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Amor verdadeiro Mariana Ribeiro Monteiro Outubro de 2011 Mosteiro e Cavado

Amor verdadeiro

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Amor verdadeiro

Mariana Ribeiro Monteiro

Outubro de 2011

Mosteiro e Cavado

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Amor verdadeiro

Era uma vez um rapaz que acreditava no amor verdadeiro. Esse rapaz

morava em Espanha, na ilha de Tenerife, numa casa grande branca com um jardim

enorme, cheio de flores e de pássaros, era um jardim cheio de alegria. Era um rapaz

de vinte e cinco anos, alto, magro, de olhos verdes e com bastantes músculos. Enfim,

era um rapaz bonito, simpático, divertido, inteligente e apaixonado, pois tinha uma

namorada também ela muito bonita. Este casal era invejado por todos por ser um

casal de amor verdadeiro, namoravam desde a adolescência e desde então nunca

tinham tido uma grande discussão.

Um dia a rapariga, a Teresa, descobriu que tinha uma doença muito grave

e que contava apenas com quatro anos de vida. Teresa passou dois anos sem contar

nada ao seu namorado, o José, até uma altura em que decidiu deixar Espanha e José

e ir para Portugal. Teresa deixou uma carta dizendo:

«José, sei que estranhaste quando acordaste e não me viste em casa,

mas eu tinha de sair de Espanha. Não te contei nada porque não te queria preocupar,

mas há dois anos atrás fui ao médico e ele disse-me que eu tinha quatro anos de vida.

Aguentei dois anos mas agora não conseguia esconder mais, por isso decidi sair do

país para tu não me veres morrer. Amo-te muito. Teresa»

No dia seguinte José acordou e deu por falta de Teresa, como era de

esperar, ele encontrou na mesa-de-cabeceira a tal carta, leu-a chorando, cada vez

mais e mais e decidiu ir procurá-la, pois não podia, de maneira alguma, ficar sem a

sua amada.

Foram passando meses e meses e ele não conseguiu encontrá-la. Já

passado um ano ele encontrou uma coisa no meio de papéis e mais papeis, na caixa

pessoal de Teresa, onde estava uma agenda que dizia:

«21 De Fevereiro – Viagem para Açores, Ilha do Pico.»

José fez as malas e foi para o porto, onde entrou num navio, partindo em

direção a Portugal.

No meio do caminho o navio embate numa rocha e afunda-se. José com

tanta determinação deixou tudo o que ele tinha no barco e foi a nadar pelo mar. Sorte

a sua quando ele avista um pequeno barco de pescadores que o ajudaram a chegar à

tal desejada, Ilha do Pico.

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Quando lá chegou, José foi procurar Teresa. Demorou alguns meses mas

consegui aguentar-se com a ajuda de uns sem abrigo que lhe deram comida, pouca

mas foi comida, alguns trapos para se aquecer e uma família. Por fim José encontrou-

a no hospital, em coma. Grande choque que José teve, já não sabia o que fazer e o

médico disse-lhe que ele não podia fazer nada, teria que desligar as máquinas.

José, destroçado, pediu ao médico para ver pela última vez a sua amada.

O médico levou-o ao quarto de Teresa e José ajoelhou-se a chorar em frente à cama

pequena e alta onde ela estava Teresa. Seguidamente dirigiu-se à saída com alma

vazia mas como que por milagre ouviu duas uma das enfermeiras que estavam a

acompanhar Teresa a dizer:

- Pobre rapariga vai morrer por não ter nenhum familiar aqui para pagar o

transplante de órgãos. daquela rapariga com a mesma idade que sofreu um acidente

de carro e morreu.

Mal José ouviu aquilo foi ter com as enfermeiras e disse-lhes, com o

coração a bater muito, que ele era o namorado dela e estava disposto a ajudar.

As enfermeiras olharam uma para a outra e levaram o rapaz ao cirurgião

do hospital.

Depois de uma conversa, o médico disse-lhe para dar o dinheiro. José

lembrou-se então que não tinha nada mas que ele tinha umas reservas com grande

valor em Tenerife e combinou com os médicos acreditaram nele e deixaram-no pagar

a cirurgia num prazo de três meses. claro que José teve que deixar as suas

impressões digitais.

José esperou na sala de espera do hospital, enquanto Teresa era

operada. E passando alguns minutos começaram a entrar no hospital os pescadores e

mais tarde a sua nova família, os sem abrigo, a sala encheu e todos olhavam para a

porta do bloco operatório e para o relógio, e de repente Teresa entrou vestida com

uma bata branca agarrada á de mão dada com a enfermeira mais velha. O espanto foi

enorme ao ver aquela gente toda só para a ver.

Após uns dias de convalescença, Teresa e José despediram-se de todos

e foram, novamente, de navio, apesar de algum receio, mas será que fizeram uma boa

escolha? Bem, sim fizeram, pelo menos até meio do caminho, quando de repente o

navio começou a tremer. O alarme dispara e todos os passageiros se dirigem para o

convés do navio.

De repente, ouve-se um cântico extraordinário e os passageiros olham

para o mar para ver o que é que se passava. Quando repararam que se tratava de

sereias, todos os homens daquele navio, incluindo o José, começaram a agir com um

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comportamento estranho, os olhos começavam a mudar de cor e num curto instante

eles estavam todos juntos a dizer:

- Salvé, minha sereia, salvé!

Teresa estava assustada pois via esse comportamento em José ela e não

sabia o que fazer. Depois começou a dizer:

- José, meu amor, o que é que tu tens? – Mas José continuava com o seu

comportamento. – José olha para mim. – Teresa desesperada começou a cantar

também a canção, dançando, pela onde dançou, a primeira vez, com José.

Num momento repentino e mágico José olhou-a nos olhos e beijou-a.

Nesse momento instante, os homens daquele navio passaram de uns “escravos” a

apaixonados, e o “feitiço” acabou-se e as sereias começaram a desaparecer

misteriosamente, como que se algo as agarra-se agarrasse. O navio que tinha o nome

de NAVIO DOS ACONTECIMENTOS passou-se a chamar-se NAVIO DOS AMORES.

Depois de uma longa viagem eles chegaram a Tenerife, onde lhes os

esperava uma enorme festa.

Enquanto a festa decorri, José decidiu surpreender novamente Teresa e

quando estavam a dançar ele mandou parar a música e em frente a Teresa ajoelhou-

se à sua frente, e tirou do bolso uma caixa com um anel e disse:

-Teresa, minha amada, queres casar comigo?

-Claro que sim. Sim! – disse Teresa emocionada e surpreendida.

Então, passado um mês eles realizaram o seu casamento na Ilha do Pico.

Pagaram o transplante e o casamento foi espectacular. Claro que lá estavam os

pescadores e a outra família. Foi o dia mais feliz das suas vidas, bem, minto, o dia

mais feliz das suas vidas foram foi quando na lua-de-mel eles se aperceberam -se que

iam ser pais de uma criança portuguesa.