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- 1 - DIOGO BARROS DE MOURA LIMA ANÁLISE DA EFICÁCIA DE UM PROGRAMA DE INTERVENÇÃO NA MODIFICAÇÃO DA POSTURA DE PROTRUSÃO DE OMBRO POR MEIO DE EXERCÍCIOS PARA A ALTERAÇÃO DE PROPRIEDADES MUSCULARES Belo Horizonte 2007

análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

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DIOGO BARROS DE MOURA LIMA

ANÁLISE DA EFICÁCIA DE UM PROGRAMA DE INTERVENÇÃO NA MODIFICAÇÃO DA POSTURA DE

PROTRUSÃO DE OMBRO POR MEIO DE EXERCÍCIOS PARA A ALTERAÇÃO DE PROPRIEDADES MUSCULARES

Belo Horizonte 2007

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Diogo Barros de Moura Lima

ANÁLISE DA EFICÁCIA DE UM PROGRAMA DE INTERVENÇÃO NA MODIFICAÇÃO DA POSTURA DE

PROTRUSÃO DE OMBRO POR MEIO DE EXERCÍCIOS PARA A ALTERAÇÃO DE PROPRIEDADES MUSCULARES

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ciências da Reabilitação da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências da Reabilitação. Área de Concentração: Desempenho Motor e Funcional Humano

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Teixeira da Fonseca

Belo Horizonte 2007

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AGRADECIMENTOS A Deus Pai, por seu Amor que me trouxe à vida e criou todas as coisas para maravilhar todos os seres humanos e, em especial, por fazer do movimento humano àquilo que me deslumbra. A Jesus, meu Senhor e meu Deus, meu irmão e meu maior amigo, pela misericórdia e compaixão que O leva a me amar muito do mais do que um dia o poderei amar. Ao Santo Espírito, doce hóspede de minha alma, força nas minhas fraquezas, consolação em minhas aflições, inspiração nos momentos de seca, Vida Divina em meu coração, a Ti minha eterna gratidão, pois sem Sua Sabedoria nada sou. À Maria Mãe Santíssima, pelas garças concedidas por meio de sua poderosa intercessão de seu Coração Imaculado junto a Jesus, seu filho. Ao Prof. Sérgio Teixeira da Fonseca, meu exemplo por toda a vida de orientador, pesquisador, professor e fisioterapeuta. Agradeço por ter me despertado para a beleza e perfeição do movimento humano. Agradeço ainda por ser um verdadeiro mestre e uma pessoa fantástica que me ensinou a humildade sem nunca ter falado nela. Obrigado de coração! À Profa. Marisa Cotta Mancini, pelas ajudas e conselhos, e pela generosidade de partilhar o tempo do prof. Sérgio. Ao Prof. Anderson Aurélio da Silva, pelas oportunidades e por todo exemplo de valorização e defesa de nossa profissão. Aos professores coordenadores dos laboratórios de Desempenho Humano e Análise do Movimento Humano pela organização e presteza, principalmente Profa. Renata Noce Kirkwood e Prof. João Marcos Domingues Dias. Aos professores do Departamento de Fisioterapia pelos conhecimentos e exemplos. À minha esposa, Carol, por me amar e aceitar com minhas qualidades, defeitos e limitações, sendo para mim uma imagem do Amor incondicional de Deus. TE AMO, GRACINHA!!!! À minha mãe, pelo amor, pelo carinho e pelo exemplo de fé e entrega a Deus. Ao meu pai, por ser o homem que sonho ser. Ao meu irmão, Hugo, pelo companheirismo de toda a vida, e às minhas irmãs, Keicy e Paloma, por aturar meus momentos de impaciência e nervosismo. À minha cunhada, Flavianne, por fazer de meu irmão um homem ainda melhor e por carregar meu afilhado, Mateus, em sua barriga. Ao meu irmão de Mestrado, Marco Túlio, grande amigo, companheiro de trabalho insuperável, pela sabedoria de não ter medo de duvidar.

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Aos meus colaboradores Leandro, Daniel e Cristiane, pela colaboração que tornou possível este trabalho, não só física, mas intelectual. Obrigado também pela paciência e pelas colocações. Este trabalho não seria possível sem vocês! Ao “São” João Lucas, por todos os programas desenvolvidos, por todos os problemas solucionados e por tornar possível a realização deste estudo. Você também é culpado disso! Às voluntárias, pela paciência e disponibilidade mesmo nas horas em que os instrumentos não colaboraram. Obrigado pela persistência, esse trabalho seria impossível sem vocês! Aos meus sócios da Movimentum Fisioterapia, Max e Murilo pela amizade e favores. E principalmente ao Marcelo, pelos favores oferecidos e prestados mesmo antes de serem pedidos. Valeu, Muletas!!! À Cecília Aquino, Rachel Brício, Daniela Vaz, Paula Lanna, Juliana Ocarino, Mariana Alencar e Paula Arantes por estarem sempre solícitas para esclarecer dúvidas e colaborar. Valeu, colegas! À Newton Paiva e UNIPAC, em especial às pessoas de Geraldo Fabiano de Souza Moraes e Gustavo Hoffmann Leão Coelho. Muito obrigado pela compreensão durante todo esse tempo. Demais colegas da Newton e da UNIPAC, vocês também merecem meus agradecimentos. Muito obrigado! Aos meus pacientes, por me motivarem a continuar querendo aprender sempre mais. Aos colegas de Mestrado, pela convivência sempre enriquecida com novos conhecimentos e discussões. Ao LAPREV local de trabalho acolhedor e divertido, e aos seus profissionais pela disponibilidade e compreensão. Aos amigos do Fanuel, pelas orações, pelo amor e por me ensinar a cada dia o que é viver em comunidade. Deus nos faça cada vez mais irmãos! Aos amigos da comunidade católica Shalom, pelo exemplo de serviço a Deus e ao próximo e por minha evangelização. Deus os abençoe! Aos padres Paulinho, Alexandre e Dalmo, por serem verdadeiros pastores. Ao Eliezer, pela paciência, presteza, disponibilidade e atenção. Aos funcionários Leandro e Netinho. Muito obrigado pela ajuda prestada e me desculpem os eventuais problemas. A todos os membros da banca, titulares e suplentes, agradeço a vocês por aceitarem a participação nesse momento tão importante. Tenho certeza da competência de cada um para me ajudar a desenvolver um bom trabalho. À Marilane, pela imensa boa vontade em resolver todos os problemas e pelo bom humor. Você é uma pessoa muito importante para que esse momento chegasse.

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RESUMO A postura de protrusão de ombro (PO) é resultado de uma posição alterada da

escápula no gradil costal. As alterações de posição da escápula potencialmente

relacionadas à PO são os aumentos de rotação medial, translação lateral,

superiorização e inclinação anterior. A PO apresenta alta prevalência e vem sendo

associada à presença de disfunções e lesões do quadrante superior. Tradicionalmente,

a PO é considerada como resultado do desequilíbrio de força ativa dos músculos

toracoescapulares (MTE), onde os músculos anteriores estariam curtos e fortes, e os

posteriores estariam longos e fracos. Porém, o silêncio eletromiográfico dos MTE na

postura de pé relaxada associado a estudos que falham em demonstrar associação

entre força e postura sugerem que os desequilíbrios de força passiva e não ativa dos

MTE seriam responsáveis pela PO. Uma vez que a força passiva de um músculo é

dependente da sua rigidez e comprimento, o objetivo desse trabalho foi reduzir a PO

em indivíduos assintomáticos por meio da alteração desses parâmetros musculares,

através de treinos de hipertrofia em posições específicas dos MTE. Uma série de quatro

estudos experimentais de caso único foi realizada. O estudo teve três fases de seis

semanas de duração: fase A (baseline), na qual não houve intervenção; fase

intermediária, na qual se iniciou a intervenção, porém não se esperava mudanças na

PO; e fase B, na qual se esperava modificações na PO com a manutenção da

intervenção. Quatro indivíduos assintomáticos com PO participaram do estudo. As

variáveis dependentes foram as medidas semanais da posição da escápula e de PO na

posição ortostática relaxada. As medidas foram realizadas por meio de um sistema de

análise de movimento. A variável independente foi um programa de intervenção para

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modificação do comprimento e rigidez dos MTE dos voluntários. Esse programa foi

personalizado, uma vez que os exercícios foram definidos pelos resultados da

avaliação clínica de rigidez e força dos MTE de cada indivíduo. Os resultados foram

analisados pela análise visual (AV) dos gráficos construídos a partir dos dados

coletados nas três fases, associada às análises estatísticas: two band deviation method

(TB) e ANOVA para medidas repetidas. Três dos quatro indivíduos apresentaram

aumentos na superiorização e inclinação anterior escapular e na medida de PO,

contrariando o objetivo do estudo. Esses aumentos aconteceram, na maior parte das

vezes, já na fase intermediária. Além disso, essas alterações aconteceram

bilateralmente, mesmo no indivíduo 1 que realizou exercícios diferentes dos dois lados,

e até mesmo no voluntário 2 que exercitou apenas um lado. Dessa forma, o padrão de

uso dos MTE durante as demandas ocupacionais parece ser o principal responsável

pelas alterações observadas e não o programa de exercícios. Portanto, intervenções

que não modifiquem o padrão de uso dos MTE não parecem ser capazes de reduzir a

PO.

Palavras-chave: escápula, ombro, experimental de caso único, protrusão de ombro,

postura, correção postural.

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ABSTRACT Forward shoulder position (FSP) results from an altered scapula position on the rib

cage. The scapular postural changes that potentially contribute to FSP are increases in

medial rotation, lateral translation, superior translation and anterior tipping. FSP has a

high prevalence and has been associated with dysfunctions and lesions of the upper

quarter. Traditionally, FSP is considered as a result of force imbalance in

scapulothoracic muscles (STM) where the anterior muscles are short and strong, and

the posterior muscles are weak and long. However, the observed electromyographic

silence of the STM in relaxed orthostatic posture, associated with the lack of association

between active muscle force and posture, suggest that imbalance of passive forces of

the STM, instead of active forces, could be responsible for the FSP. Considering that the

passive force of a muscle is dependent on its stiffness and length, the objective of this

study was to reduce the FSP in asymptomatic individuals, through alterations of these

muscle characteristics, by performing hypertrophy training in specific lengths of the

STM. Four studies using single-subject designs were carried out. Each study had three

phases of six weeks duration: phase A was the baseline period, without intervention;

intermediary phase, when the intervention started, but no changes in FSP were

expected; and phase B, where the changes in FSP were expected with the maintenance

of the intervention. Four asymptomatic individuals with FSP participated in this study.

The dependent variables were weekly measures of scapula position and FSP during

relaxed orthostatic posture. The measures were done by a movement analysis system.

The independent variable was an intervention program planned to change the stiffness

and length of the STM of each individual. This program was customized according to the

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participant’s needs, since the exercises were defined by the results of clinical

assessments of stiffness and strength of the STM of each individual. The results were

analyzed by visual analysis of graphics built from the time series data collected on the

three phases, associated to appropriate statistical analysis for this type of design: two

band standard deviation method (TB) e Repeated Measures ANOVA. Three out of four

individuals presented increases in superior translation, anterior tipping of the scapula

and in the measure of FSP. These increases happened, in most cases, in the

intermediary phase. In addition, these changes happened bilaterally, even in the

individual 1, who performed different exercises in each side of body, or in the individual

2, who exercised only one side. Thus, the pattern of use of the STM during occupational

demands seems to be the main factor contributing to the observed changes instead of

the exercises’ program. Therefore, interventions that do not modify the use pattern of

the STM are, probably, not capable of reducing FSP.

Key words: Forward shoulder position, shoulder, scapula, posture, single-subject

design, postural correction.

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SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 12

2 – HIPÓTESES ............................................................................................................... 24

3 – METODOLOGIA......................................................................................................... 26

3.1 – Participantes.............................................................................................. 27 3.1.1 – Indivíduo 1...................................................................................... 28 3.1.2 – Indivíduo 2...................................................................................... 29 3.1.3 – Indivíduo 3...................................................................................... 29 3.1.4 – Indivíduo 4...................................................................................... 29 3.2 - Instrumentação ............................................................................................ 30

3.2.1 – Sistema de Análise de Movimento ............................................. 30 3.2.2 - Sistema de Eletromiografia (EMG)................................................ 31 3.3 – Variáveis Dependentes................................................................................. 32

3.4 - Procedimentos .............................................................................................. 32 3.4.1 – Colocação dos Eletrodos de EMG............................................... 33 3.4.2 – Captação do sinal eletromiográfico............................................. 34 3.4.3 – Colocação dos Marcadores Refletores de Luz Infravermelha... 34 3.4.4 – Captação dos Dados Posturais.................................................... 37 3.5 – Redução dos Dados.................................................................................... 38

3.6 – Variável Independente................................................................................. 42

3.6.1 – Avaliação de Rigidez e Comprimento Muscular......................... 43 3.6.2 – Prescrição dos Exercícios de Intervenção.................................. 50 3.6.3 – Programas de Intervenção............................................................ 61 3.6.3.1 – indivíduo 1......................................................................... 61 3.6.3.2 – indivíduo 2......................................................................... 61 3.6.3.3 – indivíduo 3........................................................................ 62 3.6.3.4 – indivíduo 4........................................................................ 62 3.7 – Análise dos Dados...................................................................................... 634 – RESULTADOS........................................................................................................... 65

4.1 – Indivíduo 1................................................................................................... 66 4.2 – Indivíduo 2................................................................................................... 69 4.3 – Indivíduo 3................................................................................................... 70 4.4 – Indivíduo 4................................................................................................... 735 – DISCUSSÃO ............................................................................................................. 74

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6 – CONCLUSÃO ............................................................................................................ 87REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 89APÊNDICE ....................................................................................................................... 96ANEXO ............................................................................................................................. 100

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Posicionamento dos marcadores visuais e dos eletrodos de EMG (vista posterior)............................................................................................. 36FIGURA 2: Ângulo de inclinação anterior da escápula...................................... 40

FIGURA 3: Distância de translação lateral da escápula, distância de translação inferior da escápula e ângulo de rotação superior da escápula................................................................................................................... 40FIGURA 4: Ângulo de rotação medial da escápula.............................................. 41

FIGURA 5: Medida de PO....................................................................................... 41

FIGURA 6: Testes de força muscular manual modificados................................ 48

FIGURA 7: Posição do teste de comprimento do músculo PM.......................... 50

FIGURA 8: Exercícios de intervenção................................................................... 60

FIGURA 9: Gráficos das variáveis modificadas no indivíduo 1.......................... 68

FIGURA 10: Gráficos das variáveis modificadas no indivíduo 2....................... 70

FIGURA 11: Gráficos das variáveis modificadas no indivíduo 3....................... 72

FIGURA 12: Gráficos das variáveis medida de PO D e distância de translação lateral E no indivíduo 4........................................................................ 73

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LISTA DE ABREVIATURAS ADM – amplitude de movimento AIE – ângulo inferior da escápula APA – ângulo posterior do acrômio AV – análise visual BLA – ponto médio da borda lateral do acrômio C7 – processo espinhoso da sétima vértebra cervical CCI – Coeficiente de Correlação Intraclasse D – direito(a) E – esquerdo(a) EMG - eletromiografia LE – músculo levantador da escápula MTE – músculos toracoescapulares PM – músculo peitoral menor PO – protrusão de ombro R1 – referência 1 R2 – referência 2 RB – músculos rombóides REE – raiz medial da espinha da escápula RM – repetição máxima SA – músculo serrátil anterior T7 – processo espinhoso da sétima vértebra torácica TB – Two Band Deviation Method TFMM – testes de força muscular manual TI – músculo trapézio inferior TMF – transmissão miofascial de força TS - músculo trapézio superior

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1 – INTRODUÇÃO

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Protrusão de ombros (PO) é definida clinicamente como uma alteração postural

na qual, em uma análise no plano sagital da postura ortostática relaxada, há uma

anteriorização do acrômio em relação ao lóbulo da orelha ou em relação a uma

referência externa (ex: fio de prumo) (1-3). Pelo fato do acrômio ser uma superfície

óssea da escápula, a sua posição é dependente da posição da escápula no gradil

costal (4,5). Portanto, mudanças da posição do acrômio resultam de alterações na

posição escapular. Uma vez que a escápula pode rodar em qualquer um dos três

planos (transverso, frontal, sagital) e transladar no plano frontal e sagital, sua posição

final é dada pela combinação do seu ângulo de rotação em cada um dos planos com as

translações no plano frontal e sagital (5,6).

As alterações de posição escapular que possivelmente contribuem para a

anteriorização do acrômio e conseqüente PO são o aumento da rotação medial, o

aumento da translação lateral (protração escapular), a diminuição da translação inferior

(superiorização) (7) e o aumento da inclinação anterior da escápula (4). A rotação

medial da escápula ocorre no plano transverso sobre um eixo vertical que passa pela

articulação acromioclavicular e pelo ângulo inferior da escápula (8,9). Dessa forma, um

aumento da rotação medial da escápula afasta a borda medial da escápula do gradil

costal e anterioriza o acrômio no plano sagital (5,8). Devido ao formato elipsóide da

caixa torácica, um aumento da translação lateral da escápula (protração escapular)

pode levar, também, a uma anteriorização do acrômio, já que ao protrair a escápula não

só translada, mas também aumenta sua rotação medial no plano transverso para

acompanhar o formato do gradil costal (4,5). Da mesma forma, devido ao formato da

caixa torácica, a superiorização da escápula pode contribuir para a PO por levar a uma

maior inclinação anterior escapular (4,5). A inclinação anterior da escápula ocorre no

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plano sagital sobre um eixo horizontal paralelo a espinha da escápula (5,8). Dessa

maneira, um aumento da inclinação anterior afasta (posterioriza) o ângulo inferior da

escápula do gradil costal anteriorizando o acrômio e contribuindo para a PO (4).

Portanto, o termo PO não diz respeito a apenas uma alteração específica de posição

escapular, mas engloba uma variedade de alterações de posições escapulares que

podem estar presentes de maneira isolada ou como uma combinação de posturas (4).

A PO é uma alteração de postura comumente encontrada (3). Em um estudo

realizado com 88 indivíduos saudáveis de 20 a 50 anos, Griegel-Morris et al. (1992)

encontraram uma prevalência de PO de 66% no lado esquerdo (E) e de 73% no lado

direito (D) (3). Além disso, a PO e alterações da posição de escápula que contribuem

para a PO têm sido relacionadas com a presença de disfunções e patologias

musculoesqueléticas na região de ombro, pescoço e cabeça, como por exemplo,

síndrome do impacto, instabilidade anterior do ombro e lesões de nervo periférico

(2,4,10,11). Solem-Bertoft et al. (1993) observaram uma redução do espaço

subacromial anterior na postura de PO, o que pode contribuir para o aparecimento de

patologias subacromiais. A PO também está associada a uma maior tensão sobre o

nervo mediano durante o movimento de elevação do membro superior e a uma restrição

da mobilidade de deslizamento deste nervo em seu trajeto, predispondo essa estrutura

à lesão (10). Outro nervo que pode apresentar uma maior susceptibilidade à lesão

devido a PO é o torácico longo. Kaupilla (1993) baseou-se em estudos anatômicos para

propor que o afastamento da borda medial da escápula do gradil costal coloca o nervo

torácico longo em risco de lesão (12). A PO pode contribuir para o desenvolvimento de

instabilidade anterior do ombro pela alteração da orientação da cavidade glenóide e

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pela insuficiência da banda anterior do ligamento glenoumeral inferior, causada por uma

sobrecarga cronicamente aplicada sobre essa estrutura (13).

Além disso, maus alinhamentos posturais podem estar associados indiretamente

com o surgimento de patologias musculoesqueléticas. Considerando o sistema

musculoesquelético humano como similar aos sistemas mecânicos, pode-se supor que

o alinhamento ótimo do corpo favorece a realização de um movimento correto e preciso

(14,15). Assim, o mau alinhamento postural pode ser considerado como provável

contribuinte para o aparecimento de patologias musculoesqueléticas, uma vez que

pode levar a alteração dos movimentos corporais (14,15). Borstad (2006) demonstrou

que pessoas com maior PO apresentam menor comprimento do músculo peitoral menor

que pessoas sem PO (14). Ainda mais, Borstad & Ludewig (2005) demonstraram que

indivíduos com encurtamento do músculo peitoral menor apresentam um aumento da

rotação medial e uma redução da inclinação posterior da escápula durante a elevação

do braço (16). Essas alterações de movimento escapular vêm sendo associadas à

presença de impacto subacromial no ombro (9, 17-19). Os resultados desses dois

estudos reforçam o pressuposto de uma ligação indireta entre postura e patologia.

Dessa forma, baseado na relação entre PO e diversas disfunções do complexo do

ombro, a correção dessa alteração tem sido considerada como um dos objetivos de

tratamento em indivíduos que apresentam sintomas em ombros e/ou coluna cervical

(2,4,20).

Alguns pressupostos clínicos sobre as causas de maus alinhamentos posturais

têm sido utilizados na formulação de programas de tratamento para correção dessas

disfunções (2,4,20,21). Um desses pressupostos, proposto por Kendall et al. (1995),

tenta explicar os maus alinhamentos posturais como resultado de desequilíbrios de

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força ativa entre músculos agonistas e antagonistas que agem sobre uma articulação

(2). Força ativa é entendida como a força provinda das pontes cruzadas formadas entre

a miosina e a actina durante a contração muscular. Segundo os autores, esses

desequilíbrios de força estariam associados a alterações de comprimento muscular,

onde músculos curtos seriam também fortes e músculos longos apresentar-se-iam

fracos (2). Dentro dessa idéia, no caso da existência de um desequilíbrio muscular ao

redor de uma articulação, a posição das estruturas ósseas seria deslocada na direção

dos músculos fortes e curtos (2).

Na visão de Kendall et al. (1995), uma das causas da PO seria o desequilíbrio de

força entre os músculos protratores da escápula (serrátil anterior, peitoral maior e

peitoral menor), que estariam fortes e curtos, e os músculos retratores da escápula

(rombóides e trapézios) que se apresentariam longos e fracos (2). Esse desequilíbrio

resultaria em um aumento da protração escapular com conseqüente anteriorização do

acrômio. Da mesma forma, aumentos da inclinação anterior ou da rotação medial da

escápula, com conseqüente anteriorização do acrômio, seriam causados por

desequilíbrios de força entre os músculos responsáveis pela inclinação anterior (curtos

e fortes) e os músculos responsáveis pela inclinação posterior (longos e fracos) ou,

entre rotadores mediais (curtos e fortes) e rotadores laterais (longos e fracos),

respectivamente (2,4,22). No entanto, estudos eletromiográficos demonstram que na

postura ortostática relaxada os músculos da cintura escapular encontram-se em silêncio

(23), o que coloca em dúvida se a força muscular ativa é o real fator que influencia a

posição da escápula e do ombro. DiVeta et al. (1990) analisaram a associação entre a

posição escapular e a força ativa dos músculos retratores e protratores escapulares

(24). Os resultados desse estudo demonstraram uma baixa associação entre as

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variáveis estudadas, não suportando a idéia de que a postura de um segmento é

determinada pelo equilíbrio entre as forças musculares ativas que agem sobre o

segmento.

A literatura é escassa em estudos que procuram analisar a eficácia de

programas de intervenção na modificação da postura corporal. Wang et al. (1999)

utilizando-se dos princípios de Kendall et al. (1995), analisaram a influência de um

programa de fortalecimento e alongamento muscular, com seis semanas de duração na

posição escapular de 20 indivíduos assintomáticos que apresentavam PO (25). Todos

os indivíduos realizaram exercícios de fortalecimento por meio do uso de tubos de

resistência elástica para os movimentos de elevação escapular, abdução horizontal do

ombro com retração escapular, abdução do ombro no plano da escápula e rotação

externa do ombro. Os indivíduos também realizaram exercícios de alongamento

muscular para os músculos peitorais. Ao final de seis semanas não foram identificadas

alterações na posição de repouso da escápula, apesar dos indivíduos terem

apresentado um aumento de força nos movimentos treinados (25). Assim, os resultados

desse estudo também não suportam o pressuposto de que a posição de repouso da

escápula seja resultado do equilíbrio de forças musculares ativas.

Uma alternativa para explicar a determinação da posição escapular de repouso é

que esta seja determinada pelo equilíbrio das forças e dos torques passivos gerados

pela gravidade e pelas estruturas que se inserem na escápula (15,26). Forças passivas

são todas as forças não provindas da contração muscular que atuam sobre um

segmento corporal. Dentre essas forças passivas encontram-se a gravidade e a

resistência elástica oferecida por músculos, cápsulas e ligamentos. O silêncio

eletromiográfico da musculatura escapular na postura ortostática relaxada e a ausência

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de associação entre força ativa muscular e posição da escápula reforçam essa idéia

(23,24,26). A posição de repouso da escápula seria, então, o ponto onde o somatório

das forças passivas que atuam sobre a escápula nos diversos planos e o somatório dos

torques produzidos por essas forças nos diversos eixos seriam iguais à zero,

alcançando o equilíbrio estático. Essa explicação é uma adaptação da hipótese do

Ponto de Equilíbrio para situações de manutenção da postura estática relaxada (27),

uma vez que essa hipótese foi originalmente desenvolvida por Bizzi et al. (1992) e

Feldman (1996) para o estudo do controle motor (28,29). Utilizando a hipótese do ponto

de equilíbrio como um modelo, as alterações na posição da escápula e ombro não

seriam causadas por desequilíbrios de força ativa dos músculos que se inserem na

escápula, mas por um desequilíbrio entre as forças e torques passivos que agem sobre

ela (27). Uma intervenção que vise modificar a posição de repouso escapular deve

buscar alterar as forças e torques passivos das estruturas que se inserem na escápula,

modificando o ponto de equilíbrio estático da escápula no tórax.

As forças e torques passivos que atuam na escápula e que necessitam estar

equilibrados para alcançar-se o equilíbrio estático provêm do efeito da gravidade sobre

a massa da escápula e dos membros superiores, e da resistência elástica oferecida

pelos músculos escapulares (principalmente os toracoescapulares), pelos ligamentos e

pela cápsula articular do ombro (22). A gravidade atua tanto direta quanto indiretamente

na escápula desafiando a sua posição estática. A ação direta da gravidade se dá sobre

o centro de massa da escápula, em um vetor vertical para baixo, em direção ao centro

da terra (5). A gravidade atua também sobre a massa dos membros superiores gerando

indiretamente torque sobre a escápula por meio da cápsula do ombro (22). Os

músculos (mesmo sem apresentarem força ativa) e as estruturas conectivas (como

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ligamentos e cápsula) oferecem resistência elástica à deformação tênsil (30). Essa

resistência elástica tem direção oposta à direção da força de deformação (30,31).

Portanto, quando a escápula é deslocada em um sentido que tensiona alguma dessas

estruturas, uma força elástica provinda da estrutura deformada tenderá a trazer a

escápula de volta à posição inicial. Quanto maior a deformação de uma dessas

estruturas, maior a força elástica produzida por ela (31,32). No ponto de equilíbrio

escapular todas as forças citadas e os torques gerados por elas se anulam.

Entre essas forças passivas, as mais susceptíveis a intervenções são as forças

elásticas musculares. A força elástica que um músculo toracoescapular em repouso

oferece em uma determinada posição da escápula depende de sua rigidez passiva e de

seu comprimento (27,32). A rigidez muscular passiva é definida como a taxa de

mudança na força elástica oferecida pelo músculo para cada unidade de aumento no

seu comprimento (32,33). Quanto maior a rigidez passiva de um músculo, mais força

elástica vai gerar para um mesmo comprimento. As estruturas responsáveis pela rigidez

passiva muscular são as proteínas que constituem o tecido muscular (ex. titina,

desmina), as estruturas conectivas que englobam a massa muscular (endomísio,

perimísio e epimísio) e o tendão (32) Portanto, o grau de trofismo muscular e a

concentração de tecido conectivo influenciam a rigidez passiva muscular (34). Por

exemplo, músculos rombóides hipertrofiados apresentarão maior força elástica de

adução escapular do que músculos rombóides hipotrofiados considerando uma mesma

posição articular da escápula.

O comprimento muscular de repouso também interfere na força elástica

oferecida por um músculo, pois ele determina a posição articular onde o músculo vai

começar a oferecer resistência elástica à deformação (32,35,36). Músculos curtos

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começam a oferecer resistência elástica à deformação em um comprimento menor do

que músculos longos (32,35,36). Portanto, para músculos de mesma rigidez, o músculo

mais curto começa a apresentar resistência elástica contra a deformação mais cedo do

que um músculo mais longo (32). Por exemplo, um músculo peitoral menor de

comprimento reduzido oferecerá maior torque elástico na direção de uma inclinação

anterior escapular do que um músculo peitoral menor de comprimento normal em uma

mesma posição articular da escápula. Esse comprimento de repouso do músculo é

dependente do seu número de sarcômeros em série e do comprimento de seu tendão

ou aponeurose (32). Quanto maior o número de sarcômeros em série maior o

comprimento inicial muscular e, portanto, maior será a deformação necessária para que

o músculo comece a apresentar resistência elástica à deformação (32,37).

O aumento de rigidez passiva de um músculo pode ser obtido por meio de

treinos de hipertrofia muscular (38,39). O aumento na massa muscular aumenta a

concentração das proteínas intramusculares capazes de resistir às forças de tensão,

além de aumentar a tensão no tecido conectivo que engloba a massa muscular (34,38).

Esse aumento de rigidez passiva contribui, então, para a modificação da posição

articular de repouso na direção do músculo hipertrofiado (27). Ocarino (2004) observou

uma modificação na posição de repouso do cotovelo, na direção de uma maior flexão,

em indivíduos saudáveis que realizaram um treino de hipertrofia muscular para os

flexores de cotovelo na amplitude completa do movimento. Esses indivíduos também

apresentaram uma maior rigidez passiva de flexores de cotovelo ao final do estudo,

demonstrando a relação entre rigidez muscular passiva e postura articular de repouso

(27).

Page 22: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 22 -

O aumento ou diminuição de comprimento muscular pode ser obtido pela

alteração do seu número de sarcômeros em série. Por sua vez, a alteração do número

de sarcômeros em série do músculo modifica a sua curva comprimento-tensão ativa

(4,36,37,40,41). Músculos que apresentam comprimento de repouso aumentado devido

à adição de sarcômeros em série têm sua curva comprimento-tensão ativa deslocada

para a direita. Ou seja, esses músculos são capazes de gerar mais força na posição

alongada, porém se apresentam fracos na posição encurtada (4,36,37,41). Músculos

com comprimento de repouso reduzido se apresentam de maneira inversa, fortes na

posição encurtada e fracos na posição alongada. Isso se deve ao fato que a redução do

número de sarcômeros em série do músculo desvia sua curva comprimento-tensão

ativa para a esquerda (4,36,37,41). Uma possibilidade para explicar essas alterações é

que o número de sarcômeros em série do músculo é modificado de forma que ele

apresente maior grau de força no comprimento onde é mais utilizado (40-42). Dessa

forma, treinos de hipertrofia em comprimentos específicos do músculo podem ser

capazes de alterar o seu número de sarcômeros em série e conseqüentemente seu

comprimento de repouso (27,43).

Ocarino (2004) submeteu indivíduos saudáveis a um treino hipertrofia muscular

para o bíceps braquial apenas nas amplitudes finais de movimento, ou seja, na

amplitude onde o músculo encontrava-se encurtado. Ao final do estudo, esse grupo de

indivíduos apresentava uma posição de repouso de cotovelo mais flexionada, mesmo

sem que os músculos treinados apresentassem aumento de rigidez passiva (27). Esse

resultado indica uma provável diminuição do comprimento muscular do bíceps braquial

por redução do número de sarcômeros em série, resultando em uma modificação do

ponto de equilíbrio da articulação e, conseqüentemente, em uma alteração da postura

Page 23: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 23 -

de repouso do cotovelo (27). Portanto, a alteração do comprimento muscular também

pode contribuir para a modificação da posição articular de repouso (27).

O aumento do comprimento muscular também pode ser uma estratégia válida

para a modificação da posição de uma articulação (43). Esse aumento do comprimento

é resultado da adição de sarcômeros em série do músculo. Essa adição de sarcômeros

em série pode ser conseguida por meio de um treino de hipertrofia muscular realizado

na amplitude inicial de movimento, ou seja, a amplitude na qual o músculo se encontra

em posição alongada (43). Aquino (2005) realizou um treino de hipertrofia na posição

alongada dos músculos isquiotibiais de indivíduos saudáveis e demonstrou que os

ângulos de pico de torque desses músculos foram deslocados para uma posição de

maior alongamento muscular (43). Esse achado indica uma provável adição do número

de sarcômeros em série dos músculos submetidos à intervenção, com conseqüente

aumento do comprimento muscular (43). Deste modo, treinos de hipertrofia muscular

para aumento de rigidez passiva, para diminuição de comprimento muscular ou para

aumento de comprimento muscular, podem ser combinados de forma que os seus

efeitos na alteração das forças elásticas musculares modifiquem a posição de repouso

de uma articulação de uma maneira intencional e planejada.

De acordo com o modelo do ponto de equilíbrio, a alteração da posição de

repouso da escápula pode ser obtida por meio de modificações na rigidez e no

comprimento dos músculos que se inserem nela. Uma PO resultante do aumento do

grau de inclinação anterior da escápula pode, por exemplo, ser causada por aumento

de rigidez passiva e/ou diminuição de comprimento da musculatura responsável pela

inclinação anterior da escápula (peitoral menor), e por uma diminuição da rigidez e/ou

aumento do comprimento da musculatura responsável pela inclinação posterior

Page 24: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 24 -

(digitações inferiores do serrátil anterior). Nesse caso, a intervenção para diminuir a

inclinação anterior da escápula pode ser focada no aumento de rigidez e/ou diminuição

do comprimento do músculo serrátil anterior (SA), e no aumento do comprimento do

músculo peitoral menor (PM). Por outro lado, uma PO resultante do aumento da rotação

medial da escápula, provavelmente, necessitaria de uma intervenção para aumentar a

rigidez e/ou diminuir o comprimento da musculatura rotadora lateral e para aumentar o

comprimento da musculatura rotadora medial da escápula. No caso de uma PO

decorrente do aumento de translação lateral escapular, a intervenção deve buscar

aumentar a rigidez e/ou diminuir o comprimento da musculatura retratora da escápula e

aumentar o comprimento da musculatura protratora da escápula. Dessa forma, a

existência de um programa de intervenção que seja adequado para todas as pessoas

que apresentam PO é improvável. Cada indivíduo necessitaria de um programa de

intervenção específico para modificar a rigidez e o comprimento dos músculos capazes

de influenciar a posição escapular.

Baseado na contribuição das propriedades passivas musculares para a

manutenção da postura de escápulas e ombros, o objetivo desse estudo foi analisar a

eficácia de um programa intervenção de 12 semanas de duração que visa modificar a

PO de indivíduos assintomáticos, pela alteração das forças passivas dos músculos

toracoescapulares (MTE). Esse programa foi baseado na utilização de treinos de

hipertrofia para alterar a rigidez e/ou o comprimento muscular. O desenho metodológico

proposto para atingir esses objetivos foi uma série de estudos experimentais de caso

único, de forma a considerar a variabilidade intra e inter-indivíduo na formulação e na

análise da eficácia do programa de intervenção (44,45). Esse tipo de estudo também

favorece o acompanhamento das mudanças ao longo do tempo, permitindo definir

Page 25: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 25 -

quando e como elas acontecem (46). O estudo também foi realizado com programas de

intervenção individualizados e personalizados, determinados por meio de uma

avaliação que visou identificar as alterações de rigidez e comprimento dos MTE que

contribuem para a PO em cada indivíduo.

Page 26: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 26 -

2 – HIPÓTESES

Page 27: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

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H1: O programa de intervenção, constituído de treinos de hipertrofia muscular

realizados em comprimentos específicos dos MTE, reduzirá a PO dos indivíduos do

estudo.

H2: As alterações de postura do ombro dos indivíduos iniciarão após seis semanas de

intervenção, que é o tempo mínimo para ocorrência de adaptações musculares (fase B

do estudo).

Page 28: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 28 -

3 – METODOLOGIA

Page 29: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 29 -

O desenho metodológico utilizado neste estudo foi uma série de quatro estudos

experimentais de caso único, A-B com a presença de uma fase intermediária. Cada

uma das três fases teve uma duração de seis semanas. Durante a fase A, os indivíduos

participantes do estudo não receberam intervenção, sendo esse o período de baseline.

Após as primeiras seis semanas, os participantes começaram a ser submetidos a um

programa de intervenção para alteração da postura de escápula e ombro. O início da

intervenção marcou o começo da fase intermediária. Essa fase foi considerada

intermediária porque apesar da intervenção já estar sendo aplicada, não era esperada

alteração de postura nesse período, pois ainda não haveria tempo suficiente de

intervenção para adaptações estruturais dos músculos treinados ocorrerem (47). A fase

B foi a última e nessa fase era esperado que modificações posturais resultantes de

adaptações de rigidez e comprimento musculares ocorressem (47). Assim, os

indivíduos participantes do estudo foram acompanhados por 18 semanas no total.

3.1 Participantes

Quatro indivíduos assintomáticos foram selecionados para esse estudo. Os

indivíduos foram recrutados por meio de cartazes afixados na Universidade Federal de

Minas Gerais (UFMG) ou por meio de comunicação verbal. Os critérios de inclusão

foram a presença de protrusão de ombros, a ausência de sintomas dolorosos, de

sintomas de origem neural ou de sintomas de origem vascular nos membros superiores

ou na coluna cervical, e a não realização de esportes, exercícios de força ou

Page 30: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 30 -

alongamento para membros superiores nos últimos dois meses antes do estudo. O

indivíduo foi considerado como tendo protrusão de ombro, em uma análise no plano

sagital da sua postura ortostática de repouso, quando o ângulo posterior do acrômio se

apresentou anterior a um fio de prumo que foi alinhado com o maléolo lateral do

indivíduo (3). Griegel-Morris et al. (1992) consideram que se o ângulo posterior do

acrômio está anterior ao fio de prumo, o indivíduo apresenta uma protrusão de ombro

moderada (3). Os critérios de exclusão foram o aparecimento de sintomas dolorosos,

sintomas de origem neural ou de origem vascular em algum dos membros superiores, o

início de atividades esportivas ou da realização de exercícios de força ou alongamento

para membros superiores, a falta à duas sessões de tratamento consecutivas, e a não

realização das medidas de posição escapular por mais de uma vez em uma mesma

fase do estudo. Antes do início do estudo todos os indivíduos foram informados a

respeito da natureza da pesquisa e assinaram um termo de consentimento.

3.1.1 Indivíduo 1

O indivíduo 1 era do sexo feminino, tinha 21 anos, pesava 59 kg, media 1,74 m,

e seu membro superior dominante era o direito (D). Esse indivíduo era estudante do 6°

período do curso de fisioterapia da instituição onde o estudo foi realizado e realizava

estágio extracurricular em clínica de fisioterapia cinco dias por semana no período da

noite.

Page 31: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 31 -

3.1.2 Indivíduo 2

O indivíduo 2 era do sexo feminino, tinha 24 anos, pesava 61 kg, media 1,68 m,

e seu membro superior dominante era o D. Esse indivíduo era estudante do 9° período

do curso de fisioterapia da instituição onde o estudo foi realizado, participando de

estágio curricular em fisioterapia durante cinco dias por semana no período da manhã.

3.1.3 Indivíduo 3

O indivíduo 3 era do sexo feminino, tinha 26 anos, pesava 68 kg, media 1,68 m,

e seu membro superior dominante era o D. Esse indivíduo era fisioterapeuta e aluno de

mestrado, realizando suas atividades referentes ao seu mestrado durante o dia e

atendimentos de pacientes domiciliares durante a noite.

3.1.3 Indivíduo 4

O indivíduo 4 era do sexo feminino, tinha 22 anos, pesava 58 kg, media 1,65 m,

e seu membro superior dominante era o D. Esse indivíduo era estudante do 9° período

Page 32: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 32 -

do curso de fisioterapia da instituição onde o estudo foi realizado, participando de

estágio curricular em fisioterapia durante cinco dias por semana no período da manhã.

3.2 Instrumentação

3.2.1 Sistema de Análise de Movimento

Os dados cinemáticos da postura da cintura escapular foram obtidos por meio do

sistema de captura de movimento ProReflex (Qualisys Medical AB, Suécia). O sistema

ProReflex é composto por quatro câmeras compostas de um conjunto de emissores de

luz infravermelha em torno de sua lente. A luz infravermelha projetada de cada câmera

é refletida por marcadores passivos esféricos aderidos a pontos específicos do corpo

dos indivíduos. Essa luz infravermelha refletida é captada pelas mesmas câmeras que a

emitiram inicialmente. Os dados captados foram processados pelo software de

aquisição Qualisys Track Manager 1.6.0.x – QTM que calcula a posição de cada marca

em duas dimensões. Através da combinação das posições das marcas obtidas por pelo

menos duas das quatro câmeras, as coordenadas de cada marca são reconstruídas em

três dimensões por procedimentos de fotogrametria (48). O sistema utilizou um

computador com processador Pentium 4®, com 1GB de memória RAM e uma interface

de plataforma Windows XP Professional®.

Page 33: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 33 -

O processo de calibração foi realizado através do posicionamento na passarela

de uma estrutura metálica em forma de L, com três marcas afixadas no eixo X e duas

marcas no eixo Y. As coordenadas de referência global são determinadas pela leitura

das marcas sobre a estrutura metálica definindo o eixo X como o médio-lateral, o Y

como ântero-posterior e Z como o proximal-distal. Em seguida, é feita a varredura da

área de coleta com uma haste em forma de “T” que contém duas marcas localizadas

em seus extremos distanciadas por 300,1 mm. A varredura foi realizada por 30

segundos, de acordo com as instruções do manual do sistema de análise de

movimento. Os dados foram capturados em uma freqüência de 120 Hz.

3.2.2 Sistema de Eletromiografia (EMG)

Um eletromiógrafo (MP150WSW - Biopac Systems®, Goleta, CA, EUA) ligado a

um microcomputador, foi utilizado neste estudo, durante as medidas de postura,

visando monitorar, por meio de um sinal elétrico, o silêncio eletromiográfico em oito

músculos que envolvem o complexo do ombro. Esse aparelho tem capacidade para

detectar freqüências de coleta de até 200 kHz, com impedância de entrada de 2 MΩ e

com capacidade de rejeição do modo comum de 1000 MΩ. O aparelho eletromiógrafo

foi conectado a um computador Athlon® xp/700x, com 256 MB RAM e sistema

operacional Windows 98®, com o programa de análise de sinal eletromiográfico

Acknowledge® versão 3.72 (Biopac System®, Goleta, CA, EUA).

Page 34: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 34 -

Oito canais de eletrodos ativos foram utilizados na coleta de dados, cada um

deles com duas superfícies de detecção (i.e., configuração bipolar) e um circuito

eletrônico associado. Além disso, um eletrodo passivo (prata/cloreto de prata)

conectado a um amplificador foi utilizado como eletrodo terra. A função da utilização

deste eletrodo de referência é excluir os ruídos, ou seja, os sinais não provenientes de

contração muscular.

3.3 Variáveis Dependentes

As variáveis dependentes desse estudo foram as medidas que determinam à

posição de repouso da escápula e a medida de PO. A posição de repouso da escápula

foi determinada pelas medidas dos ângulos de rotação medial, inclinação anterior e

rotação superior escapulares, associadas às medidas de translação lateral e inferior. A

PO foi medida por meio da distância ântero-posterior, no plano transverso, do processo

espinhoso da sétima vértebra cervical (C7) ao ponto médio da borda lateral do acrômio

(BLA).

Page 35: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 35 -

3.4 Procedimentos

Inicialmente, os indivíduos foram informados de todos os procedimentos que

seriam realizados durante o estudo. Eles concordaram em participar do estudo e

assinaram termo de consentimento esclarecido (Apêndice). O projeto e o formulário de

consentimento livre e esclarecido foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa

da Universidade Federal de Minas Gerais (Anexo).

3.4.1 Colocação dos Eletrodos de EMG

Eletrodos de superfície foram colocados bilateralmente sobre os músculos

trapézio superior (TS) (paralelo às fibras musculares, ao longo da crista do ombro, na

metade da distância entre C7 e acrômio), retratores de escápula (trapézio médio e

rombóides) (horizontalmente, meio da distância entre a coluna torácica e a borda

medial da escápula, na altura da espinha da escápula), SA (horizontalmente, abaixo da

linha axilar, medial ao grande dorsal, no nível do ângulo inferior da escápula) e peitoral

maior (horizontalmente, na parede do tórax, medial à prega axilar anterior) do indivíduo

(49). Um eletrodo de referência (eletrodo terra) foi colocado sobre a extremidade

esternal da clavícula. Todos os eletrodos foram afixados por meio de fita adesiva dupla

face e esparadrapo anti-alergênico, logo após a limpeza da pele com álcool para

redução da impedância. Esses músculos foram selecionados por poderem estar ativos

Page 36: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 36 -

durante a manutenção da postura ortostática em pessoas que não se apresentam

completamente relaxadas (23).

3.4.2 Captação do Sinal Eletromiográfico de Repouso

Após a colocação dos eletrodos de EMG o indivíduo deitou-se em decúbito

ventral e foi instruído a permanecer relaxado por 3 segundos, enquanto coletou-se os

sinais eletromiográficos dos músculos analisados. Basmajian & DeLuca (1985)

reportam que na posição deitada os músculos encontram-se em silêncio

eletromiográfico, uma vez que nessa posição a ação da gravidade sobre o corpo está

sendo contrabalanceada por restrições passivas (23). Dessa forma, esses sinais

eletromiográficos coletados durante a permanência do indivíduo deitado foram

considerados os sinais de repouso das musculaturas analisadas.

3.4.3 Colocação dos Marcadores Refletores de Luz Infravermelha

Marcadores refletores de luz infravermelha foram afixados pelo primeiro

examinador nas superfícies ósseas de interesse do indivíduo, por meio de fita dupla

face. Essa afixação foi feita com o indivíduo em posição ortostática e a determinação da

localização das superfícies óssea foi feita por meio de palpação. As superfícies ósseas

marcadas foram: processo espinhoso de C7 (C7), processo espinhoso de T7 (T7), raiz

Page 37: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 37 -

medial da espinha da escápula (REE), ângulo inferior da escápula (AIE), ângulo

posterior do acrômio (APA) e ponto médio da borda lateral do acrômio (BLA). Todas as

proeminências escapulares foram marcadas bilateralmente. A validade da palpação

para determinação da localização de superfícies ósseas na escápula foi determinada

por Lewis et. al (2002) (50). As identificações das superfícies ósseas por meio da

palpação seguiram os procedimentos descritos por Junqueira (2004) e Tixa (2000)

(51,52). A ordem e o procedimento de marcação das superfícies foram os seguintes:

C7 - primeiro o examinador localizou e palpou os processos espinhosos mais

proeminentes da região cérvico-torácica, depois para distinguir entre C7 e o processo

espinhoso da primeira vértebra torácica, o examinador, enquanto palpava os processos

espinhosos, solicitou ao indivíduo a realização dos movimentos de flexo-extensão e

rotação cervical. O processo espinhoso de C7 foi considerado aquele que se

movimentava.

T7 - após o examinador ter localizado C7 o indivíduo flexionou anteriormente o tronco.

Nessa posição, então, o examinador palpou seqüencialmente os processos espinhosos

torácicos contando-os do primeiro até o sétimo. Após a localização de T7 o indivíduo

retornou a posição ereta e o examinador afixou um marcador sobre o processo

espinhoso.

REE - o examinador palpou a espinha da escápula superior e inferiormente e seguiu

medialmente até encontrar uma região aplainada com formato triangular próxima à

borda medial da escápula, onde afixou o marcador.

AIE - o examinador palpou as bordas medial e lateral da escápula e as seguiu

inferiormente até o ponto onde elas se encontram, formando um vértice. Esse vértice foi

marcado como o AIE.

Page 38: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 38 -

APA - o examinador palpou a espinha da escápula e deslizou seus dedos sobre sua

superfície em direção lateral até perceber uma mudança brusca de direção da espinha

da escápula, que passa a se orientar anteriormente, formando com a borda lateral do

acrômio, o ângulo acromial posterior, onde foi afixado o marcador.

BLA - o examinador identificou por palpação o APA e o ângulo anterior do acrômio e

colocou sobre essas superfícies as pontas de um paquímetro, medindo dessa forma o

comprimento da borda lateral do acrômio. O examinador, então, colocou o marcador no

ponto médio da distância entre o APA e o ângulo anterior do acrômio.

Uma haste, com marcadores refletores de luz infravermelha presos às suas

extremidades, foi afixada horizontalmente ao tronco do indivíduo, por meio de uma cinta

elástica. Essa haste foi colocada ao nível do processo espinhoso de T10, de forma que

acompanhava a rotação de tronco do indivíduo. O objetivo desse procedimento foi

possibilitar o alinhamento do tronco do indivíduo ao plano frontal do laboratório,

eliminando a influência da rotação do tronco nas medidas dos ângulos de rotação

medial e de inclinação anterior da escápula. Os dois pontos captados nas extremidades

da haste foram chamados referência1 (R1) e referência2 (R2). Na FIG. 1 está

demonstrado o posicionamento dos marcadores refletores de luz infravermelha e dos

eletrodos de EMG nos voluntários.

Page 39: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 39 -

FIGURA 1: Posicionamento dos marcadores visuais e dos eletrodos de EMG (vista posterior)

3.4.4 Captação dos Dados Posturais

Com os marcadores refletores de luz infravermelha colocados sobre as

superfícies ósseas, o indivíduo foi instruído a permanecer de pé sobre uma folha de

papel afixada ao chão, olhando para frente com os braços ao lado do corpo e mantendo

sua postura relaxada. A posição dos seus pés foi, então, marcada de forma que a cada

repetição da medida, nos diferentes dias, o indivíduo pisou sobre essa mesma folha,

com os pés posicionados da mesma forma. Em seguida, o indivíduo foi solicitado a

interromper a respiração ao final da expiração e a estender o segundo dedo da mão

direita para informar o momento em que a respiração foi interrompida. Nesse instante,

os dados cinemáticos foram captados por quatro câmeras do sistema de análise de

Page 40: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 40 -

movimento. Duas câmeras foram posicionadas lateralmente ao indivíduo e outras duas

póstero-lateralmente, em um ângulo de 45°, convergindo para às costas do indivíduo. A

duração da coleta foi de três segundos, em uma freqüência de coleta de 120 Hz,

totalizando uma coleta de 360 quadros. Uma vez que a freqüência máxima de oscilação

postural do corpo é de 1,5 Hz (53), o período de coleta de três segundos foi escolhido

para se captar a posição escapular durante dois ciclos completos de oscilação do

corpo. Esse procedimento visou minimizar as variações na posição escapular

resultantes da oscilação do corpo. Três períodos de captação foram realizados com

cada indivíduo, para minimizar, também, as variações decorrentes de pequenas

mudanças na postura que poderiam ocorrer com a manutenção da postura ortostática.

Durante o período de captação o sinal de EMG de cada um dos músculos foi

coletado concomitantemente. Com o propósito de confirmar se esses músculos se

mantiveram em repouso durante a mensuração, cada 300 ms do sinal de EMG de cada

músculo na posição ortostática foi comparado, por meio de um programa de

computador desenvolvido em MATLAB®, aos sinais de EMG coletados na posição

deitada. Durante coletas de postura o silêncio eletromiográfico foi caracterizado por

níveis de ativação muscular de no máximo dois desvios padrões acima da média (54).

Assim, o programa descartou o silêncio eletromiográfico sempre que a média de um

dos 300 ms de coleta de sinais de EMG na posição ortostática foi maior que a média

mais dois desvios padrões do tempo total de coleta dos sinais de EMG em decúbito

ventral. Nessa situação, o indivíduo foi novamente instruído a relaxar e a mensuração

repetida.

Page 41: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 41 -

Após três mensurações consideradas válidas, os três arquivos contendo as

coordenadas cartesianas tridimensionais dos pontos marcados foram exportados para

um programa de análise da posição escapular desenvolvido em MATLAB® e os

marcadores refletores de luz infravermelha foram retirados.

Os indivíduos foram submetidos semanalmente a esse procedimento por 18

semanas, pelo mesmo examinador.

3.5 Redução dos Dados

Um programa de computador desenvolvido em MATLAB® analisou os dados

exportados do sistema de análise de movimento. Primeiramente, o ponto central

(centróide) da escápula foi determinado tirando-se a média dos componentes x, y, z dos

pontos APA, REE e AIE. Posteriormente, as cinco variáveis descrevendo a posição e

orientação escapular e a variável descrevendo o grau de protrusão de ombro foram

calculadas da seguinte forma:

• Ângulo de inclinação anterior da escápula: O ângulo no plano sagital formado

entre a coluna (reta passando por C7 e T7) e uma reta que passa pelo centróide

da escápula e pelo APA (FIG. 2).

• Distância de translação lateral da escápula: A distância horizontal entre C7 e o

centróide da escápula (FIG. 3).

Page 42: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 42 -

• Distância de translação inferior da escápula: A distância vertical entre C7 e o

centróide da escápula (FIG. 3).

• Ângulo de rotação superior da escápula: O ângulo no plano frontal formado entre

a coluna (reta que passa por C7 e T7) e a borda medial da escápula (reta que

passa pela REE e pelo AIE) (FIG. 3).

• Ângulo de rotação medial da escápula: O ângulo entre a reta que passa pelos

marcadores R1 eR2 e uma reta que passa pela REE e pelo APA (FIG. 4).

• Medida de PO: a distância ântero-posterior entre C7 e BLA, no plano transverso

(FIG. 5).

FIGURA 2: Ângulo de inclinação anterior da escápula

ÂIA: Ângulo de inclinação anterior da escápula

C7: processo espinhoso da sétima vértebra cervical;

T7: processo espinhoso da sétima vértebra torácica;

APA: ângulo posterior do acrômio;

centróide: centróide dos pontos digitalizados da escápula.

FONTE: Anjos, 2006 (7)

Page 43: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 43 -

FIGURA 3: Distância de translação lateral da escápula, distância de translação inferior da

escápula e ângulo de rotação superior da escápula

DTL: distância de translação lateral;

DTI: distância de translação inferior;

ÂRS: ângulo de rotação superior;

C7: processo espinhoso da sétima vértebra cervical;

T7: processo espinhoso da sétima vértebra torácica;

APA: ângulo posterior do acrômio;

AIE: ângulo inferior da escápula;

REE: raiz medial da espinha da escápula

FONTE: Anjos, 2006 (7)

FIGURA 4: Ângulo de rotação medial da escápula

 RM: Ângulo de rotação medial da escápula;

REE: raiz medial da espinha da escápula;

APA: ângulo posterior do acrômio;

R1: referência 1;

R2: referência 2.

FONTE: Anjos, 2006 (7)

Page 44: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 44 -

FIGURA 5: Medida de PO

MPO: medida de protrusão de ombro;

BLA: ponto médio da superfície lateral do acrômio;

C7: processo espinhoso da sétima vértebra cervical;

R1: referência 1;

R2: referência 2.

FONTE: Adaptado de Anjos, 2006 (7)

Cada valor de posição escapular, em cada medida realizada, refletiu a média dos

valores obtidos nos 360 quadros captados, minimizando-se dessa forma as variações

provindas da oscilação do corpo. As médias obtidas entre os três períodos de captação,

para cada posição escapular, foram utilizadas na análise estatística. Um estudo piloto

(n=10) foi realizado para se determinar a confiabilidade intra-examinador do

procedimento de mensuração de posição escapular de repouso, com um intervalo de

sete dias entre as medidas. Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI) foi aplicado

para se determinar a confiabilidade. Os resultados demonstraram uma alta

confiabilidade para a medida de PO (CCI=0.92) e para as medidas da distância de

translação lateral (CCI=0.98), distância de translação inferior (CCI=0.91) e ângulo de

inclinação anterior (CCI=0.94) da escápula, uma boa confiabilidade para a medida de

rotação medial da escápula (CCI=0.87), e uma confiabilidade moderada para a medida

de rotação superior (CCI=0.77).

Page 45: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 45 -

3.6 Variável independente

A variável independente do estudo foi um programa de intervenção para

modificação da posição de repouso escapular e da PO. O programa de intervenção

consistiu em treinos de hipertrofia muscular para alterar a rigidez e o comprimento dos

MTE dos indivíduos de forma planejada e intencional. O programa foi individualizado e

personalizado. Cada indivíduo foi submetido a treinos de hipertrofia muscular,

específicos para alterar a rigidez e/ou comprimento dos MTE que necessitavam de

adaptações, para a conseqüente correção da posição de repouso da escápula e da PO.

A determinação dos músculos que necessitavam de intervenções para aumento da

rigidez e/ou para aumento do comprimento e/ou para diminuição do comprimento, em

cada indivíduo, foi feita a partir de uma avaliação clínica de rigidez e comprimento dos

músculos que influenciam na posição da escápula.

3.6.1 Avaliação de Rigidez e Comprimento Muscular

A avaliação da rigidez e do comprimento muscular, devido a limitações

metodológicas, foi feita de forma indireta, por meio da avaliação da força muscular. A

força muscular ativa é proporcional ao grau de trofismo do músculo que, por sua vez,

está associado à rigidez muscular (34). Portanto, quando um músculo perde trofismo,

ele perde rigidez e também se apresenta com baixo grau de força ativa em qualquer

Page 46: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 46 -

ponto da amplitude de movimento (4). O comprimento muscular também influencia no

grau de força ativa que um músculo é capaz de gerar em uma determinada amplitude.

Músculos com comprimento de repouso diminuído, mas com bom trofismo, apresentam

fraqueza apenas na posição em que se encontram alongados (4,36,37). Por outro lado,

músculos com comprimento de repouso aumentado e com bom trofismo apresentam

fraqueza apenas na posição em que se encontram encurtados (4,36,37). Dessa forma,

músculos com comprimento de repouso alterado e sem diminuição do trofismo

apresentarão fraqueza em regiões específicas da amplitude movimento (4,36,37).

Fundamentando-se nessas informações, testes de força muscular manual

(TFMM) propostos por Kendall et al. (1995) foram modificados de forma a serem

aplicados tanto na posição em que o músculo se encontrava encurtado quanto na

posição em que o músculo se encontrava alongado. Esses TFMM modificados foram

realizados para cada um dos músculos considerados capazes de influenciar a posição

de repouso da escápula. Esses músculos foram o SA, o trapézio inferior (TI), o TS e os

rombóides (RB). Essa forma de avaliação foi realizada por se aproximar dos tipos de

testes de força realizados nas clínicas de fisioterapia, além de ser passível de

replicação em qualquer ambiente de intervenção terapêutico. Todos os testes foram

realizados por um segundo examinador.

O TFMM para o SA em sua posição encurtada foi realizado com o indivíduo na

posição de pé com o membro inferior contralateral um pouco a frente do corpo, de

forma a se aumentar a estabilidade da posição ortostática. O membro superior a ser

testado foi posicionado passivamente pelo examinador em 150° de flexão de ombro e

com máxima abdução de escápula (FIG. 6). Essa posição foi escolhida por proporcionar

um alto grau de encurtamento do SA. O indivíduo foi instruído a manter a posição do

Page 47: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 47 -

teste, enquanto o examinador, segurando no punho do sujeito, realizou uma força na

direção do eixo longitudinal do membro superior no sentido de tentar produzir uma

adução escapular. O examinador observou a escápula durante a aplicação da força

verificando se o sujeito apresentava sinais de fraqueza muscular. Os sinais

considerados de fraqueza nesse teste foram adução, rotação medial (afastamento da

borda medial da escápula do gradil costal) e/ou inclinação anterior (afastamento do AIE

do gradil costal) da escápula.

O TFMM para o SA em sua posição alongada foi realizado com o indivíduo na

mesma posição corporal do teste anterior, com modificação apenas na posição do

membro superior a ser testado. Nesse teste, o membro superior foi posicionado

passivamente pelo examinador em 90° de flexão de ombro e com máxima adução de

escápula (FIG. 6). A realização da força pelo examinador, as instruções ao indivíduo e

os sinais de fraqueza foram os mesmos do teste para SA encurtado.

O TFMM do TI em sua posição encurtada foi realizado com o indivíduo em

decúbito ventral com o membro superior a ser testado fora da maca. O membro

superior do sujeito foi posicionado passivamente pelo examinador em 140° de abdução

de ombro e com a escápula maximamente aduzida e deprimida no sentido das fibras do

TI (FIG. 6). Essa posição foi escolhida por produzir um alto grau de encurtamento do TI.

O indivíduo foi instruído a manter a posição do teste, enquanto o examinador,

segurando na região lateral da espinha da escápula do indivíduo, realizou uma força na

direção do eixo longitudinal do membro superior tentando produzir um movimento de

abdução e elevação escapular associadas. O examinador observou a escápula durante

a aplicação da força verificando se o sujeito apresentava sinais de fraqueza muscular.

Page 48: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 48 -

Os sinais considerados de fraqueza nesse teste foram abdução e/ou elevação da

escápula.

O TFMM do TI em sua posição alongada foi realizado com o indivíduo em

decúbito ventral. O indivíduo deitou-se na beirada lateral da maca de forma a deixar a

escápula do lado de fora da maca. O membro superior do sujeito foi posicionado

passivamente pelo examinador em extensão e rotação medial de ombro, em 90° flexão

de cotovelo e com a escápula rodada inferiormente e abduzida. Garantia-se também

que a mão do membro superior a ser testado não estivesse apoiada sobre o corpo do

indivíduo. O indivíduo foi orientado a trazer a sua escápula levemente na direção de

adução com depressão, de modo a requisitar uma contração do TI (FIG. 6). A

manutenção dessa posição foi escolhida por requerer a contração do TI em uma

posição de alongamento. O sujeito foi instruído a manter a posição do teste, enquanto o

examinador, segurando na região lateral da espinha da escápula do sujeito, realizou

uma força tentando produzir um movimento de abdução e elevação escapular

associadas. Os sinais considerados de fraqueza nesse teste foram os mesmos do teste

do TI encurtado.

O TFMM do TS em sua posição encurtada foi realizado com o indivíduo sentado.

A escápula do indivíduo foi posicionada passivamente pelo examinador em elevação e

a coluna cervical foi posicionada também passivamente pelo examinador em rotação

para o lado oposto a ser testado e extensão. O indivíduo foi instruído a manter a

posição do teste, enquanto o examinador, com uma mão sobre o acrômio e outra mão

na região occipital da cabeça, realizou força para depressão de escápula e flexão

cervical (FIG. 6). O examinador observou a escápula e a coluna cervical durante a

aplicação da força, verificando se o sujeito apresentava sinais de fraqueza muscular.

Page 49: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 49 -

Os sinais considerados de fraqueza nesse teste foram depressão da escápula e/ou

flexão cervical. O TFMM do TS foi realizado apenas em sua posição encurtada devido à

impossibilidade de priorizar a ação desse músculo em relação à ação de outros

músculos cervicais e escapulares na sua posição de alongamento.

O TFMM dos RB em sua posição encurtada foi realizado com o indivíduo em

decúbito ventral. O membro superior do indivíduo foi posicionado passivamente pelo

examinador em extensão, adução e rotação medial de ombro, em 90° flexão de

cotovelo e com a escápula maximamente aduzida e rodada inferiormente, de forma a

elevar a escápula da maca. Garantia-se também que a mão do membro superior a ser

testado não estivesse apoiada sobre o corpo do sujeito (FIG. 6). Essa posição foi

escolhida por produzir um alto grau de encurtamento dos RB. O indivíduo foi instruído a

manter a posição do teste, enquanto o examinador, segurando com uma das mãos na

região axilar e com a outra sobre a região lateral da EE, realizou, ao mesmo tempo,

uma força de rotação superior da escápula com a mão posicionada na axila e uma força

de abdução da escápula com a mão posicionada na EE. O examinador observou a

escápula durante a aplicação da força verificando se o sujeito apresentava sinais de

fraqueza muscular. Os sinais considerados de fraqueza nesse teste foram abdução

e/ou rotação superior da escápula.

O TFMM dos RB em sua posição alongada foi realizado indiretamente por meio

da ação da força de contração do redondo maior na escápula. O indivíduo foi

posicionado em decúbito ventral com o membro superior a ser testado fora da maca. O

membro superior do indivíduo foi posicionado passivamente pelo examinador em 100°

flexão de ombro com leve abdução horizontal e com a escápula abduzida e rodada

superiormente (FIG. 6). Essa posição foi escolhida por requerer uma contração dos RB

Page 50: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 50 -

em uma posição de alongamento. O indivíduo foi instruído a manter a posição do teste,

enquanto o examinador, segurando na região distal do úmero do indivíduo, realizou

uma força na direção de flexão e adução horizontal do ombro. Para a manutenção da

posição do teste contra força do examinador, o indivíduo teve que realizar uma força de

extensão e abdução horizontal de ombro, realizando força com o músculo redondo

maior. Esse músculo, por sua vez, aplica força, em sua inserção proximal, para

abdução e rotação superior da escápula (5). Uma vez que o úmero manteve-se imóvel

a força do músculo redondo maior foi em grande parte direcionada para movimentar a

escápula. Portanto, para a escápula manter sua posição foi necessário à contração dos

RB para cancelarem a força de abdução e rotação superior aplicada sobre a escápula

(5). Os sinais considerados de fraqueza nesse teste foram os mesmos do teste para RB

encurtados.

O examinador realizou a força contra o indivíduo durante dez segundos em todos

os testes de força. Além disso, todos os testes foram realizados três vezes consecutivas

para cada músculo, com intervalo de um minuto entre as repetições. Um músculo foi

considerado fraco clinicamente quando não foi capaz de manter a posição articular do

teste contra a resistência externa manual aplicada pelo examinador durante os dez

segundos, na segunda ou na terceira repetição, uma vez que a primeira repetição foi

realizada como aprendizagem.

Page 51: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 51 -

a) b)

c) d)

e)

f) g)

FIGURA 6: Testes de força muscular manual modificados. a) SA encurtado; b) SA alongado; c) TI encurtado; d) TI alongado;

e) TS encurtado; f) RB encurtado; g) RB alongado.

A partir dos resultados dos TFMM, um sistema foi desenvolvido para classificar

os músculos em uma das quatro categorias: músculo normal, músculo hipotrofiado,

Page 52: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 52 -

músculo longo e músculo curto. O músculo que foi capaz de manter a posição articular

do teste contra a resistência manual aplicada pelo examinador por dez segundos, em

todas as repetições, tanto na posição encurtada como alongada foi classificado como

normal. O músculo que se apresentou fraco no teste muscular manual, tanto na sua

posição encurtada quanto na sua posição alongada, foi classificado como músculo

hipotrofiado e, portanto, de baixa rigidez. O músculo que se apresentou com força

normal na posição alongada, mas se apresentou fraco quando encurtado foi

classificado como músculo longo. O músculo que se apresentou com força normal no

teste muscular manual em posição de encurtamento, mas se apresentou fraco na

posição de alongamento foi como músculo curto.

Um estudo piloto (n=16) foi realizado para determinar a confiabilidade intra-

examinador do procedimento de classificação muscular descrito acima. A estatística

Kappa foi aplicada para se determinar essa confiabilidade. Valores de Kappa menores

que 0,40 foram considerados ruins, valores entre 0,40 e 0,60 foram considerados

moderados, valores entre 0,60 e 0,80 foram considerados bons e valores acima de 0,80

foram considerados excelentes (55). O procedimento de classificação para o SA

apresentou um valor de Kappa de 0,62, para o TI o valor de Kappa foi de 0,81, para o

TS o valor de Kappa foi de 1,00, e para os RB o valor de Kappa foi de 0,75. Dessa

forma, o procedimento de classificação apresentou um índice de confiabilidade intra-

examinador de bom a excelente para todos os músculos avaliados.

A diminuição do comprimento do músculo PM também é um fator que

potencialmente influencia na posição de repouso da escápula (14). Teste para a

avaliação do comprimento muscular do PM foi realizado, uma vez que ele é passível de

ser submetido a esse tipo de teste, diferentemente dos demais músculos

Page 53: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 53 -

toracoescapulares (2). No teste de comprimento para o PM o sujeito foi posicionado em

decúbito dorsal com os braços ao lado do corpo e com as palmas das mãos voltadas

para o teto. O examinador se posicionou na cabeceira da maca e observou a altura da

borda posterior do acrômio em relação à maca. Teste com resultado positivo para

encurtamento de PM foram aqueles em que a borda posterior do acrômio ficava

completamente elevada da maca. Músculos que apresentaram encurtamento nesse

teste foram classificados como músculos curtos.

FIGURA 7: Posição do teste de comprimento do músculo PM

A confiabilidade desse procedimento de classificação também foi avaliada no

estudo piloto por meio da estatística Kappa. O valor obtido foi de 0,87, demonstrando

uma confiabilidade intra-examinador excelente.

3.6.2 Prescrição dos Exercícios de Intervenção

Os músculos classificados como hipotrofiados, longos ou curtos foram submetidos a

um treino de fortalecimento muscular específico para correção da disfunção observada.

Os músculos classificados como normais não foram submetidos à intervenção.

Page 54: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 54 -

Músculo hipotrofiado: todo músculo que se encaixou nessa classificação foi

submetido a um treino de hipertrofia muscular em amplitude completa de

movimento (27,56). Esse treino visou o aumento do volume muscular e, por

conseqüência, o aumento da rigidez passiva. O programa de treinamento

consistiu na realização, com carga, do movimento que ativa, o mais

especificamente possível, o músculo hipotrofiado. Foram realizadas três séries

de 8 repetições da amplitude completa do movimento, tanto na fase concêntrica

quanto excêntrica. Dois minutos de repouso foram dados entre cada série. Esses

parâmetros são indicados pelo American College of Sports Medicine para

treinamento de hipertrofia muscular (56). A execução cinemática correta do

exercício foi avaliada visualmente pelo examinador (25,57) e a ação do músculo

alvo foi conferida por meio de palpação (25). A avaliação da execução

cinemática teve por objetivo evitar ações compensatórias de outros músculos,

que não o músculo alvo, durante o exercício. Uma vez que não ocorresse

nenhum tipo de compensação, se garantia que o músculo alvo era o principal

responsável pela execução do exercício. A carga do exercício foi dada pela

própria gravidade, por tubos de resistência elástica ou por halteres. A carga

determinada para a realização do exercício foi a maior carga com a qual o

participante conseguiu realizar as três séries de 8 repetições com qualidade no

movimento e com ação do músculo alvo (25). A progressão da carga foi feita

aumentando-se o peso do halter ou a resistência elástica dos tubos, quando o

participante conseguisse realizar duas repetições corretas do movimento, além

do número estabelecido em cada série, em duas sessões de treinamento

consecutivas (27).

Page 55: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 55 -

Músculo longo: todo músculo que foi classificado como longo foi submetido a um

programa de treinamento de hipertrofia apenas na sua posição encurtada. Esse

tipo de treino objetivou a redução do número de sarcômeros em série do

músculo e, consequentemente, a diminuição do seu comprimento (27). O

programa de treinamento consistiu na realização, com carga, do movimento que

ativa, o mais especificamente possível, o músculo longo. Esse movimento foi

realizado de maneira isotônica nos graus finais da amplitude de movimento

(ADM), nos quais o músculo se encontra encurtado (27). Foram realizadas três

séries de 8 repetições, com dois minutos de repouso entre as séries (27). A

execução cinemática correta do exercício foi avaliada visualmente pelo

examinador (25,57) e ação do músculo alvo foi conferida por meio de palpação,

para evitarem-se compensações (25). Os parâmetros de determinação e de

progressão da carga foram os mesmos do exercício anterior. Um indivíduo não

conseguiu realizar corretamente o exercício prescrito para o TI de maneira

isotônica. Nesse caso foi prescrito um exercício isométrico para o fortalecimento

do determinado músculo. Esse exercício foi realizado na amplitude final do

movimento e consistiu em três séries de 10 contrações isométricas máximas de

6 segundos de duração com 30 segundos de repouso entre as repetições (58).

Músculo curto: todo músculo que foi classificado como curto foi submetido a um

treino de hipertrofia apenas na sua posição alongada. Esse tipo de treino

objetivou a adição do número de sarcômeros em série do músculo (43). O

programa de treinamento consistiu na realização, com carga, do movimento que

Page 56: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 56 -

ativa, o mais especificamente possível, o músculo curto. Esse movimento foi

realizado de maneira isotônica apenas nos graus iniciais da ADM, nos quais o

músculo se encontra alongado (43). Foram realizadas três séries de 12

repetições, com dois minutos de repouso entre as séries (43). A execução

cinemática correta do exercício foi avaliada visualmente pelo examinador (25,57)

e ação do músculo alvo foi conferida por meio de palpação para evitarem-se

compensações (25). Os parâmetros de determinação e de progressão da carga

foram os mesmos dos exercícios anteriores.

Os quatro indivíduos compareceram a uma clínica de fisioterapia três vezes por

semana para a realização dos exercícios prescritos sob a supervisão de um

fisioterapeuta (segundo examinador). Com o objetivo de analisar se a adição de

orientações domiciliares ao programa de exercícios promoveria um maior efeito na

modificação da postura de protrusão de ombro, dois dos quatro indivíduos (indivíduos 1

e 2) receberam orientações para a manutenção da postura de ombro correta durante as

suas atividades de vida diária. O indivíduo 1 ainda recebeu orientações para realizar os

exercícios na clínica de fisioterapia onde fazia estágio nos dois dias úteis da semana

em que não comparecia ao tratamento. Os dois indivíduos restantes (voluntários 3 e 4)

não receberam orientações domiciliares e realizaram os exercícios apenas na clínica.

As determinações de quais indivíduos receberiam orientações foi feita por meio de

sorteio.

O exercício para SA na posição encurtada foi realizado com o indivíduo

posicionado em decúbito dorsal com quadris e joelhos flexionados e com as plantas dos

pés apoiadas sobre a maca. O indivíduo mantendo seu ombro a 90° de flexão e o

cotovelo em extensão completa levantava sua mão em direção ao teto, realizando um

Page 57: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 57 -

movimento de “soco anterior”. Esse movimento de “soco anterior” era produzido,

portanto, por uma abdução da escápula. Decker et al. (1999) demonstraram que esse

exercício de “soco anterior” é capaz de produzir uma grande ativação eletromiográfica

do SA. Além disso, esse estudo também demonstrou que o TS não apresenta grande

ativação durante esse movimento (59). O indivíduo realizava esse movimento apenas

nos graus finais da ADM de abdução da escápula. De forma a garantir que o exercício

foi realizado nos graus finais da ADM, ele foi sempre iniciado com a escápula já

levantada da maca. Além disso, o indivíduo foi instruído a levar sua mão o mais alto

possível sem realizar rotação de coluna na fase de subida do movimento e não permitir

que a escápula entrasse em contato com a maca na fase de descida. Assim, foi

considerado que o músculo SA gerava força ativa apenas em posição encurtada.

A carga nesse exercício foi dada pelo peso do membro superior mais o peso de

um halter seguro pelo indivíduo, quando necessário. O peso do membro superior mais

o peso do halter geravam uma força de adução escapular, resistindo ao movimento do

“soco anterior”. A progressão da carga foi feita por meio da utilização de um halter mais

pesado.

O exercício para SA na posição alongada foi realizado com o indivíduo

posicionado em pé de costas para o espaldar com o ombro a 90° de flexão, cotovelo

em extensão completa e escápula totalmente aduzida. O indivíduo executava o

exercício levando sua mão na direção anterior, realizando um movimento de “soco

anterior”, semelhante ao exercício anterior (59). O indivíduo realizava esse movimento

apenas nos graus iniciais da ADM de abdução da escápula. De forma a garantir a

execução do exercício apenas na ADM desejada, o indivíduo foi instruído a realizar o

movimento apenas até o momento em que seu ombro alinhava-se com seu tronco e,

Page 58: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 58 -

então, retornar a posição inicial. Além disso, o indivíduo foi orientado a não realizar

rotação de coluna e não permitir que a escápula se elevasse durante o exercício.

Assim, foi considerado que o músculo SA gerava força ativa apenas em posição

alongada.

A carga nesse exercício foi aplicada por meio de faixa de resistência elástica da

marca Thera Band@. Essa faixa elástica era afixada no espaldar, na altura do ombro

do indivíduo, e segura pela mão do membro superior a ser exercitado. Assim, quando o

indivíduo executava o movimento do “soco anterior” a faixa realizava uma força elástica

na direção oposta ao movimento. A distância do indivíduo ao espaldar foi mantida

constante durante os dias de intervenção para não se alterar a força elástica realizada

pela faixa. A progressão da carga foi feita pela utilização de faixas elásticas mais

rígidas.

A execução cinemática correta dos exercícios para SA encurtado e alongado foi

garantida por meio de inspeção visual por parte do examinador. Elevação da escápula

e/ou rotação de coluna durante o movimento foram considerados erros de execução. A

elevação da escápula foi considerada erro de execução por indicar, possivelmente, uma

ativação excessiva do TS e ou do músculo levantador da escápula (LE) durante o

exercício. A rotação de coluna foi evitada por ser uma forma de levar a mão na direção

anterior, sem realizar a abdução de escápula. Nos casos onde foi percebido erro de

execução o indivíduo foi informado sobre o erro e instruído a corrigir o exercício.

Quando o indivíduo foi incapaz de corrigir o erro, o exercício foi suspenso e a carga

diminuída. Uma vez que a palpação das digitações do músculo SA nos indivíduos foi

considerada difícil e pouco informativa, ela não foi realizada. Ao invés disso, foi

realizada a palpação dos músculos considerados como possíveis substitutos para a

Page 59: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 59 -

realização do movimento (TS e LE) (57), para verificar se eles não se apresentavam

ativados. Uma vez que o TS e/ou o LE não se apresentavam ativos e a execução

cinemática era correta, foi considerado que o SA era o principal agonista do movimento

escapular.

O exercício para TI foi realizado apenas na posição encurtada, uma vez que

nenhum indivíduo apresentou fraqueza do TI na posição alongada. Esse exercício para

TI na posição encurtada foi realizado com o indivíduo posicionado em pé de frente para

o espaldar com o ombro elevado a 140° no plano da escápula e com o cotovelo

estendido. O indivíduo, mantendo a rotação superior da escápula durante todo

exercício, executava um movimento de adução e depressão escapular associadas

(movimento em diagonal da escápula). Dessa forma, o exercício era realizado apenas

nos graus finais da ADM, com o TI trabalhando apenas em sua posição encurtada.

Bressel et al. (2001) demonstraram, em seu estudo eletromiográfico, que a realização

da adução escapular com o ombro elevado a 140° no plano da escápula é a maneira

mais efetiva de ativar o músculo TI, suportando a escolha dessa posição para a

execução do exercício (60).

A carga nesse exercício foi aplicada por meio de faixa de resistência elástica da

marca Thera Band@. Essa faixa elástica era afixada na região superior do espaldar,

acima e levemente lateral a mão do indivíduo. Dessa forma, a faixa elástica era

disposta no mesmo sentido das fibras do TI e do alinhamento do membro superior.

Essa faixa era segura pelo indivíduo, por meio da mão do membro superior a ser

exercitado. Assim, quando o indivíduo executava a adução com depressão da escápula

a faixa realizava uma força elástica na direção oposta ao movimento. A distância do

indivíduo ao espaldar foi mantida constante durante os dias de intervenção para não se

Page 60: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 60 -

alterar a força elástica realizada pela faixa. A progressão da carga foi feita pela

utilização de faixas elásticas mais rígidas.

A execução cinemática correta do exercício foi garantida por meio de inspeção

visual por parte do examinador. Elevação e/ou rotação inferior da escápula, e/ou

adução da articulação glenoumeral durante o movimento foram considerados erros de

execução. A elevação da escápula foi considerada erro de execução por indicar,

possivelmente, uma ativação excessiva do TS e/ou do LE durante o exercício. A

rotação inferior da escápula foi evitada por indicar uma possível ativação excessiva dos

RB durante o exercício. A adução da articulação glenoumeral durante o exercício indica

um possível uso excessivo do grande dorsal, por isso também foi evitada. Além da

inspeção visual, a palpação do TI inferior foi realizada pelo examinador para garantir a

ação do músculo alvo. Do mesmo modo, foi realizada a palpação dos músculos

considerados como possíveis substitutos para a realização do movimento (TS e LE),

para verificar se ele não se apresentava excessivamente ativado. Nos casos onde foi

percebido erro de execução ou ativação excessiva do TS e/ou do LE, o indivíduo foi

informado sobre o erro e instruído a corrigir o exercício. Quando o indivíduo foi incapaz

de corrigir o erro, o exercício foi suspenso e a carga diminuída.

O indivíduo 4 não foi capaz de realizar, inicialmente, o exercício para TI na

posição encurtada de forma isotônica. Esse indivíduo realizou durante a primeira

semana de intervenção um exercício isométrico para TI na posição encurtada. Esse

exercício foi realizado na mesma posição do TFMM para TI na posição encurtada e a

carga foi dada pela resistência manual do examinador. Os erros de execução foram os

mesmos do exercício isotônico.

Page 61: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 61 -

O exercício para RB também só foi realizado na posição encurtada, pois nenhum

dos indivíduos apresentou fraqueza desses músculos na posição alongada. Esse

exercício para RB na posição encurtada foi realizado com o indivíduo em decúbito

ventral com o membro superior a ser exercitado fora da lateral da maca. O membro

superior a ser exercitado era posicionado com o ombro em 90° de elevação no plano da

escápula, com o cotovelo flexionado a 90° e com a escápula em neutro, sem apresentar

rotação superior ou inferior. A partir dessa posição, o indivíduo realizava adução

associada com extensão de ombro e adução com rotação inferior da escápula, em um

movimento similar ao de uma remada. Depois, o indivíduo retornava o seu membro

superior para a posição inicial. Desse modo, os RB trabalhavam para movimentar a

escápula gerando força apenas em sua posição encurtada. Esse movimento de

remada, no estudo eletromiográfico de Moseley et al. (1992), foi capaz de produzir uma

grande ativação dos RB (61).

A carga nesse exercício foi aplicada por meio do peso do membro superior mais

o peso de um halter seguro pelo indivíduo. O peso do membro superior mais o peso do

halter geravam uma força de abdução escapular e um torque para rotação superior da

escápula, flexão de ombro e extensão de cotovelo, resistindo, dessa forma ao

movimento do exercício. A progressão da carga foi feita por meio da utilização de um

halter mais pesado.

A execução cinemática correta do exercício foi garantida por meio de inspeção

visual por parte do examinador. Os erros de execução foram os mesmos do SA. Além

da inspeção visual, a palpação dos RB, do TS e do LE foi realizada pelo examinador

para garantir a ação do músculo alvo e evitar ação excessiva dos músculos que

possivelmente poderiam ser substitutos do movimento.

Page 62: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 62 -

O exercício para PM na posição alongada foi realizado com o indivíduo

posicionado em decúbito dorsal com quadris e joelhos flexionados, com as plantas dos

pés apoiadas sobre a maca e com os braços ao lado do corpo e as palmas das mãos

voltadas para cima. Um rolo foi colocado debaixo da coluna torácica para aumentar a

amplitude de movimento da escápula, na direção da inclinação posterior, permitindo um

maior alongamento do PM. O examinador posicionava sua mão sob o processo

coracóide e o empurrava superior e lateralmente na direção oposta das fibras do PM.

Esse movimento era realizado até o máximo de amplitude possível ou até o momento

em que o indivíduo relatava uma sensação clara de alongamento na região do PM.

Nessa posição de alongamento o indivíduo era requisitado a realizar uma força máxima

contra a mão do examinador tentando realizar uma inclinação anterior da escápula. O

examinador resistia a essa força não permitindo o movimento escapular. Dessa forma,

o exercício era realizado de forma isométrica no final da ADM do PM.

Uma vez que esse exercício foi realizado de maneira isométrica e a força foi

sempre máxima, a progressão da carga não pode ser feita. Porém, a progressão do

exercício era feita por meio de um maior alongamento do PM, sempre que se tornava

possível. A execução cinemática correta do exercício foi garantida por meio de

inspeção visual por parte do examinador. Abdução da escápula e/ou rotação medial da

glenoumeral durante o movimento foram considerados erros de execução. A abdução

da escápula foi considerada erro de execução por indicar, possivelmente, uma ativação

excessiva do SA durante o exercício. A rotação medial da glenoumeral foi evitada por

indicar uma possível ativação excessiva de peitoral maior. Nos casos onde foi

percebido erro de execução o indivíduo foi informado sobre o erro e instruído a corrigir

o exercício.

Page 63: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 63 -

a)

b)

c)

d)

e)

FIGURA 8: Exercícios de intervenção a) exercício SA encurtado; b) exercício SA alongado; c) exercício TI encurtado d) exercício RB encurtado; e) exercício PM alongado

Page 64: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 64 -

3.6.3 Programas de Intervenção

O programa de exercícios de intervenção em posições específicas de cada um

dos músculos toracoescapulares, prescrito para cada um dos indivíduos, a partir dos

resultados dos testes de força muscular manual modificados, encontra-se na tabela 1.

Tabela 1 Exercícios de fortalecimento realizados em posições específicas musculares para cada um dos indivíduos

do estudo

Indivíduo SA

encurtado

SA

alongado

TI

encurtado

RB

encurtado

PM

alongado

Indivíduo 1 D E E D e E

Indivíduo 2 D D D D

Indivíduo 3 D e E D e E D e E

Indivíduo 4 D e E D e E D e E D e E

3.7 Análise dos Dados

As medidas de rotação medial, rotação superior, inclinação anterior, translação

lateral e translação inferior da escápula, e a medida de PO, de ambos os lados de cada

indivíduo, coletadas durante as três fases do estudo, foram plotadas em gráficos,

somando um total de 48 gráficos. Cada um dos gráficos foi analisado visualmente e

estatisticamente para determinar se ocorreu mudança na posição escapular entre as

três diferentes fases (62). Os dados de um estudo experimental de caso único podem

apresentar uma dependência serial, uma vez que são observações sucessivas em uma

série temporal. A existência de uma dependência serial entre os dados limita a

Page 65: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 65 -

utilização de alguns métodos estatísticos, além de dificultar a análise visual (AV) (63).

Portanto, primeiramente foi utilizado um teste para verificar se existia autocorrelação

entre os dados a serem analisados (64). Os resultados demonstraram que não houve

autocorrelação dos dados possibilitando a utilização da AV e dos testes estatísticos

sem restrições.

A AV dos gráficos verificou se aconteceu mudança de nível entre as fases do

estudo e em que fase essa mudança se iniciou. Além da AV, os dados foram

analisados estatisticamente pelo two-band standard deviation method (TB) para verificar

se ocorreram mudanças significativas na posição escapular ou na medida de protrusão

de ombro (62). Esse método estatístico é baseado no cálculo da média e desvio padrão

dos valores dos pontos da fase A (baseline). Uma vez calculado o desvio padrão dos

dados da fase A, foram desenhados em cada gráfico um limite superior, que está dois

desvios padrões acima da média, e um limite inferior, que está dois desvios padrões

abaixo da média. Esses limites foram estendidos para as demais fases do estudo.

Quando dois pontos consecutivos do gráfico na fase intermediária ou na fase B

estiveram acima do limite superior ou abaixo do limite inferior foi considerado que

ocorreu uma mudança significativa no comportamento observado (62).

Nos casos onde a AV dos gráficos indicou uma mudança de postura da

escápula, mas o TB não confirmou tal mudança, foi realizada uma ANOVA com

medidas repetidas como critério de desempate. O resultado da ANOVA determinou se

ocorreu ou não mudança na variável analisada. Contrastes foram aplicados para

determinar entre quais fases essa mudança se deu. O nível de significância foi

estabelecido em α=0,05.

Page 66: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 66 -

4 - RESULTADOS

Page 67: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 67 -

A análise cinemática da postura escapular no final do período de intervenção

indicou que ocorreram mudanças na posição da escápula e na postura de ombro em

todos os indivíduos. Os indivíduos 1, 2 e 3 apresentaram aumento no ângulo de

inclinação anterior da escápula, diminuição na translação inferior da escápula

(superiorização da escápula) e um aumento na medida de protrusão de ombro. Todas

essas mudanças ocorreram bilateralmente nos três indivíduos. No entanto, quando se

analisa a fase ou as fases em que as modificações ocorreram, existem diferenças entre

esses indivíduos. O indivíduo 4, por outro lado, comportou-se de maneira

completamente diferente dos indivíduos 1, 2 e 3. As mudanças significativas da postura

escapular e do ombro são apresentadas para cada indivíduo a seguir:

4.1 Indivíduo 1

A AV e o TB demonstraram em conjunto aumento no ângulo de inclinação

anterior da escápula, diminuição no valor da translação inferior da escápula

(superiorização da escápula) e um aumento no valor da medida de PO bilateralmente

ao final do período de intervenção (FIG. 9). A AV apontou que, com exceção do ângulo

de inclinação anterior E, as mudanças observadas aconteceram na fase intermediária.

No entanto, o TB não apontou esse fato (FIG. 9). Dessa forma, foi realizada uma

ANOVA com medidas repetidas como forma de testar a AV. O resultado da ANOVA

Page 68: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 68 -

demonstrou a existência de diferenças significativas entre as fases para as variáveis:

ângulo de inclinação anterior D (p= 0,047; F= 4,21); distância de translação inferior E

(p= 0,036; F= 4,7); distância de translação inferior D (p= 0,026; F= 5,38); medida de PO

E (p= 0,002; F= 13,2); medida de PO D (p= 0,032; F= 11,64). Os Contrastes apontaram

que essa diferença significativa aconteceu entre a fase A e a fase intermediária, e entre

a fase A e a fase B para todas as variáveis. Não houve diferença significativa entre a

fase intermediária e fase B. Nenhuma outra alteração nas variáveis estudadas foi

identificada.

As medidas da protrusão de ombro e do ângulo de inclinação anterior da

escápula do lado E, da segunda semana do estudo, e a medida de PO do lado D da

sexta semana, tiveram de ser descartadas devido a problemas na captação, por parte

do sistema de análise de movimento, do marcador refletor de luz infravermelha da

superfície óssea BLA do lado E, na segunda semana e do lado D na sexta semana.

Esse marcador não foi captado pelas câmeras durante todos os quadros e como as

medidas de protrusão de ombro e do ângulo de inclinação anterior da escápula utilizam-

se desse ponto nos seus cálculos, o valor final delas ficou comprometido. Por isso, não

estão apresentadas nos gráficos as medidas com problema na segunda semana, assim

como na sexta semana (FIG. 9).

Page 69: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 69 -

B

B

B

B

B B

B

B

B

B

BB

B

B

B

BB

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1820

25

30

35

40Ân

gulo

de

incl

inaç

ão a

nter

ior E

(gra

us)

Semanas

Fase A Fase intermediária Fase B

B

B B

B

BB

B

B

B

B

B

BB

B

BB

B

B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1825

30

35

40

45

50

Ângu

lo d

e in

clin

ação

ant

erio

r D (g

raus

)

Semanas

Fase A Fase intermediária Fase B

B

B

B

B

B

B

B

B

B

B B

B

B B

BB B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1825

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

Med

ida

de p

rotru

são

E (m

m)

Semanas

Fase A Fase intermediária Fase B

B

B

BB

B

B

B

B

B

B

BB

B

B

BB

B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1850

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

105

Med

ida

de p

rotru

são

D (m

m)

Semanas

Fase A Fase intermediária Fase B

B

B

B B

B

B

B

B

B

B B

B

B

B

B

B

B

B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1895

100

105

110

115

120

125

130

Dis

tânc

ia d

e tra

nsla

ção

infe

rior E

(mm

)

Semanas

Fase A Fase intermediária Fase B

B

B

BB

B

B

B

B

B B

B

B

B

B

B

B

B

B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1895

100

105

110

115

120

125

130

135

Dis

tânc

ia d

e tra

nsla

ção

infe

rior D

(mm

)

Semanas

Fase A Fase intermediária Fase B

FIGURA 9: Gráficos das variáveis modificadas no indivíduo 1 ─── média fase A; ─── média fase Intermediária; ─── média fase B; - - - média fase A ± dois devios-padrão (TB); * Contraste apontou diferença significativa entre fase intermediária e A; ** Contraste apontou diferença significativa entre fase A e B;

a) b)

c) d)

e) f)

*

* *

* *

**

**

**

** **

Page 70: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 70 -

4.2 Indivíduo 2

A AV e o TB demonstraram em conjunto aumento no ângulo de inclinação

anterior da escápula, diminuição no valor da translação inferior da escápula

(superiorização da escápula) e um aumento no valor da medida de protrusão de ombro

bilateralmente (FIG. 10). A AV e o TB apontaram à existência de diferenças

significativas nas variáveis citadas entre a fase A e a fase intermediária, e entre a fase

A e a fase B, com exceção do ângulo de inclinação anterior da escápula E, que

apresentou diferença apenas entre a fase A e a fase B (FIG. 10). Nenhuma outra

alteração nas variáveis estudadas foi identificada.

Assim como no indivíduo 1, as medidas da protrusão de ombro e do ângulo de

inclinação anterior da escápula do lado E, da sétima semana do estudo, tiveram de ser

descartadas devido a problemas na captação do marcador refletor de luz infravermelha

da superfície óssea BLA do lado E, por parte do sistema de análise de movimento.

Portanto, essas medidas da sétima semana não estão apresentadas nos gráficos

correspondentes (FIG. 10).

Page 71: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 71 -

B BB

B

BB

B

B

B

BB B

B B

BB B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1820

25

30

35

40

45Ân

gulo

de

incl

inaç

ão a

nter

ior E

(gra

us)

Semanas

Fase A Fase Intermediária Fase B

BB

B B

B B

B

B

B

B

B

B

B B

B

B B B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1830

35

40

45

50

Ângu

lo d

e in

clin

ação

ant

erio

r D (g

raus

)

Semanas

Fase A Fase Intermediária Fase B

B

B

B

BB

BB

B

B

B

B

BB

B

BB

B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1840

50

60

70

80

90

Med

ida

de p

rotru

são

E (m

m)

Semanas

Fase A Fase Intermediária Fase B

BB

B

B

B

B

BB

B

B

BB

B

B

B

BB

B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1865

70

75

80

85

90

95

100

Med

ida

de p

rotru

são

D (m

m)

Semanas

Fase A Fase Intermediária Fase B

B

B

B

B

B

B

B

B

B

B

BB B

B BB

B

B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1890

95

100

105

110

115

120

125

130

Dis

tânc

ia d

e tra

nsla

ção

infe

rior E

(mm

)

Semanas

Fase A Fase Intermediária Fase B

B

BB B

BB

B

B

B

B

BB

B

B

B

B

B

B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1890

95

100

105

110

115

120

125

130

Dis

tânc

ia d

e tra

nsla

ção

infe

rior D

(mm

)

Semanas

Fase A Fase Intermediária Fase B

FIGURA 10: Gráficos das variáveis modificadas no indivíduo 2 ─── média fase A; ─── média fase Intermediária; ─── média fase B; - - - média fase A ± dois devios-padrão (TB);

a) b)

c) d)

e) f)

Page 72: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 72 -

4.3 Indivíduo 3

A AV apontou que aconteceram aumentos nos ângulos de inclinação anterior em

ambos os lados na fase B em relação à fase A e em relação à fase intermediária. Uma

vez que, o TB não identificou essas mudanças, uma ANOVA com medidas repetidas foi

aplicada nessas variáveis (FIG. 11). A ANOVA demonstrou diferenças significativas no

ângulo de inclinação E (p= 0,035; F=4,92) e no ângulo de inclinação D (p= 0,015;

F=6,95). As análises de Contraste indicaram que essas diferenças ocorreram apenas

entre a fase B e a fase intermediária, não apontando diferenças entre as fases A e a B,

ou entre as fases A e intermediária.

O aumento da medida de protrusão de ombro E foi identificado pela AV e pelo

TB na fase B quando comparada à fase A. Aumento na medida de protrusão de ombro

D foi apontado pela AV entre a fase A e fase intermediária, e entre a fase A e a fase B.

No entanto, o TB demonstrou apenas diferença entre a fase A e a fase B (FIG. 11).

Assim, foi rodada uma ANOVA com medidas repetidas que apontou diferença

significativa entre as fases (p= 0,0024; F= 12,67). Os Contrastes identificaram que

essas diferenças ocorreram entre fase A e a fase intermediária, entre a fase A e a fase

B, e entre a fase intermediária e a fase B.

Diminuições das translações inferior das escápulas (superiorização das

escápulas) de ambos os lados foram identificadas pelo TB e pela AV na fase B quando

comparada à fase A (FIG. 11). Entretanto, uma ANOVA com medidas repetidas teve de

ser aplicada, uma vez que somente a AV apontava uma mudança na fase intermediária

(FIG. 11). Os resultados da ANOVA demonstraram a existência de diferença

significativa entre as fases tanto no lado E (p= 0,0028; F= 11,17) quanto no lado D (p=

0,0018; F= 12,65). Os Contrastes apontaram diferença apenas entre a fase A e fase B,

Page 73: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 73 -

não demonstrando diferenças significativas entre a fase A e a fase intermediária ou

entre a fase intermediária e a fase B.

As medidas da protrusão de ombro e do ângulo de inclinação anterior da

escápula dos lados E e D, da segunda semana do estudo, tiveram de ser descartadas

devido aos mesmos problemas descritos para os indivíduos 1 e 2. Assim, essas

medidas da segunda semana não estão apresentadas nos gráficos correspondentes

(FIG. 11).

Page 74: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 74 -

B

B

B

B

B

B B

B

BB

B

B

B

BB

B

B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1835

40

45

50Ân

gulo

de

incl

inaç

ão a

nter

ior E

(gra

us)

Semanas

Fase A Fase Intermediária Fase B

B

B

B

B B

B

B

B B

B

B

B

B

B

B

B

B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1835

40

45

50

55

Ângu

lo d

e in

clin

ação

ant

erio

r D (g

raus

)

Semanas

Fase A Fase Intermediária Fase B

B

B

B

B

BB

BB

B

B

B

B

B B

B

B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1845

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

105

Med

ida

de p

rotru

são

E (m

m)

Semanas

Fase A Fase Intermediária Fase B

B

B

BB

B

B

B B

B

B

BB

BB

B

B B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1835

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Med

ida

de p

rotru

são

D (m

m)

Semanas

Fase A Fase Intermediária Fase B

B B

BB

BB

B B

B

B B

B

B

BB

B

B

B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1880

85

90

95

100

105

110

115

120

125

130

Dis

tânc

ia d

e tra

nsla

ção

infe

rior E

(mm

)

Semanas

Fase A Fase Intermediária Fase B

B

B

BB

BB

B

BB

B

B

BB

BB

B

BB

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1865

70

75

80

85

90

95

100

105

110

115

120

Dis

tânc

ia d

e tra

nsla

ção

infe

rior D

(mm

)

Semanas

Fase A Fase Intermediária Fase B

FIGURA 11: Gráficos das variáveis modificadas no indivíduo 3 ─── média fase A; ─── média fase Intermediária; ─── média fase B; - - - média fase A ± dois devios-padrão (TB); * Contraste apontou diferença significativa entre fase intermediária e A; ** Contraste apontou diferença significativa entre fase A e B;

° Contraste apontou diferença significativa entre fase intermediária e B

a) b)

c) d)

e) f)

*

**°

**°

**°

° °

Page 75: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 75 -

4.4 Indivíduo 4

A AV e o TB apontaram modificação na posição escapular indicando uma

diminuição da translação lateral da escápula esquerda. Essa modificação aconteceu

entre a fase A e a fase intermediária (FIG. 12). A AV demonstrou um aumento da

medida de protrusão D (FIG. 12). Como o TB não concordou cm a AV foi rodada uma

ANOVA para testar a AV. O resultado da ANOVA não apontou diferença significativa

entre as fases (p= 0,11; F= 2,66). Nenhuma outra alteração nas variáveis estudadas foi

identificada no indivíduo 4. Esse indivíduo apresentou uma maior variabilidade nas

medidas na fase A do que os demais, fato que aumentou os desvios-padrão das

medidas na fase A, dificultando a identificação de diferenças significativas entre as

fases, tanto pela AV quanto pelo TB.

BB

B

B

B

B

B BB

B

B

B

B

BB

B

B

B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1825

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

Med

ida

de p

rotru

são

D (m

m)

Semanas

Fase A Fase Intermediária Fase B

B

B

B B

B

BB B

B

BB

B

B

B

BB

B

B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18100

105

110

115

120

125

Dis

tânc

ia d

e tra

nsla

ção

late

ral E

(mm

)

Semanas

Fase A Fase Intermediária Fase B

FIGURA 12: Gráficos das variáveis medida de PO D e distância de translação lateral E no indivíduo 4 ─── média fase A; ─── média fase Intermediária; ─── média fase B; - - - média fase A ± dois devios-padrão (TB);

a) b)

Page 76: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 76 -

5 - DISCUSSÃO

Page 77: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 77 -

O presente estudo teve como objetivo reduzir a PO em indivíduos assintomáticos

por meio de um programa de fortalecimento muscular que visava alterar a rigidez

passiva dos MTE. Os resultados demonstraram que, ao contrário do esperado, três dos

quatro indivíduos apresentaram um aumento do ângulo de inclinação anterior e um

aumento na superiorização da escápula, com conseqüente aumento na medida de

protrusão de ombros. O indivíduo restante não apresentou mudança na medida de

protrusão de ombro. Dessa forma, a primeira hipótese do estudo de que o treino de

fortalecimento muscular produziria uma redução na medida de protrusão do ombro não

foi suportada. Além disso, a segunda hipótese do estudo de que haveria alterações na

posição da escápula apenas na fase B também não foi suportada, uma vez que a

maioria das modificações observadas aconteceu, pelo menos em parte, durante a fase

intermediária.

Mudanças na posição escapular promovem modificações na posição do acrômio

em relação à coluna vertebral alterando a medida de protrusão de ombro. Anjos (2006)

demonstrou que os componentes da postura escapular mais associados à PO são o

ângulo de rotação medial, a medida de superiorização e a medida de translação lateral

da escápula, nessa ordem (7). Além disso, Finley e Lee (2003) demonstraram que

quando indivíduos simulam uma PO, a escápula apresenta um menor grau de

inclinação posterior durante os movimentos de elevação do ombro, sugerindo que a PO

é acompanhada de uma maior inclinação anterior da escápula (65). Portanto, é possível

que aumentos nos valores dessas medidas levem a aumentos nos valores na medida

de protrusão de ombro. Assim, o aumento na medida de protrusão de ombro dos

Page 78: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 78 -

indivíduos no presente estudo pode ser explicado pelo aumento da superiorização e da

inclinação anterior da escápula. A superiorização da escápula é, possivelmente,

produzida por uma maior rigidez passiva e/ou menor comprimento do músculo TS e ou/

do músculo LE, uma vez que esses músculos são capazes de elevar a escápula (26).

Da mesma forma, o aumento da inclinação anterior da escápula observado nos

indivíduos 1,2 e 3 pode ser devido a um aumento na rigidez passiva e/ou diminuição do

comprimento do músculo PM (9,14). Considerando que durante as medidas de posição

escapular e de postura de ombro o repouso muscular dos indivíduos foi garantido por

meio de eletromiografia, as alterações da posição da escápula e da postura de ombro

identificadas foram provavelmente causadas pelo aumento da força passiva, e não

necessariamente da força ativa, desses músculos.

A força passiva que um músculo exerce em um determinado grau de

alongamento é dependente de sua rigidez passiva, que por sua vez é dependente da

área de secção transversa (trofismo) do músculo, e de seu comprimento (32). Quanto

menor o comprimento e maior a área de secção transversa (trofismo) maior a força

passiva de um músculo toracoescapular em uma determinada posição da escápula.

Desse modo, uma explicação para as modificações da posição da escápula seria um

aumento do trofismo e/ou uma diminuição do comprimento dos músculos TS e LE, no

caso do aumento de superiorização, e do músculo PM, no caso da inclinação anterior.

No entanto, em nenhum dos indivíduos os músculos TS e LE foram submetidos à

intervenção por parte programa de exercícios do estudo. Na verdade, durante os

exercícios foi buscada a não utilização desses dois músculos. Porém, é possível que os

indivíduos tenham apresentado ativação desses músculos durante os exercícios como

forma de compensar a fraqueza dos músculos envolvidos no exercício selecionado e

Page 79: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 79 -

essa ativação tenha sido suficiente para estimular adaptações musculares. Contudo,

para se manter baixo o nível de ativação desses músculos, a elevação da escápula e a

ativação excessiva desses músculos foram considerados erros de execução e o

exercício corrigido ou até mesmo interrompido. Do mesmo modo, o PM pode ter

recebido estímulos para adaptação muscular durante os exercícios de fortalecimento do

SA, uma vez que ele também possui ação na abdução da escápula. Além disso, o

exercício de fortalecimento do PM na posição alongada pode ter contribuído para o

aumento do trofismo desse músculo e conseqüente aumento de rigidez passiva (43).

Entretanto, o indivíduo 2 realizou esse exercício apenas em um ombro e somente

durante as duas primeiras semanas do estudo e apresentou aumento da inclinação

anterior da escápula bilateralmente. Dessa forma, sobrecargas sobre os músculos TS,

LE e PM provindas de outras fontes que não os exercícios de intervenção devem ser

consideradas.

A utilização freqüente, por parte dos indivíduos do estudo, dos músculos TS, LE

e PM durante as atividades ocupacionais e de vida diária podem ter sido responsável

pelo estímulo para adaptação desses músculos (4). Todos os indivíduos eram

fisioterapeutas ou estudantes de fisioterapia que ao iniciarem o estudo estavam

retornando de um período de férias e não praticavam esportes ou atividades físicas

com os membros superiores a pelo menos dois meses. Com o início do estudo, esses

indivíduos reiniciaram ou iniciaram também suas atividades profissionais ou de estágio

acadêmico ou extracurricular. Os indivíduos 2 e 4 iniciaram atividades que consistia no

atendimento de pacientes em ambulatórios e hospitais, o indivíduo 1 atendia à

pacientes em uma clínica de fisioterapia à noite e o indivíduo 3 atendia pacientes

domiciliares. Assim sendo, os indivíduos do estudo tiveram um aumento de suas

Page 80: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 80 -

demandas físicas ocupacionais dos membros superiores junto com o início do estudo,

seis semanas antes do início do programa de intervenção. Portanto, a sobrecarga

muscular provinda do uso ocupacional e não dos exercícios de intervenção pode ter

sido responsável por possíveis adaptações musculares dos músculos TS, LE e PM.

Desequilíbrios no recrutamento de músculos sinergistas para a realização de um

movimento podem causar ou serem causados por fraquezas específicas de um ou mais

músculos participantes do movimento (4). Na presença da fraqueza de um ou mais

músculos sinergistas, os demais músculos responsáveis pelo movimento aumentam

seu grau de ativação para compensar a diminuição da contribuição por parte do(s)

músculo(s) fraco(s) (4,66). Tendo em vista que todos os indivíduos apresentavam

fraqueza em mais de um dos MTE avaliados, mas nenhum deles apresentava fraqueza

do músculo TS, pode se considerar que durante as atividades ocupacionais dos

membros superiores esses indivíduos tenham empregado um padrão de uso no qual se

favorecia o recrutamento do músculo trapézio superior e se evitava a ativação dos

músculos fracos (57). Esse uso desequilibrado dos MTE nos movimentos cotidianos

estimularia o fortalecimento do TS, enquanto os demais MTE não receberiam estímulos

para fortalecimento, uma vez que a força e o trofismo de um músculo são dependentes

da demanda de trabalho sobre ele (67). Assim, as próprias atividades ocupacionais

podem ter sido as responsáveis pela sobrecarga dos músculos TS, LE e PM. Essa idéia

é suportada pelas mudanças na posição escapular e na postura de ombro observadas

já na fase intermediária. Nessa fase não haveria tempo para a ocorrência de

adaptações de trofismo muscular decorrentes de sobrecargas provindas dos exercícios

de intervenção, uma vez que eles teriam sido iniciados a menos de seis semanas, que

é o tempo mínimo necessário para alterações de trofismo muscular ocorrerem (47).

Page 81: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 81 -

Porém, na fase intermediária haveria tempo para a ocorrência de adaptações de

trofismo muscular decorridas do aumento de sobrecarga resultante do aumento de

atividades ocupacionais, visto que esse aumento de atividade já teria mais de seis

semanas de duração na fase intermediária, uma vez que as atividades ocupacionais

tiveram seu aumento no início da fase A (baseline). Esse fato também fornece uma

explicação para as mudanças bilaterais acontecidas no indivíduo 2 que foi submetido à

intervenção unilateralmente, assim como para o indivíduo 1 que realizou exercícios

diferentes, mas apresentou mudanças semelhantes nos dois lados. Portanto, o padrão

de uso e não os exercícios de intervenção parece ser a fonte dos estímulos

responsáveis pela geração das mudanças de postura observadas no atual estudo.

Intervenções realizadas apenas no ambiente terapêutico e que não modifiquem o

padrão de uso dos indivíduos durante suas atividades ocupacionais e de vida diária

podem não serem capazes de induzir modificações posturais, uma vez que o padrão de

uso fornece estímulos mais freqüentes do que aqueles dos exercícios (4). A aplicação

de intervenções ergonômicas que possibilitem a alteração do padrão de uso dos

indivíduos, associadas a orientações que eduquem o indivíduo a procurar realizar suas

atividades na postura correta, somadas aos exercícios terapêuticos, poderem

apresentar melhores resultados na alteração postural (4). No estudo atual, os indivíduos

1 e 2 receberam orientações posturais. Esses dois indivíduos informaram que a

manutenção ativa da postura correta estava facilitada com o decorrer do estudo. No

entanto, apesar da maior facilidade de manter a postura correta, ambos relataram que

não estavam seguindo as orientações durante suas atividades ocupacionais por

diminuir a eficiência do trabalho. Dessa forma, a realização isolada dos exercícios de

intervenção não parece ser capaz de alterar o padrão de uso e, consequentemente, a

Page 82: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 82 -

postura estática. Porém, pode se considerar que o papel dos exercícios de intervenção

seja o de fornecer as condições musculares mínimas aos indivíduos, de forma a

possibilitar a realização correta das orientações transmitidas. Portanto, a associação

dos exercícios, intervenções ergonômicas e orientações posturais é, possivelmente, o

mais indicado quando se objetiva a modificação postural.

Outro fator a ser considerado é que a avaliação do comprimento e da rigidez

muscular passiva foi realizada de forma indireta por meio de testes de força muscular

manual. Esses TFMM foram modificados de Kendall et al. (1995) para serem aplicados

em diferentes comprimentos musculares de forma a possibilitar a identificação indireta

de alterações de comprimento dos MTE, uma vez que alguns desses músculos não são

passíveis a uma mensuração direta de comprimento. Os exercícios de intervenção para

cada voluntário foram prescritos com base nos resultados encontrados nessa avaliação.

Dessa maneira, se os TFMM modificados não tiverem sido capazes de possibilitar ao

avaliador a determinação correta das alterações de trofismo e comprimento muscular, e

conseqüentemente, de rigidez passiva dos MTE, a prescrição dos exercícios também

pode ter sido comprometida. Esses TFMM modificados têm a sua validade provinda de

um raciocínio cinesiológico baseado na relação comprimento-tensão muscular e

buscam identificar alterações de comprimento por meio de ocorrências de fraquezas em

posições específicas do comprimento do músculo (4). Os TFMM são amplamente

utilizados clinicamente e em pesquisas científicas, sendo considerados ferramentas

válidas na avaliação da função muscular pelos fisioterapeutas (2,4,68). Além disso, a

classificação dos músculos avaliados como normal, alongado, encurtado ou

hipotrofiado, por meio dos resultados dos TFMM modificados, apresentou grau de

concordância intra-examinador de bom a excelente, dependendo do músculo avaliado.

Page 83: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 83 -

Assim, esses testes podem ser considerados como adequados para a realização do

estudo.

A modificação da posição escapular e da postura do ombro é dependente de

mudanças na rigidez passiva dos MTE. Essas mudanças de rigidez passiva muscular

foram buscadas por meio de exercícios de intervenção tidos como capazes de provocar

alterações de trofismo e comprimento dos músculos trabalhados. No entanto, a eficácia

desses exercícios pode não ter sido suficiente para produzir alterações posturais. Os

exercícios de intervenção utilizados foram desenvolvidos por meio de um raciocínio

cinesiológico e suportados por estudos de eletromiografia (59-61). Além disso, a ação

do músculo alvo durante o exercício foi conferida por meio de palpação, com exceção

dos exercícios para o SA. Entretanto, a carga submetida aos músculos alvos durante

esses exercícios pode não ter sido na duração ou freqüência necessária para estimular

as adaptações musculares pretendidas. Contudo, os parâmetros de número de séries e

repetições utilizados no atual estudo seguiram aqueles empregados por estudos que

obtiveram alterações de comprimento muscular por meio de treinos de hipertrofia com o

músculo em posição de alongamento ou encurtamento (27,43).

A prescrição convencional da quantidade de carga necessária para promover

adaptações de trofismo ou comprimento muscular não atende as demandas do

presente estudo. Convencionalmente, a carga do exercício é prescrita com base na

determinação da repetição máxima (RM), ou seja, a carga máxima que o indivíduo

consegue levantar em uma única repetição (69). O procedimento da determinação da

RM é denominando teste de 1RM. A partir do teste de 1RM a carga de trabalho para o

exercício é definida como 60% a 80% da carga determinada pelo teste (43,56). No

estudo atual, o teste de 1RM foi considerado inadequado, pois esse teste requer do

Page 84: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 84 -

indivíduo a realização de uma força máxima para movimentação da carga aplicada sem

considerar qual ou quais músculos são os responsáveis pelo movimento. Desse modo,

esse teste de 1RM estimula o recrutamento de todos os músculos capazes de ajudar no

movimento, possibilitando a realização de compensações para a execução do teste.

Assim, durante o teste de 1RM está se avaliando e, conseqüentemente, se

prescrevendo a carga ideal para o grupo de músculos capazes de realizar o movimento

solicitado, e não está se avaliando e se prescrevendo a carga para o músculo alvo da

intervenção. Por isso, no presente estudo, utilizou-se o parâmetro de aplicar a maior

carga que o indivíduo conseguia movimentar com ação do músculo alvo sem

apresentar compensações. Assim, não há como se garantir que a carga aplicada sobre

cada músculo alvo tenha sido alta o suficiente para gerar as alterações de comprimento

e trofismo muscular pretendidas. No entanto, considera-se que durante os exercícios de

intervenção foi aplicada a carga mais alta possível sobre o músculo alvo, uma vez que,

aumentando a carga, compensações aconteciam, reduzindo a ação do músculo alvo e

a carga sobre ele. Dessa maneira, o procedimento de prescrição de carga no presente

estudo foi considerado mais adequado que o procedimento de 1RM para se atingir os

objetivos propostos.

Intervenções que visem à correção postural de forma global podem apresentar

melhores resultados na modificação da posição da escápula e da postura de ombro,

uma vez que os alinhamentos da coluna vertebral e do gradil costal influenciam na

posição da escápula e na postura de ombro. Os MTE, principais responsáveis pela

posição da escápula, têm sua origem no gradil costal e na coluna vertebral, assim,

alterações no alinhamento dessas estruturas podem ocasionar mudanças no

comprimento e, conseqüentemente, na força passiva gerada por esses músculos,

Page 85: análise da eficácia de um programa de intervenção na modificação

- 85 -

modificando o ponto equilíbrio das forças passivas na escápula e alterando a posição

escapular. A postura da coluna vertebral é dependente da posição da cintura pélvica.

Uma vez que a postura da pelve é dependente da postura dos membros inferiores, a

posição de escápula e a postura do ombro são resultados da postura global do corpo

humano, e não meros achados locais. Assim, exercícios de intervenção apenas locais,

que busquem modificar a posição da escápula e a postura de ombro sem alterar a

postura corporal globalmente, podem ser insuficientes para atingir os objetivos

desejados. Assim como no presente estudo, Wang et al. (1999) não foram capazes de

modificar a postura de ombro por meio de intervenções locais, baseadas em

fortalecimento e alongamento dos músculos toracoescapulares (25). Dessa forma, um

programa de intervenção abrangente que vise à modificação da postura corporal e não

apenas de uma região específica do corpo pode ser mais eficaz.

Novos conhecimentos sobre os mecanismos de transmissão de força pelos

músculos reforçam a necessidade de uma estratégia de intervenção mais global para

modificação postural. Diversos estudos têm demonstrado que a transmissão de força

pelos músculos não se dá apenas pela via miotendínea, ou seja, de sarcômero para

sarcômero e, então, para o tendão, mas parte da força gerada pelos músculos é

transmitida pelo tecido conectivo em paralelo (70-74). Isso é possível porque os

sarcômeros são conectados, por meio do citoesqueleto, à lâmina basal da fibra

muscular, que é conectada ao endomísio por meio de proteoglicanas (73). Dessa

forma, quando os sarcômeros se contraem, parte da força gerada é transmitida para o

endomísio. Considerando a continuidade entre endomísio, perimísio e epimísio, parte

da força gerada pelos sarcômeros é transmitida por todo tecido conectivo em paralelo

do músculo (daqui em diante chamado de tecido conectivo intramuscular) (70,71,74).

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- 86 -

Esse processo de transmissão força por meio do tecido conectivo intramuscular é

denominado transmissão miofascial de força (TMF) (70-72). A TMF pode ser

classificada em intramuscular, intermuscular ou extramuscular, dependendo da rota de

transmissão de força considerada (71,72).

A TMF intramuscular é caracterizada pela transmissão de parte da força gerada

por meio do tecido conectivo intramuscular para os tendões de origem ou inserção do

próprio músculo (71,72). A TMF intermuscular é aquela transmissão que acontece entre

tecidos conectivos intramusculares de músculos adjacentes, por meio de curtas

ligações de tecido conectivo existentes entre seus epimísios. Nesse tipo de

transmissão, a força gerada por um músculo atua também sobre músculos adjacentes

(70-72). A parte da força muscular que é transmitida do tecido conectivo intramuscular

para tecidos conectivos extramusculares, como fáscias compartimentais ou tratos

neurovasculares, é denominada TMF extramuscular (71,72). Essas fáscias

compartimentais e tratos neurovasculares, por sua vez podem transmitir a força

recebida da contração muscular para estruturas (músculos, cápsulas, ligamentos) não

necessariamente adjacentes ou próximas ao músculo de origem. Portanto, um músculo

não deve ser considerado uma unidade de geração de força independente, uma vez

que ele exerce e recebe força de músculos adjacentes, de fáscias compartimentais e de

tratos neurovasculares (72). De acordo com o conceito de TMF, o fortalecimento ou

hipertrofia de um músculo não altera apenas a capacidade de geração de força dele,

mas altera também a capacidade de geração de força de músculos adjacentes ou até

distantes da área de intervenção. Além disso, a fraqueza de um músculo pode causar

ou ser causada, pelo menos em parte, por fraqueza de músculos adjacentes ou até

mesmo distantes. Assim, no presente estudo, os sinais de fraqueza identificados nos

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- 87 -

testes do SA podem não ser resultado apenas da fraqueza desse músculo, mas de

outros músculos que deveriam transferir força miofascial para o SA, como por exemplo,

os músculos peitorais ou o músculo oblíquo externo do abdome, uma vez que esses

músculos são conectados ao SA por meio da fáscia peitoral (75). Dessa forma,

intervenções para músculos específicos podem não ser adequadas para a correção das

alterações de trofismo e comprimento muscular objetivadas no atual estudo.

Os conhecimentos de TMF também podem contribuir para a formulação de outra

explicação para os resultados do presente estudo. A condição para que a TMF ocorra

é que haja uma rigidez suficiente do tecido conetivo (seja ele intra, inter ou

extramuscular) ou do tecido muscular para transmitir a força (74). Sabendo-se que

quanto maior a rigidez de uma estrutura maior é sua capacidade de transmissão de

força, o aumento da rigidez de um músculo pode alterar a capacidade de geração de

força de outro músculo, seja ele adjacente ou até distante, uma vez que mais força vai

ser transferida dele ou para ele, desde que haja ligações de tecido conectivo entre

esses músculos (74). Assim, no presente estudo, o provável aumento da força e da

rigidez do SA devido aos exercícios de fortalecimento pode ter contribuído para o

aumento da força do músculo LE, apesar desse último não ter sido exercitado. Esses

dois músculos apresentam inserções no ângulo superior da escápula e apresentam

conexões de tecido conectivo nessa região (76), possibilitando TMF entre esses dois

músculos. Desse modo, um aumento da força e rigidez do SA pode aumentar também a

força do LE, uma vez que mais força do SA seria transferida para o LE. A partir dessa

idéia pode-se supor que esse aumento da força do LE favoreceria ainda mais o uso

desse músculo durante as atividades cotidianas e ocupacionais dos indivíduos,

acarretando sua hipertrofia e, conseqüente, aumento da superiorização da escápula na

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- 88 -

postura de repouso. Da mesma forma, pode-se fazer essa relação entre o SA e os

músculos peitorais, uma vez que esses músculos estão conectados por meio da fáscia

peitoral (75). Assim sendo, o aumento da inclinação anterior da escápula seria causado

por uma hipertrofia do PM devido ao aumento de sua utilização nas atividades

cotidianas e ocupacionais, favorecida pela maior força provinda do SA por meio da

fáscia peitoral. Portanto, o fortalecimento de um músculo ou mais músculos sem a

modificação do padrão de uso do indivíduo pode, até mesmo, reforçar esse padrão

devido a TMF, contribuindo para a manutenção ou para o aumento dos desvios

posturais.

Intervenções fisioterapêuticas para modificação de postura ou de movimento

corporal devem considerar a existência da TMF, sendo sempre planejadas e

implementadas de maneira global. O desenvolvimento de testes de força muscular

manual e de exercícios que utilizem abordagens mais globais, baseados nos conceitos

de TMF, possibilitará avanços nos procedimentos de avaliação e de intervenção

fisioterapêuticos, podendo contribuir para um aumento na eficácia dos tratamentos que

buscam a mudança da postura e dos padrões de movimento corporal.

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- 89 -

6 – CONCLUSÃO

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- 90 -

A partir dos resultados encontrados neste estudo, pode-se concluir que um

programa de intervenção, de 12 semanas de duração, constituído de treinos de

hipertrofia em posições específicas dos músculos toracoescapulares, não é capaz de

reduzir a protrusão de ombro. O aumento da protrusão de ombro bilateral observada

em três dos quatro indivíduos do estudo já na fase intermediária e independente do

lado tratado ou do programa de exercícios utilizado, sugere que o principal fator

responsável pela mudança não tenha sido a intervenção, mas o padrão de uso

muscular utilizado durante as demandas ocupacionais e cotidianas.

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- 91 -

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APÊNDICE

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FORMULÁRIO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título do Estudo: Modificação da postura de protrusão de ombro e da posição de

repouso da escápula por meio da alteração de propriedades musculares utilizando-se

de treinos de hipertrofia muscular

Investigador Principal: Diogo Barros de Moura Lima

Orientador: Prof. Sérgio Teixeira da Fonseca, ScD

O objetivo deste estudo é analisar a eficácia de um programa de exercícios de 12

semanas de duração na modificação da postura de protrusão de ombros de indivíduos

que não apresentam sintomas. Este estudo vai fornecer informações para se entender

como a mudança de características musculares influencia a postura de repouso do

ombro.

Procedimento: Os testes serão realizados no Laboratório de Análise do Movimento

situado na Universidade Federal de Minas Gerais. Para definir a sua participação ou

não no estudo, será avaliada sua postura do ombro e da coluna durante a manutenção

da posição de pé relaxada. Essa avaliação consiste na inspeção visual da sua postura

de pé por parte do examinador. Caso você seja incluído na pesquisa, você terá sua

postura de ombro analisada por meio de um sistema de análise de movimento, uma vez

por semana, durante 18 semanas. Para essa análise postural, eletrodos serão

colocados nas regiões posterior, lateral e anterior do seu tronco para medir a ação dos

seus músculos do tronco e pescoço. Este procedimento não causa dor. Após a

colocação dos eletrodos, você deitará de bruços sobre uma maca e será instruído a

permanecer deitado relaxado por alguns segundos para medir o seu nível de atividade

muscular nessa posição. Logo após, você ficará de pé, de costas para quatro câmeras.

Nesse momento, o examinador irá grudar por meio de fita dupla face, marcadores

arredondados sobre a sua pele, em regiões localizadas na coluna e no ombro. Esse

procedimento também não causa dor. Em seguida, ainda mantendo a mesma posição

você será instruído a relaxar os músculos do seu pescoço e ombro e a prender a sua

respiração por três segundos. Durante esse tempo será captada a sua postura de

ombro. Esse processo será repetido até que três medidas sejam bem realizadas em um

mesmo dia. O tempo diário necessário para a realização desse procedimento de

medida é de aproximadamente 60 minutos.

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- 101 -

No primeiro dia que você comparecer ao laboratório, após ser incluído no estudo,

além de ser submetido ao procedimento de medida de postura, você também será

submetido a uma avaliação de força e comprimento dos seus músculos da região do

ombro. Baseado nessa avaliação será formulado um programa de exercícios que você

deverá realizar três vezes por semana durante 12 semanas, sob supervisão e

orientação do examinador. A duração diária do programa de exercícios é de

aproximadamente 30 minutos. A realização dos exercícios iniciará seis semanas após o

início do estudo. Esses exercícios poderão ser realizados no Laboratório de Prevenção

e Reabilitação Esportiva da UFMG, localizado na Escola de Educação Física,

Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG, ou na clínica Movimentum Fisioterapia,

localizada na Avenida Afonso Pena 748, próximo à Praça Sete. Você poderá escolher o

local de acordo com sua conveniência. É necessário que você não realize exercícios

para os membros superiores, além daqueles prescritos, durante as 18 semanas de

realização do estudo e também é necessário que você não falte as sessões de

exercício ou de medida de postura.

Riscos e desconfortos: Não existe risco quanto a sua participação no estudo, com

exceção de uma possível irritação na pele devido ao procedimento de limpeza da

mesma para colocação dos eletrodos. Além disso, você poderá sentir um leve

desconforto nas musculaturas de ombro após realizar os exercícios e após a avaliação

da força muscular.

Confidencialidade: Para garantir a confidencialidade da informação obtida, seu nome

não será utilizado em qualquer publicação ou material relacionado ao estudo.

Recusa ou desistência da participação: sua participação é inteiramente voluntária e

você está livre para recusar participar ou desistir do estudo a qualquer hora que

desejar.

Você pode solicitar mais informações sobre o estudo a qualquer momento,

através do investigador principal do projeto, pelos telefones 3287-0712 ou 9698-7394,

ou através do orientador pelo telefone 3499-4781. Após a leitura completa deste

documento, se você aceitar participar, você deverá assinar o termo de consentimento

abaixo.

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- 102 -

TERMO DE CONSENTIMENTO Eu li e entendi toda a informação acima. Todas as minhas dúvidas foram

satisfatoriamente respondidas. Eu concordo em participar do estudo.

______________________________________________ ____________

Assinatura do Voluntário Data

______________________________________________ _____________

Assinatura da Testemunha Data

______________________________________________ _____________

Assinatura do Pesquisador Data

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ANEXO

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