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APRESENTAÇÃO DO CONTO“O ALMA GRANDE” do livroNOVOS CONTOS DA MONTANHAde MIGUEL TORGA
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APRESENTAÇÃO DO CONTO
“O ALMA GRANDE” do livro
NOVOS CONTOS DA MONTANHA
de MIGUEL TORGA
I – INTRODUÇÃO
Titulo do Livro: Novos Contos da Montanha
Titulo do Conto : “o Alma Grande”
Nome do autor: Torga, Miguel
Editor: LEYA, 4ª Edição
Ano de edição e publicação: 2011
Publicados em 1944, Novos Contos da Montanha é uma coletânea de 22 contos, da autoria do consagrado escritor Miguel Torga, os quais tratam de histórias acontecidas e vividas por pessoas do mundo rural onde o autor passou a sua infância e adolescência São histórias de gente pobre cujas condições de vida de fome, ignorância e desespero, Miguel Torga pretende a denunciar no seu livro despertando a “consciência pública” dos leitores para esta realidade.
II – AUTOR – MIGUEL TORGA
Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha, nasceu a 12 de Agosto de 1907 em São Martinho de Anta, e morreu a 17 de Janeiro de 1995 em Coimbra.
Foi um dos mais importantes escritores do séc. XX em Portugal, e destacou-se como poeta, contista e memorialista.
Em 1920, emigrou para o Brasil.
Em 1928, entra para a Faculdade de Medicina de Coimbra, e publica o seu primeiro livro de poemas (Ansiedade)
Um ano mais tarde, começa a trabalhar na revista Presença, com o poema Altitudes.
Em 1933, concluiu a licenciatura em Medicina, e foi exercer para Trás-os-Montes, que foi onde escreveu grande parte da sua obra.
A obra de Miguel Torga mereceu diversos prêmios nacionais e internacionais.
Mas suas obras mais conhecidas são:
Pão Ázimo, 1931
A Terceira Voz, 1934
A Criação do Mundo, os Dois Primeiros Dias, 1937
O Terceiro Dia da Criação do Mundo, 1938
O Quarto Dia da Criação do Mundo, 1939
Bichos, 1940
Contos da Montanha, 1941
O Senhor Ventura, 1943
Um Reino Maravilhoso, 1941
Trás-os-Montes, 1941
Conferência, 1941
Rua, 1942
Portugal, 1950
Pedras Lavradas, 1951
Novos Contos da Montanha,1944
Vindima, 1945
III – “O Alma Grande” - ENREDO
O conto O Alma Grande apresenta-nos uma personagem que nos remete para a morte e para a forma como a gente serrana convivia com ela.
O Alma Grande era um homem corpulento e forte, uma figura prestigiada e respeitada na aldeia, mas ao mesmo tempo sinistra e temida. Quando um moribundo se encontrava às portas da morte, o Alma Grande era chamado pela família para que este lhe apressasse o fim e lhe acabasse com o sofrimento.
O conto começa com a história de Isaac, um homem que adoecera havia quinze dias e como não melhorava a sua mulher Lia mandou o seu pequeno filho Abel chamar o Alma-Grande.
Ao entrar em casa, o Alma-Grande encontra de Isaac que, agarrado à vida, consegue escapar às mãos e ao peso do joelho da morte.
Incapaz de agir perante o filho do moribundo, Abel, que entrara no quarto, levado pela curiosidade e vontade de compreender aquela presença, o Alma Grande não conseguiu concluir o seu trabalho.
Passados uns dias Isaac melhorou, o tempo foi passando e na terra apagou-se a lembrança da doença de Isaac.
Os três, porém, Isaac, Abel e o Alma Grande pensavam sempre no passado. O Isaac, queria vingança; o Alma Grande, cada vez mais culpado, tinha medo; o pequeno, inocente, vivia com angústia de não entender.
Mais tarde Isaac encontra o Alma Grande ao pé do rio e vendo a sua oportunidade de vingança e sem saber que o filho o observava, mata o Alma Grande da mesma forma que este o tentou matar, apertando-lhe o pescoço.
IV – TEMÁTICA DO LIVRO - “O ABAFADOR” E A EUTANÁSIA OU MORTE ASSISTIDA Este conto de Miguel Torga inspira-se numa figura que existia antigamente em Portugal “o Abafador”
Segundo consta, no tempo dos Cristãos Novos, existia uma figura - o Abafador - cuja função consistia em acabar com o sofrimento alheio. Quando um moribundo se encontrava às portas da morte, o Abafador era chamado para cumprir a sua função de pôr fim à sua agonia. O prestígio, e a função social, do Abafador eram enormes e quem tinha a seu cargo essa importante missão era alguém muito respeitado na comunidade.
“E à hora da morte, quando a um homem tanto lhe importa a Thora como os Evangelhos, antes que o abade venha dar os últimos retoques à pureza da ovelha, e receba da língua moribunda e cobarde a confissão daquele segredo – abafador”
(Pág. 11) (Thora – referencia ao Alcorão espécie de bíblia dos judeus)
Esta figura do “abafador” remete-nos para um tema atual e muito polémico que é a eutanásia
A eutanásia é definida como o ato pelo qual se traz a um paciente em estado terminal, ou portador de uma doença incurável, que esteja em sofrimento constante, uma morte rápida e sem dor.
A eutanásia não é um dilema recente, trata-se de uma discussão que já existe há algum tempo na história humana por tratar de um tema complexo e sensível: o direito a escolher quando o sofrimento ou a dor se podem tornar uma justificação para que se busque a morte como meio de alívio.
A eutanásia é um direito legalmente previsto em alguns países como a Holanda e a Bélgica, nos casos para pacientes terminais ou portadores de doenças incuráveis que representem sofrimento físico e emocional para o paciente e seus familiares.
Em outros países, é possível que o paciente faça o requerimento legal de não haver tentativa de ressuscitação no caso de paragem crítica de órgãos.
É importante destacar que a eutanásia é um ato de vontade própria e individual do doente, quando em estado de plena consciência, escolha entre cessar seu sofrimento em vida ou continuar lutando.
Este é o principal ponto da discussão sobre o direito de escolha individual à vida: a liberdade da pessoa que sofre de determinar se sua vida é justificada seja pelas suas crenças, vontade individual, ou por simples compaixão por aqueles que seriam atingidos pela sua morte.
Os debates sobre o assunto são geralmente encabeçados por:
- membros de organizações religiosas, que argumentam que a vida é uma dádiva divina sobre a qual nenhum ser humano tem direito ou o poder de voluntariamente cessá-la, e por alguns médicos que argumentam que as doenças que implicam sofrimento prologando seriam reduzidas caso os governantes investissem mais em formas de assistência de saúde de maior qualidade e
- Aqueles que lutam pela sua legalização que defendem o direito da escolha individual, independente de crença religiosa, no que diz respeito à sua própria vida, tendo sempre em vista a dignidade humana e o direito de acabar com o sofrimento quando não existe outra alternativa.
Volta e meia, os adversários da Eutanásia usam o conto “O Alma-Grande” para reduzirem a eutanásia a uma terminação brutal da vida que se dá a quem está supostamente para morrer mas ainda quer viver. Por outras palavras, reduzem a eutanásia a um assassinato. Mas é de facto de um mero assassinato que fala o conto? Será a eutanásia um assassinato? Em resposta a esta questão um médico belga disse à jornalista que lhe perguntava quantos doentes já matara: “Eu não mato, eutanasioNeste contexto, pergunto: quem são os verdadeiros abafadores? Os que defendem uma séria despenalização da morte assistida, ou os que insistem em continuar a abafar a liberdade de consciência e uma última liberdade diante da morte?
V – OPINIÃO SOBRE O LIVRO
Vale a pena à leitura, pois é um conto que relata uma realidade que existiu até pouco tempo e que para nós é tão horrenda que parece ser apenas fruto de ficção
Recomendo a obra “Novos contos da montanha” onde se insere o conto “o Alma Grande” pois denuncia problemas sociais como a questão do pobreza, da ignorância e do desespero e ao mesmo tempo relata a simplicidade e a pureza da vida rural.
VI – CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS DA OBRA
Modo literário: Narrativo;
Género literário : Conto;
Palavra-chave: morte;
Narrador: Ausente
Registo de Língua: Linguagem é popular de discurso indireto;
Vocabulário: fácil e comum;
VII – CONCLUSÃO
Em conclusão, gostaria de ler uma passagem do livro, que considero resumir todo o conto e que retrata três personagens completamente diferentes com a intenção de incluir na história, a inocência, a vingança e o medo de ser quem se é.
“Possantes, inexoráveis, as tenazes iam apertando sempre. E com mais um estertor apenas, estavam em paz os três. O Isaac tinha a sua vingança, o Alma-Grande já não sentia medo, e a criança compreendera, afinal.”Excerto retirado do conto “Alma-Grande”, página 19, Novos Contos da Montanha, Miguel Torga
Nuno Freitas, 10º Ano, turma 14