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ALVARINA NUNES
APRENDENDO COM
AS RAINHAS
INTRODUÇÃO
Em minhas mensagens, eu sempre coloco uma
referência bíblica, especialmente quando pretendo
aconselhar alguém que deseja ter uma vida
abençoada e vitoriosa.Um bom exemplo é o
seguinte:O caminho do tolo é reto aos seus olhos,
mas o que dá ouvidos ao conselho é
sábio.Provérbios 12.15.
Este é o propósito deste livro, mostrar as
consequências desastrosas de uma atitude errada e
quando a soberba e a desobediência moram juntas,
elas com certeza vão destruir vidas.Todo cuidado é
pouco.
Por outro lado, quando uma pessoa, tem o
coração voltado para Deus, em seu interior moram
a humildade e a obediência, essas qualidades vão
fazer a diferença por onde ela passar, sempre
haverá um lugar em destaque para ela, e Deus se
encarregará de cada detalhe.
Essas atitudes más e boas, você vai perceber na
vida destas duas rainhas. Você vai aprender com
elas.Esses ensinamentos vão esclarecer dúvidas e
apontar a direção para inúmeras bênçãos em sua
vida. Boa leitura!
- 03 -
APRENDENDO COM AS RAINHAS
E sucedeu nos dias de Assuero, o Assuero que
reinou desde a Índia até a Etiópia, sobre cento e
vinte e sete províncias, naqueles dias, assentando-
se o rei Assuero no trono do seu reino, que estava
na cidadela de Susã, no terceiro ano do seu
reinado, fez um banquete a todos os seus príncipes
e seus servos, estando assim perante ele o poder da
Pérsia e Média e os nobres e príncipes das
províncias, para mostrar as riquezas da glória do
seu reino, e o esplendor da sua excelente grandeza,
por muitos dias, a saber: cento e oitenta dias. E,
acabados aqueles dias, fez o rei um banquete a
todo o povo que se achava na fortaleza de Susã,
desde o maior até ao menor, por sete dias, no pátio
do jardim do palácio real. As tapeçarias eram de
pano branco, verde, e azul celeste, pendentes de
cordões de linho fino e púrpura, e argolas de
prata, e colunas de mármore; os leitos de ouro e de
prata, sobre um pavimento de mármore vermelho,
e azul, e branco, e preto. E dava-se de beber em
copos de ouro, e os copos eram diferentes uns dos
outros; e havia muito vinho real, segundo a
generosidade do rei. E o beber era por lei, sem
constrangimento; porque assim tinha ordenado o
rei expressamente a todos os oficiais da sua casa,
que fizessem conforme a vontade de cada um.
Também a rainha Vasti deu um banquete às
mulheres, na casa real do rei Assuero. E ao sétimo
dia, estando já o coração do rei alegre do vinho,
- 04 -
mandou a Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta,
Zetar e Carcas, os sete eunucos que serviam na
presença do rei Assuero, que introduzissem na
presença do rei a rainha Vasti, com a coroa real,
para mostrar aos povos e aos príncipes a sua
beleza, porque era formosa à vista. Porém a rainha
Vasti recusou vir conforme a palavra do rei, por
meio dos eunucos; assim o rei muito se enfureceu,
e acendeu nele a sua ira. Então perguntou o rei aos
sábios que entendiam dos tempos (porque assim se
tratavam os negócios do rei na presença de todos
os que sabiam a lei e o direito; E os mais chegados
a ele eram: Carsena, Setar, Admata, Társis, Meres,
Marsena, e Memucã, os sete príncipes dos persas e
dos medos, que viam a face do rei, e se assentavam
como principais no reino), o que, segundo a lei, se
devia fazer à rainha Vasti, por não ter obedecido
ao mandado do rei Assuero, por meio dos eunucos.
Então disse Memucã na presença do rei e dos
príncipes: Não somente contra o rei pecou a rainha
Vasti, porém também contra todos os príncipes, e
contra todos os povos que há em todas as
províncias do rei Assuero. Porque a notícia do que
fez a rainha chegará a todas as mulheres, de modo
que aos seus olhos desprezarão a seus maridos
quando ouvirem dizer: Mandou o rei Assuero que
introduzissem à sua presença a rainha Vasti,
porém ela não veio. E neste mesmo dia as senhoras
da Pérsia e da Média, ouvindo o que fez a rainha,
dirão o mesmo a todos os príncipes do rei; e assim
haverá muito desprezo e indignação.Ester 1.1-18
- 05 -
Antes de começarmos discorrer sobre a
exposição da Palavra, vamos saber um pouco
sobre a vida das rainhas Vasti e da rainha Ester.
Quem era a rainha Vasti?
Neta de Nabucodonosor, rei da Babilônia, homem
que destruiu o Primeiro Templo e enviou todos os
Judeus para o exílio, Vasti herdou do seu avô uma
personalidade altiva. Foi seu pai, Beltsassar que no
meio de um banquete, mandou buscar os utensílios
do Templo de Deus, para serem usados em uma
festa em que as prostitutas cultuais se entregavam
aos bêbados da corte do último rei da Babilônia,
quando foi inscrito nas paredes a frase: MENE
MENE TEQUEL U’PARSIM.
Casada com um monarca muito
poderoso, Assuero (Rei venerável), que reinava
desde a Índia até a Etiópia, sobre cento e vinte e
sete províncias, ela era a mulher mais bela de toda
região. Seu nome em hebraico significa “de
beleza incomum”.
Vasti recebeu uma educação babilônica. O povo
babilônico era muito avançado para sua época,
demonstrando grande conhecimento em
arquitetura, astronomia, direito e agricultura. No
governo de Nabucodonosor, os hebreus foram
escravizados pelos babilônios, sendo conhecido
como período do cativeiro da Babilônia. Como
vimos, a rainha Vasti pertencia à família de
Nabucodonosor, só isso já nos assusta um pouco.
- 06 -
Quem era a rainha Ester?
Ester em Persa significa “estrela”, e em hebraico
significa “flor de Murta”.
“A história de Ester apresenta grande importância
histórica. Se esta personagem não tivesse existido,
o povo Hebreu, muito provavelmente, teria sido
completamente aniquilado antes mesmo da
chegada do Messias. Como consequência, a
história do mundo seria outra.
Felizmente, a soberania divina e a disposição de
uma mulher judia uniram-se para mudar o destino
de uma nação inteira”.
Ester foi uma jovem judia que casou com o rei da
Pérsia e salvou o povo judeu do extermínio. Seu
nome hebraico era Hadassa e ela era órfã, criada
por seu primo Mardoqueu.
- 07 -
Vamos refletir sobre os erros cometidos pela rainha
Vasti? Vejamos! Ela foi insubmissa ao seu marido.
Submissão significa estar sujeito, depender e
também obedecer a alguém. Ser submissa ao seu
marido não significa tornar-se capacho ou objeto
dele, mas reconhecer que ele é a autoridade
instituída por Deus em seu lar, e respeitar essa
autoridade. Efésios 5.22-31 nos ensina algumas
coisas em relação à vida familiar, tanto para as
mulheres quanto para os homens, e os versículos 22
a 24 nos mostra que as mulheres devem ser
submissas aos seus maridos. Submissão é uma
ordenança de Deus. As esposas devem se submeter
à liderança deles, respeitá-los e amá-los. Haverá
situações em que você não vai concordar com a
opinião de seu marido, mas mesmo assim você vai
respeitar o ponto de vista dele e apoiá-lo se for
necessário. Isso é submissão. Quando o rei Assuero
solicitou que Vastí se apresentasse perante ele e os
outros convidados, ela recusou o seu pedido,
envergonhando o rei na frente de todos os homens,
ela deveria ter atendido ao pedido de seu
esposo. As diferenças entre a esposa e o marido
nunca devem ser resolvidas na frente de outras
pessoas. Nunca o corrija ou tire a autoridade dele
em público. A Palavra de Deus ensina que as
mulheres devem ser sábias e prudentes.
- 08 -
O segundo erro de Vastí nos mostra que ela foi
um mau exemplo para outras mulheres.
Ao mesmo tempo em que o rei festejava com
seus convidados, a rainha Vastí também estava
dando uma festa para todas as mulheres. Quando os
eunucos foram chamá-la ela recusou-se a
apresentar-se ao rei na frente de todas elas. A
rainha era um exemplo a ser seguido e admirado e
eu imagino que todas as mulheres estavam
aguardando para ver o que ela faria naquela
situação. Quando ela disse “não” ao pedido do rei
na frente de todas as mulheres ela expôs seu marido
ao ridículo, dando motivos para que todas falassem
ou pensassem que o rei não tinha autoridade sobre
ela. Quando você discute com seu marido em
público ou faz algo que vai expor as fraquezas
dele, as pessoas que estão a sua volta veem e
ouvem. Sempre haverá pessoas à sua volta que
serão influenciadas por suas atitudes, portanto,
procure dar o exemplo correto para ser seguido.
Seja conhecida por aquela esposa que dá um bom
exemplo com sua vida e que influencia outras
mulheres para o que é bom e para o que Deus
deseja.
O terceiro erro de Vastí mostra que ela foi a
causadora da ira e da confusão que se formou
naquele dia.
A rainha Vastí deixou o rei irado com sua recusa.
Ele já estava com os humores alterados devido à
bebida e ao receber a notícia dos eunucos, a bíblia
- 09 -
nos relata que ele se enfureceu e se inflamou de ira.
Se Vastí não fosse deposta ela poderia ter causado
uma grande rebelião entre as mulheres, uma vez
que todas elas a tinham como exemplo a ser
seguido. Quando o rei pediu conselho aos sábios
sobre o que deveria fazer a respeito, o medo deles
era que as mulheres passassem a não mais respeitar
seus maridos e os desprezassem. E para que isso
não acontecesse Vastí teria que ser deposta de seu
cargo. Dessa forma, as mulheres temeriam antes de
fazer a mesma coisa que ela fez. Mais tarde outra
mulher foi escolhida pelo rei para assumir o lugar
de rainha. Quantas vezes, você têm instigado seu
marido à ira e à fúria, causando confusão em seu
lar, muitas vezes até na frente dos filhos. A ira é
muito difícil de ser controlada e pode provocar
atitudes impensadas, como, por exemplo, depor a
rainha, e que não poderão ser revogadas. Se mais
tarde o rei se arrependesse do que fez a Vastí ele
não poderia voltar atrás em sua palavra. Atitudes
tomadas com o coração cheio de ira podem levar a
ruína de um lar. Que as esposas não sejam
causadoras de briga e confusão em seu lar, mas ao
contrário, que possam ser pacificadoras,
demonstrando amor e submissão aos seus
esposos. A bíblia nos fala que a mulher sábia
edifica a sua casa, mas a tola a destrói com as
próprias mãos. Seja sábia e fortaleça seu lar! Até
aqui, podemos refletir muito sobre os erros
cometidos pela rainha Vasti e a seguir vamos
aprender alguns aspectos do caráter da nova rainha.
- 10 -
Ester 2. 5, 7-9, 12 e 17. Você gostaria de passar por
um tratamento de beleza que dure 12 meses
seguidos? Com direito a óleos, perfumes, belas
roupas e cosméticos de primeira qualidade? Que
tal, hein? Foi exatamente isso o que aconteceu com
Ester, ela passou por um tratamento que durou 12
meses: 6 meses com óleo de mirra e 6 meses com
perfumes e cosméticos – Ester 2.12. Tudo isso para
se apresentar diante do rei Assuero. Ester era muito
bela e com tudo isso deve ter ficado ainda mais
bonita. Por causa de sua beleza, Ester encontrou
graça diante do rei e este a amou mais do que a
todas as mulheres. Deus usou a beleza de Ester para
cumprir Seus planos. Deus sempre tem a pessoa
certa, na hora certa, para realizar os Seus
propósitos. Ele já havia preparado alguém para que,
no momento certo, pudesse agir. Você é a pessoa
certa no lugar certo. Você é a mulher que Deus
escolheu para, agir em favor de sua família e de seu
marido. Se ele não conhece a Deus, ou não quer
conhecer, Deus vai usar você para interceder por
ele e salvar sua vida. Deus tem muito a nos ensinar
sobre a beleza de Ester e eu gostaria de ressaltar a
beleza de seu coração, a beleza de seu caráter. A
bíblia nos diz que a nossa maior beleza não deve
estar nos enfeites exteriores, mas sim em nosso
coração. Há quatro aspectos da beleza do coração
de Ester que vão ajudar você a edificar o seu
casamento e a estar mais unida ao seu marido.
- 11 -
O 1º Aspecto do caráter de Ester, que eu gostaria
de destacar: ela foi submissa.
Submissão é um dos requisitos necessários para
aquele que quer ser usado por Deus. Se você quer
que seu marido mude e viva com Deus, você tem
que ser submissa a ele. Tem que respeitá-lo. Vimos
que o primeiro erro de Vastí, que a levou a ser
deposta foi insubmissão ao seu marido. Ester foi
submissa a Deus que lhe escolheu para estar no
lugar certo e na hora certa e também ao seu pai
adotivo.
O 2º Aspecto do caráter de Ester, merece ser
destacado: ela foi uma intercessora.
Quando Ester viu que a destruição de seu povo
estava preparada, ordenou uma campanha de jejum
e oração durante três dias – Ester 4.16. Certamente
Ester conhecia a importância do jejum, da oração e
da busca ao Senhor. Ela intercedeu a Deus para que
salvasse seu povo através da vida dela. Reclamar
da situação em seu lar, não adianta nada. Falar mal
do seu marido para outras pessoas não vai trazer
mudança dentro de sua casa. O que faz a diferença
e que vai causar impacto na vida do seu marido é
jejum e oração. Não deixe de orar pela vida dele e
de seus filhos. Deus pode reverter uma situação que
aos seus olhos parece impossível. Não há
impossíveis para Deus, mas cada pessoa, tem que
fazer sua parte, que é a intercessão pela vida
daquelas pessoas que ama e também determinar a
saída do mal que esta causando todo o sofrimento.
- 12 -
O 3º Aspecto do caráter de Ester: ela tinha
confiança em Deus.
Ao comparecer à presença do rei sem ser
chamada, Ester não só demonstra sua confiança em
Deus, mas também sua disposição para morrer. Sei
que é uma pergunta difícil para todas esposas, mas,
até onde estão dispostas a ir para que seus maridos
sejam salvos? Será que estão confiando realmente
em Deus e que Ele pode fazer um milagre na vida
do seu esposo, na sua vida e no seu lar? Tem um
versículo na bíblia que diz “Espera no Senhor,
confia nele e o mais Ele fará”. Esperar no Senhor
significa orar, buscar a vontade do Senhor,
confiando que Ele vai realisar o milagre que você
esta esperando, sem duvidar em seu coração.
O 4º Aspecto do caráter de Ester: ela foi uma
mulher altruísta, quando disse: se perecer, pereci,
ao tomar a decisão de se apresentar na presença do
rei, mesmo correndo o risco de ser rejeitada.
A palavra altruísta quer dizer “sentimento de
quem põe o interesse dos outros acima do próprio”,
ou seja, uma pessoa altruísta está mais preocupada
com o interesse do próximo do que com o seu.
Ester demonstrou altruísmo ao interessar-se pelo
seu povo, sendo capaz de arriscar sua própria vida.
Aprendemos muito com essas duas rainhas; vimos
os erros cometidos por Vasti. A recusa
de Vasti gerou um decreto irrevogável em sua
vida: “que Vasti não entre mais na presença do rei
Assuero, e o rei dê o reino dela a outra que seja
- 13 -
melhor do que ela” (Ester 1.19). Esse decreto teria
por efeito fazer com que todas as mulheres dessem
honra aos seus maridos.
Há aqueles que consideram a Rainha Vasti como
uma heroína, interpretando a sua atitude como
honrosa e de coragem ao recusar uma situação
vexatória que lhe queria impor o poderoso marido.
Mas, não podemos aqui analisar sua atitude pelos
valores atuais. O tempo era outro. Sua atitude não
se limitou apenas a recusa de uma mulher aos
desejos do seu marido, mas sendo ela uma
personalidade pública e estando em um evento
oficial, sua atitude transcendeu ao relacionamento,
tornando-se um desrespeito e desobediência
pública a uma ordem do Rei.
Pela narrativa Bíblica, é visível que naquele reino
de Susã imperava uma cultura muito forte de
ostentação e exibicionismo: A necessidade de
mostrar a riqueza e o poder do reino era o principal
motivo dos festejos, tornando a própria rainha um
objeto de exibição. O soberbo vê o mundo a partir
de si, e não ao redor de si. Vasti quando se recusou
a obedecer ao chamado do Rei em nenhum
momento pensou na reputação do seu esposo e do
constrangimento que causaria diante dos convivas.
Olhou apenas para si mesma, para sua
conveniência, para sua autossuficiência. A posição
privilegiada que ocupava, bem como o conforto e
as regalias desviou a essência da sua posição…Ela
não entendia que tinha uma coroa porque era
- 14 -
casada com um rei, e que a esposa é a glória do seu
marido!
A Bíblia diz que Deus resiste aos soberbos, mas dá
graça aos humildes (I Pedro 5.5b). O decreto
para Vasti foi: “não entre mais na presença do rei
Assuero, e o rei dê o reino dela a outra que seja
melhor do que ela” (Ester 1.19). Deus escolheu
uma judia, órfã, humilde para receber a coroa em
lugar de Vasti. Ester alcançou graça diante de todos
os que a viram.
O rei mandou trazer todas as mulheres mais bonitas
do império persa para ele escolher uma para ser sua
nova rainha. Ester foi uma das mulheres escolhidas
e ela recebeu um tratamento de beleza especial
durante um ano. Ester causava boa impressão em
todos que a conheciam e ela ganhou o favor do rei,
que a tornou sua rainha.
Ester era uma jovem judia que se tornou rainha
quando casou com Xerxes, o rei da Pérsia. Ela
tinha um primo chamado Mardoqueu, que a tinha
criado como filha quando seus pais morreram. Mas
Ester não contou ao rei nem a ninguém que ela era
judia (Ester 2.10).
O plano de Hamã
Hamã era um príncipe importante do império persa
que não gostava de Mardoqueu, porque Mardoqueu
não se curvava diante dele. Hamã decidiu então se
vingar e matar todo o povo judeu. O rei, que não
sabia que Ester era judia, deixou Hamã fazer o que
queria. Então Hamã marcou uma data e se preparou
para o dia da matança (Ester 3.12-13).
- 15 -
Ester intervém
Mardoqueu contou o plano de Hamã a Ester e lhe
pediu para interceder por seu povo ao rei. Ester
teve medo porque ninguém podia entrar na
presença do rei sem ser chamado, sob pena de
morte. Então ela pediu que todos os judeus
jejuassem durante três dias, depois ela foi falar com
o rei (Ester 4.15-16). O rei teve misericórdia dela e
lhe perguntou o que queria. Ester convidou o rei e
Hamã para um banquete e eles foram. Durante o
banquete, Ester convidou o rei para outro banquete
no dia seguinte.
No segundo banquete, Ester revelou ao rei que ela
era judia e lhe contou o plano maléfico de Hamã
para matar todo seu povo. O rei ficou muito
zangado com Hamã e mandou executá-lo na forca
que Hamã tinha construído para Mardoqueu. Com
o apoio do rei, os judeus se uniram para se defender
e mataram muitos de seus inimigos (Ester 9.1-2).
Assim, Ester salvou o povo judeu.
O que podemos aprender com Ester?
Confiar em Deus – Ester arriscou sua vida para
obedecer a Deus e Ele cuidou dela
Ter coragem – Ester estava segura, ninguém
conhecia sua identidade e ela não seria afetada pelo
extermínio; mas ela arriscou tudo para fazer o que
era certo
Orar é importante – Ester buscou a ajuda de Deus
antes de agir e Ele lhe deu sucesso.
- 16 -
O que é o jejum de Ester?
O jejum de Ester foi um jejum de três dias que
Ester e todos os judeus da cidade de Susã
realizaram. Ela fez esse jejum para se preparar para
salvar seu povo. Ester corria risco de vida mas, se
não fizesse nada, todo seu povo iria morrer.
Mardoqueu tinha um inimigo chamado Hamã, que
era o príncipe mais poderoso da Pérsia. De tanto
que odiava Mardoqueu, Hamã decidiu matar todos
os judeus! Ele obteve o apoio do rei e passou um
decreto para exterminar os judeus em uma data
marcada.
Quando Mardoqueu ouviu sobre o decreto, ele
enviou uma mensagem a Ester, pedindo que ela
fosse falar com o rei, para impedir a matança. Mas
Ester estava com medo porque ninguém podia se
aproximar do rei em seus aposentos sem permissão
e ele não estava muito interessado nela nessa altura
(Ester 4.10-11). Se ela fosse lá, o rei poderia
ordenar sua execução!
Por outro lado, se Ester não fosse, todo seu povo
seria morto. E nada garantia que ela iria escapar (Ester 4.13-14). A escolha era difícil e qualquer
decisão era perigosa. Por isso, Ester decidiu jejuar
antes de ir falar com o rei.
Terminado o jejum, Ester falou com o rei e sua
vida foi poupada. E mais: quando descobriu que era
o povo de Ester que iria ser destruído, o rei mudou
a situação. Um novo decreto foi escrito e, em vez - 17 -
de serem exterminados, os judeus mataram muitos
de seus inimigos! Hamã também foi morto e
Mardoqueu foi promovido pelo rei. Tudo terminou
bem para Ester!
Como foi o jejum de Ester?
Quando decidiu jejuar, Ester convocou todos os
judeus de sua cidade para se unirem a ela nesse
propósito. Ester, suas criadas, Mardoqueu e todos
os judeus de Susã passaram três dias sem comer
nem beber nada (Ester 4.15-17).
O jejum de Ester foi um jejum mais radical, que só
deve ser feito, no máximo, por três dias. Ficar mais
tempo sem comer nem beber é muito perigoso para
a saúde. A situação de Ester era muito grave, e
pedia medidas drásticas! Sendo judia, Ester
também teria experiência de jejuar. Ela saberia
como tomar cuidado para não causar danos à sua
saúde.
Ester e todos que participaram do jejum
provavelmente passaram muito desse tempo em
oração, pedindo por livramento. Esse jejum não era
um simples pedido por vitória na vida, era um
clamor a Deus para mudar uma situação
extremamente perigosa. O jejum de Ester foi uma
forma de mostrar dependência total em Deus, o
único que poderia salvar sua vida.
3 virtudes importantes de Ester
Ester foi uma grande mulher! Ela conquistou o
coração do rei da Pérsia e salvou seu povo da
morte. Ester foi abençoada por Deus com muitas
virtudes, que a tornaram uma pessoa exemplar.
- 18 -
Podíamos criar uma lista muito grande das virtudes de
Ester mas estas três são virtudes que todos podemos
cultivar, com a ajuda de Jesus:
1. Amabilidade
Ester não era só bonita. Ela era amável. Todos que
a conheciam ficavam com boa impressão dela
(Ester 2.15). Sua atitude era amigável e ela se dava
bem com outras pessoas. Havia muitas mulheres
bonitas competindo pelo lugar de rainha mas foi a
atitude de Ester que a destacou de todas as outras.
De nada vale ser bonito por fora se você não é
bonito por dentro (1 Pedro 3.3-4). Deus deu beleza
física a Ester mas ela teve de aprender a ser
amável. Você também pode aprender a ser
amável. Assim como você cuida de seu corpo, você
também precisa cuidar de suas atitudes para ter
beleza interior. A amabilidade é um dos frutos de
uma vida guiada pelo Espírito Santo (Gálatas 5.22-
23).
2. Sabedoria
Deus deu sabedoria para Ester para agir da melhor
maneira para salvar seu povo. Ela ouvia os
conselhos de pessoas com mais experiência e não
agia precipitadamente. Para revelar o plano
maléfico de Hamã, Ester organizou dois banquetes
para ganhar o favor do rei e escolheu suas palavras
com cuidado (Ester 7.1-2). Graças a essa sabedoria,
Ester salvou todos os judeus no império persa!
A Bíblia diz que você pode pedir sabedoria a
- 19 -
Deus (Tiago 1:5). A sabedoria ajuda a agir da
maneira certa no momento certo, para o bem de
todos. Quem tem sabedoria evita muito sofrimento.
Mardoqueu, o primo de Ester, também era sábio.
3. Coragem
Ester precisou de muita coragem para salvar seu
povo! Entrar na presença do rei nos seus aposentos
privados sem ser chamada era crime que podia ser
punido com a morte. Além disso, o rei tinha
aprovado o plano de Hamã sem saber que Ester era
judia. Se ela sobrevivesse ao encontro com o rei,
ela poderia ser morta junto com todos os outros
judeus. Mas depois de jejuar três dias, Ester ganhou
coragem para falar com o rei, na frente de Hamã
(Ester 4.15-16).
Deus abençoou Ester por sua coragem. O rei foi
favorável a Ester, castigou Hamã e livrou os judeus
da morte. Na vida você poderá enfrentar situações
difíceis, onde é perigoso fazer a coisa certa. Mas se
você tiver coragem para fazer o que é certo, Deus
vai lhe ajudar! Ester sentiu muito medo mas ela
jejuou e pediu ajuda a Deus. Da mesma
forma, quando você tem medo, você pode se
aproximar de Deus e Ele vai lhe dar a coragem que
você precisa (2 Timóteo 1.7).
- 20 -
Podemos imaginar Mordecai olhando de vez em
quando para Ester com carinho e percebendo, num
misto de orgulho e preocupação, que sua querida
prima havia crescido e se tornado uma moça de
notável beleza. O relato diz que “a moça era bonita
de figura e bela de aparência”. (Ester 7) A Bíblia
apresenta um conceito equilibrado sobre a beleza é
algo agradável, mas precisa estar acompanhada de
sabedoria e humildade. Senão, pode gerar vaidade,
orgulho e outras características indesejáveis. (Leia
Provérbios 11.22)"Como joia de ouro em focinho
de porco, assim é a mulher formosa que não tem
descrição." Já notou como isso é verdade? No caso
de Ester, em que resultaria sua beleza? Em algo
bom ou ruim? Só o tempo diria; mas Ester era uma
jovem especial, preparada por Deus, com uma bela
missão, libertar o seu povo, e ela pagou o preço, e
cumpriu o propósito que recebeu, e sua
recompensa foi receber o amor de um grande rei
que a fez muito feliz.
Ninguém estava mais preocupado com Ester do
que Mordecai. O relato mostra que todos os dias ele
chegava o mais perto possível da casa das mulheres
para saber se ela estava bem. (Ester 2.11) À medida
que conseguia algumas informações, talvez por
meio de servos cooperadores que trabalhavam ali, é
provável que seu coração se enchesse de orgulho
paternal. Por quê? Ester impressionou tanto Hegai que ele a tratou
com muita bondade, dando-lhe sete servas e o
- 21 -
melhor lugar na casa das mulheres. O relato diz até
que “Ester ganhara continuamente favor aos olhos
de todos os que a viam”. (Ester 2.9-15) Será que foi
a beleza por si só que teve esse efeito? Não. No
caso de Ester foi muito mais do que isso.
Hoje em dia, os jovens também podem alegrar o
coração de seus pais ou de outros responsáveis por
eles. Quando não estão à vista dos pais — mesmo
rodeados de pessoas superficiais, imorais ou ruins,
eles podem resistir a más influências e se apegar ao
que sabem ser certo. Quando fazem isso, alegram o
coração de seu Pai celestial, assim como
Ester. Veja Provérbios 27.11 "Sê sábio, filho meu,
e alegra meu coração, para que eu saiba responder
àqueles que me afrontam".
Quando chegou o momento de ser apresentada ao
rei, Ester recebeu a liberdade de escolher qualquer
coisa que achasse necessário, talvez para ficar
ainda mais bonita. Mas Ester foi modesta e não
pediu nada além do que Hegai havia mencionado.
(Ester 2.15) É provável que ela tenha percebido que
o coração do rei não seria conquistado só pela
beleza. Um espírito humilde e modesto seria algo
bem mais raro naquela corte. Será que ela estava
certa?
O relato responde: “O rei veio a amar Ester mais do
que a todas as outras mulheres, de modo que ela
obteve mais favor e benevolência diante dele do
que todas as outras virgens. E passou a pôr-lhe o
- 22 -
toucado real sobre a cabeça e a fazê-la rainha em
lugar de Vasti.” (Ester 2.17) Deve ter sido difícil
para aquela humilde jovem judia adaptar-se a essa
mudança em sua vida — ela era a nova rainha,
esposa do monarca mais poderoso da Terra naquela
época! Será que sua nova posição lhe subiu à
cabeça, deixando-a orgulhosa? Muito pelo
contrário!
Ester continuou obediente ao seu pai adotivo,
Mordecai. Manteve em segredo sua ligação com o
povo judeu. Além disso, quando Mordecai
descobriu uma trama para assassinar Assuero, Ester
obedientemente informou o rei, e a conspiração foi
frustrada. (Ester 2.20-23) Seu espírito humilde e
obediente mostrava que ela não havia perdido a fé
em seu Deus. O exemplo de Ester é muito
importante para nós hoje, visto que poucos
consideram a obediência uma virtude, e a
desobediência e a rebeldia são a regra. Mas pessoas
de genuína fé prezam a obediência, assim como
Ester.
Um homem chamado Hamã obteve destaque na
corte de Assuero. O rei o nomeou primeiro-
ministro, o que fazia de Hamã seu principal
conselheiro e o segundo homem mais poderoso no
império. O rei até mesmo decretou que quem visse
esse alto funcionário deveria se curvar diante dele.
(Ester 3.1-4) . Para Mordecai, essa lei era um
- 23 -
dilema. Ele sabia que devia obedecer ao rei, mas só
quando isso não envolvesse desobedecer a Deus. O
problema é que Hamã era agagita. Pelo visto, isso
significava que ele era descendente de Agague, o
rei amalequita executado pelo profeta Samuel. (1
Sm 15.33) Os amalequitas eram tão maus que se
declararam inimigos de Deus e de Israel. Como
povo, eram condenados por Deus. (Dt. 25.19)
Como é que um judeu fiel poderia se curvar diante
de um amalequita? Mordecai nunca faria isso. Ele
manteve sua posição. Até hoje, homens e mulheres
de fé têm arriscado a vida para cumprir este
princípio: “Temos de obedecer a Deus como
governante antes que aos homens.” (Atos 5.29). Hamã ficou furioso. Mas tramar algo para matar
apenas Mordecai não era suficiente. Ele queria
exterminar o povo de Mordecai. Para convencer o
rei a fazer isso, Hamã passou uma ideia negativa
dos judeus. Sem mencionar nomes, deu a entender
que eles eram insignificantes, um povo “disperso e
separado entre os povos”. Pior ainda, Hamã disse
que eles não obedeciam às leis do rei, ou seja, que
eram rebeldes perigosos. Ele propôs doar uma
enorme quantia ao tesouro do rei para pagar as
despesas da chacina dos judeus no
império. Assuero deu o seu próprio anel de sinete a
Hamã para ele aprovar qualquer ordem que tivesse
em mente. (Ester 3.5-10).
- 24 -
Em pouco tempo, mensageiros foram rapidamente
a cavalo a cada canto do vasto império, levando o
que resultaria numa sentença de morte para o povo
judeu. Imagine o impacto que essa proclamação
deve ter tido ao chegar à distante Jerusalém, onde
um restante de judeus, depois de voltar do exílio
em Babilônia, lutava para reconstruir a cidade que
ainda não tinha muralhas para se defender. Ao
receber a terrível notícia, talvez Mordecai tenha
pensado neles, bem como em seus amigos e
parentes em Susã. Muito aflito, ele rasgou suas
vestes, cobriu-se de serapilheira, colocou cinzas
sobre a cabeça e ficou no meio da cidade clamando.
Hamã, porém, sentou-se com o rei para beber, sem
remorso pelo sofrimento que estava causando aos
judeus e aos amigos deles em Susã. — Leia (Ester
3.12, 4.1)
Mordecai sabia que precisava agir. Mas o que ele
poderia fazer? Ester ficou sabendo da aflição dele e
lhe enviou roupas. Mordecai, porém, se recusou a
ser consolado. Pode ser que ele se perguntasse já
por muito tempo por que seu Deus, havia permitido
que sua querida Ester fosse tirada dele para ser
rainha de um governante pagão. Agora as coisas
estavam começando a fazer sentido. Mordecai
enviou uma mensagem a Ester, implorando que ela
intercedesse junto ao rei em defesa de “seu próprio
povo”. (Ester 4.4-8).
Ao ouvir aquela mensagem, Ester deve ter ficado
apavorada. Esse seria o maior teste de sua fé. Ela
ficou com medo, como indica sua resposta a
- 25 -
Mordecai. Ela o lembrou da lei que dizia que
comparecer perante o rei sem ser convocado
significava pena de morte. O transgressor só seria
poupado se o rei estendesse o seu cetro de ouro. E
será que Ester podia esperar essa clemência, ainda
mais depois do que tinha acontecido com Vasti
quando se recusou a obedecer a uma ordem do rei?
Ester disse a Mordecai que já fazia 30 dias que o
rei não a chamava para comparecer perante ele.
Esse desinteresse lhe dava bons motivos para se
perguntar se havia perdido o favor daquele rei
cheio de caprichos.(Ester 4.9-11)
Mordecai respondeu com firmeza para fortalecer a
fé de Ester. Ele assegurou que, se ela não agisse, a
salvação dos judeus viria de outra fonte. Mas como
ela poderia esperar ser poupada quando a
perseguição ganhasse força? Assim Mordecai
mostrou sua profunda fé em Deus, que nunca
deixaria Seu povo ser exterminado nem Suas
promessas sem se cumprir. (Josué 23.14) Depois,
Mordecai perguntou a Ester: “Quem sabe se não foi
para um tempo como este que atingiste a realeza?”
(Ester 4.12-14) Não acha que vale a pena imitar o
exemplo de Mordecai? Ele tinha plena confiança
em seu Deus. E nós, temos? Veja: "Confia no
Senhor de todo o teu coração e não te estribes no
teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos
os teus caminhos e ele endireitará as tuas
veredas.(Provérbios 3.5-6).
- 26 -
Uma fé mais forte do que o medo da morte!
Havia chegado a hora de Ester tomar uma decisão.
Ela disse a Mordecai para pedir que seus
compatriotas se juntassem a ela num jejum de três
dias. Sua mensagem termina com uma declaração
de fé e coragem que ficou registrada até hoje: “Se
eu perecer, pereci.” (Ester 4.15-17). Naqueles três
dias, ela deve ter orado mais fervorosamente do
que nunca. Finalmente, chegou o momento. Ela
colocou sua melhor vestimenta real, fazendo tudo o
que podia para agradar o rei. E então saiu ao seu
encontro.
Ester arriscou a vida para proteger o povo de Deus!
Como descrito no começo deste capítulo, Ester
dirigiu-se à corte do rei. Podemos imaginar suas
preocupações e suas orações fervorosas enchendo-
lhe a mente e o coração. Ela entrou no pátio, de
onde podia ver Assuero. Talvez tenha tentado ler a
expressão no rosto do rei. Se ela teve de esperar,
isso deve ter parecido uma eternidade. Mas a
espera acabou quando o rei a viu. Com certeza ele
ficou surpreso, mas sua expressão facial se
abrandou, e ele estendeu seu cetro de ouro! (Ester
5.1-2).
- 27 -
Ester tinha conseguido uma audiência, um ouvido
atento. Ela havia tomado posição a favor de seu
Deus e de seu povo, estabelecendo um belo
exemplo de fé para todos os servos de Deus ao
longo dos tempos. Os cristãos verdadeiros hoje dão
valor a exemplos assim. Jesus disse que seus
verdadeiros seguidores seriam identificados pelo
amor abnegado. (Veja: João 13.34-35.) "Novo
mandamento vos dou: que vos ameis uns aos
outros; assim como eu vos amei, que também vos
ameis uns aos outros.Nisto conhecerão todos que
sois meus discípulos; se tiverdes amor uns aos
outros".Geralmente, é preciso coragem como a de
Ester para mostrar esse tipo de amor. Mas mesmo
depois de Ester agir a favor do povo de Deus
naquele dia, sua missão estava apenas começando.
Como ela convenceria o rei de que o conselheiro
predileto dele, Hamã, era um terrível conspirador?
Como poderia ajudar a salvar seu povo?
Ela agiu com sabedoria, coragem e abnegação
Ester se aproximou lentamente do trono, com o
coração acelerado. Imagine o silêncio que pairou
sobre a grandiosa corte real do palácio persa de
Susã, um silêncio tão profundo que Ester podia
ouvir seus próprios passos suaves e o roçar de suas
vestes régias. Ela não podia deixar se distrair com a
imponência da corte real, a beleza das colunas e o
deslumbrante teto esculpido feito de cedros
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importados do distante Líbano. Ela concentrou toda
a sua atenção no rei, o homem que tinha a vida dela
em suas mãos.
Enquanto Ester se aproximava, o rei a observava
atentamente e então lhe estendeu seu cetro de ouro.
Foi um gesto simples, mas significou a vida de
Ester, pois indicava que o rei a tinha perdoado pela
violação que ela havia acabado de cometer:
comparecer perante ele sem ter sido convocada. Ao
chegar perto do trono, Ester estendeu a mão e tocou
a ponta do cetro, cheia de gratidão. (Ester 5.1-2).
Tudo no Rei Assuero exibia sua imensa riqueza e
poder. A vestimenta régia dos monarcas persas
daquela época supostamente custava o equivalente
a centenas de milhões de dólares. Apesar de toda
essa pompa, Ester via certa ternura nos olhos de seu
marido; à sua maneira, ele a amava. Ele disse:
“Que tens, ó Ester, a rainha, e qual é a tua
solicitação? Até a metade do reinado — a ti seja
dado!” (Ester 5.3)..
Só o fato de Ester ter comparecido perante o rei
para proteger seu povo de uma trama para
exterminá-los já era uma demonstração de notável
fé e coragem. Até agora, ela tinha sido bem-
sucedida, mas desafios maiores estavam por vir.
Ela precisava convencer esse orgulhoso monarca
que o conselheiro em que ele mais confiava era um
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homem perverso e manipulador, que o havia
induzido a condenar o povo de Ester à morte.
Como ela o convenceria, e o que podemos aprender
de sua fé?
Ela escolheu sabiamente o “tempo para falar”
Será que Ester deveria contar tudo ao rei na frente
de sua corte? Fazer isso poderia humilhá-lo e dar
tempo para seu conselheiro Hamã questionar as
acusações dela. Assim, o que Ester fez? Séculos
antes, o sábio Rei Salomão escreveu sob
inspiração: “Para tudo há um tempo determinado,
. . . tempo para ficar quieto e tempo para falar.”
(Ec.3.1-7) Podemos imaginar o pai adotivo de
Ester, o fiel Mordecai, ensinando à jovem esses
princípios à medida que ela crescia. Com certeza,
Ester sabia da importância de escolher com cuidado
o “tempo para falar”.
Ester disse: “Se parecer bem ao rei, venha o rei
com Hamã hoje ao banquete que preparei para ele.”
(Ester 5.4) O rei concordou e mandou avisar Hamã.
Consegue perceber como Ester escolheu
sabiamente as palavras? Ela preservou a dignidade
de seu marido e criou uma oportunidade mais
adequada para revelar suas preocupações.
Veja:(Provérbios 10.19) "No muito falar não falta
transgressão,mas o que modera os lábios é
prudente".
- 30 -
Sem dúvida, Ester preparou aquele banquete com
todo o cuidado, certificando-se de que as
preferências de seu marido fossem atendidas em
todos os detalhes. O banquete incluía bom vinho
para alegrar o ambiente. (Salmos 104.15)"O vinho,
que alegra o coração do homem, o azeite, que lhe
dá brilho ao rosto, e o alimento, que lhe sustém as
forças". Assuero estava feliz, e se sentiu motivado
a perguntar novamente a Ester qual era o seu
pedido. Será que esse era o tempo para falar?
Ester achava que não. Assim, ela convidou o rei e
Hamã para um segundo banquete, no dia seguinte.
(Ester 5.7-8) Por que ela adiou o momento de falar?
Lembre-se que o povo de Ester estava sob ameaça
de morte por causa do decreto do rei. Com tanta
coisa em jogo, Ester precisava ter certeza de
escolher a hora certa para falar. Portanto, ela
esperou, criando uma nova oportunidade para
mostrar a seu marido o quanto o respeitava.
A paciência é uma qualidade rara e valiosa.
Embora Ester estivesse aflita e ansiosa para falar,
ela foi paciente e esperou o momento certo.
Podemos aprender muito do seu exemplo, pois com
certeza todos nós vemos coisas erradas que
precisam ser corrigidas. Se quisermos convencer
alguém em autoridade a resolver um problema,
precisamos imitar Ester e ser pacientes. Provérbios
25.15 diz: “Com muita paciência pode se
convencer a autoridade, e a língua branda quebra
- 31 -
até ossos.” Se esperarmos pacientemente o
momento certo e falarmos com brandura, assim
como Ester fez, até mesmo uma oposição tão dura
quanto um osso poderá ser quebrada. Será que o
Deus de Ester, abençoou sua paciência e sabedoria?
A paciência prepara o caminho para a justiça
A paciência de Ester preparou o caminho para uma
impressionante sequência de eventos. Hamã saiu do
banquete todo animado, “alegre e contente de
coração”, pois o rei e a rainha tinham lhe mostrado
muita consideração. Mas, quando passou pelo
portão do castelo, ele viu Mordecai, aquele judeu
que continuava se recusando a prestar-lhe
homenagem especial. Como vimos no capítulo
anterior, Mordecai não fazia isso por desrespeito,
mas sim por causa de sua consciência e de sua
relação com Deus. Ainda assim, Hamã “se encheu
imediatamente de furor”. (Ester 5.9).
Quando Hamã contou à sua esposa e aos seus
amigos sobre essa desfeita, eles o incentivaram a
mandar preparar uma enorme estaca com mais de
20 metros de altura e a pedir permissão ao rei para
pendurar Mordecai nela. Hamã gostou da ideia e
imediatamente colocou o plano em ação. (Ester
5.12-14).Nesse meio-tempo, o rei teve uma noite
incomum. A Bíblia diz que ele perdeu o sono e, por
isso, ordenou que os registros oficiais do império
fossem lidos em voz alta. A leitura incluía um
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relatório sobre uma trama para assassinar Assuero.
Ele se lembrou do que tinha ocorrido os que
queriam matá-lo foram capturados e executados.
Mas o que aconteceu com o homem que expôs essa
trama Mordecai? De repente, mais alerta, o rei
perguntou como Mordecai tinha sido
recompensado. A resposta? Nada tinha sido feito
por ele Veja: (Ester 6.1-3).
Agitado, o rei perguntou que funcionários estavam
disponíveis para ajudá-lo a corrigir essa injustiça.
Por ironia, era Hamã que estava na corte do rei. Ele
havia chegado bem cedo, provavelmente porque
estava ansioso para pedir permissão para executar
Mordecai. Mas, antes que Hamã pudesse fazer seu
pedido, o rei lhe perguntou qual seria a melhor
maneira de homenagear um homem que havia
ganhado o favor do rei. Hamã pensou que o rei
estava falando dele. Assim, propôs uma
homenagem cheia de pompa: vestir o homem com
vestes reais e designar um alto funcionário para
acompanhá-lo num desfile por Susã no próprio
cavalo do rei, aclamando-o diante de todos.
Imagine o semblante de Hamã ao saber que o
homem que receberia essa honra era Mordecai. E
quem foi o designado para aclamar Mordecai? O
próprio Hamã! (Ester 6.4-10).
A contragosto, Hamã cumpriu o que para ele era
uma tarefa abominável, e depois foi correndo para
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casa angustiado. Sua esposa e seus amigos
disseram que essa virada nos acontecimentos era
um mau sinal; com certeza ele seria derrotado na
luta contra o judeu Mordecai. (Ester 6.12-13).
Visto que Ester foi paciente e esperou mais um dia
para apresentar seu pedido ao rei, houve tempo
para Hamã causar sua própria ruína. E quem sabe
se não foi Deus que fez o rei perder o sono?
(Provérbios 21.1) Não é de admirar que a Bíblia
nos incentive a mostrar “uma atitude de
espera”. (Leia Miqueias 7.7.) Quando esperamos
por Deus, às vezes descobrimos que suas soluções
para os nossos problemas são muito melhores do
que qualquer solução que nós mesmos pudéssemos
encontrar.
Ela falou com coragem
Ester não se atreveria a testar ainda mais a
paciência do rei; no segundo banquete, ela tinha de
contar tudo. Mas como? O próprio rei deu a ela a
oportunidade, perguntando novamente qual era o
seu pedido. (Ester 7.2) O “tempo para falar” tinha
chegado.
Podemos imaginar Ester orando silenciosamente a
seu Deus antes de dizer as seguintes palavras: “Se
eu tiver achado favor aos teus olhos, ó rei, e se
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parecer bem ao rei, dê-se-me a minha própria alma
ao meu pedido, e meu povo, à minha solicitação.”
(Ester 7.3) Note que primeiro ela mostrou que
respeitava o critério dele com relação ao que lhe
parecia ser bom. Ester era muito diferente de Vasti,
ex-esposa do rei, que o havia humilhado de
propósito. (Ester 1.10-12) Além disso, Ester não
criticou o rei por ter sido tolo em confiar em Hamã.
Em vez disso, ela implorou que ele a protegesse de
algo que punha a vida dela em risco.
Como Ester revelou o problema ao rei?
Com certeza, esse pedido deixou o rei
impressionado e comovido. Quem ousaria colocar
sua rainha em perigo? Ester continuou, dizendo:
“Fomos vendidos, eu e meu povo, para sermos
aniquilados, mortos e destruídos. Ora, se
tivéssemos sido vendidos apenas como escravos e
apenas como servas, eu teria ficado calada. Mas a
aflição não convém quando é com dano para o rei.”
(Ester 7.4) Veja que Ester expôs francamente o
problema, mas acrescentou que teria ficado calada
se fosse só uma ameaça de escravidão. No entanto,
esse genocídio traria um prejuízo tão grande ao
próprio rei que ela não podia ficar calada.
O exemplo de Ester nos ensina muito sobre a arte
da persuasão. Se você algum dia precisar expor um
problema sério a alguém querido ou até a uma
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pessoa em autoridade, a paciência, o respeito e a
candura poderão ser de grande ajuda. (Provérbios
16.21-23).Indignado, Assuero perguntou: “Quem é
este, e onde é que está este que se afoitou a fazer
assim?” Imagine Ester apontando para o homem e
dizendo: “O homem, o adversário e inimigo, é este
mau Hamã.” O ambiente ficou tenso. O terror
tomou conta de Hamã. Imagine a mudança no rosto
daquele monarca temperamental ao perceber que o
conselheiro em quem ele confiava o havia
manipulado a assinar um decreto que mataria sua
própria esposa! O rei saiu enfurecido para o jardim
para se recompor. (Ester 7.5-7).
Ester expôs corajosamente a maldade de Hamã
Ao ser exposto como um conspirador covarde,
Hamã se jogou aos pés da rainha. Quando o rei
voltou ao aposento e viu Hamã no divã de Ester,
suplicando-lhe, ficou ainda mais furioso e o acusou
de tentar violentar a rainha na própria casa do rei.
Isso soou como uma sentença de morte para Hamã.
Ele foi levado para fora com o rosto coberto. Então,
um dos funcionários do rei lhe falou da enorme
estaca que Hamã tinha preparado para Mordecai.
Assuero ordenou imediatamente que o próprio
Hamã fosse morto e pendurado nela. (Ester 7.8-10).
No mundo injusto de hoje, é fácil pensar que nunca
veremos a justiça ser feita. Você já pensou assim?
Ester nunca se desesperou, nunca se tornou
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pessimista e nunca perdeu a fé. No momento certo,
ela se expressou com coragem a favor do que era
correto e confiou que Deus faria o restante.
Devemos fazer o mesmo. Deus não mudou desde
os dias de Ester. Ele ainda pode muito bem apanhar
uma pessoa má e ardilosa na sua própria trama,
como fez com Hamã. Leia:(Salmos 7.11-16).
Ela agiu com abnegação por Deus e por Seu povo
Por fim, o rei ficou sabendo que Mordecai não era
apenas o homem que lealmente o havia protegido
contra uma trama de assassinato, mas também o pai
adotivo de Ester. Assuero concedeu a Mordecai a
posição de primeiro-ministro, que pertencia a
Hamã, e deu a Ester a casa de Hamã, com toda sua
imensa fortuna. Depois, Ester a entregou aos
cuidados de Mordecai.(Ester 8.1-2).
Agora que Ester e Mordecai estavam seguros, será
que a rainha podia ficar tranquila? Só se ela fosse
egoísta. Naquele momento, o decreto de Hamã para
matar os judeus estava sendo enviado a todos os
cantos do império. Hamã tinha lançado sortes,
ou Pur — pelo visto uma forma de espiritismo —
para saber qual era a melhor época para realizar
esse ataque brutal. (Ester 9.24-26) É verdade que
ainda faltavam meses para esse dia, mas o tempo
estava passando rapidamente. Será que essa
calamidade ainda podia ser evitada?
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De forma abnegada, Ester arriscou novamente sua
vida por aparecer mais uma vez diante do rei sem
um convite oficial. Dessa vez ela chorou por seu
povo, implorando a seu marido que revogasse
aquele terrível decreto. Mas as leis promulgadas em
nome do monarca persa não podiam ser revogadas.
(Daniel 6.12-15) Por isso, o rei deu poderes a Ester
e a Mordecai para emitirem uma nova lei. Uma
segunda proclamação foi enviada, dando aos judeus
o direito de se defender. Cavaleiros foram enviados
rapidamente a toda parte do império, levando essa
boa notícia aos judeus. A esperança renasceu em
muitos corações. (Ester 8.3-16) Podemos até
imaginar os judeus em todo o império se armando e
se preparando para a batalha, o que nunca poderiam
ter feito sem aquela nova lei. Mas o mais
importante era saber se “Deus dos exércitos”
estaria com seu povo. (1Samuel 17.45).
Ester e Mordecai enviaram proclamações
aos judeus no Império Persa Quando finalmente
chegou o dia marcado, o povo de Deus estava
pronto. Até mesmo muitos funcionários persas
estavam agora do lado dos israelitas, à medida que
se espalhava a notícia sobre o novo primeiro-
ministro, o judeu Mordecai. Deus concedeu a seu
povo uma grande vitória. Ele sem dúvida protegeu
seu povo de terríveis represálias por fazer que seus
inimigos sofressem uma derrota esmagadora. (Ester
9.1-6).
- 37 -
Além disso, Mordecai nunca estaria seguro para
administrar a casa de Hamã enquanto os dez filhos
desse homem mau ainda vivessem. Por isso, eles
também foram mortos. (Ester 9.7-10) Cumpriu-se
então uma profecia bíblica, pois Deus já havia
predito a destruição total dos amalequitas, inimigos
perversos de seu povo. (Dt 25.17-19) É bem
provável que os filhos de Hamã estivessem entre os
últimos membros daquela nação condenada.
A jovem Ester teve de carregar em seus ombros
uma carga muito pesada, que envolvia emitir
decretos reais envolvendo guerra e execução. Com
certeza isso não foi fácil. Mas a vontade de Jeová
exigia que seu povo fosse protegido da destruição;
a nação de Israel teria de produzir o prometido
Messias, a única fonte de esperança para toda a
humanidade. (Gênesis 22.18) Quando o Messias,
Jesus, veio à Terra, ele proibiu seus seguidores
daquele tempo em diante de participar em guerras
humanas. Isso é motivo de alegria para os servos de
Deus hoje. (Mateus 26.52). No entanto, os cristãos
travam uma guerra espiritual; Satanás está cada vez
mais determinado a destruir nossa fé em
Deus. (Leia Coríntios 10.3-4.) Que bênção o
exemplo de Ester é para nós! Assim como ela,
podemos mostrar nossa fé por usar de persuasão
com sabedoria e paciência, por mostrar coragem e
por defender o povo de Deus com disposição
altruísta.
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Por que Mordecai permitiu que Ester se casasse
com um pagão?
Alguns eruditos alegam que Mordecai era um
oportunista que desejava que Ester se casasse com
o rei para obter prestígio. Mas não há base para
essa ideia. Sendo um judeu fiel, ele não apoiaria
um casamento desse tipo. (Dt 7.3) Segundo a antiga
tradição judaica, Mordecai tentou impedir o
casamento. Parece improvável que ele e Ester, que
eram apenas estrangeiros numa terra governada por
um autocrata considerado um deus, tivessem
alguma escolha nesse assunto. Com o tempo, ficou
claro que Deus usou o casamento de Ester para
proteger Seu povo. (Ester 4.14).
Por que o livro de Ester não menciona o nome de
Deus?
Tudo indica que foi Mordecai quem escreveu o
livro sob inspiração divina. De início, o livro talvez
tenha ficado guardado com os registros oficiais
persas antes de ser levado a Jerusalém. O uso do
nome de Deus poderia ter motivado os adoradores
dos deuses persas a destruir o livro. De qualquer
modo, o envolvimento de Deus nessa história é
claro. É digno de nota que o nome de Deus aparece
no texto hebraico original.
Falta exatidão histórica no livro de Ester?
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É isso o que os críticos afirmam. No entanto,
alguns eruditos observaram que o escritor do livro
tinha um conhecimento bem detalhado da realeza,
da arquitetura e dos costumes persas. É verdade
que o nome da Rainha Ester não aparece em
documentos seculares que sobreviveram, mas com
certeza Ester não foi a única pessoa da realeza cujo
nome não consta em registros públicos. Além
disso, os registros seculares mostram que um
homem chamado Mardukâ, equivalente persa ao
nome Mordecai, serviu como alto funcionário da
corte em Susã na época descrita no livro.
Ao lutar a favor do povo de Deus, Ester e Mordecai
cumpriram uma antiga profecia bíblica. Mais de
1.200 anos antes, Deus inspirou o patriarca Jacó a
predizer o seguinte sobre um de seus filhos:
“Benjamim continuará a dilacerar como lobo. De
manhã comerá o animal apanhado e à noitinha
repartirá o despojo.” (Gn 49.27) Na “manhã” da
história régia de Israel, os descendentes de
Benjamim incluíam o Rei Saul e outros guerreiros
poderosos do povo de Deus. Na “noitinha” dessa
história régia, depois que o sol havia se posto na
linhagem real de Israel, Ester e Mordecai, ambos da
tribo de Benjamim, foram bem-sucedidos na luta
contra os inimigos de Deus. Em certo sentido, eles
também repartiram o despojo, visto que os muitos
bens de Hamã ficaram para eles.
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