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2013.2 Profº: Álvaro Ferraz AGRICULTURA II

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2013.2

Profº: Álvaro Ferraz

AGRICULTURA II

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TÉCNICAS DE CONSERVAÇÃO DOS SOLOS

Introdução

Podemos dizer que uma ideia encontrou um "solo fértil", quando esta se espalha facilmente entre as

pessoas. Também costumamos dizer que uma pessoa "criou raízes", quando ela permanece ali por muito

tempo, interagindo com a comunidade do local. As expressões "solo

fértil" e "raízes" são usadas para nos referirmos a contextos de crescimento saudável, de multiplicação, de

produtividade.

A sobrevivência do ser humano sempre esteve literalmente relacionada a um solo fértil e às raízes. Isso

porque a qualidade do solo é determinante na sobrevivência dos vegetais, que constituem a base das

cadeias alimentares, das quais dependemos nós humanos e todos os animais.

O ser humano desenvolveu, ao longo dos tempos, diversas técnicas para aumentar a produtividade dos

solos e cultivar os vegetais necessários a sua alimentação. O domínio das técnicas agrícolas determinou

uma mudança do nosso modo de viver. A partir da agricultura foi possível a fixação das comunidades em

determinadas regiões. Os seres humanos deixaram de ser nômades, pois passaram a viver em torno das

áreas cultivadas, que forneciam alimentos em quantidade suficiente para todos. Assim sendo, podemos

considerar a agricultura a primeira revolução tecnológica do ser humano, uma vez que mudou

radicalmente seu modo de viver.

As técnicas agrícolas foram sendo cada vez mais aprimoradas e permitiram o crescimento populacional

humano. Atualmente as áreas cultivadas (com produtos agrícolas ou criação de animais) chegam a 30% do

total da superfície terrestre do planeta. Isto é possível devido à tecnologia agrícola.

No entanto, o cultivo de extensas áreas durante muito tempo também gera problemas.

Exemplos de consequências negativas do cultivo extensivo e prolongado do solo são: erosão; compactação;

contaminação por agrotóxicos; pragas; diminuição da fertilidade do solo; desertificação.

Para evitar ou minimizar tais problemas, causados pelo cultivo extensivo e prolongado dos solos, vem

sendo desenvolvidas algumas estratégias. Estas são chamadas técnicas de manejo e de conservação do

solo. Alguns exemplos são: adubação verde; plantação em curvas de nível e rotação de cultura.

Os problemas gerados pelo cultivo dos solos em larga escala também levaram ao nascimento de um campo

chamado de Agroecologia, que se refere a modo diferente de lidar com o cultivo, que leva em conta

princípios de preservação ambiental.

Neste módulo vamos conhecer os problemas gerados no cultivo do solo, técnicas que minimizam tais

problemas e também princípios e práticas da Agroecologia.

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Abordagem integrada para o solo

Para compreender os processos que ocorrem no ambiente e que mantêm a fertilidade do solo é preciso

conhecer aspectos físicos, químicos e biológicos dos solos. A abordagem para manejo do solo deve ser

interdisciplinar, ou seja, deve considerar os conhecimentos de diversas áreas.

Exemplos de publicações sobre Solo

Durante muito tempo acreditou-se que a fertilidade do solo estava relacionada apenas a sua composição

física e química. E estes eram os aspectos priorizados nos estudos sobre o solo. Entretanto, atualmente se

reconhece a importância do estudo dos micro-organismos do solo para compreender sua fertilidade.

Portanto, os estudos atuais têm considerado também aspectos da biologia da microfauna do solo, como

fundamentais para o seu manejo.

A química estuda os aspectos da composição do solo, por exemplo, de que substâncias o solo é constituído

e quais as propriedades destas substâncias. A física estuda aspectos como a erosão e a compactação dos

solos, ou seja, os processos que podem ser facilmente observados nos solos. A biologia estuda as

características e o papel dos seres vivos microscópicos presentes nos solos e também dos vegetais

cultivados.

No ambiente os processos físicos, químicos e biológicos estão integrados e influenciam uns nos outros. Por

isso precisamos lançar mão das três áreas de conhecimento no Manejo e Conservação do Solo. Quando se

estuda o solo apenas da perspectiva físico-química e se desconsidera os aspectos biológicos podem ocorrer

desequilíbrios. Um exemplo é o que ocorre com os adubos químicos. A princípio parecem resolver todos os

problemas, entretanto, geraram outros problemas posteriormente. Você que saber por quê?

Uso de adubos químicos

Os adubos químicos ou fertilizantes são substâncias aplicadas no solo para melhorar a produção agrícola.

Eles podem suprir as deficiências de nutrientes apresentadas pelo solo.

As plantas necessitam de macronutrientes (carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo, enxofre,

cálcio, magnésio e potássio). E também de micronutrientes (boro, cobalto, cobre, ferro, manganês,

molibdênio e zinco).

Alguns destes elementos que existem em grande quantidade no ambiente e são diretamente assimilados

pelos vegetais, como é o caso do carbono, do hidrogênio e do oxigênio, presentes na água e na atmosfera.

Outros nutrientes, como ao caso do nitrogênio, apesar de estarem muito disponíveis na atmosfera só são

absorvidos por algumas plantas, com o auxílio de bactérias nitrificadoras.

Os adubos ou fertilizantes são aplicados no solo com intuito de tornar disponíveis os nutrientes vegetais.

Ocorre que para a aplicação desses nutrientes no solo é necessário uma análise química cuidadosa. Não

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basta colocar os nutrientes no terreno por que eles podem reagir com as substâncias do solo, ficando

indisponíveis para as plantas apesar de estarem lá. Apesar do mérito dos fertilizantes para agricultura, eles

podem causar poluição dos solos e dos cursos

d'água.

Os fertilizantes em excesso no solo são lavados pelo as águas da chuva e levados para os rios e lagos e

contribuem para a eutrofização. O fenômeno da eutrofização é causado pelo excesso de nutrientes nas

águas, que gera a proliferação excessiva das algas microscópicas. Daí aumenta o número de outros seres

vivos microscópicos, além das algas. Quando algas e outros seres morrem, são decompostos. Tal ação dos

decompositores microscópicos diminui a quantidade de oxigênio na água. Quando o nível de oxigênio da

água cai, peixes e outros animais aquáticos morrem asfixiados. A causa do processo de eutrofização é o

despejo sem tratamento de efluentes urbanos e industriais, além dos agrícolas, nos corpos d'água.

As plantas nutrem a todos. E o que nutre as plantas?

Você já ouviu falar que as plantas produzem seu próprio alimento? Esse alimento é a glicose, que é

produzida pelo seres autotróficos no processo da fotossíntese. Nesse processo os vegetais transformam a

energia luminosa em energia química, que pode ser então utilizada pela própria planta e consumida por

outros seres vivos. A partir desses seres produtores de glicose começa a cadeia alimentar.

Então você pode pensar: Se a planta produz seu próprio alimento, o que ela retira do solo? O solo não é

apenas um substrato para a planta se apoiar? Ela não precisa apenas da água, já que ela produz seu próprio

alimento?

Você já percebeu que em alguns locais as plantas crescem saudáveis e em outros nem hegam a germinar?

Um solo é considerado fértil quando ele contém os nutrientes de que a planta precisa. Mas se a planta

produz seu próprio alimento, o que é um nutriente para as plantas?

Ocorre que a fotossíntese é um processo fundamental para a obtenção de energia pela plantas, mas não é

um único processo que acontece na planta. A fotossíntese envolve a absorção de água (H2O) pelas raízes e

gás carbônico (CO2) do ar para produção de

glicose (C6H12O6). Nesse processo a planta libera oxigênio (O2) no ar. Perceba que os elementos

envolvidos nesse processo são basicamente e hidrogênio, o oxigênio e carbono. Mas a planta também

necessita de outros elementos, que absorve do solo, para se desenvolver. Tais elementos constituem a sua

estrutura e regulam seus processos de crescimento. Existem elementos, tais como o azoto, fósforo,

potássio, enxofre, cálcio e magnésio que são essenciais para o crescimento das plantas. A quantidade

desses elementos varia de acordo com a espécie, mas todas as plantas necessitam deles em

grandes quantidades. Por isso são chamados de macronutrientes. Outros elementos tais como boro,

manganês, zinco, cobre, e cloro são necessários em pequena quantidade, por isso são chamados

micronutrientes. Uma exceção é o ferro, que pode ser para algumas plantas um macronutriente para

outras um micronutriente, dependendo da quantidade que a espécie necessita.

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A falta ou excesso de micro e macronutrientes nos solos pode levar as plantas a apresentarem sintomas

visíveis, tais como alterações no desenvolvimento saudável das raízes, dos caules e das folhas. Estes

sintomas são o crescimento menor do que o normal de algumas partes da planta e aspectos de coloração

diferentes do padrão da planta saudável. Portanto, manchas negras e amarelas nas folhas, raízes escuras e

crescimento irregular são sintomas de falta ou excesso dos nutrientes disponíveis para a planta no solo.

Crescimento e sintomas visuais de deficiência de micronutrientes em

Umbuzeiros:

Umbuzeiro bem nutrido (A); deficiência de boro (B); deficiência de cobre (C); deficiência de ferro (D, E);

deficiência de manganês (F); deficiência de Zn (G) e; deficiência simultânea de cobre e zinco (H, I).

O solo é vivo?

No solo existem grandes quantidades de seres vivos, especialmente na sua camada mais superficial. Estes

seres são conhecidos como microfauna ou macrofauna do solo, dependendo do seu tamanho.

A microfauna do solo é composta por milhões de bactérias, fungos, algas e protozoários. A maioria desses

seres decompõe a matéria orgânica.

A macrofauna do solo é composta por insetos, aracnídeos, miriápodes, anelídeos, mamíferos e outros seres

que, de forma indireta, também participam da decomposição, porque facilitam a ação dos decompositores.

A ação dos micro-organismos decompositores do solo depende das condições ambientais tais como a

temperatura, a arejamento e umidade.

A ação dos decompositores do solo consiste basicamente em transformar a matéria orgânica (restos dos

seres vivos que morreram), que é complexa, em elementos simples. A microfauna, especialmente os

fungos, transforma a matéria orgânica em nutrientes para as plantas. Assim o ciclo se fecha: as plantas

produzem o alimento que mantém as cadeias alimentares; e os decompositores transformam os seres vivos

em elementos simples, que serão novamente utilizados pelas plantas. Por isso, sem a microfauna, a

fertilidade do solo pode ser reduzida drasticamente.

De que é composto o solo?

O solo é composto por sais minerais dissolvidos em água, seres vivos e rochas em decomposição. Existem

muitos tipos de solo, mas todos eles têm quatro camadas principais:

A camada mais superficial (horizonte O) é chamada de camada fértil porque é rica em húmus (matéria

orgânica em decomposição). Nessa camada estão disponíveis os nutrientes de que as plantas necessitam.

A segunda camada (horizonte A) é composta por calcário, argila e areia. É uma camada mais permeável,

na qual existem espaços que permitem a entrada de ar e de água.

A terceira camada (horizonte B) contém rochas parcialmente decompostas pela ação da erosão e de

outros agentes geológicos (intemperismo, metamorfismo etc).

A quarta camada (horizonte C) é composta pela rocha matriz, que está começando a se decompor pela

ação da erosão e de outros agentes geológicos.

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Classificar os solos para quê?

A classificação dos solos permite conhecer suas características, avaliar sua adequação ao plantio de

determinadas espécies, além de compreender como um tipo de solo se transforma em outro.

Um aspecto importante na classificação dos solos é a sua textura. A textura do solo depende da proporção

de areia, do silte e da argila na sua composição. A proporção desses elementos na composição do solo

influencia vários aspectos, determinantes da sua fertilidade.

Arenosos - apresentam boa aeração e pouca a umidade, por isso é

permeável.

A textura do solo vai influenciar na taxa de infiltração de água, ou seja, na quantidade de água que é

absorvida pelas diferentes camadas do solo. Influencia também na quantidade de água que será

efetivamente armazenada no solo após a infiltração. A textura determina a aeração do solo, ou seja, a

quantidade de ar que existe entre as partículas. Água e ar são recursos fundamentais para que os seres

vivos que estão no solo, especialmente as plantas cultivadas, realizem seus processos vitais. A textura

também influencia na distribuição dos nutrientes pelo solo, que é determinante para as plantas cultivadas.

Além disso, a textura determina a possibilidade de manejar o solo com instrumentos de máquinas,

chamada de mecanização do solo.

A textura do solo muda bastante ao longo da extensão de um terreno. Mas, de maneira geral, no Brasil os

solos apresentam uma camada superficial arenosa e outra, logo abaixo, argilosa. Assim sendo, a água

penetra mais facilmente na parte de cima e mais lentamente na camada inferior. Isto pode facilitar a

erosão do solo e prejudicar o desenvolvimento das plantas. Portanto, é de fundamental importância

conhecer as características do terreno e as técnicas de manejo do solo para garantir a produtividade dos

cultivos, aliada à conservação do solo.

Argilosos - não são tão arejados, porém armazenam mais água. Por

isso, são menos permeáveis.

A textura do solo muda bastante ao longo da extensão de um terreno. Mas, de maneira geral, no Brasil os

solos apresentam uma camada superficial arenosa e outra, logo abaixo, argilosa. Assim sendo, a água

penetra mais facilmente na parte de cima e mais lentamente na camada inferior. Isto pode facilitar a

erosão do solo e prejudicar o desenvolvimento das plantas. Portanto, é de fundamental importância

conhecer as características do terreno e as técnicas de manejo do solo para garantir a produtividade dos

cultivos, aliada à conservação do solo

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A classificação dos solos, diferentemente da classificação dos seres vivos, geralmente tem origens nacionais

ou regionais, ou seja, é baseada nas características do solo local.

Mas de maneira geral podemos classificar os solos nos seguintes tipos:

Arenosos - apresentam boa aeração e pouca umidade, por isso é permeável.

Argilosos - não são tão arejados, porém armazenam mais água. Por isso, são menos permeáveis.

Siltosos – São muito erosíveis, já que o silte tem partículas muito pequenas e leves que, porém, não se

agregam como a argila.

Humífero – apresenta maior quantidade de húmus, por isso é geralmente fértil. Apresenta coloração

escura e boa capacidade de reter água e sais minerais. Apresenta boa aeração e porosidade, uma vez que

os grãos são de tamanhos variados e de formas diversificadas.

Calcáreo – tipo de solo que fornece matéria-prima para fabricação de cal e cimento. Deste solo é retirado

um pó branco ou amarelado utilizado na fertilização de outros solos, destinados à agricultura e à pecuária.

Solo humífero

COMPETIÇÃO E CONTROLE DAS PLANTAS DANINHAS EM ÁREASAGRÍCOLAS

Na realidade, o conjunto de plantas que infestam áreas agrícolas, pecuárias e de outros setores do

interesse humano, sendo conceituadas como daninhas, são plantas com características pioneiras, ou seja,

plantas que ocupam locais onde por qualquer motivo, a cobertura natural foi extinta e o solo tornou-se

total ou parcialmente exposto. Este tipo de vegetação, não é exclusivo de ecossistema agrícola, sempre

existiu e já foi muito importante na recuperação de extensas áreas onde a vegetação original, foi extinta

por um processo natural, como ocorreu na desglaciação do pleistoceno.

As plantas com características pioneiras, via de regra, possuem grande agressividade caracterizada por

elevada e prolongada capacidade de produção de diásporas dotadas de altas viabilidades e longevidades,

que são capazes de germinar, de maneira descontínua, em muitos ambientes e que possuem adaptações

especiais para disseminação a curta e longa distância; as plantas normalmente apresentam rápidos

crescimento vegetativo e florescimento, são auto-compatíveis mas não completamente autogamas ou

apomíticas e, quando alógamas, utilizam-se de agentes de polinização inespecíficos ou o vento; quando

perenes, além de vigorosa reprodução vegetativa e de regeneração de fragmentos, as plantas devem ser

bastante frágeis, de modo que não possam ser facilmente arrancadas do solo.

Além disso, estas plantas desenvolvem mecanismos especiais que as dotam de maior capacidade de

competição pela sobrevivência, como alelopatia, hábito trepador e outras.

Resumindo, a perpetuação de uma espécie vegetal como infestante de áreas agropecuárias, está

condicionada a um compromisso entre a plasticidade de cada indivíduo e àqueles processos de longo prazo

que outorgam-lhe flexibilidade adaptativa, frente as eventuais modificações do meio e às modificações que

inexoravelmente ocorrem em condições naturais em todo o ecossistema, através do tempo.

Um conceito amplo de planta daninha é dado por SHAW (1956), que as enquadra como "toda e qualquer

planta que ocorre onde não é desejada". Um conceito mais voltado às atividades agropecuárias é exaltado

na definição proposta por BLANCO (1972) que define como planta daninha, "toda e qualquer planta que

germine expontaneamente em áreas de interesse humano e que, de alguma forma, interfira

prejudicialmente nas atividades agropecuárias do homem.

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INTERFERÊNCIAS DAS PLANTAS DANINHAS NAS ATIVIDADES DO

HOMEM

O termo interferência refere-se ao conjunto de ações que recebe uma determinada cultura ou atividade do

homem, em decorrência da presença das plantas daninhas num determinado ambiente. No presente

capítulo, segundo nosso interesse, serão apresentadas as principais interferências nas atividades

agropecuárias.

1.1. Interferências diretas

A competição é, sem dúvida, a forma mais conhecida de interferência direta das plantas daninhas nas

culturas agrícolas. Os recursos que mais freqüentemente são passíveis de competição são os nutrientes

minerais essenciais, a luz, a água e o espaço.

Certas espécies interferem alelopaticamente contra a planta cultivada causando sérios prejuízos ao seu

crescimento, desenvolvimento e produtividade. As substâncias aleloquímicas podem ser produzidas em

qualquer parte da planta, como exudatos radiculares e da parte aérea, de sementes em pleno processo

germinativo e, também, nos resíduos de certas plantas, durante o processo de decomposição da palha. São

exemplos de algumas substâncias como propriedades alelopáticas: 3-aldeído-4-metoxi-cetofenona

produzido em folhas de Artemísia absinthium: ácidoclorogênico, ácido isso-clorogênico e ácido

sulfosalicílico produzido por Digitalia sanguinalis; luteonina e apligenina produzidas por Polygonum

orientale.

As plantas daninhas também podem interferir diretamente depreciando a qualidade do produto colhido.

São exemplos: a depreciação a qualidade do produto colhido. São exemplos: a depreciação da qualidade de

fibras vegetais e animais em conseqüência de diásporos de plantas daninhas, a rejeição pelos animais

domésticos de lotes de feno contendo diásporos de Cenchrus echinatus, a não certificação de mudas

contendo plantas de Cyperus rotundus no recipiente e a não certificação de sementes agrícolas contendo

diásporos de certas espécies de plantas daninhas.

1.2. Interferências indiretas

As plantas daninhas também assumem grande importância quando atuam como hospedeiras alternativas

de pragas, moléstias, nematóides e plantas parasitas. No caso de nematóides, as plantas daninhas

praticamente inviabilizam os programas de controle pela rotação com culturas não susceptiveis. Para

ilustrar, apenas para o Meloidogyne javanica, só no Brasil já foram relatadas 57 espécies de plantas

daninhas que atuam como hospedeiras alternativas. Dentre elas destacam-se espécies de ampla e

generalizada ocorrência nos ambientes agrícolas do Brasil.

A IMPORTÂNCIA DAS PLANTAS DANINHAS NA AGRICULTURA

Podem ser utilizadas para controle da erosão em áreas degradadas, processos de fitorremediação,

tratamentos fitoterápicos e alimento para inimigos naturais

O surgimento das plantas daninhas ocorreu junto com o desenvolvimento da agricultura, há cerca de 12 mil

anos. No início, havia maior equilíbrio entre as diversas espécies. Com o crescimento da população e,

conseqüentemente, maior interferência humana nos cultivos, iniciou-se um processo gradual de seleção.

As espécies sem interesse agrícola passaram a ser indejesadas e sua multiplicação e alta capacidade de

adaptação permitiu-lhes sobreviver a diversos ambientes, tornando-se necessário a adoção de medidas de

controle.Atualmente, não há dúvidas de que a presença de plantas daninhas cause prejuízos aos

agricultores. Em média, cerca de 20-30% do custo de produção de uma lavoura se deve ao custo do

controle das plantas daninhas. Geralmente, apresentam crescimento rápido e facilidade de disseminação,

produzem grande número de sementes e crescem em condições adversas. Seus prejuízos estão

diretamente relacionados às perdas na produtividade e na qualidade dos produtos. Um exempo típico é o

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que ocorre com sementes de picão-preto (Bidens pilosa) no cultivo do algodoeiro. Muitas espécies também

são extremamente danosas em campos de sementes, pois podem impedir a sua certificação. Em áreas de

pastagem, espécies como cafezinho (Palicourea marcgravii) e oficial-de-sala (Asclepias curassavica)

intoxicam os animais levando-os à morte.

Outras espécies podem, também, parasitar plantas. Exemplo comum no Brasil ocorre com a erva-de-

passarinho (Phoradendron rubrum) em citros, ocasionando perdas na produção e morte das plantas. Em

outros países, ocorre o parasitismo em plantas de milho ocasionado pela erva-de-bruxa (Striga lutea),

espécie daninha de difícil controle devido ao seu desenvolvimento abaixo da superfície do solo.

Indiretamente, as plantas daninhas também podem afetar as lavouras, sendo hospedeiras de pragas e

doenças. No caso das guanxumas (Sida ssp.), a maioria é hospedeira do vírus do mosaico-dourado do

feijoeiro, transmitido pela mosca-branca. O capim-massambará (Sorghum halepense), hospedeiro do vírus

do mosaico da cana-de-açúcar, está geralmente presente em canaviais. Demais prejuízos indiretos ocorrem

pela dificuldade de colheita na presença de plantas daninhas como corda de viola (Ipomoea sp), carrapicho

(Cenchrus echinatus), unha de gato (Acassia plumosa) e mucuna (Mucuna pruriens) ou mesmo pela

dificuldade de manejo após o cultivo, depreciando o valor da terra, a exemplo do que ocorre pela tiririca

(Cyperus rotundus). Além das áreas agrícolas, o manejo de plantas daninhas é importante, também, em

áreas industriais, ferrovias, espaços públicos ou mesmo em represas para geração de energia elétrica.

Nesses corpos d’água, espécies como taboa (Typha angustifolia) e aguapé (Eichornia crassipes) proliferam

rapidamente. Durante o processo de passagem da água pelas turbinas, a massa densa dessas espécies

interrompe o fluxo normal, danifica e onera a manutenção dos equipamentos. Outras plantas como salvínia

(Salvinia molesta) e alface d água (Pistia stratiotes) aumentam as perdas de água, pois reduzem o seu

aproveitamento. Entretanto, muitos benefícios também podem ser obtidos pelo conhecimento e uso

correto de plantas daninhas. Devido a sua velocidade de crescimento, muitas são usadas no controle da

erosão em áreas degradadas, como o que ocorre com as gramíneas (Brachiaria brizantha, B. decumbens, B.

ruziziensis e Panicum maximum). Outras são utilizadas nos processos de fitorremediação, permitindo a

retirada ou degradação de compostos residuais no solo, ou seja, além de absorver água e nutrientes que as

fazem crescer, algumas espécies são capazes de absorver elementos poluentes, funcionando como filtros

biológicos, como exemplo para Stizolobium aterrimum, Lupinus albus e Canavalia ensiformes, entre outras.

Muitas espécies consideradas daninhas podem ainda servir na medicina para tratamento fitoterápico a

partir da infusão de folhas, a exemplo do uso popular de quebra-pedra (Phyllanthus niruri) ou da urtigueira

(Urtica dioica), ou fornecendo inúmeros compostos para sua extração. Algumas plantas daninhas servem

também de alimento para inimigos naturais ou mesmo para as abelhas melíferas, como o assapeixe

(Vernonia polyanthes) e a vassourinha de botão (Borreria verticillata). Desta forma, com tantas vantagens e

desvantagens, devemos utilizar boas práticas de gestão das plantas daninhas, principalmente no ambiente

agrícola. O manejo integrado é uma das práticas que se inicia com a escolha do local de semeadura e da

variedade, a qual deve ser adequada à fertilidade e ao pH do solo. A densidade de semeadura e o

espaçamento correto também facilitam o seu manejo durante o cultivo. O manejo químico, apesar de

importantíssimo, deve levar em consideração a dinâmica das plantas, as práticas culturais e o sistema de

semeadura utilizado, assim como, a tecnologia disponível. O manejo após o cultivo é outra questão

importantíssima na redução da infestação e que deve ser considerado na gestão de plantas

daninhas.Todavia, o que se observa é o uso inadequado das tecnologias e perda de controle de muitas

espécies daninhas. Um exemplo é o que ocorreu com a introdução da soja resistente ao glifosato. Com o

uso contínuo e exagerado deste herbicida, biótipos resistentes das espécies buva (Conyza bonariensis),

capim amargoso (Digitaria insularis), azevém (Lolium multiflorum) e leiteiro (Euphorbia heterophylla) já

foram selecionados e outras espécies também apresentam tolerância como trapoeraba (Commelina

benghalensis) e erva quente (Spermacoce latifolia), entre outras. Recentemente, a Embrapa, em conjunto

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com a iniciativa privada, está trabalhando no lançamento de soja resistente ao grupo químico das

imidazolinonas, como nova alternativa no manejo de plantas daninhas. Porém, a orientação de uso da

tecnologia deverá ser repassada para os produtores, para não ocorrer novos casos de resistência.

A partir do proposto, o manejo integrado deve combinar métodos de controle preventivo e curativo, sem

se esquecer do conhecimento prático das características de cada espécie de planta daninha. Novos

programas de controle devem ser avaliados para garantir o avanço tecnológico, que deverá focar,

principalmente, na determinação das características biológicas e nos mecanismos de competição entre as

espécies. Por meio da gestão integrada de plantas daninhas é possível reduzir sua interferência nos cultivos

agrícolas, sem comprometer as demais áreas.

REGISTRO NACIONAL DE CULTIVARES

RNC

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ciente da sua responsabilidade no contexto da

agricultura brasileira, estabeleceu mecanismos, através de legislação específica, para a organização e

funcionamento de um sistema de Registro Nacional de Cultivares, que permitam a ação conjunta de sua

própria estrutura e outras instituições do poder público e da iniciativa privada na execução da política

nacional para o setor agrícola brasileiro.

O Registro Nacional de Cultivares – RNC é o cadastro de cultivares habilitadas para a produção,

comercialização e utilização de sementes e mudas em todo território nacional.

Sua importância deve-se à condição de ser um instrumento de ordenamento do mercado que visa proteger

o agricultor da venda indiscriminada de sementes e mudas de cultivares não testadas ou validadas face às

condições da agricultura brasileira.

O Registro Nacional de Cultivares teve como fundamento legal os princípios estabelecidos nos artigos 21 e

29 do Decreto nº 81.771, de 07 de junho de 1978 (Anexo I), que regulamentou a antiga Lei de Sementes,

nos quais estavam previstos que somente seriam elegíveis para certificação e para o sistema de produção

de sementes e mudas fiscalizadas, as espécies agrícolas, cultivares ou híbridos, previamente aprovados pela

entidade certificadora/fiscalizadora, com base em recomendação da pesquisa e que atendesse aos

interesses da agricultura nacional.

1. SITUAÇÃO ATUAL

O Registro Nacional de Cultivares atualmente está regido pela Lei nº 10.711, de 05/08/2003 e

regulamentado pelo Decreto nº 5.153, de 23/07/2004.

Os atos complementares são:

I –Portaria nº 85, de 05 de maio de 1998

II – Portaria nº 264, de 14 de setembro de 1998

III – Portaria nº 294, de 14 de outubro de 1998

IV – Instrução Normativa nº 06, de 22 de abril de 2003

V – Instrução Normativa nº 01, de 01 de junho de 2004

VI – Instrução Normativa nº 30, de 10 de novembro de 2004

VII – Instrução Normativa nº 36, de 28 de dezembro de 2004

VIII – Instrução de Serviço nº 001/2001, de 14 de agosto de 2001

IX – Instrução de Serviço nº 01/2005, de 10 de fevereiro de 2005

2. CONCEITUAÇÕES

2.1 – Auditoria: verificação de processos e controle de pessoas físicas e jurídicas credenciadas para a

execução de determinadas atividades e tarefas normatizadas;

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2.2 – Beneficiador: toda pessoa física ou jurídica, registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento para exercer atividade de beneficiamento de sementes para terceiros, assistida por

Responsável Técnico;

2.3 – Comerciar: exercer uma ou mais das seguintes atividades: anunciar, expor à venda, ofertar, vender,

permutar, consignar ou reembalar;

2.4 – Comerciante: toda pessoa física ou jurídica que exerce a atividade de comerciar;

2.5 - Cultivar: subdivisão de uma espécie agrícola que se distingue de outra por qualquer característica

perfeitamente identificável, seja de ordem morfológica, fisiológica, bioquímica ou outras julgadas

suficientes para sua identificação;

2.6 – Cultivar comercial: é o conjunto de indivíduos botânicos cultivados, que se distinguem por

determinados caracteres morfológicos, fisiológicos, citológicos, químicos ou outros de caráter agronômico

ou econômico e que em reprodução sexuada ou na multiplicação vegetativa, conservem seus caracteres

distintivos.

Uma cultivar comercial deve ser mantida, por pessoa física ou jurídica, em condições suficientes para

assegurar a renovação do estoque de sementes e de manutenção da sua identidade genética e pureza

varietal;

2.7 – Cultivar distinta: é a cultivar que se distingue claramente de qualquer outra cuja existência do pedido

de proteção seja reconhecida;

2.8 - Cultivar estável: é a cultivar que, reproduzida em escala comercial, mantenha a sua homogeneidade

através de gerações sucessivas;

2.9 – Cultivar essencialmente derivada: é a aquela que é essencialmente derivada de outra cultivar se,

cumulativamente:

a) for, predominantemente derivada da cultivar inicial ou de outra cultivar essencialmente derivada, sem

perder a expressão das características essenciais que resultem do genótipo ou da combinação de genótipos

da cultivar da qual derivou, exceto no que diz respeito às diferenças resultantes da derivação;

b) for, claramente distinta da cultivar da qual derivou, por margem mínima de descritores, de acordo com

critérios estabelecidos pelo órgão competente;

c) e, não tenha sido oferecida à venda no Brasil há mais de doze meses em relação à data do pedido de

proteção e que, observado o prazo de comercialização no Brasil, não tenha sido oferecida à venda em

outros países, com o consentimento do obtentor, há mais de seis anos para espécies de árvores e videiras e

animais de quatro anos para as demais espécies;

2.10 – Cultivar homogênea: é a cultivar que, utilizada em plantio, em escala comercial, apresente

variabilidade mínima quanto aos descritores que a identifiquem, segundo critérios estabelecidos pelo órgão

competente;

2.11 – Descritor: característica morfológica, fisiológica, bioquímica ou molecular que seja herdada

geneticamente, utilizada na identificação de cultivar;

2.12 – Detentor: pessoa física ou jurídica depositária de sementes ou mudas ou titular do direito de

proteção de cultivar;

2.13 – Entidade de melhoramento de plantas: toda pessoa jurídica legalmente habilitada a exercer, através

de melhorista ou melhorador, atividade de melhoramento de plantas;

2.14 – Espécie agrícola: uma ou mais espécies, subespécies, variedades ou formas botânicas próximas que,

isolada ou coletivamente, são conhecidas pelo nome comum do produto;

2.15 – Híbrido: a primeira geração de um cruzamento feito sob condições controladas entre progenitores

de constituição genética diferente e de pureza varietal definida;

2.16 – Linhagens: são os materiais genéticos homogêneos obtidos por algum processo autogâmico

continuado;

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2.17 – Mantenedor: a pessoa física ou jurídica que se responsabiliza por disponibilizar um estoque mínimo

de material de multiplicação ou propagação de uma cultivar inscrita no Registro Nacional de Cultivares,

conservando suas características de identidade genética e pureza varietal;

2.18 – Margem mínima: conjunto mínimo de descritores, a critério do órgão competente, suficiente para

diferenciar uma nova cultivar essencialmente derivada das demais cultivares conhecidas;

2.19 – Melhorista: pessoa física que obtiver cultivar e estabelecer descritores que a diferenciam das

demais;

2.20 – Muda: estrutura vegetal proveniente de reprodução sexuada ou assexuada, produzido sob

responsabilidade do seu produtor e do responsável técnico, e que atenda as normas, aos padrões e aos

requisitos estabelecidos. Geralmente, são mudas:

a) de fruteira – a muda de espécie agrícola de valor florestal, comumente cultivada em pomares;

b) florestal – a muda de espécie agrícola de valor florestal, utilizada em florestamento ou reflorestamento;

c) ornamental – a muda de espécie botânica, comumente usada em ornamentação;

d) de forrageira – a muda de espécie agrícola de planta utilizada com finalidade de produzir forragem;

2.21 – Obtentor: a pessoa física ou jurídica que obtiver nova cultivar ou cultivar essencialmente derivada;

2.22 – Origem genética: o conjunto de informações especificando os progenitores e o processo utilizado na

obtenção da cultivar; 3.23 – Padrão: o conjunto de atributos estabelecidos por ato oficial do Ministério da

Agricultura e do Abastecimento que permite avaliar a qualidade da semente ou da muda;

2.24 – Produtor: toda pessoa física ou jurídica que produza sementes com a finalidade específica de

semeadura ou plantio, assistida por responsável técnico;

2.25 – Reembalador: toda pessoa física ou jurídica, devidamente registrada como comerciante de sementes

ou mudas, que as reembala e revenda em embalagem com sua própria rotulagem;

2.26 – Registro Nacional de Cultivares: é um cadastro que se baseia na organização de informações precisas

sobre as características das cultivares, tendo como finalidade assegurar a identidade genética e a qualidade

varietal das cultivares habilitadas para produção e comercialização, em todo território nacional, resguardar

as cultivares melhoradas contra a degradação decorrente de misturas mecânicas, cruzamentos, trocas de

nomes (denominação) e outras ocorrências acidentais, reconhecendo a importância das cultivares

melhoradas para o aumento da produtividade agrícola;

2.27 – Responsável técnico: engenheiro agrônomo ou engenheiro florestal registrado no Conselho Regional

de Engenharia, Arquitetura e Agronomia que, apresentando termo de compromisso ao órgão de registro de

produtor de sementes e mudas e às entidades do sistema de produção, bem como atendendo às normas

estabelecidas, fique responsável por todas as fases da produção desses insumos;

2.28 – Semente: estrutura vegetal, proveniente de reprodução sexuada ou assexuada, utilizada na

propagação de uma espécie, produzida sob responsabilidade do seu produtor e do responsável técnico,

destinada à semeadura, e que atenda as normas, aos padrões e aos requisitos estabelecidos.

Geralmente as sementes são:

a) de grande cultura – a semente de cereal, forrageira, oleaginosa, planta fibrosa ou quaisquer outras

espécies agrícolas comumente cultivadas em áreas extensas;

b) olerícola – a semente de espécie agrícola conhecida como hortaliça;

c) florestal – a semente de plantas de valor florestal utilizada em florestamento ou reflorestamento;

d) ornamental – a semente de plantas comumente utilizada em ornamentação;

e) diversas – as espécies agrícolas não especificadas nos grupos anteriores

(frutíferas e outras).

Como material de reprodução, temos:

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a) semente genética: material de reprodução obtido a partir de processo de melhoramento de plantas, sob

a responsabilidade e controle direto do seu obtentor ou introdutor, mantidas as suas características de

identidade e pureza genética;

b) semente básica: material obtido da reprodução de sementes genética, realizada de forma a garantir sua

identidade genética e sua pureza varietal;

c) semente certificada de primeira geração: material de reprodução vegetal resultante da reprodução de

semente básica ou de semente genética;

d) semente certificada de segunda geração: material de reprodução vegetal

resultante de reprodução de semente genética, de semente básica ou de semente certificada de primeira

geração;

e) semente para uso próprio: quantidade de material de reprodução vegetal guardada pelo agricultor, a

cada safra, para semeadura ou plantio exclusivamente na safra seguinte e em sua propriedade ou outra

cuja posse detenha, observados, para cálculo da quantidade, os parâmetros registrados para a cultivar no

Registro Nacional de Cultivares – RNC.

2.29 – Teste de distinguibilidade, homogeneidade e estabilidade (DHE): é o procedimento técnico de

comprovação de que a nova cultivar ou a cultivar essencialmente derivada são distinguíveis de outra cujos

descritores sejam conhecidos, homogêneas quanto às suas características em cada ciclo reprodutivo, e

estáveis quanto à repetição das mesmas características ao longo de gerações sucessivas.

3. OBJETIVOS DO REGISTRO NACIONAL DE CULTIVARES

3.1 – Substituir os antigos sistemas de avaliação e recomendação de cultivares e

do registro de cultivares (Portarias números 178 e 271) por meio da implantação

de um cadastro de informações fornecidas pelo obtentor ou detentor dos direitos

de exploração de uma cultivar, atribuindo ao mesmo a responsabilidade da

avaliação e indicação da cultivar para o cultivo agrícola.

3.2 – Promover a inscrição prévia de novas cultivares nacionais e estrangeiras,

habilitando-as para a produção, comercialização e utilização no País.

3.3 – Implementar um cadastro de informações sobre o valor de cultivo e uso de

novas cultivares e de suas características.

3.4 – Disponibilizar uma Listagem Nacional de Cultivares Registradas atualizada

das espécies e cultivares disponíveis no mercado pela Internet. Esta Listagem é

uma listagem das cultivares registradas no RNC e de seus mantenedores.

4. IMPORTÂNCIA DO REGISTRO NACIONAL DE CULTIVARES

É um instrumento de ordenamento do mercado, visando proteger o agricultor da venda indiscriminada de

sementes e mudas de cultivares que não tenham sido testadas ou validadas nas condições edafo-climático

de exploração agrícola no Brasil

5. FINALIDADE E ALCANCE DO REGISTRO NACIONAL DE CULTIVARES

A finalidade e alcance do registro nacional de cultivares é disciplinar a utilização de cultivares que tenham

uma aplicação marcante na agricultura nacional, que reunam as condições técnicas de serem distintas,

homogêneas e estáveis e que possuam um valor de cultivo e uso - VCU, identificado.

6. BENEFICIÁRIOS DO REGISTRO NACIONAL DE CULTIVARES

Pessoas físicas ou jurídicas que sejam obtentoras ou introdutoras de novas cultivares ou sejam detentoras

dos direitos de exploração comercial de uma cultivar.

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ANÁLISE SANITÁRIA DE SEME ANÁLISE SANITÁRIA DE SEMENTESNTES

As sementes de modo geral podem abrigar e transportar microrganismos ou agentes patogênicos de todos

os grupos taxonômicos, causadores e não causadores de doenças. Do ponto de vista ecológico, esses

agentes podem ser agrupados em organismos de campo, onde predominam espécies fitopatogênicas, e

organismos de armazenamento, com pequeno número de espécies que deterioram as sementes nesta fase.

Os fungos englobam o maior número de espécies associadas às sementes, seguidos pelas bactérias, com

um número expressivo de representantes e os vírus e nematóides, em menor número. Dentre os fungos

fitopatogênicos, a maioria pode ser transmitida pelas sementes de seus hospedeiros.

2.1 Grupos de fungos associados às sementes

O agrupamento dos fungos, para efeito de entendimento e seleção de métodos de detecção em sementes

pode ser realizado de forma simplificada tomando se como base a natureza de parasitismo destes

organismos, biotróficos e necrotróficos. A classificação taxonômica clássica e moderna torna-se também de

grande valor, posto que os métodos de detecção dos fungos mantém uma certa correlação com os grupos

distinguidos pelas características que os marcam nestas classificações. Os agrupamentos com base em

características morfológicas, como tipo de frutificação, tamanho, forma e cor de esporos e outras

propriedades são importantes para a identificação desses organismos por ocasião de uma análise sanitária.

A Divisão informal dos fungos nos dois grandes grupos, tendo se como referencial a natureza do

parasitismo, é importante, pelo fato de que os fungos biotróficos não completam seu ciclo biológico em

condições artificiais, e isto faz com que estruturas típicas que os caracterizam não sejam formadas em

testes de sanidade que empregam métodos artificiais que induzem a formação destas estruturas. Por sua

vez, as espécies necrotróficas, que englobam a maioria das espécies associadas às sementes, podem ser

mais facilmente reconhecidas nessas condições, posto que podem completar seu ciclo biológico parcial ou

completo, formando estruturas típicas que podem ser reconhecidas com auxilio de microscópios. Para

algumas espécies necrotróficas, de crescimento lento ou em casos de espécies que dificilmente produzem

frutificações na maior parte de seu ciclo biológico, é necessário que métodos específicos ou especiais sejam

desenvolvidos.

A classificação dos fungos com base em: (1) caráter de evolução, (2) características morfológicas e, (3)

processos de divisão celular, mitospórico e meióspórico tornam-se também, de certa forma, de grande

valor para o analista dando lhe segurança no exame das sementes. O conhecimento das estruturas dos

fungos em seu ciclo biológico é, portanto, um requisito indispensável por parte dos analistas. Conceituação

e descrições detalhadas de estruturas fúngicas como, acérvulos, picnídios, esporodóquios, sinêmios,

clamidósporos, escleródios ou esclerócios, peritécios, além dos diferentes tipos de esporos/conídios,

podem ser encontrados em livros textos especializados, devendo ser consultados constantemente pelos

analistas e demais profissionais ligados a análise sanitária de sementes, em casos de dúvidas.

Marcadores fisiológicos, bioquímicos e moleculares, constituem modernamente a base do

desenvolvimento de alguns métodos de detecção de fungos, facilitando e conferindo segurança aos testes

de sanidade para inúmeras espécies.

1.2 Grupos de bactérias associados às sementes

As bactérias podem sobreviver nas sementes, como latente, em baixas populações tendo sua multiplicação

paralisada. A semente infectada pode ou não apresentar sintomas, na maioria das vezes não apresenta.

Neste caso, se as sementes forem postas para germinar em substrato esterilizado (areia, vermiculita, solo e

outros) de forma individualizada e mantidas em casa de vegetação ou câmara de crescimento, a partir da

emergência das plântulas, poderá se observar a ocorrência de sintomas característicos da infecção pelo

patógeno alvo. Então, é realizado o isolamento da bactéria e sua posterior identificação. Este também pode

ser um método de detecção de bactérias em sementes, com a vantagem de permitir a determinação da

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porcentagem de transmissão do patógeno; entretanto, não permite a detecção de bactérias em sementes

não germinadas.

Regras para Análise de Sementes

OBJETIVO

Obter uma amostra de tamanho adequado para os testes, na qual estejam presentes os mesmos

componentes do lote de sementes e em proporções semelhantes.

A quantidade de sementes analisadas é, em geral, muito pequena em relação ao tamanho do lote que

representa. Para se obter resultados uniformes e precisos em análise de sementes, é essencial que as

amostras sejam tomadas com todo cuidado e em conformidade com os métodos estabelecidos nas

presentes

Regras para Análise de Sementes – RAS.

Por mais criterioso que seja o procedimento técnico empregado na análise, os resultados não podem

indicar senão a qualidade das sementes contidas na amostra submetida a exame, conseqüentemente,

todos os esforços devem ser feitos para assegurar que a amostra enviada para análise represente,

corretamente, a composição do lote em questão. Do mesmo modo, ao reduzir essa amostra no laboratório,

toda a precaução deve ser tomada pelo analista a fim de que as amostras a serem usadas nas diversas

determinações, sejam por sua vez representativas da amostra remetida ao laboratório de análise de

sementes.

AMOSTRAS

a) Amostra Simples

É uma pequena porção de sementes retirada de um ponto do lote.

b) Amostra Composta

É a amostra formada pela combinação e mistura de todas as amostras simples retiradas do lote.

Esta amostra é usualmente bem maior que a necessária para os vários testes e normalmente necessita ser

adequadamente reduzida antes de ser enviada ao laboratório.

c) Amostra Média

É a própria amostra composta ou subamostra desta, com tamanho mínimo especificado nestas Regras para

Análise de Sementes. É a recebida pelo laboratório para ser submetida à análise.

d) Amostra Duplicata

É a amostra obtida da amostra composta e nas mesmas condições da amostra média e identificada como

“Amostra Duplicata”. É obtida para fins de fiscalização da produção e do comércio de sementes, no caso da

necessidade de uma reanálise.

e) Amostra de Trabalho

É a amostra obtida no laboratório, por homogeneização e redução da amostra média até os pesos mínimos

requeridos e nunca inferiores, para os testes prescritos nestas RAS.

f) Subamostra

É a porção de uma amostra obtida pela redução da amostra de trabalho, usando-se um dos equipamentos

e métodos de divisão prescritos

ARMAZENAMENTO DAS AMOSTRAS

1.6.1 ANTES DA ANÁLISE

Todo esforço deve ser feito para iniciar a análise da amostra no dia do seu recebimento ou reduzir ao

mínimo o tempo entre a amostragem e a análise. Se for necessário conservar a amostra média durante

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algum tempo antes da análise, esta deve ser armazenada em local preferencialmente climatizado, de tal

maneira que as alterações na qualidade da semente como dormência, grau de umidade e porcentagem de

germinação sejam as mínimas possíveis.

1.6.2 DEPOIS DA ANÁLISE

Uma vez retiradas todas as amostras de trabalho necessárias para as diversas determinações, as sementes

restantes da amostra média são colocadas em recipientes apropriados e irão constituir a amostra de

arquivo. Esta e todas as sobras de sementes resultantes da análise de pureza ou de qualquer outra

determinação deverão ser armazenadas, em separado, por um período equivalente ao da validade do teste

de germinação.

A porção “Semente Pura” poderá ser arquivada, em separado da amostra de arquivo, nas mesmas

condições, para ser usada em outros testes que não o de pureza, nos casos em que a amostra de arquivo

seja insuficiente para realização dos testes.

As amostras devem ser armazenadas em locais adequados, de acordo com a espécie, com controle de

temperatura e de umidade relativa. O laboratório não pode, entretanto, ser responsabilizado pelo declínio

da porcentagem de germinação durante o armazenamento das amostras de arquivo. Tratamentos com

inseticidas e contra animais roedores são muitas vezes necessários para o armazenamento seguro dessas

amostras.

As amostras enviadas ao laboratório em embalagens herméticas deverão ser armazenadas nas condições

semelhantes às originais de embalagem.

SEMENTES NÃO GERMINADAS

a) Sementes Duras

São as sementes que permanecem sem absorver água por um período mais longo que o normal e

se apresentam, portanto, no final do teste com aspecto de sementes recém colocadas no substrato, isto é,

não intumescidas. Relativamente comum em determinadas espécies, principalmente em Fabaceae e

Malvaceae, mas também podem ocorrer em outras famílias. Este fenômeno é motivado pela

impermeabilidade do tegumento das sementes à água, sendo, portanto, um tipo de dormência.

Ao se verificar a presença de sementes duras no final do teste de germinação elas deverão permanecer no

substrato por um período adicional de até sete dias juntamente com aquelas que, nessa ocasião, ainda se

encontram intumescidas ou em estado inicial de germinação. As plântulas normais encontradas no fim do

período adicional serão incluídas na porcentagem de germinação, e as sementes que permanecerem duras

serão informadas em local apropriado.

Quando se verificar a presença de sementes duras, o laboratório poderá usar um dos prétratamentos

específicos para superar a dureza das sementes da espécie. Neste caso, o laboratório conduz um novo teste

com sementes retiradas da fração “Semente Pura”.

b) Sementes Dormentes

São as sementes que embora viáveis não germinam, mesmo quando colocadas nas condições

especificadaspara a espécie em teste. Algumas dessas sementes são capazes de absorver água e

intumescer, mas não germinam nem apodrecem até o final do teste.

Nem todas as sementes classificadas como dormentes ao final do teste de germinação são viáveis,

podendo haver entre elas sementes mortas. A viabilidade das sementes classificadas como dormentes

pode ser verificada pelo teste de tetrazólio.

Como são várias as causas que determinam a dormência, são também vários os métodos empregados nos

laboratórios, para provocar a germinação dessas sementes.

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c) Sementes Mortas

São as sementes que no final do teste não germinam, não estão duras, nem dormentes, e geralmente,

apresentam-se amolecidas, atacadas por microorganismos e não apresentam nenhum sinal de início de

germinação.

d) Outras Categorias de Sementes não Germinadas (só é realizado quando solicitado)

Em algumas circunstâncias, sementes não germinadas podem ser classificadas como:

Sementes vazias

São as sementes que estão completamente vazias ou contêm apenas algum tecido residual.

Sementes sem embrião

São as sementes que contêm embrião em formação ou tecido gametofítico nas quais não existe,

aparentemente, a cavidade embrionária ou o embrião.

Sementes danificadas por insetos

São as sementes que contêm larvas ou mostram evidências de ataque de insetos afetando a sua

capacidade germinativa.

MATERIAIS

SUBSTRATO PAPEL

Os tipos de papel comumente utilizados como substrato são o mata-borrão, o papel toalha e o de filtro.

SUBSTRATO AREIA

ESPECIFICAÇÕES PARA A ÁGUA

a) Especificações Gerais

• Qualidade - a água usada para umedecer o substrato deve ser livre de impurezas orgânicas e inorgânicas.

Se a água da torneira não atender essas características, pode ser usada água destilada.

• pH - a água deve apresentar pH de 6,0-7,5.

b) Controle de Qualidade

Recomenda-se realizar uma análise periódica da água para assegurar a sua qualidade.

EQUIPAMENTOS PARA GERMINAÇÃO

GERMINADORES

Embora bastante variáveis quanto ao tamanho, sistema empregado para a acomodação das amostras,

dispositivos adotados para o controle de temperatura, luz, umidade relativa do ar interno e de outros

detalhes, os germinadores mais usados na grande maioria dos Laboratórios de Análise de Sementes podem

ser incluídos em um dos tipos a seguir descritos:

Germinador de Câmara

Germinador de Sala

Combinação de Germinadores (Sala x Câmara)

Produção de sementes

A semente é o ponto de partida para se ter uma boa lavoura e, conseqüentemente, uma boa produção.

Desse modo, uma lavoura destinada à produção de sementes deve obedecer às normas de produção de

cada cultura. Essas normas são estabelecidas pelas Comissões Estaduais de Sementes e Mudas - CESMI's e

devem ser observadas rigorosamente.

A produção de sementes pode ser feita em cultivo de sequeiro ou irrigado. No caso do cultivo de sequeiro é

importante que o plantio seja feito em uma época que possibilite a colheita no final do período chuvoso,

quando as chuvas são leves e esparsas. A colheita em período seco é de fundamental importância para uma

boa qualidade das sementes. No cultivo irrigado, os turnos de irrigação devem ser escalonados de modo

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que a última irrigação seja feita no início da maturidade das vagens. Desse modo, a vagem alcança a

maturidade em ambiente com baixa umidade, o que assegura uma alta qualidade de grãos.

A região Nordeste, particularmente nos meses secos, apresenta condições excelentes para produção de

sementes sob irrigação. Na escolha do local é importante que sejam observados alguns aspectos: a área

deve ser bem drenada; o solo deve ser fértil; e não deve estar infestado com ervas daninhas agressivas, que

possam se misturar às sementes e serem levadas para outras áreas. É muito importante, também, que o

solo esteja livre de doenças, que possam ter seus agentes causais veiculados por sementes e que não

possam ser controlados por meio de tratamento dessas sementes. Não é recomendável usar a mesma área

repetidas vezes para produção de sementes; é aconselhável adotar um manejo que quebre o ciclo das

ervas, pragas e doenças, e possibilite recuperar o nível de fertilidade do solo.

O campo deve ser mantido livre de ervas durante todo o ciclo da cultura, principalmente na época da

colheita. Isso reduz a possibilidade de sementes de ervas se misturarem às sementes do caupi e serem

disseminadas para outras áreas de produção.

É necessário que seja feito o acompanhamento da lavoura quanto à ocorrência de pragas e doenças e que

sejam tomadas medidas necessárias ao controle das mesmas. Isso é importante para que a lavoura seja

mantida livre de pragas e doenças importantes e para que não seja comprometido o rendimento da

cultura. É importante também que a semente tenha alto padrão fitossanitário.

Conforme disposto na Lei nº 10.711, de 5 de agosto de 2003, é atribuição do Ministério da Agricultura

fiscalizar a produção e o comércio de sementes e de mudas, assegurando qualidade para o consumidor.

A Lei nº 10.711 instituiu o Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem), obrigatório para pessoas

físicas e jurídicas que exerçam as atividades na produção, beneficiamento, embalagem, armazenamento,

análise, comércio, importação e exportação de sementes e mudas. Devem ter número de registro os

responsáveis técnicos, entidades de certificação, certificador de sementes ou mudas de produção própria,

laboratório de análise e amostrador na área de sementes e mudas.

O Registro Nacional de Cultivares (RNC) tem por finalidade habilitar previamente cultivares para a produção

e a comercialização de sementes e mudas no País.

O trigo é o segundo cereal mais produzido no mundo, com significativo peso na economia agrícola global.

No Brasil, o trigo é cultivado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A produção recebe reforço

sistemático dos órgãos de governo, uma vez que as condições climáticas são desfavoráveis à cultura.

O Ministério da Agricultura tem como desafio estimular a produção do trigo minimizando os efeitos

climáticos. Estudos de zoneamento de risco climático para os principais estados produtores, reajuste dos

preços mínimos em níveis que sustentem a formação da renda da atividade e ampliação do limite de

financiamento para custeio das lavouras são algumas das ações desenvolvidas para aumentar a produção

de trigo e diminuir a dependência externa do País em relação ao cereal.

Estimativas do ministério prevêem uma taxa de aumento de consumo do trigo de 1,31% ao ano. Ainda

assim, acredita-se na possibilidade de redução das importações, uma vez que o Brasil vem investindo na

autossuficiência da produção interna do cereal. Em 2009, a política de incentivos lançada pelo ministério

propiciou aumento de 50% em relação à safra do ano anterior.

ADUBAÇÃO E CONTROLES ALTERNATIVOS

A manipueira, nas diluições utilizadas no ensaio, atuou como um excelente fertilizante foliar para a cultura

testada, induzindo-a a uma produção bem superior àquela obtida com o produto comercial então usado

como referencial de avaliação nutricional. Aliás, este adubo sintético não correspondeu, na prática

experimental, à expectativa de uma boa rentabilidade, haja vista que o aumento de produção por ele

proporcionado em relação à testemunha não foi estatisticamente significativo. A propósito, cabe destacar

que a sua composição química é quantitativa e qualitativamente inferior à da manipueira, pois reúne

menor número de nutrientes, a par de nutrientes em teores abaixo daqueles que se registram na

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manipueira, em cuja composição destacam-se, por ordem de grandeza, os elevados niveis de K, N, Mg, P,

Ca e S.

U R I N A D E V A C A:

CAFÉ:

Está sendo utilizados 5% de diluição, isto são 5 litros do biofertilizante para 95 litros de água ou um litro

em cada bomba do pulverizador de 20 litros.

As pulverizações são feitas após a colheita, 2 a 3 vezes do ano.

Outra prática é regar o tronco do café com 2 litros da mistura a 5%%, isto é, 5 litros para 95 litros de

água, isto deve ser feito após a colheita do café .

Esta prática é bastante importante para reativar a brotação e não deixar as folhas caírem do pé.

Para o controle de bicho mineiro, utilizar a diluição de 15% isto é 3 litros de urina para 1 bomba do

pulverizador de 20 litros. Assim que tiver nova infestação de bicho mineiro aplicar novamente, com a

mesma diluição.

O biofertilizante pode ser utilizado também para MUDAS, pulverizando e regrando o tronco. Com a

diluição de 3%, ou seja, 3 litros para 97 litros de água ou 1/2 litro em cada bomba do pulverizador de 20

litros.

Solos

O solo pode ser considerado resultado da adaptação das rochas às condições de equilíbrio do meio em que

se encontram expostas, geralmente diferentes daquele que condicionou sua gênese. Os problemas

ambientais têm sido e são abordados como conseqüência, entre outras, das disfunções que a atividade

humana provoca, e de suas repercussões. A ação às vezes negligente, do agricultor sobre o solo, tem

conduzido à deterioração, freqüentemente irreversível, das suas propriedades, afetando o seu potencial

produtivo, no processo complexo conhecido como degradação das interações físicas, químicas e biológicas.

Na natureza, além dos processos de formação dos solos, existem outros, principalmente derivados da ação

dos agentes erosivos, que atuam em sentido contrário. Normalmente, produz-se uma harmonia entre a

ação de uns e de outros, estabelecendo-se um equilíbrio entre os mecanismos de "desgaste" e de

"formação" do solo. Nos ambientes semi-áridos e tropicais, este equilíbrio é muito frágil e fácil de se

romper, na maioria das vezes em prejuízo do solo. É na zona semi-árida, onde se cultiva a maior área com

algodão irrigado e quando o homem interfere de forma decisiva, sobre este equilíbrio, pode desnivelá-lo a

favor dos mecanismos de desgaste.

Os principais constituintes do solo são:

Textura

A textura do solo refere-se à proporção relativa em que se encontram, em determinada massa de solo, os

diferentes tamanhos de partículas. Refere-se, especificamente, às proporções relativas das partículas ou

frações de areia, silte e argila na terra fina seca ao ar (TFSA). É a propriedade física do solo que menos

sofre alteração ao longo do tempo. É muito importante na irrigação porque tem influência direta na taxa de

infiltração de água, na aeração, na capacidade de retenção de água, na nutrição, como também na

aderência ou força de coesão nas partículas do solo. Os teores de areia, silte e argila no solo influem

diretamente no ponto de aderência aos implementos de preparo do solo e plantio, facilitando ou

dificultando o trabalho das máquinas. Influi também, na escolha do método de irrigação a ser utilizado.

Para simplificar as análises, principalmente quanto às práticas de manejo, os solos são agrupados em três

classes de textura:

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Solos de Textura Arenosa (Solos Leves) - Possuem teores de areia superiores a 70% e o de argila inferior a

15%; são permeáveis, leves, de baixa capacidade de retenção de água e de baixo teor de matéria orgânica.

Altamente susceptíveis à erosão, necessitando de cuidados especiais na reposição de matéria orgânica, no

preparo do solo e nas práticas conservacionistas. São limitantes ao método de irrigação por sulcos, devido à

baixa capacidade de retenção de água o que ocasiona uma alta taxa de infiltração de água no solo e

conseqüentemente elevadas perdas por percolação.

Solos de Textura Média (Solos Médios) - São solos que apresentam certo equilíbrio entre os teores de

areia, silte e argila. Normalmente, apresentam boa drenagem, boa capacidade de retenção de água e índice

médio de erodibilidade. Portanto, não necessitam de cuidados especiais, adequando-se a todos os métodos

de irrigação.

Solos de Textura Argilosa (Solos Pesados) - São solos com teores de argila superiores a 35%. Possuem

baixa permeabilidade e alta capacidade de retenção de água. Esses solos apresentam maior força de

coesão entre as partículas, o que além de dificultar a penetração, facilita a aderência do solo aos

implementos, dificultando os trabalhos de mecanização. Embora sejam mais resistentes à erosão, são

altamente susceptíveis à compactação, o que merece cuidados especiais no seu preparo, principalmente no

que diz respeito ao teor de umidade, no qual o solo deve estar com consistência friável. Apresentam

restrições para o uso da irrigação por aspersão quando a velocidade de infiltração básica formuito baixa.

Estrutura do Solo

A estrutura do solo consiste na disposição geométrica das partículas primárias e secundárias; as primárias

são isoladas e as secundárias são um conjunto de primárias dentro de um agregado mantido por agentes

cimentantes. O ferro, a sílica e a matéria orgânica são os principais agentes cimentantes.

A textura e a estrutura do solo influenciam na quantidade de ar e de água que as plantas em crescimento

podem obter.

Porosidade do Solo

É constituída pelo espaço poroso, após o arranjo dos componentes da parte sólida do solo e que, em

condições naturais, é ocupada por água e ar.

As areias retêm pouca água, porque seu grande espaço poroso permite a drenagem livre da água dos solos.

As argilas absorvem relativamente, grandes quantidades de água e seus menores espaços porosos a retêm

contra as forças de gravidade. Apesar dos solos argilosos possuírem maior capacidade de retenção de água

que os solos arenosos, esta umidade não está totalmente disponível para as plantas em crescimento. Os

solos argilosos (e aqueles com alto teor de matéria orgânica) retêm mais fortemente a água que os solos

arenosos. Isto significa mais água não disponível.

Muitos solos do Brasil e da região tropical, apesar de terem altos teores de argila, comportam-se, em

termos de retenção de água, como solos arenosos. São solos com argilas de baixa atividade (caulinita e

sesquióxidos), em geral altamente porosos. Muitos Latossolos sob cerrado apresentam esta característica.

Profundidade do Solo

Os solos quanto a espessura da camada arável podem ser classificados em:

Solos Rasos - Normalmente, a camada arável não alcança os 20cm de profundidade, o que dificulta o

crescimento das culturas (Figura 1). Além do pequeno espaço disponível para as plantas explorarem suas

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necessidades nutricionais e orgânicas, esses solos tanto podem encharcar facilmente provocando anorexia

às plantas, como podem secar rapidamente, provocando estresse hídrico. Esse tipo de solo, geralmente,

apresenta altos índices de erodibilidade, devendo ser revolvido o mínimo possível.

Solos com Afloramento de Rocha - Dificultam o tráfego normal de máquinas, tornando o preparo irregular

e heterogêneo, assim como apresentam altos riscos de dano aos implementos e aos operadores (Figura 2).

Portanto, não devem ser usados com culturas anuais mecanizadas.

Solos Profundos - Geralmente sua camada arável se aprofunda em mais de 60cm, onde as raízes têm um

largo espaço para buscar alimentos e as plantas não sentem tanto o excesso de chuvas nem o déficit de

água (Figura 3). Esse tipo de solo facilita as técnicas de preparo e de manejo do solo, além de aumentar a

eficiência do uso da água de irrigação.

O princípio básico em agricultura consiste em respeitar a aptidão natural do solo, ou seja, utilizá-lo de

acordo com a sua capacidade de uso.

Capacidade de uso

A capacidade de uso do solo pode ser expressa como sua adaptabilidade para fins diversos, sem que sofra

depauperamento pelos fatores de desgaste e empobrecimento, através de cultivos anuais, perenes,

pastagem, reflorestamento e vida silvestre.

Com respeito à avaliação de terras para desenvolvimento agrícola, existem inúmeros sistemas de

classificação, em que diversas modalidades de interpretação podem ser realizadas em função do seu

objetivo. Assim sendo o uso mais conveniente que se deve dar ao solo depende da localização, do tamanho

da propriedade, da quantidade da terra para outros fins, da disponibilidade e localização de água, da

habilidade do proprietário e dos recursos disponíveis. No caso específico do algodoeiro irrigado, para

alcançar altos rendimentos de algodão e fibra de boa qualidade, seu cultivo deve ser em solos que

apresentem características físicas, químicas e de fertilidade adequadas. Os solos rasos, com afloramento de

rochas, salinos, excessivamente arenosos e/ou pedregosos, demasiadamente argilosos e/ou siltosos e de

baixa permeabilidade, devem ser evitados por suas características de difícil correção.

Um fator adverso para a capacidade de uso do solo é a erosão, pois destrói o maior patrimônio do homem,

provocando problemas de natureza:

Física: destrói a estrutura do solo (quebra o esqueleto) dificultando a movimentação do complexo ar-água-

nutrientes e prejudicando o crescimento de raízes e vida do solo.

Química: provoca a perda da fertilidade natural, a diminuição do teor de matéria orgânica e a falta de

nutrientes.

Biológica: resulta em alteração da vida do solo, mal formação das raízes e poluição da água, prejudicando

os seres aquáticos.

Econômica: provoca a perda do solo, arrastando calcário, adubo e semente, aumentando o custo de

produção e diminuindo os rendimentos do produtor.

Social: é fator favorável ao êxodo rural pois, diante dos baixos rendimentos, o agricultor busca nas cidades

a realização do sonho de uma vida melhor.

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Interpretação da análise do solo

Característica Unidade

Teores

Médios

P (solo argiloso) mg/dm3 6,00 - 10,00

P (textura média) mg/dm3 10,00 - 20,00

P (solo arenoso) mg/dm3 20,00 - 30,00

K mg/dm3 30,00 - 60,00

Ca cmolc/dm3 1,20 - 4,00

Mg cmolc/dm3 0,50 - 1,00

Al cmolc/dm3 0,50 - 1,00

Soma de Bases cmolc/dm3 2,00 - 4,00

H + Al cmolc/dm3 2,50 - 5,00

CTC efetiva (t) cmolc/dm3 2,50 - 5,00

CTC Total (T) cmolc/dm3 4,00 - 10,00

Saturação por Al (m) % 30,00 - 50,00

Saturação por bases (V) % 40,00 - 60,00

Matéria orgânica dag/kg 2,00 - 4,00

Zn (Mehlich - 1) mg/kg 2,00 - 6.00

B (Água quente) mg/kg 0,20 - 0,60

Cu (Mehlich - 1) mg/kg 0,80 - 1,20

Fe (Mehlcih - 1) mg/kg 19,00 - 30,00

Mn (Mehlich -1) mg/kg) 6,00 - 8,00

Fertilizante Teor do Elemento

Cloreto de amônio 25 % de N

Nitrato de amônio 32 % de N

Nitrato de cálcio 14 % de N

Nitrato de sódio 15 % de N

Sulfato de amônio 20 % de N

Uréia 44 % de N

Fosfato monoamônico (MAP) 48 % de P2O5 e 9 % de N

Fosfato diamônico (DAP) 45 % de P2O5 e 16% de N

Fosfato natural 4 % de P2O5

Fosfato natural parcialmente

acidulado (clorídrico) 18 % de P2O5

Fosfato natural parcialmente

acidulado (fosfórico ou sulfúrico) 18 % de P2O5

Fosfato natural reativo 9 % de P2O5

Superfostato simples 18 % de P2O5

Superfosfato triplo 41 % de P2O5

Cloreto de potássio 58 % de K2O

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Sulfato de potássio 58 % de K2O

Nitrato de potássio 44 % de K2O e 13 % de N

Sulfato de cálcio 16 % de Ca e 13 % de S

Sulfato de magnésio 9 % de Mg e 12 % de S

Sulfato de zinco 20 % de Zn

Bórax 11 % de B

Ácido bórico 17 % de B

Sulfato de cobre 13 % de Cu

Sulfato manganoso 26 % de Mn

Sulfato ferroso 19 % de Fe

Molibdato de amônio 54 % de Mo

Molibdato de sódio 39 % de Mo

Composição do FTE

Produto Zn B Cu Fe Mn Mo

FTE BR-8 7,0 2,5 1,0 5,0 10,0 0,1

FTE BR-9 6,0 2,5 0,8 6,0 3,0 0,1

FTE BR-10 7,0 2,0 1,0 4,0 4,0 0,1

FTE BR-12 9,0 2,5 0,8 3,0 2,0 0,1

FTE BR-13 7,0 1,8 2,0 2,0 - 0,1

FTE BR-15 8,0 1,5 0,8 - - 0,1

FTE BR-16 3,5 2,8 3,5 - - 0,4

Formulados mais comuns no comércio

N P2O5 K2O Relação N P K

30 0 10 3 0 1

25 5 20 5 1 4

25 0 20 5 0 4

25 5 10 5 1 2

20 0 20 1 0 1

20 5 20 4 1 4

20 4 18 5 1 4,5

20 0 10 2 0 1

20 0 15 1,3 0 1

20 5 10 4 1 2

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20 5 15 4 1 3

20 10 10 2 1 1

20 10 20 2 1 2

19 10 19 1,9 1 1,9

18 0 36 1 0 2

15 0 15 1 0 1

15 5 15 3 1 3

14 7 28 2 1 4

12 0 36 1 0 3

12 6 12 2 1 2

10 10 10 1 1 1

10 5 20 2 1 4

8 28 16 1 3,5 2

5 30 10 1 6 2

4 14 8 1 3,5 2

4 30 10 1 7,5 2,5

0 25 15 0 1,7 1

25 5

20 + 0,4% de Zn e 0,1

% de B

Citricultura

A planta tem origem provável na Ásia - Índia, China, países vizinhos de clima subtropical úmido - daí

foi para a Europa e para o Brasil trazida por portugueses no século XVI. O cultivo da laranjeira está

disseminado por mais de 60 países e, na produção mundial de cítricos, a laranja participa com 69%.

Em 1994 foram produzidas 58.731.000 toneladas participando o Brasil com 31,6%, E.U.A com

16,2%, China com 10,5%, Espanha com 4,42% e México com 4,4% (FAO). Em 1993/94, no mercado

internacional, a laranja in natura ofertou 4,4 milhões de toneladas; a Espanha (33%) e E.U.A (14%)

lideram esse mercado.

Na laranja-doce destacam-se as variedades Pera (maturação semi-tardia), Natal (tardia), Valencia (tardia),

Bahia (semi-precoce), Baianinha (semi-precoce); Lima, Piralima, Hamlim (semi-precoce), a espécie laranja-

azeda é representada pelas laranjas-da-terra.

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Utilização da laranjeira:

Folhas : Contém óleo essencial utilizado em indústria.

Flores : Procuradas para ornamentação diversa; é melífica.

Fruto : O sumo da laranja-doce é utilizado, em nível caseiro, para preparo de sucos, refrescos e sorvetes; na

indústria o sumo compõe sucos concentrados e refrigerantes.

A casca da laranja-da-terra é utilizada para o preparo de geléias, doces (em calda, cristalizados), bebidas.

Clima:

A faixa de temperatura para vegetação está entre 22ºC e 33ºC (nunca acima de 36ºC e nunca abaixo de

12ºC) com média anual em torno de 25ºC; sob altas temperaturas a laranjeira emite, ao longo do ano,

vários surtos vegetativos seguidos de fluxos florais que possibilitam maturação de frutos em várias épocas.

O ideal anual de chuvas está em 1.200 mm. bem distribuidos ao longo do ano; deficit hídrico deve ser

corrigido com irrigação artificial. A umidade do ar deve estar em 80%.Clima influe na qualidade e

composição do fruto (teor de suco, de sólidos, maturação, volume de frutos, outros).

Solos :

Embora possa desenvolver-se em vários tipos de solos- de arenosos a argilosos desde que sejam profundos

e permeáveis- a laranjeira prefere os solos areno-argilosos e até argilosos porosos, profundos e bem

drenados. Evitar solos rasos e sujeitos a encharcamentos; pH na faixa 6,0 a 6,5.

Definições de Olericultura Hortaliças:

O termo olericultura deriva do latim (oleris =hortaliças + colere = cultivar) e é definido precisamente como

o ramo da horticultura que estuda a produção das culturas Oleráceas ou hortaliças;

Hortaliças = grupo de plantas que apresenta, em sua maioria, as seguintes características:

– Consistência tenra (não-lenhosa);

– Ciclo de vida curto;

– Exigência de tratos culturais intensivos;

– Áreas de cultivo menores em comparação às grandes culturas.

Definição da F.A.O.

(Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO)

Hortaliças são plantas anuais, bianuais ou perenes cultivadas em hortas ou em campos ou sob abrigo

(cultivo protegido) e que são utilizadas quase exclusivamente como alimento; se inclui nesse grupo,

plantas classificadas como cereais ou da família das leguminosas (grãos e/ou vagens), cujos produtos são

colhidos em estado verde (tenros ou imaturos); também se inclui nesse grupo os melões e melancias por

seu comportamento hortícola no cultivo e por serem cultivos temporais como as demais hortaliças.

Algumas hortaliças são utilizadas unicamente como tempero ou condimento devido ao seu aroma e sabor.

Tipos de Exploração em Olericultura:

Olericultura urbana e periurbana (cinturões verdes);

• Hortas doméstica, recreativa ou educativa;

• Produção de matéria-prima para processamento agroindustrial;

• Produção em larga escala;

• Produção especializada:

– Produção de mudas;

– Produção de material de propagação:

– Cultivo protegido

– Cultivo hidropônico

– Cultivo orgânico

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Adubação do café

De plantio: Seguindo a recomendação conforme análise do solo. É importante misturar bem os adubos com

a terra dos sulcos por ocasião do plantio, para evitar problemas de salinidade com o cloreto de potássio e

de toxicidade com o boro. Após o pegamento das mudas, aplicar 4g/cova de N, repetindo em intervalos de

30 dias, até o fim do período chuvoso. De Formação: No segundo ano, aplicar quatro vezes de 8 g/cova de

N, com intervalos de 45 dias (setembro a março) Repetir a adubação potássica de plantio, parcelando

juntamente com o nitrogênio. O adubo deve ser aplicado, em cobertura, ao redor das plantas. De

produção: Aplicar adubos minerais, a partir do terceiro ano agrícola, em função do teor de N nas folhas, dos

teores de P, K, B, Mn e Zn revelados pela análise de solo e da produtividade esperada.

Plantio

Atualmente são indicados dois sistemas de plantio: Sistema de livre crescimento.

Preparo das covas:

O terreno é sulcado no espaçamento que será usado. Nos sulcos marcam-se as covas nas distâncias

desejadas com o uso de um enxadão.

Modo, época de plantio e tipo de muda:

O plantio deve ser efetuado no período chuvoso, com solo úmido. Dependendo do número de mudas a

serem plantadas na cova abre-se uma ou duas covetas, distanciadas em torno de 15 a 20 cm uma da outra.

Retirar os recipientes das mudas e plantá-las ao nível do solo. Utilizam-se mudas bem acostumadas ao sol,

com cinco pares de folhas, colocando-se, na mesma cova, mudas do mesmo tamanho.

Plantio em nível: É ponto primordial na implantação. Cuidar para não deixar ruas mortas no meio do talhão.

Deixar carreadores em nível a cada 8 a 15 ruas de café, dependendo da declividade do terreno.Deixar

carreadores em pendente a cada 50-70 covas. Terraços: Sempre que necessário usar terraços em nível para

controlar a erosão.

Tratos culturais Capinas: É necessário manter o cafezal totalmente limpo na época da seca. (abril-maio a

agosto-setembro) As capinas podem ser manuais, mecânicas e químicas. Capinas manuais: São feitas com

enxadas a cada 30 a 45 dias. Estão se tornando inviáveis. Capinas mecânicas: Usa-se o cultivador de

enxadinhas, roçadeiras etc. Evitar as grades de discos e enxadas rotativas.É prática recomendável manter o

meio da rua roçado e limpo com enxadinhas próximo às covas. Capinas químicas: A aplicação pode ser feita

na época das chuvas, com as vantagens de menor gasto com mão-de-obra, não prejudica as raízes e,

quando bem aplicadas facilitam a colheita. Os herbicidas de ação residual devem ser aplicados apenas uma

vez por ano, por ocasião da arruação. Os de contato ou translocação podem ser aplicados várias vezes

durante o período recomendado, evitando-se apenas atingir as folhas do cafeeiro.

Em lavouras novas, com menos de dois anos de idade, devemos tomar cuidados especiais na aplicação de

herbicidas.

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MICRONUTRIENTES NA CULTURA DO CAFÉ.

Sua Importância.

Deficiências Nutricionais: Sintomas, Conseqüências e recomendações.

NUTRIENTES Importância da Presença do Nutriente Deficiências Nutricionais: Sintomas e Conseqüências

BORO O Boro exerce importante papel no desenvolvimento apical dos

ramos e das raízes. Tem papel importante na formação da parede

celular, na divisão celular e no aumento do tamanho das células

assim como, na velocidade de transporte de carboidratos das

folhas para outros órgãos.

A deficiência ocorre principalmente em solos muito lixiviados, pobres em matéria orgânica, com

pH elevado, acima de 6,5 e em períodos secos. A deficiência provoca a morte de gemas

terminais, paralização do crescimento dos ramos, brotação, excessiva com aspecto de leque e

redução na produção. As folhas ficam deformadas, menores, retorcidas e com bordas irregulares

e encurtamento dos entrenós. Provoca também a inibição do crescimento. Parece influir no

abordamento das flores ou menor pegamento da florada. Sua falta provoca a morte da ponta das

raízes.

ZINCO O Zinco exerce importan-te papel no crescimento da planta e

principalmente na produção. O Zinco tem a participação como

ativador de várias enzimas, sendo importante para a síntese do

triptofano que é um precursor do AIA responsável pelo aumento

do volume celular ou maior desenvolvimento das plantas.

A deficiência provoca redução dos internóides, folhas pequenas e estreitas, formação de rosetas

de folhas. provoca a morte de gemas terminais, seca de ponteiros, superbrotamento, folhas mais

novas coreáceas e quebradiças. Os frutos são menores e produção reduzida. Solos pobres e

ácidos, a calagem excessiva ou o excesso de fósforo predispõe à deficiência.

FERRO É importante na formação da clorofila, intervem na respiração e

síntese de proteínas.

A deficiência ocorre quando se eleva muito o pH, em solos mal drenados e rasos e em terras ricas

em Mangânes. Deficiência caracterizada principal-mente em folhas mais novas. . As folhas

apresentam coloração verde-pálida, nervuras com coloração normal, em casos mais graves as

nervuras também perdem gradualmente a coloração. Casos extremos a folha inteira fica amarela

depois esbranquiçada.

COBRE É importante na fase de formação da cultura, pois interfere no

crescimento. Apresenta função impor-tante na síntese de

proteínas e no metabolis-mo dos carboidratos.

Essa deficiência provoca deformações das folhas, pois a nervura central se torce em forma de S.

As nervuras das folhas são mais salientes, com formato de "costelas". Todas as folhas curvam-se

para baixo, dando impressão de falta de umidade. Casos mais graves há desfolha-mentos. Sua

carência é comum em solos pobres, como nos cerrados ou poderá ser provocada pelo excesso de

matéria orgânica, calagem ou adubação de N em excesso.

TOXIDEZ DE MANGÂNES O excesso de Mangânes diminui o crescimento e a produção pelo

seu efeito antagônico na absorção do Zinco.

Ocorre em solos ácidos. Folhas com margens amareladas, segue-se amarelecimento completo

das mais novas. As folhas mais velhas caem e também as cerejas. Há casos que a planta pode

morrer.

MACRONUTRIENTES NA CULTURA DO CAFÉ:

Sua Importância.

Deficiências Nutricionais: Sintomas, Conseqüências e recomendações de aplicação.

NUTRIENTES Importância da Presença do Nutriente e recomendações de aplicação. Deficiências Nutricionais: Sintomas e consequencias.

NITROGÊNIO Possui retenção média e deve ser adicionado de 3 a 3,5 kg por 1000 covas de

dezembro a março, 0,5 kg de junho a agosto e nos demais meses 2 kg. Recomenda-

se 11% na segunda quinzena de agosto, 20% na segunda quinzena de dezembro ,

20% na primeira quinzena de fevereiro e 49% na segunda quinzena de março.

Promove desenvolvimento rápido do cafeeiro e aumento da produção. Juntamente

com o magnésio, é um dos componentes da clorofila. Seu efeito se faz sentir na

exuberância da vegetação e no aumento do número de gemas florais.

As folhas ficam com coloração verde claro e perdem o brilho. Segue-se um

amarelecimento uniforme da lâmina foliar. As folhas podem ficar quase brancas, com

desfolha e seca de ponteiros. Nos casos mais graves pode ocorrer a morte descendente

dos ramos e o desfolhamento dos ramos medianos (pescoço de galinha). Deficiência

acentua-se no período de seca intensa e quando a carga de frutos é grande, pois o N

transloca das folhas para os frutos. Deficiência aparece inicialmente no sentido das folhas

mais velhas para as mais novas. O período seco, solos ácidos e baixos teores de matéria

orgânica predispõem à deficiência deste nutriente.

FÓSFORO Deve ser adicionado em maior quantidade no plantio. No cafeeiro em produção . Começa com manchas amareladas que passam depois a pardo avermelhadas. Quando

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deve ser adicionado no inicio do periodo vegetativo. E importante para o rápido

desenvolvimento do sistema radicular do cafeeiro, principalmente para plantas

novas. É importante também na floração, na frutificação e na maturação dos frutos.

agrava aparece coloração marron arroxeado. A deficiência aparece inicialmente nas folhas

mais velhas e evoluem para as mais novas. Queda prematura das folhas mais velhas.

POTÁSSIO É muito importante para o cafeeiro, tendo exigência equivalente a do nitrogênio.

Está associado a produção havendo uma relação direta entre o K e a síntese de

carboidratos. É importante na fotossíntese, respiração e circulação da seiva. É o

nutriente mais exigido pelo cafeeiro em produção. A adubação foliar não se mostra

viável, como também a adubação em solos ricos deste nutriente.

As folhas apresentam clorose marginal, seguida de necrose, que se inicia pela ponta e

bordos das folhas velhas. Provoca desfolha dos cafeeiros, má formação dos frutos e morte

descendente dos ramos. Aumenta a percentagem de grãos chochos, frutos menores e em

conseqüência provoca a queda da produção.

MAGNÉSIO Elemento fundamental na composição da clorofila, a qual, participando no processo

de síntese dos hidratos de carbono, determina o volume da produção .

Apresenta clorose amarelo-claro no tecido internerval. Essa clorose passa a amarelo-

avermelhado. As nervuras permanecem verdes. A deficiência agrava-se a partir do início

da granação e fica mais evidente quando o fruto está na fase de cereja. Pode haver

desfolha e diminuição da produção. A deficiência apresenta-se inicialmente nas folhas

mais velhas e progride para as folhas mais novas. O período seco, o plantio em solos

naturalmente ácidos e por isso pobres em Mg, o excesso de K e o uso contínuo de adubos

que fazem abaixar o pH, induzem a sua carência.

ENXOFRE O enxofre entra na composição de alguns aminoácidos essenciais , que são

contribuintes da proteína. . A deficiência aparece nas folhas mais novas, que apresentam uma coloração verde-

amarelado. Os sintomas progridem para encurtamento de internódios e dsfolhamento.

Uso de fórmulas concentradas nas adubações, não contendo enxofre, poderá facilitar o

aparecimento da deficiência, assim como os plantios em solos ácidos e pobres em matéria

orgânica.

CÁLCIO O cálcio é importante nos pontos de crescimento dos cafeeiros, como para o

desenvolvimento de raízes e gemas. É importante para a retenção de folhas e

maturação dos frutos.

. Provoca o amarelecimento das folhas mais novas, das margens para o centro. Inicia-se a

clorose pelos bordos e pode atingir a folha toda. Aparece pequenas áreas necróticas. Pode

provocar a morte da gema terminal. Pode provocar atrofia e até a morte do sistema

radicular. O cálcio não retransloca com facilidade.

COLHEITA DE CAFÉ

A desuniformidade de maturação dos frutos é um dos principais dificuldades a serem superadas para

realização de uma boa colheita do café.

Quantidades excessivas de frutos verdes causam prejuízos na classificação por tipo, no peso de grão, no

rendimento de colheita, no desgaste da planta, na qualidade da bebida e no valor do produto. Recomenda-

se iniciar a colheita, com no máximo 20% de frutos verdes.

A colheita do café pode ser realizada de forma manual, semi-mecanizada e mecanizada. A colheita manual

pode ser do tipo seletiva, catando-se a dedo somente os frutos maduros ou do tipo concentrada,

derriçando-se todos os frutos de cada ramo no chão, em panos ou em peneiras. Por outro lado, a colheita

semi-mecanizada utiliza derriçadeiras portáteis ou tracionadas, desprovidas de recolhedores e a

mecanizada é feita com máquinas colhedeiras completas automotrizes ou tracionadas por trator.

A derriça no pano é a forma de colheita mais indicada para região amazônica, dispensando a limpeza prévia

do solo, usualmente feitas nas lavouras de café Arábica, A derriça no chão não é recomendável, pois tende

a aumentar os custos e diminuir a qualidade, conforme tem se verificado no estado de Rondônia, em que

existe maior predominância deste método de colheita (Veneziano, 1998).

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Nas condições brasileiras, as operações de pós-colheita do café compreendem a separação das impurezas

por vibração ou por imersão em água, separação dos frutos em diversas fases de maturação, eliminação da

casca resultando em café cereja descascado, eliminação da mucilagem quimicamente dando o café

despolpado ou mecanicamente dando o café desmucilado e ainda a secagem direta dos grãos que produz o

café natural ou café de terreiro (Cortez, 2001).

Os processos de preparo do café podem ser agrupados em três sistemas:

a. Preparo por Via seca, sem eliminação da casca resultando no café natural.

b. Preparo por Via úmida, com eliminação da casca e da mucilagem resultando no café despolpado.

c. Preparo por Via semi-úmida, com eliminação da casca resultando no café cereja descascado.

a) Preparo por Via Seca:

É o processo mais utilizado pelos produtores. O café colhido, é secado com casca ao natural em terreiros ou

secadores mecânicos. Dependendo das condições existentes, antes de ir para secagem, os frutos poderão

ser separados das impurezas (pedras, paus, folhas) e também separados por estágio de maturação (verde/

cereja / seco) através de um lavador/separador. propiciando uma secagem mais uniforme e específica por

fruto, com maior controle das fermentações. Esta é a maneira mais recomendável, em se tratando de

preparo por via seca, pois controla inclusive as fermentações dos grãos que acontece na planta, por efeito

das condições climáticas, durante a mudança do estádio maduro para seco, contribuindo para melhoria da

qualidade do produto resultando numa melhor classificação.

b) Preparo por Via úmida:

Inicialmente o café da roça é encaminhado ao lavador/separador e em seguida o café cereja segue para o

despolpador onde será descascado e despolpado. Por fim, o café despolpado é colocado em tanques de

fermentação para eliminação da mucilagem, que é complementada por uma lavagem deixando o café

totalmente desmucilado. O café obtido nesse tipo de preparo é melhor classificado quanto ao tipo e

bebida.

Em café Robusta, principalmente no Conilon, o preparo via úmida é muito usado para produção de

sementes, porém exigindo maiores cuidados no despolpamento, devido existir muita desuniformidade

quanto ao tamanho dos frutos.

c) Preparo por Via Semi-úmida:

Inicialmente, o café da roça é separado num equipamento de lavagem e separação. O café bóia vai direto

para o terreiro de secagem, enquanto o café verde e o café cereja misturados vão para o descascador. No

descascador o café verde é separado mecanicamente sob pressão indo para o terreiro de secagem,

enquanto o café cereja é descascado por processo mecânico. Finalmente, o café cereja descascado (CD)

pode ser levado direto para o terreiro de secagem ou antes passar pelo degomador mecânico para retirada

do excesso de mucilagem.

De imediato neste processo são observadas as vantagens já mencionadas no processo de preparo anterior,

como redução do volume do produto devido a eliminação da polpa, havendo diminuição da necessidade de

secagem em terreiro ou secador, diminuição da necessidade de tulha de armazenamento e redução do

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tempo de secagem e beneficiamento. Além disso, o CD apresenta características organolépticas superiores,

sem o sabor verde, com aroma e doçura dos cafés brasileiros, pois na secagem seu pergaminho fica

envolvido pela totalidade ou quase totalidade da mucilagem e assim em contato com açúcares, que lhe

conferem o sabor doce do grão a exemplo do café natural.

Embora os dois últimos tipos de preparo apresentem vantagens em relação ao primeiro, verifica-se que não

são muito utilizados na região amazônica, devido à necessidade de investimento em infra-estrutura, e

maiores custos operacionais. Uma forma de potencializar o uso desse sistema é implantá-lo em associações

e cooperativas de produtores.

Secagem

SECAGEM EM TERREIROS

A secagem corresponde à fase complementar a todos os processos de preparo do café, sendo que método

de secagem escolhido, com sua estrutura e manejo, tem efeito marcante nas determinações do índice de

qualidade, nível de classificação e valor comercial do produto.

Terreiro de chão batido – não é recomendável pois este tipo de terreiro além de ter menor rendimento de

secagem, favorece a ocorrência de sujeiras e fermentações indesejáveis, originando um produto de má

qualidade.

Terreiro de piso revestido – Considera-se recomendável por proporcionar uma secagem mais eficiente,

mais uniforme e com menos riscos de contaminação de impurezas e fermentações, garantindo um produto

de melhor qualidade e com maior rendimento de secagem do que o terreiro de chão batido.

Terreiro de tela suspensa – atualmente vem sendo muito recomendado, pois consiste de uma estrutura

suspensa, que evita o contato do café com o solo, recebe maior aeração tanto por cima como por baixo,

impede o ataque de micoorganismos e garante um produto com secagem uniforme e de melhor qualidade.

Além desses benefícios este tipo de terreiro proporciona maior redução de mão-de-obra, diminuição do

tempo de secagem, é de construção simples, rápida e barata. O uso de cobertura com plástico translúcido é

aconselhável nas regiões onde a colheita coincidem com a época das chuvas.

SECAGEM EM SECADORES

Os secadores horizontais rotativos intermitentes ou pré secadores, são secadores mecânicos industriais

mais conhecidos e utilizados nas propriedades rurais que produzem o café Conilon e o café despolpado. Os

mesmos são constituídos de um cilindro metálico com paredes perfuradas, tendo no seu interior ao longo

do seu centro, um tubo perfurado onde é injetado o ar quente vindo da fornalha, apresentando movimento

rotativo através de um sistema de engrenagem. Estes secadores recebem o café com qualquer grau de

umidade, mas nunca devem trabalhar totalmente cheios deixando sempre espaço para movimentação do

produto. Eles fazem a primeira etapa de secagem do café com o mesmo atingindo a meia-seca para depois

ser passado para outro secador vertical ou continuar secando no mesmo secador horizontal desde que os

grãos estejam com umidade uniforme e a temperatura da massa do café não ultrapasse os 45° C. Caso o

café já sofreu a meia-seca no terreiro, deve-se carregar normalmente o secador horizontal e proceder

como se o produto já estivesse sido pré-secado no mesmo secador.

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Os secadores verticais com câmara de repouso são secadores mecânicos industriais que exigem o café que

já tenha recebido uma pré-secagem ou meia-seca, seja ele em terreiros revestidos ou suspensos, secadores

horizontais ou em secador-barcaça. Os mesmos são constituídos de um grande depósito metálico, tendo na

parte superior a câmara de repouso dos grãos, como café fluindo para abaixo onde se encontra a câmara

de secagem com seu interior tendo circulação de ar quente vindo da fornalha, em que depois o café desce

e é levado por bica de fogo até a base do elevador que leva novamente para o alto até a câmara de

repouso, e assim sucessivamente até completar a secagem. Considera-se importante que os secadores

sejam carregados totalmente, para que não haja perda de calor, conseqüentemente aumentando tempo de

secagem, com maior consumo de energia e mão-de-obra. Deve-se também ser controlada a temperatura

do ar da fornalha, iniciando com 60° C, depois de cinco horas passar par 70° C e finalmente manter em 50°

C até terminar a secagem.

Os secadores-barcaças de leito fixo, são secadores manuais artesanais, podendo ser construídos com

recursos local na propriedade, sendo portanto de baixo custo. Os mesmos são feitos de alvenaria,

consistindo de uma estrutura retangular, tendo na parte superior a colocação de um aleito constituído por

uma chapa metálica perfurada, e abaixo do fundo, a formação de um colchão de ar quente, sendo

alimentado por uma fornalha e insuflado por um ventilador. Estes secadores podem receber café com

qualquer grau de umidade, cuja camada não deva passar de 50cm de altura, com a temperatura não

ultrapassando a 50°C e tendo revolvimento manual constante da massa de café.

Independente de qualquer que seja o tipo de secador a ser utilizado, alguns procedimentos de maneira

geral deverão ser observados, os quais contribuirão para sua melhor eficiência, tais como:

o Considerar a formação de lotes homogêneos fazendo a secagem por separação de lotes;

o Carregar os secadores estando os mesmos com a fornalha apagada;

o Acender a fornalha somente depois que o secador estiver cheio e em movimento;

o Manter a secagem lenta objetivando a melhor uniformidade do produto;

o Controlar a temperatura da massa de café, para que não ultrapasse os 45°C, evitando

defeitos;

o Baixar a temperatura da massa de café e não ultrapassar os 30°C, para secagem do café

com frutos verdes;

o Fazer quando possível a utilização da fornalha de fogo indireto;

o Consumir sempre lenha bem seca para não produzir fumaça e não conferir cheiro a massa

de café;

o Conferir o tempo de secagem em torno de 24 a 72 horas para café de terreiro e 20 horas

para o café cereja descascado;

o Terminar a secagem com teor de umidade dos grãos de 13 a 14%, em que após o

resfriamento cai para 11 a 12%;

o Evitar a secagem excessiva do café, pois pode diminuir o peso e facilitar a quebra durante o

benefício.

SECAGEM MISTA

A secagem mista é considerado um sistema de secagem muito comum, através da utilização combinada do

terreiro-secador, no sentido de proporcionar uma maior uniformidade de seca dos grãos e maior redução

do tempo e secagem. Neste sistema, geralmente o café quer seja ele café da roça ou café despolpado,

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passa por uma primeira secagem chamada de pré-secagem, feita em terreiro de preferência revestido, para

em seguida ser completado o processo de secagem em secador mecânico.

Armazenamento

Conforme Bartholo et al. (1989), o armazenamento do café pode ser realizado na propriedade sendo o café

em coco ou em armazéns-padrão quando o café está beneficiado.

Na propriedade o café em coco pode ser armazenado a granel em tulhas de madeira ou ainda ensacado em

depósito de alvenaria, desde que esses locais sejam conservados secos, ensolarados e bem ventilados,

visando o máximo a diminuição de umidade no ambiente, com observação ainda dos seguintes cuidados:

Isolar o café do chão com a colocação de estrados de madeira para não pegar umidade;

Proteger o ambiente de gotejamento e penetração de chuvas;

Possuir repartições para separar diversos tipos de lotes de café;

Utilizar sacarias limpas de aninhagem para acondicionamento;

Armazenar o café evitando o teor de umidade superior a 12%;

Evitar o armazenamento do café junto com defensivos e fertilizantes;

Realizar vigilância e controle de possíveis ataques de insetos e roedores;

Manter o café em coco na tulha ou depósito até sua venda ou beneficiamento.

Nos armazéns padrão o café beneficiado é armazenado numa estrutura que permite uma conservação

ideal do produto, mantendo as condições do ambiente apropriadas, com uniformidade de ventilação,

luminosidade, temperatura e umidade. Estes armazéns geralmente são administrados por entidades

públicas ou privadas as quais mantêm uma execução rigorosa de normas, objetivando garantir com

eficiência e segurança o sistema de armazenagem de produtos agrícolas.

Qual é a função do gesso na agricultura?

Esse pequeno texto pretende expor qual a razão primária para se utilizar gesso em solos agrícolas.

O gesso (CaSO4) tem como função primordial baixar a toxidez de um elemento muito presente em solos

tropicais, o alumínio (Al3+). Após o agricultor receber o resultado da análise de solo da camada de 20 a 40

cm de profundidade do solo, caso seja detectada alta disponibilidade desse elemento, deve-se proceder

realizando a gessagem, ou seja, a aplicação de gesso.

Para se ter idéia do que ocorre na aplicação do gesso, quando este reage com a água, o cálcio (Ca2+) separa-

se do sulfato (SO42-). Este último, reage com o alumínio, neutralizando-o.

Com a toxidez de alumínio, as plantas não conseguem desenvolver amplamente o sistema radicular. Como

conseqüência, pelo fato de terem raízes que exploram pouco o solo, as plantas estão altamente suscetíveis

a sofrerem stress hídrico. Em outras palavras, elas sentem muito períodos de baixa disponibilidade de água.

Nessa mesma linha de pensamento, elas também tem menos acesso a nutrientes. Como resultado, há

baixa produtividade.

Solos que tem a toxidez por alumínio controlada por meio da gessagem apresentam plantas com sistema

radicular profundo que, por seu turno, diminuem as chances das plantas sentirem stress de água. O gesso

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aplicado atua aumentando a disponibilidade de nutrientes na subsuperfície do solo, pois tanto o cálcio

quanto o sulfato são nutrientes fundamentais para o crescimento e desenvolvimento das plantas.

Preparado a partir de:

GESSO condiciona solos agrícolas. Revista Campo & Negócios. São Paulo, v.65, p.16-18, julho, 2008.