Upload
zipper-galeria
View
220
Download
3
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Catálogo da exposição 'Luz em Túlia' de Alessandra Duarte realizada na Zipper Galeria | De 21 de Fevereiro a 16 de Março de 2013
Citation preview
Rua Estados Unidos, 1494CEP 01427 001São Paulo - SP - Brasil+55 (11) 4306 4306www.zippergaleria.com.br
2a a 6a 10:00 - 19:00sábados 11:00 - 17:00
22 de fevereiro a 16 de março de 2013 Alessandra Duarte Luz em Túlia
O lugar, que antes era definido pelos limites impos-
tos por paredes, agora não tem mais nada. É a luz, em
tons de amarelo, laranja e vermelho, que toma todo o
espaço, parecendo escorrer de cima para baixo. É agora
nessa parede de luz que nossos olhos encontram o limi-
te. No meio do caminho está uma escada em caracol,
que não leva mais a lugar nenhum. E uma porta com o
batente, que ainda se mantém em pé, não se sabe por
quanto tempo, mas que já não serve para nada. O que
restou de grades e janelas está encostado em um canto.
Nada disso tem mais serventia. Não há mais dentro nem
fora, em cima ou embaixo. Não há do que se proteger ou
através do que olhar. No chão, o indício de que ali existiu
uma construção. Os entulhos – esses sim uma presença
de traços firmes – se misturam com um pouco de grama
e areia de um jardim que parece tentar resistir, não se
sabe há quanto tempo e nem por quanto tempo mais.
Luz em Túlia é a tela que dá nome à segunda mostra
individual de Alessandra Duarte na Zipper Galeria e nos
faz lembrar da definição primeira de paisagem: espaço
que se abrange em um lance de vista. Qualquer lugar
pode ser paisagem desde que se tenha alguém olhando
para ele. É a presença humana que caracteriza a paisa-
gem. Nas telas de Alessandra Duarte, a presença huma-
na são rastros, vestígios, que aparecem, se repetem e se
sobrepõem a todo momento. Se sua produção anterior
era marcada pelo convívio de uma forte arquitetura mo-
derna com grandiosos jardins à la Burle Marx, cada um
ocupando seu espaço cuidadosamente calculado, agora
é no que restou de seu antigo ateliê, demolido, que a
artista encontra lugar para sua pintura.
É nesse lugar tomado por entulhos e restos que estão
elementos da natureza e da arquitetura misturados. A
figura humana, que antes mais parecia ocupar um papel
secundário, tendo como função dar a escala de grandeza
de tudo o que estava à sua volta, não aparece mais nas
telas. É sua ausência que afirma sua presença, construída
pelos rastros e vestígios deixados nos lugares. E também
é de rastros e vestígios que a pintura de Alessandra
Duarte se constrói. Linhas decididas que parecem
duvidar em alguns momentos, cores que se mantém
uniformes até chegar ao limite, uma luz que parece fazer
força para estar ali, ou, ao contrário, parece estar indo
embora aos poucos. Nada está inteiro, nada é uniforme
em uma pintura que parece ser feita de pequenos
acontecimentos, inúmeros e sucessivos.
Entre os trabalhos chama atenção Se entranha, uma
paisagem pintada em formato vertical – proporção des-
tinada a outro gênero clássico da pintura: o retrato. Uma
paisagem personificada. Uma paisagem-coisa, objeto,
passível de construção. Talvez por isso a jovem artista
tenha se interessado em ir de fato para o espaço e cons-
truir suas próprias paisagens. No conjunto de fotografias
que completam a exposição, restos de demolições são
tomados por intervenções de cor e sensações de rastros
luz. Ao se agruparem em duplas ou trios, essas imagens
buscam se distanciar do lugar onde foram feitas e cons-
truir significados nas relações entre elas, criando assim
novas paisagens possíveis.
E construção parece ser outra palavra-chave aqui.
Talvez não à toa, a última tela em exposição a ser pin-
tada, A Maré em Túlio, como o nome anuncia, tem sua
superfície tomada pelo que aparentam ser restos de
construção, amontoados em uma grande massa que pa-
rece se movimentar como uma onda. Se sua presença é
marcante pelo conjunto, também chama atenção pelo
tratamento individualizado dado a cada um dos elemen-
tos que a constituem. Cada pedaço traz em si a marca
da sua construção, que parece não ter acabado ainda.
Linhas firmes se misturam ao branco da tela não preen-
chido, a espaços preenchidos de maneira mais afirmati-
va ou ainda em dúvida, e traços que parecem perder a
certeza, ou a força ao longo do caminho. Talvez por isso
a tela pareça se mexer. E talvez por isso, só nela apareça
a figura humana tentando entrar.
Fernanda Lopes, 2013
Paisagem em construção
Place, previously defined by its wall-imposed limits,
now has nothing. It is light, in tones of yellow, orange
and red, that fill the whole space, seemingly seeping
downwards. Now it’s on this wall of light that our eyes
find the limit. On the way, a spiral staircase that leads
nowhere. And a door with its frame, still upright, for
how long no-one knows, but that no longer serves any
purpose. The remains of railings and windows resting in
a corner. None of it of any use. There is no more inside
or outside, above or below. There is nothing from which
to protect oneself or through which to look. On the floor,
a sign that there had been a construction there. Rubble
– this really does display firm traits - mixed with a bit of
grass and sand from a garden that appears to be trying
to resist, who know for how long or how much longer.
Luz em Túlia is the painting that gives its name to
Alessandra Duarte’s second solo exhibition at the Zipper
Gallery and brings to mind the primary definition of
landscape: extensive space at a glance. Anywhere can
be landscape, provided there is someone looking at it. It
is human presence that characterizes landscape. Human
presence, in Duarte’s pictures, is represented by traces
and vestiges that are constantly appearing, repeating
themselves and overlapping. Whereas her earlier work
was marked by the presence of modern architecture
with grandiose gardens à la Burle Marx, each occupying
its own carefully calculated space, now it is in what
remained of her old, demolished studio, that the artist
finds place for her painting.
It is in this place strewn with rubble and remains
that we find a mixture of the elements of nature and
of architecture. The human figure, which beforehand
seemed to occupy a secondary role, with the function of
conferring the grand scale of everything that was around
it, no longer appears on the paintings. Human absence
affirms its presence, constructed by the traces and
vestiges left in the places. And it is also from traces and
vestiges that Alessandra Duarte’s painting is constructed.
Decisive lines that seem to doubt at times, colours that
remain uniform until reaching the limit, a light that
seems to make an effort to be there, or, on the contrary,
seems to be slowly going away. Nothing is complete,
nothing is uniform on a painting that seems to be made
from small, countless and successive happenings.
Among the works one’s attention is drawn to Se
entranha, a landscape painted in vertical format – a
perspective meant for another classical genre of painting:
portrait. A personified landscape. A landscape-thing,
object, that could perhaps be constructed. Perhaps this is
why the young artist became interested in actually moving
into space and constructing her own landscapes. In the set
of photographs that complete the exhibition, demolition
rubble is appropriated by interventions of colour and
sensations of light trails. Grouped into twos or threes,
these images attempt to distance themselves from the
place they were made and build meanings in the relations
between them, thus creating new possible landscapes.
And construction seems to be another key word
here. Perhaps not by chance, the final painting on show
to be painted, A Maré em Túlio, as the name announces,
has its surface covered by what appear to be construction
scraps, piled up into a big mass that seems to be moving
like a wave. While as a set, the paintings have a striking
presence, the individualized treatment given to each of
the constitutive elements also catches the eye. Each piece
brings within it the mark of its construction, seemingly
unfinished. Firm lines scrambled into the white of the
unfilled canvas, the spaces filled in a more assertive
manner or still in doubt, and lines that seem to lose their
certainty, or strength along the way. Perhaps that is why
the painting seems to be in motion. And perhaps that is
why, the human figure only appears in it trying to enter.
Fernanda Lopes, 2013
translation: Ben Kohn
Landscape in Construction
Alessandra DuarteSão Paulo, Brasil [Brazil], 1984
Vive e trabalha em [lives and works in]São Paulo, Brasil [Brazil]
Formação [Education]2007 •Artes Plásticas e História da Arte [Studio Arts and Art History]. Bard College, Annadale-on-Hudson, EUA [USA]
Exposições Individuais [Solo Exhibitions]2013 •Luz em Túlia. Zipper Galeria, São Paulo, Brasil [Brazil]
2012 •Individuais Simultâneas. Museu de Arte de Goiânia, Brasil [Brazil]
2011 •Já Vou. Zipper Galeria, São Paulo, Brasil [Brazil]
2006 •Torsionisms. Richard B. and Emily H. Fisher Gallery. Bard College, Annandale-on-Hudson, EUA [USA]
Exposições Coletivas [Group Exhibitions]2012 •XIV Salão Municipal de Artes Plásticas. Joao Pessoa, Brasil [Brazil]•Arte Agora 1. Galeria Lourdina Jean Rabieh, São Paulo, Brasil [Brazil]•Diálogo Sobre o Diálogo Sobre o Diálogo. Pinacoteca Municipal Miguel Dutra, Piracicaba, Brasil [Brazil]•A Cidade e suas Desconexões Antrópicas. 63º Salao de Abril, Fortaleza, Brasil [Brazil]•Fecho Éclair. Zipper Galeria, São Paulo, Brasil [Brazil]
2011 •Gira. CABA – Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina•XIV Leilão de Pratos para Arte. Associação Cultural de Amigos do Museu Lasar Segall, São Paulo, Brasil [Brazil]•43° Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba. Pinacoteca Municipal Miguel Dutra, Piracicaba, São Paulo, Brasil [Brazil]•Convivendo com Arte: Pintura Além dos Pinceis. Centro de Exposições da Torre Santander, São Paulo, Brasil [Brazil]•Programa de Exposições 2011. Museu de Arte de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, Brasil [Brazil]•Até Meio Quilo. Pinacoteca de Santos, Santos, Brasil [Brazil]; Museu de Arte Contemporânea de Campinas, Brasil [Brazil]; Museu de Arte de Ribeirão Preto, Brasil [Brazil]; Fundação Badesc, Florianópolis, Brasil [Brazil] •Auto Serviço de Livros. Espaço G, Valparaiso, Chile
2010 •Auto Serviço de Livros. Espaço Tijuana, Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil [Brazil]
2008 •Wish you Were Here 7. A.I.R. Gallery, Nova York [New York], EUA [USA]
2007 •Small Works. SOHO20 Chelsea Gallery, Nova York [New York], EUA [USA]•Selected Works of Graduating Seniors. Richard B. and Emily H. Fisher Gallery. Bard College, Annandale-on-Hudson, EUA [USA]
2006 •No Back Circles. Arts Society of Kingston, EUA [USA]
2005 •The Junior Show. Richard B. and Emily H. Fisher Gallery. Bard College, Annandale-on-Hudson, EUA [USA]
Premios [Awards]2011 •Residência Artística [Artist Residency]. INsideOUT Curatoria Forense. Boiçucanga, Brasil [Brazil]2003-2007 •Bolsa de Estudos [Fellowship]. Bard College, Annandale-on-Hudson, EUA [USA]
A Maré em Túlio 2013oléo sobre tela [oil on canvas]190 x 320 cm [74.8 x 126 in]
Acravado Limoeiro 2012oléo sobre tela [oil on canvas]230 x 150 cm [90.5 x 59 in]
Remêmoro 2013oléo sobre tela [oil on canvas]120 x 90 cm [47.2 x 35.4 in]
Da série [From the series] Pinturas Transitórias I 2013jato de tinta sobre papel algodão [inkjet on cotton paper] 83 x 56 cm [32.6 x 22 in]
Da série [From the series] Pinturas Transitórias I 2013jato de tinta sobre papel algodão [inkjet on cotton paper] 63 x 43 cm [24.8 x 16.9 in]
Da série [From the series] Pinturas Transitórias I 2013
jato de tinta sobre papel algodão [inkjet on cotton paper]
43 x 63 cm [16.9 x 24.8 in]
Da série [From the series] Pinturas Transitórias I 2013
jato de tinta sobre papel algodão [inkjet on cotton paper]
63 x 43 cm [24.8 x 16.9 in]
Da série [From the series] Pinturas Transitórias I 2013
jato de tinta sobre papel algodão [inkjet on cotton paper]
43 x 63 cm [16.9 x 24.8 in]
Da série [From the series] Pinturas Transitórias I 2013
jato de tinta sobre papel algodão [inkjet on cotton paper]
63 x 43 cm [24.8 x 16.9 in]
Da série [From the series] Pinturas Transitórias I 2013
jato de tinta sobre papel algodão [inkjet on cotton paper]
63 x 43 cm [24.8 x 16.9 in]
Da série [From the series] Pinturas Transitórias I 2013
jato de tinta sobre papel algodão [inkjet on cotton paper]
56 x 83 cm [22 x 32.6 in]
Se Entranha 2012oléo sobre tela [oil on canvas]230 x 150 cm [90.5 x 59 in]
Pulsaste Tua Parte 2013oléo sobre tela [oil on canvas]120 x 90 cm [47.2 x 35.4 in]
Luz em Túlia 2012oléo sobre tela [oil on canvas]
150 x 230 cm [59 x 90.5 in]
Atijolado 2013oléo sobre tela [oil on canvas]
90 x 100 cm [35.4 x 39.3 in]
Eremitério 2012oléo sobre tela [oil on canvas]290 x 165 cm [114.1 x 64.9 in]
Adligar-nos-emos 2013oléo sobre tela [oil on canvas]160 x 290 cm [63 x 114.1 in]
Realização I Accomplished by
Impressão I Printed by
Projeto Gráfico l Graphic Design
Fotos | Photos byGuilherme Gomes
Chefe Editorial | Editor-in-ChiefDeborah Alves
© fevereiro 2013