21 Maio 2016sábado, 19:00hGrande Auditório

Alexei Volodin

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Alexei Volodin piano

sábado 21 Maio 201619:00h — Grande Auditório

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Duração total prevista: c. 1h 45 min.Intervalo de 20 min.

Shakespeare na Música

Sergei ProkofievDez peças para piano, de Romeu e Julieta, op. 75

Dança PopularCenaMinuetoA jovem JulietaJogo de máscarasMontéquios e CapuletosFrei LourençoMercutioDança das jovens com os líriosRomeu e Julieta antes da separação

F. Mendelssohn / S. RachmaninovScherzo de Sonho de uma noite de verão

Nikolai MedtnerConto de Fadas, em Dó sustenido menor,op. 35 n.º 4 intervalo

Sergei RachmaninovSonata para Piano n.º 1, em Ré menor, op. 28

Allegro moderatoLentoAllegro molto

Sergei Prokofievsontsovka, 23 de abril de 1891moscovo, 5 de março de 1953

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Concluída em 1937, a suite para piano solo Romeu e Julieta foi composta por Sergei Prokofiev a partir das três suites orquestrais do bailado homónimo, baseado na tragédia de William Shakespeare. A música para Romeu e Julieta, cujo libreto resultou da colaboração entre o compositor e os encenadores russos Sergei Radlov e Leonid Lavrosky, foi composta entre 1935 e 1936, numa época em que as peças do dramaturgo inglês despertavam grande interesse junto dos círculos literários soviéticos. A estreia do bailado sobreveio em 1938, na cidade checoslovaca de Brno, tendo sido levado à cena no Teatro Kirov de Leninegrado dois anos mais tarde, naquela que foi a primeira audição em território soviético. Pouco tempo antes da estreia do bailado, Prokofiev escreveu as duas primeiras suites para orquestra sobre a partitura coreográfica (op. 64bis e op. 64ter) as quais viriam a ser, mais tarde, complementadas por uma terceira suite (op. 101). Na adaptação para o piano de dez números constitutivos deste corpus orquestral, formando o op. 75, Prokofiev sintetizou as principais linhas do seu estilo pianístico, de que ressalta o fino recorte temático e a extrema vivacidade da escrita rítmica. Para a suite

Dez peças para piano,de Romeu e Julieta, op. 75

composição: 1937duração: c. 35’

op. 75 o compositor alterou a ordem original dos andamentos do bailado. Desta forma, a Dança popular que inaugura a transcrição provém do início do segundo ato do bailado. Já a Cena do primeiro ato surge adiantada na sequência. Os andamentos designados Minueto, Jogo de máscaras, Montéquios e Capuletos e Mercutio provêm da cena do Baile dos Capuletos do primeiro ato, constituindo quadros sonoros animados por sugestivas figurações rítmicas e harmonias arrojadas que escapam às convenções românticas.No bailado, o retrato delicado de A jovem Julieta precede o Baile mencionado, mas na suiteop. 75 este andamento ocupa o quarto lugar. Frei Lourenço provém do segundo ato do bailado, quando o clérigo interpela Romeu em tom cético. Embora constitua uma extensão livre do texto de William Shakespeare, ditada por necessidades coreográficas, a Dança das jovens com lírios permaneceu ligada à suite op. 75, antecedendo o último andamento, Romeu e Julieta antes da separação. Prokofiev desenhou aqui um fresco de rara intensidade expressiva, aludindo à intensa paixão dos protagonistas, mas também aos contornos trágicos que marcam o desfecho da obra.

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Felix Mendelssohn

Sergei Rachmaninov

hamburgo, 3 de fevereiro de 1809leipzig, 4 de novembro de 1847

oneg, 1 de abril de 1873beverly hills, 28 de março de 1943

São em grande número as transcriçõese adaptações de música preexistente que integram a produção para piano solo de Sergei Rachmaninov. Fosse na sinfonia, na ópera, na música de cena, ou no Lied, o compositor russo recolhia fontes de inspiração que lhe permitiam, depois, concretizar esta demanda específica da sua atividade criativa. É de notar que as transcrições acompanharam todo o processo de evolução dos mecanismos fonográficos, no qual o compositor participou ao longo da sua vida, desde os pioneiros cilindros de cera de Thomas Edison à captação do som por microfones sofisticados, a partir de meados da década de 1920.O facto de incluir regularmente transcrições e adaptações nos seus programas mostra a especial predileção do músico por este tipo de desafio musical, o qual colocava à prova quer as capacidades criativas, quer os dotes interpretativos, dada a dificuldade técnica assinalável de alguns trabalhos.Do presente programa faz parte aquele que pode ser considerado como o corolário da sua produção de transcrições, a par com a Suite

Scherzo de Sonho de uma noite de verão

composição: 1843 / 1933duração: c. 4’

da Partita em Mi maior para violino solo de Johann Sebastian Bach: o Scherzo de Sonho de uma noite de verão, de Felix Mendelssohn. De 1843 data a composição da célebre música de cena, op. 61, sobre a comédia homónima de William Shakespeare, sendo a abertura, op. 21, bastante anterior. A estreia integral teve lugar na cidade alemã de Potsdam, a 14 de outubro do mesmo ano. A adaptação para piano solo da partitura de cena converteu-se em paradigma de virtuosismo neste trecho, impulsionado pelo fervilhar das figurações enérgicas originariamente posicionadas nos sopros e retomadas pelas cordas. O piano reproduz fielmente a textura original, sem pôr de parte nenhum elemento característico, nem do ponto de vista melódico, nem harmónico. Mas o que cativa mais nesta reprodução miniatural é o inexorável fluir das correntes rítmicas da partitura original, vertidas numa paleta necessariamente limitada de duas partes instrumentais, o que implica o esforço superlativo do intérprete na recriação eficazda complexa teia de interdependências motívicas e rítmicas.

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Nikolai Medtnermoscovo, 5 de janeiro de 1880londres, 13 de novembro de 1951

Um dos derradeiros continuadores da tradição pianística russa pós-romântica, na esteira direta de Sergei Rachmaninov e Alexander Scriabine, Nikolai Medtner deixou uma produção abundante para o piano, a qual incorpora doze sonatas, três concertos, os Esboços Românticos para a Juventude, op. 54, e um vasto corpus de 38 peças-miniatura, designadas como Skazki (Contos de fadas), entre outras obras. Ignorada durante longo tempo, esta importante produção pianística foi reabilitada junto dos círculos musicais soviéticos e europeus pelo pianista Emil Guilels (1916-1985) durante a década de 1950.Aluno do Conservatório de Moscovo, a sua cidade natal, Medtner adquiriu uma sólida formação no piano, sob a orientação de Pavel Pabst, Wassily Sapelnikov e Vasily Safonov, ao mesmo tempo que frequentava as classes de composição orientadas por Anton Arensky e Sergei Taneyev. À semelhança de Rachmaninov, de quem era amigo, Medtner empreendeu uma carreira de pianista virtuoso que o levou a emigrar para a Europa, em 1921.

Com a exceção de uma digressão que realizou à ex-URSS em 1927, o pianista e compositor não mais viria a regressar ao seu país natal, passando a centrar a sua atividade em Inglaterra, de 1936 até à sua morte.A peça de Skazki que ouviremos no presente recital é o op. 35 nº 4, em Dó sustenido menor, uma página bem ao estilo do virtuoso russo, que lhe conferiu a reveladora indicação de andamento Allegro appassionato e tempestoso. Com efeito, Medtner evoca aqui, mediante inscrição anotada no topo da partitura, “Blow, winds, and crack your cheeks”, a cena tempestuosa e agitada do terceiro ato da tragédia Rei Lear, de William Shakespeare, na qual o idoso rei da Bretanha enlouquece após ter sido traído por duas das suas três filhas, às quais havia legado o seu reino de modo insensato. A referência à tempestade constitui um expediente dramático, através do qual Shakespeare antevê as ações destrutivas de que são capazes os seres humanos, assim como a própria degenerescência mental do protagonista.

Conto de Fadas, em Dó sustenido menor, op. 35 n.º 4

composição: 1917duração: c. 4’

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Sergei Rachmaninovoneg, 1 de abril de 1873beverly hills, 28 de março de 1943

Concluída em 1907, durante o triénio germânico de Sergei Rachmaninov, a Sonata para Piano nº 1, em Ré menor, op. 28é a primeira das três sonatas dedicada ao instrumento de que Rachmaninov era executante exímio. Numa carta que dirigiu ao seu amigo Nikita Morozov, o compositor mostrou o fascínio que sentia pelos domínios da música programática, dado que transpôs para esta obra “três tipos humanos contrastantes, protagonistas de uma obrada literatura mundial”. O compositor referia-se, bem entendido, aos personagens principais do Fausto de Goethe: Heinrich Faust, Gretchen e Mephistopheles, os quais presidem, sucessivamente, aos três andamentos que constituem a obra.O primeiro andamento, Allegro moderato, principia com a singela alternância entreo intervalo de quinta descendente e os acordes súbitos da mão direita, em tom solene e marcial. Em breve a textura transfigura-se, rumo a um patamar de altíssimo virtuosismo, até ao surgimento do segundo tema, baseado na repetição da nota ré. Ao longo do andamento, as harmonias exóticas são abundantes e trazem ao discurso

musical momentos de grande intensidade emocional, muito embora subsista umacerta tendência, sublinhada por pianistase musicólogos, para a sobreposiçãode valores puramente tecnicistas.O segundo andamento, Lento, reveste-se de pendor gracioso e contemplativo. Na parte central a textura agita-se devido à aceleração das células rítmicas para quintinas de semicolcheias. O intervalo melódico de quinta descendente estrutura boa parte dos acompanhamentos e pontua também a conclusão do andamento. Evocando a figura mítica de Franz Liszt, o derradeiro andamento, Allegro molto, faz uso abundante dos expedientes prediletos do compositor e pianista húngaro, tais como as sequências fortemente ritmadas, representativas da influência mefistofélica e aparentadascom certas passagens da Sinfonia Faustode Liszt. O inigualável lirismo melódico de Rachmaninov emana de certas passagens, mas acaba por ser quase imediatamente “asfixiado” pelo ascendente “maléfico”que paira sobre todo o andamento. notas de rui cabral lopes

Sonata para Piano n.º 1,em Ré menor, op. 28

composição: 1907estreia: moscovo, 17 de outubro de 1908duração: c. 36’

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Nota Biográfica

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Alexei Volodin nasceu em 1977 em São Petersburgo (então Leninegrado). Estudou com Irina Chaklina e Tatiana Zelikman na Academia de Música Gnessin, em Moscovo, e com Eliso Virsaladze no Conservatório de Moscovo. A partir de 2001, prosseguiu o seu aperfeiçoamento na Academia Internacional de Piano Lago de Como. Foi premiado em vários concursos internacionais, tendo em 2003 vencido o Concurso Géza Anda, em Zurique, o que deu novo impulso à sua carreira internacional. Desde então, apresentou-se em muitos dos principais palcos internacionais, incluindo festivais de prestígio como o Festival de Verão de Bad Kissingen, o Festival de Piano de la Roque d’Anthéron, o Festival “Noites Brancas” de São Petersburgo, o Festival de Páscoa de Moscovo, ou os BBC Proms. Na temporada 2014-15 foi artista residente no Teatro Mariinsky, em São Petersburgo. Atuou pela primeira vez na Fundação Gulbenkian em maio de 2009, com o Quarteto Casals. Deste então, tem regressado regularmente ao Grande Auditório, onde se apresentou com

a Orquestra Gulbenkian ou em recitais a solo.A presente temporada inclui concertos com a Filarmónica de Roterdão, a Orquestra Nacional Russa, a Sinfónica da SWRBaden-Baden e Friburgo, a Sinfónica NHKde Tóquio, a Sinfónica de Singapura,a Orquestra Nacional de Lille e a Sinfónica de Barcelona. Além disso, destaque também para as digressões com a Orquestra do Teatro Mariinsky e com a Orquestra de Câmara de Munique. No domínio da música de câmara, colabora com o Quarteto Borodin, o Quarteto Casals e a violoncelista Sol Gabetta.Alexei Volodin apresenta-se com regularidade em recital no Konzerthaus de Viena, no Concertgebouw de Amesterdão, na Philharmonie de Paris, no Wigmore Hall de Londres, no Grande Auditório do Conservatório de Moscovo, na Herkulesaal de Munique, no Tonhalle de Zurique, no Auditório Nacional de Madrid, ou no Palaude la Musica de Barcelona. Em 2016 apresenta o programa intitulado “Shakespeare na Música”, em comemoração do 400.º aniversário da morte do escritor inglês.

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