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Curso de Jornalismo da Faculdade Satc Criciúma SC Novembro de 2016 1 Além dos Olhos 1 Janaína TEIXEIRA, Natália SILVEIRA 2 Cláudio TOLDO 3 Faculdade Satc, Criciúma, SC Resumo O presente projeto consiste na produção de um produto audiovisual sobre mendicância na cidade de Criciúma e quais os serviços disponibilizados para esta população de rua. O objetivo principal do documentário foi alertar e levar conhecimento à população em geral e ainda servir de acervo histórico em plataforma online. Abordar este tema foi relevante por se tratar de indivíduos que, na maioria dos casos, são tratados/considerados invisíveis pela sociedade. Sendo, desta forma, necessário desmistificar esta imagem criada sobre moradores de rua. Os métodos e técnicas usados classificam a pesquisa como bibliográfica. O roteiro foi baseado em histórias não ficcionais. Palavras-chave: documentário; não ficção; jornalismo social; mendicância. 1 INTRODUÇÃO De acordo com o dicionário, mendicância ou mendicidade é considerada como um modo de vida. No entanto, as causas pelas quais as pessoas decidem morar nas ruas são inúmeras. Ainda segundo o dicionário, este modo de vida é definido como ato de pedir publicamente, com habitualidade esmolas ou auxílio de qualquer natureza, a pretexto de pobreza ou necessidade 4 . É mais comum a existência de moradores de rua em grandes centros urbanos, devido à desigualdade social ser mais acentuada. Cada pessoa inserida neste contexto de vida carrega consigo o(s) porquê(s) de estar nesta situação. Segundo explica Costa (2005, p. 3): Grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, mas que têm em comum a condição de pobreza absoluta e a falta de pertencimento à sociedade formal. São homens, mulheres, jovens, famílias inteiras, grupos, que têm em sua trajetória a referência de ter realizado alguma atividade laboral, que foi importante na constituição de 1 Trabalho apresentado para cumprimento da disciplina Projeto Experimental III do curso de Jornalismo da Faculdade Satc em novembro de 2016. 2 Acadêmicas de Graduação do 6º semestre do Curso de Jornalismo da Satc, email: [email protected] , [email protected] 3 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Jornalismo da Satc, email: [email protected] 4 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da língua portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010. 2222 p.

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Curso de Jornalismo da Faculdade Satc – Criciúma – SC – Novembro de 2016

1

Além dos Olhos1

Janaína TEIXEIRA, Natália SILVEIRA2

Cláudio TOLDO3

Faculdade Satc, Criciúma, SC

Resumo

O presente projeto consiste na produção de um produto audiovisual sobre mendicância na

cidade de Criciúma e quais os serviços disponibilizados para esta população de rua. O

objetivo principal do documentário foi alertar e levar conhecimento à população em geral e

ainda servir de acervo histórico em plataforma online. Abordar este tema foi relevante por

se tratar de indivíduos que, na maioria dos casos, são tratados/considerados invisíveis pela

sociedade. Sendo, desta forma, necessário desmistificar esta imagem criada sobre

moradores de rua. Os métodos e técnicas usados classificam a pesquisa como bibliográfica.

O roteiro foi baseado em histórias não ficcionais.

Palavras-chave: documentário; não ficção; jornalismo social; mendicância.

1 INTRODUÇÃO

De acordo com o dicionário, mendicância ou mendicidade é considerada como

um modo de vida. No entanto, as causas pelas quais as pessoas decidem morar nas ruas são

inúmeras. Ainda segundo o dicionário, este modo de vida é definido como ato de pedir –

publicamente, com habitualidade – esmolas ou auxílio de qualquer natureza, a pretexto de

pobreza ou necessidade4.

É mais comum a existência de moradores de rua em grandes centros urbanos,

devido à desigualdade social ser mais acentuada. Cada pessoa inserida neste contexto de

vida carrega consigo o(s) porquê(s) de estar nesta situação.

Segundo explica Costa (2005, p. 3):

Grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes

realidades, mas que têm em comum a condição de pobreza absoluta e a

falta de pertencimento à sociedade formal. São homens, mulheres, jovens,

famílias inteiras, grupos, que têm em sua trajetória a referência de ter

realizado alguma atividade laboral, que foi importante na constituição de

1 Trabalho apresentado para cumprimento da disciplina Projeto Experimental III do curso de Jornalismo da Faculdade Satc

em novembro de 2016.

2 Acadêmicas de Graduação do 6º semestre do Curso de Jornalismo da Satc, email: [email protected],

[email protected]

3 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Jornalismo da Satc, email: [email protected]

4 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da língua portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010.

2222 p.

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suas identidades sociais. Com o tempo, algum infortúnio atingiu suas

vidas, seja a perda do emprego, seja o rompimento de algum laço afetivo,

fazendo com que aos poucos fossem perdendo a perspectiva de projeto de

vida, passando a utilizar o espaço da rua como sobrevivência e moradia.

Conforme já mencionado, a razão para que um indivíduo decida morar nas ruas

engloba vários fatores de vida. Dentre eles, uso de drogas, álcool, problemas familiares,

perda de emprego, da autoestima, entre outros.

De acordo com Bulla, Mendes, Prates e outros (2004, p. 113-114, apud Costa,

2005): “De uma forma geral, as pessoas em situação de rua apresentam-se com vestimentas

sujas e sapatos surrados, denotando a pauperização da condição de moradia na rua”.

Sendo a exclusão um problema social mais comum a cada dia em todo o Brasil,

é possível presenciar/vivenciar o ato de pedir esmolas constantemente. Muitas pessoas ao

serem abordadas não sabem como reagir ou sentem-se ameaçadas pela situação. Com isso,

muitas vezes, ao perceberem um morador de rua, o tratam com indiferença, como se não o

estivessem vendo.

Nas palavras de Costa (2005, p.5), “cabe referir que a existência de pessoas em

situação de rua não é um fenômeno restrito ao Brasil, nem às sociedades capitalistas

modernas, mesmo que tenham sido as mais eficientes em produção de miséria e exclusão”.

“Desde a antiguidade, já eram registrados grupos habitando as ruas e

vivendo quase que exclusivamente da mendicância. Apesar de o fenômeno

ter várias conotações ao longo da História, morar na rua sempre esteve

relacionado ao espaço urbano. A civilização grega e o Império Romano

também geravam pessoas vivendo nas ruas; na Idade Média, há notícias,

inclusive, de uma certa “profissionalização” da situação de rua. Já, na Era

Industrial, sabe-se que teria havido repressão generalizada à difusão de

atividades ligadas à vagabundagem e à mendicância” (SIMÕES, 1992, p.

19-20, apud COSTA, 2005, p.5).

Desta forma, a mendicância chega a todas as regiões, sem restrições. E em

Criciúma, não é diferente, sendo a quinta maior cidade de Santa Catarina e a mais populosa

do Sul Catarinense, com população estimada, em 2016, de 209.153 habitantes, de acordo

com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Possui área territorial, segundo

o IBGE – 2015, de 235.701 km². Sua economia gira em torno da cerâmica, extrativismo

mineral, vestuário, metal-mecânica e do plástico.

Criciúma, como nos grandes centros urbanos, oferece auxílios às pessoas em

situação de rua. A Administração Municipal, através da Secretaria de Assistência Social,

tem como missão:

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Implementar e coordenar a política pública de assistência social e

habilitação no município de Criciúma, promovendo um conjunto

integrado de ações sócio-assistenciais, para atendimento aos cidadãos e

grupos que se encontram em situação de vulnerabilidade e risco social.5

Dentro destes programas sociais voltados aos moradores de rua da cidade estão:

o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) e a

Casa de Passagem São José.

O Centro Pop, de acordo com a cartilha institucional do programa, é

considerado uma unidade de referência de Proteção Social Especial de Média

Complexidade, especializado no atendimento da população em situação de rua.

O Centro POP representa espaço de referência para o convívio grupal,

social e para o desenvolvimento de relações de solidariedade, afetividade e

respeito. Na atenção ofertada no Serviço Especializado para Pessoas em

Situação de Rua deve-se proporcionar vivências para o alcance da

autonomia, estimulando, além disso, a organização, a mobilização e a

participação social.6

É interessante destacar que, no que se refere à Proteção Social Especial de

Média Complexidade, segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, são

alicerçados os serviços tendo como base que:

A Proteção Social Especial de Média Complexidade organiza a oferta de

serviços, programas e projetos de caráter especializado que requerem

maior estruturação técnica e operativa, com competências e atribuições

definidas, destinados ao atendimento às famílias e aos indivíduos em

situação de risco pessoal e social, por violação de direitos. Devido à

natureza e ao agravamento dos riscos, pessoal e social, vivenciados pelas

famílias e indivíduos atendidos, a oferta da atenção na Proteção Social

Especial de Média Complexidade requer acompanhamento especializado,

individualizado, continuado e articulado com a rede.7

A Casa de Passagem é considerada uma unidade de referência de Proteção

Social Especial de Alta Complexidade, oferecendo auxílios mais amplos para os moradores

de rua, como o acolhimento.

5 Prefeitura de Criciúma. Secretaria Social. Disponível em http://www.criciuma.sc.gov.br/site/sistema/social Acesso

em: 3 de setembro de 2016.

6 Institucional. Centro Pop. Disponível em

http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/suas/creas/centro_pop_institucional.pdf Acesso em: 3 de

setembro de 2016.

7 Perguntas e respostas. Centro Pop. Disponível em

http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/cartilhas/perguntas-respostascentropop.pdf Acesso em: 3 de setembro de 2016.

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Em conformidade com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais,

este auxílio se caracteriza como:

A Proteção Social Especial de Alta Complexidade tem como objetivo

ofertar serviços especializados com vistas a afiançar segurança de acolhida

a indivíduos e/ou famílias afastados temporariamente do núcleo familiar

e/ou comunitários de origem.8

Com relação ao registro e controle desses moradores de rua, a presente pesquisa

terá como base de estudo o acompanhamento pelo serviço especializado, realizado pelo

Centro Pop de Criciúma.

Para a coordenadora da unidade, Chelbia Pavei, diversos pontos levam um

indivíduo a morar nas ruas de Criciúma. Como o desemprego, o abandono familiar ou até a

falta da família, a situação econômica, o desajuste social, problemas psicológicos e, muitas

vezes, o vício em drogas como o álcool e o crack. Segundo a coordenadora, essas pessoas já

não veem expectativas em suas vidas, se encontram em situação de sobrevivência, fora do

contexto social, sem esperanças e sonhos.

Através de levantamento realizado, por meio do Centro Pop, nos meses de

maio, junho e julho deste ano, é possível traçar uma média estatística do atual número de

registros da mendicância em Criciúma.

Tabela 1 – Dados levantados no Centro Pop de Criciúma em três meses de 2016

Moradores de rua Maio Junho Julho

Total 61 95 98

Masculino 52 87 90

Feminino 9 8 8

Usuários de drogas 57 89 92

Migrantes 18 31 22

Pessoas com doença

ou transtorno mental

0 0 0

Fonte: Centro Pop de Criciúma.

O Centro Pop realiza também um serviço de abordagem, através de educadores

sociais. O intuito da abordagem é orientar as pessoas em situação de rua, auxiliando no que

estiver ao alcance da instituição pública.

8 Perguntas e respostas. Centro Pop. Disponível em

http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/cartilhas/perguntas-respostascentropop.pdf Acesso em: 3 de setembro de 2016.

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Tabela 2 - Dados levantados no Centro Pop de Criciúma em três meses de 2016

Abordagem Maio Junho Julho

Total 53 38 43

Masculino 49 35 40

Feminino 4 3 3

Usuários de drogas 53 38 43

Migrantes 5 0 0

Quantidade total de

abordagens (número

de vezes)

185 104 174

Fonte: Centro Pop de Criciúma.

Para tentar reverter este quadro, a Assistência Social de Criciúma por meio do

Centro Pop, visando diminuir a incidência da mendicância na cidade, fornece atividades

especializadas em reabilitação para os usuários da unidade. Nestas atividades são

proporcionadas vivências para o alcance da autonomia, estimulando a organização, a

mobilização e a participação social. Conforme a coordenadora, o Centro Pop também

proporciona o encaminhamento de documentação do indivíduo e auxilia no contato com a

cidade de origem – caso o morador de rua não seja criciumense –, e com familiares.

1.1) O Jornalismo Social

O jornalismo, de acordo com Lage (2014), é uma atividade caracterizada por

compromisso ético singular, que precisa ser neutra. Portanto, o papel social do jornalismo

tem grande peso, acarretando formação de opinião além de informar.

Os profissionais desta área precisam levar aos consumidores de informação o

que será noticiado, tendo ciência do que é relevante ou não para a sociedade. O jornalista

deve saber distinguir o que interessa e é válido ao seu público-alvo, buscar fusão entre essas

duas peculiaridades, tornando a informação veiculada o mais atrativa possível (LAGE,

2014).

Sendo o jornalismo uma atividade extremamente social, é necessário exercer

esta posição com responsabilidade. É neste sentido que Ure (2008, p. 116), vê:

Basta observar as interações sociais no âmbito da política, da economia,

da cultura, da ciência e da educação para reconhecer na informação um

bem imprescindível. Sem informação a sociedade seria um grande caos.

Haveria maiores desigualdades e injustiças, e nenhuma possibilidade de

coordenar os esforços para alcançar metas comuns. Com informação, ao

contrário, estabelecem-se os elos da cadeia produtiva, transfere-se

tecnologia, a concorrência pelos cargos públicos se torna leal, defendem-

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se os direitos dos trabalhadores, combatem-se doenças, incorporam-se

pessoas ao mercado de trabalho, protege-se o meio ambiente etc.

Em seus estudos, Fabris (2006, apud Ure, 2008), diz que o grau de

responsabilidade é visto como uma aceitação da capacidade que o profissional da

informação tem de dar início ao fazer o bem, através da notícia. Para o autor, a

responsabilidade do jornalista reside em ser um grande transformador da cultura.

Ure (2008) analisa que, apesar da crise de credibilidade encarada pela tarefa

informativa, surpreende como os meios seguem constituindo o primeiro fator de influência

na opinião pública.

Em suma, o jornalismo é imprescindível para a transição da sociedade. Fazendo

com que a informação chegue, por meio de diversos meios, aos lugares mais distintos, que

sem o jornalismo, talvez, não teriam acesso.

1.2) A Produção de Documentários

De acordo com Nichols (2005, p. 26), “todo filme é um documentário”. No

entanto, segundo o autor, é possível classificá-lo como: documentário de satisfação de

desejos e documentário de representação social. “Os documentários de satisfação de desejos

são o que normalmente chamamos de ficção. Esses filmes expressam de forma tangível

nossos desejos e sonhos, nossos pesadelos e terrores” (NICHOLS, 2005, p. 26). Para

Nichols (2005), não ficção remete aos documentários de representação social, que

representam o mundo em que estamos inseridos.

Em seus estudos Ramos (2008, p. 22) refere-se ao documentário como:

[...] Documentário é uma narrativa com imagens-câmera que estabelece

asserções sobre o mundo, na medida em que haja um espectador que

receba essa narrativa como asserção sobre o mundo. A natureza das

imagens-câmera e, principalmente, a dimensão da tomada através da qual

as imagens são constituídas determinam a singularidade da narrativa

documentária em meio a outros enunciados assertivos, escritos ou falados.

É interessante explanar ainda que, sob o ponto de vista deste autor, asserções

com imagens e sons correspondem às formas habituais da linguagem, como a fala da

locução, de homens e mulheres, ou de entrevistas e depoimentos, ruídos ou músicas

(RAMOS, 2008).

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Para a produção de um documentário de não ficção, conforme a proposta deste

projeto experimental, é necessário captar imagens rotineiras do tema escolhido, para dar a

aproximação mais precisa possível com a realidade.

O documentário é filmado no próprio lugar que se quer reproduzir, com as

pessoas do lugar. Assim, o trabalho de seleção será realizado sobre

material documental, com a finalidade de narrar a verdade da forma mais

adequada e não a dissimulando por trás de um elegante véu de ficção, e

quando, como corresponde ao âmbito de suas atribuições, infunde à

realidade o sentido dramático, este sentido surge da própria natureza e não

unicamente da mente de um escritor mais ou menos engenhoso

(FLAHERTY, 1985, p. 157, apud DA-RIN, 2006, p. 51).

Mas, em conformidade com Ramos (2008), a realidade possui um leque de

possibilidades de interpretações para o espectador. “[...] De que modo expor com a máxima

clareza nossa interpretação sobre o fato que enunciamos? A resposta será múltipla, não

incidindo sobre a definição do campo. Um documentário pode ser objetivo ou pouco claro,

e continuar a ser documentário” (RAMOS, 2008, p. 22).

É nesse sentido que Nichols (2005, p. 28), diz:

Nos documentários, encontramos histórias ou argumentos, evocações ou

descrições, que nos permitem ver o mundo de uma nova maneira. A

capacidade da imagem fotográfica de reproduzir a aparência do que está

diante da câmera nos compete a acreditar que a imagem seja a própria

realidade representada diante de nós, ao mesmo tempo em que a história,

ou o argumento, apresenta uma maneira distinta de observar essa

realidade.

De acordo com Mascarello (2006), a origem do documentário se deu no final

dos anos 1920 e início dos anos 1930. “Ela traz as marcas de sua significação, surgida na

segunda metade do século XIX no campo das ciências humanas, para designar um conjunto

de documentos com a consistência de „prova‟ a respeito de uma época” (MASCARELLO,

2006, p. 253).

No que tange ao surgimento do documentário, o autor destaca:

Doravante, o documentário ficaria associado a todo um ideário de

simplicidade, despojamento, austeridade, tanto do ponto de vista da

economia técnica, formal, quanto da autenticidade temática, elementos

que supostamente sustentariam uma captação mais verídica, direta, da

realidade, da vida como era e não como era imaginada.

Os resultados aqui expostos podem assegurar que todo documentário possui

uma linguagem persuasiva, capaz de influenciar na forma de ver determinado assunto.

Entretanto, o documentário possui voz própria, mas pode tratar de questões sociais,

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políticas ou poéticas. Documentários poéticos distanciam-se das questões sociais e políticas

(NICHOLS, 2005). Pode-se dizer que “a política de representação coloca os documentários

numa arena maior de debate e contestação social. O respeito pela ética acarreta o respeito

pelas consequências políticas e ideológicas também” (NICHOLS, 2005, p. 180).

Para finalizar esta análise sobre o conceito de responsabilidade social

representada pelo documentário, DA-RIN (2006, p.224) considera:

[...] A responsabilidade social do documentário usando a metáfora de um

martelo para transformar a natureza, ao invés de um espelho para refleti-

la, alguns documentaristas têm preferido usar o martelo contra o próprio

espelho. No lugar de pretenderem uma imagem automática do mundo,

denunciam o embuste deste automatismo. Com os cacos do espelho,

constroem interpretações fragmentadas do mundo, que podem conter o

germe de estimulantes perspectivas de descentramento da totalidade e de

relativização das representações dominantes.

O documentário, em termos gerais, consegue apresentar uma realidade

subdividida, transmitindo melhor veracidade dos fatos.

2 OBJETIVOS

Geral: Produzir um documentário sobre o tema “Mendicância” dentro do

município de Criciúma, como forma de alerta e geração de conhecimento por meio de

acervo histórico em plataforma online.

Específicos:

- Divulgar a situação vivida por pessoas que decidem sobreviver das ruas;

- Informar a população sobre os programas sociais oferecidos pela

Administração Pública de Criciúma e destinados especificamente para indivíduos em

situação de rua;

- Conscientizar os espectadores de que, muitas vezes, dar esmolas ou ignorar

um morador de rua não resolve e/ou torna invisível este problema social.

3 JUSTIFICATIVA

Produzir um documentário sobre o tema “Mendicância” é importante por se

tratar de um assunto encarado com certo preconceito. Os moradores de rua, muitas vezes,

passam despercebidos pela população, como se já tivessem se tornado parte do cenário

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percorrido durante a rotina diária. Ou, em outros casos, representam uma ameaça por serem,

a maior parte, usuários de drogas. A relevância deste projeto está relacionada diretamente

em desmistificar a imagem criada em cima dos moradores de rua. Levar ao telespectador a

realidade vivida por estes indivíduos – através de levantamentos feitos por meio de serviços

públicos destinados a eles –, e a história de personagens não ficcionais.

Em Criciúma, por se tratar de uma das maiores cidades de Santa Catarina, é

comum vivenciar uma cena de mendicância. O que muitos criciumenses não sabem é da

existência de unidades assistenciais voltadas para estes indivíduos em situação de rua. O

jornalismo tem papel fundamental nesta missão de informar e transformar a sociedade. A

transição se dá partindo do princípio de que, através da comunicação, muitos conceitos são

mudados e/ou amadurecidos com a apresentação de dados. Os fatos podem ser apresentados

por diversos meios, mas, o documentarismo consegue aproximar o público da realidade

com maior eficiência.

Por isso, fazer um documentário é viável por mostrar ao espectador o outro lado

da situação. São muitos os fatores que levam um indivíduo a viver nas ruas e sobreviver

nelas. A conscientização da população acarreta mudança de postura com relação às

abordagens em casos rotineiros ou isolados. Nesta perspectiva, a palavra de ordem deste

projeto experimental é conscientização. Dar esmolas não os ajuda a sair das ruas. É preciso

ir além do problema, e esta é a proposta do documentário.

4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS

Para realizar o projeto audiovisual foram necessárias algumas técnicas para

levantamento de dados. Desta forma, o presente trabalho se classifica com relação ao tipo

de pesquisa como bibliográfica. De acordo com Gil (1991), pesquisa bibliográfica constitui-

se da utilização de livros e/ou artigos científicos, que, geralmente, são utilizados em quase

todo trabalho desta natureza.

As fontes utilizadas para a produção do documentário foram primárias e

secundárias, sendo que, algumas se classificam como de natureza oficiais e outras oficiosas.

As fontes primárias foram as ligadas aos atendimentos prestados pelo município de

Criciúma, para que fosse possível estabelecer a estrutura do projeto, e os personagens,

moradores de rua, dando voz ao outro lado da situação, mostrando de forma fiel as

circunstâncias vividas por indivíduos em situação de rua. Como fonte oficial para abordar

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este assunto destaca-se a secretária de Assistência Social de Criciúma, Edla Coan. E como

fontes oficiosas a assistente social do Centro Pop de Criciúma, Silvana Barbieri, a psicóloga

do Centro Pop, Chelbia Pavei, e a assistente social da Casa de Passagem de Criciúma,

Marcela Santiago. Como fontes independentes estão os moradores de rua – Marcos, Jorge e

Raimundo –, personagens principais do documentário.

No tocante à forma como foram realizadas as entrevistas, o projeto inteiro foi

elaborado através do contato direto com os entrevistados, ao vivo. Sendo realizadas

entrevistas internas com os profissionais vinculados ao serviço social de Criciúma, e,

entrevistas externas com os moradores de rua.

O trabalho foi conduzido, inicialmente, por meio de pesquisas levantadas

através do serviço social prestado pela Administração Municipal de Criciúma. As

entrevistas foram norteadas após o levantamento de dados e produção de roteiro.

5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO

Para que este projeto experimental saísse do papel foi realizado uma pesquisa

com as entidades públicas destinadas ao atendimento da população de rua de Criciúma, o

Centro Pop e a Casa de Passagem. No entanto, os dados fornecidos na presente pesquisa

foram coletados apenas no Centro Pop, por se tratar de uma instituição voltada ao

atendimento apenas de indivíduos em situação de rua, enquanto que a Casa de Passagem

oferece auxílio à imigrantes e artistas de rua, além de moradores de rua.

Após este processo de verificação de informações, realizamos a etapa das

entrevistas. Inicialmente foi feito toda a parte das entrevistas internas com bastante

facilidade. Todavia, as entrevistas externas, com moradores de rua nas ruas, foram

extremamente difíceis de realizar. Encontramos diversos contratempos, dentre eles chuva,

moradores de rua que não aceitaram ser filmados, entre outros.

Na edição houve um atraso no processo de cortes e definição do programa

usado para a realização da montagem das cenas. Muitas falas e imagens ficaram de fora

devido à falta de tempo para a elaboração e cuidado com os detalhes exigidos na produção

de um audiovisual.

O público-alvo deste documentário é a população de modo geral. Sendo que o

intuito desta veiculação, além de mostrar a situação vivida pela população de rua de

Criciúma, é informar o expectador da existência de serviços públicos destinados à

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indivíduos em situação de rua no município. Desta forma, o audiovisual será usado como

forma de alerta e geração de conhecimento por meio de acervo histórico em plataforma

online.

6 CONSIDERAÇÕES

O presente projeto foi desenvolvido sob a intenção de abordar o tema

mendicância na cidade de Criciúma. Baseando o roteiro nas histórias não ficcionais de

indivíduos em situação de rua, e, também, nos atendimentos prestados pela Administração

Pública Municipal, o audiovisual buscou contar um pouco dos motivos que levam uma

pessoa a ir para as ruas, sendo que, desempenhou esse papel proposto no início da

produção, dentro do contexto abordado.

O filme foi pensado de forma que pudesse trazer ao expectador imagens reais,

tendo como cenário as ruas, quando as entrevistas eram com moradores de rua. No entanto,

um personagem foi entrevistado na sede do Centro Pop, por estar fazendo uso dos

atendimentos da instituição. Ainda seguindo padrão da realidade vivenciada diariamente

dentro destas circunstâncias do tema levantado, as filmagens dos profissionais foram

realizadas no ambiente de trabalho deles. As imagens, em grande parte seguem o padrão

tradicional, embora tenham sido usadas algumas imagens executadas com drone, que

trouxeram ao vídeo ângulos diferenciados. A trilha sonora escolhida foi pensada como

complemento das imagens de início e final do audiovisual, ajudando a criar um cenário

específico vinculado ao tema.

Durante a produção das imagens os ângulos filmados foram planejados de

forma que se conseguisse alcançar de maneira fiel as emoções transmitidas pelos

entrevistados, sendo que foram usadas duas câmeras em grande parte das entrevistas.

Engrandecendo ainda mais o resultado final pretendido.

Embora o resultado final tenha correspondido com as expectativas do início da

produção, houve algumas dificuldades que atrasaram o desempenho do processo. Alguns

moradores de rua foram relutantes e não aceitaram dar entrevista, nem ao menos serem

filmados. A distância entre os municípios de Forquilhinha e Araranguá, fizeram com que

muitas entrevistas fossem adiadas e/ou desmarcadas, devido ao projeto se tratar de

moradores de rua da cidade de Criciúma, que é a maior cidade mais próxima dos outros

dois municípios onde residem as pesquisadoras. O tempo também não colaborou em muitas

entrevistas externas agendadas, nos fazendo perder algumas viagens.

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Produzir um projeto de telejornalismo sobre mendicância nos possibilitou ter

contato direto com moradores de rua, nos fazendo observar além do que costumamos ver na

rotina diária, quando, muitas vezes cruzamos com um morador de rua, mas, nem o

percebemos. Essa invisibilidade que já se tornou comum aos nossos olhos pôde ser

explorada nesse documentário, dando voz ao outro lado da situação, buscando entender

como eles se sentem e os motivos que levam a tomar essa decisão tão radical de fazer das

ruas o seu lar.

Outro fator relevante alcançado no vídeo foi o de informar a importância de não

dar esmolas. Quando muitas pessoas acreditam estar ajudando e dão dinheiro/moedas, ou

mesmo o ato de doar alguma coisa às pessoas em situação de mendicância, os estimulando

a permanecerem nessa situação de rua e dependência, financiando, inclusive, o uso de

drogas.

Em suma, este projeto experimental nos proporcionou entender e ver essa

situação dos moradores de rua de forma diferenciada. Ou seja, além de realizar a produção

do documentário nós pudemos repensar os valores do ser humano, muitas vezes esquecidos

em virtude da correria da vida diária.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, Ana Paula Motta. População em situação de rua: contextualização e

caracterização, 2005. Disponível em file:///C:/Users/Usuario/Downloads/993-3618-2-

PB.pdf Acesso em: 3 de setembro de 2016.

DA-RIN, Silvio. Espelho partido – tradição e transformação do documentário. Rio de

Janeiro: Azougue, 2006.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3ª edição. São Paulo: Atlas,

1991.

Institucional. Centro Pop. Disponível em

http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/suas/creas/centro_pop_institucional.pdf

Acesso em: 3 de setembro de 2016.

LAGE, Nilson. Conceitos de jornalismo e papéis sociais atribuídos aos jornalistas.

2014. Disponível em <

http://www.revistas2.uepg.br/index.php/pauta/article/view/6080/3724> Acesso em 4 de

setembro de 2016.

MASCARELLO, Fernando. História do cinema mundial. Campinas: Papirus, 2006.

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NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas: Papirus, 2005.

Perguntas e respostas. Centro Pop. Disponível em

http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/cartilhas/perguntas-

respostascentropop.pdf Acesso em: 3 de setembro de 2016.

Prefeitura de Criciúma. Secretaria Social. Disponível em

http://www.criciuma.sc.gov.br/site/sistema/social Acesso em: 3 de setembro de 2016.

RAMOS, Fernão Pessoa. Mas afinal... o que é mesmo documentário? São Paulo: Editora

Senac, 2008.

URE, Mariano. A função pública do jornalista: da imparcialidade à coesão social. 2008.

Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/jornalismo/article/view/1984-

6924.2008v5n2p113/10190 Acesso em 4 de setembro de 2016.

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APÊNDICE

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ALÉM DOS OLHOS

(Um filme de Janaína Teixeira e Natália Silveira)

Novembro de 2016

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STORYLINE

Os fatores que levam um indivíduo a morar nas ruas são

inúmeros. Esta realidade social se destaca em grandes centros

urbanos, como Criciúma. Visando auxiliar neste problema,

programas sociais são disponibilizados para a população que

se encontra em situação de rua.

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SINOPSE

A desigualdade social pode ser observada nos mais distintos

lugares. Entretanto, nos grandes centros urbanos este

problema é mais acentuado, acarretando maior número de

indivíduos em situação de rua. Em Criciúma – a quinta maior

cidade de Santa Catarina e mais populosa do Sul Catarinense –

esta realidade não é diferente. Devido a isso, programas

sociais auxiliam a população que faz das ruas sua forma de

sobrevivência. Dentre eles está o Centro de Referência

Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop),

que visa proporcionar vivencias para estimular a reinserção

destes indivíduos em vulnerabilidade social na sociedade.

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ESCALETA

01. (RUAS) Cenas de mendigos ou pedintes nas sinaleiras

(trilha).

02. (RUAS) Sonora de um, depois outro, depois outro,...

mendigo, dizendo porque está na rua.

03. (SEDE DO CENTRO POP) Entrevista com os responsáveis

pelo serviço social prestado pelo Centro Pop, de

Criciúma.

04. (SEDE DO CENTRO POP) Imagens dos atendimentos

prestados.

05. (RUAS) Mais entrevistas com moradores de rua, nas

ruas (outras respostas).

06. (RUAS) Imagens das ruas e situação vivida pelos

moradores.

07. (CASA DE PASSAGEM) Entrevista com a coordenadora da

Casa de Passagem, de Criciúma.

08. (SECRETÁRIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL) Entrevista com a

secretária de Assistência Social de Criciúma.

09. (RUAS) Cenas dos mendigos ou pedintes nas ruas.

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PERSONAGENS

- Silvana Carolina Barbieri Lopes – Assistente social do

Centro Pop de Criciúma.

- Chelbia Pavei – Psicóloga do Centro Pop de Criciúma.

- Marcela Santiago – Assistente social da Casa de Passagem de

Criciúma.

- Edla Coan – Secretária de Assistência Social de Criciúma.

- Marcos Robson Pereira – Morador de rua. Natural de São

Paulo, está nas ruas de Criciúma desde setembro. Veio para

Santa Catarina por curiosidade, para conhecer as praias e

buscar emprego. Usuário dos serviços prestados pelo Centro

Pop e Casa de Passagem de Criciúma.

- Jorge Augusto Brito – Morador de rua. Natural do Rio Grande

do Sul, está nas ruas de Criciúma desde junho. Veio para

Santa Catarina andando porque decidiu realizar um sonho de

adolescência e conhecer diversos lugares. Costuma ficar na

Praça Nereu Ramos com outros moradores de rua.

- Raimundo de Souza Ramalho – Morador de rua. Natural do

Nordeste brasileiro. Sonhava em conhecer a neve por gostar de

frio e resolveu vir para o Sul. Costuma ficar na Praça Nereu

Ramos com outros moradores de rua.

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ROTEIRO

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01 – EXT – IMAGENS AÉREAS DA PRAÇA NEREU RAMOS DE CRICIÚMA –

DIA

Clareamento

Takes de imagens aéreas da Praça Nereu Ramos, de Criciúma,

com pessoas andando. BG: time-lapse. (Trilha).

Nome do documentário “Além dos olhos” surgindo por cima das

imagens aéreas. (Continua trila).

Fusão

Fala curta dos mendigos em preto e branco para que possam

introduzir o tema.

02 – INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA

Marcos Robson Pereira, morador de rua, sentado em uma

cadeira. Enquadrado em primeiro plano.

MARCOS

- Eu não desejo esse mal de viver

na rua pra ninguém.

Continua com fala curta de mais um mendigo.

03 – EXT – RUAS – NOITE

Raimundo de Souza Ramalho, morador de rua, sentado num banco

da praça Nereu Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro

plano.

RAIMUNDO

- O que que tem de errado viver

bem?

Continua com fala curta de mais um mendigo.

04 – EXT – RUAS – NOITE

Jorge Augusto Brito, morador de rua, sentado num banco da

praça Nereu Ramos, de Criciúma. Enquadrado em contra-plongée.

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JORGE

- Não foi bem uma decisão de morar

nas ruas, foi um problema de não

ter onde morar.

Continua com fala curta de mais um mendigo.

05 – INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA

Marcos, morador de rua, sentado em uma cadeira. Enquadrado em

plano detalhe.

MARCOS

- Viver nas ruas é muito difícil...

Continua com fala curta de mais um mendigo.

06 – EXT – RUAS – NOITE

Raimundo, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu

Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.

RAIMUNDO

- Eu vivo através da bondade de

outras pessoas. Se não fosse a

bondade deles...

Continua com fala curta de mais um mendigo.

07 – INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA

Marcos, morador de rua, sentado em uma cadeira. Enquadrado em

primeiro plano.

MARCOS

- Os meus planos pro futuro é ter

uma casa minha mesmo, trabalhar

honestamente...

Continua com fala curta de mais um mendigo.

08 – EXT – RUAS – NOITE

Raimundo, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu

Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.

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RAIMUNDO

- Por isso que não perco as

esperanças.

Takes de imagens aéreas da Igreja Matriz e Praça Nereu Ramos

e moradores de rua na praça.

09 – INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA

Marcos, morador de rua, sentado em uma cadeira. Enquadrado em

primeiro plano. Falando da vida nas ruas.

MARCOS

- Eu estou na rua por situação

financeira, por situação familiar,

e estou há quase um ano na rua...

10 - INT - SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE CRICIÚMA – DIA

Edla Coan, secretária de assistência social, acomodada em sua

mesa de trabalho. Enquadrada em plano close-up. Fala sobre

população de rua.

EDLA COAN

- A população de rua ela está

inserida neste último grupo que é a

alta complexidade, que significa o

que? Que todos os vínculos

familiares foram já rompidos e

estas pessoas estão

institucionalizadas ou são

moradoras de rua.

11 - INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA

Chelbia Pavei, psicóloga do Centro Pop, acomodada em sua mesa

de trabalho. Enquadrada em primeiro plano. Explica o ponto de

vista da psicologia sobre moradores de rua.

CHELBIA PAVEI

- Então, a psicologia explica

vários pontos na verdade existem

né, para os moradores de rua. Um

deles é a ausência da família,

outro é a falta da família.

12 - INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA

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Marcos, morador de rua, sentado em uma cadeira. Enquadrado em

plano close-up e primeiro plano. Falando da vida nas ruas.

MARCOS

- Viver nas ruas é muito difícil,

pois nós dependemos de várias

coisas. É, frio, nós passamos frio,

passamos fome, e é muito ruim.

13 - EXT – RUAS – NOITE

Raimundo, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu

Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.

RAIMUNDO

- Na realidade já passei fome,

frio... eu gosto do frio. Não gosto

do calor de jeito nenhum.

14 - EXT – RUAS – NOITE

Jorge, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu

Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.

JORGE

- Não tá tão ruim na rua.

15 - INT – SEDE DO CENTRO POP – DIA

Marcos, morador de rua, sentado em uma cadeira. Enquadrado em

plano close-up e primeiro plano. Falando da vida nas ruas.

MARCOS

- Passar frio, passar fome, e não

desejo isso pra ninguém.Nem pro meu

pior inimigo.

16 - EXT – RUAS – NOITE

Raimundo, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu

Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.

RAIMUNDO

- Ah, quando chove é muito

bom!Chuva... raim... muito bom!

17 - EXT – RUAS – NOITE

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Jorge, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu

Ramos, de Criciúma. Enquadrado em contra-plongée.

JORGE

- Não, não tive nenhum motivo

especial, nenhuma decepção. Foi só

por não ter trabalho, não tendo um

trabalho não tinha condição de ter

uma moradia.

18 - INT - SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE CRICIÚMA – DIA

Edla, secretária de assistência social, acomodada em sua mesa

de trabalho. Enquadrada em plano close-up. Fala sobre

atendimento da população de rua em Criciúma.

EDLA COAN

- Nós temos no município o centro

Pop e a casa de Passagem. O Centro

Pop ele existe pra que? Pra que

aquelas pessoas que estejam em

situação de rua possam ser

acolhidas. Tomarem um banho, fazer

uma refeição.

19 - EXT – RUAS – NOITE

Raimundo, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu

Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.

RAIMUNDO

- Apesar de existir muitas pessoas

não boas, mas tem as boas. Na

verdade, sempre existe.

20 - INT – SEDE DO CENTRO POP – DIA

Marcos, morador de rua, sentado em uma cadeira. Enquadrado em

primeiro plano. Falando da vida nas ruas.

MARCOS

- As pessoas de bom coração que

gostam de ajudar o próximo,

principalmente nós que somos

morador da rua. E, me espelho

nessas pessoas.

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21 - EXT – RUAS – NOITE

Jorge, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu

Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.

JORGE

- A questão é a seguinte, eu

cheguei no Balneário Rincão já sem

dinheiro nenhum, e eu não tava

acostumado a viver na rua, não sei

me virar, então um cara me disse

vai pra Criciúma que lá eles ajudam

as pessoas que moram nas ruas.

Então eu me encontrei eu encontrei

muita ajuda, e foi um pouco de

comodismo mesmo essa parada aqui.

Porque daí as pessoas me ajudam

tanto que não dá nem vontade de

sair. Eu vou sair porque eu tenho

um emprego certo em Arroio do Sal,

vou sair e volto pra cá.

22 - INT - SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE CRICIÚMA – DIA

Edla, secretária de assistência social, acomodada em sua mesa

de trabalho. Enquadrada em plano close-up. Fala sobre

atendimento da população de rua em Criciúma.

EDLA COAN

- Muitos problemas aqui no

município de moradores de rua que

se encontram nas ruas literalmente,

e que têm uma grande resistência de

irem pra esse dois equipamentos

sociais que nós temos que é a Casa

de Passagem e o Centro Pop. Por

quê? Porque tanto no centro Pop

como na Casa de Passagem existem

regras, e essas pessoas, elas

normalmente, não vou dizer que são

todas, mas em sua maioria eles são

pessoas que fazem o uso de drogas,

o uso de álcool, e como lá na Casa

de Passagem existem regras eles têm

uma certa... uma grande resistência

de irem pra esses locais.

23 - INT – CASA DE PASSAGEM DE CRICIÚMA – DIA

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Marcela Santiago, assistente social da Casa de Passagem, de

Criciúma, acomodada em sua mesa de trabalho. Enquadrada em

primeiro plano. Explica os atendimentos.

MARCELA SANTIAGO

- Na Casa de Passagem nós temos os

Educadores Sociais, que ficam aqui

dentro da casa pra colocar a ordem,

pra receber os usuários aqui,na

casa. Nós não trabalhamos com

abordagem social na rua, nós não

fizemos a abordagem não vamos em

busca ativa dos usuários.

24 - INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA

Silvana Barbieri, assistente social do Centro Pop, de

Criciúma, sentada em uma cadeira. Enquadrada em plano close-

up. Fala sobre os atendimentos.

SILVANA BARBIERI

- O Centro Pop é o Centro de

Referência Especializado para

Pessoas em Situações de Rua. É um

órgão da prefeitura, e nós

trabalhamos com encaminhamentos,

documentos, e funciona

exclusivamente para pessoas em

situação de rua. Então são

documentos que são feitos, a gente

encaminha, lanche e banho.

25 - INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA

Chelbia, psicóloga do Centro Pop, acomodada em sua mesa de

trabalho. Enquadrada em primeiro plano. Fala dos

atendimentos.

CHELBIA PAVEI

- Hoje a gente faz em média de

atendimentos aqui no centro Pop 110

atendimentos, sendo que esses 110

atendimentos são por indivíduo, por

morador de rua. Tem sim alguns com

doenças psiquiátricas, mas com um

índice muito pequeno sendo que a

grande maioria dos nossos moradores

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de rua são pelo uso de álcool e

drogas.

26 - EXT – RUAS – NOITE

Jorge, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu

Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.

JORGE

- Eu entrei pra faculdade com vinte

e cinco anos, no meu conceito já

era velho pra estar numa sala de

aula. E eu não tinha paciência pra

estar em uma sala de aula desde os

quatorze anos. Já era difícil, foi

difícil completar o segundo grau.

Então, eu entre pra faculdade de

Administração de Empresas com

Ênfase em Análise de Sistemas de

Informação. Eu queria ser

programador de computador.

27 - INT – SEDE DO CENTRO POP DE CRICIÚMA – DIA

Chelbia, psicóloga do Centro Pop, acomodada em sua mesa de

trabalho. Enquadrada em primeiro plano. Fala dos

atendimentos.

CHELBIA PAVEI

- Hoje o morador de rua, eles

quanto a trabalho,e a geração de

uma renda eles ficam muito no sinal

pedindo a esmola, né. A moedinha,

muitas pessoas que contribuem com

isso eles não estão ajudando o

morador de rua na verdade, eles

estão contribuindo para o acesso às

drogas. Porque essa moedinha que

eles vão lá comprar a sua droga lá

no trilho. Muitos chegam aqui no

Centro Pop com a fala que, agora já

tomei meu banho, já fiz meu lanche

e eu vou lá no sinal pedir pra

depois ir pro trilho. Eles mesmo

falam isso.

28 - INT – SEDE DO CENTRO POP – DIA

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Silvana Barbieri, assistente social do Centro Pop, de

Criciúma, sentada em uma cadeira. Enquadrada em plano close-

up. Fala sobre caso marcante.

SILVANA BARBIERI

- Um caso que me marcou muito

durante esses dois anos que estou

trabalhando aqui no Centro Pop, foi

de um usuário que realmente estava

nas ruas e veio pedir ajuda, e, ele

vinha tomava um lanche, tomava

banho e voltava pras ruas. Até que

um dia a mãe dele apareceu,

telefonou, apareceu aqui preocupada

com ele porque tinha visto ele nas

ruas mesmo, naquele estado

degradante. E aí ela veio e ela

sempre perguntava sempre tava

acompanhando ele aqui. Até que um

dia a gente falou pra ele aí ele se

mostrou com vontade de uma

internação, daí a mãe dele veio

aqui conversou com ele e a gente

conseguiu internação pra ele em uma

comunidade terapêutica. Daí teve

uma reunião tipo, de família,

vieram as filhas, e teve choro tudo

muita emoção. E, ele foi internado,

e ele conseguiu se recuperar e

quando ele ficou bom ele veio aqui,

com a família, com a mãe, com as

filhas, e a gente ficou até

emocionada.

29 - INT – SEDE DO CENTRO POP – DIA

Marcos, morador de rua, sentado em uma cadeira. Enquadrado em

primeiro plano e plano detalhe. Falando dos planos para o

futuro.

MARCOS

- Os meus planos pro futuro é ter

uma casa minha mesmo, trabalhar

honestamente, ter meu carro, ter

minha moto, ter meu bom emprego, um

bom salário. E partir pra frente

sem abaixar a cabeça.

30 - EXT – RUAS – NOITE

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30

Jorge, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu

Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.

JORGE

- Não to infeliz. Tem algumas

coisas que eu gostaria de ter que

não dá pra ter na rua, né. E

principalmente não dá pra ter sem

um emprego. Né, precisa ter um

pouquinho mais de dinheiro. Mas, eu

não to me preocupando com isso de

ter conforto, de ter uma vida

padrão. Eu não to infeliz, eu me

divirto, tenho amigos, tenho amigos

que vivem nas ruas, tenho amigos

que não vivem nas ruas.

31 - EXT – RUAS – NOITE

Raimundo, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu

Ramos, de Criciúma. Enquadrado em primeiro plano.

RAIMUNDO

- Aqui em Criciúma são pessoas que

tem até... às vezes falo...

existe... até falo assim, a cidade

do amor, uma cidade que te ajuda...

32 - EXT – RUAS – NOITE

Jorge, morador de rua, sentado num banco da praça Nereu

Ramos, de Criciúma. Enquadrado em contra-plongée.

JORGE

- O resto do mundo é muito grande,

né, pra ficar só numa cidade.

Imagens dos moradores de rua ou pedintes nas ruas em momentos

de mendicância. (Trilha).

CRÉDITOS

Escurecimento

FIM