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Alimentação animal

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Manual de Boas Práticas de Produção de

Novilho Precoce

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Setembro de 2004

Associação Brasileira do Novilho Precoce

Sede

Av. Francisco Matarazzo – Parque da Água Branca – São Paulo, SP.

Sede Administrativa

Praça Dom José Gaspar, 134 cj. 42

Centro – São Paulo, SP CEP; 01076-900

Fone (11) 3129-3058

Presidente

Constantino Ajimasto Júnior

Vice-Presidente

Gilberto Sant´Anna Filho

Responsáveis por este Manual Auler José Matias - Coordenação

André Galassi Gargalhone – Gerencia Técnicas

Josy Marajó Rocha – Gerencia Executiva

Rana Rached - Revisão

Responsáveis Técnicos de Associações de Raças que colaboraram.

2004 Associação Brasileira do Novilho Precoce

É PRODIBIDA A REPRODUÇÃO

Todos os direitos reservados. Por ser versão Preliminar, nenhuma parte desta obra poderá ser produzida, copiada transcrita ou transmitida por meio eletrônica ou gravação, sem a permissão por escrito dos autores. Os infratores serão punidos pela lei nº5,988, de 14 de dezembro de 1973, artigos 122-130.

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ÍNDICE

I. PREFÁCIO

II. INTRODUÇÃO

1. Novilho Precoce – Definição

2. Porque Produzir

3. Vantagens na Produção

III. PRODUÇÃO

1. Melhoramento Genético

2. Raças

3. Nutrição

3.1 Definições

3.2 Estratégias Suplementares

4 Manejo:

4.1 Sistemas de Produção

4.2 Manejo Alimentar

4.3 Manejo Sanitário

4.3.1 Vacinas

5. Instalações:

5.1 Currais

5.2 Cercas

5.3 Confinamento

5.4 Creep – Feeding

5.5 Cochos para Suplementação Mineral

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5.6 Bebedouros

5.7 Pastagens

6. Bem Estar Animal

7. Meio Ambiente:

7.1 Gestão Ambiental

7.2 Gestão de Resíduos

7.3 Aguadas

7.4 Bem Estar Social

8. Rastreabilidade

8.1 Porque Rastrear

8.2 Procedimentos para Cadastro no SISBOV

8.2.1 Identificação Oficial

9. Gerenciamento

9.1 Sistemas de Crédito

9.1.1 Investimento

9.1.2 Custeio

9.1.3 Comercialização

IV. PROCESSAMENTO

1. Embarque

2 . Transporte

2.1 Carroceria

2.2 Reboque e Semi-reboque

2.3 Vagão

2.4 Manejo no Transporte

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2.5 Orientação e Treinamento de Motoristas

3. Desembarque

4. Pré Abate

4.1 Jejum

4.2 Rampa de Acesso

5. Abate

5.1 Boas Práticas de Fabricação (BPF) – Carne

5.2 Conceitos de BPF

6. Classificação de Carcaça

6.1 Carcaça / Carne

6.1.1 Contusões

6.2 Classificação

6.3 Tipificação

6.4 Transporte de Carcaças

6.5 Transporte de Carne desossada e Miúdios

7. Qualidade do Couro

7.1 Controles para Melhoria da Qualidade do Couro

8. Legislação

8.1 Federal

8.2 Estadual

V. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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I. PREFÁCIO

A pecuária moderna, com bons índices econômicos e financeiros, exige altos níveis

de produtividade que só podem ser alcançados com o uso intensivo de tecnologias, que

viabilizem a criação do Novilho Precoce.

Esta evolução e a produção de animais mais jovens tornam cada vez mais necessária

a adoção de novas técnicas que aumentam a produtividade do sistema, criando uma relação

custo/benefício mais vantajosa para o produtor.

A exportação de carne in natura para o mercado internacional e a maior

competitividade no mercado interno, induziram a pecuária bovina de corte ao fornecimento

de uma matéria prima com certas características qualitativas (cor, maciez, suculência) e

quantitativas (maior rendimento das carnes de traseiro, melhor acabamento).

Essa nova realidade fez com que os frigoríficos buscassem obter junto aos

pecuaristas animais mais jovens com acabamento ideal, gerando um produto final de

qualidade superior. Automaticamente, esta convergência motivou um movimento entre os

pecuaristas para produção de bovinos mais precoces, promovendo um maior giro de

produção, com valor agregado, aumentando a produtividade do rebanho (taxa de desfrute) e

a oferta de carne bovina de melhor qualidade, para o mercado interno e externo.

Para atender estas exigências dos diferentes mercados, não basta ser novilho

precoce, tem que atender todos os requisitos de qualidade no processo de produção desta

matéria prima. Para tanto, elaboramos este manual com o objetivo de orientar os

produtores a produzirem um animal jovem com maior eficiência.

Constantino Ajimasto Júnior

Presidente ABNP

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ESTE MANUAL CONTÉM RECOMENDAÇÕES E ORIENTAÇÕES PARA A PRODUÇÃO INTEGRADA DE NOVILHO PRECOCE.

II. INTRODUÇÃO

1. Novilho Precoce - Definição

A precocidade consiste no desenvolvimento mais rápido do animal, a fim de chegar ao estado adulto em um espaço de tempo mais curto. È a chegada prematura ao estado adulto, segundo conceito elaborado pelo Prof. Octávio Domingues, em 1971, que ainda esclarece: "Precoce é o animal que chega mais cedo à idade adulta; em outras palavras, é aquele cujo esqueleto se completa precocemente, antes do tempo comum da espécie ou raça ao qual ele pertence".

Conforme o professor Pedro Franklin Barbosa, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, para diferentes mercados há a necessidade de se produzir animais de diferentes grupos genéticos em diferentes sistemas de produção. Na hora do consumidor escolher o que comprar ou consumir, interessa-lhe saber se trata-se ou não de carne procedente de um Novilho Precoce.

É característico de certas raças que os animais tenham alta velocidade de crescimento, mas não significa que sejam precoces em termos de acabamento de carcaça, ou seja, podem atingir pesos elevados sem estarem mais próximos do estágio adulto como as raças precoces.

Assim, é fundamental neste momento estabelecer quais mercados o Novilho Precoce pretende atingir. Certamente a tarefa não é fácil. Uma vez estabelecidos os objetivos (mercados-meta) do Novilho Precoce é possível definir, em termos práticos, quais as amplitudes das especificações do Novilho Precoce quanto à idade, peso de carcaça e espessura de gordura, e qual a melhor opção de cruzamento racial que permita se alcançar este produto.

Considerando a definição zootécnica de precocidade e as especificações dos diferentes mercados da carne bovina (segundo tabela abaixo), entende o Professor Pedro Franklin que a definição de Novilho Precoce não deveria especificar raças ou grupos genéticos.

Tecnicamente é possível produzir um Novilho Precoce à partir de raças puras Européias e raças puras Zebuínas, como também através dos Cruzamentos Industriais entre raças: Europeu x Europeu; Zebuíno x Zebuíno e Europeu x Zebuíno.

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2. Porque Produzir Novilho Precoce

Segundo a Embrapa Pecuária de corte as rápidas transformações ocorridas na última década, associadas a pressões de diferentes segmentos sociais, políticos e econômicos, apontam para um cenário constituído pelos seguintes indicadores:

• Limitação na expansão da fronteira agrícola como resultado da escassez de recursos do governo para criar novas infra-estruturas produtivas como estradas e energia, elevado custo financeiro para incorporar novas áreas ao processo produtivo, e forte pressão ambientalista na preservação dos recursos naturais;

• Competição por área pelas atividades agrícolas de produção de grãos e energia, induzindo a pecuária a ceder espaço;

• Demanda crescente por sustentabilidade dos sistemas produtivos;

• Aumento do número de propriedades conduzindo agricultura e pecuária de forma integrada;

• Competitividade de outras carnes envolvendo preço, qualidade e melhoria na eficiência da produção. A exemplo disto temos a carne de frango que, usando genética e tecnologia, diminuiu sensivelmente a idade de abate, oferecendo o produto a preços mais baixos e aumentando o consumo brasileiro de 5 para 18 kg per capita/ano;

• Maior competitividade com mercados conhecidos tradicionalmente como produtores de carne de qualidade, como Argentina, Austrália e Uruguai;

• Aumento das exigências de mercados consumidores por produtos de qualidade;

• Estabilidade econômica, promovendo a busca da eficiência;

• Surgimento de mercados emergentes como China, Japão, Coréia e Taiwan;

• Incrementos importantes nas importações de carne de alguns países, como Estados Unidos, Canadá, Brasil, China, Austrália e Nova Zelândia;

• Acordos internacionais, OMC e Quota Hilton

• Perspectiva de melhoria na distribuição de renda do povo brasileiro e possivelmente um conseqüente aumento na demanda de carne bovina.

Parece que existe consenso de que o País precisa caminhar em direção ao resgate da justiça social que, entre outras coisas, passa pela melhoria da distribuição de renda, quer seja por determinação do governo, por pressão sindicalista, ou por uma nova postura do empresariado na valorização do trabalhador.

Acredita-se que a melhoria na distribuição de renda pode modificar este "status quo" e elevar o consumo de 35 para 55 kg per capita/ano, à semelhança do Uruguai e Argentina. Este incremento em potencial de 20 kg per capita/ano, demandaria do setor produtivo um aumento na produção equivalente a 3.080.000 toneladas anuais de carne, ou seja, um acréscimo no abate anual de 13.700.000 cabeças considerando carcaças de 225 kg.

Aceitando este cenário como mais provável, acredita-se ainda que a área total de pastagens deverá permanecer em torno de 170,0 milhões de hectares nas próximas décadas.

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Se o país continuar abastecendo o mercado interno de carne bovina e ainda produzir excedentes para exportação, terá que aumentar sensivelmente a produção. Mantido o interesse em continuar exportando, terá que oferecer carne com qualidade e preços competitivos no mercado externo. Diante da estabilidade econômica e de limitações na expansão horizontal, os pecuaristas terão que ser mais eficientes em seus sistemas de produção, onde a rentabilidade por hectare será o determinante da sustentabilidade do seu negócio.

Do mesmo modo os outros segmentos da cadeia produtiva, como serviços, indústria, comércio e insumos, terão que buscar a eficiência visando à competitividade do setor de carne bovina em relação a outras carnes e mercados. Isto significa dizer que a sustentabilidade do setor não será por aumento de preços de insumos, produtos e serviços, e sim, devido ao aumento da eficiência.

Portanto, diante deste quadro, o segmento de produção terá, segundo Euclides Filho (1996), que intensificar os sistemas produtivos tendo como referências o aumento da capacidade de suporte das pastagens, da eficiência reprodutiva, redução da idade de abate e de primeira cria e a melhor adequação do genótipo ao ambiente.

Neste contexto a produção do novilho precoce pode representar importantes avanços para a pecuária brasileira e constituir a mola propulsora de um benefício muito maior, a precocidade produtiva.

3. Vantagens na Produção

Pesquisadores da Embrapa Pecuária de Corte afirmam que a expressão Novilho Precoce é usada para caracterizar animais abatidos com menos de 30 meses. Portanto são precoces em relação à maioria dos casos onde os animauis são abatidos com mais de 42 meses de idade. Afirmam ainda que apesar de os frigoríficos não operarem compulsoriamente com a classificação de carcaças, pagando o mesmo preço para carcaças de diferentes idades, os sistemas de produção de Novilho Precoce oferecem muitas vantagens, como:

a. Melhoria da qualidade da carne

• Produto de alta qualidade.

• Preços compatíveis.

• Carnes macias;

• Menor quantidade de gorduras e colesterol;

• Facilidade no cozimento;

• Ótimo paladar

• Melhor aproveitamento.

b. Aumento do desfrute do rebanho

• Aumenta os índices de natalidade (até 85% ao ano);

• Aumenta a taxa de desfrute de até 42% ao ano

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• Diminui os índices de mortalidade (menos de 1% ao ano)

c. Aumento da produtividade da propriedade

• Aumenta a lotação por hectare (3 unidades de animais/há/ano)

• Antecipa, nas novilhas, a idade da primeira cobertura (13 a 14 meses de idade)

• Aumenta o número de matrizes no plantel (até 80%)

d. Melhoria da eficiência do empreendimento

• Nas reformas de pastagens, produz grãos e tubérculos, barateando os custos.

• Racionaliza o uso da mão de obra na propriedade.

e. Maior giro do capital.

• Possibilita terminar machos e fêmeas precoces (a partir de 14 meses de idade).

• Permite maior poder de barganha na hora de vender o produto, devido à excepcional qualidade alcançada.

f. Liberação das pastagens mais cedo, para outros usos.

g. Incentivo fiscal em alguns Estados brasileiros, com redução do ICMS.

(ver capítulo sobre legislação neste manual)

III. Produção

Estatísticas indicam que cerca de 35% dos 40 milhões de bovinos abatidos por ano no Brasil, entre machos e fêmeas, poderiam enquadrar-se na categoria de Novilho Precoce.

Para poder classifica-los a Associação Brasileira do Novilho Precoce (ABNP) desenvolveu um programa para estabelecer condições mínimas de produção, possibilitando ao produtor atender as exigências dos consumidores nacionais e internacionais quanto padronização de carcaças, qualidade e segurança da carne produzida.

O novo Sistema Brasileiro de Classificação de Carcaças, recentemente implantado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) possibilitará, à partir de Janeiro de 2005, uma diferenciação nos preços pagos à carcaças de bovinos, de acordo com sua idade, incentivando o pecuarista a buscar a precocidade de seus animais através dos cruzamentos raciais e do manejo.

O programa de produção integrada de Novilho Precoce da ABNP acrescenta à evolução dos quesitos de rendimento e qualidade das carcaças outros itens visando viabilizar aspectos mercadológicos e de processamento industrial, conforme descrevemos abaixo.

1. Melhoramento Genético

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O ponto inicial para se estabelecer o sistema precoce e superprecoce na propriedade consiste na escolha das raças para compor os cruzamentos industriais, pois a precocidade é uma característica hereditária e a escolha dos animais deve se basear em raças, linhagens, ou mesmo em indivíduos menores que alcançam a maturidade primeiro, coincidindo com os animais mais eficientes para o processo. A habilidade materna das matrizes usadas no cruzamento inicial também deve ser considerada.

Não se define a melhor raça isoladamente, mas o melhor resultado que uma raça, ou cruzamento de raças produz em determinado ambiente. As raças ou composição de raças potencialmente mais produtivas, geralmente são as mais exigentes. As particularidades edafo-climáticas da região e o nível de controle gerencial existente na propriedade, determinam a melhor escolha.

1.1 Princípios básicos do melhoramento genético

O princípio básico do melhoramento genético animal é a exploração das diferenças genéticas existentes entre animais dentro de uma população. Isto gera a variação, ou seja, matéria-prima que o produtor pode utilizar para mudar a estrutura genética de sua população.

Por exemplo, as diferenças existentes no peso aos 365 dias de idade são resultantes de diferenças ambientais e genéticas entre os mesmos.

As diferenças ambientais incluem mês de nascimento (seca ou chuva), idade das vacas mães, sexo, manejo e nutrição.

Já as diferenças genéticas permitem, por métodos de seleção adequados, escolher indivíduos portadores de características genéticas desejadas que serão repassadas aos seus descendentes.

1.2 Importância na Seleção

A maioria das características econômicas que interessam ao produtor são quantitativas e passíveis de medição. Assim a seleção é uma ferramenta fundamental ao produtor no aprimoramento de novilhos precoces. Os principais métodos de são: pelo valor fenotípico individual, pelo desempenho, pela família, pelo pedigree e pela progênie.

As principais características que o produtor deve considerar na seleção de gado de corte são: ganho em peso no período de aleitamento, ganho em peso no período pós-desmama, conversão alimentar, precocidade reprodutiva, habilidade materna, adaptabilidade, características de carcaça, ausência de defeitos hereditários, temperamento, longevidade produtiva e tipo de conformação morfológica.

1.3 Sistemas de cruza (monta)

Após a seleção, onde o produtor deve aumentar a freqüência dos genes desejáveis, deve-se escolher o sistema de monta mais adequado ao caso. A escolha deste método depende dos objetivos de cada criador.

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Pode-se utilizar cruzamentos endogâmicos (indivíduos com alto grau de parentesco) ou exogâmicos (baixo ou nenhum grau de parentesco) dependendo das características que devem ser preservadas ou eliminadas.

1.4 Melhoramento genético através do cruzamento entre raças

O zebu brasileiro é sem dúvida um dos maiores patrimônios genéticos existentes no mundo como base da produção de carne em ambientes tropicais. A intensificação nos processos de melhoramento genético do zebu brasileiro em características específicas voltadas à produção de carne, certamente contribuirá para um importante incremento da produção de novilhos precoces no Brasil. No entanto, deve-se considerar que esse incremento na produção demandará muitos anos de trabalho intenso.

O produtor pode utilizar o melhoramento genético através do cruzamento de raças, como uma técnica viável economicamente e de resultados práticos rápidos que podem ser medidos já na próxima geração. Considerando as características da pecuária de corte no Brasil, o produtor brasileiro pode utilizar a técnica, através do cruzamento de espécies diferentes, o Bos Indicus (Zebu) e o Bos taurus (Europeu), buscando a maximização destes resultados.

Este resultado imediato e comprovadamente superior se explica pela manifestação de um fenômeno biológico chamado "heterose" ou “vigor híbrido”. Este é um importante recurso de produção de carne com maior eficiência, pois melhora significativamente características como ganho de peso, precocidade sexual, precocidade de terminação e qualidade de carcaça, elementos fundamentais à produção de um moderno novilho precoce que atenda à todas as exigências do mercado atual.

Outra vantagem é o direcionamento da cruza para melhor aproveitamento das características de cada raça. Embora os efeitos do vigor híbrido e complementação possam ser pequenos para uma característica em particular, o efeito cumulativo total é de grande importância econômica avaliado-o como acréscimo na produção do rebanho.

Na avaliação das estratégias mais adequadas de utilização dos recursos genéticos para a produção de carne bovina de qualidade no Brasil – entre as quais o cruzamento entre as raças tem muito a contribuir – os principais componentes do ciclo produtivo na pecuária de corte (reprodução, produção e produto) devem ser considerados em conjunto. Uma implicação importante desses resultados para o Brasil é a necessidade do uso de diferentes grupos genéticos e sistemas de produção, atendendo assim os diferentes mercados consumidores.

1.5 Melhoramento genético através da Inseminação Artificial

O melhoramento genético realizado em um rebanho de raça pura, tanto em animais de corte ou de leite, simplesmente não terá sucesso sem a utilização da inseminação artificial, que proporcionará ao criador um acesso econômico à genética de reprodutores de qualidade comprovada disponíveis na raça, quer seja no Brasil ou no exterior.

O melhoramento genético voltado à produção do novilho precoce tem na Inseminação Artificial um importante aliado proporcionando um forte impacto na próxima

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geração com a produção e padronização de animais precoces de elevada qualidade de carcaça.

A Inseminação Artificial é uma técnica consolidada em todo o mundo, sendo uma das mais importantes ferramentas para obtenção do Melhoramento Genético nos rebanhos. As principais vantagens que a técnica oferece são:

a. Melhoramento Genético :

A inseminação artificial proporciona um melhoramento efetivo do rebanho em menor tempo e a um custo proporcionalmente mais baixo, através da utilização da genética de reprodutores comprovadamente provados e superiores para a produção de leite e carne.

b. Controle de doenças:

Pela monta natural, freqüentemente o touro e a vaca podem transmitir um ao outro algumas doenças, o que não ocorre pelo processo da inseminação artificial com sêmen de qualidade comprovada (como o proveniente das Centrais filiadas à ASBIA).

c. Cruzamento entre raças:

A inseminação artificial permite ao criador a utilização da genética de reprodutores provados para a produção de carne das mais diferentes raças em qualquer ambiente de criação, sem a necessidade de investimentos e cuidados especiais para a utilização destes reprodutores.

d. Aumento do número de descendentes de um reprodutor de comprovada qualidade:

Sabe-se que um touro pode cobrir à campo cerca de 25 à 30 vacas por ano. Em regime de monta controlada pode servir até cerca de 100 fêmeas no mesmo período. Considerando 5 anos de vida reprodutiva para um touro, teremos no máximo cerca de 400 filhos por animal, durante sua vida. Com a inseminação um reprodutor ter mais de 100.000 filhos. Assim, entende-se como a IA favorece o melhoramento genético de um rebanho.

e. Controle da eficiência dos animais e na melhoria na gestão do rebanho:

Através da Inseminação artificial e da utilização das diversas formas de controle resultantes do processo, é possível obter de dados precisos de fertilização e parto, facilitando a seleção das melhores fêmeas do rebanho. Além de possibilitar uma melhor gestão e facilitar a implantação de processos de rastreabilidade do rebanho.

f. Padronização do rebanho comercial:

Através da Inseminação Artificial mantem-se a homogeneidade dos lotes pelo uso de menor número de reprodutores para uma grande quantidade de matrizes.

g. Redução de partos distócicos:

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Através da utilização de touros provados, com avaliação genética confiável para características de facilidade de parto, pode-se reduzir sensivelmente a porcentagem de partos distócicos em novilhas.

2. Raças de Gado de Corte

2.1 Raças Européias

� BLONDE D’AQUITAINE

Associação Brasileira de Criadores de Blonde d’Aquitaine Endereço: Avenida Francisco Matarazzo – 455 Prédio do Fazendeiro - Térreo CEP 05001-900 - São Paulo - SP Fone(s): (11) 3078-4502 Fax: (11) 3167-2935 E-mail: [email protected]

Site: www.blondedaquitaine.org.br

� BONSMARA

Associação Brasileira dos Criadores de Bonsmara Endereço: Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2639 – 5. andar – Conj. 51 CEP 01451-937 - São Paulo - SP Fones: (11) 3819-6249 Fax: (11) 3032-3672 E-mail: [email protected] � CHAROLÊS

Associação Brasileira dos Criadores de Charolês Endereço: Rua Alberto Pasqualini, 25 – 4o andar – Sala 404 CEP 97015-010 - Santa Maria - RS Fone(s): (55) 222-7822 Fax: (55) 222-7619 E-mail: [email protected] URL: www.charoles.org.br � DEVON

Associação Brasileira dos Criadores de Devon Endereço: Rua Anchieta, 2043 CEP 96015-420 - Pelotas - RS Fone(s): (53) 222-4576 Fax: (53) 227-8556

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E-mail: [email protected] URL: www.herdbook.org.br/devon.htm � LIMOUSIN

Associação Brasileira dos Criadores de Limousin Endereço: Av. Tiradentes, 6275 – Pq. Gov. Ney Braga CEP 86072-360 - Londrina - PR Fone(s): (43) 3338-6465 Fax: (43) 3338-5371 E-mail: [email protected] URL: www.limousin.com.br � MARCHIGIANA

Associação Brasileira dos Criadores de Marchigiana Endereço: Av. Francisco Matarazzo, 455 – Pq. da Água Branca CEP 05001–900 - São Paulo - SP Fone(s): (11) 3862-2279 E-mail: [email protected] URL: www.marchigiana.org.br 2.2 Raças Zebuínas � BRAHMAN

Associação Brasileira de Criadores de Brahman Endereço: Pça. Vicentino Rodrigues da Cunha, 110 – Bloco 01 CEP 38022-330 - Uberaba - MG Fone(s): (34) 3336-2410 Fax: (34) 3336-2410 E-mail:[email protected] URL: www.brahman.com.br � NELORE

Associação dos Criadores de Nelore do Brasil Endereço: Rua Riachuelo, 231 – 1° andar São Paulo - SP Fone(s): (11) 3107-0972 E-mail: [email protected] URL: www.nelore.org 2.3 Raças Sintéticas � BRANGUS

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Associação Brasileira de Brangus Endereço: Av. Américo Carlos Costa, 320 CEP 79080-170 - Campo Grande - MS Fone(s): (67) 342-3811 E-mail: [email protected] URL: www.brangus.org.br � CANCHIM

Associação Brasileira dos Criadores de Canchim Endereço: Av. Francisco Matarazzo, 455 – Casa do Fazendeiro – Sala 17 - Pq. Água Branca CEP 05001-900 - São Paulo - SP Fone(s): (11) 3873-3099 E-mail: [email protected] URL: www.canchim.com.br � SANTA GERTRUDIS

Endereço: Av. Francisco Matarazzo, 455 – Casa do Fazendeiro – Sala 11 Pq. Água Branca CEP 05001-900 - São Paulo - SP Fone(s): (11) 3673-2322 Fax: (11) 3679-7785 E-mail: [email protected] URL: www.santagertrudis.com.br � SENEPOL

Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol Endereço: Av. Jorge João Saad, 560 - Morumbi CEP 05618-001 - São Paulo - SP Fone(s): (11) 3744.4025 E-mail: [email protected] URL: www.senepol.org.br 2.4 Raças Européias de Dupla Aptidão � CARACU

Associação Brasileira dos Criadores de Caracu Endereço: Rua Vicente Machado, 1322 – CP 162 CEP 85555-000 - Palmas - PR Fone(s): (46) 263-1632 Fax: (46) 263-1632 E-mail: [email protected] URL: www.abccaracu.com.br � PARDO SUIÇO

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Associação Brasileira de Criadores de Gado Pardo-Suíço Endereço: Av. Francisco Matarazzo, 455 – Prédio do Fazendeiro – Sala 25 CEP 05001-900 - São Paulo - SP Fone(s): (11) 3871-1018 Fax: (11) 3871-1018 E-mail: [email protected] URL: www.pardo-suico.com.br � SIMENTAL

Associação Brasileira dos Criadores de Simental e Simbrasil Endereço: Rua Mário Romanelli, 23 – Bairro Gilberto Machado CEP 29303-260 - Cachoeiro do Itapemirim - ES Fone(s): (28) 3521-5666 Fax: (28) 3521-0570 E-mail: [email protected] URL: www.simentalsimbrasil.com.br 2.5 Raça Japonesa � GADO WAGYU

Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Wagyu Estrada Bragança a Amparo, km 07 - Caixa Postal n.162 Bragança Paulista – SP - CEP 12914-970 Tel/Fax: 11 4481 8800 E-mail: [email protected]

3. NUTRIÇÃO

A alimentação básica e fundamental para os animais deverá ser proveniente de pastagem, atendendo às necessidades de mantença e produção animal. O mais importante na alimentação para a produção de Novilho Precoce é sem dúvida o planejamento. Diferente da pecuária tradicional, onde o clima dita as normas de como produzir, no planejamento alimentar para produção de Novilho Precoce, criam-se condições para propiciar ganhos de peso constantes aos animais e, consequentemente, o abate precoce.

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3.1 DEFINIÇÕES

Alimentos Volumosos: São alimentos com baixo valor energético e alto teor de fibra bruta ou água (possuem menos de 60% NDT- Nutrientes Digestíveis Totais, e mais de 18% de fibra). Podem ser secos (fenos, palhas, sabugos e cascas) ou Aquosos (silagens, raízes, tubérculos e frutos).

Alimentos Concentrados: São os alimentos com alto teor energético e baixo teor de fibra bruta. Possuem um elevado teor de amido e gorduras (possuem mais de 60% NDT - Nutrientes Digestíveis Totais, e menos de 18% de fibra).

Energéticos: Podem ser de origem vegetal (grãos de cereais - milho, sorgo, trigo, aveia, centeio) ou animal (sebos e gorduras animal).

Protéicos: Podem ser de origem vegetal (sementes ou resíduos industriais de oleaginosas - farelo de algodão, farelo de soja, farelo de amendoim) ou animal (resíduos industriais de pescados, frigoríficos e abatedouros (farinha de carne, farinha de peixe, farinha de sangue).

Minerais: fosfato, sal, calcário, sulfatos, etc.

Vitaminas: Podem ser lipossolúveis ou hidrossolúveis.

Aditivos: antibióticos, corantes, aromatizantes, antioxidantes e outros.

Suplementação a pasto, como ferramenta nutricional

3.2 Estratégias Suplementares

A melhor estratégia de suplementação, do ponto de vista econômico, é a voltada à maximização do consumo da forragem disponível.

O sucesso econômico de qualquer atividade requer a maximização dos meios de produção. Isso quer dizer que todos os recursos disponíveis devem estar em plena capacidade de uso. A suplementação a pasto, como ferramenta nutricional, não deve fugir a esta regra. A estratégia de suplementação mineral, protéica ou energética, deve ser feita em função, principalmente, da qualidade das pastagens disponíveis. Resultados recentes mostram que a melhor estratégia de suplementação, do ponto de vista econômico, seria aquela voltada à maximização do consumo da forragem disponível durante todo o ano.

As forrageiras tropicais apresentam características específicas, como altos teores de fibras (FDN), baixos teores de carboidratos solúveis, baixos teores protéicos, baixo potencial de ingestão voluntária, altos desequilíbrios minerais, drástica modificação nutritiva após sementeira e transição entre os períodos de seca e águas.

Durante o período de seca, a queda de qualidade das pastagens decorre da maturação dos capins e do aumento do teor de fibra (FB), gerando diminuição na digestibilidade e nos teores de PB (proteína bruta) e NDT (nutrientes digestíveis totais), reduzindo assim a capacidade de consumo pelo animal. Nesse período, o nutriente que mais limita o desempenho animal é a baixa disponibilidade de proteína das pastagens, que decrescem de níveis em torno de 8 a 10 por cento de PB para até 3 a 4 por cento no auge da estiagem, sendo que com menos de 5 por cento de PB não é possível manter o peso dos animais.

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O objetivo do uso de uma mistura protéico-mineral no período da seca é elevar o nível de PB na matéria seca da dieta para níveis em torno de 7 por cento. Com isso, serão geradas melhores condições para a microflora ruminal, proporcionando digestão mais eficaz da celulose, melhorando a velocidade de passagem do alimento no trato digestivo e, conseqüentemente, proporcionando aumento no consumo de forragem. Esta é a estratégia de suplementação que apresenta a melhor relação custo/benefício, suprindo primeiro as exigências dos microorganismos do rúmen e posteriormente as do animal.

Os produtos encontrados no mercado são minerais com uréia, que têm a função de minimizar perdas de peso do gado, com o animal consumindo de 100 a 150 gramas ao dia. No entanto, também há produtos com 35 a 60 por cento de PB, que permitem manutenção de peso ou até pequenos ganhos, com consumos em torno de 0,1 a até 0,2 por cento do peso vivo animal.

Período das Águas — No período das águas, a qualidade das pastagens é um pouco diferente, pois a disponibilidade de nitrogênio para as bactérias ruminais normalmente não é um fator limitante e a energia passa a ser uma prioridade de suplementação. Em alguns casos, a suplementação protéica neste período pode se justificar, quando a forrageira apresentar deficiência de Proteína Degradável no Rúmen (PDR). Esta condição ocorre em solos de baixa fertilidade, principalmente naqueles com baixa matéria orgânica e manejados para aumentar a quantidade de forragem para a seca. Nesses casos, as categorias em crescimento são as que apresentam melhor relação custo/benefício.

Os produtos mais utilizados para este período são conhecidos como suplementos energéticos e têm a função de fornecimento adicional de energia prontamente disponível em nível de rúmen, possibilitando que as bactérias ruminais aproveitem melhor a proteína ingerida pelo animal por meio da forrageira, otimizando a síntese protéica.

A suplementação energética, além de otimizar as condições ruminais e, conseqüentemente, aumentar o ganho de peso, pode propiciar maior ingestão de matéria seca, desde que o suplemento energético não seja fornecido acima de 0,2 a 0,3 por cento do peso vivo animal. Em níveis superiores a este pode ocorrer o efeito substituição do concentrado pelo volumoso (pastagem) e até um decréscimo na digestibilidade da matéria seca.

Com o objetivo de otimizar as condições ruminais dos bovinos, devem ser utilizados suplementos minerais e energéticos de baixo consumo, sendo estes em torno de 100 a 200 gramas por animal ao dia. Para que se tenha sucesso com estas suplementações, é preciso estar atento a alguns fatores como: no período de águas é aconselhável manter pressão de pastejo em torno de 4 por cento (4 quilos de MS para cada 100 quilos de peso vivo), ou seja, 18 quilos de MS por unidade animal ao dia (18 quilos de MS/Unidade Animal (UA) ao dia — UA, equivale a 450 quilos de peso vivo) e 3,4 toneladas de MS/UA em 185 dias de período chuvoso.

No período de seca, para se obter melhores respostas com o uso de suplementos protéicos, devemos trabalhar com pressão de pastejo em torno de 8 por cento, ou 2 a 3 toneladas de MS por hectare disponível para 1 UA.; boa relação folhas/talos nas pastagens.

Também se faz necessário disponibilizar as seguintes metragens de cocho por cabeça: no período das águas entre 60 a 80 centímetros lineares por cabeça; no período de seca, entre 80 a 150 cm lineares por cabeça e, por último, manter freqüência de salga constante, não deixando faltar produto no cocho.

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Estas estratégias de suplementação devem se adequar à realidade de cada propriedade, de acordo com os objetivos a serem alcançados. Não se justifica, economicamente, suplementação protéica e ou energética em que a disponibilidade de forragem não for suficiente.

4. MANEJO

4.1 SISTEMAS DE PRODUÇÃO

���� Confinamento

Para falar de confinamento é preciso definir claramente o sistema em questão. Diferentes objetivos e disponibilidades de recursos podem determinar inúmeras combinações entre vários tipos de instalações, animais e rações.

No caso brasileiro, onde há muita terra, pouco capital, baixo poder aquisitivo e um sistema de classificação de carcaças ainda incipiente, parece mais lógico confinar visando-se à terminação durante a época da entressafra, utilizando-se instalações simples e práticas e alimentos produzidos na própria fazenda.

Alguns fatores que podem contribuir para o sucesso do confinamento são discutidos a seguir:

Custo das instalações: estas devem ser simples, mas também eficientes e práticas, dependendo da região. Nas condições climáticas do Brasil Central, por exemplo, um curral a céu aberto pode suportar, sem maiores problemas, as chuvas esporádicas ocorrentes durante o período de confinamento, desde que se escolha uma área bem drenada, que garanta um piso seco, sem lama.

Preço dos animais a confinar: os animais representam em torno de 70% dos gastos operacionais de um confinamento do tipo aqui considerado. Isto significa que pequenas diferenças em seu preço podem determinar grande redução nos custos do empreendimento. Por isso, a habilidade do comprador de gado ou a eficiência do produtor, caso o mesmo faça a cria, recria e engorda, podem ser determinantes do sucesso do confinamento.

Custo da alimentação: excluindo os custos com os animais, a alimentação concorre com 70 a 80% dos gastos operacionais do confinamento, devendo ser cuidadosamente planejada. Grandes acréscimos de peso podem não ser econômicos se conseguidos através de elevadas quantidades de concentrados. De modo geral, o intervalo de ganho de peso economicamente recomendável situa-se entre 700e 1.100 g/dia, dependendo do tipo de animal (raça ou grupo genético), idade e peso inicial. Ganhos de 1.100 g/cab/dia podem ser alcançados com uma ração baseada em silagem de milho ou sorgo e suplementação com concentrado equivalente a 1% do peso vivo. Aparentemente, não seria indicado trabalhar com ganhos diários inferiores a 700 g (ração com muito volumoso) ou superiores a 1.100 g (ração com muito concentrado).

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Desempenho dos animais: o potencial genético do animal, interferindo na capacidade de consumo e taxa de conversão alimentar (kg de matéria seca consumida / kg de ganho de peso) é fator determinante no desempenho. Cruzamentos de zebuínos com raças européias (principalmente o meio-sangue) têm apresentado ótimos resultados em provas de ganho de peso. Este é o objetivo do programa da ABNP, atendendo a demanda dos compradores nesta aliança mercadológica.

4.2 - MANEJO ALIMENTAR

Utilizar insumos sadios e livres de resíduos prejudiciais aos animais e aos consumidores, e alimentos que não interfiram ou modifiquem o sabor original da carne

De acordo com a portaria número 365/96, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é proibido o uso, na alimentação de ruminantes , de proteína “in natura” e de farinhas de carne e de ossos, proveniente de ruminantes.

Segundo a Instrução Normativa número 08/2004, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, fica proibido o uso na alimentação de ruminantes de proteínas e gorduras de origem animal. Quando da utilização de alimentos provenientes de variedades trangênicas, os mesmos deverão estar devidamente rotulados, certificados e auditados por empresas do setor. Os dados de consumo e utilização desses alimentos deverão estar expressamente cadastrados no histórico de rastreabilidade dos animais.

A utilização de alimentos deverá ser totalmente registrada e rastreada, com cadastro de entrada e saída. Disponibilizar aos animais, durante todo o ano, água limpa a vontade e manter as reservas de volumosos para atender possíveis déficits

Fornecer, de acordo com os objetivos e as metas da propriedade, suplementos protéicos e energéticos, principalmente no período de seca, para otimizar o desempenho produtivo dos animais. Além de fornecer durante o ano todo, misturas minerais de qualidade, para todos os animais.

Os suplementos alimentares devem estar livres de fungos geradores de toxinas, micotoxinas e contaminantes. Os alimentos devem ser estocados sempre com proteção contra umidade, roedores e eventuais contaminantes.

4.3 - MANEJO SANITÁRIO

Deve-se adotar medidas preventivas para o controle das enfermidades, usando insumos autorizados pela legislação vigente. É obrigatória a imunização preventiva do rebanho com as vacinas contra Brucelose, febre aftosa, clostridioses e raiva. Outras vacinas para controle da leptospirose, IBR/BVD, botulismo e doenças respiratórias são indicadas.

É necessário pelo menos uma vez ao ano realizar exames de tuberculose e brucelose, com uma amostra condizente ao tamanho do rebanho, atestado por veterinário cadastrado no CRMV. Deve-se controladar a infestação por endo e ectoparasitas, com aplicações regulares de antiparasitários autorizados pelo Ministério da Saúde e pelo

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Ministério da Agricultura, e pelo menos uma vez por ano fazer exames de contagem de ovos em amostra predeterminada por um veterinário cadastrado no CRMV

No caso de resultados positivos para quaisquer enfermidades na propriedade ou na indústria, deverão ser tomadas medidas legais sobre o destino dos animais e/ou carcaças. É necessário eliminar carcaças de animais dos pastos, incinerando e enterrando.

O controle sanitário de ordem preventiva ou curativa, individual ou por lote, deve ser integralmente registrado em programas específicos de gerenciamento, para controle da rastreabilidade bovina, armazenando dados referentes ao produto aplicado nestes animais e respeitando seus períodos legais de carência, com 15 dias a mais, como margem de segurança.

As fichas e arquivos referentes ao controle sanitário devem ficar à disposição dos auditores e fiscais do serviço sanitário e do sistema de rastreabilidade Sisbov. Toda fazenda cadastrada no programa Novilho Precoce deve ser assistida por um médico veterinário cadastrado pela ABNP – Associação Brasileira de Novilho Precoce, ou no Núcleo Regional de produção.

O planejamento sanitário da propriedade deve ser enviado ao programa Novilho Precoce no início de cada ano.

4.3.1 - VACINAS

As vacinas devem ser oriundas de empresas cadastradas e autorizadas pelo Ministério da Saúde. Devem ser armazenadas, transportadas e aplicadas segundo orientação do fabricante e indicações do Médico Veterinário responsável.

Não vacinar animais debilitados ou que foram submetidos a esforços como viagens, parto, mochação e outros.

Produtos farmacêuticos devem permanecer longe do alcance de pessoas não autorizadas, e ser mantidos em lugar fresco, arejado e limpo.

A aplicação de vacinas, vermífugos e medicamentos injetáveis deve ser feita na parte frontal do animal (tábua do pescoço).

Local adequado para vacinação:

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5 - INSTALAÇÕES

Devem ser limpas e organizadas diariamente, desinfetadas regularmente, segundo as indicações abaixo:

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5.1 - CURRAIS

As instalações dos currais devem permitir a realização com eficiência, segurança e conforto, de todas as práticas necessárias ao trato do gado, como: Apartação, marcação e identificação, descorna, vacinação, castração e pequenas cirurgias, exames ginecológicos e inseminação artificial, combate a parasitas, Coleta de tecidos animais, embarque e desembarque.

Dependendo de necessidades e conveniências poderão ter introduzidas no curral adaptações e outros componentes, como: balança, banheiro carrapaticida, sistema de água. Os currais devem oferecer segurança aos trabalhadores, estar eqüidistantes dos extremos da propriedade, evitando grandes esforços físicos dos animais, construídos preferencialmente de forma circular ou elíptica e posicionados no sentido leste-oeste em seu maior eixo para permitir boa ventilação e exposição à luz do sol. Devem ser construídos em área sólida e bem drenada, com inclinação de 2% no terreno, para facilitar o escoamento de água pluvial e evitar o acúmulo de lodo e barro.

Os currais devem ainda possuir pontos de água (torneiras e bebedouro), energia elétrica e depósitos de lixo adequados. A área de trabalho no brete e no tronco deve ser pavimentada ou concretada, coberta, feita de forma a facilitar o manejo dos animais e evitando o estresse. Devem ser construídos em “V”, sendo o tronco todo fechado, com salva vida para os animais, dotado de rampa de acesso e com separador todo fechado. A seringa deve ser afunilada e a saída do brete deve ter apartador em ângulo menor que 90 graus. O curral deve dispor de uma área, que reserve um mínimo de 2,5 metros quadrados, para cada animal.

A rampa de carregamento deverá ter a última parte plana (pelo menos 2 metros), ser toda vedada nas laterais, com o embarcador no mesmo padrão, possuindo porteiras de separação para evitar a volta dos animais. A luminosidade no tronco e na rampa não deve sofrer variação brusca.

Em nenhum local deve haver pontas ou farpas de madeiras expostas e nem pregos, parafusos, ferros e outros que possam ferir os animais e os trabalhadores.

Modelo Ideal de Instalação

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5.2 - CERCAS

As cercas convencionais devem ser de arame liso, com uso de balancins, as elétricas devem ter voltagem adequada, servindo para subdivisão de pastagens.

Os pastos devem ser dotados de corredores, para facilitar o manejo dos animais, porteiras ou colchetes de abertura total e presilha.

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5.3 - CONFINAMENTO

As instalações do confinamento não podem oferecer riscos para os animais nem para o homem. Devem possuir um centro de manejo dos animais com área de produção e preparação de alimentos, que precisam estar sempre limpos e livres de insetos e roedores. Deve ser dotado de instalações sombreadas, para a proteção dos animais, durante as horas mais quentes do dia e ter espaço suficiente para os animais deitarem, quando desejarem. Recomenda-se uma área mínima de 15 metros quadrados, por cabeça.

O confinamento deve ter sistema de drenagem suficiente, para evitar o acúmulo de água e a formação de lodo. O piso deve ser compactado e cascalhado, com declive mínimo de 3%. As cercas divisórias devem ser de arame liso, cordoalhas ou tábuas e ter 1,80 m. de altura.

Os cochos de alimentação devem ficar na parte frontal do piquete, podendo ser construídos de materiais como tambores, concreto pré-moldado, madeira e outros, desde que tenham capacidade para colocação adequada, da quantidade de alimento sugerida. Recomenda-se o concretar o entorno do piso dos cochos de alimentação, com pelo menos 2 metros de largura, para evitar a formação de lodo, devido ao pisoteio excessivo e produção de dejetos.

Os dejetos devem ser tratados para utilização como adubação orgânica.

5.4 - CREEP-FEEDING

Função: Esta suplementação pré-desmama é iniciada após os 30 dias de vida dos bezerros, estimulando o desenvolvimento precoce do rúmen e incentivando-os à procurar outros alimentos, além do leite materno, ingerindo assim uma quantidade maior de nutrientes e aumentando o ganho de peso.

No momento do desmame os animais já estarão habituados à suplementação em cochos, diminuindo o período de adaptação na mangueira e conseqüentemente o stress e a perda de peso.

A vaca também ganha com essa suplementação, pois após o terceiro mês de lactação sua produção de leite começa a diminuir. O bezerro inversamente, aumenta suas exigências nutricionais.

O cercado deve estar localizado junto às áreas de descanso das vacas, das aguadas ou próximo aos cochos de sal. Para habituar o bezerro a se alimentar no cocho deve-se usar uma pequena porção de sal no concentrado, além de colocar o cocho das vacas próximo ao dos bezerros fazendo com que eles, por curiosidade, acabem se aproximando e experimentando o alimento.

O cercado deve possuir área de 1,5 metros quadrados por cria, deixando espaço de 2 metros entre o cocho e a cerca, para circulação e feito de forma a impedir o acesso das vacas além possuir uma entrada para cada grupo de 20 bezerros, com um mínimo de 4 entradas. O cocho deve disponibilizar 1 metro por cria.

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5.5 - COCHOS PARA SUPLEMENTAÇÃO MINERAL

Devem ser cobertos, estar posicionados nas pastagens de forma que possibilitem a visita dos animais, pelo menos uma vez ao dia, sem que esses animais se desloquem à grandes distâncias e possuir um tamanho que disponibilize 50 cm lineares de cocho por cabeça de animal adulto à ser suplementado.

5.6 - BEBEDOUROS

Devem estar dispostos nas pastagens em área plana e sombreada, ter compactação e revestimento de cascalho ao redor dos bebedouros, para evitar a formação de lama e atoleiros.

5.7 - PASTAGENS

As pastagens representam a forma mais prática e econômica de alimentação dos bovinos, constituindo a base da sustentação da bovinocultura de corte do Brasil. Existe a necessidade de obter ganhos em produtividade que permitam tornar a pecuária de corte, principalmente nas regiões de terras mais valorizadas, mais rentável e competitiva frente a outras possibilidades de uso do solo. Uma das alternativas é intensificar a atividade, adotando técnicas como a rotação de pastos adubados, associada à suplementação volumosa no período seco.

Um dos maiores problemas das pastagens tropicais é a marcante sazonalidade de produção, ou seja, cerca de 80% da produção anual de forragem concentra-se no período de chuvas. Nesta época estão presentes, umidade, calor e luz, que contribuem para o crescimento das forragens (em torno de 20% da produção anual).

Devido à menor produção de forragens no período da seca, a preocupação deverá ser a busca de um sistema alternativo para a alimentação dos animais no período de inverno (pastagens diferidas, suplementações estratégicas), e também as técnicas de engorda e / ou manutenção dos animais através de semi-confinamento e confinamento.

As pastagens devem ter boa qualidade e produzir em quantidade adequada, isto é, serem dimensionadas para receber a população de animais planejada, serem formadas com as técnicas modernas de agricultura, utilizando curvas de nível para controle da erosão. A utilização de práticas adequadas de conservação do solo também é fundamental.

Ao escolher a espécie forrageira deve-se considerar sua adaptação ao ambiente, sua resistência e tolerância à pragas, sua produtividade, qualidade nutricional e os objetivos do empreendimento. O uso de herbicidas e produtos químicos nas pastagens deve ser feito em casos extremos, sempre obedecendo as recomendações do fabricante e a legislação vigente. Deve-se atentar para os preceitos de proteção do meio ambiente e a segurança dos trabalhadores. Corretivos e fertilizantes deverão ser utilizados de acordo com a análise físico-química do solo. As sementes devem ser certificadas, na quantidade tecnicamente recomendada e o plantio dentro das recomendações técnicas.

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Usar a integração lavoura-pecuária sempre quer possível, mapear a propriedade, com divisão de pastos, aguadas e reservas florestais. Se a produção for em sistema intensivo de rotação, a área de descanso deverá estar próxima do pasto utilizado naquele período, com cocho de sal mineral e bebedouro com água limpa, além de sombra e malhadouro seco para descanso dos animais.

Em pastagens maiores e sistemas extensivos, os cochos de sal e aguadas devem estar localizados preferencialmente em lugares que possuem acesso fácil ao animal, não exigindo grande esforço e desgaste de energia para alcança-los. Deve haver sombras disponíveis para os animais.

6 - BEM ESTAR ANIMAL

Segundo o Prof. Dr. Mateus Paranhos Costa, do Grupo Ético da Unesp de Jaboticabal, o manejo pré-abate envolve uma série de situações não familiares para os bovinos, que causam grande estresse, dentre elas podemos citar o agrupamento dos animais, confinamento nos currais das fazendas, embarque e confinamento nos caminhões (com e sem movimento), deslocamento e desembarque, confinamento e manejo nos currais dos frigoríficos.

Tais atividades devem ser bem planejadas e conduzidas, para minimizar o estresse dos animais, que pode causar danos à carcaça e prejuízos na qualidade da carne. No Brasil, não se tem prestado atenção à esta etapa da produção, mesmo aqueles que estão diretamente envolvidos, como produtores, transportadores e frigoríficos, e que pouco sabem sobre as conseqüências de um manejo pré-abate inadequado, que traz certamente reflexos negativos na rentabilidade do pecuarista e do frigorífico.

Foram identificados os seguintes problemas no manejo pré-abate, que resultaram em aumento de hematomas nas carcaças: Agressões diretas, alta densidade social, provocada pelo manejo inadequado do gado nos currais da fazenda e embarcadouro, instalações inadequadas, transporte inadequado, caminhões e estradas em mau estado de conservação, gado muito agitado em decorrência do manejo agressivo e de sua alta reatividade.

6.1 - Manejo – Boas Práticas para o Bem Estar Animal

Os proprietários ou detentores de animais devem assegurar o bem-estar dos animais sob seus cuidados e garantir que não lhes sejam causadas dores, lesões ou sofrimentos desnecessários. De acordo com a experiência e os conhecimentos científicos, as condições de criação dizem respeito aos seguintes pontos:

� Não usar ferrões de ponta ou choques elétricos, para a condução dos animais.

� Utilizar as instalações da forma mais adequada, como os currais, corredores e embarcadores, respeitando a lotação e condições de manejo.

� Possibilitar aos animais, sistema de criação mais natural possível.

� Manter árvores ou pequenos bosques para produzir sombra para os animais.

� Não gritar, espancar ou maltratar os animais.

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Pessoal: os animais devem ser tratados por pessoal em número suficiente e que possua treinamento, capacidade e competência profissional adequadas.

Inspeção: todos os animais mantidos em explorações pecuárias devem ser inspecionados pelo menos uma vez por dia. Os animais doentes ou lesionados devem ser tratados sem demora e, se necessário, isolados em instalações adequadas.

Registro: o proprietário ou detentor dos animais deve manter um registro dos tratamentos ministrados durante um período de, pelo menos, três anos.

Liberdade de movimentos: mesmo quando estejam permanente ou habitualmente presos ou amarrados, os animais devem dispor de um espaço adequado, que lhes permita deslocarem-se sem sofrimento nem lesões inúteis.

Instalações e alojamento: os materiais utilizados na construção dos alojamentos devem poder ser limpos e desinfetados. A circulação do ar, o teor de poeiras, a temperatura e a umidade devem manter-se dentro de limites aceitáveis. Os animais mantidos em instalações fechadas não devem ficar em escuridão permanente nem ser expostos continuamente à luz artificial.

Equipamento automático ou mecânico: o equipamento automático ou mecânico indispensável para a saúde e o bem-estar dos animais deve ser inspecionado pelo menos uma vez por dia. Em caso de utilização de sistemas de ventilação artificial, deverão ser tomadas providências para que exista um sistema de recurso adequado que garanta uma renovação suficiente do ar.

Alimentação, água e outras substâncias: os animais devem ser alimentados com uma dieta saudável e adaptada, em quantidade suficiente e a intervalos regulares. É proibida a administração de outras substâncias, com exceção das necessárias para fins terapêuticos ou profiláticos ou das destinadas a tratamento zootécnico. Além disso, o equipamento de fornecimento de alimentação e água deve minimizar os riscos de contaminação.

Mutilações: É proibido qualquer tipo de mutilação de membros dos animais, como quebra ou amputação da cauda ou outro membro, durante o manejo.

Não devem ser utilizados métodos de criação que causem sofrimento ou lesões aos animais, exceto quando o seu impacto for mínimo, momentâneo ou expressamente autorizado pelas disposições da legislação pertinente.

Manejo Inadequado

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7 - MEIO AMBIENTE

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As áreas de reserva deverão estar em conformidade com as normas da Secretaria do Meio Ambiente, IBAMA e outros órgãos de controle ambientais.

Deve-se usar corretamente a quantidade de insumos e fertilizantes no solo, sejam eles naturais ou químicos.

Implantar política de conscientização da reciclagem de materiais e preservação da natureza, manter árvores ou pequenos bosques para produzir sombra para os animais e manter a biodiversidade. Manter as matas ciliares nas margens dos cursos de água, evitando que os animais as freqüentem para abeberamento.

Quando fizer uso de controle químico de pastagens, deve-se utilizar equipamentos de proteção, pessoal devidamente capacitado e seguir rigorosamente as recomendações do fabricante, evitando a contaminação dos recursos hídricos.

Assegurar que os agrotóxicos e suas embalagens não contaminem o solo e os cursos d’água. Adotar as recomendações legais para a aplicação, o manuseio e o descarte das embalagens, inclusive a tríplice lavagem.

Buscar certificação ambiental.

7.1 - Gestão Ambiental

O produtor deve optar por uma gestão de qualidade em sua propriedade, utilizando todas as ferramentas disponíveis, que garantam um bom gerenciamento e controle das informações, incluindo a questão do meio ambiente e da biodiversidade, através da adoção de boas praticas, como:

Adequar a taxa de lotação à capacidade de suporte das pastagens.

Não expor o solo à erosões

Não utilizar o fogo como prática de manejo de pastagens.

Realizar periodicamente limpezas nas pastagens, eliminando plantas invasoras indesejáveis.

O abeberamento dos animais só deve ser feito em bebedouros instalados nos pastos, evitando-se que freqüentem as margens dos cursos de água ou açudes.

7.2 - Gestão de Resíduos

Materiais específicos devem ser guardados da maneira sugerida pelo fabricante. Ex: material de inseminação artificial.

Plásticos, papéis, vidros e metais devem ser coletados seletivamente para reciclagem ou outros fins.

Materiais tóxicos devem ser acondicionados de maneira segura e descartados segundo legislação.

Materiais contaminantes devem ser acondicionados de maneira segura e descartados segundo legislação e/ou queimados e enterrados, se for permitido.

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As embalagens vazias de agrotóxicos não devem ser abandonadas no campo, enterradas, queimadas à céu aberto ou descartadas em cursos de água. Devem ser recolhidas nos postos do INP-EV – Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, que dará destinação final às mesmas.

7.3 - Aguadas

Devem ser limpas, correntes e não conter resíduos químicos e metais pesados.

Não devem possuir nenhum tipo de contaminação por patógenos de origem bacteriana, viral ou parasitária.

No caso de aguadas em cochos, utilizar cal virgem em proporção adequada, e renovação periódica.

Evitar devolução aos rios e lençol freático de elementos contaminantes.

Águas residuais devem ter armazenamento que permita a separação e deposição dos dejetos. Antes de serem devolvidas para os rios da bacia hidrográfica, as águas residuais devem passar por um sistema de tratamento.

Fontes de águas com reserva permanente em conformidade com as leis vigentes.

7.4 - Bem Estar Social

A cadeia produtiva do agronegócio da pecuária emprega de forma direta mais de 8.000.000 (oito milhões) de pessoas entre a produção no campo, a industrialização e o comercio varejista. Portanto, assume especial importância a responsabilidade social deste setor, que deve atentar para as boas práticas no relacionamento empregatício, tais como:

É expressamente proibida a utilização do trabalho infantil, direto ou indireto.

Funcionários devem possuir exames médicos periódicos para atestar sua saúde e devem estar devidamente registrados e documentados, com o cumprimento de acordo coletivo de trabalho e pagamento de direitos trabalhistas, encargos sociais e tributos.

Estabelecer alguns benefícios como assistência médica e outros.

Os filhos dos funcionários devem estar devidamente matriculados e frequentando escola.

As casas que abrigam estes funcionários devem oferecer conforto térmico, água potável, saneamento básico e energia elétrica.

Implantar como incentivo e treinamento conceitos de higiene pessoal para os funcionários, através de palestras e manuais.

Possibilitar a capacitação técnica periódica aos funcionários, através de cursos e treinamentos.

Tratar os funcionários com respeito e dignidade.

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Respeitar a legislação vigente quanto a segurança no trabalho.

Proporcionar transporte (onde houver carência), facilitando a locomoção dos funcionários e seus filhos para escola, assistência médica e emergências.

8 - RASTREABILIDADE

Segundo estudo recente da FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação vem se acentuando nos últimos anos a contaminação de humanos por alimentos de origem animal, como a gripe aviária, a BSE (doença da vaca louca), a aftosa, etc. Dentre as causas encontradas, o aumento populacional, que demanda grande fornecimento de produtos alimentícios, é apontado com sendo uma das principais.

Diante desta crise alimentar, os organismos que cuidam dos interesses dos consumidores passaram a exigir dos fornecedores, garantias quanto à origem e a qualidade nos processos de produção de alimentos.

Com a finalidade de adequar-se à estas exigências, o Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, criou em Janeiro de 2002 o SISBOV - Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina, que objetiva identificar, registrar e monitorar todos os bovinos e bubalinos nascidos no Brasil ou importados.

As Normativas que criaram e regulamentam o SISBOV, podem ser encontradas na íntegra, no site do MAPA: www.agricultura.gov.br

Pode-se definir rastreabilidade como o processo que pré supõe o registro de data e local de nascimento, filiação, manejo alimentar e sanitário, bem como a movimentação dos animais inscritos.

Como definido na Norma ISO 9000:2000 – rastreabilidade é a capacidade de recuperar o histórico, a aplicação ou a localização daquilo que está sendo considerado (rastreado).

8.1 – Porque Rastrear

O MAPA estabeleceu um cronograma de implantação do SISBOV, onde prevê que os animais destinados à exportação para a União Européiadevem estar rastreados desde Junho de 2002, animais destinados aos demais países em Dezembro de 2003. Todos os criatórios localizados em zona livre de febre aftosa devem estar rastreados até Dezembro de 2005 e os das demais regiões até Dezembro de 2007

Cabe aos pecuaristas o cumprimento destas exigências, aproveitando as oportunidades que o Sistema de Rastreabilidade oferece, tais como, obter preços maiores para animais Certificados, melhora nos controles da propriedade, Melhora no manejo sanitário e alimentar do rebanho, incremento das exportações, suprindo a queda na

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demanda do mercado interno, manutenção da estabilidade do preço da arroba no mercado interno, via garantia de qualidade e aumento das exportações.

8.2 - Procedimentos para cadastro no SISBOV

Entrar em contato com uma Certificadora Credenciada no SISBOV. Ver relação de Certificadores no Site do Mapa: www.agricultura.gov.br

Fazer o cadastro da propriedade na Certificadora escolhida, informando a quantidade de animais à serem certificados.

Autorizar à Certificadora à repassar para o fabricante, os dados para a confecção dos identificadores (brincos ou chips), juntamente com os números oficiais do Sisbov, que serão colocados nos animais.

� Receber do fabricante e aplicar os identificadores nos animais.

� Preencher as planilhas com os dados dos animais identificados:

� Enviar uma via da planilha preenchida para a Certificadora.

� Arquivar a outra via da planilha na propriedade, por 5 anos após o abate do animal.

� Agendar com a Certificadora a visita de auditoria técnica. Após esta visita seus animais serão cadastrados na BND – Base Nacional de Dados.

� Uma vez cadastrados os animais, começará a contar o período obrigatório que antecede o abate.

É necessário informar à Certificadora os dados referentes às movimentações de entrada e de saída de animais, transferência, morte natural ou acidental, encaminhamento para o abate ou sacrifício do animal.

O trânsito de animais cadastrados no SISBOV, para qualquer finalidade, só poderá ocorrer quando o animal estiver devidamente identificado e acompanhado do DIA (Documento de Identificação Animal) e da GTA (Guia de Trânsito Animal) que será emitida somente mediante apresentação do DIA.

Além de coletar os dados sobre cada animal, é preciso também registrar outras informações sobre a propriedade, incluindo o manejo alimentar, sanitário e reprodutivo dos animais, seguindo as orientações da Certificadora.

8.2.1 - Identificação Oficial

De acordo com a Instrução Normativa número 21, de 02 de Abril de 2004, a identificação dos animais seguirá a seguinte especificação:

Brinco Padrão Sisbov

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Os animais deverão ter identificação dupla, podendo ser adotada uma das seguintes opções:

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a. Brinco grande + brinco botton

b. Brinco grande + tatuagem com o número de manejo do Sisbov (6 digitos)

c. Brinco grande + dispositivo eletrônico obedecendo às normas da ISO.

d. Brinco grande + marcação a ferro com o número de manejo do Sisbov

e. Brinco grande ou tatuagem com o numero de manejo do Sisbov + identificação com o número de registro do animal na Associação de raça.

9 - GERENCIAMENTO

Além de tecnificar-se nos sistemas produtivos e manejos, a boa gestão também exige uma administração acurada, devendo ser levado em consideração a aplicação dos seguintes itens:

Implantar programas de gerenciamento, através de softwares que permitam o controle das informações desejadas e a emissão de relatórios customizados e fáceis de serem interpretados.

Controle do rebanho por indivíduo e por grupos, enfatizando condições dos animais e suas características, manejo, identificação, entradas e saídas dos animais ou grupos e suas razões.

Controle sanitário com dados e ocorrências individuais e por grupo, como vacinações, vermifugações, controle de doenças e outros.

Controle de alimentação, disponibilizando custos de cria, recria e engorda em diferentes sistemas de produção e manejo, com formulações de misturas minerais e rações, com análise de custos.

Controle reprodutivo completo com diagnóstico de gestação, condições dos touros, índices de fertilidade, seleção por fertilidade, programa de melhoramento genético e suas avaliações, programas de I.A. (inseminação artificial), T.E. (transferência de embriões), F.I.V (fertilização “in vitro”) e outras biotecnologias.

Controle produtivo com pesagens, índices de ganhos e relatórios.

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Controle da entrada, saída e utilização, por grupo e individual, de insumos com data da aquisição, lote do insumo, número de partida, empresa produtora, data de validade e componentes.

Cadastros de retiros e atividades diferentes dentro da mesma propriedade com centros de controle financeiros em comum ou separados.

Controles de pastos por números com identificação da área e manejos correspondentes, como por exemplo: tipo de pastagem, lotação por área, investimentos por área, características físicas (sombra, reserva, aguadas, corredores, cochos, etc).

Controle financeiro completo com plano de contas, indicadores financeiros, demonstração de resultados, fluxo de caixa, depreciações, receitas, despesas, custos e investimentos, previsão orçamentária e contas bancárias.

Controle de índices e informações gerenciais.

Dados meteorológico e histórico pluviométrico.

9.1 - SISTEMAS DE CRÉDITO

9.1.1 - INVESTIMENTO

Financiamento concedido para aquisição de matrizes e reprodutores, equipamentos e máquinas utilizados na produção pecuária de corte, através de repasse do BNDES para bancos agentes do mercado financeiro.

Conforme Circular DEPOC/FINAME 01/97, expedida pelo BNDES aos agentes financeiros do sistema, em apoio ao setor agropecuário, deverão ser obedecidas as seguintes condições:

� No financiamento para a aquisição de matrizes e reprodutores os animais deverão ter registro e vinculo com outros itens do investimento à ser feito.

� Não serão financiadas as aquisições de animais para a revenda e a formação de pastagens em áreas de florestas e matas ciliares.

� Projetos de bovinocultura serão financiados se forem destinados à utilização de sistemas de alta produtividade, seja de confinamento integral ou de pasto rotacionado com confinamento na entresafra.

� Nos Estados onde são desenvolvidos Programas de Novilho Precoce, os produtores devem comprovar sua inscrição no respectivo Programa, para poder acessar o crédito.

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9.1.2 - CUSTEIO

Financiamento de investimentos destinados à produção de Novilho Precoce, ao amparo de recursos do Crédito Rural. Foram alocados R$100.000.000,00 (Cem Milhões de Reais) para o programa. Os itens financiáveis são: adaptação/construção de benfeitorias e instalações para manejo do rebanho, tais como cercas, estábulos, embarcadouro/desembarcadouro, bebedouros, genética (aquisição de reprodutores, matrizes, sêmen, embriões, equipamentos de inseminação artificial, etc.), construção/reforma de infra-estrutura para confinamento de acabamento (divisões de estábulo, edificações, etc.). O limite é de R$200.000,00 (Duzentos Mil Reais), por produtor/ano, com amortização em cinco anos, com até dois anos de carência e taxa de juros de 8,75% ao ano.

Estes recursos serão liberados para a Safra 2005/2006, através do sistema bancário nacional, com a finalidade de incentivar a produção de carne bovina com qualidade, para abastecimento do mercado interno e para as exportações.

Para ter acesso à esta linha de crédito, o produtor deverá comprovar sua participação no Programa de Produção de Novilho Precoce.

9.1.3 - COMERCIALIZAÇÃO

CPR – Cédula de Produto Rural. Financiamento da safra ou produção pecuária, através da emissão da CPR – que é um título regulado pelas Leis n. 8.929/1994 e 10.200/2001.

A CPR serve como instrumento para o planejamento da atividade rural e como opção de investimento para aplicadores do mercado financeiro. È um título emitido pelo produtor, que sabendo o volume de sua safra ou produção pecuária, permite vende-la antecipadamente para receber os recursos adiantados. Após a colheita ou a venda dos animais, é feito o resgate do título, através de liquidação financeira.

A CPR, garantida por um banco (Banco do Brasil, Banespa, etc) ou seguradora, é uma alternativa para completar as necessidades de recursos da atividade agropecuária, atraindo capitais privados. Na prática ela antecipa ao produtor os recursos que ele receberia somente após a colheita ou venda de seus animais, resolvendo sua necessidade financeira para completar o ciclo de sua lavoura ou criação.

Mercado Futuro e de Opções:

Os produtores agropecuários estão normalmente sujeitos a três tipos de risco: clima ou intempéries, crédito e preço.

a. O risco de clima decorre da possibilidade de acontecerem intempéries, pragas e outros fenômenos da natureza. Para cobrir este risco, existe o seguro de produção.

b. O risco de crédito existe quando compromissos assumidos com clientes e bancos podem ser ou não honrados, seja não entregando a mercadoria, seja não pagando os financiamentos. Para cobrir este risco são exigidas garantias.

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c. O risco de preço decorre das oscilações nos preços das mercadorias, e dependendo destas oscilações, o produtor pode não cobrir seus custos, e conseqüentemente não poderá honrar seus compromissos com clientes e bancos. Para se proteger contra este tipo de risco, existem os mercados futuros e de opções. Esta proteção ou cobertura nos mercados futuros e de opções é chamada de “hedge”.

Os mercados futuros e de opções devem ser entendidos como poderosa ferramenta, na gestão de risco de preço das mercadorias. O produtor deve garantir-se das flutuações cíclicas nos preços da arroba do boi, fazendo um contrato de obrigação futura, de entregar determinada quantidade de animais, com padrão e qualidade preestabelecida, pelo preço ajustado no pregão da Bolsa de Mercantil e Futuros – BM&F. Este preço ajustado deve ser suficiente para remunerar seus objetivos de lucratividade, independentemente do preço real, praticado na data da venda ou abate dos animais.

VI - PROCESSAMENTO

1 - EMBARQUE

Para evitar o estresse dos animais, quando forem movimentados em caminhões, vagões ou reboques, deve-se efetuar este manejo de maneira tranqüila, nas horas mais frescas do dia, evitando-se o uso de cães e procedimentos que possam causar contusões.

A rampa de carregamento deve ter a última parte plana (pelo menos com 2 metros de comprimento), no mesmo nível do piso da gaiola. Suas laterais deverão ser vedadas, com embarcador no mesmo padrão, possuindo porteiras de separação para evitar a volta dos animais. A seringa do embarcador também deverá ser afunilada

� O embarque deve ser feito da forma mais suave possível, assegurando-se que os animais não sejam amedrontados, excitados, maltratados ou derrubados.

� No embarque os animais devem ser conduzidos um a um, sendo proibido espancá-los, ou empurra-los em partes sensíveis do corpo.

� Para forçar o embarque dos animais, é proibido torcer, esmagar ou quebrar a sua cauda.

� Em casos extremos será permitida a condução dos animais no embarque, através de descarga elétrica, aplicada apenas em animais adultos que se recusem à mover-se, sendo que cada descarga elétrica não pode exceder à 2 segundos e que os animais disponham de espaço suficiente para avançarem.

� É proibido o uso de ferrões pontiagudos na condução dos animais.

2 - TRANSPORTE

O meio de transporte deve ser o mais adequado possível, atendendo as condições exigidas para transporte de gado vivo em carrocerias ou vagões, com a finalidade de

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proteger estes animais, quanto à sua integridade física, de lesões causadas em sua pele, carne, vísceras e ossos.

Para a melhor eficiência e adequação dos sistemas de transporte de gado em pé, deve-se atentar para a Norma Técnica Brasileira da ABNT, a NBR 10452, de março de 1996, assim como os artigos 79, 80, 81, 82, 83 e 190, da “Lei da balança”, do Código Nacional de Trânsito, que influem diretamente nas limitações físicas e de peso para os veículos de carga nacionais.

2.1 - Carroceria

Caixa de carga construída total ou parcialmente de madeira de lei, dotada de portas elevadiças ou não, para permitir o acesso no compartimento.

2.2 - Reboque e Semi Reboque

Caixa de carga construída em perfis de aço, laterais estruturadas em perfis de aço com reforços transversais, revestida internamente com travessas de madeira intercaladas e dotadas de portas elevadiças ou não, para permitir o acesso de pessoas ou animais no compartimento.

2.3 - Vagão (gaiola ou gradeado)

Caixa de carga construída em madeira ou perfis de aço, dotada de porta de acesso com dispositivo de passagem interna a outros vagões do comboio.

As carrocerias, reboques e vagões, devem ter sua parte interna construída de tal forma, que os perfis de aço e/ou travessas de madeira não tenham bordas vivas voltadas para o interior do compartimento de carga, sendo que os parafusos de fixação das partes devem ser de cabeça arredondada e fixados de dentro para fora, não permitindo riscos ou esfolamentos na pele dos animais.

Os revestimentos utilizados nas carrocerias devem ser de material flexível e lavável (sob o ponto de vista sanitário), de modo a permitir o amortecimento dos eventuais impactos, para proteger a integridade física dos animais.

As divisórias devem obedecer as mesmas especificações anteriores, sendo seu uso restrito a uma divisória para cada 7,30 m do seu sentido longitudinal.

Os pisos devem ser de assoalho longitudinal, com estrado no formato quadriculado, de material resistente e antiderrapante. Pode ser utilizada cama de palha para forrar o piso, que seja suficiente para absorver os dejetos e amortecer impactos.

Os veículos de transporte devem estar equipados com carrocerias projetadas de modo a evitar a disseminação de agentes infectantes eliminados pelas fezes, urina e secreções.

As carrocerias devem ser dotadas de divisórias em quantidades suficientes para impedir a aglomeração dos animais e possível pisoteio daqueles que porventura vierem a se deitar, em conseqüência muitas vezes de câimbras.

2.4 - Manejo no Transporte

� No transporte dos animais, deve-se observar a formação de lotes padronizados por sexo, espécie e peso dos animais.

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� A cada animal transportado deve-se reservar 1,10 m2 em média, de área útil, de gado adulto para o abate.

� Não utilizar a princípio choque elétrico. Se for necessária sua utilização, que a mesma seja feita com critério.

� A ponta do agulhão utilizada no manejo do gado, deve ser esférica, com diâmetro de 10 mm.

� No embarque e desembarque dos animais, observar as condições que evitem traumatismos pela movimentação do gado.

� Para transporte em caminhões, devem ser observadas as paradas com freqüência de 5 horas para vias pavimentadas e de 3 horas para vias não pavimentadas.

� Estabelecer com antecedência um plano de rota mais rápido, por estradas melhores, para evitar solavancos em execesso e freadas bruscas.

2.5 - Orientação e treinamento de motoristas

Os motoristas transportadores (boiadeiros), devem receber instruções e treinamentos periódicos, com conscientização sobre os processos adequados para a segurança máxima da carga, e a influência do transporte na qualidade do produto.

Devem ser orientados a obedecer os aspectos técnicos legais da chamada “ Lei da Balança”, do Código Nacional de Transito, nos artigos que tratam do transporte de animais vivos, com o objetivo de diminuir os abusos por excesso de carga e conseqüente risco para os animais.

� Devem verificar periodicamente a condição geral dos animais no interior das carrocerias, durante o transporte até o abatedouro.

� Devem evitar deslocamento em excesso de velocidade, freadas bruscas e paradas para descanso em locais que os bovinos permaneçam por muito tempo expostos à ruídos e calor intenso.

� O motorista não deve ficar sobre a gaiola (carroceria do caminhão ou vagão), durante o embarque e o desembarque dos animais, só o fazendo em condições especiais.

� Observar cuidados especiais no embarque, desembarque e quanto ao excesso de lotação. Cada veículo convencional deve transportar no máximo 20 animais por viagem.

3 - DESEMBARQUE

� Os frigoríficos/abatedouros devem dispor de equipamentos e instalações adequadas à descarga dos animais dos meios de transportes (caminhão, vagão, etc).

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� Os animais devem ser desembarcados o mais rápido possível após a chegada. Se houver demora inevitável, será necessário protegê-los contra condições climáticas extremas, com o benefício de uma ventilação adequada.

� Ao dar entrada no estabelecimento de abate, os animais conduzidos pelos caminhões boiadeiros devem ser levados imediatamente para os currais de chegada e seleção, utilizando via de acesso independente daquela percorrida pelas viaturas que conduzem os produtos e subprodutos elaborados, onde serão separados de acordo com o proprietário e sexo.

� Logo após o desembarque dos animais, os veículos e suas respectivas carrocerias devem ser lavados e desinfetados, no lavador situado próximo dos currais.

� São responsáveis pelo recebimento dos animais o encarregado dos currais ou seus auxiliares. Somente são recebidos os lotes que estiverem acompanhados pelos respectivos G.T.As (Guia de Transporte de Animais) e DIAs (Documento de Identificação de Animal), emitidos por Certificadora credenciada no SISBOV. Os animais deverão estar devidamente identificados com brincos contendo a numeração do SISBOV.

� É de responsabilidade do recebedor avaliar a condição corporal de cada animal no momento do desembarque e preservar suas condições de sanidade até o abate, assim como o registro de procedência e do proprietário. A checagem deste ponto é feita em relatórios (E1) e no registro de chegada.

� O desembarque dos bovinos deve ser feito, a medida do possível, de maneira suave, sem atropelos e sem a utilização de instrumentos que possam acusar transtornos aos animais.

� Caso, durante o transporte, os animais tenham sido submetidos à elevadas temperaturas e umidade excessiva, devem ser refrescados por meios adequados, logo após o desembarque.

� Os animais submetidos à sofrimentos ou padecimentos durante o transporte ou no desembarque, devem ser abatidos imediatamente, ou serem separados e abatidos no máximo dentro das duas horas seguintes.

� Durante o desembarque, animais incapazes de andar não devem ser arrastados para o local de abate, mas sim mortos no local onde se encontram, ou quando possível, serem transportados em carrinhos ou plataforma móvel, para o local do abate.

� Os equipamentos para desembarque, dos frigoríficos, devem ter piso não escorregadio, proteções laterais, com rampas de saída e acesso em suave inclinação.

� Durante o desembarque, deve-se assegurar que os animais não sejam amedrontados, excitados, maltratados ou derrubados. Sendo proibido erguer os animais pela cabeça, chifres, orelhas, patas, cauda ou pêlo, que podem causar dor ou sofrimento.

4 - PRÉ ABATE

4.1 - Jejum, Descanso e Dieta Hídrica

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A inspeção dos animais, ainda nos currais de chegada ou seleção, Inspeção “ante-mortem” – conforme descrita no RIISPOA – Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Brasil,1972) é de responsabilidade do Serviço de Inspeção Federal (SIF).

Durante o deslocamento dos animais para o curral à que foram designados ou mesmo, posteriormente para o abate, é terminantemente proibida a utilização de instrumentos perfurantes tipo “ferrão”. Para essa finalidade está autorizado o uso de bastão eletrificado, com intensidade de correntes até 45 volts.

Concluída a inspeção “ante-mortem”, os animais considerados aptos para o abate normal serão direcionados para os “currais de matança” e aqueles considerados suspeitos de alguma doença infecto contagiosa serão colocados no “curral de observação” para exame clínico mais detalhado (artigo 116 e parágrafos do RIISPOA). Confirmado o diagnóstico clínico, os animais serão, a critério do inspetor, abatidos no matadouro sanitário ou na própria sala de abate, porém somente após a saída da última carcaça, no final da matança.

Os animais que aguardam para serem abatidos devem permanecer em descanso, jejum e dieta hídrica, em currais limpos e providos de bebedouros com água em abundância, pelo menos durante 12 horas. Somente depois de concluído esse período regulamentar de descanso, previsto no artigo 110 do RIISPOA, eles serão submetidos à nova inspeção, minutos antes da liberação para o abate. O tempo de descanso é determinado pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), de acordo com o horário de chegada dos animais no abatedouro e a distância por eles percorrida. O tempo de descanso, no entanto, não deve ultrapassar de 24 horas.

Os currais devem ser equipados com sistemas de aspersão, acionado durante as horas mais quentes do dia, pulverizando a água por meio de bicos rotativos.

4.2 - Rampa de acesso.

A rampa de acesso tem piso antiderrapante e apresenta uma declividade inferior a 15%. Em seu percurso devem existir uma série de comportas tipo guilhotina, prevenindo assim a aglomeração de animais e evitando acidentes como pisoteio e asfixia, além de separar lotes.

Entre duas comportas centrais estão instalados chuveiros, que além de promover a remoção de detritos do dorso e das patas dos bovinos, contribuem para diminuir o estresse. O chuveiro é constituído por um sistema tubular disposto transversal, longitudinal e lateralmente com pressão de 3 atmosferas e cloração mínima de 0,5 ppm.

A capacidade do brete é de aproximadamente 20 animais, permanecendo neste local até que sejam removidas as contaminações visuais.

A cloração da água é checada pelo menos duas vezes ao dia e os aspersores verificados periodicamente, para evitar entupimento.

O afunilamento final da rampa de acesso, denominada “seringa”, permite a passagem de apenas um animal de cada vez, facilitando sua entrada para o box de atordoamento.

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5 - ABATE

Deve ser feita avaliação dos animais, quanto seu estado sanitário e nutricional, antes do abate, que deverá ser feito de acordo com os padrões internacionais de qualidade , evitando-se o estresse do animal, a fim de assegurar a evolução racional da produção e não prejudicar a qualidade da carne.

5.1 - Boas Práticas De Fabricação (BPF) - Carne

OBJETIVO: Permitir a preparação de produtos de qualidade para o fornecimento aos clientes e consumidores, adotando padrões pré-operacionais e operacionais adequados, e o treinamento de todos os funcionários envolvidos nesses processos, de modo a assegurar o conhecimento, o domínio e o cumprimento de todas as normas estabelecidas, buscando assim a higiene das operações e como conseqüência , a elaboração de produtos seguros e saudáveis.

5.2 - Conceitos de Boas Práticas de Fabricação (BPF)

Boas Práticas de Fabricação (BPF) ou Good Manufacturing Practices (GMP), é um conjunto de princípios e regras que devem ser observados pelas empresas cujos produtos podem ser contaminados, tendo como objetivo garantir a segurança total do consumidor. Estes conceitos são estabelecidos para evitar de maneira preventiva, a contaminação ou adulteração dos produtos, sendo divulgados e mantidos através de programas de treinamento dos funcionários.

Esses programas visam a preparação dos funcionários para as atribuições e responsabilidades específicas, desenvolvendo habilidades e atitudes seguras, através de uma abordagem holística, com vistas ao aprendizado integral de suas funções.

É fundamental a integração e o treinamento dos funcionários contratados, para torná-los conscientes do importante papel e da responsabilidade que lhes serão atribuídas na elaboração de produtos alimentícios de qualidade.

6 - CLASSIFICAÇÃO DE CARCAÇAS

Normativa nº09 de 2004 do Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Ver na íntegra o texto do Sistema Brasileiro de Classificação de Carcaça, acessando o site: www.agricultura.gov.br

6.1 - Carcaça / Carne

As duas características mais importantes na carne sob o ponto de vista do consumidor são: aparência e a palatabilidade. Vários estudos mostram que dentre os fatores

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que afetam a palatabilidade, maciez é a mais desejável. Além dessas características, o aumento da preocupação com a saúde e o menor consumo de gorduras, outra preferência a ser destacada é a quantidade de carne magra encontrada no produto. Já o valor econômico da carcaça depende basicamente de dois fatores: a qualidade e o rendimento da porção comestível dos cortes com maior demanda e valor comercial.

As variações observadas no rendimento da porção comestível devem-se principalmente a dois fatores: a quantidade de gordura que necessita ser aparada dos cortes cárneos na preparação dos mesmos, e a musculosidade da carcaça, ou seja, o volume muscular e a distribuição dos músculos nos quartos desta.

6.1.1 - Contusões

Diminuir ao máximo as contusões, segundo recomendações e protocolos de bem estar animal, pois, além de desvalorizar as carcaças depreciam o produto final.

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6.2 - Classificação

A classificação de carcaças consiste na avaliação das principais características das carcaças dos animais recém abatidos e classificando-as através do cruzamento destas informações.

As carcaças são avaliadas quanto a:

- Peso carcaça

- Maturidade

- Avaliação Subjetiva do acabamento de gordura

- Conformação

- Mensuração da Área do olho de Lombo (AOL)

- Espessura de Gordura (EG)

- Coloração da Gordura

- Coloração da Carne

- Marmorização

6.3 - Tipificação do Novilho Precoce

A ABNP define como Novilho Precoce um animal que se enquadra nos seguintes parâmetros:

Peso da Carcaça

Machos = 230-300 kg

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Machos castrados = 230-300 kg

Fêmeas = 180 kg acima

Dentição

Machos = 0 dentes

Machos castrados = 0-4 dentes

Fêmeas = 0-4 dentes

Verificando a dentição no animal

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Acabamento de gordura

Machos castrados e inteiros = 3-10 mm

Fêmeas = 3-10 mm

Verificando Acabamento no Animal (pontos para verificação):

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Todas as categorias devem estar enquadradas entre as classificações C3 e C4 (veja abaixo as classificações).

C1- ausência total de gordura periférica.

C2- de 1 a 3 mm de gordura periférica.

C3- de 3 a 6 mm de gordura periférica.

C4- de 6 a 10 mm de gordura periférica.

C5- acima de 10 mm de gordura periférica.

Escores de Gordura:

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6.4 - Transporte de Carcaças

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� Não poderá haver interrupção na cadeia de frio no transporte. A temperatura deve ser mantida constantemente entre 2 e 4º C.

� Devem ser obrigatoriamente transportadas em caminhões com isolamento térmico e refrigeração Thermo-King (Baú).

� Deve portar aparelho tipo COX.

� O caminhão deve ter forração com plástico no piso, nas laterais e no tendal.

� O lombador deve possuir os seus respectivos equipamentos (botas e capas) devidamente limpos e higienizados.

� A carga deve estar 100% pendurada, tomando o cuidado de não retornar dianteiros.

6.5 - Transporte de Carne Desossada e Miúdos

� Toda a carne desossada e miúdos devem estar embalados em Cryovac.

� Não poderá haver interrupção na cadeia de frio também nesta fase.

� A temperatura deve ser mantida constantemente entre 2 e 4º C.

� Devem ser obrigatoriamente transportados em caminhões com isolante térmico e refrigeração Thermo-King (Baú). O baú deve estar constantemente limpo e em ordem.

� Deve portar aparelho tipo COX.

� A carne desossada e miúdos devem sofrer transporte peletizado.

7 - QUALIDADE DO COURO

Como item de boa gestão da propriedade, a busca de lucratividade não pode prescindir de ganhos com produtos como o couro bovino.

Os produtores brasileiros de couro cru deixaram de ganhar e transferir ao setor pecuário, cerca de 500 milhões de dólares por ano entre 1986 e 1995.

O abate, neste período, cresceu de 20 para 28 milhões de bovinos, atingindo uma média de 24 milhões de abates por ano. O mercado cresceu, mas não se desenvolveu. E, principalmente no setor couro, todos estão deixando de ganhar.

Durante a última década, o setor de curtumes remunerou o couro cru brasileiro pela metade do valor recebido pelo produto americano. Isto aconteceu porque somente 5% dos couros americanos apresentaram os defeitos abaixo descritos, que são encontrados em 93% dos couros brasileiros:

� Marcas de fogo em tamanhos variados e em áreas nobres do couro;

� Riscos provocados por cercas de arame farpado e pastagens sujas, caminhões com carrocerias precárias;

� Degradações causadas por ectoparasitas, como berne, carrapatos e sarnas;

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� Esfolas precárias, causando furos e cortes;

� Má conservação das peles após o abate, provocando danos irreparáveis à qualidade do couro.

Os frigoríficos brasileiros dividem o valor da arroba da seguinte maneira:

� 53% das arrobas do boi - para corte de traseiro

� 19% das arrobas do boi - para corte de dianteiro

� 9% das arrobas do boi - para a ponta de agulha

� 14% das arrobas do boi - para o couro verde

� 5% das arrobas do boi - para os sub-produtos

Desta forma, o pecuarista recebe pelo couro-verde (nos bons frigoríficos) a média de 7% do valor das arrobas do boi (US$30,00), enquanto nos Estados Unidos, este couro vale US$ 60,00.

A maioria dos abatedouros brasileiros inclui o valor do couro como parte da “arrobação”, isto é, não o remunera separadamente, até porque se trata de couro de pouca qualidade e baixa utilização industrial.

As exportações de carne bovina tenden a faturar em torno de US$ 2 bilhões de dólares até 2007, enquanto as exportações de produtos de couro, se obtiveram melhora na qualidade podem ultrapassar a marca de US$ 3 bilhões, pois agregam valor aos produtos.

7.1 - Controles para Melhoria da Qualidade do Couro

� Cercas: Evitar fazer cercas de arame farpado. Utilizar somente arame liso. O arame farpado provoca escoriações, perda de peso, estragos no couro, estresse, chance de surgimento de bicheiras. Se possível, implantar um sistema de cerca elétrica, na divisão de pastagens.

� Manejo: Evitar o uso de ferrão pontiagudo e de cães para o manejo do gado

� Parasitas: Manutenção periódica no combate aos ectoparasitas – carrapato, berne, mosca do chifre, sarna e piolho.

� Pastagens: Manter sempre limpas as pastagens. Evitar restos de madeiras , tocos, pedras, rochas, etc.

� Currais: Vistoria periódica nos currais e estábulos, evitando pontas de madeira, farpas agudas, estreitamentos, buracos, pregos e parafusos, etc.

� Marcação por calor: Esta é a principal causa da perda de qualidade do couro brasileiro. É um sistema de identificação de bovinos que deve ser substituído, com o tempo, por outros métodos, como os brincos visuais, os chips eletrônicos e o DNA dos animais. Quando necessária, a marcação a fogo deve ser feita seguindo a lei n. 4.714/65 e a Norma Técnica da ABNT – NBR 10.453, que determinam que a marca não pode exceder à 11 centímetros de diâmetro.

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o Só pode ser feita na cara, pescoço e canela.

o Na pata dianteira, acima da articulação do cotovelo

o Na pata traseira, acima da articulação do joelho.

� Descorna do gado: Deve-se proceder a descorna dos animais enquanto jovens, quando a raça adotada não for mocha.

� Cuidados no transporte: Deve-se escolher para o transporte dos animais um veiculo em boas condições de uso, que permita que o animal entre normalmente, sem sofrer escoriações. Não utilizar ferrões pontiagudos para embarcar ou desembarcar os animais, mantendo população máxima de 18 a 20 bovinos adultos por viagem.

� Práticas de esfola e abertura do couro: Os frigoríficos devem observar as boas práticas de esfola e abertura do couro, para reduzir a incidência de raias e furos na pele, pois o couro é comercializado por área, e dependendo do método de abertura do couro, tem-se maior superfície aproveitável.

8 - LEGISLAÇÃO

8.1 - Federal

Ministério da Fazenda

Convênio ICMS 19/95: Autoriza os Estados que especifica a conceder crédito presumido nas operações com novilho precoce.

O Ministro de Estado da Fazenda e os Secretários de Fazenda, Economia, Finanças e Tributação dos Estados e do Distrito Federal, na 77ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Política Fazendária, realizada em Brasília, DF, no dia 4 de abril de 1995, tendo em vista o disposto na Lei Complementar n° 24, de 7 de janeiro de 1975, resolvem celebrar o seguinte

Convênio:

Cláusula primeira Ficam os Estados da Bahia, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Tocantins autorizados a conceder ao remetente ou ao destinatário, crédito de até 50% cinqüenta cento) do valor do ICMS incidente na saída de novilho precoce do estabelecimento produtor com destino ao que irá promover o seu abate.

Ver a íntegra do Decreto no Site: www.fazenda.gov.br

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

- Decreto 268 de 1995

- Decreto 269 de 1995

Ver a íntegra dos Decretos no Site: www.agricultura.gov.br

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8.2 - LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Verificar nos Sites das Secretarias de Agricultura e da Fazenda dos Estados. Em Bahia, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Tocantins a legislação que regulamenta a concessão de benefício para produtores de Novilho Precoce.

V. CONSIDERAÇÕES FINAIS