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RAFAEL DE SOUZA ROCHA
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: O CAMINHO MAIS SEGURO PARA INVESTIR NA
BOLSA DE VALORES
UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ POUSO ALEGRE
2011
RAFAEL DE SOUZA ROCHA
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: O CAMINHO MAIS SEGURO PARA INVESTIR NA
BOLSA DE VALORES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Eugênio Pacelli da Universidade do Vale do Sapucaí, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador Professor Adailson da Rocha Rego
UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ POUSO ALEGRE
2011
Rocha, Rafael de Souza. Análise das Demonstrações Contábeis: O caminho mais seguro para investir na bolsa de valores / Rafael de Souza Rocha – Pouso Alegre: Univás / Fafiep, 2011. 43 f. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade do Vale do Sapucaí, Univás, Curso de Ciências Contábeis, 2011.
1. Investimento 2. Demonstrações Contábeis 3. Análise.
I. Título.
RAFAEL DE SOUZA ROCHA
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: O CAMINHO MAIS SEGURO PARA INVESTIR NA
BOLSA DE VALORES
Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em 07/06/2011 pela banca examinadora constituída pelos professores:
______________________________________ Professor Adailson da Rocha Rego Orientador
______________________________________ Professor Patrícia do Prado Marques Examinadora
______________________________________ Professora Denise Aparecida Gomes dos Santos Examinadora
Dedico a Deus, aos meus pais e irmãos, minha esposa e filhinha, pelo grande apoio e presença ao longo desta conquista.
AGRADECIMENTOS
O findar deste trabalho representa o fruto de anos de superação nas lutas do dia-a-dia.
Período este que profundas mudanças ocorreram em minha vida, desenvolvendo-me como pessoa e me direcionando para a certeza de um futuro de alegrias e sucesso, tendo como protagonistas pessoas que muito me apoiaram e que são digníssimas de meus agradecimentos.
À Deus pela vida concedida, por sustentar minha fé em meu potencial e pela determinação diante dos momentos de insegurança e dificuldades que foram superados.
Aos meus queridos pais, José e Rosa, que em nenhum momento deixam de acreditar no potencial de seus filhos e têm em si o orgulho de os verem bilhar em suas conquistas.
Aos meus irmãos, Gisele e Gabriel, pelo carinho, torcida e motivação para o alcance de meus objetivos.
Em especial a minha linda e jovem família, a qual é a fonte de minha inspiração, em que tenho minha adorável esposa Gessyka como fonte de alegrias, aconchego e refúgio, e minha pequenina filha Yasmin como a luz da minha vida.
Aos meus colegas de classe, em especial a turma do “truco”, Bruno, Lauro, Adevan, Phrynns, Tiago, pelo companheirismo, alegrias e superações das dificuldades ao longo dos anos.
Aos professores do curso, pelo conhecimento transmitido em prol de nossa formação profissional, em especial ao professor Adailson pela orientação deste trabalho, e ao professor Evanio por me ingressar na área de trabalho.
A todos, meu muito obrigado!
“O segredo de um grande negócio consiste em saber algo que mais ninguém sabe”.
Aristóteles Onassis
ROCHA, Rafael de Souza. Análise das demonstrações contábeis: O caminho mais seguro para investir na bolsa de valores. Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências Contábeis, Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre, 2011.
RESUMO O presente estudo objetiva introduzir a metodologia de Análise das Demonstrações Contábeis como ferramenta de decisão por parte do investidor no Mercado de Capitais. Sua necessidade se dá para que os investimentos não sejam realizados sem fundamentação, já que no Mercado de Ações são várias as possibilidades de investimento oferecidas e os níveis de riscos presentes são consideráveis, fato este que se deve a forma de remuneração do capital do investidor ser realizada por meio dos resultados obtidos na empresa investida. Contudo, essa escolha não é tão simples assim quando a intenção é maximizar os ganhos de capitais, pois, o risco aumenta proporcionalmente com a elevação dos rendimentos. Diante disso, esta pesquisa visou oferecer ao leitor o conhecimento sobre as principais fontes de informação referente à realidade econômico-financeira das empresas ou entidades, o que se dá por meio de suas demonstrações contábeis, bem como as metodologias de análise existentes que poderão ser aplicadas sobre tais demonstrativos, propiciando assim, embasamento conclusivo para tomada de decisão por um investimento. O estudo foi realizado por meio da pesquisa bibliográfica, utilizando-se da opinião de renomados escritores da área contábil e análise de demonstrativos contábeis, bem como sites especializados em matéria de investimentos, sendo o mesmo dividido em três seções objetivas para melhor assimilação do conteúdo por parte do leitor. Deste modo, espera-se que o leitor utilize dos conhecimentos que serão apresentados como ferramenta hábil para embasar sua decisão por um investimento. Palavras-chave: Investimento. Demonstrações Contábeis. Análise.
ROCHA, Rafael de Souza. Analysis of Financial Statements: The safest way to invest in the stock market. Accounting Sciences Work Completion, Vale do Sapucaí University, Pouso Alegre, 2011.
ABSTRACT This monography aims to introduce the Analysis of Financial Statements methodology as a stockholding decision tool. It´s purpose is justified by the need of the investment foundation, since the Stockmarket has a lot of possibilities of investments and there are high risk levels on it, wich is justified by the investor´s capital wages form been realized by the income gained from the investee. However, this choice is not that simple, since the intention is to maximize the capital profits, once the risks proportionally increases along the income acrettions. At that, this research have aimed to offer main information knowledge sources to the reader, referent to the entities or companies financial reality, wich is given by the account demontrations and the existent methodologies of analysis as well, providing this way the conclusive foundation for an investment decision making. This monography has been realized by bibliographic research means, using account area renowned authors opinions and specialized investments sites as well. It has been divided into three objectives sections for a better understanding. This way, it is hoped that the reader uses this knowledge wich will be presented, as an appropriate tool for the investment decision. Keywords: Investment. Financial Statements. Analysis
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS AH Análise Horizontal AV Análise Vertical BM&F Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo C% Custo Percentual do Capital CDB Certificado de Depósito Bancário CVM Comissão de Valores Mobiliários DFC Demonstração dos Fluxos de Caixa DMPL Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido DRE Demonstração dos Resultados do Exercício DVA Demonstração do Valor Adicionado EBITDA Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization (lucro
antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) EVA Economic Value Added (Valor Econômico Adicionado) GAF Grau de Alavancagem Financeira MVA Market Value Added (Valor Agregado pelo Mercado) NOPAT Net Operating Profit After Taxes (Lucro operacional líquido após os
impostos) RDB Recibo de Depósito Bancário SA Sociedade Anônima TC Capital Total TRI Taxa de Retorno sobre Investimento TRPL Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido
LISTA DE QUADROS Quadro 01 Fórmula geral da Análise Vertical (AV)............................................. 26 Quadro 02 Fórmula geral da Análise Horizontal (AH)......................................... 26 Quadro 03 Fórmula da Liquidez Imediata............................................................. 30 Quadro 04 Fórmula da Liquidez Corrente............................................................. 31 Quadro 05 Fórmula da Liquidez Seca................................................................... 31 Quadro 06 Fórmula da Liquidez Geral.................................................................. 32 Quadro 07 Fórmula da Participação do Capital de Terceiros nos Recursos
Totais 33
Quadro 08 Fórmula do Endividamento Geral....................................................... 33 Quadro 09 Fórmula da Imobilização do Capital Próprio...................................... 34 Quadro 10 Fórmula do Endividamento Financeiro............................................... 34 Quadro 11 Fórmula do Giro do Ativo................................................................... 35 Quadro 12 Fórmula do TRI................................................................................... 36 Quadro 13 Fórmula da TRPL................................................................................ 36 Quadro 14 Fórmula do Grau de Alavancagem Financeira (GAF)........................ 37 Quadro 15 Fórmula do Valor Econômico Adicionado (EVA).............................. 38 Quadro 16 Fórmula do Valor Agregado pelo Mercado (MVA)............................ 39
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11 2 BOLSA DE VALORES: UMA OPÇÃO DE INVESTIMENTO DE RENDA VARIÁVEL .................................................................................................................... 13 2.1 O Mercado de Capitais ou Ações .............................................................................. 14 2.1.1 Tipos de Ações ....................................................................................................... 15 2.1.2 As Bolsas de Valores e as Sociedades Corretoras ................................................. 16 2.1.3 A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ......................................................... 16 2.2 O cuidado necessário ao investir ............................................................................... 17 3 A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS COMO FERRAMENTA DE DECISÃO ....................................................................................................................... 19 3.1 Composição das demonstrações contábeis................................................................ 20 3.1.1 Balanço Patrimonial ............................................................................................... 20 3.1.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) .................................................. 21 3.1.3 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL).............................. 22 3.1.4 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) ............................................................ 23 3.1.5 Demonstração do Valor Adicionado (DVA).......................................................... 24 3.2 Metodologias de Análise das Demonstrações ........................................................... 25 3.2.1 Análise Vertical (AV) ............................................................................................ 25 3.2.2 Análise Horizontal (AH) ........................................................................................ 26 3.2.3 Análise de Indicadores e Quocientes ..................................................................... 27 3.2.4 Método das Diferenças Absolutas .......................................................................... 28 3.2.5 Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization (EBITDA) ....... 29 4 ANÁLISE A PARTIR DE INDICADORES E QUOCIENTES ................................. 30 4.1 Índices de Liquidez ................................................................................................... 30 4.2 Estrutura de Capital e Endividamento....................................................................... 32 4.3 Indicadores de Rentabilidade .................................................................................... 35 4.4 Retorno econômico para o acionista ......................................................................... 37 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 41 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 42
11
1 INTRODUÇÃO
Auferir ganhos por meio de um investimento financeiro é o principal objetivo
de uma pessoa detentora de capital. Contudo, este feito não é tão simples assim quando
o foco é a maximização da remuneração do capital que deseja disponibilizar para tal
investimento.
O mercado tem a oferecer diversas modalidades de investimentos, como a
poupança, o Certificado de Depósito Bancário (CDB), o Recibo de Depósito Bancário
(RDB), Fundos de Investimento, Ações em Bolsas de Valores, etc., porém, cada uma
delas oferece certo nível de rentabilidade e risco que, segundo a BOVESPA (2008, p.
6), cabe ao investidor “definir o nível de risco que está disposto a correr, em função de
obter uma menor ou maior lucratividade”.
Esta pesquisa tem por finalidade oferecer ao investidor que está disposto a
correr um risco maior em prol de uma maior rentabilidade, a qual é possível a partir de
aplicações em títulos negociados na Bolsa de Valores, o conhecimento quanto a uma
série de fontes de informação sobre estrutura econômico-financeira das empresas ou
entidades nas quais deseja investir seu capital, bem como as técnicas ou métodos
utilizados para realizar uma sólida análise das mesmas, as quais propiciarão um
embasamento concreto para a tomada de decisão consciente e segura por parte do
investidor.
O presente estudo se faz necessário para orientação do investidor no mercado
de ações, para que sua tomada de decisão não seja realizada às escuras e sem nenhuma
fundamentação, visto que o nível de risco existente é alto e, sem utilizar-se do cuidado
necessário, o investidor poderá sofrer com prejuízos.
O trabalho será desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica, com o intuito
de oferecer embasamento confiável e atualizado aos leitores, sendo estes propiciados
por escritores renomados na área e sites especializados em matéria de investimento,
além de opiniões de cunho pessoal que foram obtidas a partir da interpretação dos
conceitos expostos no contexto da pesquisa.
Com o intuito de facilitar a compreensão do leitor, o assunto será apresentado
em capítulos que ilustrarão de forma objetiva a temática proposta.
12
Inicialmente o trabalho apresenta as formas de investimento existentes
abordando as aplicações na Bolsa de Valores como o meio mais rentável, bem como de
maior risco, conceituando as partes que se relacionam a mesma, os tipos de títulos
negociados, o órgão regulamentador e os cuidados necessários para investir com
segurança.
Logo em seguida, a Análise das Demonstrações Contábeis é apresentada como
a ferramenta de tomada de decisão mais indicada para avaliação de um investimento, na
qual serão apresentados os principais relatórios contábeis existentes e as principais
técnicas e/ou métodos de análise para interpretação dos mesmos.
Por fim, será detalhada a metodologia de análise por meio de indicadores e
quocientes, por ser considerada a mais completa e relevante no que compete à avaliação
da estrutura econômico-financeira de uma instituição ou empresa.
Assim, espera-se por meio deste estudo que o conteúdo abordado proporcione
ao investidor a compreensão sobre os meios existentes para avaliação de um
investimento antes da tomada de decisão, e que o mesmo seja uma fonte de resultados
positivos na aquisição de novos empreendimentos.
13
2 BOLSA DE VALORES: UMA OPÇÃO DE INVESTIMENTO DE
RENDA VARIÁVEL
Toda pessoa detentora de recursos adquiridos ou poupados ao logo de sua
trajetória de vida tem consigo a necessidade de promover a atualização monetária dos
mesmos ao longo do tempo, ou criar valor por meio destes recursos através de
programas que proporcionem rentabilidade.
Estes recursos, de acordo com a BOVESPA (2008), são provenientes da
parcela não consumida da renda do investidor, para a qual o mesmo deseja, diante de
uma aplicação, a otimização de aspectos como retorno, prazo e proteção.
Para tanto, uma diversidade de formas de aplicação estão disponíveis ao
investidor para captação de seus recursos, porém, fatores como maior rentabilidade
estão atrelados a maior risco e vice-versa. Este detalhe faz com que a escolha pela
melhor forma de investimento seja realizada por meio da análise de uma série de fatores
que vão além das taxas de juros oferecidas pelo mercado.
Operações de investimento com renda fixa, as quais são definidas pela
BOVESPA (2008) como da qual se conhece previamente a forma de rendimento que
será conferida ao título, podendo esta ser pós ou prefixadas, como é o caso da poupança,
do Certificado de Depósito Bancário (CDB), do Recibo de Depósito Bancário (RDB),
dos Fundos de Investimento, etc., oferecem maior segurança ao investidor, porém, sua
remuneração é baixa (geralmente inferior a 1%).
Operações de investimento com renda variável, as quais, mostra a BOVESPA
(2008, p. 7), têm a renda “definida de acordo com os resultados obtidos pela empresa ou
instituição emissora do respectivo título”, que é o caso das empresas de capital aberto
cujos títulos são negociados nas Bolsas de Valores, projetam maiores riscos, porém, sua
remuneração é incomparavelmente maior.
Diante disso, como a maximização do retorno ou rentabilidade é um dos
principais quesitos observados pelos investidores, as aplicações em títulos de renda
variável se tornam muito mais atraentes aos olhos dos mesmos, contudo, exigem um
cuidado adicional em sua escolha para minimizar os riscos.
14
2.1 O Mercado de Capitais ou Ações
O mercado de capitais ou ações é constituído pela bolsa de valores, sociedades
corretoras e instituições financeiras autorizadas, sob regulamentação da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) e é definido pela BOVESPA (2008) como “um sistema de
distribuição de valores mobiliários que tem o propósito de proporcionar liquidez aos
títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processo de capitalização”.
Esta capitalização se faz necessária por parte da empresa diante da necessidade
de investimento ou de desenvolvimento dos negócios da mesma, a qual fraciona seu
capital e coloca a venda no mercado em forma de ações.
Segundo a BOVESPA (2008, p. 7):
No mercado de capitais, os principais títulos negociados são os representativos do capital das empresas – as ações – ou de empréstimos tomados, via mercado, por empresas – debêntures conversíveis em ações, bônus de subscrição e “commercial pappers” -, que permitem a circulação de capital para custear o desenvolvimento econômico.
No mercado de ações, o investidor encontra uma diversidade de possíveis
negócios a serem fechados, pois, como relata Caldarelli (2007), o mesmo está
caracterizado pelas operações de emprego e procura de cambiais, os quais podem ser
representados por dinheiro ou papéis de crédito, sendo também considerado mercado
financeiro por envolver capitalistas (possuidores de dinheiro) e pessoas que necessitam
de dinheiro para o giro de seus patrimônios.
Assim, é possível considerar o mercado de capitais como um meio de
negociação dos títulos que representam o capital de empresas denominadas SA’s
(Sociedades Anônimas), em forma de papéis de crédito ou ações, para fim de capitalizar
os negócios da empresa e auferir ganhos sobre as atividades da mesma.
15
2.1.1 Tipos de Ações
As ações representam uma pequena parcela do capital da empresa
comercializado em forma de título no mercado de ações, sendo estas definidas pela
BOVESPA (2008) como “títulos de renda variável, emitidos por sociedades anônimas
que representam a menor facção do capital da empresa emitente”.
As ações dão direito ao seu proprietário à participação nos resultados das
empresas de quais os títulos foram adquiridos e podem ser classificadas como ordinárias
e preferenciais:
a) Ações Ordinárias: Ações que possibilitam ao acionista a participação nos
resultados da empresa e o direito ao voto em assembléias gerais
(BOVESPA, 2008), ou seja, compartilha dos resultados gerados pela
mesma além de participar em processos de decisão da empresa, onde são
convocadas assembléias entre os acionistas;
b) Ações Preferenciais: Ações que garantem ao acionista prioridade de
recebimento de dividendos, em percentual mais elevado que a ação
ordinária, e reembolso do capital diante da dissolução da sociedade
(BOVESPA, 2008), ou seja, seus proprietários são os primeiros a
receberem a parte cabível dos lucros a serem distribuídos e, em caso de
falência, seu dinheiro investido é restituído.
Assim, a partir destas informações, a escolha pelo tipo de ação em que se
deseja investir é uma das primeiras decisões que o investidor tem a realizar, pois, cada
uma de suas repartições oferece benefícios específicos, os quais poderão ser diferenciais
com relação ao retorno que pretende auferir.
16
2.1.2 As Bolsas de Valores e as Sociedades Corretoras
As Bolsas de Valores são as instituições responsáveis pela negociação de título
e/ou valores mobiliários das empresas que possuem seu capital aberto.
Como mostra a BOVESPA (2008), as Bolsas de Valores são locais com
condições e sistemas necessários para a negociação transparente no que se refere à
compra e venda das ações das empresas, oferecendo um mercado para cotação de títulos
nelas registrados, divulgação constante de informações sobre as empresas e negócios
que realizam sobre seu controle, propiciando liquidez às aplicações.
As Sociedades Corretoras, por sua vez, consistem em instituições financeiras
credenciadas no Banco Central do Brasil, CVM e Bolsas de Valores com habilitação
para negociar ações, além de orientar a execução dos negócios de seus investidores
(BOVESPA, 2008).
No Brasil, a BM&FBOVESPA constituída em 2008 com a integração da Bolsa
de Mercadorias e Futuros e da BOVESPA Holding originaram uma das maiores bolsas
do mundo em valor de mercado, na qual, segundo Alonso (2010), têm-se a atuação,
dentre outras, das dez das maiores corretoras do país, sendo elas: Interfloat, Ágora, XP
Investimentos, UM Investimentos, Banif, TOV, Gradual Investimentos, Bradesco,
Título, Ativa.
De forma geral, as Bolsas de Valores são o meio de negociação pelo qual as
Sociedades Corretoras realizam a compra e venda de ações durante os pregões,
representando assim o meio de acesso às mesmas por parte do investidor.
2.1.3 A Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é a entidade fiscalizadora de todas
as vertentes que competem à negociação de títulos das empresas de capital aberto no
mercado de capitais, o que é definido pela BOVESPA (2008) como uma autarquia
vinculada ao Ministério da Fazenda responsável pela regulamentação e fiscalização das
operações realizadas nas Bolsas de Valores, bem como a promoção do mercado de
17
valores mobiliários, assegurando o exercício de práticas em igualdade perante as partes,
coibindo qualquer tipo de irregularidade.
A CVM possui uma diversidade de atribuições para garantir o correto
desenvolver das operações no mercado de capitais, sendo as mais significativas,
conforme a BOVESPA (2008), o exame dos registros contábeis das empresas sujeitos a
sua fiscalização, podendo intimar a prestar esclarecimentos, republicar as
demonstrações financeiras e até apurar infração mediante os inquéritos administrativos,
aplicando assim penalidades.
Assim, a CVM é garantidora do perfeito andamento das operações das bolsas,
assegurando a veracidade das transações e proteção quanto a possíveis fraudes.
2.2 O cuidado necessário ao investir
Como foi mencionada anteriormente, a opção por investimentos de renda
variável, os quais têm seu rendimento vinculado ao resultado da empresa, cujo capital é
negociado nas Bolsas de Valores, apresenta maior rentabilidade que os investimentos de
renda fixa, porém, pode apresentar grandes riscos se os negócios da empresa investida
não forem conduzidos por uma administração competente.
A escolha por uma empresa que apresente uma boa margem de lucro em um
determinado exercício, porém sem condições de sustentar o mesmo nos exercícios
seguintes, pode sujeitar o investidor a perdas do capital investido, o que se deve ao fato
de ter que sustentar prejuízos, os quais culminarão na desvalorização do capital da
empresa.
Quando isso acontece, além de suas ações perderem o valor de venda pela qual
foram adquiridas, também não será remunerado por ter disponibilizado seu dinheiro em
prol do desenvolvimento dos negócios da empresa investida.
Para que seja balanceada a questão do risco ao investir com o maior retorno
pelo investimento, o investidor precisa de recursos concretos que lhe embasem para
tomada de decisão, fato este que pode ser resolvido por meio de análise das
demonstrações contábeis da empresa, a qual, segundo Benedicto e Padoveze (2004, p.
3), tem a finalidade de conseguir uma avaliação econômico-financeira da sua situação e
do andamento de suas operações.
18
A análise das demonstrações contábeis, que também podem ser entendida
como análise de balanços ou análise financeira, é definida como um processo
meditativo sobre os números de uma entidade com a finalidade de avaliar sua situação
econômica, financeira, operacional e de rentabilidade, o qual possibilitará julgamentos
sobre o futuro da entidade na qual se deseja investir (BENEDICTO E PADOVEZE,
2008).
A partir deste princípio, analisar os demonstrativos contábeis das entidades
e/ou empresas antes de decidir-se por um investimento é o caminho mais seguro para se
investir na Bolsa de Valores, pois, com estas informações será possível conhecer
previamente os riscos existentes e a projeção de rentabilidade que o futuro negócio tem
a oferecer.
19
3 A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS COMO
FERRAMENTA DE DECISÃO
As informações contábeis contidas nos demonstrativos de cada empresa
representam uma fonte de dados que refletem a estática da situação econômico-
financeira na qual esta empresa se encontra. A partir destas informações, é possível
estabelecer comparações que facilitarão o entendimento dos dados e projetar tendências
de mercado para a mesma.
Tendo as informações contábeis como um meio eficiente de avaliação, a
análise das demonstrações contábeis se apresenta como uma poderosa ferramenta para o
investidor decidir-se por uma aplicação de recursos, pois, conforme propõe Assaf Neto
(2008), a análise das demonstrações contábeis é como uma fonte de conclusões sobre
atratividade de investir em ação de uma determinada empresa, além de informar se a
capacidade de pagamento da mesma (liquidez) encontra-se sob controle, e se a atividade
da empresa é rentável.
Assaf Neto (2008, p. 55) explica que a análise das demonstrações contábeis
visam “relatar, com base nas informações contábeis fornecidas pelas empresas, a
posição econômica - financeira atual, as causas que determinaram a evolução
apresentada e as tendências futuras”, ou seja, uma visão do que aconteceu com a
empresa, sua situação atual e suas respectivas projeções futuras.
Este tipo de informação para o investidor é de fundamental importância para
tomada de uma decisão, pois, indica a tendência dos negócios da entidade e se a mesma
tem potencial para atender seus objetivos econômicos.
Apesar de toda a praticidade sugerida, Iudícibus (1998) propõe atenção quanto
ao procedimento de análise das demonstrações contábeis, pois, segundo ele, a técnica é
vista como uma arte, sem critério ou metodologia formal de análise válido para
diferentes situações, sendo assim, impossível sugerir uma sequência metodológica
capaz de fornecer diagnósticos sempre precisos, o que, de acordo com Assaf Neto
(2008), torna a análise altamente dependente da qualidade e quantidade de informações
disponíveis para embasamento da mesma.
20
Desta forma, tem-se a utilização da análise das demonstrações contábeis como
o meio mais seguro para investir, pois, será possível visualizar a empresa por uma ótica
mais elaborada, e não somente por oscilações momentâneas que os números podem
refletir nos índices das bolsas de valores.
3.1 Composição das demonstrações contábeis
As demonstrações contábeis são compostas por diversos tipos de relatórios que
consolidam as informações geradas no decorrer do período e/ou exercício financeiro, de
forma a simplificar o acesso às informações e propiciar a execução de análises de
acordo com a necessidade de seus usuários.
3.1.1 Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial é um dos relatórios contábeis mais importantes para
fornecimento de informações aos investidores, pois, o mesmo relata de forma estática
toda a estrutura econômico-financeira da empresa.
De acordo com Caldarelli (2007, pág. 78), o Balanço Patrimonial “é uma
demonstração da situação real de um patrimônio, no que se refere aos bens, direitos,
obrigações e resultados econômicos” e sua função é “demonstrar o equilíbrio
patrimonial, pesando, de um lado, os bens e direitos e, de outro, as obrigações, tendo
como elemento para igualar a ambos a diferencial (conta do proprietário), representada
pelo capital social mais as reservas decorrentes dos lucros apurados”.
A importância das informações fornecidas pelo Balanço Patrimonial ao
investidor se dá na facilidade de conhecer a movimentação patrimonial ao longo dos
exercícios, pois, explica Franco (1988), os balanços permitem conhecer a riqueza
patrimonial da empresa, bem como suas fontes de origem (capital próprio ou de
terceiros) e suas aplicações (investimentos na empresas), podendo se distinguir por
cinco aspectos importantes, sendo eles:
21
a) O aspecto econômico, evidenciando a situação do capital próprio diante da
totalidade de riqueza patrimonial, juntamente com o resultado produzido
pela atividade da empresa;
b) O aspecto financeiro, demonstrando as disponibilidades da empresa e
necessidade da dinâmica patrimonial;
c) O aspecto patrimonial, dizendo respeito ao conjunto patrimonial,
evidenciando a origem dos recursos e sua aplicação no ativo;
d) O aspecto específico, trazendo à tona a natureza dos capitais classificados
de acordo com sua qualificação e destinação, e
e) O aspecto quantitativo, evidenciando a quantidade de cada um dos
componentes patrimoniais, os quais são representados monetariamente.
Este montante de informações que estão disponíveis ao investidor, através dos
balanços, possibilita as mais diversas análises com relação aos indicadores econômico-
financeiros das empresas, pois estas trazem à tona as perspectivas que cada uma das
possibilidades de investimento tem a oferecer.
Perossi (1982), em seus estudos, ressalta ainda a importância dos balanços por
mostrar sinteticamente a condição de existência de uma pessoa física ou jurídica,
poupando os interessados do árduo trabalho de análise e verificação em loco dos
registros contábeis, o que se apresenta com as mais variadas características de empresa
para empresa, possibilitando assim a tomada de consciência de todo o patrimônio,
traduzindo-se em uma ferramenta informativa aos diretores, gerentes, acionistas e ao
fisco, o que favorece uma eficiente análise e estudos de verificação patrimonial.
Por fim, há os balanços patrimoniais como um eficiente relatório para conhecer
profundamente a empresa e embasar a análise para o alcance de informações que
auxiliem na tomada de decisão por parte do investidor.
3.1.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
A Demonstração do Resultado do Exercício é um relatório contábil utilizado
para evidenciar a composição do resultado que a empresa obteve em determinado ciclo
de operação. Nela são confrontadas as receitas originadas com as atividades da empresa,
22
seja ela originada da venda de produtos ou prestação de serviços, com as respectivas
despesas necessárias para o desenvolver de suas atividades.
Ribeiro (2010, p. 407) conceitua a Demonstração do Resultado do Exercício
como “uma demonstração contábil que evidencia o resultado econômico, isto é, o lucro
ou prejuízo, apurado pela empresa no desenvolvimento de suas atividades durante um
determinado período, que geralmente é igual a um ano”.
Esta informação sobre os resultados da empresa é de grande importância ao
investidor pelo simples fato de indicar se a empresa está gerando retorno de suas
operações ou se tende a dar prejuízos no decorrer de suas atividades.
Para Assaf Neto (2008, p. 84), o conceito da Demonstração do Resultado do
Exercício se dá por:
Fornecer, de maneira esquematizada, os resultados (lucros ou prejuízos) auferidos pela empresa em determinado exercício social, os quais são transferidos para contas do Patrimônio Líquido. O lucro (ou prejuízo) é resultante de receitas, custos e despesas incorridos pela empresa no período e apropriados segundo o regime de competência, ou seja, independente de que tenham sido esses valores pagos ou recebidos.
Diante disso, é possível empregar o relatório de Demonstração do Resultado do
Exercício como uma grande ferramenta de análise de ganhos e prejuízos que a empresa
na qual se deseja investir pode oferecer.
3.1.3 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL)
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido é o relatório contábil
utilizado para demonstrar as variações ocorridas no patrimônio líquido da entidade,
complementando as informações fornecidas pelo Balanço Patrimonial, juntamente com
a Demonstração do Resultado do Exercício. Contudo, “essa demonstração não é
obrigatória pela Lei nº 6.404/76, das Sociedades por Ações, mas sua publicação é
exigida pela CVM em sua instrução nº 59/86 para companhias abertas”, como afirmam
Iudícibus, Martins e Gelbcke (2009, p. 415).
23
A princípio, faz-se necessário conhecer o que é o Patrimônio Líquido no
contexto do Balanço Patrimonial, sendo este definido por Iudícibus, Martins e Gelbcke
(2009) como a diferença ente o valor dos ativos e passivos juntamente com o resultado
de exercícios futuros, representando este o valor contábil pertencente aos sócios ou
acionistas.
O conhecimento das movimentações ocorridas no Patrimônio Líquido permite
ao investidor compreender a formação e utilização dos recursos da entidade, pois, como
relatam Iudícibus, Martins e Gelbcke (2009), o mesmo indica o fluxo de uma conta para
a outra, evidenciando suas origens e o acréscimo ou diminuição durante o exercício,
bem como o cálculo de dividendos obrigatórios.
Assim, diante desta fonte de informação, o conhecimento da dinâmica dos
recursos alocados no patrimônio líquido cevará o investidor da possibilidade de uma
análise mais completa das características econômico-financeiras da entidade e se o valor
pertencente aos investimentos dos sócios ou acionistas está sofrendo aumentos ou
diminuições no decorrer dos exercícios da mesma.
3.1.4 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)
Com foco no regime de caixa e sem aplicação ao princípio da competência, ou
seja, as contabilizações das transações ocorrem no ato da entrada e/ou saída de valores
ou equivalentes, a demonstração dos fluxos de caixa tem como principal objetivo
“oferecer aos usuários informações relevantes sobre as movimentações de entradas e
saídas de caixa de uma entidade num determinado período ou exercício, no sentido de
evidenciar/tornar transparente a situação financeira da entidade”, afirma Azevedo
(2009, p.19).
A DFC é formada pela união de informações referentes às atividades
operacionais da entidade, bem como as que se referem aos investimentos e
financiamentos realizados pela mesma, proporcionando o embasamento para um
planejamento financeiro adequado à realidade da instituição.
Azevedo (2009) completa que a utilidade das informações geradas na DFC se
dá por proporcionar aos gestores da entidade, bem como aos usuários diversos da
mesma, o conhecimento sobre a capacidade da entidade em gerar caixa ou equivalente
24
para honrar seus compromissos. Se a movimentação é positiva (gera lucros) ou negativa
(gasta mais do que arrecada), há necessidade de aquisição de financiamentos e
demonstrar a origem e o destino do dinheiro investido.
Com estas informações, o investidor serve-se de critérios que possibilitem uma
adequada avaliação da estrutura financeira da entidade, e se a mesma terá a capacidade
de gerir bem seu capital a ser investido.
3.1.5 Demonstração do Valor Adicionado (DVA)
A Demonstração do Valor Adicionado é um relatório contábil utilizado para
evidenciação da formação de riqueza da empresa, ou seja, o quanto produziu de
recursos e a forma em que esta riqueza gerada foi distribuída nos negócios da empresa.
Para Ribeiro (2010, p. 427), a Demonstração do Valor Adicionado pode ser
definida da seguinte maneira:
É um relatório contábil que evidencia a riqueza que uma empresa produziu, isto é, o quanto ela adicionou de valor aos seus fatores de produção, e o quanto e de que forma essa riqueza foi distribuída (entre os empregados, Governo, acionistas, financiadores de capital), bem como a parcela da riqueza não distribuída.
Considerada também um dos braços do Balanço Social, a DVA, segundo
Azevedo (2009, p. 131), tem como objetivo “demonstrar o grau de envolvimento da
empresa em relação à sociedade que a acolhe”, ou seja, os reflexos das atividades que a
mesma desenvolve, bem como dos indivíduos ligados à mesma na comunidade em que
está inserida, tornado assim “um referencial de informações nas políticas de recursos
humanos, nas decisões de incentivos fiscais, no auxílio sobre novos investimentos e no
desenvolvimento da consciência para a cidadania”.
Assim, por meio deste demonstrativo contábil, é possível ao investidor avaliar
a política de distribuição da riqueza gerada pela empresa, bem como seu papel como
cidadã, além de verificar qual a disponibilidade que a mesma se propõe a remunerar o
capital nela aplicado.
25
3.2 Metodologias de Análise das Demonstrações
Para avaliação das características das empresas, antes da tomada de decisão por
um investimento, existe uma variedade de técnicas de análise, as quais fornecem
informações desejadas de acordo com a necessidade e o perfil de cada investidor.
Neste tópico serão apresentadas algumas destas técnicas para
direcionar o investidor a obter a informação que lhe é necessária.
3.2.1 Análise Vertical (AV)
A Análise Vertical é uma técnica utilizada para comparação de cada
componente das demonstrações contábeis com o todo das mesmas, visualizando a
respectiva proporção que cada conta representa no total.
Walter e Braga (1979) colaboram com seus estudos afirmando que a análise
vertical consiste em uma relação de cada conta com o total de seu respectivo grupo, e
este com o total do Ativo ou Passivo em termos percentuais, e que, por meio desta
análise, é possível levantar a posição percentual de cada elemento patrimonial e a
margem de contribuição de cada receita e/ou custo na formação dos resultados do
exercício.
Este tipo de análise serve para o investidor comparar as partes que constituem
as demonstrações contábeis com seu respectivo montante através da proporção existente
entre as mesmas, o que dará uma visão de como é realizada a alocação dos recursos da
empresa.
Benedicto e Padoveze (2004, p. 171) descrevem a Análise Vertical como:
A análise de participação percentual ou de estrutura dos elementos das demonstrações contábeis. Assume-se como 100% um determinado elemento patrimonial que, em princípio, deve ser o mais importante e faz-se uma relação percentual de todos os demais elementos sobre ele.
26
Quadro 01: Fórmula geral da Análise Vertical (AV)
AV = (Elemento Patrimonial do Ativo ou Passivo / Ativo ou Passivo Total) x 100
Fonte: Benedicto e Padoveze (2004)
Assim, é possível, a partir desta análise, interpretar a composição das
demonstrações contábeis e visualizar onde os esforços, recursos e obrigações estão mais
concentrados, identificando, a partir destas informações, o perfil da empresa na qual se
deseja investir.
3.2.2 Análise Horizontal (AH)
Assim como a Análise Vertical, a Análise Horizontal tem como propósito a
comparação percentual das contas do balanço, porém, neste indicador, ao invés de
comparar cada conta de Ativo ou Passivo com o Ativo ou Passivo total, as contas são
comparadas com outros exercícios para a visualização das projeções de crescimento ou
declínio das mesmas, o que, conforme explicam Cavalcanti e Guzzo (1985, p. 79), pela
Análise Horizontal “avalia-se a variação patrimonial de um item qualquer do balanço,
numa comparação de período a período”.
Benedicto e Padoveze (2004) afirmam que a análise horizontal é um
instrumento utilizado para avaliar a evolução patrimonial, observando seu crescimento
ou diminuição, permitindo assim identificar as variações ocorridas em um período, em
relação ao anterior. Para tanto, as contas de determinado período, das quais o balanço
será considerado como padrão, são tidas como 100%, e uma relação percentual é
realizada com os dados do exercício seguinte, indicando assim a tendência de
crescimento (ou diminuição) da empresa. Contudo, esta tendência pode ser mais bem
visualizada se a variação for observada de forma sequenciada, utilizando-se de vários
períodos.
Quadro 02: Fórmula geral da Análise Horizontal (AH)
AH = [(Valor do Período Atual / Valor do Período Anterior) – 1] x 100
Fonte: Benedicto e Padoveze (2004)
27
Vale ressaltar, de acordo com Braga e Walter (1979, p. 89) que:
Além dos efeitos inflacionários, um dos problemas fundamentais apresentados por este método diz respeito à fixação do balanço padrão, de vez que se torna difícil determinar um critério para servir de base na escolha do comportamento padrão, tanto os fatores internos e externos que afetam a gestão dos negócios.
Assim, por meio desta análise, há possibilidade de projetar o desempenho
futuro da empresa com base na tendência refletida nos exercícios anteriores,
proporcionando maior segurança ao investidor, pois, este irá se precaver de negócios
com resultados flutuantes e alta frequência de altos e baixos.
3.2.3 Análise de Indicadores e Quocientes
Para alcance de informações específicas, porém de significativo valor
avaliativo, tem-se à disposição a Análise de Indicadores e Quocientes, sendo esta uma
metodologia de cálculo onde são relacionadas as informações contábeis estabelecendo
uma razão entre as mesmas.
Braga e Walter (1979) definem a análise através de quocientes como a razão
entre duas ou mais quantias físicas ou monetárias, sendo uma delas compondo o lugar
do numerador (ou dividendo) e outra do denominador (ou divisor). Desta forma, é
possível visualizar quantas vezes o divisor está contido no dividendo, estabelecendo um
valor percentual sobre o mesmo.
Por meio do percentual calculado, a proporção existente entre fontes de
informações distintas possibilitam a avaliação de quão significativos são os valores que
compõem as mesmas, colocando em evidência possíveis desequilíbrios que possam vir a
existir.
Para Cavalcanti e Guzzo (1985) são predominantes dois tipos de análises por
quocientes, sendo a primeira delas por quocientes patrimoniais, referindo-se à situação
estática patrimonial do balanço, e a outra por quocientes de variações patrimoniais,
revelando a dinâmica patrimonial através das Demonstrações dos Resultados do
Exercício.
28
O conhecimento destas mutações é de fundamental importância para que o
investidor forme opinião sobre a forma como são administrados os negócios da
entidade, pois, revela se os recursos estão bem alocados e se estão gerando resultados
positivos.
Iudícibus e Marion (2008, p. 134) concluem que “a técnica de análise
financeira por quocientes é um dos mais importantes desenvolvimentos da
Contabilidade, pois é muito mais indicado comparar, digamos, o Ativo com o Passivo,
do que simplesmente analisar cada um dos elementos individualmente”, e que permite
extrair tendências fornecendo “algumas bases para inferir o que poderá acontecer no
futuro”.
Por meio desta análise, o investidor terá em suas mãos a possibilidade de
prever mais seguramente os resultados de suas aplicações através de projeções do
futuro, e que, devido à importância da mesma, esta será estudada mais detalhadamente
adiante.
3.2.4 Método das Diferenças Absolutas
Sistemática de avaliação onde são comparadas as informações contábeis de
dois exercícios e que, através da subtração dos valores referentes aos mesmos, verifica-
se seu respectivo aumento ou diminuição.
Conforme conceituam Braga e Walter (1979), a Análise das Diferenças
Absolutas consiste na comparação entre dois balanços referentes a exercícios
financeiros sequenciais estabelecendo as diferenças absolutas existentes entre os valores
monetários das diversas contas ou grupos, evidenciando as alterações de um balanço
para o outro, na origem e na aplicação dos recursos das empresas.
29
3.2.5 Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization (EBITDA)
O EBITDA é um indicador financeiro bastante utilizado pelas empresas de
capital aberto. Sua sigla significa "Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and
Amortization”, ou seja, lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização.
Lunelli (2010) conceitua que EBITDA representa o montante de recursos que
a empresa produz em suas atividades operacionais, sem considerar os efeitos financeiros
e de impostos, visando proporcionar uma avaliação real do desempenho da empresa em
um dado período.
Desta forma, é possível analisar a origem dos recursos da empresa, medindo
com mais precisão a produtividade e eficiência do negócio.
30
4 ANÁLISE A PARTIR DE INDICADORES E QUOCIENTES
Como foi mostrada, a análise por meio de indicadores e quocientes se dá por
meio da razão estabelecida entre as informações contidas nas demonstrações contábeis,
o que o torna o método mais completo de análise existente. Sendo assim, será abordado
de forma detalhada neste capítulo.
4.1 Índices de Liquidez
Este tipo de indicador tem por finalidade a avaliação da capacidade que a
empresa tem de saldar seus compromissos, tanto a curto como em longo prazo.
a) Liquidez Imediata: Conforme definição de Iudícibus e Marion (2008), este
quociente representa o quanto a empresa tem de recursos imediatos para
saldar suas dívidas que vencerão em curto prazo. Para Assaf Neto (2008, p.
190) o quociente de Liquidez Imediata representa a “porcentagem das
dívidas a serem liquidadas imediatamente”, ou seja, a capacidade da
empresa em pagar suas contas de vencimento imediato.
Quadro 03: Fórmula da Liquidez Imediata
Liquidez Imediata = Disponibilidades / Passivo Circulante
Fonte: Assaf Neto (2008)
Desta forma, a indicação clara de quanto poderá ser quitada do
volume da dívida de curto prazo com os recursos imediatos da empresa traz
para o investidor a capacidade de avaliar o quão racional é a administração
dos recursos da mesma, e se não há descontrole com relação ao montante
de endividamento que tal possui.
31
b) Liquidez Corrente: Para Iudícibus e Marion (2008), este quociente é
considerado o melhor indicador de liquidez da empresa, pois, relaciona
quantos recursos a empresa dispõe imediatamente, sendo estes conversíveis
em dinheiro para fazer frente às dívidas que vencerão em curto prazo. Para
seu cálculo, faz-se necessária a atenção quanto aos prazos dos vencimentos
das contas a receber e a pagar, o que, pelo fato de incluir os estoques em
sua base de cálculo e tendo estes o grau de conversibilidade em recursos
imediatos muito variados, pode diminuir a validade deste quociente.
Quadro 04: Fórmula da Liquidez Corrente
Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante
Fonte: Assaf Neto (2008)
A partir deste dado, o investidor tem a possibilidade de verificar se
as dívidas de curto prazo poderão ser liquidadas sem maiores problemas
pela administração da empresa e, assim como na liquidez imediata, se não
há descontrole com relação às dívidas que a mesma possui.
c) Liquidez seca: Iudícibus e Marion (2008) explicam que este quociente é
uma forma conservadora de avaliar a liquidez da empresa, pois, é
eliminado o montante dos estoques da base de cálculo e,
consequentemente, uma fonte de incerteza.
Quadro 05: Fórmula da Liquidez Seca
Liquidez Seca = Ativo Circulante - Estoques / Passivo Circulante
Fonte: Assaf Neto (2008)
Assim, diante da maior necessidade de segurança referente aos
dados de endividamento, este indicador fornece ao investidor uma visão
mais prudente da capacidade de pagamento da empresa, eliminando
prováveis dificuldades que poderão surgir para dar fluxo aos estoques.
32
d) Liquidez Geral: Iudícibus e Marion (2008) citam a importância deste
quociente para avaliação da saúde financeira da empresa vista a longo
prazo. Este quociente indica a capacidade geral de pagamento da empresa
confrontando os ativos circulantes e realizáveis a longo prazo com os
passivos circulantes e exigíveis a longo prazo, possibilitando assim, em
uma forma macro, sua capacidade de honrar com os compromissos
assumidos.
Quadro 06: Fórmula da Liquidez Geral
Liquidez Geral = Ativo Circulante – Realizável a Longo Prazo / Passivo
Circulante – Realizável a Longo prazo
Fonte: Assaf Neto (2008)
Com base neste indicador, o investidor tem a possibilidade de
avaliar o estado de sustentabilidade da liquidez da empresa de forma mais
completa, podendo prever se a mesma poderá se manter ao longo do tempo
com os resultados atuais apurados.
4.2 Estrutura de Capital e Endividamento
Visando demonstrar o grau de dependência da empresa com relação ao capital
de terceiros e próprios, juntamente com o nível de imobilização do capital, os
indicadores de estrutura de capital e endividamento trazem à tona a política de
financiamentos da empresa e a necessidade existente dos mesmos para o
desenvolvimento de suas atividades.
a) Participação do Capital de Terceiros nos Recursos Totais: Quociente de
grande relevância por relacionar o Exigível Total (capitais de terceiros)
com os Fundos Totais Providos, os quais são constituídos por capitais
próprios e de terceiros, indicando o percentual do ativo que é financiado
por capitais de terceiros (Iudícibus, 1998).
33
Este indicador traz ao investidor a possibilidade de analisar o
quanto é endividada a empresa e o tamanho da dependência existente com
relação ao capital de terceiros, fato este que pode vir a comprometer o
retorno almejado dos recursos na mesma aplicados.
Quadro 07: Fórmula da Participação do Capital de Terceiros nos Recursos
Totais
Participação do Capital de Terceiros nos Recursos Totais = Exigível Total
/ Exigível Total + Patrimônio Líquido
Fonte: Iudícibus (1998)
b) Endividamento Geral: Tendo como função primordial a verificação da
capacidade que a entidade tem em honrar seus compromissos com
terceiros, mesmo diante de uma situação falimentar, este indicador,
segundo Benedicto e Padoveze (2004), relaciona o total de exigibilidades
com o valor do patrimônio líquido da empresa, expressando assim a
garantia de suas dívidas assumidas.
Quadro 08: Fórmula do Endividamento Geral
Endividamento Geral = (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo) /
Patrimônio Líquido
Fonte: Benedicto e Padoveze (2004)
Conforme explicam Benedicto e Padoveze (2004), este indicador
deve ser analisado na ótica de quanto menor, melhor, pois, na maioria dos
casos, empresas que apresentam altos quocientes em considerável período
de tempo, desde que não determinem uma situação de liquidez
insustentável, tendem ir à falência.
Este índice deve ser observado com cuidado pelo investidor, pois é
determinante para que o mesmo não seja surpreendido com um negócio em
declínio que venha lhe proporcionar perda de seus investimentos.
c) Imobilização do Capital Próprio: Utilizado para indicar o percentual do
Ativo Permanente que é financiado por recursos próprios, este indicador
34
propõe que quanto maior for sua aplicação, maiores são os custos fixos da
empresa, causando assim um desequilíbrio na condição financeira da
mesma, pois sobrarão menos recursos para financiar o ativo circulante,
aumentando desta forma a dependência de capitais de terceiros, conforme
explicam Benedicto e Padoveze (2004).
Quadro 09: Fórmula da Imobilização do Capital Próprio
Imobilização do Capital Próprio = Ativo Permanente / Patrimônio
Líquido
Fonte: Benedicto e Padoveze (2004)
d) Endividamento Financeiro: Caracterizado por enfatizar investimentos
apoiados pela garantia de saldá-los apenas pelo montante dos recursos
próprios existentes, este indicador estabelece a relação existente entre
capital de terceiros e próprios, no qual considera-se como passivo exigível
apenas os valores obtidos de empréstimos e financiamento, sejam eles de
curto ou longo prazo, desconsiderando os relacionados com o giro, sendo
este analisado na linha de quanto menor, melhor, de acordo com afirmação
de Benedicto e Padoveze (2004).
Quadro 10: Fórmula do Endividamento Financeiro
Endividamento Financeiro = Empréstimos e Financiamentos (Curto e
Longo Prazo) / Patrimônio Líquido
Fonte: Benedicto e Padoveze (2004)
Por meio deste indicador, o investidor pode avaliar o quanto é
comprometido o capital próprio com relação às dívidas adquiridas e o quão
cautelosa é a política financeira da entidade na qual se deseja investir.
35
4.3 Indicadores de Rentabilidade
Utilizado para expressar o desempenho de um empreendimento em
determinado período, os Indicadores de Rentabilidade devem, para fornecerem
informações relevantes ao investidor, “relacionar o lucro de um empreendimento com
algum valor que expresse a dimensão relativa do mesmo”, conforme afirma Iudícibus
(1998, p. 110).
Com base nisso, serão apresentados abaixo alguns dos mais significativos
quocientes de avaliação de rentabilidade que possibilitarão ao investidor avaliar, neste
contexto, a positividade de um futuro empreendimento.
a) Giro do Ativo: Este indicador representa a produtividade da empresa, ou
seja, a eficiência que a gerência fabril está tendo com a administração dos
Ativos, pois, quanto mais se produz e vende, a partir dos investimentos
realizados, mais eficientemente são utilizados os Ativos, segundo ensina
Marion (2007).
Quadro 11: Fórmula do Giro do Ativo
Giro do Ativo = Vendas / Ativo Total
Fonte: Marion (2007)
Tendo esta informação em mãos, o investidor poderá avaliar se os
Ativos da empresa estão sendo bem utilizados para geração de resultado,
trazendo à tona a qualidade da administração da empresa, pois, quanto mais
valor a mesma produz com os recursos que tem, mais eficiente é a gestão
da mesma.
b) Taxa de Retorno sobre o Investimento (TRI): Indicador utilizado para
avaliação do tempo médio necessário para o retorno do investimento
realizado, ou seja, a empresa ter de volta seu dinheiro aplicado, além de
informar o quanto de ganho se tem para cada real investido pela mesma,
como explica Marion (2007).
36
Quadro 12: Fórmula do TRI
TRI = Lucro Líquido / Ativo Total
Fonte: Marion (2007)
Desta forma, é possível ao investidor levantar quanto tempo será
necessário para que a empresa tenha retorno sobre o capital por ela
investido, avaliando se suas aplicações estão surtindo os efeitos almejados.
c) Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido (TRPL): Este indicador,
diferente do TRI, indica quanto tempo será necessário para que os donos ou
acionistas da empresa tenham retorno sobre os investimentos realizados,
bem como o quanto de ganho há para cada real por ele investido, diz
Marion (2007).
Quadro 13: Fórmula da TRPL
TRPL = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido
Fonte: Marion (2007)
Assim, é possível visualizar o tempo necessário para o investidor
ter seu capital investido de volta e se este retorno atende suas expectativas.
d) Grau de Alavancagem Financeira (GAF): Assaf Neto (2008) fala que este
indicador resulta da participação de capitais de terceiros sobre a estrutura
de capital da empresa, tendo o mesmo como interessante, quando o custo
do endividamento é menor que o retorno proporcionado por sua aplicação,
o que promove uma elevação nos resultados dos proprietários, alavancando
a rentabilidade. Em situação contrária, o proprietário cobre o resultado
desfavorável onerando sua taxa de retorno.
Em outras palavras, a alavancagem financeira pode ser definida
como “a capacidade que os recursos de terceiros apresentam de elevar os
resultados líquidos dos proprietários”, Assaf Neto (2008, p. 139).
37
Quadro 14: Fórmula do Grau de Alavancagem Financeira (GAF)
GAF = Lucro Operacional / (Lucro Operacional – Despesas Financeiras)
Fonte: Assaf Neto (2008)
Com base nesta informação, o investidor poderá avaliar se a
aplicação dos recursos de terceiros está proporcionando resultados
favoráveis e aumento do lucro líquido, sendo estes passíveis de serem
distribuídos em forma de dividendos.
4.4 Retorno econômico para o acionista
Diante da imensidão de oportunidades de negócios existentes no mercado,
escolher bem o empreendimento que proporcionará melhor retorno ao investidor é uma
das mais importantes tarefas pertinentes ao campo da análise. Para tanto, é necessário
observar se a mesma é capaz de remunerar adequadamente o custo considerado como
mínimo aos olhos do investidor, e se a riqueza do acionista está sendo aumentada ou
destruída.
a) Economic Value Added – EVA (Valor Econômico Adicionado):
Considerando que para o investidor o bom negócio se reflete em uma
remuneração adequada de seu capital aplicado, o EVA se apresenta como
uma ferramenta de análise que indica o quão rentável é o empreendimento
que deseja investir.
O EVA, conforme Benedicto e Padoveze (2004), tem seu conceito
vinculado às idéias de custo de oportunidade de capital, ou lucro residual, o
qual pode ser entendido como lucro mínimo que a empresa precisa ter para
proporcionar uma remuneração adequada ao capital investido pelos
acionistas e, pelo conceito de custo de capital, correspondente à taxa de
retorno mínima exigida para atrair o financiamento dos investidores de
mercado.
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A partir do custo de oportunidade do capital, tem-se que o valor
adicionado, segundo Benedicto e Padoveze (2004, p. 224), consiste no
“lucro que excede a uma rentabilidade mínima sobre um investimento”, ou
seja, todo valor gerado pela empresa que remunere o capital do investidor
além de sua expectativa mínima para que o negócio seja considerado
atraente.
Quadro 15: Fórmula do Valor Econômico Adicionado (EVA)
EVA = NOPAT – C% (TC)
NOPAT = Net Operating Profit After Taxes (Lucro operacional líquido
após os impostos)
C% = Custo percentual do capital
TC = Capital total
Fonte: Benedicto e Padoveze (2004) adaptado pelo autor
Desta forma, a comparação do lucro operacional líquido
informado pela empresa em sua DRE com a taxa mínima de atratividade
exigida pelo investidor para optar por tal investimento, sendo esta calculada
a partir do capital total da empresa, deixa clara a evidência se o resultado
gerado está agregando valor (quando o EVA é positivo) ou destruindo o
valor (quando o EVA é negativo) do acionista.
Assim, o processo de decisão se torna facilitado para o investidor,
pois é possível comparar o resultado de diversas propostas de investimento
e optar pela que mais remunere o capital que deseje aplicar.
b) Market Value Added – MVA (Valor Agregado pelo Mercado): Indicador
utilizado para avaliação da valorização ou desvalorização do capital do
acionista perante o mercado, o qual pode ser conceituado pela “diferença
entre entrada de caixa e saída de caixa e aquilo que investidores colocam na
empresa como capital, e o que poderiam receber vendendo pelo preço de
mercado corrente”, segundo Ehrbar (1999) apud Macorim (2001, p. 55).
39
Esta idéia de quanto a empresa vale no mercado, em comparação
ao capital aplicado pelo acionista, coloca em xeque a eficiência da empresa
em proporcionar valor ao investidor, pois transparece o quão valiosa a
empresa é ou está se tornando perante o mercado, indicando a projeção de
perdas (em caso de perda de valor) ou ganhos de capital (ao valoriza-se no
mercado) por parte da mesma.
Observando o objetivo principal do investidor, Malvessi (2000)
apud Macorim (2001, p. 55) ressalta sobre o conceito de MVA:
Representa uma medida cumulativa de performance em valores mobiliários da empresa, isto é, indica quanto o valor de mercado das ações da empresa tem adicionado valor aos acionistas, quando comparado com o valor originalmente investido.
Olhando pelo ponto de vista da valorização das ações adquiridas
pelo investidor, este indicar serve como um termômetro de viabilidade em
investir em determinada empresa, pois, poderá comparar as propostas de
negócios, eliminando as com tendências de perdas e optando pelas que
mais têm potencial de valorizar o capital que pretende investir.
Quadro 16: Fórmula do Valor Agregado pelo Mercado (MVA)
MVA = Valor de Mercado da Empresa – Valor Total Investido pelos
Acionistas
Valor de Mercado da Empresa = (EVA / C%) + Passivo Exigível
C% = Custo Percentual do Capital
EVA = Valor Econômico Agregado
Fonte: Malvessi (2001) adaptado pelo autor
Tendo o MVA como “o valor atual dos futuros EVA”, segundo
Malvessi (2001, p. 55), tem-se por meio da comparação do valor de
mercado da empresa com o valor total aplicado pelos acionistas a indicação
40
de valorização ou desvalorização da empresa e, consequentemente, do
capital aplicado pelo acionista.
Assim, quanto maior o valor da empresa com relação ao capital
dos acionistas, maior é o ganho por parte dos mesmos.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio do estudo exposto pode-se perceber que a aplicação em títulos de
renda variável, os quais são negociados nas Bolsas de Valores, são os mais rentáveis,
em se tratando de aplicação financeira, porém apresentam certo risco que precisa ser
observado antes da tomada de decisão.
Nas Bolsas de Valores é realizada a compra e venda de títulos representativos
do capital social da empresa, conhecidos como Ações, as quais são negociadas por meio
das Sociedades Corretoras e, para garantir seu perfeito andamento, a CMV entra como
órgão normatizador e fiscal de suas operações, assegurando a integridade e inibindo
práticas não corretas com relação aos negócios realizados.
A partir disto, como ninguém quer seu dinheiro jogado fora em uma aplicação
não lucrativa, a ideia lançada de que os demonstrativos contábeis representam uma rica
fonte de informações relevantes para tomada de decisão traz ao investidor uma gama de
possibilidades de análises que transparecem a realidade econômico-financeira das
entidades ou empresas que possuem seus títulos negociados nas Bolsas de Valores.
A análise em si assume maior repercussão, em se tratando da abrangência
realizada, quando é realizada por meio de Indicadores ou Quociente, fato que se deve
por estabelecer uma comparação ou razão de itens estratégicos presentes nos
demonstrativos contábeis, exprimindo como está sendo a gestão dos negócios da
entidade ou empresa na qual se pretende investir.
Desta forma, as informações resultantes da Análise das Demonstrações
Contábeis possibilitam ao investidor criar uma projeção futura de como serão os
resultados da entidade ou empresa, obtendo antecipadamente uma noção de quão
rentável será tal empreendimento, representando assim um fator decisivo para sua
escolha.
Assim, diante da praticidade e segurança que a Análise das Demonstrações
Contábeis tem a oferecer, cabe ao investidor decidir-se em optar por um embasamento
concreto antes de tomar sua decisão, ou continuar contando com a sorte ao aplicar seu
dinheiro às escuras em negócios, dos quais não possui conhecimento.
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REFERÊNCIAS
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