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Curitiba 2011 Anais do VII Congresso Internacional da Abralin O estudo do aspecto verbal em grego antigo pela Linguística de Córpus Alexandre Wesley Trindade 1 1 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Ciências e Letras, Câmpus de Araraquara (UNESP/FCLAr) [email protected] Resumo : O presente trabalho pretende mostrar o percurso dos estudos aspectológicos em geral e apresentar a contribuição da abordagem da Linguística de Córpus para o estudo da categoria aspecto no grego antigo. Palavras-chave : aspecto verbal; Linguística de Córpus; grego antigo I ntrodução Segundo Berrettoni (1992 apud CONTI, 2005), os gramáticos gregos não fizeram uma elaboração explícita do aspecto verbal, mas é possível encontrar uma intuição das características aspectuais encontradas nos tempos verbais. Além disso, pode-se encontrar vários usos para o termo tempos ( khrónoi ), sem propor uma definição aspectual dessas categorias. Entretanto, o autor admite que algumas descrições semânticas das funções dos tempos verbais podem ser intrinsecamente aspectuais, considerando a oposição entre um traço de duração e um de completamento, contrapondo os temas do presente, do aoristo e do perfeito. 1 Primeiras intuições sobre a categoria aspecto O filósofo grego Aristóteles (séc. IV a.C.) sempre teve uma preocupação com o estudo da linguagem. Em várias de suas obras podemos encontrar formulações de teorias linguísticas. Ele explora as questões biológicas da expressão linguística, ou seja, a produção da fala e os órgãos envolvidos nesse processo, o problema da significação relacionado à arbitrariedade e à convencionalidade do signo, bem como procura organizar um sistema que abarque os conceitos de linguagem, por meio das categorias. Nesse ponto, é importante considerar que “o ponto fundamental da teoria aristotélica das categorias é o pensamento da estrutura da língua como correspondência da estrutura do mundo” (NEVES, 2005, p. 75). Nesse frequente trabalho teórico a respeito da linguagem, Aristóteles elabora o primeiro estudo sobre o aspecto em sua Metafísica (IX, 1048). De modo geral, esta obra é um tratado ontológico, porém é possível que se estabeleça relação com o estudo da linguagem pois, conforme Neves (2005, p. 72), para Aristóteles assim como um pensamento baseado na verdade ou na falsidade “se produz na alma também se produz na linguagem, pois as palavras são símbolos dos estados de alma”. E assim, o filósofo faz distinção entre duas classes aspectuais de verbos (estados e 74

Alexandre Trindade Libre

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O estudo do aspecto verbal em grego ant igo pela Linguiacutest ica de Coacuterpus Alexandre W esley Tr indade 1

1Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Ciecircncias e Let ras Cacircmpus de Araraquara (UNESP FCLAr)

awt r indademsncom

Resum o O presente t rabalho pretende m ost rar o percurso dos estudos aspectoloacutegicos em geral e apresentar a cont ribuiccedilatildeo da abordagem da Linguiacutest ica de Coacuterpus para o estudo da categoria aspecto no grego ant igo

Palavras - chave aspecto verbal Linguiacutest ica de Coacuterpus grego ant igo

I nt roduccedilatildeo Segundo Berret toni (1992 apud CONTI 2005) os gram aacutet icos gregos natildeo

fizeram um a elaboraccedilatildeo expliacutecita do aspecto verbal m as eacute possiacutevel encont rar um a intuiccedilatildeo das caracteriacutest icas aspectuais encontradas nos tem pos verbais Aleacutem disso pode-se encontrar vaacuterios usos para o term o tem pos (khroacutenoi) sem propor um a definiccedilatildeo aspectual dessas categorias Entretanto o autor admite que algum as descriccedilotildees sem acircnt icas das funccedilotildees dos tem pos verbais podem ser int rinsecamente aspectuais considerando a oposiccedilatildeo entre um t raccedilo de duraccedilatildeo e um de com pletamento cont rapondo os tem as do presente do aoristo e do perfeito

1 Pr im eiras in tuiccedilotildees sobre a ca tegor ia aspecto O filoacutesofo grego Aristoacuteteles (seacutec I V aC) sem pre teve um a preocupaccedilatildeo com o

estudo da linguagem Em vaacuterias de suas obras podem os encont rar formulaccedilotildees de teor ias linguiacutest icas Ele explora as questotildees bioloacutegicas da expressatildeo linguiacutest ica ou seja a produccedilatildeo da fala e os oacutergatildeos envolvidos nesse processo o problem a da significaccedilatildeo relacionado agrave arbit rar iedade e agrave convencionalidade do signo bem com o procura organizar um sistem a que abarque os conceitos de linguagem por m eio das categorias Nesse ponto eacute im portante considerar que ldquoo ponto fundamental da teor ia ar istoteacutelica das categorias eacute o pensam ento da est rutura da liacutengua com o correspondecircncia da est rutura do mundordquo (NEVES 2005 p 75)

Nesse frequente t rabalho teoacuterico a respeito da linguagem Aristoacuteteles elabora o pr im eiro estudo sobre o aspecto em sua Metafiacutesica ( I X 1048) De m odo geral esta obra eacute um t ratado ontoloacutegico poreacutem eacute possiacutevel que se estabeleccedila relaccedilatildeo com o estudo da linguagem pois conforme Neves (2005 p 72) para Aristoacuteteles assim com o um pensam ento baseado na verdade ou na falsidade ldquose produz na alm a tam beacutem se produz na linguagem pois as palavras satildeo siacutem bolos dos estados de alm ardquo E assim o filoacutesofo faz dist inccedilatildeo ent re duas classes aspectuais de verbos (estados e

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processos) sendo os processos subdivididos em kinēseis1

(m ovim entos) e energeacuteiai (at iv idades) esquem at izada por Godoi (1992 p 15)

Fig 1 Classes aspe ctua is ar istoteacute l icas

Os m ovim entos natildeo tecircm um fim im anente ou seja ldquose caracterizam por possuir um fim dist into deles mesm os [ ] e portanto cessam um a vez que se alcanccedila o fim para o qual estatildeo ordenadosrdquo 2 (MARTIacute NEZ 1994 p 24 grifo do autor) Ar istoacuteteles afirm a em Metafiacutesica ( I X 1048b29 t raduccedilatildeo nossa) ldquoTodo m ovim ento eacute im perfeito em agrecer aprender andar const ruirrdquo 3

A Teacutekhnē Grammatikē cuja autoria eacute at ribuiacuteda ao alexandrino Dioniacutesio Traacutecio (seacutec I I aC) eacute considerada a pr im eira gram aacutet ica do Ocidente Trata-se de um a obra que sistem at iza os elem entos da liacutengua grega escrita com finalidade didaacutet ica A obra segue um a divisatildeo interna que com preende os elem entos as partes do discurso e as categorias gram at icais (cf NEVES 2002 p 36) Assim ao t ratar da questatildeo do verbo o gram aacutet ico encerra a seccedilatildeo com um a consideraccedilatildeo sobre tem po e aspecto

Trata-se de accedilotildees inacabadas ou im perfeitas Jaacute as at ividades tecircm um fim inerente Trata-se portanto de accedilotildees acabadas ou perfeitas Dessa m aneira Aristoacuteteles inicia o estudo do aspecto na lit eratura ocidental

O tempo satildeo t recircs presente passado e futuro Destes o passado tem quat ro variedades o im perfeito o perfeito o m ais-que-perfeito e o aoristo Satildeo t recircs suas afinidades do presente com o im perfeito do perfeito com o mais-que-perfeito e do aoristo com o futuro4 (DI ONI SIO TRACI O sect 13 p 68 t raduccedilatildeo nossa) 5

O sistem a tem poral proposto pode ser representado do seguinte m odo

1 Na t ransliteraccedilatildeo qualquer acento (agudo grave ou circunflexo) que incida sobre vogais longas seraacute suprim ido permanecendo apenas a indicaccedilatildeo de quant idade sinalizada pelo maacutecron por uma questatildeo de lim itaccedilatildeo teacutecnica da fonte Verdana 2 ldquoLos movim ientos se caracterizan por poseer un f in dist into de ellos m ismos [ ] y por tanto cesan una vez que se ha alcanzado el f in al cual estaacuten ordenadosrdquo 3 ldquopāsa gagraver kiacutenēsis atelēs iskhnasiacutea maacutethēsis baacutedisis oikodoacutemēsis rdquo 4 Khroacutenoi t reicircs enestōs parelēlythōs meacutellōn touacutetōn ho parelēlythōs eacutekhei diaphoraacutes teacutessaras paratat ikoacuten parakeiacutemenon hypersynteacutelikon aoacuteriston hōn syngeacuteneiai treicircs enestōtos prograves paratatikoacuten parakeimeacutenou prograves hypersynteacutelikon aoriacutestou prograves meacutellonta 5 Cp t raduccedilatildeo com Chapanski (2003 p 30) Trata-se de completa e excelente dissertaccedilatildeo que recomendamos para pesquisas sobre o gramaacutet ico e sua obra

Classes aspectuais

Estados Processos

movimentos(k inēseis)

at iv idades(energeacuteiai)

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Fig 2 Sistem a te m pora l de Dioniacutesio Traacute cio

Podem os com preender que Dioniacutesio Traacutecio tem um a intuiccedilatildeo sobre o aspecto que em sua obra eacute designado pelo term o variedades (diaphoraacutes) O aspecto para o gram aacutet ico alexandrino eacute um a decorrecircncia do tem po Esse viacutenculo ent re tem po e aspecto fica evidente quando o gram aacutet ico m ostra as relaccedilotildees presente im perfeito perfeito m ais-que-perfeito e aoristo futuro Essas relaccedilotildees satildeo denom inadas afinidades A palavra grega em pregada para designar esse relacionam ento eacute syngeacuteneia ut ilizada para indicar relaccedilatildeo de parentesco Essas t recircs relaccedilotildees apontadas satildeo aspectuais o que haacute de comum na relaccedilatildeo presente im perfeito eacute o aspecto durat ivo na relaccedilatildeo perfeito m ais-que-perfeito eacute o aspecto com pletado e na relaccedilatildeo aoristo futuro eacute a indeterm inaccedilatildeo do aspecto

Especificam ente sobre os aspectos eacute im portante notar com o ilust rado na Figura 2 que eles estatildeo vinculados som ente ao passado (parelēlythōs) Os aspectos indicados satildeo durat ivo (paratat ikoacutes) com pletado (parakeiacutem enos) com pletado no passado (hypersynteacutelikos) e indeterminado (aoacuteristos) 6

Ao t ratar da questatildeo dos tem pos verbais Apolocircnio Diacutescolo (seacutec I I dC) daacute cont inuidade agraves teor ias dos estoacuteicos O gram aacutet ico alexandrino escreveu m ais de t r inta t ratados gram at icais dos quais somente quat ro chegaram ateacute noacutes As obras satildeo Da sintaxe (Perigrave syntaacutexeōs) Do pronom e (Perigrave antōnymiacuteas) Dos adveacuterbios (Perigrave epirrēmaacutetōn) e Das conjunccedilotildees (Perigrave syndeacutesmōn) A obra Da sintaxe eacute o grande t ratado na qual estatildeo reunidas as ideias desenvolvidas nas out ras obras do autor Mesm o sob um a base filosoacutefica Apolocircnio Diacutescolo inova ao proceder um a invest igaccedilatildeo linguiacutest ica levando em conta os fatos da liacutengua com um em oposiccedilatildeo ao uso poeacutet ico sistem at izando regras e pr inciacutepios por m eio de analogia e oferece um a com pleta descriccedilatildeo gram at ical da liacutengua grega de sua eacutepoca O gram aacutet ico considera o tem po presente com o o ponto de referecircncia para se com parar o passado e o futuro Com parando o im perat ivo do presente e o aoristo conclui que as diferenccedilas de uso se devem a um a noccedilatildeo de duraccedilatildeo (paraacutetasis) e de com pletam ento (synteacuteleia)

De m aneira suscinta Dioniacutesio Traacutecio aponta cam inhos para se pensar o tem po e o aspecto a part ir das relaccedilotildees que eles estabelecem entre si

6 Para uma discussatildeo sobre as term inologias e t raduccedilotildees mais adequadas ver Chapanski (2003 p 63-64 [ notas 81-87] e p 160-164)

Tempo

Presente Passado

imperfeito(durat ivo)

perfeito(completado)

mais-que-perf(completado no

passado)

aoristo( indeterm inado)

Futuro

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2 Estudos linguiacutest ic o s sobre a ca tegor ia aspecto Historicamente o term o aspecto aparece pela pr im eira vez em 1828 na

Gramm aire Raisonneacutee de la Langue Russe com o traduccedilatildeo da palavra russa vid (вид) 7 A obra francesa eacute um a t raduccedilatildeo feita por Charles-Philippe Reiff da gram aacutet ica russa (Prost rannaja gram m at ika rossijskago jazyka) de Nikolai Greč8

Em geral os t rabalhos sobre o aspecto verbal procuram situar o leitor no universo dos estudos aspectoloacutegicos Haacute vaacuterias maneiras de se fazer essa abordagem sendo que geralmente encont ram os um resum o histoacuterico-cronoloacutegico que procura dar conta das fases pelas quais as pesquisas passaram relacionando o avanccedilo no tem po a novas descobertas Haacute um a divisatildeo proposta por Dahl (1981 apud GODOI 1992)

publicada em 1827

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Para Dahl (1981) a t radiccedilatildeo ocidental t am beacutem cham ada de anglo-saxocircnica considera a classificaccedilatildeo dos verbos em termos de categorias lexicais desde a pr im eira proposta de Aristoacuteteles Essa t radiccedilatildeo tem m odelos teoacutericos baseados na loacutegica por isso a condiccedilatildeo de verdade eacute fundam ental Essa via loacutegica possibilit a num prim eiro instante o conceito de m om ento que tendo sido debat ido e repensado leva ao conceito de intervalo Aleacutem dessas questotildees haacute a inclusatildeo de um conceito tem poral em que se insere um tem po de fala tem po de evento e tem po de referecircncia no m odelo proposto por Reichenbach (1947) Pode haver diferenccedilas por exem plo a proposta de Com rie (1976) m as sem pre haacute um conceito tem poral decorrente da presenccedila do fator tem po no significado das form as verbais Ainda os estudos ocidentais tecircm em comum o uso das ferram entas da sem acircnt ica form al considerando natildeo som ente o verbo na anaacutelise do aspecto m as tam beacutem de out ros com ponentes da sentenccedila tais com o o argumento Por out ro lado a base dos estudos da t radiccedilatildeo or iental eacute a noccedilatildeo de Akt ionsart proposta por Agrell (1908) As Akt ionsarten ou m odos de ser da accedilatildeo satildeo entendidas com o t raccedilos sem acircnt icos e baseadas em cr iteacuterios intuit ivos portanto subjet ivos Essa situaccedilatildeo possibilit ou a criaccedilatildeo de listas interm inaacuteveis de Akt ionsarten que satildeo ora consideradas t raccedilos ora consideradas categorias Natildeo se relaciona esses m odos de ser da accedilatildeo a um conceito tem poral O tem po eacute considerado um eixo que inclui apenas o tem po de fala e o tem po de evento Outra diferenccedila em relaccedilatildeo aos estudos ocidentais eacute a centralidade do verbo natildeo considerando os outros elementos da sentenccedila para a interpretaccedilatildeo pois as anaacutelises se ut ilizam da psicolinguiacutest ica e natildeo da sem acircnt ica

em que considera a existecircncia de um a t radiccedilatildeo ocidental e um a tradiccedilatildeo oriental dos estudos aspectoloacutegicos

Haacute ainda out ro t ipo de classificaccedilatildeo dos estudos aspectoloacutegicos que considera a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto com o o princiacutepio taxionocircmico Segundo Corocirca (1985) um grupo de estudiosos admite que a base do aspecto eacute a noccedilatildeo de duraccedilatildeo e outro grupo considera que a caracteriacutest ica do aspecto eacute a dist inccedilatildeo perfect ivo vs im perfect ivo A autora se posiciona junto ao segundo grupo e postula que considerar

7 Cf Diet r ich (1973 apud Corocirca 2005) e Cont i (2005) 8 Pode-se encont rar tambeacutem as grafias Grec Grech e Gretsch 9 Em sua tese de doutorado Godoi (1992) se propotildee a organizar o quadro das teor ias aspect oloacutegicas e oferecer uma definiccedilatildeo do aspecto e dos conceitos relacionados Primeiramente a autora procede a organizaccedilatildeo dos estudos sobre o aspecto e uma breve consideraccedilatildeo sobre os estudos aspectoloacutegicos para a liacutengua portuguesa e posteriormente as definiccedilotildees formais dos termos cent rais do estudo Assim aspect o eacute ldquoa relaccedilatildeo estabelecida ent re o tempo de evento e o tempo de referecircnciardquo (p 208) Decorrente disso o aspecto perfect ivo e o aspecto imperfect ivo satildeo ldquoas relaccedilotildees especiacutef icas de inclusatildeo mant idas ent re os dois temposrdquo (p 230)

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a duraccedilatildeo com o o fundam ento do aspecto eacute tomar a parte pelo todo pois o durat ivo eacute um dos valores aspectuais Um a anaacutelise que adm ita somente a duraccedilatildeo tam beacutem deve admit ir que o centro eacute o verbo e que este expressa som ente accedilatildeo rest ringindo consideravelm ente as anaacutelises linguiacutest icas Essa m esm a dicotom ia vai se revelar nos estudos da liacutengua grega ant iga com o verem os na Seccedilatildeo 3

2 1 Teor ia aspectual de Com r ie Em sua obra int itulada Aspect (1976) tem po e aspecto estatildeo em perm anente

relaccedilatildeo e a definiccedilatildeo desses term os satildeo im portante para a teoria Muitos estudiosos se ut ilizam da teoria de tem po de Reichenbach (1947) para desenvolver teorias aspectuais No entanto Com rie procurou formular sua proacutepria teoria tem poral A diferenccedila baacutesica entre as duas teorias eacute que Com rie exclui o tem po de referecircncia considerando que os tem pos absolutos ou seja passado presente e futuro devem ser representados por apenas dois pontos tem porais o tem po da fala e o tem po do evento Com rie tam beacutem considera as relaccedilotildees de sim ultaneidade anterior idade e posterior idade m as o ponto de referecircncia para que se possa localizar um a situaccedilatildeo no tem po eacute o presente

Os conceitos apresentados pelo linguista ainda hoje tem relevacircncia nos estudos aspectoloacutegicos Trata-se de um a obra antoloacutegica na qual o autor se ut iliza de um a quant idade enorm e de dados provenientes de vaacuterias liacutenguas para form ular sua teor ia de aspecto e apresentar conceitos relacionados agrave sua teoria aspectual Desta m aneira a quant idade e a qualidade desses dados que servem de base para a form ulaccedilatildeo teoacuterica proporcionam um a base bastante soacutelida para as asserccedilotildees presente na obra Assim o autor considera que ldquoaspectos satildeo as diferentes m aneiras de visualizar a const ituiccedilatildeo tem poral interna de um a situaccedilatildeordquo (p 3 t raduccedilatildeo nossa) 10 A part ir desta definiccedilatildeo admite a existecircncia de t recircs aspectos perfect ivo im perfect ivo e perfeito A oposiccedilatildeo perfect ivo vs im perfect ivo eacute considerada fundam ental para se t ratar da questatildeo aspectual Os t rabalhos posteriores se ut ilizam dessa oposiccedilatildeo com o ponto de part ida para os conceitos sobre aspecto Comrie afirm a que a ldquoperfect iv idade indica a visualizaccedilatildeo de um a situaccedilatildeo com um todo uacutenico sem dist inccedilatildeo das vaacuterias fases separadas que com potildeem essa situaccedilatildeordquo (p 16 t raduccedilatildeo nossa) 11 Em oposiccedilatildeo ldquoo im perfect ivo presta atenccedilatildeo essencial agrave est rutura interna da situaccedilatildeordquo (p 16 t raduccedilatildeo nossa) 12 O perfeito ldquo relaciona determ inada estado a um a situaccedilatildeo anteriorrdquo 13

Em relaccedilatildeo agrave dist inccedilatildeo ent re aspecto e Akt ionsart o linguista formula duas m aneiras de proceder a diferenciaccedilatildeo Num a prim eira abordagem o aspecto t rata de dist inccedilotildees sem acircnt icas relevantes de gram at icalizaccedilatildeo e a Akt ionsart de dist inccedilotildees de lexicalizaccedilatildeo poreacutem a m aneira com o essas dist inccedilotildees satildeo lexicalizadas natildeo eacute levada em consideraccedilatildeo A segunda abordagem eacute idecircnt ica poreacutem as dist inccedilotildees satildeo lexicalizadas por m eio de m orfem as derivacionais

(p 52)

10 ldquoaspects are different ways of v iewing the internal temporal const ituencyof a situat ionrdquo 11 ldquoperfect iv ity indicates the v iew of a situat ion as a single whole without dist inct ion of the various separate phases that make up that situat ionrdquo 12 ldquo the imperfect ive pays essent ial at tent ion to the internal st ructure of the situat ion rdquo 13 ldquo relates some state to a preceding situat ionrdquo

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3 Estudos linguiacutest icos sobre a ca tegor ia aspecto n o grego ant igo

Em art igo que faz um levantamento histoacuter ico sobre os estudos a respeito da categoria aspecto Cont i (2005) considera que dentre os estudiosos que adm item a existecircncia de um a categoria cham ada aspecto eacute possiacutevel reconhecer dois grupos que representam duas t radiccedilotildees ut ilizando com o paracircm et ro a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto O pr im eiro grupo considera que a caracteriacutest ica fundamental do aspecto eacute a oposiccedilatildeo durat iv idade vs natildeo-durat ividade Neste grupo estatildeo Chant raine (1938 1957) Hum bert (1945) Ruiperez (1954) Palmer (1980) Duhoux (1995) e Lorente Fernaacutendez (2003) O segundo grupo at r ibui agrave oposiccedilatildeo perfect ivo vs im perfect ivo a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto Neste grupo encont ram os Holt (1943) Adrados (1950) Grassi (1963) McKay (1974 1986 1988) Com rie (1976) Armst rong (1981) Rijksbaron (1984 1988 2000) Porter (1989) e de la Villa (2002) 14

3 1 Teor ia aspectual de Duhoux

Os principais suportes teoacutericos para o estudo do aspecto verbal em grego ant igo num a abordagem de Linguiacutest ica de Coacuterpus satildeo as obras de Duhoux (1991 1995 2000) Em sua obra Le verbe grec ancien (2000) Duhoux apresenta um am plo estudo sobre a est rutura e o funcionam ento do sistem a verbal no grego ant igo no qual m onta um grande quadro diacrocircnico desde o indo-europeu O autor concentra o exam e sintaacutet ico sobre alguns com ponentes do sistem a tais com o tem po m odo voz aspecto As descriccedilotildees m orfoloacutegicas e sintaacutet icas natildeo satildeo dissociadas m as operam em conjunto para se alcanccedilar um alto iacutendice de refinam ento na pesquisa Essas descriccedilotildees satildeo realizadas sob um a perspect iva est ruturalista O autor se ut iliza de um coacuterpus de m ais de 100000 form as verbais Na quinta parte da obra satildeo apresentadas definiccedilotildees da temporalidade e do aspecto dem onst rando a necessidade de se adotar um a terminologia que dist inga categoria linguiacutest ica de realizaccedilotildees linguiacutest icas E essas realizaccedilotildees podem ser m orfoloacutegicas ou lexicais Deste m odo o term o ut ilizado para exprim ir m orfologicam ente o desenvolvim ento do processo eacute aspecto (aspect ) Para o autor o aspecto eacute a consideraccedilatildeo interna do desenvolvim ento do processo e aleacutem disso um a categoria subjet iva dist inguido em trecircs aspectos progressivo (progressif) pontual (ponctuel) e de estado (eacutetat ) O aspecto progressivo leva em conta o meio da realizaccedilatildeo do processo expresso pelo tem a do presente O aspecto pontual considera as etapas do processo (com eccedilo m eio fim ) em bloco com o um uacutenico ponto visualizando o processo com o um fato puro e sim ples expresso pelo tem a do aoristo O aspecto de estado m ost ra claram ente que o iniacutecio ou o fim da realizaccedilatildeo do processo escoa num resultado expresso pelo tem a do perfeito Jaacute o term o que exprim e lexicalm ente o desenvolvim ento do processo eacute um a categoria objet iva denom inada aspect ividade (aspect iviteacute) 15

14 Importantes estudos aspect uais contemporacircneos tecircm sido desenvolv idos pela atuaccedilatildeo do grupo internacional de pesquisa sobre o aspecto verbal no grego antigo que desde 1992 reuacutene vaacuterios estudiosos no Cent re de Recherche en Syntaxe et Seacutemant ique du Grec ancien na Universidade de Saint -Eacutet ienne dent re os quais J Lallot B Jacquinod F Lambert L Basset A Culioli Y Duhoux

De fato adota-se um a

15 Sobre o termo Lorente Fernaacutendez (2003 p 50 grifo do autor t raduccedilatildeo nossa) afirma ldquoAleacutem disso um termo como aspectualidade pode levar a confusotildees com a realizaccedilatildeo lex ical do aspecto que na linguiacutest ica francesa eacute chamada t radicionalmente aspect iv idade (Akt ionsart ) rdquo [ ldquoEn plus un terme comme aspectualiteacute peut precircte agrave des confusions avec la reacutealisat ion lex icale de lrsquoaspect qui dans la linguist ique franccedilaise est appeleacutee t radit ionnellement aspect iv iteacute (Akt ionsart ) rdquo ]

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t erminologia para a liacutengua francesa dos term os Aspekt e Akt ionsart respect ivamente encont rados na literatura alem atilde

Aleacutem desses term os o autor adota um a dist inccedilatildeo ent re tem po ( t em ps) e tem poralidade ( t em poraliteacute) para que haja um a diferenciaccedilatildeo ent re a categoria linguiacutest ica e os m orfem as tam beacutem cham ados de tem po (aoristo perfeito futuro im perfeito m ais-que-perfeito futuro-perfeito) Na terminologia criada pelo autor o tem po eacute um a realizaccedilatildeo linguiacutest ica em que estatildeo inseridas as oposiccedilotildees dos tem as verbais A tem poralidade eacute a ldquocategoria linguiacutest ica que localiza o m om ento da realizaccedilatildeo do processo em relaccedilatildeo a um ponto de referecircncia exterior a esse processordquo 16

Quadro 1 Esquem a de rea liza ccedilotildees m orfoloacuteg icas e lex ica is do aspe cto e da tem pora l idade

(p 147 t raduccedilatildeo nossa) Para uma siacutentese da terminologia e usos adotados pelo autor haacute um quadro esquem at izado por Lorente Fernaacutendez (2003 p 49 t raduccedilatildeo nossa)

A) CATEGORIA LI NGUIacuteSTICA Aspecto Definiccedilatildeo Consideraccedilatildeo interna do desenvolv imento do processo

Tem pora lida de Definiccedilatildeo Consideraccedilatildeo do momento da realizaccedilatildeo do processo em relaccedilatildeo a um ponto exterior

A1) Realizaccedilatildeo morfoloacutegica Tem pos Mediante oposiccedilatildeo dos temas aoristo presente perfeito

Tem pos Mediante oposiccedilatildeo dos temas aoristo presente perfeito (para o indicat ivo) e futuro (para todos os modo)

A11) Tipos Aspecto do presente Aspecto do aoristo Aspecto do perfeito

Temporalidade do passado Temporalidade do presente (actuel) Temporalidade do futuro (avenir)

A2) Realizaccedilatildeo lex ical Akt ionsart Procedimentos lex icais

Sem nom e Procedimentos lex icais

4 Linguiacutest ica de Coacuterpus No conceito fundam ental da Linguiacutest ica de Coacuterpus a linguagem eacute um sistem a

probabiliacutest ico que deve ser estudada num a abordagem em piacuterica (cf HALLI DAY 1991 1992 apud BERBER SARDI NHA 2000) A pressuposiccedilatildeo desta visatildeo da linguagem eacute a de que as possibilidades teoacutericas dos t raccedilos linguiacutest icos natildeo coincidem com a frequecircncia de ocorrecircncias Essa diferenccedila natildeo eacute som ente significat iva estat ist icamente com o ela evidencia que eacute caracteriacutest ico da linguagem a existecircncia de um a regularidade nos padrotildees e um a sistem at icidade nas variaccedilotildees Aleacutem disso o levantam ento em piacuterico considera o uso natural da liacutengua ut ilizada em situaccedilotildees reais

Em obra que t rata da im portacircncia e validade de um a abordagem quant itat iva para os estudos da linguagem Guiraud (1960) afirm a que a linguiacutest ica eacute a ciecircncia estat iacutest ica m odelo e m ost ra que o meacutetodo estat iacutest ico tem sido aplicado agraves anaacutelises foneacutet ica sem acircnt ica sintaacutet ica m orfoloacutegica filoloacutegica auxiliando no desenvolvim ento dessas aacutereas da linguiacutest ica com resultados obt idos com o por exem plo pela criaccedilatildeo de iacutendices concordacircncias e frequecircncia de palavras

16 ldquo la cateacutegorie linguist ique qui localise le moment de la reacutealisat ion du procegraves par rapport agrave un point de repegravere exteacuterieur agrave ce procegravesrdquo

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Eacute necessaacuterio esclarecer que nossa consideraccedilatildeo de Linguiacutest ica de Coacuterpus eacute que se t rata de um a abordagem em piacuterica adequada para o estudo da linguagem baseada em coacuterpus Sanchez (1995 apud BERBER SARDI NHA 2000 p 338) define coacuterpus com o

Um conjunto de dados linguiacutest icos (pertencentes ao uso oral ou escrito da liacutengua ou a am bos) sistem at izados segundo determ inados criteacuterios suficientem ente extensos em am plitude e profundidade de maneira que sejam representat ivos da totalidade do uso linguiacutest ico ou de algum de seus acircmbitos dispostos de tal m odo que possam ser processado por com putador com a finalidade de propiciar resultados vaacuterios e uacuteteis para a descriccedilatildeo e anaacutelise

4 1 Linguiacutest ica de Coacuterpus e grego ant igo Com o visto na Seccedilatildeo 31 a descriccedilatildeo linguiacutest ica do sistem a verbal grego ant igo

realizada por Duhoux foi t otalm ente baseada em coacuterpus Dent ro desta m esm a perspect iva teoacuterica Lorente Fernaacutendez (2003) se ut ilizou 14980 form as verbais ext raiacutedas de um volum oso coacuterpus contendo todas as obras de I soacutecrates (436-338 aC) Houve um intenso t rabalho preparo dos textos em arquivos legiacuteveis por com putador em form atos adequados agrave leitura dos program as concordanciadores frequenciadores e de teste estat iacutest icos para que se encont rasse as form as verbais estat ist icamente m ot ivadas e assim pudesse proceder as anaacutelises m orfoloacutegicas sintaacutet icas e lexicais

O resultado final obt ido foi bastante interessante Ut ilizando-se o m eacutetodo de caacutelculo estat iacutest ico qui-quadrado as diferentes am ost ras de form as verbais (anter iorm ente et iquetadas baseadas em m ais de 30 criteacuter ios m orfoloacutegicos sintaacutet icos e lexicais) foram analisadas e chegou-se a resultado altam ente sat isfatoacuter io 95 das form as verbais analisadas tecircm um a ut ilizaccedilatildeo m ot ivada ou seja natildeo satildeo estat ist icamente aleatoacuter ias e satildeo linguist icam ente significat ivas

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SANCHEZ A Definicion e histor ia de los corpus In A SANCHEZ et al (Org) CUMBRE ndash Corpus Linguist ico de Espanol Contem poraneo Madrid SGEL 1995

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  • Introduccedilatildeo
  • 1 Primeiras intuiccedilotildees sobre a categoria aspecto
  • 2 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto
    • 21 Teoria aspectual de Comrie
      • 3 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto no grego antigo
        • 31 Teoria aspectual de Duhoux
          • 4 Linguiacutestica de Coacuterpus
            • 41 Linguiacutestica de Coacuterpus e grego antigo
              • Referecircncias bibliograacuteficas
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processos) sendo os processos subdivididos em kinēseis1

(m ovim entos) e energeacuteiai (at iv idades) esquem at izada por Godoi (1992 p 15)

Fig 1 Classes aspe ctua is ar istoteacute l icas

Os m ovim entos natildeo tecircm um fim im anente ou seja ldquose caracterizam por possuir um fim dist into deles mesm os [ ] e portanto cessam um a vez que se alcanccedila o fim para o qual estatildeo ordenadosrdquo 2 (MARTIacute NEZ 1994 p 24 grifo do autor) Ar istoacuteteles afirm a em Metafiacutesica ( I X 1048b29 t raduccedilatildeo nossa) ldquoTodo m ovim ento eacute im perfeito em agrecer aprender andar const ruirrdquo 3

A Teacutekhnē Grammatikē cuja autoria eacute at ribuiacuteda ao alexandrino Dioniacutesio Traacutecio (seacutec I I aC) eacute considerada a pr im eira gram aacutet ica do Ocidente Trata-se de um a obra que sistem at iza os elem entos da liacutengua grega escrita com finalidade didaacutet ica A obra segue um a divisatildeo interna que com preende os elem entos as partes do discurso e as categorias gram at icais (cf NEVES 2002 p 36) Assim ao t ratar da questatildeo do verbo o gram aacutet ico encerra a seccedilatildeo com um a consideraccedilatildeo sobre tem po e aspecto

Trata-se de accedilotildees inacabadas ou im perfeitas Jaacute as at ividades tecircm um fim inerente Trata-se portanto de accedilotildees acabadas ou perfeitas Dessa m aneira Aristoacuteteles inicia o estudo do aspecto na lit eratura ocidental

O tempo satildeo t recircs presente passado e futuro Destes o passado tem quat ro variedades o im perfeito o perfeito o m ais-que-perfeito e o aoristo Satildeo t recircs suas afinidades do presente com o im perfeito do perfeito com o mais-que-perfeito e do aoristo com o futuro4 (DI ONI SIO TRACI O sect 13 p 68 t raduccedilatildeo nossa) 5

O sistem a tem poral proposto pode ser representado do seguinte m odo

1 Na t ransliteraccedilatildeo qualquer acento (agudo grave ou circunflexo) que incida sobre vogais longas seraacute suprim ido permanecendo apenas a indicaccedilatildeo de quant idade sinalizada pelo maacutecron por uma questatildeo de lim itaccedilatildeo teacutecnica da fonte Verdana 2 ldquoLos movim ientos se caracterizan por poseer un f in dist into de ellos m ismos [ ] y por tanto cesan una vez que se ha alcanzado el f in al cual estaacuten ordenadosrdquo 3 ldquopāsa gagraver kiacutenēsis atelēs iskhnasiacutea maacutethēsis baacutedisis oikodoacutemēsis rdquo 4 Khroacutenoi t reicircs enestōs parelēlythōs meacutellōn touacutetōn ho parelēlythōs eacutekhei diaphoraacutes teacutessaras paratat ikoacuten parakeiacutemenon hypersynteacutelikon aoacuteriston hōn syngeacuteneiai treicircs enestōtos prograves paratatikoacuten parakeimeacutenou prograves hypersynteacutelikon aoriacutestou prograves meacutellonta 5 Cp t raduccedilatildeo com Chapanski (2003 p 30) Trata-se de completa e excelente dissertaccedilatildeo que recomendamos para pesquisas sobre o gramaacutet ico e sua obra

Classes aspectuais

Estados Processos

movimentos(k inēseis)

at iv idades(energeacuteiai)

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Fig 2 Sistem a te m pora l de Dioniacutesio Traacute cio

Podem os com preender que Dioniacutesio Traacutecio tem um a intuiccedilatildeo sobre o aspecto que em sua obra eacute designado pelo term o variedades (diaphoraacutes) O aspecto para o gram aacutet ico alexandrino eacute um a decorrecircncia do tem po Esse viacutenculo ent re tem po e aspecto fica evidente quando o gram aacutet ico m ostra as relaccedilotildees presente im perfeito perfeito m ais-que-perfeito e aoristo futuro Essas relaccedilotildees satildeo denom inadas afinidades A palavra grega em pregada para designar esse relacionam ento eacute syngeacuteneia ut ilizada para indicar relaccedilatildeo de parentesco Essas t recircs relaccedilotildees apontadas satildeo aspectuais o que haacute de comum na relaccedilatildeo presente im perfeito eacute o aspecto durat ivo na relaccedilatildeo perfeito m ais-que-perfeito eacute o aspecto com pletado e na relaccedilatildeo aoristo futuro eacute a indeterm inaccedilatildeo do aspecto

Especificam ente sobre os aspectos eacute im portante notar com o ilust rado na Figura 2 que eles estatildeo vinculados som ente ao passado (parelēlythōs) Os aspectos indicados satildeo durat ivo (paratat ikoacutes) com pletado (parakeiacutem enos) com pletado no passado (hypersynteacutelikos) e indeterminado (aoacuteristos) 6

Ao t ratar da questatildeo dos tem pos verbais Apolocircnio Diacutescolo (seacutec I I dC) daacute cont inuidade agraves teor ias dos estoacuteicos O gram aacutet ico alexandrino escreveu m ais de t r inta t ratados gram at icais dos quais somente quat ro chegaram ateacute noacutes As obras satildeo Da sintaxe (Perigrave syntaacutexeōs) Do pronom e (Perigrave antōnymiacuteas) Dos adveacuterbios (Perigrave epirrēmaacutetōn) e Das conjunccedilotildees (Perigrave syndeacutesmōn) A obra Da sintaxe eacute o grande t ratado na qual estatildeo reunidas as ideias desenvolvidas nas out ras obras do autor Mesm o sob um a base filosoacutefica Apolocircnio Diacutescolo inova ao proceder um a invest igaccedilatildeo linguiacutest ica levando em conta os fatos da liacutengua com um em oposiccedilatildeo ao uso poeacutet ico sistem at izando regras e pr inciacutepios por m eio de analogia e oferece um a com pleta descriccedilatildeo gram at ical da liacutengua grega de sua eacutepoca O gram aacutet ico considera o tem po presente com o o ponto de referecircncia para se com parar o passado e o futuro Com parando o im perat ivo do presente e o aoristo conclui que as diferenccedilas de uso se devem a um a noccedilatildeo de duraccedilatildeo (paraacutetasis) e de com pletam ento (synteacuteleia)

De m aneira suscinta Dioniacutesio Traacutecio aponta cam inhos para se pensar o tem po e o aspecto a part ir das relaccedilotildees que eles estabelecem entre si

6 Para uma discussatildeo sobre as term inologias e t raduccedilotildees mais adequadas ver Chapanski (2003 p 63-64 [ notas 81-87] e p 160-164)

Tempo

Presente Passado

imperfeito(durat ivo)

perfeito(completado)

mais-que-perf(completado no

passado)

aoristo( indeterm inado)

Futuro

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2 Estudos linguiacutest ic o s sobre a ca tegor ia aspecto Historicamente o term o aspecto aparece pela pr im eira vez em 1828 na

Gramm aire Raisonneacutee de la Langue Russe com o traduccedilatildeo da palavra russa vid (вид) 7 A obra francesa eacute um a t raduccedilatildeo feita por Charles-Philippe Reiff da gram aacutet ica russa (Prost rannaja gram m at ika rossijskago jazyka) de Nikolai Greč8

Em geral os t rabalhos sobre o aspecto verbal procuram situar o leitor no universo dos estudos aspectoloacutegicos Haacute vaacuterias maneiras de se fazer essa abordagem sendo que geralmente encont ram os um resum o histoacuterico-cronoloacutegico que procura dar conta das fases pelas quais as pesquisas passaram relacionando o avanccedilo no tem po a novas descobertas Haacute um a divisatildeo proposta por Dahl (1981 apud GODOI 1992)

publicada em 1827

9

Para Dahl (1981) a t radiccedilatildeo ocidental t am beacutem cham ada de anglo-saxocircnica considera a classificaccedilatildeo dos verbos em termos de categorias lexicais desde a pr im eira proposta de Aristoacuteteles Essa t radiccedilatildeo tem m odelos teoacutericos baseados na loacutegica por isso a condiccedilatildeo de verdade eacute fundam ental Essa via loacutegica possibilit a num prim eiro instante o conceito de m om ento que tendo sido debat ido e repensado leva ao conceito de intervalo Aleacutem dessas questotildees haacute a inclusatildeo de um conceito tem poral em que se insere um tem po de fala tem po de evento e tem po de referecircncia no m odelo proposto por Reichenbach (1947) Pode haver diferenccedilas por exem plo a proposta de Com rie (1976) m as sem pre haacute um conceito tem poral decorrente da presenccedila do fator tem po no significado das form as verbais Ainda os estudos ocidentais tecircm em comum o uso das ferram entas da sem acircnt ica form al considerando natildeo som ente o verbo na anaacutelise do aspecto m as tam beacutem de out ros com ponentes da sentenccedila tais com o o argumento Por out ro lado a base dos estudos da t radiccedilatildeo or iental eacute a noccedilatildeo de Akt ionsart proposta por Agrell (1908) As Akt ionsarten ou m odos de ser da accedilatildeo satildeo entendidas com o t raccedilos sem acircnt icos e baseadas em cr iteacuterios intuit ivos portanto subjet ivos Essa situaccedilatildeo possibilit ou a criaccedilatildeo de listas interm inaacuteveis de Akt ionsarten que satildeo ora consideradas t raccedilos ora consideradas categorias Natildeo se relaciona esses m odos de ser da accedilatildeo a um conceito tem poral O tem po eacute considerado um eixo que inclui apenas o tem po de fala e o tem po de evento Outra diferenccedila em relaccedilatildeo aos estudos ocidentais eacute a centralidade do verbo natildeo considerando os outros elementos da sentenccedila para a interpretaccedilatildeo pois as anaacutelises se ut ilizam da psicolinguiacutest ica e natildeo da sem acircnt ica

em que considera a existecircncia de um a t radiccedilatildeo ocidental e um a tradiccedilatildeo oriental dos estudos aspectoloacutegicos

Haacute ainda out ro t ipo de classificaccedilatildeo dos estudos aspectoloacutegicos que considera a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto com o o princiacutepio taxionocircmico Segundo Corocirca (1985) um grupo de estudiosos admite que a base do aspecto eacute a noccedilatildeo de duraccedilatildeo e outro grupo considera que a caracteriacutest ica do aspecto eacute a dist inccedilatildeo perfect ivo vs im perfect ivo A autora se posiciona junto ao segundo grupo e postula que considerar

7 Cf Diet r ich (1973 apud Corocirca 2005) e Cont i (2005) 8 Pode-se encont rar tambeacutem as grafias Grec Grech e Gretsch 9 Em sua tese de doutorado Godoi (1992) se propotildee a organizar o quadro das teor ias aspect oloacutegicas e oferecer uma definiccedilatildeo do aspecto e dos conceitos relacionados Primeiramente a autora procede a organizaccedilatildeo dos estudos sobre o aspecto e uma breve consideraccedilatildeo sobre os estudos aspectoloacutegicos para a liacutengua portuguesa e posteriormente as definiccedilotildees formais dos termos cent rais do estudo Assim aspect o eacute ldquoa relaccedilatildeo estabelecida ent re o tempo de evento e o tempo de referecircnciardquo (p 208) Decorrente disso o aspecto perfect ivo e o aspecto imperfect ivo satildeo ldquoas relaccedilotildees especiacutef icas de inclusatildeo mant idas ent re os dois temposrdquo (p 230)

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a duraccedilatildeo com o o fundam ento do aspecto eacute tomar a parte pelo todo pois o durat ivo eacute um dos valores aspectuais Um a anaacutelise que adm ita somente a duraccedilatildeo tam beacutem deve admit ir que o centro eacute o verbo e que este expressa som ente accedilatildeo rest ringindo consideravelm ente as anaacutelises linguiacutest icas Essa m esm a dicotom ia vai se revelar nos estudos da liacutengua grega ant iga com o verem os na Seccedilatildeo 3

2 1 Teor ia aspectual de Com r ie Em sua obra int itulada Aspect (1976) tem po e aspecto estatildeo em perm anente

relaccedilatildeo e a definiccedilatildeo desses term os satildeo im portante para a teoria Muitos estudiosos se ut ilizam da teoria de tem po de Reichenbach (1947) para desenvolver teorias aspectuais No entanto Com rie procurou formular sua proacutepria teoria tem poral A diferenccedila baacutesica entre as duas teorias eacute que Com rie exclui o tem po de referecircncia considerando que os tem pos absolutos ou seja passado presente e futuro devem ser representados por apenas dois pontos tem porais o tem po da fala e o tem po do evento Com rie tam beacutem considera as relaccedilotildees de sim ultaneidade anterior idade e posterior idade m as o ponto de referecircncia para que se possa localizar um a situaccedilatildeo no tem po eacute o presente

Os conceitos apresentados pelo linguista ainda hoje tem relevacircncia nos estudos aspectoloacutegicos Trata-se de um a obra antoloacutegica na qual o autor se ut iliza de um a quant idade enorm e de dados provenientes de vaacuterias liacutenguas para form ular sua teor ia de aspecto e apresentar conceitos relacionados agrave sua teoria aspectual Desta m aneira a quant idade e a qualidade desses dados que servem de base para a form ulaccedilatildeo teoacuterica proporcionam um a base bastante soacutelida para as asserccedilotildees presente na obra Assim o autor considera que ldquoaspectos satildeo as diferentes m aneiras de visualizar a const ituiccedilatildeo tem poral interna de um a situaccedilatildeordquo (p 3 t raduccedilatildeo nossa) 10 A part ir desta definiccedilatildeo admite a existecircncia de t recircs aspectos perfect ivo im perfect ivo e perfeito A oposiccedilatildeo perfect ivo vs im perfect ivo eacute considerada fundam ental para se t ratar da questatildeo aspectual Os t rabalhos posteriores se ut ilizam dessa oposiccedilatildeo com o ponto de part ida para os conceitos sobre aspecto Comrie afirm a que a ldquoperfect iv idade indica a visualizaccedilatildeo de um a situaccedilatildeo com um todo uacutenico sem dist inccedilatildeo das vaacuterias fases separadas que com potildeem essa situaccedilatildeordquo (p 16 t raduccedilatildeo nossa) 11 Em oposiccedilatildeo ldquoo im perfect ivo presta atenccedilatildeo essencial agrave est rutura interna da situaccedilatildeordquo (p 16 t raduccedilatildeo nossa) 12 O perfeito ldquo relaciona determ inada estado a um a situaccedilatildeo anteriorrdquo 13

Em relaccedilatildeo agrave dist inccedilatildeo ent re aspecto e Akt ionsart o linguista formula duas m aneiras de proceder a diferenciaccedilatildeo Num a prim eira abordagem o aspecto t rata de dist inccedilotildees sem acircnt icas relevantes de gram at icalizaccedilatildeo e a Akt ionsart de dist inccedilotildees de lexicalizaccedilatildeo poreacutem a m aneira com o essas dist inccedilotildees satildeo lexicalizadas natildeo eacute levada em consideraccedilatildeo A segunda abordagem eacute idecircnt ica poreacutem as dist inccedilotildees satildeo lexicalizadas por m eio de m orfem as derivacionais

(p 52)

10 ldquoaspects are different ways of v iewing the internal temporal const ituencyof a situat ionrdquo 11 ldquoperfect iv ity indicates the v iew of a situat ion as a single whole without dist inct ion of the various separate phases that make up that situat ionrdquo 12 ldquo the imperfect ive pays essent ial at tent ion to the internal st ructure of the situat ion rdquo 13 ldquo relates some state to a preceding situat ionrdquo

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3 Estudos linguiacutest icos sobre a ca tegor ia aspecto n o grego ant igo

Em art igo que faz um levantamento histoacuter ico sobre os estudos a respeito da categoria aspecto Cont i (2005) considera que dentre os estudiosos que adm item a existecircncia de um a categoria cham ada aspecto eacute possiacutevel reconhecer dois grupos que representam duas t radiccedilotildees ut ilizando com o paracircm et ro a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto O pr im eiro grupo considera que a caracteriacutest ica fundamental do aspecto eacute a oposiccedilatildeo durat iv idade vs natildeo-durat ividade Neste grupo estatildeo Chant raine (1938 1957) Hum bert (1945) Ruiperez (1954) Palmer (1980) Duhoux (1995) e Lorente Fernaacutendez (2003) O segundo grupo at r ibui agrave oposiccedilatildeo perfect ivo vs im perfect ivo a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto Neste grupo encont ram os Holt (1943) Adrados (1950) Grassi (1963) McKay (1974 1986 1988) Com rie (1976) Armst rong (1981) Rijksbaron (1984 1988 2000) Porter (1989) e de la Villa (2002) 14

3 1 Teor ia aspectual de Duhoux

Os principais suportes teoacutericos para o estudo do aspecto verbal em grego ant igo num a abordagem de Linguiacutest ica de Coacuterpus satildeo as obras de Duhoux (1991 1995 2000) Em sua obra Le verbe grec ancien (2000) Duhoux apresenta um am plo estudo sobre a est rutura e o funcionam ento do sistem a verbal no grego ant igo no qual m onta um grande quadro diacrocircnico desde o indo-europeu O autor concentra o exam e sintaacutet ico sobre alguns com ponentes do sistem a tais com o tem po m odo voz aspecto As descriccedilotildees m orfoloacutegicas e sintaacutet icas natildeo satildeo dissociadas m as operam em conjunto para se alcanccedilar um alto iacutendice de refinam ento na pesquisa Essas descriccedilotildees satildeo realizadas sob um a perspect iva est ruturalista O autor se ut iliza de um coacuterpus de m ais de 100000 form as verbais Na quinta parte da obra satildeo apresentadas definiccedilotildees da temporalidade e do aspecto dem onst rando a necessidade de se adotar um a terminologia que dist inga categoria linguiacutest ica de realizaccedilotildees linguiacutest icas E essas realizaccedilotildees podem ser m orfoloacutegicas ou lexicais Deste m odo o term o ut ilizado para exprim ir m orfologicam ente o desenvolvim ento do processo eacute aspecto (aspect ) Para o autor o aspecto eacute a consideraccedilatildeo interna do desenvolvim ento do processo e aleacutem disso um a categoria subjet iva dist inguido em trecircs aspectos progressivo (progressif) pontual (ponctuel) e de estado (eacutetat ) O aspecto progressivo leva em conta o meio da realizaccedilatildeo do processo expresso pelo tem a do presente O aspecto pontual considera as etapas do processo (com eccedilo m eio fim ) em bloco com o um uacutenico ponto visualizando o processo com o um fato puro e sim ples expresso pelo tem a do aoristo O aspecto de estado m ost ra claram ente que o iniacutecio ou o fim da realizaccedilatildeo do processo escoa num resultado expresso pelo tem a do perfeito Jaacute o term o que exprim e lexicalm ente o desenvolvim ento do processo eacute um a categoria objet iva denom inada aspect ividade (aspect iviteacute) 15

14 Importantes estudos aspect uais contemporacircneos tecircm sido desenvolv idos pela atuaccedilatildeo do grupo internacional de pesquisa sobre o aspecto verbal no grego antigo que desde 1992 reuacutene vaacuterios estudiosos no Cent re de Recherche en Syntaxe et Seacutemant ique du Grec ancien na Universidade de Saint -Eacutet ienne dent re os quais J Lallot B Jacquinod F Lambert L Basset A Culioli Y Duhoux

De fato adota-se um a

15 Sobre o termo Lorente Fernaacutendez (2003 p 50 grifo do autor t raduccedilatildeo nossa) afirma ldquoAleacutem disso um termo como aspectualidade pode levar a confusotildees com a realizaccedilatildeo lex ical do aspecto que na linguiacutest ica francesa eacute chamada t radicionalmente aspect iv idade (Akt ionsart ) rdquo [ ldquoEn plus un terme comme aspectualiteacute peut precircte agrave des confusions avec la reacutealisat ion lex icale de lrsquoaspect qui dans la linguist ique franccedilaise est appeleacutee t radit ionnellement aspect iv iteacute (Akt ionsart ) rdquo ]

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t erminologia para a liacutengua francesa dos term os Aspekt e Akt ionsart respect ivamente encont rados na literatura alem atilde

Aleacutem desses term os o autor adota um a dist inccedilatildeo ent re tem po ( t em ps) e tem poralidade ( t em poraliteacute) para que haja um a diferenciaccedilatildeo ent re a categoria linguiacutest ica e os m orfem as tam beacutem cham ados de tem po (aoristo perfeito futuro im perfeito m ais-que-perfeito futuro-perfeito) Na terminologia criada pelo autor o tem po eacute um a realizaccedilatildeo linguiacutest ica em que estatildeo inseridas as oposiccedilotildees dos tem as verbais A tem poralidade eacute a ldquocategoria linguiacutest ica que localiza o m om ento da realizaccedilatildeo do processo em relaccedilatildeo a um ponto de referecircncia exterior a esse processordquo 16

Quadro 1 Esquem a de rea liza ccedilotildees m orfoloacuteg icas e lex ica is do aspe cto e da tem pora l idade

(p 147 t raduccedilatildeo nossa) Para uma siacutentese da terminologia e usos adotados pelo autor haacute um quadro esquem at izado por Lorente Fernaacutendez (2003 p 49 t raduccedilatildeo nossa)

A) CATEGORIA LI NGUIacuteSTICA Aspecto Definiccedilatildeo Consideraccedilatildeo interna do desenvolv imento do processo

Tem pora lida de Definiccedilatildeo Consideraccedilatildeo do momento da realizaccedilatildeo do processo em relaccedilatildeo a um ponto exterior

A1) Realizaccedilatildeo morfoloacutegica Tem pos Mediante oposiccedilatildeo dos temas aoristo presente perfeito

Tem pos Mediante oposiccedilatildeo dos temas aoristo presente perfeito (para o indicat ivo) e futuro (para todos os modo)

A11) Tipos Aspecto do presente Aspecto do aoristo Aspecto do perfeito

Temporalidade do passado Temporalidade do presente (actuel) Temporalidade do futuro (avenir)

A2) Realizaccedilatildeo lex ical Akt ionsart Procedimentos lex icais

Sem nom e Procedimentos lex icais

4 Linguiacutest ica de Coacuterpus No conceito fundam ental da Linguiacutest ica de Coacuterpus a linguagem eacute um sistem a

probabiliacutest ico que deve ser estudada num a abordagem em piacuterica (cf HALLI DAY 1991 1992 apud BERBER SARDI NHA 2000) A pressuposiccedilatildeo desta visatildeo da linguagem eacute a de que as possibilidades teoacutericas dos t raccedilos linguiacutest icos natildeo coincidem com a frequecircncia de ocorrecircncias Essa diferenccedila natildeo eacute som ente significat iva estat ist icamente com o ela evidencia que eacute caracteriacutest ico da linguagem a existecircncia de um a regularidade nos padrotildees e um a sistem at icidade nas variaccedilotildees Aleacutem disso o levantam ento em piacuterico considera o uso natural da liacutengua ut ilizada em situaccedilotildees reais

Em obra que t rata da im portacircncia e validade de um a abordagem quant itat iva para os estudos da linguagem Guiraud (1960) afirm a que a linguiacutest ica eacute a ciecircncia estat iacutest ica m odelo e m ost ra que o meacutetodo estat iacutest ico tem sido aplicado agraves anaacutelises foneacutet ica sem acircnt ica sintaacutet ica m orfoloacutegica filoloacutegica auxiliando no desenvolvim ento dessas aacutereas da linguiacutest ica com resultados obt idos com o por exem plo pela criaccedilatildeo de iacutendices concordacircncias e frequecircncia de palavras

16 ldquo la cateacutegorie linguist ique qui localise le moment de la reacutealisat ion du procegraves par rapport agrave un point de repegravere exteacuterieur agrave ce procegravesrdquo

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Eacute necessaacuterio esclarecer que nossa consideraccedilatildeo de Linguiacutest ica de Coacuterpus eacute que se t rata de um a abordagem em piacuterica adequada para o estudo da linguagem baseada em coacuterpus Sanchez (1995 apud BERBER SARDI NHA 2000 p 338) define coacuterpus com o

Um conjunto de dados linguiacutest icos (pertencentes ao uso oral ou escrito da liacutengua ou a am bos) sistem at izados segundo determ inados criteacuterios suficientem ente extensos em am plitude e profundidade de maneira que sejam representat ivos da totalidade do uso linguiacutest ico ou de algum de seus acircmbitos dispostos de tal m odo que possam ser processado por com putador com a finalidade de propiciar resultados vaacuterios e uacuteteis para a descriccedilatildeo e anaacutelise

4 1 Linguiacutest ica de Coacuterpus e grego ant igo Com o visto na Seccedilatildeo 31 a descriccedilatildeo linguiacutest ica do sistem a verbal grego ant igo

realizada por Duhoux foi t otalm ente baseada em coacuterpus Dent ro desta m esm a perspect iva teoacuterica Lorente Fernaacutendez (2003) se ut ilizou 14980 form as verbais ext raiacutedas de um volum oso coacuterpus contendo todas as obras de I soacutecrates (436-338 aC) Houve um intenso t rabalho preparo dos textos em arquivos legiacuteveis por com putador em form atos adequados agrave leitura dos program as concordanciadores frequenciadores e de teste estat iacutest icos para que se encont rasse as form as verbais estat ist icamente m ot ivadas e assim pudesse proceder as anaacutelises m orfoloacutegicas sintaacutet icas e lexicais

O resultado final obt ido foi bastante interessante Ut ilizando-se o m eacutetodo de caacutelculo estat iacutest ico qui-quadrado as diferentes am ost ras de form as verbais (anter iorm ente et iquetadas baseadas em m ais de 30 criteacuter ios m orfoloacutegicos sintaacutet icos e lexicais) foram analisadas e chegou-se a resultado altam ente sat isfatoacuter io 95 das form as verbais analisadas tecircm um a ut ilizaccedilatildeo m ot ivada ou seja natildeo satildeo estat ist icamente aleatoacuter ias e satildeo linguist icam ente significat ivas

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SANCHEZ A Definicion e histor ia de los corpus In A SANCHEZ et al (Org) CUMBRE ndash Corpus Linguist ico de Espanol Contem poraneo Madrid SGEL 1995

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  • Introduccedilatildeo
  • 1 Primeiras intuiccedilotildees sobre a categoria aspecto
  • 2 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto
    • 21 Teoria aspectual de Comrie
      • 3 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto no grego antigo
        • 31 Teoria aspectual de Duhoux
          • 4 Linguiacutestica de Coacuterpus
            • 41 Linguiacutestica de Coacuterpus e grego antigo
              • Referecircncias bibliograacuteficas
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Fig 2 Sistem a te m pora l de Dioniacutesio Traacute cio

Podem os com preender que Dioniacutesio Traacutecio tem um a intuiccedilatildeo sobre o aspecto que em sua obra eacute designado pelo term o variedades (diaphoraacutes) O aspecto para o gram aacutet ico alexandrino eacute um a decorrecircncia do tem po Esse viacutenculo ent re tem po e aspecto fica evidente quando o gram aacutet ico m ostra as relaccedilotildees presente im perfeito perfeito m ais-que-perfeito e aoristo futuro Essas relaccedilotildees satildeo denom inadas afinidades A palavra grega em pregada para designar esse relacionam ento eacute syngeacuteneia ut ilizada para indicar relaccedilatildeo de parentesco Essas t recircs relaccedilotildees apontadas satildeo aspectuais o que haacute de comum na relaccedilatildeo presente im perfeito eacute o aspecto durat ivo na relaccedilatildeo perfeito m ais-que-perfeito eacute o aspecto com pletado e na relaccedilatildeo aoristo futuro eacute a indeterm inaccedilatildeo do aspecto

Especificam ente sobre os aspectos eacute im portante notar com o ilust rado na Figura 2 que eles estatildeo vinculados som ente ao passado (parelēlythōs) Os aspectos indicados satildeo durat ivo (paratat ikoacutes) com pletado (parakeiacutem enos) com pletado no passado (hypersynteacutelikos) e indeterminado (aoacuteristos) 6

Ao t ratar da questatildeo dos tem pos verbais Apolocircnio Diacutescolo (seacutec I I dC) daacute cont inuidade agraves teor ias dos estoacuteicos O gram aacutet ico alexandrino escreveu m ais de t r inta t ratados gram at icais dos quais somente quat ro chegaram ateacute noacutes As obras satildeo Da sintaxe (Perigrave syntaacutexeōs) Do pronom e (Perigrave antōnymiacuteas) Dos adveacuterbios (Perigrave epirrēmaacutetōn) e Das conjunccedilotildees (Perigrave syndeacutesmōn) A obra Da sintaxe eacute o grande t ratado na qual estatildeo reunidas as ideias desenvolvidas nas out ras obras do autor Mesm o sob um a base filosoacutefica Apolocircnio Diacutescolo inova ao proceder um a invest igaccedilatildeo linguiacutest ica levando em conta os fatos da liacutengua com um em oposiccedilatildeo ao uso poeacutet ico sistem at izando regras e pr inciacutepios por m eio de analogia e oferece um a com pleta descriccedilatildeo gram at ical da liacutengua grega de sua eacutepoca O gram aacutet ico considera o tem po presente com o o ponto de referecircncia para se com parar o passado e o futuro Com parando o im perat ivo do presente e o aoristo conclui que as diferenccedilas de uso se devem a um a noccedilatildeo de duraccedilatildeo (paraacutetasis) e de com pletam ento (synteacuteleia)

De m aneira suscinta Dioniacutesio Traacutecio aponta cam inhos para se pensar o tem po e o aspecto a part ir das relaccedilotildees que eles estabelecem entre si

6 Para uma discussatildeo sobre as term inologias e t raduccedilotildees mais adequadas ver Chapanski (2003 p 63-64 [ notas 81-87] e p 160-164)

Tempo

Presente Passado

imperfeito(durat ivo)

perfeito(completado)

mais-que-perf(completado no

passado)

aoristo( indeterm inado)

Futuro

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2 Estudos linguiacutest ic o s sobre a ca tegor ia aspecto Historicamente o term o aspecto aparece pela pr im eira vez em 1828 na

Gramm aire Raisonneacutee de la Langue Russe com o traduccedilatildeo da palavra russa vid (вид) 7 A obra francesa eacute um a t raduccedilatildeo feita por Charles-Philippe Reiff da gram aacutet ica russa (Prost rannaja gram m at ika rossijskago jazyka) de Nikolai Greč8

Em geral os t rabalhos sobre o aspecto verbal procuram situar o leitor no universo dos estudos aspectoloacutegicos Haacute vaacuterias maneiras de se fazer essa abordagem sendo que geralmente encont ram os um resum o histoacuterico-cronoloacutegico que procura dar conta das fases pelas quais as pesquisas passaram relacionando o avanccedilo no tem po a novas descobertas Haacute um a divisatildeo proposta por Dahl (1981 apud GODOI 1992)

publicada em 1827

9

Para Dahl (1981) a t radiccedilatildeo ocidental t am beacutem cham ada de anglo-saxocircnica considera a classificaccedilatildeo dos verbos em termos de categorias lexicais desde a pr im eira proposta de Aristoacuteteles Essa t radiccedilatildeo tem m odelos teoacutericos baseados na loacutegica por isso a condiccedilatildeo de verdade eacute fundam ental Essa via loacutegica possibilit a num prim eiro instante o conceito de m om ento que tendo sido debat ido e repensado leva ao conceito de intervalo Aleacutem dessas questotildees haacute a inclusatildeo de um conceito tem poral em que se insere um tem po de fala tem po de evento e tem po de referecircncia no m odelo proposto por Reichenbach (1947) Pode haver diferenccedilas por exem plo a proposta de Com rie (1976) m as sem pre haacute um conceito tem poral decorrente da presenccedila do fator tem po no significado das form as verbais Ainda os estudos ocidentais tecircm em comum o uso das ferram entas da sem acircnt ica form al considerando natildeo som ente o verbo na anaacutelise do aspecto m as tam beacutem de out ros com ponentes da sentenccedila tais com o o argumento Por out ro lado a base dos estudos da t radiccedilatildeo or iental eacute a noccedilatildeo de Akt ionsart proposta por Agrell (1908) As Akt ionsarten ou m odos de ser da accedilatildeo satildeo entendidas com o t raccedilos sem acircnt icos e baseadas em cr iteacuterios intuit ivos portanto subjet ivos Essa situaccedilatildeo possibilit ou a criaccedilatildeo de listas interm inaacuteveis de Akt ionsarten que satildeo ora consideradas t raccedilos ora consideradas categorias Natildeo se relaciona esses m odos de ser da accedilatildeo a um conceito tem poral O tem po eacute considerado um eixo que inclui apenas o tem po de fala e o tem po de evento Outra diferenccedila em relaccedilatildeo aos estudos ocidentais eacute a centralidade do verbo natildeo considerando os outros elementos da sentenccedila para a interpretaccedilatildeo pois as anaacutelises se ut ilizam da psicolinguiacutest ica e natildeo da sem acircnt ica

em que considera a existecircncia de um a t radiccedilatildeo ocidental e um a tradiccedilatildeo oriental dos estudos aspectoloacutegicos

Haacute ainda out ro t ipo de classificaccedilatildeo dos estudos aspectoloacutegicos que considera a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto com o o princiacutepio taxionocircmico Segundo Corocirca (1985) um grupo de estudiosos admite que a base do aspecto eacute a noccedilatildeo de duraccedilatildeo e outro grupo considera que a caracteriacutest ica do aspecto eacute a dist inccedilatildeo perfect ivo vs im perfect ivo A autora se posiciona junto ao segundo grupo e postula que considerar

7 Cf Diet r ich (1973 apud Corocirca 2005) e Cont i (2005) 8 Pode-se encont rar tambeacutem as grafias Grec Grech e Gretsch 9 Em sua tese de doutorado Godoi (1992) se propotildee a organizar o quadro das teor ias aspect oloacutegicas e oferecer uma definiccedilatildeo do aspecto e dos conceitos relacionados Primeiramente a autora procede a organizaccedilatildeo dos estudos sobre o aspecto e uma breve consideraccedilatildeo sobre os estudos aspectoloacutegicos para a liacutengua portuguesa e posteriormente as definiccedilotildees formais dos termos cent rais do estudo Assim aspect o eacute ldquoa relaccedilatildeo estabelecida ent re o tempo de evento e o tempo de referecircnciardquo (p 208) Decorrente disso o aspecto perfect ivo e o aspecto imperfect ivo satildeo ldquoas relaccedilotildees especiacutef icas de inclusatildeo mant idas ent re os dois temposrdquo (p 230)

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a duraccedilatildeo com o o fundam ento do aspecto eacute tomar a parte pelo todo pois o durat ivo eacute um dos valores aspectuais Um a anaacutelise que adm ita somente a duraccedilatildeo tam beacutem deve admit ir que o centro eacute o verbo e que este expressa som ente accedilatildeo rest ringindo consideravelm ente as anaacutelises linguiacutest icas Essa m esm a dicotom ia vai se revelar nos estudos da liacutengua grega ant iga com o verem os na Seccedilatildeo 3

2 1 Teor ia aspectual de Com r ie Em sua obra int itulada Aspect (1976) tem po e aspecto estatildeo em perm anente

relaccedilatildeo e a definiccedilatildeo desses term os satildeo im portante para a teoria Muitos estudiosos se ut ilizam da teoria de tem po de Reichenbach (1947) para desenvolver teorias aspectuais No entanto Com rie procurou formular sua proacutepria teoria tem poral A diferenccedila baacutesica entre as duas teorias eacute que Com rie exclui o tem po de referecircncia considerando que os tem pos absolutos ou seja passado presente e futuro devem ser representados por apenas dois pontos tem porais o tem po da fala e o tem po do evento Com rie tam beacutem considera as relaccedilotildees de sim ultaneidade anterior idade e posterior idade m as o ponto de referecircncia para que se possa localizar um a situaccedilatildeo no tem po eacute o presente

Os conceitos apresentados pelo linguista ainda hoje tem relevacircncia nos estudos aspectoloacutegicos Trata-se de um a obra antoloacutegica na qual o autor se ut iliza de um a quant idade enorm e de dados provenientes de vaacuterias liacutenguas para form ular sua teor ia de aspecto e apresentar conceitos relacionados agrave sua teoria aspectual Desta m aneira a quant idade e a qualidade desses dados que servem de base para a form ulaccedilatildeo teoacuterica proporcionam um a base bastante soacutelida para as asserccedilotildees presente na obra Assim o autor considera que ldquoaspectos satildeo as diferentes m aneiras de visualizar a const ituiccedilatildeo tem poral interna de um a situaccedilatildeordquo (p 3 t raduccedilatildeo nossa) 10 A part ir desta definiccedilatildeo admite a existecircncia de t recircs aspectos perfect ivo im perfect ivo e perfeito A oposiccedilatildeo perfect ivo vs im perfect ivo eacute considerada fundam ental para se t ratar da questatildeo aspectual Os t rabalhos posteriores se ut ilizam dessa oposiccedilatildeo com o ponto de part ida para os conceitos sobre aspecto Comrie afirm a que a ldquoperfect iv idade indica a visualizaccedilatildeo de um a situaccedilatildeo com um todo uacutenico sem dist inccedilatildeo das vaacuterias fases separadas que com potildeem essa situaccedilatildeordquo (p 16 t raduccedilatildeo nossa) 11 Em oposiccedilatildeo ldquoo im perfect ivo presta atenccedilatildeo essencial agrave est rutura interna da situaccedilatildeordquo (p 16 t raduccedilatildeo nossa) 12 O perfeito ldquo relaciona determ inada estado a um a situaccedilatildeo anteriorrdquo 13

Em relaccedilatildeo agrave dist inccedilatildeo ent re aspecto e Akt ionsart o linguista formula duas m aneiras de proceder a diferenciaccedilatildeo Num a prim eira abordagem o aspecto t rata de dist inccedilotildees sem acircnt icas relevantes de gram at icalizaccedilatildeo e a Akt ionsart de dist inccedilotildees de lexicalizaccedilatildeo poreacutem a m aneira com o essas dist inccedilotildees satildeo lexicalizadas natildeo eacute levada em consideraccedilatildeo A segunda abordagem eacute idecircnt ica poreacutem as dist inccedilotildees satildeo lexicalizadas por m eio de m orfem as derivacionais

(p 52)

10 ldquoaspects are different ways of v iewing the internal temporal const ituencyof a situat ionrdquo 11 ldquoperfect iv ity indicates the v iew of a situat ion as a single whole without dist inct ion of the various separate phases that make up that situat ionrdquo 12 ldquo the imperfect ive pays essent ial at tent ion to the internal st ructure of the situat ion rdquo 13 ldquo relates some state to a preceding situat ionrdquo

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3 Estudos linguiacutest icos sobre a ca tegor ia aspecto n o grego ant igo

Em art igo que faz um levantamento histoacuter ico sobre os estudos a respeito da categoria aspecto Cont i (2005) considera que dentre os estudiosos que adm item a existecircncia de um a categoria cham ada aspecto eacute possiacutevel reconhecer dois grupos que representam duas t radiccedilotildees ut ilizando com o paracircm et ro a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto O pr im eiro grupo considera que a caracteriacutest ica fundamental do aspecto eacute a oposiccedilatildeo durat iv idade vs natildeo-durat ividade Neste grupo estatildeo Chant raine (1938 1957) Hum bert (1945) Ruiperez (1954) Palmer (1980) Duhoux (1995) e Lorente Fernaacutendez (2003) O segundo grupo at r ibui agrave oposiccedilatildeo perfect ivo vs im perfect ivo a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto Neste grupo encont ram os Holt (1943) Adrados (1950) Grassi (1963) McKay (1974 1986 1988) Com rie (1976) Armst rong (1981) Rijksbaron (1984 1988 2000) Porter (1989) e de la Villa (2002) 14

3 1 Teor ia aspectual de Duhoux

Os principais suportes teoacutericos para o estudo do aspecto verbal em grego ant igo num a abordagem de Linguiacutest ica de Coacuterpus satildeo as obras de Duhoux (1991 1995 2000) Em sua obra Le verbe grec ancien (2000) Duhoux apresenta um am plo estudo sobre a est rutura e o funcionam ento do sistem a verbal no grego ant igo no qual m onta um grande quadro diacrocircnico desde o indo-europeu O autor concentra o exam e sintaacutet ico sobre alguns com ponentes do sistem a tais com o tem po m odo voz aspecto As descriccedilotildees m orfoloacutegicas e sintaacutet icas natildeo satildeo dissociadas m as operam em conjunto para se alcanccedilar um alto iacutendice de refinam ento na pesquisa Essas descriccedilotildees satildeo realizadas sob um a perspect iva est ruturalista O autor se ut iliza de um coacuterpus de m ais de 100000 form as verbais Na quinta parte da obra satildeo apresentadas definiccedilotildees da temporalidade e do aspecto dem onst rando a necessidade de se adotar um a terminologia que dist inga categoria linguiacutest ica de realizaccedilotildees linguiacutest icas E essas realizaccedilotildees podem ser m orfoloacutegicas ou lexicais Deste m odo o term o ut ilizado para exprim ir m orfologicam ente o desenvolvim ento do processo eacute aspecto (aspect ) Para o autor o aspecto eacute a consideraccedilatildeo interna do desenvolvim ento do processo e aleacutem disso um a categoria subjet iva dist inguido em trecircs aspectos progressivo (progressif) pontual (ponctuel) e de estado (eacutetat ) O aspecto progressivo leva em conta o meio da realizaccedilatildeo do processo expresso pelo tem a do presente O aspecto pontual considera as etapas do processo (com eccedilo m eio fim ) em bloco com o um uacutenico ponto visualizando o processo com o um fato puro e sim ples expresso pelo tem a do aoristo O aspecto de estado m ost ra claram ente que o iniacutecio ou o fim da realizaccedilatildeo do processo escoa num resultado expresso pelo tem a do perfeito Jaacute o term o que exprim e lexicalm ente o desenvolvim ento do processo eacute um a categoria objet iva denom inada aspect ividade (aspect iviteacute) 15

14 Importantes estudos aspect uais contemporacircneos tecircm sido desenvolv idos pela atuaccedilatildeo do grupo internacional de pesquisa sobre o aspecto verbal no grego antigo que desde 1992 reuacutene vaacuterios estudiosos no Cent re de Recherche en Syntaxe et Seacutemant ique du Grec ancien na Universidade de Saint -Eacutet ienne dent re os quais J Lallot B Jacquinod F Lambert L Basset A Culioli Y Duhoux

De fato adota-se um a

15 Sobre o termo Lorente Fernaacutendez (2003 p 50 grifo do autor t raduccedilatildeo nossa) afirma ldquoAleacutem disso um termo como aspectualidade pode levar a confusotildees com a realizaccedilatildeo lex ical do aspecto que na linguiacutest ica francesa eacute chamada t radicionalmente aspect iv idade (Akt ionsart ) rdquo [ ldquoEn plus un terme comme aspectualiteacute peut precircte agrave des confusions avec la reacutealisat ion lex icale de lrsquoaspect qui dans la linguist ique franccedilaise est appeleacutee t radit ionnellement aspect iv iteacute (Akt ionsart ) rdquo ]

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t erminologia para a liacutengua francesa dos term os Aspekt e Akt ionsart respect ivamente encont rados na literatura alem atilde

Aleacutem desses term os o autor adota um a dist inccedilatildeo ent re tem po ( t em ps) e tem poralidade ( t em poraliteacute) para que haja um a diferenciaccedilatildeo ent re a categoria linguiacutest ica e os m orfem as tam beacutem cham ados de tem po (aoristo perfeito futuro im perfeito m ais-que-perfeito futuro-perfeito) Na terminologia criada pelo autor o tem po eacute um a realizaccedilatildeo linguiacutest ica em que estatildeo inseridas as oposiccedilotildees dos tem as verbais A tem poralidade eacute a ldquocategoria linguiacutest ica que localiza o m om ento da realizaccedilatildeo do processo em relaccedilatildeo a um ponto de referecircncia exterior a esse processordquo 16

Quadro 1 Esquem a de rea liza ccedilotildees m orfoloacuteg icas e lex ica is do aspe cto e da tem pora l idade

(p 147 t raduccedilatildeo nossa) Para uma siacutentese da terminologia e usos adotados pelo autor haacute um quadro esquem at izado por Lorente Fernaacutendez (2003 p 49 t raduccedilatildeo nossa)

A) CATEGORIA LI NGUIacuteSTICA Aspecto Definiccedilatildeo Consideraccedilatildeo interna do desenvolv imento do processo

Tem pora lida de Definiccedilatildeo Consideraccedilatildeo do momento da realizaccedilatildeo do processo em relaccedilatildeo a um ponto exterior

A1) Realizaccedilatildeo morfoloacutegica Tem pos Mediante oposiccedilatildeo dos temas aoristo presente perfeito

Tem pos Mediante oposiccedilatildeo dos temas aoristo presente perfeito (para o indicat ivo) e futuro (para todos os modo)

A11) Tipos Aspecto do presente Aspecto do aoristo Aspecto do perfeito

Temporalidade do passado Temporalidade do presente (actuel) Temporalidade do futuro (avenir)

A2) Realizaccedilatildeo lex ical Akt ionsart Procedimentos lex icais

Sem nom e Procedimentos lex icais

4 Linguiacutest ica de Coacuterpus No conceito fundam ental da Linguiacutest ica de Coacuterpus a linguagem eacute um sistem a

probabiliacutest ico que deve ser estudada num a abordagem em piacuterica (cf HALLI DAY 1991 1992 apud BERBER SARDI NHA 2000) A pressuposiccedilatildeo desta visatildeo da linguagem eacute a de que as possibilidades teoacutericas dos t raccedilos linguiacutest icos natildeo coincidem com a frequecircncia de ocorrecircncias Essa diferenccedila natildeo eacute som ente significat iva estat ist icamente com o ela evidencia que eacute caracteriacutest ico da linguagem a existecircncia de um a regularidade nos padrotildees e um a sistem at icidade nas variaccedilotildees Aleacutem disso o levantam ento em piacuterico considera o uso natural da liacutengua ut ilizada em situaccedilotildees reais

Em obra que t rata da im portacircncia e validade de um a abordagem quant itat iva para os estudos da linguagem Guiraud (1960) afirm a que a linguiacutest ica eacute a ciecircncia estat iacutest ica m odelo e m ost ra que o meacutetodo estat iacutest ico tem sido aplicado agraves anaacutelises foneacutet ica sem acircnt ica sintaacutet ica m orfoloacutegica filoloacutegica auxiliando no desenvolvim ento dessas aacutereas da linguiacutest ica com resultados obt idos com o por exem plo pela criaccedilatildeo de iacutendices concordacircncias e frequecircncia de palavras

16 ldquo la cateacutegorie linguist ique qui localise le moment de la reacutealisat ion du procegraves par rapport agrave un point de repegravere exteacuterieur agrave ce procegravesrdquo

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Eacute necessaacuterio esclarecer que nossa consideraccedilatildeo de Linguiacutest ica de Coacuterpus eacute que se t rata de um a abordagem em piacuterica adequada para o estudo da linguagem baseada em coacuterpus Sanchez (1995 apud BERBER SARDI NHA 2000 p 338) define coacuterpus com o

Um conjunto de dados linguiacutest icos (pertencentes ao uso oral ou escrito da liacutengua ou a am bos) sistem at izados segundo determ inados criteacuterios suficientem ente extensos em am plitude e profundidade de maneira que sejam representat ivos da totalidade do uso linguiacutest ico ou de algum de seus acircmbitos dispostos de tal m odo que possam ser processado por com putador com a finalidade de propiciar resultados vaacuterios e uacuteteis para a descriccedilatildeo e anaacutelise

4 1 Linguiacutest ica de Coacuterpus e grego ant igo Com o visto na Seccedilatildeo 31 a descriccedilatildeo linguiacutest ica do sistem a verbal grego ant igo

realizada por Duhoux foi t otalm ente baseada em coacuterpus Dent ro desta m esm a perspect iva teoacuterica Lorente Fernaacutendez (2003) se ut ilizou 14980 form as verbais ext raiacutedas de um volum oso coacuterpus contendo todas as obras de I soacutecrates (436-338 aC) Houve um intenso t rabalho preparo dos textos em arquivos legiacuteveis por com putador em form atos adequados agrave leitura dos program as concordanciadores frequenciadores e de teste estat iacutest icos para que se encont rasse as form as verbais estat ist icamente m ot ivadas e assim pudesse proceder as anaacutelises m orfoloacutegicas sintaacutet icas e lexicais

O resultado final obt ido foi bastante interessante Ut ilizando-se o m eacutetodo de caacutelculo estat iacutest ico qui-quadrado as diferentes am ost ras de form as verbais (anter iorm ente et iquetadas baseadas em m ais de 30 criteacuter ios m orfoloacutegicos sintaacutet icos e lexicais) foram analisadas e chegou-se a resultado altam ente sat isfatoacuter io 95 das form as verbais analisadas tecircm um a ut ilizaccedilatildeo m ot ivada ou seja natildeo satildeo estat ist icamente aleatoacuter ias e satildeo linguist icam ente significat ivas

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SANCHEZ A Definicion e histor ia de los corpus In A SANCHEZ et al (Org) CUMBRE ndash Corpus Linguist ico de Espanol Contem poraneo Madrid SGEL 1995

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  • Introduccedilatildeo
  • 1 Primeiras intuiccedilotildees sobre a categoria aspecto
  • 2 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto
    • 21 Teoria aspectual de Comrie
      • 3 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto no grego antigo
        • 31 Teoria aspectual de Duhoux
          • 4 Linguiacutestica de Coacuterpus
            • 41 Linguiacutestica de Coacuterpus e grego antigo
              • Referecircncias bibliograacuteficas
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2 Estudos linguiacutest ic o s sobre a ca tegor ia aspecto Historicamente o term o aspecto aparece pela pr im eira vez em 1828 na

Gramm aire Raisonneacutee de la Langue Russe com o traduccedilatildeo da palavra russa vid (вид) 7 A obra francesa eacute um a t raduccedilatildeo feita por Charles-Philippe Reiff da gram aacutet ica russa (Prost rannaja gram m at ika rossijskago jazyka) de Nikolai Greč8

Em geral os t rabalhos sobre o aspecto verbal procuram situar o leitor no universo dos estudos aspectoloacutegicos Haacute vaacuterias maneiras de se fazer essa abordagem sendo que geralmente encont ram os um resum o histoacuterico-cronoloacutegico que procura dar conta das fases pelas quais as pesquisas passaram relacionando o avanccedilo no tem po a novas descobertas Haacute um a divisatildeo proposta por Dahl (1981 apud GODOI 1992)

publicada em 1827

9

Para Dahl (1981) a t radiccedilatildeo ocidental t am beacutem cham ada de anglo-saxocircnica considera a classificaccedilatildeo dos verbos em termos de categorias lexicais desde a pr im eira proposta de Aristoacuteteles Essa t radiccedilatildeo tem m odelos teoacutericos baseados na loacutegica por isso a condiccedilatildeo de verdade eacute fundam ental Essa via loacutegica possibilit a num prim eiro instante o conceito de m om ento que tendo sido debat ido e repensado leva ao conceito de intervalo Aleacutem dessas questotildees haacute a inclusatildeo de um conceito tem poral em que se insere um tem po de fala tem po de evento e tem po de referecircncia no m odelo proposto por Reichenbach (1947) Pode haver diferenccedilas por exem plo a proposta de Com rie (1976) m as sem pre haacute um conceito tem poral decorrente da presenccedila do fator tem po no significado das form as verbais Ainda os estudos ocidentais tecircm em comum o uso das ferram entas da sem acircnt ica form al considerando natildeo som ente o verbo na anaacutelise do aspecto m as tam beacutem de out ros com ponentes da sentenccedila tais com o o argumento Por out ro lado a base dos estudos da t radiccedilatildeo or iental eacute a noccedilatildeo de Akt ionsart proposta por Agrell (1908) As Akt ionsarten ou m odos de ser da accedilatildeo satildeo entendidas com o t raccedilos sem acircnt icos e baseadas em cr iteacuterios intuit ivos portanto subjet ivos Essa situaccedilatildeo possibilit ou a criaccedilatildeo de listas interm inaacuteveis de Akt ionsarten que satildeo ora consideradas t raccedilos ora consideradas categorias Natildeo se relaciona esses m odos de ser da accedilatildeo a um conceito tem poral O tem po eacute considerado um eixo que inclui apenas o tem po de fala e o tem po de evento Outra diferenccedila em relaccedilatildeo aos estudos ocidentais eacute a centralidade do verbo natildeo considerando os outros elementos da sentenccedila para a interpretaccedilatildeo pois as anaacutelises se ut ilizam da psicolinguiacutest ica e natildeo da sem acircnt ica

em que considera a existecircncia de um a t radiccedilatildeo ocidental e um a tradiccedilatildeo oriental dos estudos aspectoloacutegicos

Haacute ainda out ro t ipo de classificaccedilatildeo dos estudos aspectoloacutegicos que considera a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto com o o princiacutepio taxionocircmico Segundo Corocirca (1985) um grupo de estudiosos admite que a base do aspecto eacute a noccedilatildeo de duraccedilatildeo e outro grupo considera que a caracteriacutest ica do aspecto eacute a dist inccedilatildeo perfect ivo vs im perfect ivo A autora se posiciona junto ao segundo grupo e postula que considerar

7 Cf Diet r ich (1973 apud Corocirca 2005) e Cont i (2005) 8 Pode-se encont rar tambeacutem as grafias Grec Grech e Gretsch 9 Em sua tese de doutorado Godoi (1992) se propotildee a organizar o quadro das teor ias aspect oloacutegicas e oferecer uma definiccedilatildeo do aspecto e dos conceitos relacionados Primeiramente a autora procede a organizaccedilatildeo dos estudos sobre o aspecto e uma breve consideraccedilatildeo sobre os estudos aspectoloacutegicos para a liacutengua portuguesa e posteriormente as definiccedilotildees formais dos termos cent rais do estudo Assim aspect o eacute ldquoa relaccedilatildeo estabelecida ent re o tempo de evento e o tempo de referecircnciardquo (p 208) Decorrente disso o aspecto perfect ivo e o aspecto imperfect ivo satildeo ldquoas relaccedilotildees especiacutef icas de inclusatildeo mant idas ent re os dois temposrdquo (p 230)

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a duraccedilatildeo com o o fundam ento do aspecto eacute tomar a parte pelo todo pois o durat ivo eacute um dos valores aspectuais Um a anaacutelise que adm ita somente a duraccedilatildeo tam beacutem deve admit ir que o centro eacute o verbo e que este expressa som ente accedilatildeo rest ringindo consideravelm ente as anaacutelises linguiacutest icas Essa m esm a dicotom ia vai se revelar nos estudos da liacutengua grega ant iga com o verem os na Seccedilatildeo 3

2 1 Teor ia aspectual de Com r ie Em sua obra int itulada Aspect (1976) tem po e aspecto estatildeo em perm anente

relaccedilatildeo e a definiccedilatildeo desses term os satildeo im portante para a teoria Muitos estudiosos se ut ilizam da teoria de tem po de Reichenbach (1947) para desenvolver teorias aspectuais No entanto Com rie procurou formular sua proacutepria teoria tem poral A diferenccedila baacutesica entre as duas teorias eacute que Com rie exclui o tem po de referecircncia considerando que os tem pos absolutos ou seja passado presente e futuro devem ser representados por apenas dois pontos tem porais o tem po da fala e o tem po do evento Com rie tam beacutem considera as relaccedilotildees de sim ultaneidade anterior idade e posterior idade m as o ponto de referecircncia para que se possa localizar um a situaccedilatildeo no tem po eacute o presente

Os conceitos apresentados pelo linguista ainda hoje tem relevacircncia nos estudos aspectoloacutegicos Trata-se de um a obra antoloacutegica na qual o autor se ut iliza de um a quant idade enorm e de dados provenientes de vaacuterias liacutenguas para form ular sua teor ia de aspecto e apresentar conceitos relacionados agrave sua teoria aspectual Desta m aneira a quant idade e a qualidade desses dados que servem de base para a form ulaccedilatildeo teoacuterica proporcionam um a base bastante soacutelida para as asserccedilotildees presente na obra Assim o autor considera que ldquoaspectos satildeo as diferentes m aneiras de visualizar a const ituiccedilatildeo tem poral interna de um a situaccedilatildeordquo (p 3 t raduccedilatildeo nossa) 10 A part ir desta definiccedilatildeo admite a existecircncia de t recircs aspectos perfect ivo im perfect ivo e perfeito A oposiccedilatildeo perfect ivo vs im perfect ivo eacute considerada fundam ental para se t ratar da questatildeo aspectual Os t rabalhos posteriores se ut ilizam dessa oposiccedilatildeo com o ponto de part ida para os conceitos sobre aspecto Comrie afirm a que a ldquoperfect iv idade indica a visualizaccedilatildeo de um a situaccedilatildeo com um todo uacutenico sem dist inccedilatildeo das vaacuterias fases separadas que com potildeem essa situaccedilatildeordquo (p 16 t raduccedilatildeo nossa) 11 Em oposiccedilatildeo ldquoo im perfect ivo presta atenccedilatildeo essencial agrave est rutura interna da situaccedilatildeordquo (p 16 t raduccedilatildeo nossa) 12 O perfeito ldquo relaciona determ inada estado a um a situaccedilatildeo anteriorrdquo 13

Em relaccedilatildeo agrave dist inccedilatildeo ent re aspecto e Akt ionsart o linguista formula duas m aneiras de proceder a diferenciaccedilatildeo Num a prim eira abordagem o aspecto t rata de dist inccedilotildees sem acircnt icas relevantes de gram at icalizaccedilatildeo e a Akt ionsart de dist inccedilotildees de lexicalizaccedilatildeo poreacutem a m aneira com o essas dist inccedilotildees satildeo lexicalizadas natildeo eacute levada em consideraccedilatildeo A segunda abordagem eacute idecircnt ica poreacutem as dist inccedilotildees satildeo lexicalizadas por m eio de m orfem as derivacionais

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10 ldquoaspects are different ways of v iewing the internal temporal const ituencyof a situat ionrdquo 11 ldquoperfect iv ity indicates the v iew of a situat ion as a single whole without dist inct ion of the various separate phases that make up that situat ionrdquo 12 ldquo the imperfect ive pays essent ial at tent ion to the internal st ructure of the situat ion rdquo 13 ldquo relates some state to a preceding situat ionrdquo

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3 Estudos linguiacutest icos sobre a ca tegor ia aspecto n o grego ant igo

Em art igo que faz um levantamento histoacuter ico sobre os estudos a respeito da categoria aspecto Cont i (2005) considera que dentre os estudiosos que adm item a existecircncia de um a categoria cham ada aspecto eacute possiacutevel reconhecer dois grupos que representam duas t radiccedilotildees ut ilizando com o paracircm et ro a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto O pr im eiro grupo considera que a caracteriacutest ica fundamental do aspecto eacute a oposiccedilatildeo durat iv idade vs natildeo-durat ividade Neste grupo estatildeo Chant raine (1938 1957) Hum bert (1945) Ruiperez (1954) Palmer (1980) Duhoux (1995) e Lorente Fernaacutendez (2003) O segundo grupo at r ibui agrave oposiccedilatildeo perfect ivo vs im perfect ivo a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto Neste grupo encont ram os Holt (1943) Adrados (1950) Grassi (1963) McKay (1974 1986 1988) Com rie (1976) Armst rong (1981) Rijksbaron (1984 1988 2000) Porter (1989) e de la Villa (2002) 14

3 1 Teor ia aspectual de Duhoux

Os principais suportes teoacutericos para o estudo do aspecto verbal em grego ant igo num a abordagem de Linguiacutest ica de Coacuterpus satildeo as obras de Duhoux (1991 1995 2000) Em sua obra Le verbe grec ancien (2000) Duhoux apresenta um am plo estudo sobre a est rutura e o funcionam ento do sistem a verbal no grego ant igo no qual m onta um grande quadro diacrocircnico desde o indo-europeu O autor concentra o exam e sintaacutet ico sobre alguns com ponentes do sistem a tais com o tem po m odo voz aspecto As descriccedilotildees m orfoloacutegicas e sintaacutet icas natildeo satildeo dissociadas m as operam em conjunto para se alcanccedilar um alto iacutendice de refinam ento na pesquisa Essas descriccedilotildees satildeo realizadas sob um a perspect iva est ruturalista O autor se ut iliza de um coacuterpus de m ais de 100000 form as verbais Na quinta parte da obra satildeo apresentadas definiccedilotildees da temporalidade e do aspecto dem onst rando a necessidade de se adotar um a terminologia que dist inga categoria linguiacutest ica de realizaccedilotildees linguiacutest icas E essas realizaccedilotildees podem ser m orfoloacutegicas ou lexicais Deste m odo o term o ut ilizado para exprim ir m orfologicam ente o desenvolvim ento do processo eacute aspecto (aspect ) Para o autor o aspecto eacute a consideraccedilatildeo interna do desenvolvim ento do processo e aleacutem disso um a categoria subjet iva dist inguido em trecircs aspectos progressivo (progressif) pontual (ponctuel) e de estado (eacutetat ) O aspecto progressivo leva em conta o meio da realizaccedilatildeo do processo expresso pelo tem a do presente O aspecto pontual considera as etapas do processo (com eccedilo m eio fim ) em bloco com o um uacutenico ponto visualizando o processo com o um fato puro e sim ples expresso pelo tem a do aoristo O aspecto de estado m ost ra claram ente que o iniacutecio ou o fim da realizaccedilatildeo do processo escoa num resultado expresso pelo tem a do perfeito Jaacute o term o que exprim e lexicalm ente o desenvolvim ento do processo eacute um a categoria objet iva denom inada aspect ividade (aspect iviteacute) 15

14 Importantes estudos aspect uais contemporacircneos tecircm sido desenvolv idos pela atuaccedilatildeo do grupo internacional de pesquisa sobre o aspecto verbal no grego antigo que desde 1992 reuacutene vaacuterios estudiosos no Cent re de Recherche en Syntaxe et Seacutemant ique du Grec ancien na Universidade de Saint -Eacutet ienne dent re os quais J Lallot B Jacquinod F Lambert L Basset A Culioli Y Duhoux

De fato adota-se um a

15 Sobre o termo Lorente Fernaacutendez (2003 p 50 grifo do autor t raduccedilatildeo nossa) afirma ldquoAleacutem disso um termo como aspectualidade pode levar a confusotildees com a realizaccedilatildeo lex ical do aspecto que na linguiacutest ica francesa eacute chamada t radicionalmente aspect iv idade (Akt ionsart ) rdquo [ ldquoEn plus un terme comme aspectualiteacute peut precircte agrave des confusions avec la reacutealisat ion lex icale de lrsquoaspect qui dans la linguist ique franccedilaise est appeleacutee t radit ionnellement aspect iv iteacute (Akt ionsart ) rdquo ]

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t erminologia para a liacutengua francesa dos term os Aspekt e Akt ionsart respect ivamente encont rados na literatura alem atilde

Aleacutem desses term os o autor adota um a dist inccedilatildeo ent re tem po ( t em ps) e tem poralidade ( t em poraliteacute) para que haja um a diferenciaccedilatildeo ent re a categoria linguiacutest ica e os m orfem as tam beacutem cham ados de tem po (aoristo perfeito futuro im perfeito m ais-que-perfeito futuro-perfeito) Na terminologia criada pelo autor o tem po eacute um a realizaccedilatildeo linguiacutest ica em que estatildeo inseridas as oposiccedilotildees dos tem as verbais A tem poralidade eacute a ldquocategoria linguiacutest ica que localiza o m om ento da realizaccedilatildeo do processo em relaccedilatildeo a um ponto de referecircncia exterior a esse processordquo 16

Quadro 1 Esquem a de rea liza ccedilotildees m orfoloacuteg icas e lex ica is do aspe cto e da tem pora l idade

(p 147 t raduccedilatildeo nossa) Para uma siacutentese da terminologia e usos adotados pelo autor haacute um quadro esquem at izado por Lorente Fernaacutendez (2003 p 49 t raduccedilatildeo nossa)

A) CATEGORIA LI NGUIacuteSTICA Aspecto Definiccedilatildeo Consideraccedilatildeo interna do desenvolv imento do processo

Tem pora lida de Definiccedilatildeo Consideraccedilatildeo do momento da realizaccedilatildeo do processo em relaccedilatildeo a um ponto exterior

A1) Realizaccedilatildeo morfoloacutegica Tem pos Mediante oposiccedilatildeo dos temas aoristo presente perfeito

Tem pos Mediante oposiccedilatildeo dos temas aoristo presente perfeito (para o indicat ivo) e futuro (para todos os modo)

A11) Tipos Aspecto do presente Aspecto do aoristo Aspecto do perfeito

Temporalidade do passado Temporalidade do presente (actuel) Temporalidade do futuro (avenir)

A2) Realizaccedilatildeo lex ical Akt ionsart Procedimentos lex icais

Sem nom e Procedimentos lex icais

4 Linguiacutest ica de Coacuterpus No conceito fundam ental da Linguiacutest ica de Coacuterpus a linguagem eacute um sistem a

probabiliacutest ico que deve ser estudada num a abordagem em piacuterica (cf HALLI DAY 1991 1992 apud BERBER SARDI NHA 2000) A pressuposiccedilatildeo desta visatildeo da linguagem eacute a de que as possibilidades teoacutericas dos t raccedilos linguiacutest icos natildeo coincidem com a frequecircncia de ocorrecircncias Essa diferenccedila natildeo eacute som ente significat iva estat ist icamente com o ela evidencia que eacute caracteriacutest ico da linguagem a existecircncia de um a regularidade nos padrotildees e um a sistem at icidade nas variaccedilotildees Aleacutem disso o levantam ento em piacuterico considera o uso natural da liacutengua ut ilizada em situaccedilotildees reais

Em obra que t rata da im portacircncia e validade de um a abordagem quant itat iva para os estudos da linguagem Guiraud (1960) afirm a que a linguiacutest ica eacute a ciecircncia estat iacutest ica m odelo e m ost ra que o meacutetodo estat iacutest ico tem sido aplicado agraves anaacutelises foneacutet ica sem acircnt ica sintaacutet ica m orfoloacutegica filoloacutegica auxiliando no desenvolvim ento dessas aacutereas da linguiacutest ica com resultados obt idos com o por exem plo pela criaccedilatildeo de iacutendices concordacircncias e frequecircncia de palavras

16 ldquo la cateacutegorie linguist ique qui localise le moment de la reacutealisat ion du procegraves par rapport agrave un point de repegravere exteacuterieur agrave ce procegravesrdquo

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Eacute necessaacuterio esclarecer que nossa consideraccedilatildeo de Linguiacutest ica de Coacuterpus eacute que se t rata de um a abordagem em piacuterica adequada para o estudo da linguagem baseada em coacuterpus Sanchez (1995 apud BERBER SARDI NHA 2000 p 338) define coacuterpus com o

Um conjunto de dados linguiacutest icos (pertencentes ao uso oral ou escrito da liacutengua ou a am bos) sistem at izados segundo determ inados criteacuterios suficientem ente extensos em am plitude e profundidade de maneira que sejam representat ivos da totalidade do uso linguiacutest ico ou de algum de seus acircmbitos dispostos de tal m odo que possam ser processado por com putador com a finalidade de propiciar resultados vaacuterios e uacuteteis para a descriccedilatildeo e anaacutelise

4 1 Linguiacutest ica de Coacuterpus e grego ant igo Com o visto na Seccedilatildeo 31 a descriccedilatildeo linguiacutest ica do sistem a verbal grego ant igo

realizada por Duhoux foi t otalm ente baseada em coacuterpus Dent ro desta m esm a perspect iva teoacuterica Lorente Fernaacutendez (2003) se ut ilizou 14980 form as verbais ext raiacutedas de um volum oso coacuterpus contendo todas as obras de I soacutecrates (436-338 aC) Houve um intenso t rabalho preparo dos textos em arquivos legiacuteveis por com putador em form atos adequados agrave leitura dos program as concordanciadores frequenciadores e de teste estat iacutest icos para que se encont rasse as form as verbais estat ist icamente m ot ivadas e assim pudesse proceder as anaacutelises m orfoloacutegicas sintaacutet icas e lexicais

O resultado final obt ido foi bastante interessante Ut ilizando-se o m eacutetodo de caacutelculo estat iacutest ico qui-quadrado as diferentes am ost ras de form as verbais (anter iorm ente et iquetadas baseadas em m ais de 30 criteacuter ios m orfoloacutegicos sintaacutet icos e lexicais) foram analisadas e chegou-se a resultado altam ente sat isfatoacuter io 95 das form as verbais analisadas tecircm um a ut ilizaccedilatildeo m ot ivada ou seja natildeo satildeo estat ist icamente aleatoacuter ias e satildeo linguist icam ente significat ivas

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SANCHEZ A Definicion e histor ia de los corpus In A SANCHEZ et al (Org) CUMBRE ndash Corpus Linguist ico de Espanol Contem poraneo Madrid SGEL 1995

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  • Introduccedilatildeo
  • 1 Primeiras intuiccedilotildees sobre a categoria aspecto
  • 2 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto
    • 21 Teoria aspectual de Comrie
      • 3 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto no grego antigo
        • 31 Teoria aspectual de Duhoux
          • 4 Linguiacutestica de Coacuterpus
            • 41 Linguiacutestica de Coacuterpus e grego antigo
              • Referecircncias bibliograacuteficas
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a duraccedilatildeo com o o fundam ento do aspecto eacute tomar a parte pelo todo pois o durat ivo eacute um dos valores aspectuais Um a anaacutelise que adm ita somente a duraccedilatildeo tam beacutem deve admit ir que o centro eacute o verbo e que este expressa som ente accedilatildeo rest ringindo consideravelm ente as anaacutelises linguiacutest icas Essa m esm a dicotom ia vai se revelar nos estudos da liacutengua grega ant iga com o verem os na Seccedilatildeo 3

2 1 Teor ia aspectual de Com r ie Em sua obra int itulada Aspect (1976) tem po e aspecto estatildeo em perm anente

relaccedilatildeo e a definiccedilatildeo desses term os satildeo im portante para a teoria Muitos estudiosos se ut ilizam da teoria de tem po de Reichenbach (1947) para desenvolver teorias aspectuais No entanto Com rie procurou formular sua proacutepria teoria tem poral A diferenccedila baacutesica entre as duas teorias eacute que Com rie exclui o tem po de referecircncia considerando que os tem pos absolutos ou seja passado presente e futuro devem ser representados por apenas dois pontos tem porais o tem po da fala e o tem po do evento Com rie tam beacutem considera as relaccedilotildees de sim ultaneidade anterior idade e posterior idade m as o ponto de referecircncia para que se possa localizar um a situaccedilatildeo no tem po eacute o presente

Os conceitos apresentados pelo linguista ainda hoje tem relevacircncia nos estudos aspectoloacutegicos Trata-se de um a obra antoloacutegica na qual o autor se ut iliza de um a quant idade enorm e de dados provenientes de vaacuterias liacutenguas para form ular sua teor ia de aspecto e apresentar conceitos relacionados agrave sua teoria aspectual Desta m aneira a quant idade e a qualidade desses dados que servem de base para a form ulaccedilatildeo teoacuterica proporcionam um a base bastante soacutelida para as asserccedilotildees presente na obra Assim o autor considera que ldquoaspectos satildeo as diferentes m aneiras de visualizar a const ituiccedilatildeo tem poral interna de um a situaccedilatildeordquo (p 3 t raduccedilatildeo nossa) 10 A part ir desta definiccedilatildeo admite a existecircncia de t recircs aspectos perfect ivo im perfect ivo e perfeito A oposiccedilatildeo perfect ivo vs im perfect ivo eacute considerada fundam ental para se t ratar da questatildeo aspectual Os t rabalhos posteriores se ut ilizam dessa oposiccedilatildeo com o ponto de part ida para os conceitos sobre aspecto Comrie afirm a que a ldquoperfect iv idade indica a visualizaccedilatildeo de um a situaccedilatildeo com um todo uacutenico sem dist inccedilatildeo das vaacuterias fases separadas que com potildeem essa situaccedilatildeordquo (p 16 t raduccedilatildeo nossa) 11 Em oposiccedilatildeo ldquoo im perfect ivo presta atenccedilatildeo essencial agrave est rutura interna da situaccedilatildeordquo (p 16 t raduccedilatildeo nossa) 12 O perfeito ldquo relaciona determ inada estado a um a situaccedilatildeo anteriorrdquo 13

Em relaccedilatildeo agrave dist inccedilatildeo ent re aspecto e Akt ionsart o linguista formula duas m aneiras de proceder a diferenciaccedilatildeo Num a prim eira abordagem o aspecto t rata de dist inccedilotildees sem acircnt icas relevantes de gram at icalizaccedilatildeo e a Akt ionsart de dist inccedilotildees de lexicalizaccedilatildeo poreacutem a m aneira com o essas dist inccedilotildees satildeo lexicalizadas natildeo eacute levada em consideraccedilatildeo A segunda abordagem eacute idecircnt ica poreacutem as dist inccedilotildees satildeo lexicalizadas por m eio de m orfem as derivacionais

(p 52)

10 ldquoaspects are different ways of v iewing the internal temporal const ituencyof a situat ionrdquo 11 ldquoperfect iv ity indicates the v iew of a situat ion as a single whole without dist inct ion of the various separate phases that make up that situat ionrdquo 12 ldquo the imperfect ive pays essent ial at tent ion to the internal st ructure of the situat ion rdquo 13 ldquo relates some state to a preceding situat ionrdquo

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3 Estudos linguiacutest icos sobre a ca tegor ia aspecto n o grego ant igo

Em art igo que faz um levantamento histoacuter ico sobre os estudos a respeito da categoria aspecto Cont i (2005) considera que dentre os estudiosos que adm item a existecircncia de um a categoria cham ada aspecto eacute possiacutevel reconhecer dois grupos que representam duas t radiccedilotildees ut ilizando com o paracircm et ro a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto O pr im eiro grupo considera que a caracteriacutest ica fundamental do aspecto eacute a oposiccedilatildeo durat iv idade vs natildeo-durat ividade Neste grupo estatildeo Chant raine (1938 1957) Hum bert (1945) Ruiperez (1954) Palmer (1980) Duhoux (1995) e Lorente Fernaacutendez (2003) O segundo grupo at r ibui agrave oposiccedilatildeo perfect ivo vs im perfect ivo a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto Neste grupo encont ram os Holt (1943) Adrados (1950) Grassi (1963) McKay (1974 1986 1988) Com rie (1976) Armst rong (1981) Rijksbaron (1984 1988 2000) Porter (1989) e de la Villa (2002) 14

3 1 Teor ia aspectual de Duhoux

Os principais suportes teoacutericos para o estudo do aspecto verbal em grego ant igo num a abordagem de Linguiacutest ica de Coacuterpus satildeo as obras de Duhoux (1991 1995 2000) Em sua obra Le verbe grec ancien (2000) Duhoux apresenta um am plo estudo sobre a est rutura e o funcionam ento do sistem a verbal no grego ant igo no qual m onta um grande quadro diacrocircnico desde o indo-europeu O autor concentra o exam e sintaacutet ico sobre alguns com ponentes do sistem a tais com o tem po m odo voz aspecto As descriccedilotildees m orfoloacutegicas e sintaacutet icas natildeo satildeo dissociadas m as operam em conjunto para se alcanccedilar um alto iacutendice de refinam ento na pesquisa Essas descriccedilotildees satildeo realizadas sob um a perspect iva est ruturalista O autor se ut iliza de um coacuterpus de m ais de 100000 form as verbais Na quinta parte da obra satildeo apresentadas definiccedilotildees da temporalidade e do aspecto dem onst rando a necessidade de se adotar um a terminologia que dist inga categoria linguiacutest ica de realizaccedilotildees linguiacutest icas E essas realizaccedilotildees podem ser m orfoloacutegicas ou lexicais Deste m odo o term o ut ilizado para exprim ir m orfologicam ente o desenvolvim ento do processo eacute aspecto (aspect ) Para o autor o aspecto eacute a consideraccedilatildeo interna do desenvolvim ento do processo e aleacutem disso um a categoria subjet iva dist inguido em trecircs aspectos progressivo (progressif) pontual (ponctuel) e de estado (eacutetat ) O aspecto progressivo leva em conta o meio da realizaccedilatildeo do processo expresso pelo tem a do presente O aspecto pontual considera as etapas do processo (com eccedilo m eio fim ) em bloco com o um uacutenico ponto visualizando o processo com o um fato puro e sim ples expresso pelo tem a do aoristo O aspecto de estado m ost ra claram ente que o iniacutecio ou o fim da realizaccedilatildeo do processo escoa num resultado expresso pelo tem a do perfeito Jaacute o term o que exprim e lexicalm ente o desenvolvim ento do processo eacute um a categoria objet iva denom inada aspect ividade (aspect iviteacute) 15

14 Importantes estudos aspect uais contemporacircneos tecircm sido desenvolv idos pela atuaccedilatildeo do grupo internacional de pesquisa sobre o aspecto verbal no grego antigo que desde 1992 reuacutene vaacuterios estudiosos no Cent re de Recherche en Syntaxe et Seacutemant ique du Grec ancien na Universidade de Saint -Eacutet ienne dent re os quais J Lallot B Jacquinod F Lambert L Basset A Culioli Y Duhoux

De fato adota-se um a

15 Sobre o termo Lorente Fernaacutendez (2003 p 50 grifo do autor t raduccedilatildeo nossa) afirma ldquoAleacutem disso um termo como aspectualidade pode levar a confusotildees com a realizaccedilatildeo lex ical do aspecto que na linguiacutest ica francesa eacute chamada t radicionalmente aspect iv idade (Akt ionsart ) rdquo [ ldquoEn plus un terme comme aspectualiteacute peut precircte agrave des confusions avec la reacutealisat ion lex icale de lrsquoaspect qui dans la linguist ique franccedilaise est appeleacutee t radit ionnellement aspect iv iteacute (Akt ionsart ) rdquo ]

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t erminologia para a liacutengua francesa dos term os Aspekt e Akt ionsart respect ivamente encont rados na literatura alem atilde

Aleacutem desses term os o autor adota um a dist inccedilatildeo ent re tem po ( t em ps) e tem poralidade ( t em poraliteacute) para que haja um a diferenciaccedilatildeo ent re a categoria linguiacutest ica e os m orfem as tam beacutem cham ados de tem po (aoristo perfeito futuro im perfeito m ais-que-perfeito futuro-perfeito) Na terminologia criada pelo autor o tem po eacute um a realizaccedilatildeo linguiacutest ica em que estatildeo inseridas as oposiccedilotildees dos tem as verbais A tem poralidade eacute a ldquocategoria linguiacutest ica que localiza o m om ento da realizaccedilatildeo do processo em relaccedilatildeo a um ponto de referecircncia exterior a esse processordquo 16

Quadro 1 Esquem a de rea liza ccedilotildees m orfoloacuteg icas e lex ica is do aspe cto e da tem pora l idade

(p 147 t raduccedilatildeo nossa) Para uma siacutentese da terminologia e usos adotados pelo autor haacute um quadro esquem at izado por Lorente Fernaacutendez (2003 p 49 t raduccedilatildeo nossa)

A) CATEGORIA LI NGUIacuteSTICA Aspecto Definiccedilatildeo Consideraccedilatildeo interna do desenvolv imento do processo

Tem pora lida de Definiccedilatildeo Consideraccedilatildeo do momento da realizaccedilatildeo do processo em relaccedilatildeo a um ponto exterior

A1) Realizaccedilatildeo morfoloacutegica Tem pos Mediante oposiccedilatildeo dos temas aoristo presente perfeito

Tem pos Mediante oposiccedilatildeo dos temas aoristo presente perfeito (para o indicat ivo) e futuro (para todos os modo)

A11) Tipos Aspecto do presente Aspecto do aoristo Aspecto do perfeito

Temporalidade do passado Temporalidade do presente (actuel) Temporalidade do futuro (avenir)

A2) Realizaccedilatildeo lex ical Akt ionsart Procedimentos lex icais

Sem nom e Procedimentos lex icais

4 Linguiacutest ica de Coacuterpus No conceito fundam ental da Linguiacutest ica de Coacuterpus a linguagem eacute um sistem a

probabiliacutest ico que deve ser estudada num a abordagem em piacuterica (cf HALLI DAY 1991 1992 apud BERBER SARDI NHA 2000) A pressuposiccedilatildeo desta visatildeo da linguagem eacute a de que as possibilidades teoacutericas dos t raccedilos linguiacutest icos natildeo coincidem com a frequecircncia de ocorrecircncias Essa diferenccedila natildeo eacute som ente significat iva estat ist icamente com o ela evidencia que eacute caracteriacutest ico da linguagem a existecircncia de um a regularidade nos padrotildees e um a sistem at icidade nas variaccedilotildees Aleacutem disso o levantam ento em piacuterico considera o uso natural da liacutengua ut ilizada em situaccedilotildees reais

Em obra que t rata da im portacircncia e validade de um a abordagem quant itat iva para os estudos da linguagem Guiraud (1960) afirm a que a linguiacutest ica eacute a ciecircncia estat iacutest ica m odelo e m ost ra que o meacutetodo estat iacutest ico tem sido aplicado agraves anaacutelises foneacutet ica sem acircnt ica sintaacutet ica m orfoloacutegica filoloacutegica auxiliando no desenvolvim ento dessas aacutereas da linguiacutest ica com resultados obt idos com o por exem plo pela criaccedilatildeo de iacutendices concordacircncias e frequecircncia de palavras

16 ldquo la cateacutegorie linguist ique qui localise le moment de la reacutealisat ion du procegraves par rapport agrave un point de repegravere exteacuterieur agrave ce procegravesrdquo

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Eacute necessaacuterio esclarecer que nossa consideraccedilatildeo de Linguiacutest ica de Coacuterpus eacute que se t rata de um a abordagem em piacuterica adequada para o estudo da linguagem baseada em coacuterpus Sanchez (1995 apud BERBER SARDI NHA 2000 p 338) define coacuterpus com o

Um conjunto de dados linguiacutest icos (pertencentes ao uso oral ou escrito da liacutengua ou a am bos) sistem at izados segundo determ inados criteacuterios suficientem ente extensos em am plitude e profundidade de maneira que sejam representat ivos da totalidade do uso linguiacutest ico ou de algum de seus acircmbitos dispostos de tal m odo que possam ser processado por com putador com a finalidade de propiciar resultados vaacuterios e uacuteteis para a descriccedilatildeo e anaacutelise

4 1 Linguiacutest ica de Coacuterpus e grego ant igo Com o visto na Seccedilatildeo 31 a descriccedilatildeo linguiacutest ica do sistem a verbal grego ant igo

realizada por Duhoux foi t otalm ente baseada em coacuterpus Dent ro desta m esm a perspect iva teoacuterica Lorente Fernaacutendez (2003) se ut ilizou 14980 form as verbais ext raiacutedas de um volum oso coacuterpus contendo todas as obras de I soacutecrates (436-338 aC) Houve um intenso t rabalho preparo dos textos em arquivos legiacuteveis por com putador em form atos adequados agrave leitura dos program as concordanciadores frequenciadores e de teste estat iacutest icos para que se encont rasse as form as verbais estat ist icamente m ot ivadas e assim pudesse proceder as anaacutelises m orfoloacutegicas sintaacutet icas e lexicais

O resultado final obt ido foi bastante interessante Ut ilizando-se o m eacutetodo de caacutelculo estat iacutest ico qui-quadrado as diferentes am ost ras de form as verbais (anter iorm ente et iquetadas baseadas em m ais de 30 criteacuter ios m orfoloacutegicos sintaacutet icos e lexicais) foram analisadas e chegou-se a resultado altam ente sat isfatoacuter io 95 das form as verbais analisadas tecircm um a ut ilizaccedilatildeo m ot ivada ou seja natildeo satildeo estat ist icamente aleatoacuter ias e satildeo linguist icam ente significat ivas

Referecircncias bibliograacute ficas

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COROcircA M L M S O aspecto In ______ O tem po nos verbos do portuguecircs um a int roduccedilatildeo agrave sua interpretaccedilatildeo sem acircnt ica Satildeo Paulo Paraacutebola 2005 p 61-76 (Lingua[ gem ] 15) [ Dissertaccedilatildeo de m est rado em 1983 Prim eira publicaccedilatildeo em livro em 1985]

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REI CHENBACH H Elem ents of sym bolic logic New York The MacMillan Com pany 1947

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SANCHEZ A Definicion e histor ia de los corpus In A SANCHEZ et al (Org) CUMBRE ndash Corpus Linguist ico de Espanol Contem poraneo Madrid SGEL 1995

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  • Introduccedilatildeo
  • 1 Primeiras intuiccedilotildees sobre a categoria aspecto
  • 2 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto
    • 21 Teoria aspectual de Comrie
      • 3 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto no grego antigo
        • 31 Teoria aspectual de Duhoux
          • 4 Linguiacutestica de Coacuterpus
            • 41 Linguiacutestica de Coacuterpus e grego antigo
              • Referecircncias bibliograacuteficas
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3 Estudos linguiacutest icos sobre a ca tegor ia aspecto n o grego ant igo

Em art igo que faz um levantamento histoacuter ico sobre os estudos a respeito da categoria aspecto Cont i (2005) considera que dentre os estudiosos que adm item a existecircncia de um a categoria cham ada aspecto eacute possiacutevel reconhecer dois grupos que representam duas t radiccedilotildees ut ilizando com o paracircm et ro a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto O pr im eiro grupo considera que a caracteriacutest ica fundamental do aspecto eacute a oposiccedilatildeo durat iv idade vs natildeo-durat ividade Neste grupo estatildeo Chant raine (1938 1957) Hum bert (1945) Ruiperez (1954) Palmer (1980) Duhoux (1995) e Lorente Fernaacutendez (2003) O segundo grupo at r ibui agrave oposiccedilatildeo perfect ivo vs im perfect ivo a caracteriacutest ica fundam ental do aspecto Neste grupo encont ram os Holt (1943) Adrados (1950) Grassi (1963) McKay (1974 1986 1988) Com rie (1976) Armst rong (1981) Rijksbaron (1984 1988 2000) Porter (1989) e de la Villa (2002) 14

3 1 Teor ia aspectual de Duhoux

Os principais suportes teoacutericos para o estudo do aspecto verbal em grego ant igo num a abordagem de Linguiacutest ica de Coacuterpus satildeo as obras de Duhoux (1991 1995 2000) Em sua obra Le verbe grec ancien (2000) Duhoux apresenta um am plo estudo sobre a est rutura e o funcionam ento do sistem a verbal no grego ant igo no qual m onta um grande quadro diacrocircnico desde o indo-europeu O autor concentra o exam e sintaacutet ico sobre alguns com ponentes do sistem a tais com o tem po m odo voz aspecto As descriccedilotildees m orfoloacutegicas e sintaacutet icas natildeo satildeo dissociadas m as operam em conjunto para se alcanccedilar um alto iacutendice de refinam ento na pesquisa Essas descriccedilotildees satildeo realizadas sob um a perspect iva est ruturalista O autor se ut iliza de um coacuterpus de m ais de 100000 form as verbais Na quinta parte da obra satildeo apresentadas definiccedilotildees da temporalidade e do aspecto dem onst rando a necessidade de se adotar um a terminologia que dist inga categoria linguiacutest ica de realizaccedilotildees linguiacutest icas E essas realizaccedilotildees podem ser m orfoloacutegicas ou lexicais Deste m odo o term o ut ilizado para exprim ir m orfologicam ente o desenvolvim ento do processo eacute aspecto (aspect ) Para o autor o aspecto eacute a consideraccedilatildeo interna do desenvolvim ento do processo e aleacutem disso um a categoria subjet iva dist inguido em trecircs aspectos progressivo (progressif) pontual (ponctuel) e de estado (eacutetat ) O aspecto progressivo leva em conta o meio da realizaccedilatildeo do processo expresso pelo tem a do presente O aspecto pontual considera as etapas do processo (com eccedilo m eio fim ) em bloco com o um uacutenico ponto visualizando o processo com o um fato puro e sim ples expresso pelo tem a do aoristo O aspecto de estado m ost ra claram ente que o iniacutecio ou o fim da realizaccedilatildeo do processo escoa num resultado expresso pelo tem a do perfeito Jaacute o term o que exprim e lexicalm ente o desenvolvim ento do processo eacute um a categoria objet iva denom inada aspect ividade (aspect iviteacute) 15

14 Importantes estudos aspect uais contemporacircneos tecircm sido desenvolv idos pela atuaccedilatildeo do grupo internacional de pesquisa sobre o aspecto verbal no grego antigo que desde 1992 reuacutene vaacuterios estudiosos no Cent re de Recherche en Syntaxe et Seacutemant ique du Grec ancien na Universidade de Saint -Eacutet ienne dent re os quais J Lallot B Jacquinod F Lambert L Basset A Culioli Y Duhoux

De fato adota-se um a

15 Sobre o termo Lorente Fernaacutendez (2003 p 50 grifo do autor t raduccedilatildeo nossa) afirma ldquoAleacutem disso um termo como aspectualidade pode levar a confusotildees com a realizaccedilatildeo lex ical do aspecto que na linguiacutest ica francesa eacute chamada t radicionalmente aspect iv idade (Akt ionsart ) rdquo [ ldquoEn plus un terme comme aspectualiteacute peut precircte agrave des confusions avec la reacutealisat ion lex icale de lrsquoaspect qui dans la linguist ique franccedilaise est appeleacutee t radit ionnellement aspect iv iteacute (Akt ionsart ) rdquo ]

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t erminologia para a liacutengua francesa dos term os Aspekt e Akt ionsart respect ivamente encont rados na literatura alem atilde

Aleacutem desses term os o autor adota um a dist inccedilatildeo ent re tem po ( t em ps) e tem poralidade ( t em poraliteacute) para que haja um a diferenciaccedilatildeo ent re a categoria linguiacutest ica e os m orfem as tam beacutem cham ados de tem po (aoristo perfeito futuro im perfeito m ais-que-perfeito futuro-perfeito) Na terminologia criada pelo autor o tem po eacute um a realizaccedilatildeo linguiacutest ica em que estatildeo inseridas as oposiccedilotildees dos tem as verbais A tem poralidade eacute a ldquocategoria linguiacutest ica que localiza o m om ento da realizaccedilatildeo do processo em relaccedilatildeo a um ponto de referecircncia exterior a esse processordquo 16

Quadro 1 Esquem a de rea liza ccedilotildees m orfoloacuteg icas e lex ica is do aspe cto e da tem pora l idade

(p 147 t raduccedilatildeo nossa) Para uma siacutentese da terminologia e usos adotados pelo autor haacute um quadro esquem at izado por Lorente Fernaacutendez (2003 p 49 t raduccedilatildeo nossa)

A) CATEGORIA LI NGUIacuteSTICA Aspecto Definiccedilatildeo Consideraccedilatildeo interna do desenvolv imento do processo

Tem pora lida de Definiccedilatildeo Consideraccedilatildeo do momento da realizaccedilatildeo do processo em relaccedilatildeo a um ponto exterior

A1) Realizaccedilatildeo morfoloacutegica Tem pos Mediante oposiccedilatildeo dos temas aoristo presente perfeito

Tem pos Mediante oposiccedilatildeo dos temas aoristo presente perfeito (para o indicat ivo) e futuro (para todos os modo)

A11) Tipos Aspecto do presente Aspecto do aoristo Aspecto do perfeito

Temporalidade do passado Temporalidade do presente (actuel) Temporalidade do futuro (avenir)

A2) Realizaccedilatildeo lex ical Akt ionsart Procedimentos lex icais

Sem nom e Procedimentos lex icais

4 Linguiacutest ica de Coacuterpus No conceito fundam ental da Linguiacutest ica de Coacuterpus a linguagem eacute um sistem a

probabiliacutest ico que deve ser estudada num a abordagem em piacuterica (cf HALLI DAY 1991 1992 apud BERBER SARDI NHA 2000) A pressuposiccedilatildeo desta visatildeo da linguagem eacute a de que as possibilidades teoacutericas dos t raccedilos linguiacutest icos natildeo coincidem com a frequecircncia de ocorrecircncias Essa diferenccedila natildeo eacute som ente significat iva estat ist icamente com o ela evidencia que eacute caracteriacutest ico da linguagem a existecircncia de um a regularidade nos padrotildees e um a sistem at icidade nas variaccedilotildees Aleacutem disso o levantam ento em piacuterico considera o uso natural da liacutengua ut ilizada em situaccedilotildees reais

Em obra que t rata da im portacircncia e validade de um a abordagem quant itat iva para os estudos da linguagem Guiraud (1960) afirm a que a linguiacutest ica eacute a ciecircncia estat iacutest ica m odelo e m ost ra que o meacutetodo estat iacutest ico tem sido aplicado agraves anaacutelises foneacutet ica sem acircnt ica sintaacutet ica m orfoloacutegica filoloacutegica auxiliando no desenvolvim ento dessas aacutereas da linguiacutest ica com resultados obt idos com o por exem plo pela criaccedilatildeo de iacutendices concordacircncias e frequecircncia de palavras

16 ldquo la cateacutegorie linguist ique qui localise le moment de la reacutealisat ion du procegraves par rapport agrave un point de repegravere exteacuterieur agrave ce procegravesrdquo

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Eacute necessaacuterio esclarecer que nossa consideraccedilatildeo de Linguiacutest ica de Coacuterpus eacute que se t rata de um a abordagem em piacuterica adequada para o estudo da linguagem baseada em coacuterpus Sanchez (1995 apud BERBER SARDI NHA 2000 p 338) define coacuterpus com o

Um conjunto de dados linguiacutest icos (pertencentes ao uso oral ou escrito da liacutengua ou a am bos) sistem at izados segundo determ inados criteacuterios suficientem ente extensos em am plitude e profundidade de maneira que sejam representat ivos da totalidade do uso linguiacutest ico ou de algum de seus acircmbitos dispostos de tal m odo que possam ser processado por com putador com a finalidade de propiciar resultados vaacuterios e uacuteteis para a descriccedilatildeo e anaacutelise

4 1 Linguiacutest ica de Coacuterpus e grego ant igo Com o visto na Seccedilatildeo 31 a descriccedilatildeo linguiacutest ica do sistem a verbal grego ant igo

realizada por Duhoux foi t otalm ente baseada em coacuterpus Dent ro desta m esm a perspect iva teoacuterica Lorente Fernaacutendez (2003) se ut ilizou 14980 form as verbais ext raiacutedas de um volum oso coacuterpus contendo todas as obras de I soacutecrates (436-338 aC) Houve um intenso t rabalho preparo dos textos em arquivos legiacuteveis por com putador em form atos adequados agrave leitura dos program as concordanciadores frequenciadores e de teste estat iacutest icos para que se encont rasse as form as verbais estat ist icamente m ot ivadas e assim pudesse proceder as anaacutelises m orfoloacutegicas sintaacutet icas e lexicais

O resultado final obt ido foi bastante interessante Ut ilizando-se o m eacutetodo de caacutelculo estat iacutest ico qui-quadrado as diferentes am ost ras de form as verbais (anter iorm ente et iquetadas baseadas em m ais de 30 criteacuter ios m orfoloacutegicos sintaacutet icos e lexicais) foram analisadas e chegou-se a resultado altam ente sat isfatoacuter io 95 das form as verbais analisadas tecircm um a ut ilizaccedilatildeo m ot ivada ou seja natildeo satildeo estat ist icamente aleatoacuter ias e satildeo linguist icam ente significat ivas

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  • Introduccedilatildeo
  • 1 Primeiras intuiccedilotildees sobre a categoria aspecto
  • 2 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto
    • 21 Teoria aspectual de Comrie
      • 3 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto no grego antigo
        • 31 Teoria aspectual de Duhoux
          • 4 Linguiacutestica de Coacuterpus
            • 41 Linguiacutestica de Coacuterpus e grego antigo
              • Referecircncias bibliograacuteficas
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t erminologia para a liacutengua francesa dos term os Aspekt e Akt ionsart respect ivamente encont rados na literatura alem atilde

Aleacutem desses term os o autor adota um a dist inccedilatildeo ent re tem po ( t em ps) e tem poralidade ( t em poraliteacute) para que haja um a diferenciaccedilatildeo ent re a categoria linguiacutest ica e os m orfem as tam beacutem cham ados de tem po (aoristo perfeito futuro im perfeito m ais-que-perfeito futuro-perfeito) Na terminologia criada pelo autor o tem po eacute um a realizaccedilatildeo linguiacutest ica em que estatildeo inseridas as oposiccedilotildees dos tem as verbais A tem poralidade eacute a ldquocategoria linguiacutest ica que localiza o m om ento da realizaccedilatildeo do processo em relaccedilatildeo a um ponto de referecircncia exterior a esse processordquo 16

Quadro 1 Esquem a de rea liza ccedilotildees m orfoloacuteg icas e lex ica is do aspe cto e da tem pora l idade

(p 147 t raduccedilatildeo nossa) Para uma siacutentese da terminologia e usos adotados pelo autor haacute um quadro esquem at izado por Lorente Fernaacutendez (2003 p 49 t raduccedilatildeo nossa)

A) CATEGORIA LI NGUIacuteSTICA Aspecto Definiccedilatildeo Consideraccedilatildeo interna do desenvolv imento do processo

Tem pora lida de Definiccedilatildeo Consideraccedilatildeo do momento da realizaccedilatildeo do processo em relaccedilatildeo a um ponto exterior

A1) Realizaccedilatildeo morfoloacutegica Tem pos Mediante oposiccedilatildeo dos temas aoristo presente perfeito

Tem pos Mediante oposiccedilatildeo dos temas aoristo presente perfeito (para o indicat ivo) e futuro (para todos os modo)

A11) Tipos Aspecto do presente Aspecto do aoristo Aspecto do perfeito

Temporalidade do passado Temporalidade do presente (actuel) Temporalidade do futuro (avenir)

A2) Realizaccedilatildeo lex ical Akt ionsart Procedimentos lex icais

Sem nom e Procedimentos lex icais

4 Linguiacutest ica de Coacuterpus No conceito fundam ental da Linguiacutest ica de Coacuterpus a linguagem eacute um sistem a

probabiliacutest ico que deve ser estudada num a abordagem em piacuterica (cf HALLI DAY 1991 1992 apud BERBER SARDI NHA 2000) A pressuposiccedilatildeo desta visatildeo da linguagem eacute a de que as possibilidades teoacutericas dos t raccedilos linguiacutest icos natildeo coincidem com a frequecircncia de ocorrecircncias Essa diferenccedila natildeo eacute som ente significat iva estat ist icamente com o ela evidencia que eacute caracteriacutest ico da linguagem a existecircncia de um a regularidade nos padrotildees e um a sistem at icidade nas variaccedilotildees Aleacutem disso o levantam ento em piacuterico considera o uso natural da liacutengua ut ilizada em situaccedilotildees reais

Em obra que t rata da im portacircncia e validade de um a abordagem quant itat iva para os estudos da linguagem Guiraud (1960) afirm a que a linguiacutest ica eacute a ciecircncia estat iacutest ica m odelo e m ost ra que o meacutetodo estat iacutest ico tem sido aplicado agraves anaacutelises foneacutet ica sem acircnt ica sintaacutet ica m orfoloacutegica filoloacutegica auxiliando no desenvolvim ento dessas aacutereas da linguiacutest ica com resultados obt idos com o por exem plo pela criaccedilatildeo de iacutendices concordacircncias e frequecircncia de palavras

16 ldquo la cateacutegorie linguist ique qui localise le moment de la reacutealisat ion du procegraves par rapport agrave un point de repegravere exteacuterieur agrave ce procegravesrdquo

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Eacute necessaacuterio esclarecer que nossa consideraccedilatildeo de Linguiacutest ica de Coacuterpus eacute que se t rata de um a abordagem em piacuterica adequada para o estudo da linguagem baseada em coacuterpus Sanchez (1995 apud BERBER SARDI NHA 2000 p 338) define coacuterpus com o

Um conjunto de dados linguiacutest icos (pertencentes ao uso oral ou escrito da liacutengua ou a am bos) sistem at izados segundo determ inados criteacuterios suficientem ente extensos em am plitude e profundidade de maneira que sejam representat ivos da totalidade do uso linguiacutest ico ou de algum de seus acircmbitos dispostos de tal m odo que possam ser processado por com putador com a finalidade de propiciar resultados vaacuterios e uacuteteis para a descriccedilatildeo e anaacutelise

4 1 Linguiacutest ica de Coacuterpus e grego ant igo Com o visto na Seccedilatildeo 31 a descriccedilatildeo linguiacutest ica do sistem a verbal grego ant igo

realizada por Duhoux foi t otalm ente baseada em coacuterpus Dent ro desta m esm a perspect iva teoacuterica Lorente Fernaacutendez (2003) se ut ilizou 14980 form as verbais ext raiacutedas de um volum oso coacuterpus contendo todas as obras de I soacutecrates (436-338 aC) Houve um intenso t rabalho preparo dos textos em arquivos legiacuteveis por com putador em form atos adequados agrave leitura dos program as concordanciadores frequenciadores e de teste estat iacutest icos para que se encont rasse as form as verbais estat ist icamente m ot ivadas e assim pudesse proceder as anaacutelises m orfoloacutegicas sintaacutet icas e lexicais

O resultado final obt ido foi bastante interessante Ut ilizando-se o m eacutetodo de caacutelculo estat iacutest ico qui-quadrado as diferentes am ost ras de form as verbais (anter iorm ente et iquetadas baseadas em m ais de 30 criteacuter ios m orfoloacutegicos sintaacutet icos e lexicais) foram analisadas e chegou-se a resultado altam ente sat isfatoacuter io 95 das form as verbais analisadas tecircm um a ut ilizaccedilatildeo m ot ivada ou seja natildeo satildeo estat ist icamente aleatoacuter ias e satildeo linguist icam ente significat ivas

Referecircncias bibliograacute ficas

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REI CHENBACH H Elem ents of sym bolic logic New York The MacMillan Com pany 1947

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SANCHEZ A Definicion e histor ia de los corpus In A SANCHEZ et al (Org) CUMBRE ndash Corpus Linguist ico de Espanol Contem poraneo Madrid SGEL 1995

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  • Introduccedilatildeo
  • 1 Primeiras intuiccedilotildees sobre a categoria aspecto
  • 2 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto
    • 21 Teoria aspectual de Comrie
      • 3 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto no grego antigo
        • 31 Teoria aspectual de Duhoux
          • 4 Linguiacutestica de Coacuterpus
            • 41 Linguiacutestica de Coacuterpus e grego antigo
              • Referecircncias bibliograacuteficas
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  • Introduccedilatildeo
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    • 21 Teoria aspectual de Comrie
      • 3 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto no grego antigo
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          • 4 Linguiacutestica de Coacuterpus
            • 41 Linguiacutestica de Coacuterpus e grego antigo
              • Referecircncias bibliograacuteficas
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  • Introduccedilatildeo
  • 1 Primeiras intuiccedilotildees sobre a categoria aspecto
  • 2 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto
    • 21 Teoria aspectual de Comrie
      • 3 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto no grego antigo
        • 31 Teoria aspectual de Duhoux
          • 4 Linguiacutestica de Coacuterpus
            • 41 Linguiacutestica de Coacuterpus e grego antigo
              • Referecircncias bibliograacuteficas
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  • 2 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto
    • 21 Teoria aspectual de Comrie
      • 3 Estudos linguiacutesticos sobre a categoria aspecto no grego antigo
        • 31 Teoria aspectual de Duhoux
          • 4 Linguiacutestica de Coacuterpus
            • 41 Linguiacutestica de Coacuterpus e grego antigo
              • Referecircncias bibliograacuteficas