos mesmos em caráter sintático. O desempenho dos avatares nestes contextos foi então comparado aos pressupostos que definem o conjunto de expressões não-manuais intrínsecas a tais estruturas linguísticas. Tal dinâmica permitiu a elaboração de considerações acerca das fragilidades apresentadas pelos avatares no que concerne aos elementos não-manuais enquanto marcadores semânticos e sintáticos fundamentais da Libras, bem como a elaboração de diretrizes que possam ser futuramente utilizadas em modelos computacionais, os quais façam uso de avatares animados no proceso de tradução automática da Língua Portuguesa para a Libras. O presente artigo está divido em: 1) Introdução; 2) Pressupostos teóricos; 3) Metodologia; 4) Análise; e 5) Considerações finais.
2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS Este estudo concebe em sua base epistemológica os pressupostos da teoria sócio-histórica [38, 39], no que diz respeito à utilização e elaboração de estratégias e recursos que possibilitem a compensação das limitações decorrentes da deficiência. A superação das condições sociais de desvalia decorrentes dessa depende da adequação dos contextos sociais, com vistas ao estabelecimento de interações equânimes, mesmo que a deficiência, em si, permaneça inalterada [38]. Portanto, não são as alterações físicas ou sensoriais que se mostram restritivas, mas a inequidade das estruturas sociais. Neste tocante, no que se refere aos sujeitos surdos, um contexto social favorável é aquele em que esses realizam plenamente suas interações linguísticas [30].
Barreiras de ordem comunicacional entre surdos e ouvintes podem interferir na interação entre esses sujeitos e inibir processos inclusivos. Segundo a Lei nº 12.319, art.6º [6] é assegurado ao surdo o direito de ter a seu dispor um Tradutor-Intérprete de Libras em contextos como: a) processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos concursos públicos; b) atividades em instituições de ensino e repartições públicas; e c) em depoimentos em juízo, em órgãos administrativos ou policiais. No entanto, ainda que tais direitos estivessem plenamente assegurados, as pessoas, de modo geral, interagem em diversas outras situações que não apenas aquelas listadas no texto da lei.
O presente estudo parte da premissa de que toda a atividade humana é mediada por ferramentas, sendo essas gradualmente incorporadas e que, por sua vez, alteram as práticas interacionais. Para isso, compreende-se segundo Warschauer [40], que “as
ferramentas não penas facilitam a ação que poderia ter ocorrido
sem elas, mas, ao serem incluídas no processo comportamental,
alteram o fluxo e a estrutura das funções mentais”. A essa perspectiva associam-se também os estudos relacionados à área da Tecnologia Assistiva (TA) [3, 16, 24], ferramentas ou serviços utilizados no auxílio ao desempenho funcional de atividades, contribuindo assim para proprocionar às pessoas com deficiência maior qualidade de vida, independência e inclusão social.
Neste sentido, evidencia-se o potencial social e inclusivo de ferramentas automáticas de tradução da Língua Portuguesa para a Libras, na medida em que estas facilitam a interação entre surdos e ouvintes, compensando as diferenças de ordem comunicativa, contribuindo assim para o estabelecimento da plena validade social da pessoa surda. Para além do aspecto social, tais recursos contribuem ainda para a concretização da autonomia e da intimidade da pessoa surda, quando da interação com ambientes caracterizados pelo uso do português escrito [11; 37]. Desta forma, visando corroborar o papel das tecnologias na vida e na constituição dos sujeitos, este estudo apoia-se em uma inferência de Lévy [20], que afirma:
(...) não basta estar na frente da tela de um computador, munido de todas as interfaces amigáveis que se possa pensar, para superar uma situação de inferioridade. É preciso antes de mais nada estar em condições de participar ativamente dos processos de inteligência coletiva, [pois] a luta contra as desigualdades e a exclusão deve visar o ganho de autonomia das pessoas ou dos grupos envolvidos (grifos do autor).
As Tas promovem maior eficiência e autonomia para seus usuários em várias atividades, uma vez que, por princípio, esses recursos acompanham naturalmente o usuário que o utilizará em diferentes espaços na sua vida cotidiana [3]. Neste sentido,
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acredita-se que aplicativos responsáveis pela tradução automática
da Língua Portuguesa para Libras, muito além de servirem para
compensar incapacidades, podem estender e valorizar o contexto
de desenvolvimento e atuação da pessoa surda, visando o alcance
de sua plena validade social [24].
2.2 Os parâmetros não-manuais da Língua
Brasileira de Sinais
Cerca de 9,7 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva,
o que representa 5,1% da população [17]. A deficiência auditiva
severa foi declarada por mais de 2,1 milhões de pessoas, das quais
cerca de 340 mil são surdas e 1,7 milhão têm grande dificuldade
de ouvir. No que diz respeito à língua utilizada pelos surdos,
entende-se que a Libras é um sistema linguístico legítimo [5] e
natural, utilizado por essa comunidade, de modalidade gestual-
visual e com estrutura gramatical independente da Língua
Portuguesa [36] que, assim como a língua oral, possui suas
complexidades. Isso equivale a afirmar que a Libras possui
gramática própria, caraterizada por regras específicas nos níveis
morfológico e sintático.
Relativo à Libras, Campos [9] enfatiza que essa constitui-se como
um sistema específico utilizado pela comunidade surda com fins
comunicacionais. Ainda nesta perspectiva, Brito [7] ressalta que o
surgimento dessa língua deve-se espontaneamente à interação
entre surdos, situada nos âmbitos, descritivo, concreto e
emocional abstrato. Segundo Macedo [22] as línguas de sinais
possuem um estrutura diferenciada, uma vez que concebem não
apenas o uso das mãos, mas também de gestos corporais
complexos, os quais envolvem as mais variadas partes do corpo
como sinalizadores (tronco, braços, mãos, dedos, cabeça, face,
lábios, etc).
Em Libras, a formação de um sinal é definida basicamente por
sete parâmetros, cinco que se referem às mãos: (1) configuração,
(2) localização (ou ponto de articulação), (3) movimento, e (4)
utilização de ambas as mãos em simetria, (5) com as duas mãos,
havendo dominância de uma; e dois relativos às expressões não-
manuais, que incluem (6) expressões faciais e (7) expressões
corporais, tais quais, movimentos do tronco, dos ombros, da boca
e direção do olhar, por exemplo, o que permite a expressão de um
número significativamente maior de informações linguísticas [18].
A escala apresentada na Tabela 1 demonstra as diversas
graduações da Libras, onde cada nível acrescenta uma camada
extra de complexidade.
Tabela 1: Graduação da Libras – Nível palavra
1. Sinal Simples (config. Mão + espaço neutro)
2. Sinal numa localização específica
3. Com movimento
4. Com duas mãos (condição de simetria)
5. Com duas mãos (condição de dominância)
6. Com expressão facial
7. Com expressão corporal
Fonte: Januário, Leite e Koga [18]
Frente aos níveis mencionados, doravante este estudo debruça-se
sobre as graduações de níveis 6 e 7, respectivamente, expressões
faciais e corporais, dado que pretende-se analisar justamente estes
parâmetros em avatares animados responsáveis pela sinalização
em traduções automáticas da Língua Portuguesa para Libras. Tais
níveis são encarregados, entre outras questões, de expressar
afetividade, como, por exemplo, raiva e aborrecimento (conforme
demonstrado na Figura 1), não apenas em Libras como também
em outras línguas gestuais-visuais, como é o caso American Sign
Language (ASL). A compreensão e a produção de expressões
faciais afetivas se constitui como um elemento gramatical dessas
línguas naturais [8].
Figura 1. Expressões faciais de afetivade em ASL
Fonte: McCullough e Emmorey [23]
Um estudo acerca da influência de expressões faciais afetivas em
ASL [23] evidenciou que a presença dessas, durante a sinalização
de estruturas negativas e interrogativas (conforme exemplificado
na Figura 2), exerce um papel fundamental na estruturação
gramatical desta língua. Sendo assim, essas expressões são
fundamentais para a interpretação da estrutura sintática de muitas
frases, como apontado pelo estudo mencionado. Por outro lado,
estudos recentes, como o de Liu et al. [21], apontam para uma
diferenciação entre expressões faciais de cunho gramatical ou
afetivo, ou seja, a utilização das sobrancelhas pode simbolizar um
estado afetivo ou então um contexto gramatical em ASL.
Figura 2. Expressões faciais afetivas utilizadas em estruturas
interrogativas e negativas em ASL
Fonte: McCullough e Emmorey [23]
No que diz respeito ao uso de expressões não-manuais em Libras,
embora não haja unanimidade entre os teóricos da área [12],
alguns deles estabelecem que os parâmetros gramaticais da língua
são divididos em duas categorias: primários e secundários. O
conjunto dos parâmetros primários é formado pela configuração
de mão (CM), ponto de articulação (PA) – também chamado de
ponto de contato (PC) – e pelo movimiento (M). Por sua vez, o
conjunto dos secundários é composto pela orientação da mão
(OM) e expressão facial/corporal. Embora as expressões faciais e
corporais sejam consideradas como pertencentes ao parâmetro
secundário da língua, em muitas situações, estes sinais não-
manuais apresentam caráter determinante para compreensão.
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Enquanto a compreensão de alguns sinais possa ser apenas
prejudicada pela ausência da expressão facial correspondente, há
sinais que podem ter seu significado completamente alterado pela
ausência da expressão facial correta. Um exemplo pode ser
observado nos sinais “silêncio” e “cale a boca”, que são realizados
com o mesmo ponto de articulação, configuração e orientação de
mão. O único elemento capaz de diferenciá-los é a expressão
facial, conforme pode ser evidenciado na Figura 3.
Sinal “Silêncio” Sinal “Cale a boca!”
(PA) Boca
(CM) 14
(OM) Palma da mão para a
esquerda ou direita, a depender
da mão utilizada pelo
sinalizador.
(PA) Boca
(CM) 14
(OM) Palma da mão para a
esquerda ou direita, a depender
da mão utilizada pelo sinalizador.
Figura 3: Diferenças não-manuais entre sinais
Fonte: FERREIRA et al [12]
As expressões não-manuais podem ser utilizadas também como
classificadores, ou seja, ampliadores de sentido de um sinal,
imprimindo ideias como quantidade ou intensidade. Por exemplo,
para expressar a ideia de “copo cheio” utiliza-se o sinal de “copo”
mais a expressão facial correspondente (Figura 4).
Figura 4: Sinal para “Copo cheio”
Fonte: Ferreira et al [12]
Além disso, são as expressões faciais e corporais, sinais não-
manuais, os elementos responsáveis pelas marcações das
construções sintáticas na Libras, simbolizando a ideia de
pontuação (declarações afirmativas, negativas, exclamativas e
interrogativas) ou de estados emocionais como medo, raiva e
outros [12].
Dentre as expressões faciais utilizadas gramaticalmente na Libras
estão os movimentos de cabeça (tanto afirmativo quanto
negativo), a direção do olhar, a elevação das sobrancelhas, a
elevação ou o abaixamento da cabeça, o franzir da testa, além de
movimentos com os lábios para indicar negação ou para
diferenciar os tipos de interrogação. Cada uma dessas expressões
está associada a uma determinada estrutura sintática e apresenta
um escopo bem definido. Em uma mesma sentença é possível ter
mais de uma marcação não-manual e a sua ausência pode deixar
uma sentença agramatical. Observa-se um número elevado de
expressões faciais associadas a sinais e a elementos gramaticais
[12; 18; 29; 30; 31], de forma que, neste estudo, deu-se prioridade
às expressões não-manuais que orientam especificamente as
formas compostas por negação e interrogação. Apresenta-se, a
seguir, o detalhemento de cada uma das possíveis expressões não-
manuais utilizadas em sentenças de marcação negativa e
interrogativa em Libras, com base nos pressupostos da teoria de
Quadros e Karnopp [29].
2.2.1 Expressões não-manuais referentes à
negação A indicação não-manual da negação pode ser feita de duas formas
em Libras (Figura 5). Na primeira, pode ser realizado o
movimento da cabeça para os lados indicando a negação, mas este
movimento não é obrigatório e está ligado às questões discursivas.
Na segunda, utilizam-se expressões faciais de negação
caracterizadas por abaixamento dos cantos da boca ou
arredondamento dos lábios, sempre associadas ao abaixamento
das sobrancelhas e ao leve abaixamento da cabeça.
Diferentemente do movimento de cabeça, as expressões faciais
são obrigatórias para marcar a negação, estando relacionadas a
questões sintáticas.
Figura 5: Indicações não-manuais de negação.
Fonte: Quadros, Pizzio e Rezende [31]
2.2.2 Expressões não-manuais referentes à
interrogação Em Libras, as perguntas podem ser classificadas em quatro
categorias, relacionadas ao tipo e à natureza da interrogação. As
marcações não-manuais que caracterizam as interrogações podem
variar de acordo com a categoria da pergunta [29]. Na tabela 2 são
apresentadas as possíveis categorias de perguntas, seguidas de
uma breve descrição dessas, juntamente com as marcações não-
manuais associadas às mesmas.
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Tabela 2: Marcações não manuais de acordo com as categorias de interrogação
Categoria Descrição Marcação não-manual
QU1
Associada aos elementos quem, que, quando, por que, onde. Ex.: “QUANDO ELA IR EUROPA”.
Pequena elevação da cabeça, acompanhada do franzir da testa.
QU2
Expressa dúvida, desconfiança. Ex.: “EU CURIOSO ELES CONVERSAR O QUÊ”.
Lábios comprimidos ou em protusão, olhos mais fechados e testa franzida, leve inclinação dos ombros para um lado ou para tras.
QU3
Aparece em orações subordinadas. QU que aparece em sentenças subordinadas sem a marcação não-manual interrogativa. Ex.: “EU SEI O QUE ESCONDIDO”.
Os sinais para O QUE e QUEM dentro da sentença são realizados com a marcação não-manual da própria sentença, ou seja, sendo afirmativa ou negativa.
QU4 Exige resposta do tipo sim ou não (s/n). Ex.: “VOCÊ QUER BOLO”.
Leve abaixamento da cabeça, acompanhado elevação das sobrancelhas.
Fonte: Quadros, Pizzo e Rezende [31]; Quadros e Karnopp [29].
No que se refere a isso, podemos acrescentar ainda que sentenças com a estrutura Objeto-Sujeito-Verbo (O+S+V), Sujeito-Objeto-Verbo (S+O+V) ou Verbo-Objeto-Sujeito (V+O+S) somente são consideradas gramaticais quando da associação de elementos não-manuais, enquanto as sentenças de ordem básica (Sujeito-Verbo-Objeto) podem ou não conter marcação não-manual e, da mesma forma, serem consideradas gramaticais [29, 31]. A seguir apresenta-se a metodologia de pesquisa.
3. METODOLOGIA Os estudos que deram origem à problemática aqui proposta foram realizados entre os anos de 2013 e 2014, com 62 sujeitos (28 professores ouvintes, 29 deficientes auditivos e 5 intépretes de Libras), vinculados ao Curso de Formação Continuada de Professores em Tecnologias de Informação e Comunicação Acessíveis do Núcleo de Informática na Educação Especial (NIEE), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Tais sujeitos elaboraram 29 narrativas acerca dos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel, das quais derivaram-se 133 fragmentos discursivos, enquanto reflexões em caráter tecnológico de inclusão social [40], aprendizagem [39] e usabilidade [27]. Quanto à análise das narrativas, optou-se pela estratégia metodológica proposta por Moraes [25], a qual envolve técnicas de Análise de Conteúdo [1, 25] e prevê a identificação da emergência de conceitos, a partir da incidência de unidades de sentido, presentes nos discursos.
Nessas narrativas identificou-se a validade tecnológica e social desses aplicativos, no que diz respeito à facilitação da interação entre sujeitos surdos e ouvintes; à contribuição dos aplicativos na ampliação do arcabouço linguístico da Língua Portuguesa para os surdos e da Libras para ouvintes; e à potencialização da autonomia e da intimidade do sujeito surdo ao interagir com contextos orais e escritos como, por exemplo, redes sociais e serviços de mensagens textuais instantâneas. Tais resultados permitiram observar a relevância e a validade social, política e educacional das ferramentas, portadas em dispositivos móveis,
dado o caráter de mobilidade dessas, capazes de realizar traduções em múltiplos espaços e contextos interacionais. Destes estudos, entretanto, apesar dos inúmeros aspectos positivos já mencionados, emergiram críticas referentes a fragilidades nos parâmetros não-manuais de sinalização dos avatares presentes nos aplicativos, o que desencadeou a proposta de realização da presente pesquisa.
Levando em consideração as características inerentes ao objeto de estudo em questão, optou-se, nesta pesquisa, pela metodologia exploratória, uma vez que o objetivo desta é, de acordo com Santos [35], familiarizar-se com um assunto ainda pouco conhecido ou pouco explorado, como é o caso da elaboração de modelos para tradução automática da Lingua Portuguesa, escrita e falada, para Libras. Nesta perspectiva, Gil [14] afirma que a grande maioria dessas pesquisas envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a compreensão, elementos que conduziram a realização deste estudo. Deste modo, conduziu-se o delineamento metodológico por meio de 4 etapas, a saber:
(1) apresentação de alguns fragmentos discursivos de narrativas de sujeitos surdos e ouvintes, os quais evidenciaram que os avatares animados dos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel mostraram-se deficitários, na perspectiva desses, quando da sinalização de elementos não-manuais;
(2) levantamento de aplicativos tradutores automáticos de Língua Portuguesa para Libras, além dos já mencionados ProDeaf Móvel e HandTalk, a fim de descrever suas características, visando que esses integrem o corpus de análise deste estudo;
(3) análise das expressões não-manuais em caráter de emoções bem como em estruturas negativas e interrogativas, manifestadas pelos avatares dos aplicativos selecionados para este estudo, à luz do presente referencial teórico;
(4) apresentação de proposições baseadas em variáveis estabelecidas a partir das postulações apresentadas na etapa 3, a fim de que essas possam contribuir na qualificação das expressões não-manuais de formas negativas e interrogativas em aplicativos de tradução automática de Língua Portuguesa para Libras. Na próxima seção apresenta-se a análise realizada neste estudo.
4. ANÁLISE A partir de desdobramentos derivados dos estudos anteriores [11 e 37], percebeu-se que, segundo a perpectiva dos sujeitos surdos e ouvintes envolvidos, os avatares animados dos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel mostraram-se deficitários na sinalização de elementos não-manuais, os quais são fundamentais para a caracterização e compreensão de diversos elementos semânticos e sintáticos na Libras. No que diz respeito a este aspecto, tais sujeitos apresentaram, em suas narrativas, declarações relativas à ausência e/ou à fragilidade no que tange as expressões faciais nas traduções realizadas por esses, conforme evidencia-se nos excertos apresentados a seguir. Ressalta-se que as narrativas dos sujeitos são apresentadas conforme coletadas, ou seja, como narrativas puras, inalteradas quanto à forma e ao conteúdo, logo, sem quaisquer correções ortográficas, sintáticas ou semânticas. É válido ainda afirmar que a estrutura da escrita de sujeitos surdos, em geral, se difere da Língua Portuguesa padrão.
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“Embora não apresenta tanta “expressão facial”, fundamental na Língua Brasileira de Sinais (Libras), software sofisticados e inteligentes, as atividades foram realizadas facilmente.” (Sujeito
surdo)
“Um dos parâmetros linguísticos da Libras é a expressão facial e corporal, porém o “boneco” não possui expressão.” (Sujeito intérprete)
“Um ponto importante no aplicativo é a ausência do parâmetro – EXPRESSÃO FACIAL e/ou corporal- pois muitos sinais em sua configuração tem como traço diferenciador a expressão facial e/ou corporal. Neste aplicativo senti muito a falta da expressão facial e/ou corporal, pois sabemos que para conversar, em qualquer língua, não basta conhecer a palavra, é preciso aprender as regras de combinação destas palavras e frases. Em se tratando de LIBRAS a expressão facial e/ou corporal é de fundamental importância para compreender o contexto. Nisso o aplicativo fica a desejar.” (Sujeito intérprete)
“O aplicativo faz uso de um avatar, para o surdo fica com déficit em um dos parâmetros que é a expressão facial.” (Sujeito intérprete)
Tendo em vista as fragilidades mencionadas, investigou-se outros
aplicativos tradutores de Língua Portuguesa para Libras, que
apresentassem funcionalidades semelhantes as dos aplicativos
HandTalk e ProDeaf Móvel. Com vistas à construção do
levantamento de aplicativos com o uso de avatares, identificou-se,
no cenário de brasileiro de tecnologias assistivas, os seguintes
aplicativos: Poli-Libras, TLibras, Rybená e Falibras Web
(conforme Tabela 3), os quais são descritos a seguir.
Tabela 3 – Aplicativos brasileiros de tradução automática de
Língua Portuguesa para Libras
Aplicativo Detalhamento
Poli – Libras
Origem Brasil/ USP
Distribuição Gratuita
Plataforma Windows
Situação Disponível
Funcionalidades Traduz língua escrita
para Libras, por meio de
um avatar.
Observações Trata-se de um trabalho
de conclusão de curso.
Poucas funcionalidades
foram implementadas.
Pouca mobilidade, pois
foi projetado para
Windows. Seu maior
objetivo é traduzir
conteúdo da web.
TLibras
(sem avatar ou interface
disponíveis)
Origem Brasil/OSCIP
Acessibilidade
Distribuição Não informado
Plataforma Windows
Situação Não disponível
Funcionalidades Traduz língua escrita
para Libras, por meio de
um avatar.
Observações Não está disponível para
testes (embora a
disponibilização estivesse
prevista para 2004).
Não é compatível com
web. Gera vídeos que
ocupam espaço na
memória do computador.
Rybená
Origem Brasil/Instituto CTS
Distribuição Proprietário
Plataforma Diversas
Situação Disponível
Funcionalidades Suite de aplicativos:
Rybená Web tradução simultânea de
conteúdos de texto de
websites para a LIBRAS.
Rybená Pessoal compatível com desktops,
notebooks, smartphones e tablets, capaz de traduzir
textos em português para
LIBRAS ou voz.
Observações Amplitude de plataformas
atendidas.
Tradução é feita palavra
por palavra.
Falibras-web
Origem Brasil/UFAL
Distribuição Não informada
Plataforma Windows
Situação Em desenvolvimento
Funcionalidades O sistema capta a fala
através de um microfone
e exibe a tradução do que
foi dito, em LIBRAS, na
sua forma gestual,
animada e em tempo real.
[13].
Observações O projeto Falibras, da
UFAL, existe desde 2001
e foi deste projeto que se
originou o aplicativo
HandTalk.
A partir do levantamento realizado (conforme Tabela 3) observou-
se que os demais aplicativos que, a priori, pareceram
assemelharem-se com as ferramentas HandTalk e ProDeaf Móvel,
apresentaram restrições significativas, tais quais:
(a) distribuição do tipo proprietária, como é o caso do suite
de aplicativo Rybená;
(b) vinculação a plataformas características de dispositivos
sem caráter de mobilidade, como Poli-Libras, T-Libras,
Rybená e Falibras-Web;
(c) projetos ainda em fase de desenvolvimento, sem
previsão de distribuição, como TLibras e Falibras Web.
Diante da não identificação de aplicativos condizentes com a
realidade tecnológica dos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel,
com vistas a possibilitar o mesmo caráter de mobilidade e
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facilidade de acesso, neste estudo, optou-se por aprofundar a análise da manifestação de expressões não-manuais apenas nos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel, cuja descrição apresenta-se na Tabela 4.
Tabela 4. Características das ferramentas ProDeaf Móvel e
HandTalk
ProDeaf HandTalk
Disponível para Android Sim Sim Disponível para IOS Sim Sim Disponível para Windows Phone 8 Sim Não Traduz Língua Portuguesa para Libras a partir da entrada de texto
Sim Sim
Traduz Língua Portuguesa para Libras a partir da entrada de voz
Sim Sim
Traduz Língua Portuguesa para Libras a partir da entrada de fotografias de textos
Não Sim
Disponibiliza dicionário de sinais Sim Não Funciona sem necessidade de acesso à Internet no momento da utilização
Sim Não
É possível girar o personagem para visualizar o sinal em diferentes ângulos.
Não Sim
Permite fácil notificação acerca de algum erro identificado na sinalização.
Sim Não
Percebeu-se por meio da análise dos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel que esses estão gratuitamente disponíveis para os principais sistemas operacionais de celulares smatphones e tablets. A compatibilidade dos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel com dispositivos móveis, diferentemente dos demais aplicativos identificados a partir do levamento realizado, é fator fundamental para a concretização da validade da ferramenta enquanto mediadora de relações entre surdos e ouvintes nos variados contextos da vida social. Além disso, essas ferramentas oferecem uma série de possibilidades referentes ao modos de entrada de informação (por meio de texto, voz e imagens), bem como a possibilidade de analisar a sinalização sob diversos ângulos ou, ainda, da notificação de sinalizações com erro e solicitação de implementação de novos sinais.
4.2 Análise das expressões não-manuais nos
aplicativos ProDeaf Móvel e HandTalk Nesta subseção são apresentadas imagens dos avatares de ambos os aplicativos selecionados, as quais foram obtidas por meio da captura da tela do dispositivo durante a sinalização da conversão de Língua Portugesa para Libras quando da inserção de (a) termos isolados relacionados a emoções; (b) expressões negativas; e (c) expressões interrogativas. Para fins de ilustração das expressões manifestadas pelos avatares em análise, as Figuras de 6 a 11 apresentam uma imagem do avatar em repouso, ou seja, quando a animação está aguardando a inserção de termos ou frases para tradução. Esta estratégia visa permitir a comparação entre a expressão em repouso, considerada neutra, seguida das expressões manifestadas em caráter semântico ou sintático relativas aos termos ou estruturas referenciados abaixo de cada imagem.
As Figuras 6 e 7 apresentam uma sequência composta por três imagens do avatar de cada um dos aplicativos, quando da sinalização dos termos “medo” e “alegria”, inseridos de forma escrita. Na Figura 6, percebe-se que as variáveis envolvidas para manifestação dessas emoções no avatar referente ao aplicativo ProDeaf Móvel são: sobrancelhas, olhos e lábios. Por outro lado,
variáveis como cabeça, ombros e tronco permaneceram inalteradas.
Diferentemente, a Figura 7, referente às expressões do avatar do aplicativo HandTalk, com relação aos mesmos termos, manifestou alterações no padrão das variáveis sobrancelha, lábios, cabeça, ombros e tronco. Apenas a variável olhos permaneceu inalterada em relação à expressão facial de repouso.
Repouso
Medo Alegria
Figura 6: Expressões não-manuais associadas à semântica no
ProDeaf Móvel
Repouso Medo Alegria
Figura 7: Expressões não-manuais associadas à semântica no
HandTalk As mudanças nas expressões, observadas em relação à expressão de repouso, permitem inferir que os avatares animados de ambos os aplicativos apresentam expressões não-manuais relativas à semântica, ou seja, são agregadoras de sentido e significado ao que se quer sinalizar. Na Tabela 5 apresenta-se a descrição e o comparativo das variáveis e alterações das mesmas na expressão facial referente aos termos “medo” e “alegria” em ambos os aplicativos (Figuras 6 e 7).
Tabela 5: Alterações nas variáveis envolvidas na expressão dos
termos “medo” e “alegria”
Aplicativo
Termo Variável ProDeaf Móvel HandTalk
Medo
Sobrancelhas Abaixamento Abaixamento Olhos Suave compressão -
Lábios Abaixamento Arredondamento e abaixamento dos cantos
Cabeça - Ligeira inclinação da cabeça e do queixo para baixo
Ombros - Suave inclinação Tronco - Suave inclinação
Alegria
Sobrancelhas Elevação Significativa elevação
Olhos Suave protusão -
Lábios Suave sorriso Abertura e elevação dos cantos
Cabeça - Inclinação da cabeça e do queixo para cima
Ombros - Suave inclinação Tronco - Suave inclinação
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Passa-se agora à análise do conjunto de parâmetros gramaticais
secundários da Libras relacionados à sintaxe [12]. No que diz
respeito às expressões não-manuais manifestadas pelos avatares
com relação à estruturas negativas, percebe-se que ambos os
avatares apresentam expressões não-manuais referentes à estrutura
sintática. No que concerne às expressões não-manuais relativas à
afirmação, apenas o avatar do aplicativo HandTalk apresenta
alterações em relação à expressão facial de repouso (Figura 9).
Ao comparar as expressões manifestadas por ambos os avatares ao
expressar sentenças negativas (Figuras 8 e 9) com as expressões
propostas na teoria linguística adotada neste estudo [29, 31] e
apresentada na Seção 2.2.1, observou-se total concordância entre
esta e a expressão manifestada pelo avatar do aplicativo
HandTalk. No que concerne à expressão manifestada pelo avatar
do aplicativo ProDeaf Móvel, observou-se discordância em
relação à teoria, uma vez que o avatar não sinalizou o
abaixamento da cabeça, conforme proposto pelas autoras [29, 31]
e, ainda, apresentou leve compressão dos olhos, característica essa
não prevista pelas mesmas.
Repouso
Afirmação
Negação
Figura 8: Expressões não-manuais associadas às estruturas
sintáticas de afirmação e de negação no ProDeaf Móvel
Repouso Afirmação Negação
Figura 9: Expressões não-manuais associadas às estruturas
sintáticas de afirmação e de negação no HandTalk
Na Tabela 6, apresenta-se a descrição e o comparativo das
variáveis e das alterações dessas na expressão referente a
declarações afirmativas e negativas em ambos os aplicativos facial
(Figuras 8 e 9).
Tabela 6: Alterações nas variáveis envolvidas na expressão de
declarações afirmativas e negativas
Aplicativo
Termo Variável ProDeaf Móvel HandTalk
Afirmação
Sobrancelhas - Elevação
Olhos - -
Lábios - -
Cabeça - Inclinação para
frente
Ombros - Inclinação
Tronco - Inclinação
Negação
Sobrancelhas Abaixamento Suave
abaixamento
Olhos Suave
compressão -
Lábios Abaixamento dos
cantos
Abaixamento
dos cantos
Cabeça - Leve
abaixamento
Ombros - -
Tronco - -
Nas Figuras 10 e 11, é possível observar que os avatares animados
dos aplicativos, quando da inserção de declarações interrogativas,
apresentam expressões não-manuais relativas à sintaxe. Na Figura
10, percebe-se que as variáveis envolvidas para manifestação de
interrogação no avatar do aplicativo ProDeaf Móvel são:
sobrancelhas e cabeça. As variáveis olhos, lábios, ombros e tronco
permaneceram inalteradas em relação à expressão facial de
repouso.
Repouso
Interrogação 1
Interrogação 2
Figura 10: Expressões não-manuais associadas às estruturas
sintáticas de interrogação no ProDeaf Móvel
A expressão não-manual relacionada às estruturas sintáticas de
interrogação manifestadas pelo avatar do aplicativo HandTalk
(figura 11), apresenta alterações nas mesmas variáveis,
sobrancelha e cabeça. Na sequência de movimentos representada
pelas imagens de Interrogação 1 e de Interrogação 2, o avatar
apresenta diferentes movimentos para as mesmas variáveis na
sinalização de uma mesma interrogação.
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Repouso Interrogação 1 Interrogação 2
Figura 11: Expressões não-manuais associadas às estruturas
sintáticas de interrogação no HandTalk
Tabela 7: Alterações nas variáveis envolvidas na expressões de
declarações interrogativas
Aplicativo
Termo Variável ProDeaf Móvel HandTalk
Interrogação
Sobrancelhas Ligeira elevação
Ligeira
elevação
seguida de
significativa
elevação
Olhos - -
Lábios - -
Cabeça Leve
abaixamento
Ligeiro
abaixamento
seguido de
elevação
Ombros - -
Tronco - -
Comparações entre as expressões manifestadas por ambos os
avatares ao expressar sentenças interrogativas com as expressões
propostas na teoria de Quadros e Karnopp [29] são apresentadas
na Tabela 8.
Tabela 8: Comparação entre a teoria de Quadros e Karnopp
[29] e as expressões não-manuais dos avatares em sentenças
interrogativas
Origem
Variáveis
Quadros e
Karnopp [29]
ProDeaf
Móvel HandTalk
Sobrancelha
Abaixamento
Elevação Elevação Abaixa e to
Elevação
Olhos Compressão - -
Lábios Compressão ou
protusão - -
Cabeça Elevação
Abaixamento Abaixamento
seguido de
elevação Abaixamento
Ombros Inclinação para
os lados ou
para trás
- -
Legenda:
QU QU QU4
Diante da análise apresentada na Tabela 8, propõe-se algumas
inferências, sendo essas:
• Enquanto Quadros e Karnopp [29] apresentam
conjuntos de expressões não-manuais para diferentes
tipos de estrutura interrogativas (QU1, QU2, QU3 e
QU4), os avatares recorrem às mesmas expressões não-
manuais para qualquer tipo de questão interrogativa;
• O avatar vinculado ao aplicativo ProDeaf Móvel realiza
todas as sentenças interrogativas com as expressões não-
manuais que Quadros e Karnopp [29] classificam como
QU1, aspecto esse que mostra-se problemático uma vez
que, diferentes tipos de perguntas requerem diferentes
conjuntos de expressões não-manuais;
• O avatar vinculado ao aplicativo HandTalk realiza todas
as sentenças interrogativas mesclando expressões não-
manuais que Quadros e Karnopp [29] classificam como
QU1 e QU4. Logo, a animação operacionalizada pelo
avatar demonstra-se em desacordo com a teoria adotada.
4.3 Diretrizes para implementação de
expressões não-manuais referentes a negação e
interrogação para avatares animados Com base na análise das fragilidades apresentadas pelos
aplicativos no que concerne à sinalização de elementos não-
manuais referentes a estruturas negativas e interrogativas da
Libras e na teoria linguística de Quadros e Karnopp [29], propõe-
se os estabelecimento de um conjunto de variáveis e combinações
que permitam a sinalização de todas essas estruturas, sem prejuízo
sintático.
Para a sinalização de estruturas negativas ou interrogativas os
movimentos dos avatares devem considerar como variáveis os
seguintes movimentos:
(1) Elevação da cabeça
(2) Abaixamento da cabeça
(3) Abaixamento da sobrancelha
(4) Elevação da sobrancelha
(5) Compressão dos lábios
(6) Protusão dos lábios
(7) Arredondamento dos lábios
(8) Abaixamento dos cantos da boca
(9) Semiserrar dos olhos
(10) Inclinação dos ombros para o lado
(11) Inclinação dos ombros para trás
As combinações de tais variáveis, para expressar negação, devem
ser: (7) + (3) + (2) ou (8) + (3) + (2).
A sinalização de estruturas interrogativas envolve questões mais
complexas, uma vez que, de acordo com as autoras do estudo
linguístico adotado, será necessária a identificação, por parte do
sistema, do tipo de pergunta a ser formulada. Uma vez
identificada como QU1, QU2 ou QU4, a sinalização deverá
envolver as seguintes combinações das variáveis anteriormente
mencionadas:
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Para perguntas do tipo Q1, combina-se as variáveis (1) + (3).
Perguntas do tipo QU2 são possíveis quatro combinações de variáveis, de forma que a implementação de apenas uma das combinações pode ser considerada suficiente para compreensão sintática da estrutura: (5) + (9) + (3) + (10) ou; (5) + (9) + (3) + (11) ou; (6) + (9) + (3) + (10) ou (6) + (9) + (3) + (11).
As perguntas caracterizadas como QU4 devem apresentar, necessariamente, a combinação (2) + (4).
Ressalta-se que não foram feitas observações com relação às perguntas do tipo QU3, uma vez que estão relacionadas a questões interrogativas indiretas, cujas marcações não-manuais estarão relacionadas aos termos “o que” ou “quem”, de forma negativa ou interrogativa.
5. Considerações finais O referencial teórico adotado, no que tange o conjunto de parâmetros gramaticais secundários de manifestação de emoções e estruturas negativas e interrogativas em Libras, permitiu a análise dos avatares dos aplicativos ProDeaf Móvel e Handtalk. A estratégia de identificação de outras ferramentas com funcionalidades semelhantes as dos aplicativos mencionados mostrou-se ineficaz pois essas ferramentas ainda estão em fase de desenvolvimento, e/ou são aplicações do tipo proprietárias e/ou estão vinculadas a dispositivos que não permitem mobilidade. Uma vez que este estudo parte do pressuposto de que tais ferramentas devem permitir a mobilidade – para interação em variados espaços da vida social – bem como viabilizar o acesso ao maior número possível de pessoas, optou-se por limitar a análise aos aplicativos HandTalk e ProDeaf Móvel, que atendem a esses critérios.
Concernente à análise de expressões não-manuais de caráter semântico relacionadas às expressões vinculadas a emoções como “medo” e “alegria” observou-se, em ambos os avatares, alterações em variáveis como sobrancelhas, olhos, lábios, cabeça, ombros e tronco. Neste quesito, o avatar do aplicativo HandTalk mostrou-se mais expressivo, uma vez que as alterações manifestadas para a sinalização de tais emoções envolveram um número maior de variáveis.
A respeito das expressões não-manuais referentes à negação, observou-se que o avatar do aplicativo HandTalk atende a todos os parâmetros propostos na teoria adotada [29, 31], a saber, abaixamento dos cantos da boca, das sobrancelhas e da cabeça, enquanto o avatar do aplicativo ProDeaf Móvel demonstrou defasagem na variável “cabeça”, não manifestando nenhum movimento desta quando da sinalização de tais construções linguísticas.
Relativo às expressões não-manuais de interrogação, notou-se que ambos os avatares analisados apresentaram fragilidades quanto ao que propõem Quadros e Karnopp [29]. Enquanto as autoras estabelecem conjuntos diferentes de expressões não-manuais para quatro categorias de construções interrogativas, os avatares de ambos os aplicativos sinalizam todas as questões interrogativas com o mesmo conjunto de expressões não-manuais.
No aplicativo ProDeaf Móvel, todas as construções interrogativas são sinalizadas por meio dos parâmetros referentes a perguntas do tipo QU1 – associadas a elementos como: QUEM, QUE, QUANDO, POR QUE e ONDE. Já no aplicativo HandTalk, há uma mescla dos parâmetros não-manuais referentes às questões do
tipo QU1 e QU4 – referente a perguntas que exigem resposta sim ou não.
Em síntese, as expressões não-manuais relativas ao contexto semântico (emoção) apresentaram menos fragilidades do que em relação ao sintático (negação e interrogação). É possível afirmar que o aplicativo HandTalk demonstrou-se eficiente ao ProDeaf Móvel sob o viés adotado, nas construções relacionadas às expressões de emoção e de negação. No que diz respeito às construções que envolvem interrogação, ambos os aplicativos demonstraram significativa fragilidade.
A presente proposta de diretirzes para a implementação de expressões não-manuais aponta para um conjunto de 11 variáveis bem como de duas combinações das mesmas para expressar negação e outras 6 para a sinalização de interrogações, dependendo do tipo de pergunta a ser formulada. Essas diretrizes poderão ser consideradas em pesquisas que tenham o intuito de elaborar, testar e implementar avatares com expressões não-manuais mais verossímeis às expressões de emoção, negação e interrogação, como as realizadas por sujeitos reais. Essa proposta considera que, como outrora mencionado, as sinalizações automáticas em Libras devem comportar parâmetros para além dos primários, ou seja, não apenas manuais, de modo que esses sejam tão complexos quanto em sinalizações reais. A ausência dessses pode, como corroborado pela análise feita, ser prejudicial a uma comunicação efetiva em Libras. A ineficácia da operacionalização da sinalização realizada por avatares conversores de Língua Portuguesa para Libras, pode simbolizar a continuidade de processos socias não totalmente inclusivos, fator esse que não é, sem dúvida, uma das prerrogativas das TAs.
Dado o caráter de inovação destes sistemas tradutores, entende-se que tais fragilidades estejam associdadas a elementos como a complexidade da tarefa, sobretudo à não equivalência gramatical do Português (código de entrada) e da Libras (código de saída). Desta forma, estudos exploratórios voltados ao aprofundamento dessa questão poderão contribuir para a implementação de sistemas automáticos de tradução da Língua Portuguesa para Libras mais robustos e compatíveis com a realidade linguística da pessoa surda, mesmo que sinalizados por avatares.
Entende-se que, embora este estudo não tenha se debruçado especificamente sobre o viés da computação gráfica, o trabalho realizado pode constituir-se em diretrizes capazes de nortear o trabalho de desenvolvedores da área, quando da implementação de expressões não-manuais em avatares sinalizadores de Libras. Logo, parcerias futuras podem ser realizadas junto a pesquisadores interessados em ampliar o escopo deste segmento no que concerne à aplicação prática destas diretrizes.
Em trabalhos futuros tem-se por objetivo aprofundar a construção de conhecimento acerca das estruturas semânticas relacionadas às expressões faciais, tendo em vista que no presente estudo realizou-se uma breve abordagem dessa questão. Uma vez que é limitada a produção de trabalhos científicos que discorrem acerca da relevância de expressões não-manuais em avatares sinalizadores de Libras, compreende-se que a continuidade desta pesquisa deva voltar-se para aprofundamentos que abarquem a identificação de outros aspectos linguísticos da Libras, para além dos exemplos e das variáveis apresentadas.
6. REFERÊNCIAS
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