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8/19/2019 Análise Crítica e Reflexiva do Perfil Sócio Econômico do Municipio de Lagoa d'Anta
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
CENTRO DE HUMANIDADESDEPARTAMENTO DE GEOGRAFIACAMPUS III – OSMAR DE AQUINO
CURSO DE GEOGRAFIA
LINHA DE PESQUISA
TRANSFORMAÇÕES ECONÔMICAS E PROCESSOS DE URBANIZAÇÃO
ANÁLISE CRÍTICA E REFLEXIVA DO PERFIL SÓCIO-ECONÔMICODO MUNICÍPIO DE LAGOA D’ANTA/RN
HÉLIO DE OLIVEIRA SILVAORIENTADORA: MARCELEUZE DE ARAÚJO TAVARES
GUARABIRA-PB
2006
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HÉLIO DE OLIVEIRA SILVA
ANÁLISE CRÍTICA E REFLEXIVA DO PERFIL SÓCIO-ECONÔMICODO MUNICÍPIO DE LAGOA D’ANTA/RN
Monografia apresentada à Universidade Estadualda Paraíba, Centro de Humanidades Osmar deAquino – Campus III, sob a orientação daProfessora Ms. Marceleuze de Araújo Tavares, emcumprimento aos requisitos necessários paraobtenção do grau de Licenciatura em Geografia.
GUARABIRA-PB2006
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FICHA CATALOGRÁFICA
S586a Silva, Hélio de Oliveira.Análise crítica e reflexiva do perfil sócio-
econômico do município de Lagoa d’Anta/RN/Hélio de Oliveira Silva.- Guarabira, PB: [s.n.],2006.
87 p.
ISBN
1- Geografia econômica. I - Título
22.ed.CDD 910.133
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HÉLIO DE OLIVEIRA SILVA
ANÁLISE CRÍTICA E REFLEXIVA DO PERFIL SÓCIO-ECONÔMICODO MUNICÍPIO DE LAGOA D’ANTA/RN
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________Marceleuze de Araújo Tavares
Mestre em GeografiaProfessora do Departamento de Geografia da UEPB/CH
(Presidente – Orientadora)
______________________________________________________Ana Glória da Silva Marinho
Mestre em GeociênciasProfessora do Departamento de Geografia da UEPB/CH
______________________________________________________Antonio Sérgio Ribeiro
Especialista em Análise Ambiental da Paraíba - UEPBProfessor do Departamento de Geografia da UEPB/CH
Aprovada em _______ de ____________________de 2006.
GUARABIRA-PB
2006
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DEDICATÓRIA
Dedico à
Andressa Jully, minha amada e adorável esposa e, a
Hélio Filho, fruto de nosso amor.
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AGRADECIMENTOS
Sobretudo, a Deus Autor da vida e nossa força, sem a qual não poderíamosviver.
Aos meus pais e irmãs, pelo apoio prestado na longa caminhada de meusestudos.
À minha família pela contribuição direta e indireta para a realização de maisuma etapa deste curso.
À minha esposa pelo carinho e amor dispensados a mim, encorajadora semprenos momentos certos, pelo estímulo e compreensão.
Ao meu filho pelo seu carinhoso sorriso e existência, por me mostrar os motivospara se querer seguir em frente.
À UEPB pela formação acadêmica.
À Minha Orientadora
“Só é um mestre completo aquele que tem conhecimento para legar, altruísmo paratransmitir e energia para incentivar a dedicação para perseverarmos face à indiferença” Antonio
Ermínio de Morais
Obrigado, professora Marceleuze, pela orientação, ensinamentos e consideraçãocom que sempre me distinguiu.
“O mestre realmente competente convence, mas não discute.Um autêntico chefe, colocacada homem em seu lugar, mas não tiraniza ninguém” Lao-Tze
À todos os professores que colaboram em nossa formação, onde na pessoa daprofessora Ana Glória, gostaria de abraçar aqueles que foram importantes em nossacaminhada acadêmica.
À banca examinadora, pela grande contribuição a este trabalho.
Aos colegas de turma, pela amizade e companheirismo durante todo essetempo, e certamente por toda a vida.
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“Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo para todo propósito debaixo do céu. Hátempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que seplantou;tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;tempo dechorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;tempo de espalhar pedras, etempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de abster-se de abraçar;tempo de buscar,e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de deitar fora; tempo de rasgar, e tempo decoser; tempo de estar calado, e tempo de falar; tempo de amar, e tempo de odiar; tempo deguerra, e tempo de paz.”
Eclesiastes 3, 1-8. (Bíblia Sagrada, São Paulo: Loyola, 1995.)
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043 – GEOGRAFIATITULO: ANÁLISE CRÍTICA E REFLEXIVA DO PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO DO
MUNICÍPIO DE LAGOA D’ANTA/RNAUTOR: HÉLIO DE OLIVEIRA SILVABANCA EXAMINADORA: MARCELEUZE DE ARAÚJO TAVARES, ANA GLÓRIA DASILVA MARINHO E ANTONIO SÉRGIO RIBEIRO.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise do perfil sócio-econômico domunicípio de Lagoa d’Anta, inserido na Meso e Microrregião do Agreste Potiguar do Estado doRio Grande do Norte, remetendo à uma abordagem crítica e reflexiva sobre a situação e evoluçãosócio-econômica do município.Assim, procura-se, a partir do entendimento do processo de
formação e construção histórica dessa sociedade, caracterizar, diagnosticar e compreender seusaspectos naturais, econômicos, sociais e também culturais desta região.A relevância da temática pode estar no fato de podermos refletir sobre o recente estágio da globalização, cada vez maisresponsável pela produção de desigualdades.O capitalismo abriga formas bem diversas deorganização sócio-econômica e espacial.Situações que são evidenciadas através das distânciassociais e os contrastes entre condições de vida dentro de um mesmo espaço geográfico.O espaçogeográfico é concebido aqui como um produto e manifestação da sociedade, expressando todas ascontradições criadas e apreendidas nas relações sociais e econômicas.Como parte da dinâmicasócio-econômica do município em referencia, buscamos a compreensão das inter-relações entre otradicionalismo e a modernidade, a partir da percepção dos moradores do município.A análisedesses temas fazem parte da Geografia, considerando suas dimensões e categorias.A pesquisa
tem caráter social, o que faz-nos pensar que todos os envolvidos nesta pesquisa dão sentido esignificado ao estudo, tendo como fonte: livros, mapas, tabelas, informações em órgãos públicos,fotos, entrevistas, questionários e depoimentos.Os resultados obtidos demonstram que a situaçãode vida dos habitantes de Lagoa d’Anta, está cada vez mais difícil, caracterizando umaconfiguração espacial cheio de desigualdades.Globaliza-se a pobreza e não o progresso.Apesardos desalentos, percebe-se o apego ao lugar, o amor à terra.A percepção dos habitantes refletecriticamente o modelo de desenvolvimento global que influencia o local.
Palavras-chaves: Sócio-econômico, globalização, desigualdades, espaço geográfico.
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ABSTRACT
The present work has as objective to carry through an analysis of the socio-economic profile ofthe city of Lagoa d’Anta, inserted in the Meso and Micro region of the Agreste Potiguar of theState of the Rio Grande do Norte, sending to the one critical and reflexive boarding on thesituation and socio-economic evolution of the city. Thus, it is looked, from the understandingagreement of the process of formation and historical construction of this society, to characterize,
to diagnosis and to understand its natural, economic, social and also cultural aspects of thisregion. The relevance of the thematic can be in the fact of being able to reflect on the recent stepof the globalization, each time more responsible for the production of inequalities. The capitalismshelters several diverse forms of socio-economic and space organization. Situations that areevidenced through the social distances and the contrasts between conditions of life inside of thesame geographic space. The geographic space is conceived here as a product and manifestation ofthe society, expressing all the bred and apprehended contradictions in the social and economicrelations. As part of the socio-economic dynamics of the city in reference, we search theunderstanding of the Inter-relations between the traditionalism and modernity, from the perception of the inhabitants of the city. The analysis of these subjects is part of Geography,considering its dimensions and categories. The research has social character, which led us to
think that all the involved ones in this research give sense and meaning to the study, having assource: books, maps, tables, information in public agencies, photos, interviews, questionnairesand conversations. The gotten results demonstrate that the life situation of the inhabitants ofLagoa d’Anta, are each time more difficult, characterizing a full space configuration ofinequalities. The poverty is globalized but not progress. Although the discouragements, theattachment to the place, the love to the land is perceived. The critic perception of the in habitantsreflects the model of global development that influences the place.
Word-keys: Socio-economic, globalization, inequalities, geographic space.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Mapa do Brasil com regiões e destaque para o Rio Grande do Norte...................26Figura 02 – Mapa do Estado do Rio Grande do Norte – MESO E MICRORREGIÕESHOMOGÊNEAS.......................................................................................................................27Figura 03 – Mapa da MESORREGIÃO DO AGRESTE POTIGUAR....................................28Figura 04 – Mapa do Município de Lagoa d’Anta....................................................................29
LISTA DE FOTOS
Foto 01 – A Praça......................................................................................................................65Foto 02 – A Igreja Santa Terezinha..........................................................................................65Foto 03 – Casa de Taipa............................................................................................................66
Foto 04 – Casa no meio rural....................................................................................................66Foto 05 – Águas poluídas (criação de porcos)..........................................................................67Foto 06 – Águas poluídas (animais soltos)...............................................................................67Foto 07 – Cercado de porcos.....................................................................................................68Foto 08 – Escola pública...........................................................................................................68Foto 09 – Trabalhadora – Zona urbana.....................................................................................69Foto 10 – Casa de Farinha.........................................................................................................69Foto 11 – Casa de Farinha – Trabalhador.................................................................................70Foto 12 – Casa de Farinha – Maquinaria..................................................................................70Foto 13 – Casa de Farinha – “Virando” a farinha.....................................................................71Foto 14 – Casa de Farinha – A prensa......................................................................................71
Foto 15 – Casa de Farinha – Famílias trabalhando...................................................................72Foto 16 – Casa de Farinha – Famílias trabalhando...................................................................72Foto 17 – Crianças ...................................................................................................................73Foto 18 – Carroça e parabólica.................................................................................................73Foto 19 – Rua do Conjunto Novo.............................................................................................74Foto 20 – Vegetação do Agreste...............................................................................................74Foto 21 – O roçado ...................................................................................................................75Foto 22 – O roçado....................................................................................................................75Foto 23 – O curral.....................................................................................................................76Foto 24 – A Feira......................................................................................................................76Foto 25 – A Feira......................................................................................................................77
Foto 26 – Famílias indo à Feira................................................................................................77Foto 27 – Mercado público.......................................................................................................78Foto 28 – Tapioqueira...............................................................................................................78Foto 29 – A Feira......................................................................................................................79Foto 30 – Feirantes locais.........................................................................................................79Foto 31 – A Feira – Produtos artesanais...................................................................................80
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LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Condição do Produtor na Exploração Agropecuária, segundo o Grupo e Classe deAtividade Econômica................................................................................................................46Tabela 02 - Consumo e Número de Consumidores de Energia Elétrica por Classe.................52Tabela 03 - Volume Faturado e Número de Economias Ativas por Classe..............................52Tabela 04 - População por faixa etária......................................................................................54Tabela 05 - Matrícula por dependência administratriva...........................................................55Tabela 06 - Tipos de esgotamento sanitário.............................................................................57
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 – Divisão populacional do Município de Lagoa d’Anta, segundo o sexo dos
habitantes..................................................................................................................................53Gráfico 02 – Índice de Desenvolvimento Humano do Município de Lagoa d’Anta/RN..........54Gráfico 03 – Indicadores do Nível e Composição da Renda – Lagoa d’Anta/RN...................56
LISTA DE SIGLAS
CAERN – Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do NorteCD – Compact diskCESE – Coordenação de Estudos Sócio-EconômicosCOSERN – Companhia Energética do Rio Grande do NorteDVD – Digital video disk
ECT – Empresa Brasileira de Correios e TelégrafosFM – Freqüência ModularFPM – Fundo de Participação dos MunicípiosIBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaIDEC – Instituto de Desenvolvimento EconômicoIDEMA – Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do NorteIDH – Índice de Desenvolvimento HumanoINSS – Instituto Nacional de Seguridade SocialOTAN – Organização do Tratado do Atlântico NortePNUD – Programa das Nações Unidas para o DesenvolvimentoSECD – Secretaria de Estado de Educação, da Cultura e dos Desportos
SEPLAN – Secretaria de Estado do Planejamento e das FinançasSUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do NordesteUNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura)
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................11
Capítulo 1. REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................16
Capítulo 2. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................21
Capítulo 3. ANTECEDENTES HISTÓRICOS....................................................................24
Capítulo 4. ASPECTOS NATURAIS....................................................................................30
4.1 ASPECTOS FÍSICO-CLIMÁTICOS ........................................................35
4.1.1 Clima............................................................................................35
4.1.2 Vegetação.....................................................................................35
4.1.3 Geologia.......................................................................................35
4.1.4 Relevo...........................................................................................36
4.1.5 Solos.............................................................................................36
4.1.6 Hidrografia...................................................................................37
Capítulo 5. FORMAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA..............................................................38
5.1 ASPECTOS ECONÔMICOS .....................................................................41
5.1.1 Agricultura...................................................................................415.1.2 Pecuária.......................................................................................47
5.1.3 Indústria.......................................................................................47
5.1.4 Comércio......................................................................................50
5.1.5 Infra-Estrutura............................................................................51
5.2 ASPECTOS SOCIAIS ................................................................................53
5.2.1 População.....................................................................................53
5.2.2 Educação......................................................................................545.2.3 Renda............................................................................................55
5.2.4 Moradia........................................................................................56
5.2.5 Saúde............................................................................................58
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................60
Capítulo 7. LAGOA D’ANTA:FOTOS-TRADUÇÕES DA VIDA NO MUNICÍPIO......65
Capítulo 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................83
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INTRODUÇÃO
O objetivo principal deste trabalho é analisar o perfil sócio-econômico do Município de
Lagoa d’Anta, interior do Estado do Rio Grande do Norte, observando seus aspectos sociais e
econômicos, bem como discutir a vida de seus habitantes e levar a temática em evidência para
uma reflexão crítica.
Atualmente, a geografia abrange grande complexidade de aspectos. Com esse trabalho
busca-se analisar de forma crítica e reflexiva o perfil sócio-econômico deste município,
levantando questões pertinentes à esta análise
A importância do tema foca, por um lado, a discussão da relevância e importância da
globalização, enquanto traz desenvolvimento e progresso para um lado e por outro conseqüências
desastrosas como aumento do distanciamento entre ricos e pobres, fome, miséria e exclusão.
A discussão da temática apresenta-se importante e atual, uma vez que a globalização,
considerada como a revolução da tecnologia da informação e a reestruturação do capitalismo
introduziu uma nova forma de organização para o espaço geográfico, gerando novos desafios
para a sociedade contemporânea. Esse período é marcado pela crescente transnacionalização das
relações econômicas, sociais, políticas e culturais. Também se caracteriza por sua forma de
organização em redes; pela flexibilidade e instabilidade do emprego; por uma cultura construída a
partir da mídia; por uma alteração na base técnica da produção. Esse processo vem transformando
a vida das pessoas, abalando instituições, transformando culturas, criando e concentrando
riqueza, enquanto incentiva o consumismo, ampliando e induzindo a pobreza.
Observar esses fatos traz à tona questões que se referem à representação social e
econômica da cidade de Lagoa d’Anta.Quais suas características?Quais as implicações do
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desenvolvimento alcançado pela cidade?Como isso influencia a vida das pessoas?Sendo nosso
desafio, analisá-los de forma crítica, fazendo e ponderando reflexões, através da pesquisa e
contato com os moradores do município.
Este tema foi escolhido como resultado de nossa real preocupação em estudar as
condições de vida dos habitantes do município de Lagoa d’Anta.Como é seu cotidiano, que
transformações ocorreram em seu espaço de vivência, como vivem atualmente, enfim como é sua
conjuntura sócio-econômica e até que ponto isso influencia ou altera a paisagem e seu modo de
vida.
Essa Monografia visa elaborar o perfil sócio-econômico do município de Lagoa d’Anta,
interior do Estado do Rio Grande do Norte, porém também é do nosso interesse realizar este
trabalho de forma analítica, buscando dar um olhar geográfico à referida análise.
O resgate da história local, poderá contribuir para a compreensão da temática, resgatando
as raízes da formação sócio-econômica, identificando as conseqüências sociais e sobretudo
analisando a temática em evidência.
Este trabalho será iniciado, através da análise das condições presentes, relatadas nas
entrevistas e quantificadas nos questionários.Buscaremos de acordo com os depoimentos de
moradores antigos da cidade, informações sobre situações anteriores, tentando iluminar as
perspectivas futuras, estudar as condições específicas da dinâmica sócio/econômica do município
expressos na vida e no cotidiano dos seus habitantes.
Pretendemos realizar este trabalho à luz da própria fala dos habitantes, dimensionando a
problemática sempre para uma análise crítica.
Nosso objetivo é reunir informações sobre uma parcela da sociedade brasileira/nordestina
inserida num país de economia capitalista periférica global, dando destaque para as condições
específicas de um município da microrregião do Agreste Potiguar do Rio Grande do
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Nosso mundo verdadeiramente está em mudança e grandes transformações, não
confinadas somente a um lugar, mas nas relações de produção, na tecnologia, nas comunicações,
nas relações sociais e na economia. O mundo que fora pensado por Karl Marx e Max Weber não
confirmou-se em sua realização.O mundo cresceu de forma desigual e, até certo ponto,
surpreendente.
A aquisição e domínio de técnicas que produziram o alcance do desenvolvimento não é
uniforme entre os países e desta forma, convivem no mesmo momento histórico, diferentes
arranjos econômicos e assim o capitalismo abriga formas bem diversas de organização
sócio/econômica e espacial.Esta situação é evidenciada através do contraste entre condições de
vida em áreas geográficas do capitalismo central ou periférico.
Estas situações se acentuam no interior dos países, privilegiando uma parte reduzida da
população em detrimento da grande maioria.Em alguns segmentos da sociedade vivencia-se a
modernidade, em outros, problemas que se agravam devido à dificuldade de compatibilização
entre aspectos modernos e aspectos culturais tradicionais.
Historicamente o Brasil é extremamente desigual.Os problemas de ordem econômica e social
afetam significativamente a situação da população.Indicadores como renda, educação, condições de
habitação, trabalho, transporte, saneamento e meio ambiente, precisam de melhoria em todas as
regiões.Partindo da análise desses indicadores, podemos verificar diferenças sociais e quantificar a
pobreza e o grau de inserção desta sociedade na economia moderna atual.
As transformações por que vem passando a nossa cidade, principalmente nessa atual fase
da globalização, têm colocado cada vez mais em evidência os problemas de ordem sócio-
econômica, como distribuição de renda, pobreza, desemprego e exclusão social.
Este trabalho divide-se em 8 capítulos.
O capítulo 1 faz a Revisão de Literatura. O capítulo 2 disserta sobre Material e Métodos.
O capítulo 3 traz os Antecedentes Históricos do município. Consideramos que o resgate da
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história local poderá contribuir para a compreensão da temática, resgatando as raízes da formação
sócio-econômica.
O Capítulo 4 aborda os Aspectos Naturais da região. Como se trata de um trabalho da área
de Geografia, não se pode deixar de mencionar e caracterizar o espaço a ser pesquisado. A Seção
4.1 traz os Aspectos Físico-Climáticos, para maior esclarecer sobre seu meio ambiente e
disponibilidade de recursos naturais.
O Capítulo 5 foca a Formação Sócio-Econômica, com o objetivo de elencar os fenômenos
que moldam o perfil social e econômico da área em estudo. A seção 5.1 aborda os Aspectos
Econômicos e a seção 5.2 os Aspectos Sociais.
O Capitulo 6 cita os Resultados e Discussão. O Capítulo 7 faz uma cobertura fotográfica
do espaço geográfico em que o trabalho foi desenvolvido.
E por último, as Considerações Finais, onde buscamos responder às indagações lançadas
na Introdução e apresentar este trabalho como fonte veraz de informação e pesquisa, visando
contribuir para aperfeiçoamento do mesmo ou estudos e trabalhos posteriores.
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1. REVISÃO DE LITERATURA
Atualmente, a Ciência Geográfica passa por um grande processo de renovação. Entender a
Geografia nos dias atuais passa pela compreensão dos momentos distintos do desenvolvimento da
sociedade em sua relação com a natureza, dentro do espaço.
No começo era a natureza selvagem, formada por objetos naturais, que ao longo dahistória vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados edepois cibernéticos, fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma
máquina.Através da presença desses objetos técnicos: hidroelétricas, fábricas, fazendasmodernas, portos, estradas de rodagens, estradas de ferro, cidades, o espaço é marcado por esses acréscimos, que lhe dão um conteúdo extremamente técnico.O espaço é hojeum sistema de objetos cada vez mais artificiais, povoado por sistemas de açõesigualmente imbuídos de artificialidade, e cada vez mais tendentes a fins estranhos aolugar e a seus habitantes.(SANTOS, 1996, p.51, grifo nosso)
A Geografia estuda o espaço, que é constituído pelas formas naturais e pelas formas
criadas pelo trabalho humano (formas artificiais), em conjunto com as relações que ocorrem na
vida em sociedade, ao longo da história.Sociedade, natureza, espaço e tempo, são as razões da Ciência Geográfica, uma vez que é
percebível que na história de desenvolvimento humano, as inter-relações entre essas dimensões se
realizam pelo trabalho/técnicas (relação sociedade-natureza) e pelos eventos sociais e/ou naturais
(relação espaço-tempo).
São essas as categorias essenciais da Geografia. Entende-se por categoria palavras ou
conceitos "as quais se atribui dimensão filosófica, ou seja, produzem significado basicamente não
de uso coletivo, mas do sentido que adquirem no contexto de sistemas de pensamento
determinados."(GENRO FILHO, l986).
Existem geógrafos que consideram como categoria central de análise da Geografia como
ciência, o Espaço Geográfico. Ao longo da história da Ciência Geográfica, o espaço geográfico
foi concebido de diferentes maneiras. Neste trabalho pretendemos imaginar o espaço geográfico
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como um resultado histórico e social das relações entre a sociedade e a natureza. Com uma
combinação dinâmica de objetos naturais e sociais construídos historicamente pelo trabalho
humano.
O espaço geográfico deve ser analisado levando em conta outras categorias fundamentais
da Geografia: território, lugar, paisagem e região. As relações sociais e econômicas, tempo,
cultura, sociedade, meio ambiente, poder, redes etc explicam a sua dinâmica e seu constante
processo de transformação.
Todas essas categorias facilitam a análise e compreensão da Ciência Geográfica, seus
conceitos e seu objeto de estudo.
O conceito de Natureza traz à tona os elementos ou o conjunto dos elementos formadores
do planeta Terra, isto é, ar, água, solos, relevo, fauna e flora. Ritter, Ratzel e La Blache, entre
outros, apresentam para considerações sob diversas formas um objeto para a Geografia centrado
na relação homem-meio (natureza). Dentro dessa ótica, recupera para a Geografia uma outra
categoria analítica: a Sociedade. Ainda que no início a Ciência Geográfica trabalhasse mais com
o conceito de comunidade do que propriamente com o conceito de sociedade. Encarada ao longo
deste trabalho como manifestações da vida humana através das relações sociais na história.Nessa
época, Geografia começa a ver o espaço geográfico, como produto das formas como os homens
organizam sua vida e suas formas de produção. Nesta perspectiva, a Geografia concebe a relação
natureza-sociedade sob a ótica da apropriação, concebendo a natureza como recurso à produção.
Isso favoreceu tornou extenso aspecto e econômico da constituição do espaço geográfico. A idéia
de espaço geográfico implica trabalharmos outras duas categorias: tempo e espaço. Estas também
se apresentam sob concepções diferenciadas.
Através de Kant, o espaço geográfico foi analisado numa visão de tempo como sucessão
de fatos no espaço. Assim o espaço geográfico se forma e se organiza representado como
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determinação ou possibilidade. Com isso, o espaço geográfico é a coexistência do passado e do
presente. O Tempo, nesta perspectiva, evoca a idéia de uma dinâmica constante, um movimento
que se repete.
O Espaço por sua vez, será considerado como categoria central para a Geografia ou
mesmo o próprio objeto de estudo da Geografia. Não diferente da outras categorias o espaço foi e
é concebida diferentemente. Inicialmente, assim como o tempo, o espaço foi concebido à maneira
de Kant, como espaço absoluto, espaço receptáculo, espaço continente, lugar de ocorrência do
fenômeno geográfico. Adquiriu dimensões específicas, tornou- se demarcável, passível de
delimitação, de localização, de forma absoluta.Com as transformações do mundo pós-guerra
aliadas ao progresso científico, a Ciência Geográfica concebe como ao mesmo tempo, absoluto,
relativo e relacional.
Com relação à esta categoria: “o espaço é acumulação desigual de tempos”.(SANTOS,
1980)É o mesmo que alude o espaço como coexistência de tempos diferentes, tempos “evoluídos
e obsoletos” coabitando em uma dada sociedade.
O Território é um elemento de análise da Geografia para interpretar a sociedade e suas
relações com a natureza. Sendo uma forma de apropriação da natureza, é uma criação humana,
produto do trabalho social.
“Territórios existem e são construídos (e destruídos) nas mais diversas escalas, da mais
acanhada (p.ex., uma rua) à internacional (p.ex., a área formada pelo conjunto dos territórios dos
países membros da OTAN).” (SOUZA, 1995, p.81)
Para o geógrafo Hildebert Isnard (1982, p.30),
qualquer sociedade humana vive num espaço que considera como necessário para a suaexistência, quer seja em virtude de uma herança biológica, quer de uma tradiçãocultural. É uma evidência afirmar que não há sociedade sem espaço que lhe seja próprio, no interior do qual as gerações se sucedem numa continuidade tal que umaidentificação se realiza entre um povo e o seu território.
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Região é um outro elemento : o meio natural e o aproveitamento que o homem faz do
meio.Pode ser definida como uma considerável extensão de território com características
evidentes que o distinguem de outros territórios próximos.
“A região é modelada pelas imposições objetivas da natureza e da sociedade e redefinidas
pelas imposições subjetivas das relações de poder”.(CASTRO, 1992, p.34.)
A organização sócio-econômica atual de uma região é resultante da forma como foi
estruturada ao longo da história.
Milton Santos em seu livro intitulado “Metamorfose do espaço habitado”, assim define a
Paisagem - tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança.Esta pode ser definida como
domínio do visível, aquilo que a vista abarca.Não é formada apenas por volumes, mas também de
cores, movimentos, odores, sons etc.
“A paisagem não se dá de uma vez, mas por acréscimos, substituições;[...] uma paisagem
é escrita sobre outra[...]”(SANTOS, 1988, p.61-6).
O estudo do Lugar trata de outra categoria importante para entendermos o espaço
geográfico.
Para Ana Fani (1996, p.20), o lugar é a porção do espaço apropriável para a vida –
apropriada através do corpo – dos sentidos – dos passos de seus moradores, é o bairro, é a praça,
é a rua, [...] a pequena vila ou cidade – vivida/conhecida/reconhecida em todos os cantos.
Lugar constitui a dimensão da existência que se manifesta através "de um cotidiano
compartido entre as mais diversas pessoas, firmas, instituições–cooperação e conflito são à base
da vida em comum”. (SANTOS, op.cit).
O lugar evoca relações afetivas e subjetivas que podem promover a integração ambiental e
romper com visão mercantil da natureza. O geógrafo Yu-fu Tuan, oferece considerações para
entender a ligação afetiva do ser humano com o lugar: “sentimentos que temos para com o lugar,
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por ser o lar, o lócus de reminiscências e o meio de se ganhar a vida, pois o lugar é o veículo de
acontecimentos emocionalmente fortes.” (Tuan, 1980, p. 108 apud BELARMINO NETO, 2001,
p.123).
A cidade representa um espaço enquanto fato e tempo, pois nela se concentra uma
sucessão de tempos históricos distintos.As dimensões da cidade sejam elas: econômica, política,
social e cultural é o que dão forma a cidade, através dos tempos.
A globalização que se pode traduzir na revolução da tecnologia da informação e na
reestruturação do capitalismo introduziram um novo período para a sociedade contemporânea.
Esse período é marcado pela crescente transnacionalização das relações econômicas, sociais,
políticas e culturais. Também se caracteriza por sua forma de organização em redes; pela
flexibilidade e instabilidade do emprego; por uma cultura construída a partir da mídia; por uma
alteração na base técnica da produção. Esse processo vem transformando a vida das pessoas,
abalando instituições, transformando culturas, criando riqueza e aumentando o consumismo,
ampliando e induzindo a pobreza.
O desenvolvimento buscado pela maioria dos países não se restringem somente ao
progresso técnico ou financeiro das pessoas.Não é puramente um fenômeno econômico.É um
processo multidimensional, que envolve a reorganização completa dos sistemas sociais, políticos
econômicos, implica em elevação de renda, disponibilidade de serviços básicos etc, tendo
também seus fatores negativos, como preocupações com o meio ambiente e cidadania.
“A globalização da sociedade e da economia será a mundialização do espaço geográfico,
carregando-o de um novo significado.” (SANTOS, 1988).
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2. MATERIAS E MÉTODOS
A pesquisa é uma atividade que une teoria e prática interessada em investigar
minuciosamente a realidade histórico-social. A pesquisa é,
O momento culminante de um processo de extrema amplitude e complexidade peloqual o homem realiza sua suprema possibilidade existencial aquela que dá conteúdo àsua essência de animal que conquistou a racionalidade: possibilidade de dominar anatureza, transformá-la, adaptá-la às suas necessidades.(PINTO, 1985, p.13).
Para Barbosa Filho (1994),
O método científico, consiste num processo de investigação dos fenômenos darealidade em que a observação é feita de modo sistemático. Os fatos são tratados demaneira racional, por argumentação lógica, leis apropriadas e teste crucial de prova. Eleestabelece os conceitos e princípios gerais, os procedimentos e processos básicos, astécnicas e instrumentos de observação, aplicáveis a qualquer ramo do conhecimento.
Não obstante é preciso reconhecer que:
nas Ciências Sociais existe uma identidade entre sujeito e objeto. A pesquisa nessa árealida com seres humanos que, por razões culturais, de classe, de faixa etária, ou porqualquer outro motivo, têm substrato comum de identidade com o investigador,tornando-os solidariamente imbricados e comprometidos, como lembra Lévi-Strauss(1975): “Numa ciência, onde o observador é da mesma natureza que o objeto, oobservador, ele mesmo, é uma parte de sua observação”(p.215).(MINAYO, 1994, p.14)
A realização deste trabalho terá como procedimentos metodológicos os momentos que
seguem: em primeiro lugar será realizado um levantamento histórico do município de Lagoa
d'Anta-RN com a identificação de acontecimentos, cronologicamente distribuídos, que permitamacompanhar a evolução e organização do espaço geográfico estudado.
Em seguida, um levantamento bibliográfico de temas que se relacionam com o nosso
objeto de estudo.A pesquisa bibliográfica será realizada de forma diversificada: livros, internet,
além de informações em órgãos públicos.Também será realizada pesquisa documental ou seja,
coleta, análise, seleção e interpretação de materiais, fotos, mapas e tabelas. Constitui uma etapa
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essencial na busca de subsídios teóricos para alicerçar e orientar a referida pesquisa.
Em um terceiro momento, o trabalho de campo, propriamente dito.Será realizado na área
de estudo e se utilizará de técnicas de observação direta através de entrevistas, questionários,
registro fotográfico e principalmente relatos e depoimentos de moradores da cidade.
Entrevistas
“A entrevista é uma conversação realizada frente a frente e de maneira metódica,
propiciando ao entrevistador o acesso às informações que deseja.” (LAKATOS & MARCONI,
1995).
Realizadas com os habitantes locais, de forma parcialmente estruturada com perguntas
previamente formuladas e outras livres conduzidas no momento da pesquisa de acordo com
nossos objetivos visando obter o maior número de informações a respeito da situação estudada.
Questionário
Será destinado a alguns trabalhadores do município e conterá perguntas abertas e fechadas
sobre sua formação, situação sócio-econômica, condições de trabalho, situação diante dos
problemas globais etc, procurando traçar o perfil dos envolvidos na pesquisa.
Registro fotográfico
Desde a mais remota antigüidade que a sedução pela imagem faz parte da história
humana. Ao longo dos séculos, quer rabiscando garatujas em cavernas, quer
esculpindo a pedra, entalhando a madeira ou moldando o barro, o homem foi
‘erguendo os andaimes de um rico e laborioso edifício iconográfico. (...) O avanço no
campo das ciências e da tecnologia fez surgir meios mais sofisticados de fixação de
imagens. Assim, a fotografia, o cinema e a televisão, propiciaram, sem sombra de
dúvida, um novo estatuto ao ícone. (NASCIMENTO, 1996).
Terá o objetivo de reunir fotos sobre o modelo econômico adotado pela população de
modo geral, bem como sobre seu modo de vida e os problemas econômicos e sociais existentes.
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Na quarta etapa, realizar-se-á a redação do trabalho que visar levantar um diagnóstico
socioeconômico do Município.
Entretanto, a parte mais reveladora da pesquisa será certamente, os relatos e depoimentos
de moradores da cidade, dado o seu grau de valorização e ligação com tudo o que representa o
seu lugar de vivência, seus relacionamentos e raízes culturais.
Compreender os problemas do nosso município, é algo que por vez irá fornecer subsídios
para futuras soluções, problemas esses que, a geografia e outras ciências tentarão explicar no
desenvolvimento do nosso trabalho.
É importante não esquecer a influência exercida por uma ordenação econômico-
tecnológica, cujas determinações emanam de centros de poder frequentemente fora da área
geográfica através da mídia, informatização, padrões tecnológicos e comportamentais podendo
transformar costumes, usos e sistemas de valores.
Os estudos terão como meta uma análise dos aspectos geográficos que ofereçam
elementos para a compreensão dessa realidade local.
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3. ANTECEDENTES HISTÓRICOS
Precisamente em 22 de julho de 1819, João Bernardo da Silva, recebera em doação uma
sesmaria, situada nas redondezas de uma lagoa próxima ao rio Jacu.Estas terras pertenciam antes
ao Pe. David Muniz Gomes, berço do que seria o povoado que daria origem a cidade.
O povoado só começou a desenvolver-se no final do século XVIII, principalmente pela
expansão da atividade pecuária , quando apareceram fazendas de gado às margens da lagoa.
Ocorreram várias transformações, e assim, o povoado aumentou, passou posteriormente, a
vila e logo depois, emancipando-se e transformando-se em cidade.Assim até o final do século
XIX, a estrutura social e econômica de Lagoa d’Anta era essencialmente rural.Tudo era voltado
para as atividades ligadas ao campo, o conjunto dos grupos sociais e as atividades produtivas de
riqueza aconteciam nas fazendas de gado.
No início do século XX, Lagoa d’Anta servia basicamente de centro de troca de produtos
consumidos pelos moradores e pelas populações rurais que habitavam em suas proximidades,
servia também de centro administrativo e religioso, este último através de missas realizadas na
Capela, dedicada a uma santa francesa, Santa Teresinha, santa muito famosa e com muitos
devotos no mundo inteiro, considerada Doutora da Igreja Católica.1
Em 1920, o desenvolvimento econômico da região foi impulsionado com a construção de
estradas que ligavam os povoados ao município de Nova Cruz e outras regiões do estado,
favorecendo com isso a comercialização dos produtos agropecuários aqui produzidos.
Foi nessa época que iniciou a construção da Capela e da primeira escola do povoado.A
população aumentava, ainda que lentamente.Nas décadas de 30 a 40, já como vila, Lagoa d’Anta
1 Santa Teresinha do Menino Jesus, nasceu em Alençon (França), no dia 2 de janeiro de 1873.O Papa Pio XI, acanonizou no dia 17 de maio de 1925.Em 19 de maio de 1997, o Papa João Paulo II a proclama Doutora da
Igreja.Fonte:Obras Completas, Ed.Loyola, 1997.
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passou a atrair um número maior de moradores advindos das fazendas para a cidade, o que
acabou por favorecer sua emancipação municipal.
Câmara Cascudo, historiador potiguar, registra que a história de seu povoamento é
recente, com impulso no final do século XX, mais precisamente no governo de Ferreira Chaves
(1914-1919) ou nos finais do governo de Alberto Maranhão (1910-1913).A construção de
estradas articulando os lugares mais povoados com aqueles que se firmavam na rede urbana com
Lagoa d’Anta, funcionou como impulso ao seu crescimento.(CASCUDO, 1968)
Em 1942, percebe-se uma sensível movimentação econômica, a partir da maior oferta de
serviços educacionais, adensamento da população, construção da Igreja, contribuindo assim, para
a arrancada de identificação das redes municipais nas áreas da bacia do rio Jacu.
Até 1920, Lagoa d’Anta era apenas uma simples aglomeração de residências espalhadas
ao redor de uma velha fazenda de gado na região oeste do município de Nova Cruz.
O progresso econômico de Lagoa d’Anta veio com as estradas, pois com as rodovias
ligando o povoado ao restante da região e do estado, os produtos eram mais facilmente
comercializados, sendo base econômica do município: a agricultura e a pecuária.(MORAIS,
1999).
Somente em 1962, por meio da Lei Nº. 2.788 de 11 de maio do ano citado, Lagoa d’Anta
foi elevada a categoria de cidade, desmembrando-se do município de Nova Cruz, mais importante
município da região agreste.Mesmo assim, Lagoa d’Anta continuou tendo como base econômica
a agropecuária, com ênfase na cultura da mandioca, feijão e milho.A partir daí passou a ter
autonomia financeira e administrativa, com os três poderes constituídos.
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Figura 01 – Mapa do Brasil com regiões e destaque para o Rio Grande do Norte.Fonte: IBGE, 2000.
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Figura 02 – Mapa do Estado do Rio Grande do Norte – MESO E MICRORREGIÕES HOMOGÊNEAS.Fonte: IBGE, 1996.
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Figura 03 – Mapa da MESORREGIÃO DO AGRESTE POTIGUAR.Fonte: IBGE, 2000.
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Figura 04 – Mapa do Município de Lagoa d’AntaFonte: IDEMA, 1999.
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4. ASPECTOS NATURAIS
O Brasil se situa na América do Sul, sendo o quinto país mais extenso do mundo e o
maior da América do Sul, com uma área de 8.511.965 km².
Encontra-se constituído por 26 estados e 1 distrito federal.Estes estados e o distrito
federal, estão agrupados em 5 grandes regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste.
Nosso estado, o Rio Grande do Norte se localiza na Região Nordeste, que é composta
por 9 estados:Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e o Rio
Grande do Norte.
O Nordeste brasileiro ocupa 1.500.000 km², equivalendo a 18% do território
nacional.Nessa região vivem 45 milhões de pessoas – 28% da população do Brasil, uma
densidade demográfica de 30 hab/km².2
É uma região que enfrenta muitos problemas sociais: miséria, pobreza, insuficiência
alimentar, carência de moradias, desemprego.Tais problemas são comuns em todas as regiões
brasileiras, porém em nossa região, estes problemas são mais acentuados.O nível de vida da
maioria da população é baixíssimo.Uma parcela pequena da população concentra boa parte
das riquezas, e isso acarreta um distanciamento muito grande entre pobres e ricos.A falta de
oportunidades é um indicador de grande peso na formação de correntes migratórias de
nordestinos que vão para outras regiões em busca de melhores condições de vida. Não é uma região homogênea.Nela existem áreas industrializadas, outras com
agricultura tradicional e em algumas com menor desenvolvimento.Divide-se em quatro sub-
regiões principais: Zona da Mata, Sertão, Agreste e Meio-Norte.
A Zona da Mata é a principal sub-região nordestina: é a mais povoada, mais
industrializada e mais urbanizada.Compreende a área litorânea que vai do Rio Grande do
2 Fonte: Almanaque Abril, 1999.
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Norte até a Bahia.No sentido leste-oeste, é uma estreita faixa de terras que vai do litoral
oriental até o planalto da Borborema.
O Sertão é a maior da sub-regiões nordestinas, abrangendo mais da metade da área
total do Nordeste.Corresponde às terras interioranas, de clima semi-árido e vegetação de
caatinga.As menores densidade demográficas do Nordeste são encontradas no Sertão.Nesta
área geográfica são desenvolvidas atividades econômicas tradicionais, como a pecuária
extensiva de corte.
O Agreste é uma faixa de terra bastante estreita no sentido leste-oeste e alongada no
sentido norte-sul, situada entre o Sertão semi-árido (a oeste) e a Zona da Mata úmida (a
leste).É uma área de transição entre essas duas sub-regiões.Seu clima não é tão seco quanto o
do Sertão, nem tão úmido quanto o da Zona da Mata.Na sua porção oeste normalmente chove
menos do que na parte leste, visto que esta área ainda se beneficia de chuvas orográficas
impulsionadas pelos ventos alísios que trazem umidade oceânica.Sua vegetação em alguns
locais se assemelha à mata Atlântica;em outros, à caatinga.
O Meio-Norte (na antiga divisão regional realizada pelo IBGE), constitui uma área de
transição entre o norte (Amazônia) e o nordeste (Sertão), que vai da bacia do Rio Grajaú, até a
bacia do rio Parnaíba, a leste.A parte ocidental do Maranhão – de clima mais úmido e matas
equatoriais semelhantes às da floresta Amazônica – pertencente à Amazônia.A maior parte do
Piauí é sertaneja, com clima semi-árido e vegetação de caatinga.A localização do Rio Grande do Norte é destacada pela sua posição geo-
estratégica.Tem uma área de 53.306 km², o que corresponde a cerca de 0,62% do território
brasileiro e 3,41% da região nordeste.3
O território norte-rio-grandense localiza-se no hemisfério sul ocidental, e seus pontos
extremos são limitados pelos paralelos de 4°49’53” e 6°58’57” de Latitude Sul e pelos
3 Fonte: Atlas do Rio Grande do Norte, 2004.
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meridianos de 34°58’03” e 38°36’12” de Longitude Oeste de Greenwich.4 Esta localização
próxima ao Equador e na extremidade norte do litoral leste do Brasil, lhe propicia excelentes
condições naturais para o desenvolvimento de determinadas atividades econômicas.
Sua população é de 2.776.782 habitantes ou 52,3 hab/km².(Censo IBGE, 2000).
Seus limites compreendem:
AO NORTE – Oceano Atlântico
AO SUL - Paraíba
A LESTE – Oceano Atlântico
A OESTE – Ceará
Embora seja um dos menores estados brasileiros, possui diferenças de relevo, clima,
vegetação, solo e atividades econômicas.
Politicamente o Estado está dividido em 167 municípios, agrupados em zonas e
subzonas homogêneas, de acordo com estudos executados da SEPLAN/IDEC.A divisão
territorial do IBGE faz indicações de Mesorregiões e Microrregiões.
É assim dividida as Meso e Microrregiões:
• OESTE - Mossoró, Chapada do Apodi, Médio Oeste, Vale do Açu, Serra de São
Miguel, Pau dos Ferros e Umarizal.
• CENTRAL - Macau, Angicos, Serra de Santana, Seridó Ocidental e Seridó Oriental.
•
AGRESTE - Baixa Verde, Agreste Potiguar e Borborema Potiguar.
• LESTE - Litoral Nordeste, Macaíba, Natal e Litoral Sul.
O Rio Grande do Norte tem um novo mapa geopolítico com municípios criados ou
desmembrados de outros já consolidados no espaço potiguar.São terras onde não foram
estabelecidas atividades econômicas importantes.Na realidade apresentam índices de muita
pobreza.Por outro lado, temos a considerar a estrutura de poder político/econômico que, a
4 Fonte: IDEMA, 2002.
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exemplo do modelo nacional, reproduz em âmbito local a apropriação/concentração de
riqueza e poder que mantém as elites no comando da situação política e sócio-econômica
desde o início da organização espacial do município.
O município de Lagoa d’Anta está encravado na Mesorregião do Agreste Potiguar e na
Microrregião que recebe o mesmo nome: Agreste Potiguar, Sub-zona Fronteiriça da Paraíba,
que compreende ainda os seguintes municípios: Campo Redondo, Coronel Ezequiel, Jaçanã,
Japi, Lajes Pintadas, Montanhas, Montes das Gameleiras, Nova Cruz, Passa e Fica, São
Bento do Trairi e Serra de São Bento.Trata-se de zona de transição, paralela à Zona da Mata
entre o Litoral Leste e o interior do Estado, uma região menos úmida, com atividades
econômicas concentradas no cultivo de milho, mandioca e feijão, com estrutura fundiária
dominada por pequenas propriedades.
Seu território localiza-se, mais precisamente, no Hemisfério Sul Ocidental, tendo suas
coordenadas geográficas:
Latitude (S) 6º23’28’’
Longitude (W) 35º35’54’’
Possui uma extensão de ordem de 98,9 km², representando cerca de 0,19% da
superfície estadual.A altitude da sede é de aproximadamente 154 m acima do nível do mar e
sua distância em relação a capital, Natal, é de aproximadamente 102 km.
Seus limites
5
são:AO NORTE – Santo Antonio, São José de Campestre e Serrinha
AO SUL – Passa e Fica
A LESTE – Santo Antonio e Nova Cruz
A OESTE – Serra de São Bento, São José de Campestre e Passa e Fica
5 Fonte: IDEMA, 2002.
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Consideramos que um trabalho geográfico, embora centrado no espaço geo-econômico
do município, não pode deixar de comentar aspectos físico-climáticos, para maior
esclarecimento sobre seu meio ambiente e sua disponibilidade de recursos naturais.
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4.1 ASPECTOS FÍSICO-CLIMÁTICOS
4.1.1 Clima
A temperatura média do município está em torno de 25,5°C, máxima de 33,0°C e
mínima de 21,0°C, sendo o período chuvoso de março a julho.O número de insolação é
variável e chega a 2.700 horas por ano e a umidade relativa do ar é de 73%.6
Seu clima é o semi-árido, clima que domina quase de forma contínua, todo o interior
do estado, um clima muito quente, com estação chuvosa atrasando-se para o outono.
4.1.2 Vegetação
A vegetação predominante da região é a Caatinga Hipoxerófila.Caatinga significa
“mato branco”, termo tupi.É composta de espécies xerófilas e na sua maioria caducifólias, de
pequeno porte, apresenta arbustos e árvores com espinhos e aspecto menos agressivo do que a
Caatinga Hiperxerófila.Entre outras espécies, destacam-se a caatingueira, angico, braúna,
juazeiro, mameleiro, mandacaru, umbuzeiro e aroeira.
4.1.3 Geologia
Do ponto de vista geológico o município é formado por dois tipos de terreno, o
Embasamento Cristalino e as Coberturas Colúvios-Eluviais.Esses terrenos têm sua origem no
período geológico pré-cambriano.O Embasamento Cristalino aflora nas áreas mais baixas, nos
vales, sendo representado por migmatitos, gnaisses, granitos, xistos e anfibolitos.
6 Fonte: IDEMA, 2002.
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no aproveitamento agrícola, podendo se cultivar uma diversidade maior de produtos, hoje só é
utilizado para a cultura da mandioca (monocultura).
4.1.6 Hidrografia
O município encontra-se com 100% do seu território inserido na Bacia hidrográfica do
rio Jacu.O rio Jacu nasce na Serra dos Cariris Velhos, na Paraíba, entrando no Rio Grande do
Norte através do município de Japi.Banha vários outros municípios e quando chega ao
município de Goianinha, forma uma várzea com solos férteis, indo desaguar no oceano
através da lagoa de Guaraíras.Os principais riachos do município são: Umbuzeiro, do Xique-
xique e João Gomes.As lagoas principais são: Lagoa da Carnaúba, do Chico, do Pedro e do
Riacho.
Na sua hidrogeologia destacamos o aqüífero cristalino que engloba todas as rochas
cristalinas, onde o armazenamento de águas subterrâneas.Somente se torna possível sua
exploração, em áreas em que a geologia local apresenta fraturas associadas a uma cobertura
de solos residuais significativos.Os poços construídos mostram uma vazão média baixa de
3,5m³/h, e uma profundidade de 60m, com água comumente apresentando alto teor salino de
480 a 1.400 mg/l com restrições para o consumo humano e uso agrícola.7
Lagoa d’Anta não dispõe de mananciais com qualidade e quantidade que permitam aimplantação de obras de abastecimento.Assim o abastecimento da região é feito pelo sistema
adutor Agreste/Trairi/Potengi (Adutora Monsenhor Expedito), através da CAERN, tendo
como objetivo o abastecimento humano e a dessedentação animal.
7 Fonte: IDEMA, 2002.
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5. FORMAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA
Este capítulo objetiva resgatar elementos dos fenômenos sucessivos que configuram a
formação sócio-econômica do município de Lagoa d’Anta.
“Para identificar a cidade devemos seguir a trilha para trás, partindo das mais
completas estruturas e funções urbanas conhecidas, por mais remotos que se apresentem no
tempo, no espaço e na cultura.” (MUNFORD, 1965).Sendo assim, consideramos que para
entender a atualidade, devemos recorrer a fatos do passado.
Conta-se que a localidade foi inicialmente habitada por pessoas interessadas em
encontrar trabalho para garantir suas sobrevivências e desta forma se dedicaram às atividade
agrícolas, em especial ao plantio e cultivo da mandioca.Com o passar do tempo, a população
se dedicou tanto à cultura da mandioca, que se destacou com a produção de todos os seus
derivados, sendo até hoje reconhecida como melhor fabrica a farinha de mandioca, a tapioca,
o beiju, bolo de mandioca mole e outras comidas típicas feitas com a mandioca.
Até o final do século XIX, a cultura da mandioca era a principal atividade da região,
chegando a representar 80% da produção agrícola.Hoje devido a fatores naturais e
econômicos, essa cultura começa a declinar.
Como sabemos, a agricultura desempenha um papel muito importante na maioria dos
municípios brasileiros, proporcionando também o desenvolvimento dos setores comercial,industrial e de serviços das pequenas cidades.
Os lagoadantenses que moram na zona rural, enfrentam muitas dificuldades: número
reduzido de instrumentos agrícolas e de depósitos para armazenamento dos produtos e a falta
ou excesso de chuvas no período de plantação ou de colheita, isso dependendo do ano
observado.
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Com poucas condições de explorar a terra mais extensivamente, os pequenos
produtores rurais ou seus familiares, não conseguindo tirar o necessário para a sua
subsistência e de sua família, ingressam no processo de deixar suas terras para se dedicar a
outras atividades, o que contribui para a concentração de terras e o êxodo rural, aliados
também à esperança de melhores ofertas dos serviços nas áreas urbanas.
Esse êxodo rural resultou no aumento da população urbana.Os habitantes do campo,
destinaram-se a cidade à procura de condições favoráveis de moradia e trabalho.Com a
migração dessas pessoas para a cidade, ocorreu a ampliação nas áreas urbanas, de
representantes das classes sociais menos favorecidas, pois essas pessoas na maioria das vezes,
se caracterizava como força de trabalho de baixa escolaridade e não qualificada.Com isso
entendemos que não houvera só um simples deslocamento da população rural para a cidade,
porém uma mudança na organização espacial, ou uma nova configuração para a cidade.
A urbanização ao mesmo tempo em que trouxe o progresso, também aumentou os
problemas sociais da população, exigindo do poder municipal todo esforço necessário para a
adequação da infra-estrutura necessária para esta população.
Lagoa d’Anta passou a crescer mais e com isso as ruas foram se multiplicando.Como
apareciam várias ruas, surgia também a necessidade de calçamento, saneamento, iluminação,
limpeza e demais serviços urbanos.
A preocupação do poder público com a cidade não se resumia à reformas ou aberturasde ruas novas, mas também a sua limpeza e destinação do lixo coletado.
Como a cidade cresceu, o lixo também aumentou, na medida em que as pessoas que
estavam chegando à cidade, vinham da zona rural e tinha hábitos diferentes, preocupando o
poder municipal com relação à gestão do lixo.
Segundo dados do IBGE (2000), com uma taxa de crescimento em torno de 1,18%,
entre os anos 1991-2000, vê-se que é imprescindível se ter uma preocupação com a infra-
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estrutura para se atender a demanda desta população, ou seja, é necessário a implantação de
postos de saúdes funcionando bem e atendendo toda a população, áreas de lazer, boas escolas,
entre outras, sendo inevitável a participação e interesse do poder público, na resolução dos
problemas urbanos.
Assim, ao analisar a história econômica de Lagoa d’Anta, percebe-se que a agricultura
exerceu grande influência no seu desenvolvimento, contribuindo para a evolução da cidade,
pois muitas pessoas que moram na cidade, além de terem outras atividades, ainda se dedicam
a agricultura, pecuária e avicultura, o que em conseqüência altera a estrutura fundiária, uso do
solo, relação de produção, comercialização e trabalho.
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5.1 ASPECTOS ECONÔMICOS
A vida econômica do município de Lagoa d’Anta, se fundamenta, desde suas origens
no cultivo da terra.Foi partindo daí que os primeiros habitantes povoaram a cidade e como
conseqüência surgiram outros segmentos de atividades e , fontes de renda e numa lógica do
sistema capitalista, a divisão do trabalho trouxe acumulação de riqueza para alguns e pobreza
para muitos.
A agricultura é a principal fonte de geração do desenvolvimento da maioria dos
municípios brasileiros, proporcionando também o desenvolvimento dos setores comercial,
industrial e de serviços, ou seja, desenvolvimento social e econômico.
Em Lagoa d’Anta, a agricultura foi o agente propulsor do desenvolvimento comercial
e também dos setores industrial e de serviços da cidade.
5.1.1 Agricultura
A agricultura constitui, ao lado da pecuária, a primeira atividade econômica da
humanidade.Supõe-se que teve início durante o Período Mesolítico e evolução no Período
Neolítico ou Idade da Pedra Polida (±10000 a 4000 a.C.).Os homens deixaram de ser
nômades, se fixaram na terra e formaram vias sustentadas pela agricultura.Foi um período emque o homem evoluiu de coletor e caçador para cultivar o solo e também se dedicar à criação
de animais.
Trata-se da técnica e prática do cultivo da terra, sendo premissa básica para a
sobrevivência do homem, admite-se que a agricultura surgiu de modo independente em
diferentes partes do mundo, mais provavelmente nos vales e várzeas fluviais habitadas por
antigas civilizações.
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Historicamente, o cultivo foi inicialmente praticado às margens dos rios Nilo (Egito),
Tigre e Eufrates (Mesopotâmia, atual Irã e Iraque), Amarelo e Azul (China), o Ganges e o
Indo (Índia), e se disseminou por quase toda a terra.
Com o desenvolvimento da agricultura, começou a haver excedente de produção, o
que possibilitou o desenvolvimento do comércio, nessa época (troca de produtos).Nos locais
onde haviam essas trocas (grandes feiras), apareciam as cidades.
Até o século XVII, a agricultura era uma atividade rudimentar, instável e de
produtividade muito baixa.Antes da Revolução Industrial, no período do feudalismo, grande
parte da população vivia no campo e dele se sustentava.A população rural, produzia para seu
próprio alimento e também tinha que produzir para suprir os exércitos e a população que vivia
nas cidades.
A partir da Revolução Industrial, a agricultura obteve um estágio técnico e cientifico,
que lhe deu a possibilidade de aumentar a produção, sem mesmo aumentar a área de cultivo,
fundamentado em somente alargar a produtividade (Revolução Agrícola).
A atração exercida pela atividade industrial passou a deslocar uma boa parcela da
população rural para as cidades, o que fez com se diminuísse a mão-de-obra no campo.Com
menos gente trabalhando no campo respondendo pela produção de alimentos e com o
aumento do consumo das cidades, era preciso técnicas novas para que se alargassem a
produção agrícola e suprissem o mercado.O colonialismo influenciou muito a expansão agrícola nas diversas regiões da terra.Em
terras ocupadas na América no século XVI e durante a fase da expansão imperialista da Ásia e
África, no século XIX, os colonizadores implantaram sistemas agrícolas que tinham como
objetivo a produção de alimentos e matérias-primas para suprir as necessidades da
Europa.Baseava-se na monocultura, praticada em grandes propriedades pelos escravos e que
destinava-se à exportação.
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Depois da Segunda Guerra Mundial, influenciado pelo processo de descolonização, os
países desenvolvidos inventaram uma forma para aumentar a produção agrícola mundial: a
Revolução Verde.A referida revolução foi idealizada nos Estados Unidos e tinha como
finalidade acabar com a fome e a miséria dos países pobres, adotando técnicas mais
adequadas para o cultivo, mecanização, uso de fertilizantes e defensivos e sementes
selecionadas.
A lógica que baseou a modernização da agricultura identificava desenvolvimento
agrícola a desenvolvimento rural. Porém, hoje vemos que onde essas políticas foram
implementadas, a agricultura modernizou-se; mas a pobreza rural persistiu.MARTINE (1987)
relata que a modernização da agricultura não negou o caráter “eficaz” do desenvolvimento
capitalista enquanto mecanismo de crescimento econômico, mas não acabou com a pobreza
rural e a precariedade das condições de emprego, assim como também não promoveu a
distribuição igualitária dos “frutos do crescimento”, aumentando ainda mais as desigualdades
sociais.
Ocorrera assim a dependência dos países mais pobres em relação aos países mais
ricos.No interior dos países subdesenvolvidos, a Revolução Verde aumentou a distância entre
os grandes agricultores e os pequenos, contribuindo assim para o abandono e a venda das
pequenas propriedades, acentuando-se com isso os problemas de concentração de propriedade
agrícola em vários países do mundo. Nas sociedades atuais coexistem diferentes modos de produção agrícola, como por
exemplo a Agricultura Extensiva e a Agricultura Intensiva e também vários sistemas
agrícolas, ou seja a forma como a agricultura é praticada, que depende de uma série de fatores
como a história, o grau de desenvolvimento da região e suas condições socioeconômicas e
culturais.Podemos considerar três etapas principais no desenvolvimento da agricultura: a
agricultura arcaica, moderna e contemporânea.Dentre alguns sistemas agrícolas podemos
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citar: agricultura de jardinagem, o sistema de plantation e a agricultura familiar (ou de
subsistência).
Agricultura de Jardinagem
Sistema milenar característico do Sudeste Asiático, na chamada “Ásia de monções”, a
tradicional agricultura de jardinagem agrega técnicas de irrigação, adubação orgânica,
terraceamento e a grande utilização de mão-de-obra em terrenos de cerca de um hectare por
família.
Sistema de Plantation
As plantations, introduzidas pelos europeus em suas colônias na América a partir do
século XVI, caracterizam-se pelo plantio de monoculturas tropicais em grandes extensões de
terra (latifúndios), pelo trabalho escravo ou barato e por ter a exportação como destino final.
Agricultura Familiar
Esse sistema tem como objetivo a produção de alimentos para o consumo familiar dos
agricultores, permitindo vender apenas o excedente.É praticado pelas comunidades rurais em
países pobres da África, América Latina e Ásia, utilizando técnicas próprias de plantio.
Nas pequenas propriedades agrícolas da África e em parte da América Latina
desenvolve-se o sistema de roça (ou itinerante).A agricultura de roça é um exemplo deagricultura itinerante e de subsistência, praticada ainda em todas as regiões do Brasil.Emprega
instrumentos tradicionais e o sistema de queimadas, os grupos que a praticam obtêm baixa
produtividade, visto que esta técnica é anti-ecológica e predatória na medida em que elimina
micro-organismos e assim empobrece e desequilibra os solos.
Segundo dados do Banco Mundial, as atividades agrícolas e pecuárias, além do
extrativismo vegetal são responsáveis por apenas 5% das riquezas produzidas no
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mundo.Considera-se que, da superfície terrestre, 30 a 33% são utilizadas para as atividades
agropecuárias.8
País de tradição agrícola e de grande extensão territorial, o Brasil obtém da terra uma
grande variedade de produtos e se destaca no mercado mundial como exportador de alguns
produtos agrícolas e agroindustriais, como o café, açúcar, soja etc.Porém para abastecer o
mercado interno de consumo, há a necessidade de importação de muitos outros produtos.Já a
pecuária brasileira vem passando, desde a década de 1980, por uma mudança estrutural
significativa de maiores investimentos tecnológicos, basicamente nas Regiões Sul e Sudeste.
Como em outros estados da região Nordeste do Brasil, a agricultura e a pecuária
potiguares, mesmo sofrendo periodicamente com os efeitos naturais, como as estiagens, vêm
desempenhando um papel importante na economia do Rio Grande do Norte.
Ainda assim a agricultura no Rio Grande do Norte é a atividade econômica de maior
participação na economia estadual, muito embora a estrutura montada para essa atividade
esteja superada, e reproduzindo as mesmas situações do passado: concentração de terra nas
mãos de poucos proprietários, concentração de renda e exploração do trabalhador.Uma
agricultura rudimentar, de baixo nível tecnológico, onde poucos recorrem ao crédito para
desenvolver suas atividades, até porque o crédito não é favorável ao pequeno produtor.
Embasada em uma agricultura familiar, onde todos os membros da família trabalham
em todas as etapas do trabalho agrícola, Lagoa d’Anta se mostra ainda fundamentalmenterural.A agricultura aparece como uma fonte econômica quase que única para alguns
habitantes locais.O sistema de manejo emprega médio nível tecnológico e as práticas
agrícolas estão condicionadas ao trabalho braçal e de tração animal com implementos
agrícolas simples.
8 Fonte: COELHO, Marcus de Amorim; SOARES, Lygia Terra.Geografia geral: O espaço natural e sócio-econômico.4.ed.São Paulo: Moderna, 2001.
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J.M.C.C., morador do município, assim descreve o modo de agricultura para o perfil
econômico da cidade:
“Compreende-se que na vivência de início do novo milênio, de um novo século ede uma nova década, se já é tempo favorável para uma análise do perfil econômicodo município.Acredita-se que no perfil econômico encontra-se o verdadeiro avançotecnológico, com ele as vantagens e as desvantagens da evolução.Consultandoalgumas pessoas, constata-se uma insatisfação diante da prática tecnológica.Essainsatisfação se dá explicitamente no pequeno lucro que os agricultores obtém nofinal de suas safras.É certo que existe um pouco de ‘mistério’ diante dessarealidade, por exemplo: em décadas antigas, os roçados eram feitos em brocas, nasdécadas passadas em leirão, nas décadas recentes os terrenos eram preparados paraa plantação por capinadeiras e na atualidade, ou seja, auge do avanço tecnológico,são preparados com tratores.Nisso consiste as vantagens e desvantagens para ohomem trabalhador.As vantagens simplesmente pelas felicidades que a técnica
proporciona.Já as desvantagens são tantas, entre elas: alto custo que a tecnologia
exige para a realização dos trabalhos.É certo que o trabalho manual exigia bemmais sacrifício do trabalhador.Mas os roçados eram menores, os investimentostambém e o lucro era ‘satisfatório’.Vê-se que o avanço tecnológico não temsignificado apenas de bonança para o perfil econômico deste município, com elesurge também outras espécies de sacrifícios.Afinal, a tecnologia foi feita edesenvolvida pelos grandes e para os grandes.”
O principal produto agrícola produzido em Lagoa d’Anta é a mandioca, desenvolvida
através do sistema de roça, onde basicamente toda a produção é para subsistência dos
produtores.Apesar disso a cidade figura como uma das principais produtoras de derivados da
mandioca: como a farinha, tapioca e outros.Segundo o IBGE, em 2001, o município chegou a
produzir cerca de 23.850 t em uma área de 2650 ha, o que significa o auge de sua produção.O
município ainda cultiva outros produtos como o milho e o feijão, só que em escala menor e
em determinados períodos do ano.
Tabela 01 - Condição do Produtor na Exploração Agropecuária, segundo o Grupo e Classe de AtividadeEconômica
Estabelecimento Área (ha)
Proprietário 281 3.269
Arrendatário 32 128
Parceiro 136 437
Ocupante 305 1.078
Fonte:IBGE, 1996.
5.1.2 Pecuária
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“O agricultor quase sempre é pecuarista, que cria animais para completar sua renda,
uma característica geral da população rural nordestina.”(ANDRADE, 1977).
A pecuária no estado do Rio Grande do Norte, tem apresentado um desempenho
instável ao longo dos últimos anos.
Uma atividade que é afetada por freqüentes estiagens, e incentivada pelo Governo do
Estado através do Programa do Leite.Sem chuvas, o criador não tem muita alternativa para o
rebanho, acabando muitas vezes se desfazendo do gado.
Apesar das dificuldades, a pecuária é uma atividade econômica importante para os
produtores rurais e também para o comércio local.É insignificante para a economia estadual,
porém exerce influência forte para a região.
5.1.3 Indústria
A fabricação de bens necessários à vida em sociedade teve origem quando o homem
começou a transformar a natureza em sua volta.O homem da pré-história, transformava a
pedra em algo que lhe fosse útil.A alteração da natureza em bens econômicos viveu
momentos distintos ao longo da história, até chegar a fase moderna da indústria que nós
conhecemos hoje.
Foi a partir da Revolução Industrial que a produtividade do trabalho surgiu comodiferencial e ao mesmo tempo necessidade criada pela população, sem contar do progresso
técnico, que veio com as inovações tecnológicas desta revolução no século XVIII, e o
desenvolvimento do Capitalismo.
A indústria de transformação é considerada o tipo de indústria pioneira.Foi à partir de
seu surgimento e de sua expansão que surgiram os outros tipos de indústria.Esses tipos de
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“massa de mandioca”, a goma (amido) são mais constantes no cotidiano e na mesa do
nordestino do que mesmo os produtos derivados do milho, que juntamente com o feijão
compõem a base alimentar do povo interiorano do Nordeste.
Por ser uma atividade arcaica, a fabricação de farinha de mandioca, não exige grandes
estabelecimentos ou tecnologias avançadas.A maioria das casas de farinha nasceu, às vezes
vizinhas das residências de seus donos, ou mesmo no quintal de suas casas.
Tal como no modelo de agricultura (familiar), a família participa ativamente em todas
as etapas da produção e retira também dessa atividade seu próprio sustento.Desde o cultivo
até o produto acabado, que é a farinha e outros derivados, parte da produção era tirada para
servir de alimento para a família e a outra parte era vendida nas feiras-livres dos municípios
de Nova Cruz, Santo Antonio, São José de Campestre, Passa e Fica e Tacima.
Até a década de 90, todo o processo de fabricação era manual, com ajuda de
equipamentos simples.Um pouco antes desse período, Lagoa d’Anta começa a receber alguns
investimentos, devido a energia elétrica instalada em 1977 no município.As casas de farinha
começaram a empregar máquinas movidas a energia elétrica.
Foi a partir daí com o emprego de máquinas elétricas que aos poucos foram sendo
substituídos a força de trabalho humano e novos equipamentos foram inseridos.Contudo ainda
convivendo com o trabalho de homens e mulheres, os quais com ajuda dessas máquinas,
aumentaram significativamente a produção. Nessas indústrias são produzidos vários tipos de farinha, dentre eles se destacam: a
quebradinha, a mais consumida pelo lagoadantenses, a comum fina e comum grossa que são
vendidas dentro do nosso estado.
O setor secundário do município restringe-se as indústrias de farinha (18
estabelecimentos), em maior incidência, além de 03 fábricas de móveis, 01 fábrica de
vestuário e ainda 03 panificadoras.
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Como se vê em nossa cidade, até pelo número de estabelecimentos, o setor industrial
está voltado principalmente para a produção de farinha, gerando muitos empregos, alguns
exclusivos para homens e outros para mulheres, dando renda e sustento para suas famílias.
Essas micro e pequenas empresas passam atualmente por um processo de
modernização, com a implementação de equipamentos elétricos, substituindo equipamentos
rústicos, feitos muitas vezes artesanalmente.
Segundo o relato de alguns proprietários desses tipos de indústrias, cada máquina
consegue raspar em média 700 kg de mandioca em cerca de 30 minutos.As pessoas só tem o
trabalho de cortar as cabeças da mandioca, a máquina faz tudo o que antes era trabalho
majoritariamente feminino.Ao ser descascada, ela entra em um triturador e depois é levada ao
secador para fazer a massa, depois passa pela prensa para retirar a manipoeira (ácido
cianídrico) subproduto que é utilizado para alimentação do gado.Depois dessa depuração a
massa vai para o forno, onde é torrada, sendo “virada” nesta fase pelas pás de madeira
acionadas pelos trabalhadores, até chegar ao “ponto”.
5.1.4 Comércio
O comércio é uma atividade do setor terciário.A atividade comercial primitiva, nasceu
há milhares de anos, com a troca de objetos, ou valores de uso por outros, cujo valor dependiada necessidade de cada um.Só no final da Idade Média, as trocas de um produto por outro
foram substituídos pela troca por dinheiro.
Inicialmente o comércio era apenas local, mais tarde começam a realizar trocas
comerciais também com povos distantes e com o aperfeiçoamento dos transportes e das
comunicações desenvolveu-se o que chamamos de comércio internacional, envolvendo todos
os continentes.
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O comércio interestadual do Rio Grande do Norte é feito principalmente com o Rio de
Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Paraíba e Ceará, comercializando
roupas, óleo, algodão e sal.No comércio externo, nosso estado exporta para outros países:
tungstênio, xelita, sisal, algodão, camarão, entre outros produtos.
O setor comercial é responsável por um número representativo de empregos, apesar
dos estabelecimentos serem de pequeno e médio porte.No município é a atividade que mais
contribui para a arrecadação municipal.
Dentre os estabelecimentos existentes na cidade de Lagoa d’Anta, podemos citar:
supermercados, mercearias, loj