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N O T Í CI A S - A n o 5 - n º 4 7 aero No DTCEA-AF, a aferição dos Papis pelo GEIV

Aeroespaço 47

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Aeroespaço 47

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NO

T Í C I A S - A n o 5 - n º 4 7

aero

No DTCEA-AF, a aferição dos Papis pelo GEIV

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Informativo do Depar tamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEAproduzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA

Diretor-Geral:Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ramon Borges CardosoAssessor de Comunicação Social e Editor:Paullo Esteves - Coronel Aviador R1Redação:Daisy Meireles (RJ 21523 JP)Telma Penteado (RJ 22794 JP)Gisele Bastos (MTB 3833/PR)Diagramação/Projeto Gráfico:Filipe Bastos (MTB 26888-DRT/RJ)Fotos: Luiz Eduardo Perez (RJ 201930-RF)e Fábio Ribeiro Maciel

Contatos:

Home page: www.decea.gov.br

Intraer: www.decea.intraer

[email protected]

Endereço: Av. General Justo, 160

Centro - CEP 20021-130

Rio de Janeiro/RJ

Telefone: (21) 2101-6637

Fax: (21) 2262-1691

Editado em julho/2011

Fotolitos & Impressão: Ingrafoto

Índice

Reportagem

Seção

Reportagem Especial Artigo

Seção

Nossa capa Expediente

A consolidação da APLOG

Conhecendo o DTCEA-AFAfonsos – RJ

Informação transforma conhecimento

Em uma missão do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), o fotógrafo Luiz Eduardo Perez flagra o momento da aferição dos quatro PAPIS (auxílio luminoso formado por unidades de luz dispostas perpendicularmente à pista) do aeródromo dos Afonsos e mantidos por graduados do DTCEA-AF.

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20

11

26

19Espírito esportivo

Cartas de DespedidasSeção28Quem É?Capitão Especialista em SuprimentosJoão Roberto

4 1120 28

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Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ramon Borges CardosoDiretor-Geral do DECEA

EditorialUm novo perfil do profissional militar

do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) foi revelado após as Pesquisas de Clima Organizacional (PCO) aplicadas em 2009 para graduados e em 2010 para oficiais.

O Departamento de Controle do Espaço (DECEA) tomou conhecimento de histórias de pessoas que são parte do corpo do SISCEAB e que fazem de tudo para que ele cresça em conjunto. Gradualmente, estamos dando respostas ao nosso efetivo, que clamou por inúmeras soluções nas duas PCO.

A edição 47, que está em suas mãos, é prova do que estamos dizendo acima. A começar pela reportagem “A consolidação da Aplog” – em que tratamos de apresentar uma Assesssoria totalmente reformulada. Essa era uma das necessidades dos nossos militares: conhecer uns aos outros dentro do Sistema, saber o que cada um faz, como faz e porque faz. Assim, começamos a responder aos nossos pesquisados as questões mais pertinentes, a começar pela Assessoria de Planejamento, Orçamento e Gestão do DECEA. E, em continuação ao conhecimento dos nossos Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA), colocamos luz no Rio de Janeiro, dessa vez nos Afonsos. Um DTCEA subordinado ao Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRPV-SP), com 70 profissionais e que vem sendo modernizado para dar suporte à segurança do tráfego aéreo, cumprindo crescentes e desafiadoras missões. Conheça o DTCEA-AF a partir da página 20.

Outra resposta à PCO é a oportunidade que criamos, a partir desta edição, para que o militar possa agradecer e se despedir da vida na caserna. Assim, dois militares bem conhecidos no PAME-RJ e no 1º GCC tiveram essa chance e colocaram o coração em palavras bem emocionadas nas páginas 26 e 27.

Além disso, a PCO nos permitiu conhecer pessoas comprometidas, dinâmicas e que agem proativamente, sem esperar nada em troca. São militares que procuram semear seus conhecimentos para todos os componentes de sua OM. Alguns desses exemplos são citados e reconhecidos na Reportagem Especial “Informação transforma conhecimento”. São apenas quatro histórias, mas temos certeza que emocionará a todos e que vão reconhecer que o trabalho dessas pessoas vai construir um ambiente organizacional mais cooperativo a partir de então.

Na Seção “Quem É?” revelamos o perfil do Capitão Especialista em Suprimento Técnico João Roberto Santos Souza, Chefe da Seção de Passaporte e Desembaraço Alfandegário do DECEA. Com certeza, uma personagem que agradece à Força Aérea Brasileira por sua realização na vida pessoal e profissional. Mas sabemos que a sua luta mereceu essa vitória.

Estamos reconhecendo, a cada edição, que muitas ideias precisam ser conhecidas e, através da Aeroespaço, podemos aplaudir o nosso efetivo pelo seu empenho, pela sua capacidade e pelo que estão construindo nas ações que realizam pelo SISCEAB e pelo DECEA. Parabéns a todos pelas suas atuações e competências!

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A Consolidação da APLOG

Por Telma PenteadoFotos: Fabio Maciel

4 AEROESPAÇO

Reportagem

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5AEROESPAÇO

Na página de abertura de um site, a imagem de uma calculadora é retira-da. Em seu lugar, é postada a de uma aeronave R-99, de alarme aéreo ante-cipado.

Sim. Trata-se de uma substituição propositada, decorrente da necessi-dade de uma mudança na estrutura organizacional da Assessoria, com vistas a contemplar ações de planeja-mento estratégico para a implementa-ção do ATM Nacional. Trata-se de uma mudança de proposta e de escopo de uma Assessoria inteira.

Da calculadora à aeronave, a metá-fora transcende o campo do design e consolida a Assessoria de Planejamen-to, Orçamento e Gestão (APLOG) como elo entre o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e Organiza-ções Militares subordinadas e demais integrantes do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), a fim de acompanhar as necessidades diárias, bem como a evolução do sis-tema.

Sediada em um novo prédio, desti-nado às Assessorias da Vice-Direção do DECEA, a APLOG apresenta mudan-ças significativas que se refletem em seu novo ambiente organizacional.

De acordo com o Coronel-Aviador Paulo Vladimir Ribeiro Rodrigues, após a mudança física, foi possível a incor-poração da equipe do ATM Nacional (CNS/ATM – Comunicação, Navegação e Sistemas de Vigilância – Gestão do Tráfego Aéreo).

Hoje, com a participação de um maior número de consultores alta-mente especializados esta Assessoria almeja alcançar maior participação no processo de planejamento estratégico do DECEA, principalmente o relaciona-do com o futuro da navegação aérea no contexto da Região CAR/SAM (Re-gião Caribe/América do Sul).

“Quando se trata de planejamento estratégico, o foco deve ser: maior agi-lidade na alocação de recursos, pronta resposta e antecipação nas necessida-des do Departamento e das Organi-zações Militares a ele subordinadas”, avalia o Coronel Vladimir.

O trabalho prestado pela APLOG é voltado para a busca da qualidade e da excelência na prestação dos servi-

ços, que vai desde a elaboração do Pla-no Setorial do DECEA (PLANSET), do-cumento que trata do planejamento das atividades e dos projetos, os quais, após a devida priorização, passam a ser executados pelas Organizações su-bordinadas, por meio dos seus respec-tivos Programas de Trabalho (PT), até a produção de relatórios diários.

Conforme o organograma, a APLOG, cujo efetivo é composto por 32 profis-sionais, está dividida em seis seções:

• APLOG 1 – Planejamento Setorial• APLOG 2 - Coordenação e Controle• APLOG 3 - Gestão Orçamentária• APLOG 4 - Planejamento Estratégico • APLOG 5 - Análise de Contratos• APLOG 6 - Análise e Desenvolvimento

Apesar da estruturação hierárquica e das funções diferenciadas, “os pro-cessos possibilitam que os gestores implementem ações e coordenem ati-vidades de forma matricial, o que per-mite que a Assessoria esteja integrada em todos os seus processos como um todo”, ressalta o Coronel Vladimir.

Como exemplo, ele cita a elabora-ção do PLANSET, o acompanhamento da execução das atividades e projetos priorizados e, num passo seguinte, a elaboração do relatório de gestão. Todo esse processo encadeado será visto detalhadamente a seguir.

Ao longo de uma linha do tempo, há projetos e metas de diversas naturezas. Projetos do passado servem de respal-do para confirmar se os passos dados foram bem-sucedidos, amadurecer novos processos e apoiar a tomada de decisões pelas lições apreendidas.

Na sequência, são planejados pro-jetos de curtos e médios prazos, que terminam por fazer parte do presen-

te, uma vez que sua importância tem implicações imediatas nos processos e tomadas de decisões para as questões relacionadas ao controle e gerencia-mento de espaço aéreo. Esses projetos fazem parte de uma primeira fase des-ta longa linha do tempo.

A segunda fase está com as atenções voltadas para o futuro. Essa vislumbra o futuro e o que dele poderá ser apro-veitável para a necessária evolução do tráfego aéreo no contexto dos 20 mi-lhões de km² sob a responsabilidade do Estado Brasileiro.

No âmbito do SISCEAB, este futuro está relacionado estritamente às no-vas tecnologias, ao aumento da de-manda de tráfego aéreo, fomentada pelo desenvolvimento econômico, e, em contrapartida, em um processo de retroalimentação, sendo o agente ativo de fomentação econômica para o País.

E, como consequência, a maximiza-ção de lucros que as empresas aéreas tanto visam e que o gerenciamento do tráfego aéreo de alta qualidade e a segurança das operações aéreas pode prover.

Para estas duas grandes fases, que podem, didaticamente, ser classifica-das como presente e futuro, existe o grupo de profissionais responsáveis por gerir e manter os projetos e as ati-vidades que delas provêm.

Assim, a APLOG se divide em dois grupos: o primeiro se ocupa com os projetos relacionados ao atendimento das necessidades de curto e ou médio prazo e às atividades continuadas, que se desenvolvem na esfera Operacio-nal e de Manutenção. O segundo, que olha para o futuro, se ocupa dos pro-jetos relativos às aplicações das novas tecnologias e de tudo que se relacio-

Linha do tempo

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6 AEROESPAÇO

na com o planejamento de sistemas, equipamentos, instalações e tudo que se referir às ações de modernização do SISCEAB.

Pode-se atribuir as atividades e os projetos do primeiro grupo – o do presente – ao DECEA e às suas Organi-zações subordinadas. Os do segundo grupo – o do futuro – mais especifica-mente, à modernização do SISCEAB, à Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA).

Para tanto, a Assessoria de plane-jamento do DECEA, deve ser atuante nos diversos temas relacionados ao controle do tráfego aéreo, tanto em re-lação aos clientes internos (os da pró-pria organização), como para os clien-tes externos (os usuários do SISCEAB), a fim de poder proporcionar com a qualidade e a necessária segurança os serviços inerentes ao controle e geren-ciamento do tráfego aéreo.

O DECEA, como Órgão Central do SISCEAB, gerencia o espaço aéreo sob a jurisdição do Brasil por meio de seus órgãos Regionais, com destaque para os CINDACTA (Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), que têm a incumbência de manter seguro e confiável o fluxo do tráfego aéreo nas áreas sob sua juris-dição.

E o SISCEAB, por sua vez, tem como principal cliente a sociedade, isto é claro. É para ela que os serviços são prestados, de forma indireta. E como elo fundamental desta corrente está a Comunidade ATM – formada por em-presas e profissionais de diversas áreas voltados para as questões relaciona-das ao Gerenciamento de Tráfego Aé-reo ou que dele dependem.

Nesse universo, o DECEA, no papel de principal Provedor de Serviços de Navegação Aérea (ANSP, na sigla em inglês de Air Navigation Service Provi-der) exerce influência direta na Comu-nidade ATM, que tem por meta a oti-mização de custos com o aumento da eficiência e da segurança dos serviços disponibilizados.

No linguajar da gestão de projetos, tão em voga na atualidade, o DECEA é caracterizado por ser uma Organi-zação Baseada em Desempenho (PBO, na sigla em inglês para Performance

Based Organization). Neste conceito, a prioridade é atingir um custo aceitável para um serviço de grande qualidade.

E para que essa prioridade seja uma realidade, as empresas que se baseiam nessa performance lançam mão de ferramentas que monitorem as ati-vidades realizadas e as metas de de-sempenho – os chamados Indicado-res-Chave de Desempenho – KPI (Key Performance Indicators). Da mesma forma, a APLOG, pela necessidade de buscar a excelência nas suas ações, também desenvolve uma sistemática para a avaliação de desempenho do DECEA e de suas Organizações subordinadas.

Dentro do SISCEAB, Indicadores de desempenho atendem às principais áreas que devem ser monitoradas, ressaltando-se:

Segurança Operacional (refere-se ao Safety e trata-se da segurança do voo em si, ao longo de toda sua traje-tória, da decolagem ao pouso);

Segurança da Aviação (refere-se ao Security e trata-se de tudo aquilo que pode afetar a segurança do voo, como interferência de rádios piratas, seques-tro de aeronaves, atos terroristas, entre outros);

Eficiência de Voo (relaciona-se a como o voo procede em toda a sua trajetória, como, por exemplo, aerovia

utilizada, distanciamento entre aero-naves, entre outros);

Capacidade (relação entre recursos materiais e humanos);

Acessibilidade e Equidade;Participação da Comunidade ATM;Disponibilidade de Meios;Previsibilidade (olhar adiante, pre-

ver conjunturas e traçar medidas pre-ventivas para curtos e médios prazos);

Custo-Eficácia (relação custo x be-nefício);

Meio Ambiente (atenção à respon-sabilidade social que se faz presente em diversas medidas, como no con-trole da emissão de gazes e ruídos, desenvolvimento de projetos voltados ao uso de energias alternativas, entre outros);

Flexibilidade (aspecto de grande relevância para o gerenciamento de tráfego aéreo neste cenário multidis-ciplinar que envolve uma quantidade enorme de empresas que, embora tra-balhem em harmonia, ao possuírem interesses comuns, concorrem entre si);

Interoperabilidade Global (refere-se à adaptação da conjuntura nacional à realidade mundial – aquilo que se re-laciona à aviação internacional), entre outros.

Elencadas as áreas de atuação, en-

Equipe da APLOG 6 trabalha no sistema NEXO

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7AEROESPAÇO 7AEROESPAÇO

tram em ação os indicadores de de-sempenho. Estes devem responder ao que se conhece por 5W2H, ou seja: le-tras dos termos que na língua inglesa representam alguns questionamentos que servem de baliza para a elabora-ção de planos de execução e de con-trole de tarefas.

Esses termos em inglês referem-se aos seguintes itens:

A aplicação dos indicadores resul-ta num levantamento de conjuntu-ras que podem ser transformados em dados. Esses dados, de altíssima relevância para a avaliação de de-sempenho, podem ser armazenados em Bancos de Dados (softwares es-pecializados) para, posteriormente, quando aproveitados, servirem de base sólida no suporte às tomadas de decisões, de vital importância para o SISCEAB.

No caso dos dados levantados es-pecificamente pelos indicadores, são armazenadas em um sistema cha-mado SGID (Sistema para Gestão de Indicadores de Desempenho), fer-ramenta desenvolvida pela APLOG para a operacionalização de indica-dores de desempenho para o DECEA e Organizações subordinadas.

Mais adiante, serão abordados, mais especificamente, outros ban-cos de dados, planilhas e softwares usados por esta Assessoria.

Antes, porém, para compreender todo o trâmite de planos, projetos,

atividades e ações do DECEA – e de todas as suas Organizações subor-dinadas – vamos, didaticamente, traçar uma comparação com a estru-tura de um planejamento orçamen-tário familiar.

Murilo (nosso personagem) tra-balha numa empresa de eletrônicos e recebe um salário mensal de R$ 5 mil. É casado com a Isabela, que tra-

balha numa empresa de Tecnologia da Informação e que recebe mensal-mente R$ 4 mil. O casal tem um filho de oito anos chamado Fernando.

Pois bem. Todos os meses, o casal dispõe de R$ 9 mil para arcar com os gastos relativos à casa (que neste caso é própria – pra facilitar!!!), dia-rista, aos estudos do filho, à alimen-tação, telefonia, locomoção e lazer – que, somados, custam aproxima-damente R$ 7.500.

Assim, logo de cara, todos sabem o quanto entra na conta e o quanto deste montante já está comprometi-do com as despesas previstas.

Além dos gastos contínuos (ad-ministrativos), tem ainda o dinheiro que Murilo e Isabela sempre deixam de reserva um montante para des-pesas extras (os imprevistos).

Com o restante, eles aplicam para a realização de alguns projetos pes-soais.

Murilo deseja comprar um novo laptop e comprar uma televisão nova para a sala.

Isabela quer viajar nas férias de ju-lho para a Disney com a família, para atender um desejo antigo do filho e, ainda, dar uma atualizada no guar-da-roupa.

Além de ir pra Disney, Fernando quer porque quer um Playstation 3.

Era uma quarta à noite do mês de abril quando Murilo e Isabela, enquanto Fernando via um DVD, se sentaram à mesa para traçar os pla-nos para o famigerado mês de julho.

“Olha, Isa”, disse Murilo, “a gente até pode usar o cartão, aonde a gen-te tem disponível uns cinco mil, mas ainda assim, não vai dar pra fazer tudo que a gente quer”.

“Mas a viagem pra Disney a gen-te já adiou tantas vezes... faz tempo que o Nando tá pedindo”, ponderou Isabela.

“É... tem razão. Mantemos a via-gem. A TV pra sala a gente pode deixar pra depois, mas eu preciso do laptop urgente”.

E assim, o casal vai priorizando os desejos (planos e projetos) tendo sempre em vista a relação necessida-de-urgência-custo, até chegar a uma decisão final do que vai ser realizado, de quem vai ficar responsável pelo quê e de quando cada item acorda-do vai ser, de fato, realizado.

No DECEA temos o Plano Setorial do Departamento de Controle do Tráfego Aéreo (PLANSET) e, decor-rente deste, os Programas de Traba-lho (PT) para serem executados pe-las Organizações subordinadas.

O PLANSET contempla atividades e projetos que visam à continuidade das operações, a evolução tecnoló-gica e o aprimoramento de soluções que possibilitam maior eficiência no gerenciamento e no controle do tráfego aéreo. Constitui-se, também, em ferramenta que norteia as ações para a execução dos projetos estra-tégicos atribuídos por meio do Plano Estratégico Militar da Aeronáutica (PEMAER).

O planejamento, quando realizado para períodos mais longos, como o estabelecido no PLANSET, necessi-ta de revisões, as quais, no âmbito do DECEA, se realizam anualmen-te. Dessa forma, a atual versão do

Termo em Inglês Significado

What O que deve ser realizado

Why Por que tal projeto ou atividade deve ser realizada

Who Quem será responsável por cada projeto da atividade

When Quando cada passo será dado

Where Onde cada projeto ou atividade será realizada

How Como tudo deve ser feito

How much Quanto cada projeto ou atividade custa

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8 AEROESPAÇO

PLANSET, com as ações deduzidas dos projetos priorizados no nível estratégico e as atividades e proje-tos relacionados à manutenção e ao desenvolvimento do SISCEAB, conti-nua sendo a base para os Programas de Trabalho das Organizações.

Dentro da APLOG, a seção que se relaciona a elaboração e atualização do PLANSET é a de Planejamento Se-torial (APLOG 1). É essa Seção que figura como o primeiro alicerce da Assessoria, tendo entre suas respon-sabilidades e metas a análise e con-solidação de todos os dados relacio-nados às necessidades apresentadas pelos Subdepartamentos e Organi-zações subordinadas, focando a atu-alização do PLANSET para o próximo período de oito anos.

Na continuidade do ciclo de plane-jamento, o processo de acompanha-mento e controle da execução das atividades e projetos priorizados e constantes dos PT é tarefa fundamen-tal para se evitar imprevistos que pos-sam, de alguma forma, impedir que a missão seja cumprida. Todo esse pro-cesso é realizado pela Seção de Coor-denação e Controle Executivo (APLOG 2), que dá prosseguimento às ações planejadas no PLANSET.

Ainda fica a cargo desta Seção a produção dos relatórios para o Con-

selho de Aviação Civil (CONAC), para o Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), uma participação no processo de ela-boração do Relatório de Gestão para o TCU , bem como a necessidade de se acompanhar, pari passu, a execução do planejamento aprovado, a fim de assegurar a aplicação correta e com a qualidade necessária dos recursos pú-blicos.

Como ferramenta para as necessida-des que constantemente se apresen-tam nesse ambiente de planejamento e acompanhamento da execução das atividades e projetos priorizados, bem como a aplicação dos recursos dispo-nibilizados para o SISCEAB, a Assesso-ria está desenvolvendo a Ficha de Pla-nejamento (FIP) Eletrônica, que, após os devidos ajustes e testes necessários à sua implantação, deverá substituir a FIA impressa. Trata-se de uma nova in-terface para alimentar o banco de da-dos com tudo aquilo que irá compor, num passo seguinte, o PLANSET.

A FIP Eletrônica impactará forte-mente no trabalho da equipe, dada às facilidades para o acesso (on-line) às informações para o registro e acompa-nhamento da execução das atividades e projetos planejados, bem como para o preenchimento adequado das ne-cessidades organizacionais, evitando-se, ao máximo, as não conformidades.

“Consegui vender a moto!”, come-morou Murilo. “Agora, temos mais R$ 9 mil! Podemos dispensar o cartão de crédito por enquanto e deixar só pra caso de necessidade”.

“Ótimo! Vou na agência pegar as passagens hoje à tarde e a moça já vai me entregar os recibos dos cheques”, lembra Isabela.

“Parcelamos em quantas vezes mes-mo?”, indaga Murilo, ao que ela res-ponde: “foram em dez vezes. Demos uma entrada de R$ 5 mil, que eu tinha guardado, e o restante foi dividido em dez prestações. Ainda bem que eles aceitam cheque! Dispensamos o car-tão”.

“Ok, pelas minhas contas, tínhamos de cara R$ 11.200, contando com 1.200 livres por mês, mais seus cinco mil e mais os cinco do cartão. Você pagou 5 mil agora em abril pra viagem pra Disney e a partir do mês que vem até fevereiro de 2012 teremos pré-datados de R$ 1.800. Então, ficamos com 6.200. Vamos deixar o cartão de lado, porque entraram mais os 9 mil”, Murilo vai cal-culando.

“Ok. São 15.200 sem o cartão. Dá para comprar o seu laptop e até o Plays-tation do Nandinho!”, confirma Isabela.

E o papo vai adiante enquanto o casal reafirma, baseado nos cálculos, como as prioridades podem ser rear-ranjadas. E, procedendo assim, não teve contratempos. A família viajou pra Disney, comprou o Playstation pro Fernandinho e o laptop do Murilo e, é claro, duas malas repletas de roupas novas para Isabela!

Esta é a importância do acompa-nhamento orçamentário. A cada perí-odo de tempo (estabelecido de acordo com as necessidades), o casal tira o ex-trato das contas bancárias e do cartão de crédito para verificar a movimenta-ção das finanças. Assim, podem cum-prir metas e atualizar projetos se virem que é possível realizá-los.

Uma das fases da sistemática de planejamento do DECEA está relacio-nado ao processo de verificação da aplicação dos recursos orçamentários. Diariamente, por meio de ferramentas desenvolvidas na própria APLOG, é possível se constatar se o planejamen-to está sendo executado em confor-

Equipe da APLOG 1 dá andamento ao PLANSET

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9AEROESPAÇO

midade com a disponibilidade dos re-cursos e se a aplicação financeira está coerente com a legislação pertinente. Esse trabalho é realizado pela Seção de Gestão Orçamentária (APLOG 3), tor-nando possível, por meio da constata-ção dos indicadores financeiros, avaliar se as metas estabelecidas estão sendo alcançadas.

A APLOG 3 também é a responsá-vel pela elaboração da Proposta Or-çamentária do DECEA, consolidação das propostas das OM subordinadas, acompanhamento da Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) e da Lei Or-çamentária Anual (LOA), pelo gerencia-mento dos créditos descentralizados.

Assim, em seu relatório diário, a APLOG 3 disponibiliza, todos os dias, o chamado conta corrente e os indica-dores financeiros relacionados às apli-cações dos recursos públicos alocados sob a responsabilidade do DECEA.

Como vimos logo no início, olhar para o futuro é tão importante quan-to olhar para o agora e seus desdo-bramentos de médio prazo. Afinal, é olhando para o futuro que firmamos destinos (para onde querermos ir) e planejamos os passos que nos levarão a ele. Esta atribuição está diretamente relacionada à Seção de Planejamento Estratégico (APLOG 4).

Uma das maiores reformulações no ambiente da APLOG foi a assunção da responsabilidade pela continuação do planejamento para o processo de evo-lução do SISCEAB, com a implemen-tação do Gerenciamento de Tráfego Aére (ATM) Nacional.

Muitas têm sido as realizações desta área. Alguns dos destaques foram a complementação da Concepção Ope-racional da Vigilância Dependente Au-tomática por Radiofusão (ADS-B) Con-tinental, que é o conceito de Vigilância Dependente Automática por Radiodi-fusão sobre os níveis de segurança do Sistema de Controle do Tráfego Aéreo; e as participações na Reunião do Gru-po de Trabalho Internacional do Siste-ma de Aumentação Baseado em Terra (GBAS) – realizada no Japão em feve-reiro deste ano – e na Conferência de Controle de Tráfego Aéreo (ATC) Global – realizada em março na Holanda.

É importante observar que a execu-ção do planejamento referente ao Ge-renciamento de Tráfego Aéreo Nacio-nal, como evolução natural dos atuais sistemas de controle do espaço aéreo, somente será possível por meio da in-teração com os Subdepartamentos do DECEA e com outras Organizações, in-ternas e externas, como a Comissão de Estudos Relativos à Navegação Aérea Internacional (CERNAI), por exemplo.

Voltando para nosso casal de per-sonagens, Murilo e Isabela, vimos que além das passagens da viagem, ela foi buscar o recibo dos cheques en-tregues e o contrato da aquisição do pacote de viagem para a Disney. Tudo que envolve pagamento e contratação de serviços e produtos exige recibos e, se necessário, contratos.

Não poderia ser diferente com a APLOG! Todas as metas envolvem aquisição de material e de recursos fi-nanceiros e humanos. Portanto, envol-vem contratos.

Para que todo o processo de pla-nejamento, elaborado e aprovado no âmbito do DECEA seja concretizado, muitos contratos são firmados, com o consequente envolvimento de vários setores do próprio Departamento e de suas Organizações subordinadas.

Assim, no ambiente dessa Assesso-ria, pela Seção de Análise de Contratos (APLOG 5), são desenvolvidas ações pertinentes para todas as questões que se relacionam aos contratos, con-vênios e termos de parceria.

A APLOG 5 tem como atribuição a análise administrativa, o controle e o acompanhamento dos instrumentos contratuais e a emissão de pareceres administrativos, objetivando que to-dos possam ser aplicados em relação aos seus respectivos objetos, de tal forma que nenhuma das parte e ou setores envolvidos tenham qualquer prejuízo – principalmente, o Órgão Central do DECEA.

A equipe da APLOG 5, somente em 2010, realizou a análise de 439 minutas e, até o dia 7 de abril de 2011, já foram totalizadas 83 minutas, observando-se que a parceria com o Consultor Jurídi-co do Rio de Janeiro (CONJUR/RJ) tem possibilitado que em 15 dias, aproxi-

madamente, as minutas de contrato sejam aprovadas.

Finalmente a APLOG 6, Seção de Análise e Desenvolvimento, criada em meio à reestruturação dessa Assesso-ria, tem por atribuição o desenvolvi-mento das ferramentas necessárias para o suporte à atividades desenvol-vidas na APLOG, tais como a coordena-ção da implantação do Sistema NEXO (veja a seguir) e o SGID, já implantado no DECEA.

O Sistema Nexo

Nascido na CISCEA, num trabalho conjunto com especialistas da Funda-ção Coordenação de Projetos, Pesqui-sas e Estudos Tecnológicos (COPPETEC), extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por conta de uma demanda interna, o Sistema Nexo é essencialmente um software de ges-tão integrada de projetos que acom-panha tudo o que é relativo à adminis-tração físico financeira.

Dividido em dois grandes módulos (Gestão Administrativo-Financeira e Gestão de Projetos, com o acompa-nhamento físico da execução dos pro-jetos), o Sistema NEXO teve grande aceitação e, em decorrência dos bons resultados alcançados, sua implan-tação foi autorizada no âmbito do DECEA, inicialmente nos Subdeparta-mentos e, na sequência, nas Organiza-ções subordinadas.

Para garantir o sucesso deste empre-endimento, a expansão do software passou por um necessário “up grade”, realizado na própria CISCEA, permi-tindo a sua adequação às novas de-mandas do DECEA. Vale resaltar que a responsabilidade pela continuidade das modernizações e adaptações do Sistema Nexo será migrada da CISCEA para o DECEA, estando essa responsa-bilidade atribuída à APLOG.

Com a migração e consequente im-plantação, o sistema Nexo trará para o SISCEAB uma série de benefícios, tais como a ampliação da capacidade de controle; maior fluidez do trâmite de informações, a possibilidade de se re-alizar intervenções oportunas para a

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correção de possíveis desvios; a padro-nização de procedimentos de gestão; e a circulação do conhecimento.

Atualmente, a APLOG está implan-tando o módulo de Gestão de Projetos, que já está operacional em todos os Subdepartamentos do DECEA, no Ins-tituto de Cartografia Aeronáutica (ICA), no Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), no Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), na As-sessoria de Segurança Operacional do Controle do Espaço Aéreo (ASOCEA) e na Comissão de Estudos Relativos à Navegação Aérea (CERNAI). Até 2012 está prevista a implantação do módulo de Gestão Administrativo-Financeira nestas Unidades.

No ambiente da APLOG, o Sistema Nexo será aplicado no processo de acompanhamento das atividades e projetos constantes do PLANSET, bem como de todas as ações priorizadas e constantes dos Programas de Trabalho aprovados.

Outra característica de fundamental importância desse sistema é a capaci-dade de integração dos dados entre usuários, possibilitando a visibilidade de todos os projetos e respectivos ge-rentes; a possibilidade de se efetuar a troca de informações entre todos os profissionais envolvidos em cada tarefa, o que favorecerá a eficácia no

desenvolvimento dos projetos e a oti-mização da gestão orçamentária.

O programa ainda disponibiliza aler-tas automáticos que indicam, perio-dicamente, os prazos de entrega das tarefas e gera relatórios de acompa-nhamento de tudo que está sendo re-alizado. Quanto aos relatórios gerados, vale ressaltar que estes serão aplicados para os níveis estratégico, gerencial e operacional.

Olhos para a APLOG

No mundo atual, onde cada vez mais os recursos se tornam escassos, o planejamento se torna parte de uma estratégia que deve ser adotada para todas as questões que envolvam a aplicação de tais recursos, principal-mente o financeiro. Com essa visão, o administrador não poderá deixar de estender a sua importância para toda a organização, principalmente no âmbi-to do DECEA, Organização Prestadora de Serviço de Navegação Aérea, que detém a importante atribuição de pro-porcionar a segurança e o controle do espaço aéreo brasileiro.

Nesse sentido, o próprio Diretor-Geral do DECEA, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ramon Borges Cardoso, tem na APLOG a grande central de plane-jamento do SISCEAB, ratificando que suas funções, apesar das características

diversas, devem ser integradas para a obtenção de melhores resultado.

Multidisciplinar. Assim é a essência da APLOG, que realiza o planejamen-to do futuro, com o estabelecimento de projetos de longo prazo; define as capacidades para o curto e o médio prazos; prioriza a alocação dos recur-sos; acompanha, de forma sistemática, os resultados alcançados; e verifica a eficiência atingida para as necessárias ações de re-planejamento.

Dessa forma, voltando ao primeiro item (planejamento do futuro), certifi-ca-se que o serviço prestado por esta Assessoria é contínuo e de fundamen-tal importância para a Organização que detém a grande responsabilidade pela segurança e controle do espaço aéreo em uma área de 22 milhões de km².

Integração é palavra de ordem e a interação com todos os elos deste Sis-tema é condição “sine qua non” para o cumprimento das metas estabelecidas pela Alta-Administração do DECEA.

Como bem resume o Diretor-Geral, os Subdepartamentos se ocupam com os objetivos setoriais, a CISCEA com as implantações e as Organizações subor-dinadas com a execução. E neste pro-cesso, confiança, comprometimento e comunicação não podem faltar.

Em suas considerações finais, o Co-ronel Vladimir ressalta sua convicção: “Com a entrada das diversas ferramen-tas de controle, teremos condições de automatizar processos que possibilita-rá à APLOG condições para a realização de planejamentos cada vez mais ela-borados, principalmente com maior interação com os Subdepartamentos do DECEA, a fim de se obter mais qua-lidade e maior eficiência no trabalho desenvolvido, permitindo ao DGCEA maior segurança para as tomadas de decisão”.

Antes da publicação desta Reporta-gem Especial, o Coronel-Aviador Paulo Vladimir Ribeiro Rodrigues foi convo-cado para assumir a Chefia do Estado-Maior do Segundo Comando Aéreo Regional (COMAR II) de Recife (PE).

Desta forma, o Coronel-Intendente Ricardo Augusto Sampaio de Souza assumiu a Chefia da APLOG.

Trabalhos intensivos na implantação do Sistema NEXO

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Reportagem Especial

Informação transforma

conhecimento

Temos visto que em algumas regiões do Brasil ações entusiastas e motivadoras de graduados ajudam soldados a melhorar sua técnica profissional, enquanto outros divulgam a Força Aérea Brasileira (FAB) para jovens estudantes, atendendo orientações do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), promovendo palestras sobre formas de ingresso na FAB

Através da Pesquisa de Clima Organizacional (PCO) apli-cada aos graduados, em 2009, e para os oficiais, em 2010, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) conseguiu enxergar o universo corporativo das OM subor-dinadas, reconhecendo que há militares comprometidos e que fazem o diferencial em suas Unidades. Muitos dão o melhor de si e até superam metas estabelecidas.

Em nosso ambiente de trabalho, seja operacional, téc-nico ou administrativo, lidamos com novas tecnologias e algumas surgem com muita velocidade. Por isso, o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) clama por profissionais dinâmicos e que atuem de forma proati-va. Os espaços para os que guardam seus conhecimentos para si e não compartilham informações atualizadas aca-baram.

A comunicação hoje deve fazer parte do cotidiano de todos os integrantes do SISCEAB, seja militar ou civil. Faz parte de nossas atividades divulgar os novos conceitos e conhecimentos para trazer aprimoramento e capacitação

plenos para os nossos pares e subordinados. Essas ações de multiplicadores armazenam conceitos e conhecimen-tos para a Organização Militar (OM) como um todo.

Desenvolver e aprimorar capacitação de outros dá pra-zer para os que têm como compromisso educar e ensinar.

Quando esses militares transformam-se em voluntários inflamados e assumem uma postura de favorecer as ações de seus subordinados e/ou pares na interação com a Uni-dade, alavancam a autoestima destes aprendizes e tam-bém passam a perceber que suas atitudes transformam os outros.

Da mesma forma, os que estão aprendendo ou assimi-lando conhecimentos, passam a se reconhecer como úteis à Unidade, conscientizando-se da importância dos seus atos e ações no progresso da OM e valorizam os que estão se dedicando a ensinar.

Vamos contar, a seguir, quatro histórias de militares que vivem essas ações no dia a dia em suas OM.

Por Daisy MeirelesFotos: Luiz Ediuardo Perez e arquivos pessoais dos entrevistados

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Ensinar é melhor do que aprender

As Organizações Militares, assim como as empresas civis, têm utiliza-do a informatização de forma cada vez mais intensiva e acelerada. Uma das tendências percebidas era a ne-cessidade de se implantar um novo sistema operacional de software li-vre. Era uma novidade e – como em qualquer local - novidade causa re-buliço. Somos quase todos avessos às novidades. E era grande a novi-dade! Havia uma necessidade geral das OM em se atualizar e passar a re-alizar trabalhos pelos sistemas infor-matizados pelo software livre, e isto incluía mudanças.

Havia um militar no SRPV-SP dis-posto a colaborar: o então Primeiro Sargento Básico em Eletrônica (BET) Edson Takeaki Kuromiya. Como mi-litar da área técnica, ele trabalhava com Informática e sempre tinha contatos com usuários no dia-a-dia. No início da carreira trabalhou com telefonia/telegrafia e passou para a área de equipamentos de nave-gação área (NDB - Rádio Farol Não-Direcional, VHF - Frequência Muito Alta, DME - Equipamento Medidor de Distância), planejamento técnico e, depois, para a informática.

Aprendia sempre com as dificul-dades dos usuários, já que tinha com eles relação diária. Por isso, em me-ados de 1999, Kuromiya permitiu-se

experimentar alguns softwares alter-nativos, livres. Fora do expediente, ele já fazia suas pesquisas e experi-mentações e ia informando ao pes-soal que trabalhava com ele do que havia de novo no mercado.

Confirmando seu pensamento, no ano de 2000, a então Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Voo (DEPV) – atual DECEA - enviou uma mensagem rádio, determinando às OMs que procurassem alternativas aos softwares proprietários. Era uma época em que começavam as difi-culdades nos licenciamentos dos softwares.

No final daquele ano e início de 2001, Kuromiya foi indicado a fazer o curso de StarOffice, com a tarefa de – na volta - ensinar a utilização do software para o efetivo do SRPV-SP.

O curso de StarOffice foi realizado no Centro de Computação de Aero-náutica de Brasília (CCA-BR). Só não foi explicitado que era no ambiente Windows. Enfim, quando voltou do curso, ligou seu computador e, sur-preso, perguntou: “Cadê o meu Windows? Quem colocou Linux no meu computador!?”

Estavam esperando que ele ensi-nasse o Linux para todo mundo. Afi-nal, StarOffice, na época, era sinôni-mo de Linux. Era a nova fase. O início. Mas quem tinha mudado o Sistema Operacional Windows para Linux?! O que havia acontecido? Todo o SRPV-SP estava com Linux. Ninguém con-seguia mexer naquele software, afi-nal, era novidade... Mas não era isso o planejado.

Ele, Kuromiya, tinha apenas o gi-násio, completado com supletivo. Essa foi a fase em que ele montou al-guns treinamentos para os usuários.

No início, sempre trabalhou sozinho, montando as apostilas, organizando as turmas, preparando aulas. Enfim, acabou assumindo o compromis-so de formar mais pessoal, sempre se colocando no lugar do usuário. Fora do expediente, planejava e executava, aprendia lendo material de software livre, transformando-se em autodidata. “E ainda hoje, sem-pre procuro acompanhar o que está acontecendo no dia-a-dia do mundo externo ao nosso” – ressalta o militar – justificando que o maior objetivo do pessoal da área de Tecnologia da Informação é fazer com que o usuá-rio não tenha dificuldade no uso dos recursos existentes, seja no SRPV-SP ou em qualquer OM.

Então, o SRPV-SP teve que retornar ao Windows, conforme ia adquirindo a licença. Mas o problema não era só o Sistema Operacional, era também o conjunto para escritório MS-Office. Assim, colocavam StarOffice, mas desformatava todos os documentos, afinal, era desejado manter o for-mato dos documentos do MS-Office (.doc, .xls, .ppt, .pps).

Kuromiya tinha facilidade, habili-dade e muita curiosidade. Todos en-viavam documentos para ele forma-tar e consertar. Para resolverem os problemas com mais rapidez, foram comprando licenças de MS-Office e se adaptando.

Depois, não tinham mais verba e procuravam alternativas. Acabaram-se os StarOffice e começaram a utili-zar o seu sucessor, o OpenOffice.org, mas todas as vezes em que se atua-lizava, um problema e outro apare-ciam... mais adaptação, mais apoio de Kuromiya. Afinal, o OpenOffice.org ainda estava engatinhando.

“Posso construir um império com minha informação! Não para fazer fortuna, mas por um mundo melhor e mais justo”-Suboficial Kuromiya

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E isso tudo aconteceu antes da “Era Sauti” – ainda usava-se a “Ordem de Serviço”, que era uma cópia da do CINDACTA II.

“O usuário não sabia diagnosticar o próprio problema – às vezes era hardware e ele dizia que era software. Outras vezes o inverso” – conta rindo Kuromiya.

Havia muita diferença no uso do OpenOffice.org e todo mundo queria aprender. A Chefia da Divisão Técnica do SRPV-SP, então, resolveu implan-tar um curso para todo o efetivo e Kuromiya foi escalado para lecionar nos Destacamentos subordinados. E, como sempre, fora do expediente, ele ia planejando e executando os planos de aula.

“Aprendi lendo material de software livre. Grandes empresas como IBM, Olivetti, Siemens, Petrobras, METRO de São Paulo etc já estavam inician-do seu apoio e desenvolvendo ma-teriais. Aqui no SRPVP-SP tenho or-gulho de ver cerca de 600 máquinas rodando BrOffice hoje. É uma satisfa-ção pessoal", – diz ele.

Kuromiya pesquisou, acompa-nhou a história da implantação e da interface, preocupou-se com o usuário para que o mesmo não so-fresse com o treinamento. Na época utilizava um CD do Linux que levava de 15 a 21 minutos para instalação completa, com vários programas, já com gravador de CD, games, um programa similar ao photoshop etc. Comparando-se ao Windows, levaria algumas horas para ter tudo instala-do.

“Tenho verdadeira paixão e con-fiança pelo Linux. Divulgo a facili-dade de chegar ao usuário, além do seu suporte, que não é de empresas, mas da própria comunidade que faz uso dele. Há muitas pessoas que se interessam em ajudar, pelo simples fato de estar cooperando por um mundo mais livre. Sou um curioso, é verdade, mas gosto de experimen-tar. Se eu não aprender, não posso ajudar com informação” – declara ele e vai mais além: “Posso construir um império com minha informação! Não para fazer fortuna, mas por um mundo melhor e mais justo”.

O SRPV-SP passou a ter licenças e estava tudo legalizado. De modo ge-ral, a preferência da Chefia era pro-mover aulas para os soldados, por-que eles seriam os primeiros a lidar com os programas e para os sargentos, que iriam operar o OpenOffice.org. Eles tinham mais interesse em informáti-ca, mais curiosidade para aprender. Queriam saber dos recursos da infor-mática atualizada e utilizar no traba-lho, e em benefício na faculdade ou em casa.

O SRPV-SP deu apoio para o curso, porém, o problema sempre foi fal-ta de recurso para material e ainda teria que tirar o soldado do serviço para aprender.

Temos conhecido profissionais mi-litares e civis que se destacam não só por suas qualidades, mas pelo seu desejo de repassar suas aptidões, percebendo que isso pode aumentar a valorização dos recursos humanos da Unidade. Alguns preocupam-se com os novos soldados e seus talen-tos de forma contínua e integrada, sempre acreditando que eles podem ser lapidados. Afinal, são pessoas de valor e que podem ser descobertos em suas vocações.

“Nada esplêndido jamais foi al-cançado, exceto por aqueles que ousaram crer que alguma coisa que havia dentro deles era maior que as circunstâncias ao seu redor” - essa frase de Bruce Barton soa como uma tradução para a vida de Kuromiya. Uma pessoa alegre, harmoniosa e equilibrada à primeira vista. Perfil que idealizamos dos orientais, como é o caso dele, um nissei (filho de ja-poneses), natural de Itapeva, interior de São Paulo. Sua competência, sua habilidade e sua eficiência no traba-lho são transparentes. O empenho com que se dedica ao estudo com satisfação é um fato comprovado, visível. As pessoas à sua volta, que já receberam dele treinamento, de-monstram a satisfação de ter bene-fícios e reconhecem a dedicação, a tranquilidade e a alegria no momen-to em que ele incorpora o instrutor".

Até dezembro de 2006, ele fazia parte da equipe de Informática do SRPV-SP. Hoje, há um grupo sendo

preparado para formar uma equipe de instrutores e ele é um dos convi-dados. Na época em que trabalhava como coordenador das turmas, rea-lizava tudo sozinho, faltava pessoal capacitado, e a dificuldade de de-satar os laços do MS-Office, coloca-do como alternativa aos softwares livres, era muito grande.

“Tirar um vício é difícil, mas a se-mente foi plantada e está dando fru-tos. Vejo algumas pessoas utilizando software livre em seu dia-a-dia, em casa e no trabalho, e acho que estão no caminho certo” - desabafa Kuro-miya, que mantém os canais abertos com muitas pessoas para tirarem dúvidas e está sempre solícito a dar opiniões e conselhos a respeito do assunto.

Hoje ele é Suboficial, tem 42 anos, trabalha na área de Radiodetermi-nação e atua como técnico em ma-nutenção de radar no aeroporto de Guarulhos, SP. Sim, o tempo passou e também houve mudanças na sua vida pessoal, mas ele sabe que a in-formática se atualizou e ele acom-panhou tudo. Hoje, em sua área de trabalho pode aplicar os conheci-mentos que adquiriu e continua uti-lizando a Tecnologia da Informação.

Sabemos que qualquer pessoa que esteve numa sala de aula com Kuromiya poderá ter feito outra op-ção no futuro, deixando o cotidiano da FAB como soldado, como sargen-to ou oficial, mas saberá que o que foi transmitido por ele servirá para ser aplicado em alguma área de sua vida profissional.

“Não devemos focar o ensino ape-nas no âmbito interno, temos que saber que o jovem deve estar prepa-rado para qualquer situação fora da FAB. Fico feliz, sabendo que muitos aprenderam comigo!” – diz o militar realizado.

"Hoje, estamos experimentando colocar uma introdução ao Linux nos treinamentos. É uma boa prática para preparar os ouvintes para as alternativas que existem nos dias atuais". – revela o militar, que no dia 8 de novembro de 2010, ini-ciou uma nova turma no SRPV-SP para Suboficiais.

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A introdução ao Linux - segundo Kuromiya - mostra que existem op-ções que atendem de forma satisfa-tória aos trabalhos do cotidiano.

Ele tem um projeto pessoal para auxiliar no uso do software BrOffice.org. Está no início, não possui muito conteúdo, mas quem quiser conhecer o projeto, está em http://saberbroffice.blogspot.com/.

O mais difícil é tirar a cultura da pirataria de software e fazer as pes-soas terem uma nova visão. “Hoje as pessoas têm preguiça de aprender coisas novas, de procurar alternati-vas. Os jovens são mais receptivos, mas depende de quem está perto deles. Se for alguém que os incenti-va a utilizar o genérico das bancas, aí fica difícil. Mas se mostrarmos as vantagens, o funcionamento e o su-porte do software livre, aí sim, a men-te se abre!” – justifica.

Ele acredita, ainda, que podemos acrescentar mais conhecimento e preparo aos jovens que estão traba-lhando para o SISCEAB, sejam eles soldados, cabos, sargentos ou ofi-ciais. “Com o tempo e a inclusão de novos integrantes nas OM, a visão - a

forma como vemos - está melhoran-do” – é assim que ele pensa. E diz, em tom de esperança: “Podemos ajudar muito, preparando esses jovens. Mesmo que eles não sigam a carrei-ra militar na Força Aérea, podemos mostrar que tudo que ensinamos pode muito bem ser aproveitado na vida futura”.

"Uma vez", conta ele: “Disse para um soldado: o que você aprende é importante para usar hoje na sua seção de trabalho e para a vida toda fora daqui. O seu tempo aqui é limi-tado e futuramente você não estará mais aqui. Então, aproveite ao má-ximo o que nós podemos oferecer. Não sei se você vai seguir a carreira ou não. Talvez  não ache o salário compensador nem sei se vai receber algum prêmio enquanto estiver por aqui. Mas sei que para mim, a satisfa-ção de ensinar a você é um prêmio”.

Mas ele não tem ideia de quan-tos soldados ou graduados foram beneficiados com seus ensinamen-tos, nem saberia precisar... Mas nós encontramos dois deles durante a

entrevista em São Paulo, por acaso, que nos contaram um pouco do que aprenderam com ele.

Um deles é o Primeiro Sargento BCT Silva (SRPV-SP), que recebeu aula de Eletrônica em 1987, ainda como Soldado de Primeira Classe, quando atuava como auxiliar de ele-trônica e diz que sempre aplica as instruções que recebeu do “profes-sor” Kuromiya. O outro é o Segundo Sargento BCO Pablo, que fez o curso de BrOffice quando era Terceiro Sar-gento, há sete anos. “O curso me aju-dou muito, pois eu era o único que sabia do assunto na Seção de Ins-trução e Atualização Técnica (SIAT). Fiquei tão entusiasmado com o trei-namento, que decidi fazer faculdade de Tecnologia da Informação”.

Para finalizar a entrevista, per-guntei a Kuromiya se ele se sentia gratificado pelo que fazia. Ele me respondeu que é uma coisa que nin-guém pode tirar dele. “Fico cheio de confiança, de fé e de força. Ensinar as pessoas é muito bom! É melhor do que aprender”.

“Muitos não tinham conhecimento das escolas

de formação como ingresso na Força Aérea

Brasileira”- Sargento Dias

Estamos no mesmo barco, num ambiente de sinergia

"A mente que se abre a uma nova ideia, jamais voltará ao seu tamanho original". Esse pensamento de Albert Einstein justifica o que resultou do

trabalho que o Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Santos (DTCEA-ST) realizou no final de julho de 2010, quando apresentou, tan-to para o seu efetivo quanto para o do Núcleo da Base Aérea de Santos (NuBAST), o vídeo promocional “Pro-fissões Militares da Força Aérea Bra-sileira".

Na  ocasião,  a repercussão, prin-cipalmente entre os soldados, foi imediata e positiva. Muitos desco-nheciam as opções que a FAB ofere-

cia. Perceberam, então, que as infor-mações poderiam  ser transmitidas também para a comunidade local e começaram visitando escolas públi-cas e particulares de ensino médio na cidade, explanando sobre a inten-ção em divulgar essas informações. Como teve boa receptividade, o en-tão Comandante do Destacamento, Segundo Tenente Pedro Paulo, ini-ciou com o Terceiro Sargento SGS (Guarda e Segurança) Marco Anto-nio Dias, um trabalho de elaboração

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de palestras de divulgação do vídeo, bem como a transmissão de outras informações referentes ao assunto e direcionaram dados  sobre as carac-terísticas das escolas de formação da FAB, como a Academia da Força Aérea (AFA), o Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR), o Instituto  Tecnológico de Aeronáu-tica (ITA), a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR) e a Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR).

Missão,  grade curricular,  duração dos cursos, localização e outras in-formações sobre as escolas foram temas abordados nas palestras, as-sim como as especificidades de cada concurso. Deram dicas de como acessar os  editais de concursos, di-vulgaram todos os sites específicos disponíveis na internet, bem como o portal da FAB, onde os jovens po-deriam obter mais informações. “O nível de interesse foi surpreen-dente, pois a maioria do público desconhecia o assunto. Muitos acha-vam que só como soldado poderia entrar para a FAB, ou seja, através do alistamento militar. Não tinham conhecimento das escolas de forma-

ção como ingresso na FAB” – disse o Sargento Dias.

Fazendo um levantamento geral, o DTCEA-ST alcançou cerca de 200 alunos, em escolas da rede pública e particular da cidade do Guarujá (SP). A intenção é  estender  a divulgação para  as escolas de ensino médio da cidade de Santos e dar continui-dade a esse trabalho em Guarujá.

Conheci o 3S Dias em 2009, quan-do fiz uma entrevista no Serviço Re-gional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRPV-SP) sobre o CFC (Centro de Formação de Condutores de Ve-ículos Automotores VA A/B), que é dirigido pelo Sargento Artur, outro exemplo de militar que se preocupa em colaborar na formação aprimo-rada de soldados. Dias faz parte da equipe de instrutores e examinado-res do CFC e já naquela época me causou interesse.

O CFC foi criado para suprir a ca-rência de motoristas nas unidades. O curso, além de formar novos con-dutores, também viabiliza a troca de categoria da carteira de habilita-ção. O Centro já formou mais de 150 condutores (soldados, graduados

e até oficiais) nas categorias “A”, “B”, “C” e “D” – na área do SRPV-SP e nos Destacamentos subordinados, além de outras OM da FAB. No curso são ministradas noções de trânsito, pri-meiros socorros e direção defensiva.

Quem conhece o Sargento Dias sabe que ele tem sabedoria no olhar e na linguagem e sabe usá-la a favor do próximo. Do alto dos seus 50 anos, sabe que os alicerces onde edificou seu caráter e sua persona-lidade foram forjados em sua vasta experiência profissional, sem a qual, pouco teria conseguido.

Arguto observador das relações pessoais em seu local de trabalho, entendeu que, como fontes ricas de conhecimento, podemos e devemos irradiá-lo às pessoas ao nosso redor e dividir um pouco desse saber.

O apoio que o 3S Dias recebeu do Tenente Pedro Paulo tem sido reforçado pelo atual Comandante do DTCEA-ST, Tenente Moisés To-más da Silva – que pretende conti-nuar o trabalho de divulgação das Escolas da FAB em Santos e tam-bém no Guarujá.

Você ensina, você confia

Há quase um ano, recebemos um release sobre um trabalho voluntá-rio do Terceiro Sargento Especialista em Eletricidade (SEL) Flávio Gama de Oliveira, do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Uru-

guaiana (DTCEA-UG). Achamos que o material podia render uma repor-tagem especial. Afinal, haveria ou-tros militares que teriam a mesma missão. Então, começamos a pes-quisar, a perguntar e achamos justo e merecido destacar esses militares graduados que, mesmo quietos, al-guns distantes, são sempre bem in-tencionados em orientar soldados e outros graduados.

Em novembro do ano passado, es-tivemos em Uruguaiana para fazer a

reportagem “Conhecendo o DTCEA” e aproveitamos a missão para conhe-cer o trabalho do Sargento Gama.

Uma pessoa extremamente sorri-dente nos recebeu no aeroporto. Era ele, um carioca, de Bangu (bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro), que lutou para servir à FAB. Aos 27 anos, é casado e, como disse, mantém um sorriso no rosto o tempo todo.

Ele me contou que, na companhia do Segundo Sargento Taifeiro (TAR) Abel Fernando Machado da Silva e

“Precisamos aproveitar os dons e aptidões desses jovens e não desperdiçar o tempo que eles passam na FAB”-Sargento Gama

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de alguns soldados do efetivo, visi-taram as escolas públicas de nível fundamental e médio da cidade. Começaram com apresentações em duas escolas no mês de julho do ano passado. Montaram uma apresenta-ção de 30 minutos em Power Point, com data show, notebook e som. “Uma palestra totalmente didática, com vídeos informativos e distribui-ção de folders do DECEA e de outras Organizações da FAB” – conta o 3S Gama com entusiasmo.

Neste ano, já fizeram mais duas apresentações, com o mesmo obje-tivo: mostrar as formas de ingresso na Aeronáutica para jovens estudan-tes da faixa etária de 13 a 23 anos. E seguiram as regras habituais, abrin-do espaço para perguntas, usando linguagem adequada para adoles-centes e jovens. A ideia era atraí-los para a Aeronáutica e eles tinham um motivo. A cidade de Uruguaiana, por ter sofrido várias incursões militares, tornou-se uma importante peça no cenário militar da América Latina. Exército, Marinha e Aeronáutica es-tão presentes na cidade e dividem o contingente de jovens que se alistam para servir à Pátria. Porém, o Exército e a Marinha recebem o maior número de soldados. Já na Aeronáutica, para o DTCEA-UG, in-gressam cerca de dois a três solda-dos por ano apenas e que não pos-suem formação técnica.

Em julho de 2010, o Sargen-to Gama, como representante do DTCEA-UG, participou com o Exér-cito Brasileiro do alistamento militar obrigatório dos jovens no Oitavo Regimento de Cavalaria Mecaniza-do (8º RCMEC). Além das diversas provas e exames que o voluntário passa para ingressar em uma das três Forças Armadas, é realizada uma criteriosa entrevista com o conscrito para servir à FAB. O Sargento Gama foi, assim, verificando quais eram os melhores candidatos para ingressar como recruta na Aeronáutica. No 8º RCMEC, ele expôs para os jovens vídeos institucionais da FAB e do DECEA. Desta forma, todos ficaram cientes das formas de ingresso na Aeronáutica e receberam informa-

ções de como progredir na carreira militar, e ainda souberam como era o trabalho de um soldado no DTCEA de Uruguaiana.

Neste ano, os Sargentos Gama e Machado fizeram mais duas pa-lestras. Numa delas, contaram com a participação da mais nova inte-grante no Destacamento: a Terceiro Sargento Especialista em Eletrônica (BET) Alexandra Rosany Tiburcio da Silva Santos, mostrando a partici-pação da mulher na FAB. Alexandra é a única militar feminina no Desta-camento e, nessas palestras, será de muita importância nas escolas, pois em Uruguaiana há cerca de quatro mulheres para cada homem, segun-do as estatísticas. As próximas pales-tras estão marcadas para setembro e outubro.

O Sargento Gama trabalha como mantenedor, ou seja, mantém em observação 24h os equipamentos de auxílio à navegação e o gerador de energia elétrica do Destacamento e também atua como Elo Social, sem-pre procurando aprimorar os conhe-cimentos dos soldados. No ano pas-sado, ele pediu para implantar um projeto no Programa de Ações Inte-gradas do Comando da Aeronáutica (PASIC) de curso ou treinamento téc-nico na área de eletricidade, somen-te para os soldados, começando na área do Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfe-go Aéreo (CINDACTA II) .

Pensou, também, em um treina-mento de até uma ou duas semanas para aprimorar o conhecimento dos soldados. Mais longe ainda, suge-riu trazer profissionais de Odonto-logia, Tecnologia da Informação, Economia, Segurança do Trabalho e Primeiros Socorros, durante as se-manas desse treinamento, passan-do por todos os Destacamentos do CINDACTA II, para ensinar técnicas básicas a todo o efetivo de soldados.

“Enfim, penso em melhorar de alguma forma a vida desses solda-dos e consequentemente de todo o efetivo. Sei que cada um de nós tem aptidão em alguma área que pode e deve ser trabalhada. Precisamos aproveitar os dons e aptidões desses

jovens e não desperdiçar o tempo que eles passam na FAB” – adverte o sargento.

Gama atua como técnico em eletricidade na Seção Técnica do DTCEA-UG e com seus conhecimen-tos deu instruções de eletricidade básica e instalações elétricas para os soldados, durante três semanas – em maio de 2010 - utilizando a sala de aula do Destacamento. “Como esta-mos numa área delicada, de prote-ção ao voo, que requer conhecimen-to técnico especializado e necessita de manutenção preventiva cons-tante nos equipamentos, achei im-portante capacitar os soldados. E o resultado foi positivo, pois a atuação deles com os graduados somou es-forços e melhorou a qualidade. Eles são a nossa mão de obra e fazem o trabalho pesado na maioria das ve-zes, mas precisam de qualificação profissional para nos ajudar. Propor-cionando essa capacitação, teremos muito mais qualidade nos resultados das manutenções” – justifica Gama.

O curso é bem completo e total-mente didático, apresentado em BrOffice, com muitas figuras ilustrati-vas e 14 vídeos sobre eletricidade. A parte prática é realizada no próprio Destacamento, de forma segura e sob a vigilância do 3S Gama.

“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”, já dizia Cora Coralina, em uma de suas poe-sias. Assim eu vejo o que Gama vem colocando em prática desde que saiu da Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAR) para o DTCEA-UG, em 2007. E o incentivo que ele dá aos jovens para optar pela Aero-náutica, ministrando palestras nas escolas públicas, só tem dado certo e trazendo felicidade e mais conhe-cimento para ele.

“Hoje, no DTCEA-UG há 12 solda-dos e não queremos esses jovens aqui só para marchar e fazer faxina, mas sim para ajudar nas atividades técnicas, operacionais e administra-tivas e também aprender um pouco conosco. Caso não queiram seguir a carreira militar, quando chegar a época de sair, terão conhecimento para levar uma vida profissional dig-

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“A participação deles no Dia do Soldado foi muito válida, pois eles expressaram a importância de suafunção na FAB”-Sargento João Carlos

Dedicação e recompensa

Aos 43 anos de idade, o Primeiro Sargento Especialista em Adminis-tração (SAD) João Carlos Lopes Car-doso - casado e pai de dois filhos, com Licenciatura Plena em Pedago-gia e pós-graduação em Marketing e Relações Públicas, tem 24 anos de trabalho dedicado à FAB. Começou como Praça em 1987, em Belém do Pará e, desde fevereiro de 2008, ser-ve no Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Corumbá (DTCEA-CR), onde atua em várias atividades. É o Encarregado da Seção Adminis-trativa, faz o trabalho de Elo Social e Secretário e ainda é o Síndico da Vila Residencial.

O efetivo do DTCEA-CR é bem re-duzido, apenas 34 militares. Destes, nove são soldados, e João Carlos procura sempre orientá-los nos estu-dos, uma vez que a região fronteiri-ça é propícia para atividades ilícitas.

“Com isso temos trabalhado incan-savelmente nas orientações para procurar desenvolver e desempe-nhar alguma atividade nos tempos ociosos, com cursos técnicos ofere-cidos por instituições na cidade” – esclarece João Carlos, que sempre busca os contatos e os meios para indicá-los.

Os soldados do DTCEA-CR desem-penham ou têm uma função auxiliar e foram distribuídos nas diversas Se-ções do Destacamento para apren-derem alguma atividade relativa a uma área específica como Técnica, Almoxarifado, Suprimento Técnico, Garagem (na função de motorista), Informática e Administração. Além de tudo isso, os soldados são exce-lentes colaboradores com a manu-tenção do prédio, zelando e man-tendo limpo o ambiente de trabalho.

O Sargento João Carlos começou esse trabalho voluntário, assim que chegou ao DTCEA-CR, percebendo como era ociosa a vida desses sol-dados, em razão de o Destacamento não ter um prédio próprio. “Como o DTCEA ocupava um espaço dentro da Infraero, os próprios funcionários da empresa é que faziam a limpeza

do local. Enfim, isso provocava um marasmo e até um desinteresse pelo estudo” – explica João Carlos.

“Soube que foram oferecidas três vagas de Soldado de Primeira Clas-se e os três soldados que tínhamos na época não obtiveram notas para classificação. Fiquei chocado com aquilo e me ofereci para ministrar aulas gratuitas após o expediente e comecei a incentivá-los a se dedicar mais aos estudos” – conta ele.

Assim, João Carlos conseguiu li-vros escolares usados e em bom es-tado, através de doação em escolas da cidade e repassados aos soldados para estudos. E tem dado resultados.

João Carlos tem material informa-tivo sobre as atividades da FAB rece-bido pela Assessoria Comunicação Social do DECEA e, com isso, elabora projetos e apresenta aos diretores de escolas da cidade. Agenda dias específicos e os próprios soldados, voluntariamente, o acompanham para realizar palestras nas escolas, divulgando as atividades da FAB e as funções desenvolvidas no Destaca-mento para alunos do ensino funda-mental e médio. Também recebem visitas no DTCEA-CR de estudantes

na lá fora” – disse o 3S Gama.Através de uma parceria entre a

Prefeitura e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o 3S Gama conseguiu inscrever, neste ano, alguns soldados em cursos gra-tuitos de pedreiro, encanador, mar-ceneiro, eletricista e outros. Outra boa notícia é que o Destacamento vai receber mais cinco soldados e, após a chegada deles, haverá novo treinamento em eletricidade para

estes e mais outros cinco soldados do efetivo atual. Haverá, também, abertura de vagas voluntárias na Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) – que muito apoia o Destacamento - para os que já fizeram o treinamento em eletrici-dade no DTCEA-UG, o que significa mais oportunidade para esses jo-vens.

Segundo o Comandante do DTCEA-UG, Tenente Cláudio Pimen-

ta Simas - que muito incentiva o trabalho dos Sargentos Gama, Machado e agora de Alexandra - “militares e civis necessitam co-nhecer os planos, as deficiências e as necessidades da OM em que trabalham, assim eles poderão co-laborar com as mudanças que fo-rem propostas, e também sugerir ideias que possam auxiliar na solu-ção de problemas existentes”.

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18 AEROESPAÇO18 AEROESPAÇO

Percebemos que esses militares in-centivadores estão implementando um conjunto de valores, atitudes e padrões de comportamento que motivam e, con-sequentemente, afetam a produtividade dos profissionais que integram - não só a Unidade em que eles trabalham ou a comunidade em que vivem - mas sim o DECEA como um todo.

Muitos dão o melhor de si para que o seu trabalho saia perfeito e outros tantos pensam além, desejam ajudar seus pares a se atualizarem e se preocupam com o bem-estar futuro de todos à sua volta.

Muitos fazem acontecer, planejam, le-cionam com competência, olham com profundidade e têm uma visão privilegia-da das deficiências à sua volta. As ideias geniais ou originais precisam ser reco-nhecidas e as dificuldades precisam ser apresentadas para serem solucionadas.

Não dá para negar que o reconheci-mento é um dos maiores incentivos pro-fissionais, por isso resolvemos mostrar que esses militares – voluntariamente – saem para divulgar o trabalho da Força Aérea, incentivando os jovens a seguirem a carreira militar.

Aplausos para esses militares? Sim, mas eles merecem mais do que isso. Temos que manter esse reconhecimento de al-guma forma. Eles estão mostrando um trabalho bem feito, realizado com empe-nho e com foco.

O trabalho de todos é importante, e para tanto, cada um de nós, que faz parte dessa equipe, está construindo um am-biente organizacional mais cooperativo para que todos se sintam respeitados, envolvidos e tenham prazer nas ações que realizam.

O reconhecimento do SISCEAB

do Serviço Nacional de Aprendiza-gem Industrial (SENAI) que querem conhecer as funções desempenha-das pelos militares.

“A participação deles no Dia do Soldado em 2010 foi muito válida, pois realizamos visitas nas escolas públicas e eles mesmos expressaram a importância de sua função na FAB” – conta orgulhoso João Carlos.

Quando perguntei sobre o que ele tem feito para melhorar a qualidade de vida desses soldados, ele respon-deu que procura entrar em contato com as instituições de ensino profis-sional e técnico do município, para solicitar vagas para esses jovens.

Tudo isso tem refletido ainda na vida daqueles militares que termi-nam seu tempo obrigatório, onde há um contato com alguns segmentos e empresas, na qual o Sargento João Carlos indica e encaminha, dando boas referências e fazendo o acom-panhamento desses jovens.

“Mesmo fora da Força Aérea, conti-nuamos mantendo contato. Há mui-

tas festividades coletivas em que so-mos convidados e nos encontramos. Exemplo disto é que o nosso primei-ro soldado, o S2 Hurtado, hoje ocupa um cargo de confiança em uma mi-neradora na cidade” - orgulha-se dos bons resultados.

Bons resultados das sementes lançadas por ele, que tanto se or-gulha dos soldados que seguiram seus conselhos. Ele conta que hoje, muitos estão bem empregados. O último que deu baixa, S2 Carvalho, está concluindo o curso de piloto ci-vil. Atualmente, dois soldados estão realizando cursos técnicos, um em Metalurgia e o outro em Informática no recém-criado Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS). Ainda há outro soldado realizando curso de Eletricidade no SENAI.

E não para por aí. Alguns estão cursando Sistemas de Informação no campus Pantanal da Universida-de Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e outros Administração na Faculdade Anhanguera.

João Carlos acrescenta que reali-zou entrevista social de dois solda-dos para serem inseridos e partici-parem do Projeto Alimentação, de-senvolvido pela Seção de Apoio ao Homem do CINDACTA II.

A cidade de Corumbá é provida de escolas técnicas e comerciais, como o SENAI e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) e, recentemente, o IFMS, que funciona provisoriamente em um prédio da Prefeitura Municipal. E isso tem aju-dado muito aos soldados do Desta-camento, é mais uma oportunidade para eles estudarem e crescerem profissionalmente.

Com certeza, o que mais fortalece o trabalho do Sargento João Carlos é o incentivo que recebeu do ex-Comandante, o Primeiro Tenente Marcelo Rodrigues de Carvalho e continua recebendo do atual, o Pri-meiro Tenente Marcos Aurelio Mora-les Pascoal, principais incentivadores de sua missão de divulgar e praticar essas ações com os soldados.

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19AEROESPAÇO

Espírito esportivo

Apesar de não ser esportista ou atleta profissional, sempre fui fasci-nada pelo esporte. Sempre compreendi que o espírito esportivo não é para qualquer um, mas, sim, para aquele que ousa superar a barrei-ra do medo de perder ou fracasso, para então buscar a vitória. Tentar vencer já é a primeira vitória. Enxergo o esporte como um universo de possibilidades, mesmo que não sejamos os atores principais, mas meros coadjuvantes, torcedo-res, espectadores ou amadores.

Tenho meu arquivo de memórias a respeito dos momentos ines-quecíveis do esporte: a medalha de prata conquistada na natação por Gustavo Borges nas Olimpíadas de Barcelona, em 1992; o tetra-campeonato do Brasil, na Copa de 1994 (e não o penta!); a disputa linda e amigável no vôlei de praia entre as duas duplas brasileiras Jac-queline e Sandra versus Mônica e Adriana, nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996; o ouro também no vôlei de praia, nas Olimpíadas de Atenas de 2004, de Emanuel e Ricardo; até mesmo o momento de tormento sofrido por Fabiana Murer nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, com o sumiço da vara de salto em altura.

Algo que me comove muito é relembrar o discurso do Guga na despedida das quadras de tênis em 2008: “Não é que eu não queira realmente jogar mais, eu peço desculpas, mas é que realmente eu não consigo mais”. Todas estas histórias mostram que há momentos dolorosos na fase de qualquer atleta, mas que não se comparam ao grande ensinamen-to que eles nos deixam: de que devemos dar nosso máximo em cada sonho que plantamos e respeitarmos nossos limites. Todos eles nos ensinam a acreditar que o sonho é possível.

Sou corredora amadora. Lembro perfeitamente da minha primeira corrida de rua. É verdade que o primeiro quilômetro a gente nunca esquece. Mas hoje sei que cada vez é especial, porque é única. Cada experiência é peculiar, exclusiva, singular, inédita. Tudo é possível dentro do nosso possível. Vale lembrar o trecho da música Reach de Gloria Estefan, tema das Olimpíadas de 1996: “If I could reach, higher/Just for one moment touch the sky/From that one moment in my life/I'm gonna be stronger/Know that I've tried my very best/I'd put my spirit to the test/If I could reach” (em tradução literal: Se eu pudesse alcançar, mais alto/ Só por um momento tocar o céu/ De um momento na minha vida/ Eu vou ser mais forte/ Saiba que eu tentei o meu melhor/ Eu colocaria meu espí-rito a teste/ Se eu pudesse chegar).

Por Tenente Fabiana [email protected]

Artigo

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Por Daisy MeirelesFotos: Luiz Eduardo Perez e Fábio Maciel

Conhecendo oDTCEA-AFO Destacamento de Controle do Espaço Aéreo dos Afonsos (DTCEA-AF), chamado “O Guardião do Berço do Ar”, tem a missão de assegurar a execução das atividades relacionadas à Proteção ao Voo e às Telecomunicações na Área Jurisdicional dos Afonsos. Está subordinado técnico e operacionalmente ao Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRPV-SP), e administrativamente à Base Aérea dos Afonsos (BAAF), onde estão cedidas as suas instalações.

Afonsos (RJ)

O Comandante

O Major Especialista em Meteorologia Paulo Correia Machado foi promovido ao atual posto em 25 de de-zembro de 2009, mas já comanda o DTCEA-AF desde o dia 6 de janeiro de 2006, ou seja, há mais de cinco anos, ainda como Capitão.

É carioca, tem 53 anos de idade e dois filhos: Paulo Leonardo, de 23 anos, e Ana Carolina, de 15.

Tem formação em Engenharia Civil pelas Faculdades Reunidas Nuno Lisboa (1985), além de possuir cursos de Instalações Hidráulicas e Sanitárias e de Extensão em Alvenaria de Blocos Estruturais.

Na área militar fez diversos outros cursos específicos em Meteorologia: Operação de Radar Meteorológico

DLM 10-E, Preparatório de Oficiais Especialistas em Meteorologia, Especialização em Meteorologia Aero-náutica e Operação de Centro Meteorológico Militar.

Nessa área, atuou como Instrutor e Coordenador de Estágio do Curso de Formação de Oficiais Especialis-tas em Meteorologia no Centro de Instrução e Adap-tação da Aeronáutica (CIAAR).

Todos esses cursos foram fundamentais em suas funções desempenhadas ao longo de sua carreira mi-litar, como Operador de Sala de Briefing Meteorológi-co do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, Ope-rador de Radar Meteorológico do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo do Pico do Couto (DTCEA-PCO), Operador da Estação Meteorológica de Super-

20 AEROESPAÇO20 AEROESPAÇO

Seção

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21AEROESPAÇO

O Comandante do DTCEA-AF é o Major Especialista

em Meteorologia Paulo Correia Machado

fície (EMS) e Operador de Centro Meteorológico Militar (CMM) dos Afonsos, Chefe da EMS, da Es-tação Meteorológica de Altitude (EMA) e do CMM do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo do Galeão (DTCEA-GL).

Atualmente, além de comandar o DTCEA-AF, atua como Oficial Previsor Meteorológico do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), em regime de plantão 24h.

Sua carreira começou como Praça, em 3 de março de 1975. Depois, cursou a Escola de Es-pecialistas de Aeronáutica (EEAR), no período de 1975/76, e ainda fez os cursos de Prepara-ção de Instrutores (CPI), Gerenciamento do Erro

(EM/TRM) e o de Busca e Salvamento (SAR 005).A vida militar de Paulo seguiu no CIAAR, che-

fiando a Subdivisão de Pessoal, a Seção de Trans-portes de Superfície, a Seção de Patrimônio e di-rigindo e auxiliando administrativamente o Clube dos Oficiais daquela Unidade.

Foi, também, membro integrante da Banca Exa-minadora do Curso de Formação de Oficiais Es-pecialistas (CFOE) em Meteorologia – ainda na CIAAR; e membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (CIPA) do extinto Serviço Regional de Proteção ao Voo do Rio de Janeiro (SRPV-RJ), enquanto no DTCEA-GL foi Chefe das Seções Administrativa e de Operações.

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A sala do SISCEAB no Museu Aeroespacial (MUSAL)será reinaugurada em breve, e está passando por uma revitalização

As civis e militares femininas do DTCEA-AF - comprometidas com o crescimento do Destacamento

Na Engenharia, atuou como fis-cal de várias obras no DTCEA-GL, como a implantação da EMS SH 95, a ampliação da Garagem e da Se-gurança Patrimonial e a reforma da Sala AIS Militar. Trabalhou efetiva-mente, também, na fiscalização da modernização do novo Controle de Aproximação do Rio de Janeiro (APP-RJ) e na pintura externa dos prédios que compõem as Casas de Força (KT) das cabeceiras 15, 33, 10 e 28 do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro e na ampliação do Destacamento de Controle do Es-paço Aéreo de Barbacena (DTCEA-BQ).

A história do DTCEA-AF

Na antiga Escola de Aeronáutica dos Afonsos, com o despertar dos cuidados que a aviação exigia e em atenção especial às questões de segurança e proteção ao voo, surgiu então o Núcleo de Proteção ao Voo dos Afonsos (NUPV-AF), no bairro de Marechal Hermes – no Rio de Janeiro.

Já com a ativação do SRPV-RJ, através da Portaria 77.549, de 19 de abril de 1976, criou-se em 26 de outubro do mesmo ano, o Des-tacamento de Proteção ao Voo dos Afonsos (DPV-AF), sendo este transferido para a Base Aérea dos Afonsos (BAAF), onde se encontra até hoje.

A data comemorativa do DTCEA-

AF é 26 de outubro de 1976, sen-do o dia em que ele se instalou na BAAF.

Através da portaria 1.351/GM3, de outubro de 1979, o DPV-AF foi ativado como sendo de categoria "A" do SRPV-RJ, com a finalidade de assegurar a execução das ativi-dades  relacionadas à Proteção ao Voo e às Telecomunicações.

Em junho de 1988, sua organi-zação e seu funcionamento foram aprovados através da Portaria 401/GM3, ficando sua subordinação técnica e operacional ao Chefe do SRPV-RJ e administrativamente ao Comandante da BAAF. 

Em 27 de fevereiro de 2003, de acordo com a Portaria 183/GC3, foi alterada sua denominação, pas-sando a se chamar Destacamento de Controle do Espaço Aéreo dos Afonsos (DTCEA-AF).

Após a desativação do SRPV-RJ, em junho de 2005, a Portaria 86/DGCEA, o DTCEA-AF passou sua subordinação ao Chefe do SRPV-SP, permanecendo sua subordina-ção administrativa a BAAF.

Nesses quase 35 anos de exis-tência, o DTCEA-AF, além do Major Paulo, já teve seis outros comandantes: Capitão Especia-lista em Comunicações Geral-do Gomes Netto (Dez/1976 a Mar/1977); Tenente Especialista em Comunicações Noberto Sou-za Braga (Mar/1977 a Abr/1979);

Tenente-Coronel Especialista em Comunicações Francisco Eugênio Ribeiro ((Abr/1979 a Jul/1996); Capitão-Aviador Luiz Eduardo Villar Elael (Jul/1996 a Fev/1998); Capitão Especialista em Meteoro-logia Martim Roberto Matschinske (Fev/1998 a Abr/2001) e o Capi-tão Especialista em Meteorologia Robson Ressurreição (Abr/2001 a Jan/2006).

As atividades do Destacamento

Hoje, para manter o perfeito fun-cionamento,  o DTCEA-AF tem no seu efetivo 66  militares e  quatro civis divididos em suas três áreas: Administrativa, Operacional e Téc-nica, chefiadas, respectivamente pelos oficiais: Segundo Tenente do Quadro de Oficiais Especialistas da Aeronáutica em Comunicações (QOEACOM) Aluísio Menezes de Oliveira, Capitão Especialista em Meteorologista Gilberto Geordane e Segundo Tenente do Quadro de Oficiais Especialistas da Aeronáu-tica em Comunicações Aluísio Me-nezes de Oliveira.

  Na TWR-AF há 16 ATCO opera-cionais e um que desempenha fun-ções administrativas. A Sala AIS-AF é composta de seis operadores SAI, um operador BCO e uma civil Técnica em Informações Aeronáu-tica (TIA). O Setor de Meteorolo-gia conta com 13 operadores e se

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Na TWR-AF há 16 ATCO operacionais A vila militar do Campo dos Afonsos comporta 735 PRN

subdivide em CMM-AF e EMS-2 AF. A Seção Técnica se subdivide nos seguintes setores:  Oficina  de Eletrônica (três técnicos milita-res);  Oficina de Elétrica (quatro técnicos militares e um civil);  Ofici-na de Informática (quatro técnicos militares);  Sala SISCOMIS-AF  (três técnicos militares e um  civil);  Su-primento-AF (um suprimentista militar).

A Seção Administrativa se subdi-vide em: Transportes, com três sol-dados motoristas; Pessoal Militar/Civil/Arquivo - que conta com dois graduados,  dois soldados e uma civil;  Instrução – com um gradu-ado; Planejamento – conta com um  graduado; Protocolo – dois graduados.

Todos os profissionais possuem um histórico de procedimentos bem-sucedidos nos quase 35 anos de existência do DTCEA-AF. Seus integrantes, no cumprimento da missão, agem sempre com muita disciplina, responsabilidade e pro-fissionalismo.

A integração com Exército e Marinha

O DTCEA-AF é provido de pes-soal e material, com a finalidade de assegurar e executar as ativi-dades relacionadas à proteção ao voo, através dos seus setores, destacando-se o Centro Meteoro-lógico Militar (CMM-AF), que é o

responsável pela confecção, pro-cessamento e transmissão de in-formações meteorológicas aos ae-ronavegantes, bem como, aos inú-meros usuários que se beneficiam das previsões do tempo, como por exemplo, o Exército Brasileiro, seja pelo Batalhão de Forças Especiais ou Brigada Paraquedista e até mesmo a Marinha do Brasil com o Esquadrão Grumec, utilizando estas informações para o planeja-mento de suas missões, principal-mente no que diz respeito a saltos em grandes altitudes, conhecido como infiltração de velame aberto.

A vila habitacional

A vila habitacional que atende ao efetivo do DTCEA-AF é subordina-da à Prefeitura de Aeronáutica dos Afonsos (PAAF) e está localizada ao lado da BAAF, com acessos pe-las Avenidas Marechal Fontenelle e  Alberico Diniz. Há 226 unidades de Próprios Nacionais Residenciais (PNR) para Oficiais, 382  para Gra-duados e 127 para  Cabos e Taifei-ros.  Um Centro Social para Gradu-ados e um para os Oficiais da Guar-nição dos Afonsos e uma Escola Pú-blica Municipal fazem parte da Vila.

Do DTCEA-AF, apenas um Oficial e seis Graduados moram na vila, enquanto na fila de espera há  um Oficial e três Graduados.

Uma boa notícia é que a quinta edição dos Jogos Mundiais Milita-

res vai reduzir o déficit habitacional entre os militares das três Forças, já que novas unidades habitacionais foram construídas para atender aos atletas durante o evento. São três vilas com 17 blocos de 24 unidades cada um. A Vila Verde, em Realen-go, é uma delas e suas instalações também serão para os Jogos Olím-picos de 2016, no Rio. Além da Vila Verde, há a Vila Azul, no Campo dos Afonsos, e a Vila Branca, em Campo Grande. Porém, vale ressaltar, que essas três vilas atenderão as de-mandas da Marinha, do Exército e da Força Aérea Brasileira.

Hotéis de Trânsito nos Afonsos

O DTCEA-AF não possui Hotel de Trânsito próprio. Os Oficiais/Gra-duados do Quadro Masculino se hospedam nas instalações cedidas pelo Hotel da BAAF, que possui dez quartos para Oficiais e cinco para Graduados. A reserva de cassino pode ser feita através de formulá-rio pela intraer: http://www.baaf.intraer/reservacassino.asp ou pelo telefone (21) 2157-2898. Já as mi-litares do sexo feminino (Oficiais/Graduadas) podem se  hospedar nas instalações do hotel de trânsi-to da Universidade da Força Aérea (UNIFA) e no alojamento de Oficiais e Graduados do CIEAR. Os Cabos e Soldados,  quando em missão, se hospedam nas instalações do BINFAE-AF.

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24 AEROESPAÇO24 AEROESPAÇO

A antena de Micro-ondas canaliza as comunicações aplicadas ao Controle de Tráfego Aéreo e a Rede Intraer

O consultórioo odontológico da Esquadrilha de Saúde dos Afonsos - pronta resposta nos atendimentos

Atendimentos Médico e Odontológico

Há na BAAF uma Esquadrilha de Saúde para pronto atendimento. A mesma é Comandada por uma Ca-pitã Médica e possui em seu efetivo um corpo de médicos, dentistas e enfermeiros capacitados e habilita-dos para uma pronta resposta em caso de emergência médica.

Para os militares e dependentes há o Hospital de Aeronáutica dos Afonsos (HAAF), localizado a qua-se  dez minutos da BAAF e da  Vila Militar da Aeronáutica dos Afonsos e também o Hospital Carlos Chagas, localizado em Marechal Hermes.

Na cidade do Rio de Janeiro, o efetivo e seus dependentes contam com  consultas médicas  e odonto-lógicas, além de internações, em mais três Unidades de Saúde  da FAB, no Hospital de Força Aérea do Galeão (HFAG), na Ilha do Gover-nador e no Hospital Central da Ae-ronáutica (HCA), no Rio Comprido e na Odontoclínica de Aeronáutica Santos-Dumont (OASD), no Centro da Cidade.

A relação com as outras Unidades sedidadas na BAAF

A Guarnição de Aeronáutica dos Afonsos é composta atualmente por 17 Organizações Militares é e comandada pelo militar mais an-

tigo, o Comandante da UNIFA. Há, segundo o Major Paulo, um  exce-lente nível de relacionamento com todas as Unidades: UNIFA,  PA-MA-AF,  MUSAL, DCI,  BAAF,  HAAF, PAAF,  FAE V, 1º GTT,  3º/8º GAv e BINFAE-AF, mantendo um estreito e eterno vínculo de amizade, sempre buscando atender a todas às soli-citações e ordens, com parcimônia e abnegação.   O grau de amizade, profissionalismo e consonância en-tre as Unidades Aéreas e Terrestre com o DTCEA Afonsos foi conquis-tado com o passar dos anos. Hoje o nível de interação é ótimo e vai de um simples Briefing Meteorológico apresentado a uma tripulação até a complexidade da Coordenação Ae-roterrestre de uma Operação a ser realizada no “Lendário Campo dos Afonsos”.

A integração do efetivo

Citaremos apenas alguns eventos sociais periodicamente realizados não só pelo  Comando do DTCEA-AF, como também da BAAF, dentre eles, o Jantar Dançante para Ofi-ciais e Esposas,  o Jantar Dançante da Associação dos Ex-Integrantes da BAAF, o Churrasco de Confrater-nização de Militares Promovidos e Recém-Transferidos para o Desta-camento e para a Reserva Remune-rada. A Festa Julina da BAAF deste ano contou com a participação dos

militares e familiares do Destaca-mento, responsáveis  pela mon-tagem da fogueira de São João e Barraca de Quentão. Muitos outros eventos sociais que são realizados pela BAAF  contam com a partici-pação de militares e familiares do efetivo do DTCEA-AF, como o  Dia das Mães, o Dia dos Pais, o Dia das Crianças e a Festa de Natal.

Por estar situado entre os bair-ros de Marechal Hermes,  Vila Val-queire e Sulacap, o DTCEA-AF tem ótima  localização  em se tratando de facilidades de supermerca-dos,  agências bancárias,  lojas de conveniência e outros benefícios de cunho social existentes nos bair-ros ao redor. No interior da BAAF operam  duas agências bancárias, uma do Banco do Brasil e outra do Santander.

As peculiaridades

Quando chegou ao Comando do DTCEA-AF, o Major  Paulo viu a necessidade de implementar, de imediato, algumas mudanças de cunho estrutural e organizacional no Destacamento.  Trabalhou com afinco, ao longo desses anos em prol da melhoria da qualidade de atendimento ao usuário, ou seja, obter uma melhor pronta respos-ta às constantes solicitações dos clientes da Guarnição dos Afonsos.

Achou necessário também quan-

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25AEROESPAÇO 25AEROESPAÇO 25AEROESPAÇO 25AEROESPAÇO

tificar e qualificar melhor as equi-pes de Manutenção e da Área Operacional, através de  transfe-rências de diversos militares de outras Organizações do Comando da Aeronáutica (COMAER). Os mi-litares transferidos  apresentaram um excepcional nível de compro-metimento e iniciativa para com a missão do Destacamento.  Paralela à essa nova realidade de mante-nedores e operadores, aconteceu uma acentuada e ininterrupta mo-dernização de todo o Parque de Equipamentos que atendem ao DTCEA-AF.

O Comando do Major Paulo con-tou com total apoio do DECEA e do SRPV-SP, o que possibilitou a ampliação do acesso ao Localizer (LOC-AF); as modernizações do Rá-dio-Farol Não-Direcional (NDB-AF) e da Sala do Sistema de Comuni-cações Militares (SISCOMIS-AF); as implantações da KF do prédio da TWR-AF, da Central de Áudio SITTI, da Central de Gravação Audiosoft, da nova Central de Comunica-ções VHF Park Air no ambiente da TWR-AF, da Sala de Servidores do DTCEA-AF e do Sítio Anemométri-co da Cabeceira 08 de SBAF.

O resultado do investimento apli-cado não só pelo COMAER, DECEA e SRPV-SP, mas também pela Comissão de Implantação do Sistema de Con-trole do Espaço Aéreo (CISCEA), pelo Parque de Material de Eletrônica de Aeronáutica do Rio de Janeiro

(PAME-RJ) e Grupo Especial de Ins-peção em Voo (GEIV) no DTCEA-AF, pode ser observado com a imedia-ta e acentuada queda das inter-venções rotineiras e de sobreavi-so, das constantes manutenções e inoperâncias de equipamentos que atendem e prestam apoio aos diferentes Órgãos Operacio-nais atuantes no Destacamento e nas OM sediadas na Guarnição dos Afonsos. Ficou evidente, também, a significativa elevação no grau de confiabilidade e consistência dos serviços de proteção ao voo e de telecomunicações prestados pelo DTCEA-AF. 

O aumento considerável do ní-vel de atribuições e responsabili-dades junto ao SRPV-SP e à BAAF, consoante a elevação do nível profissional do DTCEA-AF, fez com que a visibilidade do Destacamen-to ficasse bem acentuada, asssim como o  desempenho dos milita-res e civis  atingiu um excepcional patamar de  rusticidade, disciplina, patriotismo e profissionalismo.

Por fim, faz-se necessário manter de forma contínua e célere o inves-timento na capacitação e quan-tificação de homens e máquinas, tendo em vista, a exacerbada mo-dernização dos meios para que se possam atingir os fins. O DTCEA-AF necessita, ainda, de novas instala-ções prediais para que se mante-nha, diuturnamente, como o “Guar-dião do Berço da Aviação Militar”.

Aferição dos Papis pelo GEIV e DTCEA-AF O Centro Social dos Graduados na Vila Militar

Na Sala AIS, profissionais aptos a atender aos usuários da aviação militar

LOC-AF - qualidade do auxílio conforme preconizado pela OACI

Cada setor da Áerea Administrativa possuí atribuições específicas

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26 AEROESPAÇO26 AEROESPAÇO

Em 14 de janeiro de 1982, ingressei como solda-

do nas fileiras da Força Aérea Brasileira, no antigo

Grupo de Apoio dos Afonsos, hoje Universidade da

Força Aérea (UNIFA). Jovem ainda, na flor da

idade, tendo na memória do meu saudoso pai e da guer-

reira minha mãe, o incentivo de servir à nossa pátria.

Após o recrutamento, a formatura com a presença de

nossos familiares e amigos. Já apertava os cintos e me

imaginava pegando carona nas asas da FAB, pois essa

viagem seria longa, em cujo trajeto iria ser projetado a

cada etapa de voo. Teria de ser protagonista de uma his-

tória que seria escrita por mim e dar nomes aos demais

personagens.Tive o privilégio de fazer parte da seleção de futebol

da FAB na Comissão de Desportos da Aeronáutica

(CDA) e via na bola uma esfera de que comparava ao

formato do globo terrestre, também semelhante à lua,

que tanto inspira os poetas. Passava de pé em pé dri-

blando adversidades e vendo nos adversários os limites

que a vida nos impõe e que devemos respeitar. Vi nos

companheiros de time (carreira) a certeza que juntos

e unidos seremos muitos na busca de um mesmo ideal,

para podermos marcar vários gols de placa, e assim bri-

lhar comparado às estrelas do céu nos palcos da vida.

As promoções de soldado de primeira classe, cabo

e, por último sargento, entendi como dádivas de

Deus, e era o principal sinal que esta viagem já for-

mava a base do nosso plano de voo imaginário.

Quando cheguei ao Parque de Material de Eletrôni-

ca da Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAME-RJ),

em junho de 1982, foi amor à primeira vista. E isso se

confirmou com a tamanha identificação que tive com a

Unidade.Chegando ao final da carreira militar, comparo toda

a minha trajetória na FAB, a turma do balão mágico,

que se une às asas da Força Aérea, para transportar

mais de 2011 amigos, que sempre estiveram comigo,

passando-me valiosos ensinamentos de vida e acalen-

tando os sonhos, para aterrissarmos em uma base aérea,

aeroporto seguro.Somos todos "anjos com uma asa, que do qual só po-

demos voar... abraçados uns aos outros". Nós somos da

Pátria a guarda, fiéis soldados, por ela amados e nas co-

res da nossa farda rebrilha a glória, fulge a vitória, segue

o hino. Com um forte abraço a todos os irmãos de farda,

do tamanho da nossa Pátria amada, chamada Brasil.

Criamos, a partir desta edição, um espaço para que os que compõem o SISCEAB possam contar

sua trajetória na FAB, expressar agradecimentos e falar da saudade na hora de deixar a caserna.

A FAB em minha vida foi uma poesia

Cartas de DespedidasSeção

Terceiro Sargento SAD Marcelo Romano

PAME-RJ

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27AEROESPAÇO 27AEROESPAÇO 27AEROESPAÇO 27AEROESPAÇO

No dia 12 abril, deixei o serviço ativo da Aeronáuti-

ca, completando exatamente 36 anos, oito meses e cinco

dias, radiante de alegria e com o mesmo sentimento de

felicidade e de motivação de quando atravessei os portões

da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR),

no dia 3 de março de 1976. Seguramente, foi um período de especial significado

para mim, um marco que causou uma profunda trans-

formação na vida do jovem Carlinhos, que foi matricu-

lado como “aluno 76/223 – Anchieta”.

À Força Aérea Brasileira, o meu muito obriga-

do... uma vida, um sonho, uma existência, sucessivas

conquistas e desafios nas instituições que tão carinhosa-

mente me acolheram: Escola de Especialistas de Ae-

ronáutica (EEAR) – dois anos; Primeiro Grupo de

Aviação Embarcada (1º GAE) – seis anos; Terceiro

Esquadrão de Transporte Aéreo (3º ETA) – dois

anos; Parque de Material Aeronáutico do Ga-

leão (PAMAGL) – 15 anos; Primeiro Esquadrão

do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º/1º

GCC) – dois anos; Primeiro Grupo de Comunicações e

Controle (1º GCC) – oito anos. Vivi experiências indescritíveis, sobre as quais não

encontraria palavras para expressar o meu regozijo

como Xerife da 18º Esquadrilha nas 1ª e 2ª séries na

EEAR, atuando como Vice-Presidente da Sociedade

dos Alunos na 4ª série na EEAR; trabalhando como

Operações no Porta Avião Minas Gerais – A-11; horas

de voo na aeronave P-16; sendo responsável pela Edu-

cação Física da Aviação Embarcada; participando dos

Campeonatos de Natação e Pentatlo Militar das For-

ças Armadas; fazendo aprendizado nas atividades da

aeronave AMX, culminado com um período na Itália.

Mas, o melhor veio no final. O 1º GCC proporcio-

nou-me os melhores anos da minha carreira castrense,

acolheu-me e abriu as oportunidades para que eu pu-

desse me aprimorar como profissional militar nas di-

versas operações militares. Promovi um Dias dos Pais

com uma peça teatral do Sr. Aurélio; chefiei a Seção

de Material do 1º/1º GCC, fui Chefe da Subseção de

Suprimento e da Secretaria do 1º GCC.

Saio enriquecido, principalmente, pelas amizades

conquistadas por mais de três décadas - esse humanware

excepcional da Força Aérea. Sei que nada se constrói

sozinho e sem ajuda de amigos não teria obtido tantas

conquistas. Vou sentir saudades, muitas saudades de to-

dos! Muito obrigado!Tive medo, briguei, chorei, conheci locais distantes,

perdoei, emocionei-me com as vitorias dos amigos, bus-

quei servir com toda a força do meu coração!

“Quando há medo de ir embora, é porque vale a pena

ficar... Quando não temos medo da despedida, é por que

já fomos embora com o corpo presente...”

Graças a Deus! Valeu. Mas valeu mesmo essa jor-

nada, pois Deus é fiel!

O melhor veio no finalCapitão QOEA COM

Carlos Alberto de Anchieta1º GCC

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Seção

Uma trajetória de vida marcada pelo esforço e pela vontade de vencer, para mudar uma realidade de dificuldade e sofrimento. O sonho do menino João Roberto, o mais velho de três irmãos, morador de uma comunidade do subúrbio carioca, era ter uma vida diferente da que cresceu acostumado a ver. “Vivíamos em uma situação de risco social, mas nunca nos envolvemos, pois minha mãe conseguiu criar os quatro filhos como uma galinha que protege os filhotes com suas asas”, descreve.Perspicaz, visualizou um caminho que poderia mudar sua história. Morava próximo ao Campo dos Afonsos e costumava observar os aviões sobrevoando a região – no local funciona a Base Aérea dos Afonsos (BAAF), desde o início dos anos 40. “Eu vim de uma família pobre e vi na Aeronáutica um modo de sair daquela situação, de poder educar meus irmãos, ter minha casa e dar um descanso para minha mãe”.

Quem é?Capitão Especialista em Suprimento Técnico

João RobertoSantos Souza

Experiência profissional, amor à FAB e respeito ao usuário do SISCEAB

Para o Capitão Especialista em Suprimento Técnico João Roberto Santos Souza, hoje Chefe da Seção de Passaporte e Desembaraço Alfandegário do Departa-mento de Controle do Espaço Aéreo, a porta de entra-da foi o serviço militar, em 14 de janeiro de 1974. Foram dois anos servindo como soldado e logo as mudanças começaram a aparecer. João Roberto comprou um ter-reno com o irmão e construiu uma casa com o salário de soldado. “A casa não tinha piso, era tudo muito precário, mas era a nossa casa e um novo endereço”, conta orgu-lhoso.

Dois anos depois fez concurso para a Escola de Espe-cialistas de Aeronáutica (EEAR), onde formou-se Espe-cialista em Suprimento Técnico e, em 1978, assumia o posto de Sargento no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP), já casado e com a primeira fi-lha, Mônica. “A EEAR é excelente, realmente pude ter uma base muito melhor do que se tivesse estudado em escolas públicas”, compara.

O empenho e a dedicação do militar chamavam a atenção dos superiores. João Roberto não tinha pro-blemas com trabalho nos finais de semana e nem fora do horário. Era, como diz a gíria popular, “pau para toda

Por Gisele BastosFotos: Fábio Maciel e arquivo pessoal

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obra”. Incansável, também começou a fazer curso pré-vesti-bular e passou na primeira fase da Universidade de São Pau-lo (USP) para o curso de Odontologia, mas um convite para voltar ao Rio de Janeiro mudou a rota de sua carreira profis-sional. O convite surgiu por acaso – como fazia carregamento de aeronaves no final de semana, um Brigadeiro - em visita ao PAMA-SP – observou e gostou da sua forma de trabalhar. Falou então com o chefe imediato de João Roberto e pediu a sua transferência para o Rio. O chefe mostrou a ele um bole-tim publicado já com a transferência para a Caixa de Finan-ciamento Imobiliário da Aeronáutica (CFIAe). João Roberto, então, deixou de cuidar de Suprimento Técnico para se tornar Corretor de Imóveis da Divisão de Comercialização da CFIAe. “Gosto de trabalhar com gente, apesar de ser uma pessoa quieta, gosto de interagir. Sair de uma área de suprimento para comercialização é totalmente diferente. São sistemas opostos, mas aprendi que a vida é feita de desafios”. Foram oito anos, de 1980 a 1988, ajudando pessoas a conquistar o sonho de adquirir a casa própria.

À noite, cursava a Faculdade Souza Marques (onde se for-mou Engenheiro Civil, em 1986) e durante o dia cumpria o expediente no quartel, nas horas vagas trabalhava como mo-torista de táxi e em construção civil.

“Tinha muitas atividades que ocupavam meu tempo, era difícil, pois já tinha uma filha na época. Mas tinha que fazer alguma coisa, eu tinha o sonho de construir uma casa para a minha mãe. Nesta época também comprei um terreno para construir uma casa para mim e pude ainda financiar um apar-tamento”.

Com experiência na área, João Roberto trabalhou durante um tempo construindo imóveis e comercializando. Fez ainda curso superior em Formação de Professores, mas não chegou a dar aulas, ao invés disso, optou por conciliar o trabalho no quartel com a revenda de autopeças.

Pouco antes de concluir seu tempo de serviço no CFIAe, foi convocado para trabalhar na Comissão de Estudos Relativos à Navegação Aérea Internacional (CERNAI). Mais uma vez, não escolheu a Organização Militar para ser-vir, foi apenas informado do novo posto: a área de Protocolo. “Era um setor dife-renciado, que trata dos acordos aéreos do Brasil com os países com os quais ele mantém relações internacionais”.

João Roberto ficou expert em acordos internacionais. Qualquer reunião de plená-ria que acontecesse na CERNAI, por exem-plo, entre Brasil e quaisquer outros países do mundo, o militar ficava à disposição para dar amparo aos participantes do evento, com base nas publicações da Organização da Avia-ção Civil Internacional (OACI) pertinentes ao assunto.

Ainda na CERNAI, arrumou um tempo para fazer um curso de Fiscal de Aviação Civil. Aca-bou recebendo um convite para trabalhar na Seção de Investigação Civil de São Luís, no Mara-nhão. Aceitou o chamado e qualificou este tem-

po como um período maravilhoso em sua vida profissional. No aeroporto de São Luís, atendia na Subseção de Aviação Ci-vil (SAC) do Primeiro Serviço Regional da Aviação Civil (SERAC 1 - Belém) - que era subordinado ao antigo Departamento de Aviação Civil (DAC), hoje Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Acostumado ao movimento, viu no DAC uma nova oportu-nidade de resolver problemas e atender pessoas. “Quando tí-nhamos uma companhia aérea com overbooking - prática que consiste na venda de mais bilhetes do que o disponível no voo - tínhamos que verificar quais eram os direitos dos passa-geiros e equacionar a situação. Não bastava só o passageiro fazer a reclamação, sempre pensei em simplificar e resolver o problema”, diz.

Ainda em São Luís, foi aprovado na faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), mas teve que trancar a matrícula, já que em 1999 fez o concurso e passou para o Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR) da FAB e seguiu para Belo Horizonte (MG), dando iní-cio ao Estágio de Adaptação ao Oficialato.

Assumindo como Oficial em 17 de maio de 2000, no Rio de Janeiro, João Roberto se apresenta ao Terceiro Comando Aéreo Regional (COMAR III), onde chefiou oito seções, entre elas a de Pessoal Militar (SPM), a Garagem, a de Boletins e a Auxiliar. “A coincidência” – conta ele – “é que da mesma forma como em toda a minha carreira, me disseram que quem me convidou para o COMAR III era muito mais antigo do que meu chefe. Até hoje não sei quem foi. Mas fui para aquela Unidade muito feliz e contente por poder cumprir minha obrigação”.

Já ao chegar, causou uma excelente impressão. O Coronel Intendente R1 Jairo Oliveira Costa lembra que ficou eviden-te o entusiasmo de João Roberto pela Administração e sua distinção no trato com as pessoas logo ao se apresentar ao

João Roberto em dois momentos: em 1974 - aos 18 anos como soldado, e em 1967 - aos 13 anos, na 4ª série do ensino básico

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Comandante daquela Unidade. “Em cinco anos, ele revolucio-nou o atendimento ao público interno e externo, reduzindo substancialmente o tempo de resposta aos numerosos reque-rimentos diários”.

De acordo com o Coronel Jairo, a Chefia do Segundo Tenen-te João Roberto motivou o efetivo da Seção, transformou os relacionamentos formais em parcerias e aumentou a produti-vidade com foco nos resultados pessoais e profissionais. “Ele usou o desafio como uma oportunidade de aumentar a efi-ciência. Sua intensa força de trabalho foi aproveitada no de-sempenho dos cargos de chefia que acumulou, destacando a Seção de Transporte de Superfície e a Seção de Investigação e Justiça, onde inovou e obteve expressivos avanços, exigin-do diariamente muitas horas de trabalho além do previsto”, conta.

Deste tempo em que comandou o Capitão João Roberto, o Coronel Jairo guarda boas lembranças: “Agradeço os incontá-veis gestos de amizade, incentivo e apoio que me distinguiu, fazendo com que os pilares da vida castrense ficassem mais fortes”.

Paralelamente ao trabalho no COMAR III, cursou os primei-ros períodos da faculdade de Filosofia, transferida para a Uni-versidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mas não concluiu porque a carga horária não pôde ser adequada ao expediente no quartel.

Homem de fé, atribui a Deus o rumo que tomou sua vida,

seja pelas Organizações Militares por onde passou, os lugares onde esteve e as pessoas que conheceu. “Tenho uma Bíblia que anda comigo há 33 anos. Ela está se desfazendo, está sen-do desgastada como meu corpo, mas vai passando conheci-mento para outras pessoas e para mim também”.

Em 2005, foi chamado para a Divisão de Pessoal do DECEA e ficou empolgado em trabalhar com o Sistema Informações Gerenciais de Pessoal (SIGPES), uma ferramenta que visa apri-morar os processos de controle de pessoal, integrando toda a área de recursos humanos.

Pouco tempo depois, o Coronel Intendente Luiz Carlos Mo-reira Lima – Chefe do Controle Interno - hoje Chefe de Gabi-nete do DECEA – fez a indicação de João Roberto para a Seção de Passaporte e Desembaraço Alfandegário. “Por sua postura ética e constante preocupação com a eficiência, eficácia e efetividade no desempenho das tarefas sob sua responsabi-lidade, angariou a confiança e o respeito das pessoas ao seu redor, do Chefe imediato e, também, do Chefe de Gabinete. Quando houve a necessidade de recompletamento da Che-fia da Seção de Passaporte e Desembaraço Alfandegário, sua indicação foi imediata, como opção ideal dentre os oficiais do DECEA”, recorda o Coronel Lima.

A Seção de Passaporte e Desembaraço Alfandegário solu-ciona as mais diversas questões envolvendo a confecção e a li-beração de documentos relativos a viagens ao exterior de mi-litares, servidores civis e seus familiares, quando necessário, e atende a outras OM do COMAER. Por esta razão, são comuns os contatos com a Polícia Federal, o Ministério das Relações Exteriores, o Ministério da Justiça, o Ministério do Trabalho e Emprego, Embaixadas e Consulados. Por intermédio do tra-balho zeloso, todos os órgãos com os quais mantém relacio-namento aprenderam a respeitar e, principalmente, confiar nas solicitações apresentadas pelo Capitão João Roberto, que assumiu o posto em 16 de outubro de 2006.

Como pai, participou ativamente da educação das duas fi-lhas, Mônica e Juliana. “Nunca foi minha prática bater, agredir ou xingar minhas filhas, mas sempre soube proteger e dar li-mites para que elas crescessem sadiamente, se respeitassem e respeitassem os outros. E hoje elas me dão orgulho”. Aos 56 anos, o Capitão João Roberto é pai de mais um filho: Isaque, e avô de duas netas: Vitória, de 9 anos, e Sofia, de 1.

Persistência e perseverança são características marcantes de sua personalidade, mas sem dúvida a gratidão é a que mais se destaca. “A Força Aérea Brasileira sempre me tratou bem, me deu casa, alimentação e meios para ajudar minha mãe e a educar meus três irmãos. Minha irmã está casada, um dos meus irmãos é Suboficial da Aeronáutica e o outro trabalha no Ministério da Indústria e Comércio. Tudo isso, graças à For-ça Aérea Brasileira”, reconhece.

A resignação com que trabalha é digna de exemplo. “Agra-deço a todos que tiveram paciência para me ensinar e que souberam lidar com meus erros. Quando alguém precisa que eu esteja aqui de madrugada ou no final de semana eu venho sem reclamar. Não consigo nem posso negar nada para a FAB. Por isso eu sou o que sou hoje, um homem agradecido e rea-lizado profissionalmente”, finaliza.O Capitão João Roberto atende solicitações para emissão de

passaporte de militares e civis

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Por Carlos HerediaSRPV-SP“Ói eu aqui!”

falandoLiteralmente

Garanto que são apenas lembranças. Nada de saudosismo. Mas é im-possível não lembrar a nossa alegria quando ele surgia lá no alto da rua, onde parecia haver um limite entre a vida responsável, com a escola, com a igreja separando desse território de sonho e liberdade, essa coisa boa que se chama vida de criança. Nesse espaço de alegria e encantamento não entrava o que nos desse trabalho. Era o seu pregão que nos encan-tava:

- “Ói eu aqui!” - gritava com sua voz forte e seu sotaque nordestino, enquanto a inseparável gaitinha de sopro soava um ”frim frim, frim frim” semitonado e característico. Era o vendedor de amendoim. Vendia gulo-seimas que trazia em um carrinho com rodas de bicicleta. Mas, na verdade, vendia sonhos e fantasia nas histórias perme-adas de curiosidade. Éramos como uns dez garotos, todos de idade aproximada e a mesma condição social. Vivíamos os anos de guerra no Velho Mun-do, mas os seus ecos ressoavam aqui. Os brin-quedos nós os fazíamos. Quem, hoje adulto e cheio de responsabilidades, não imaginou um automóvel de alto luxo na visão simplis-ta e amena de uma pequena caixa de ma-deira com rodas improvisadas? Quem não viajou nas asas da imaginação criativa de uma criança desprovida de esplendores. Assim como as aves constroem ninhos a partir de impulsos da natureza, a partir de simples tiras de capim seco, a criança é capaz de urdir o seu mundo de faz-de-conta e ser feliz sem os luxos da opulência. O vendedor de amendoim integrava-se a esse mundo. Algo me diz que não era a venda de alguns centavos de gu-loseima que o trazia ali. Seria a integração com a sim-plicidade? Talvez a felicidade de ter plateia ou, quem sabe, o chamamento emotivo da ausência dos seus que haviam ficado distantes, muito miúdos para vencer uma viagem em pau-de-arara.

- “Oi” eu aqui! “frim frim,frim frim”!A bola era deixada de lado. A pipa confrontava-se com o contínuo ven-

to da tarde, desenhando arabescos no espaço. A roda de crianças sen-tadas no chão, ao pé do carrinho, logo era formada e o riso e a alegria encontravam amparo.

- Pois, menino! Lá na minha terra, se um danado de um menino malino disser uma palavrota feia ao professor, pode contar que vai ajoelhar no milho, até o fim da aula! Ensinava ele.

Nossa! Que medo! Mas o ensinamento foi habilmente passado. Sutil-mente a sementinha do respeito havia sido inserida no contexto das brin-cadeiras e certamente germinaria. Sem saber ou dar-nos conta, fazíamos uma troca. Ele nos dava histórias e ilusão que coloriam nosso pequeno mundo e nós retribuíamos com a admiração e o respeito. Talvez recriás-semos ali o ambiente familiar que ele parecia ter perdido. Eram tempos distintos, sem maldade, sem enganos. Mas um dia isso acabou. Todos nós soubemos que ele jamais voltaria a tocar sua gaita e apregoar aque-le “Ói eu aqui!” - alegre e zombeteiro. Soubemos que ele havia partido

para sempre. Não há como falar do inconformismo causado pela morte como visto por uma criança.

- Isso logo passa! - diziam os mais velhos. E de fato pas-sou, como passam todas as coisas nessa vida terrena.

Quantos de nós, como homens adultos e crianças de então, recebemos do Altíssimo, Arquiteto do

universo, missões de significativa relevância? Quantos de nós tivemos a responsabilidade de garantir a segurança de vidas humanas ou tarefas similares e fomos originários desses ou de outros “territórios de liberdade” se-melhantes? Temos que reconhecer que fo-ram esses, herois da nossa infância, os que souberam semear a boa semente da amiza-

de, do respeito e da lealdade. Imagino que hoje, quando somos nós os vendedores de

ilusões e os semeadores da boa cêpa, que nos caiba, sim, total preocupação com o ambiente

incrível que nos rodeia. Por algum mistério que não sei desvendar, naufragaram as bases do padrão

de valores plantados e vividos no passado. Por alguma falha do sistema desapareceram ou estão a desaparecer

essas virtudes que tanto respeitamos. Buscam-se os culpados além fronteiras da vida de cada um de nós. Suponho que esteja aí o enga-no. Não há a quem culpar além do horizonte. A culpa provável é da nossa própria geração. Reconheço que tenho tido comportamento um tanto agnóstico. Fomos nós próprios, homens e mulheres criados sob preceitos e costumes tão sábios e não mantivemos o rumo do respeito. Deixamo-nos perder no egoísmo e no consumismo material.

Talvez necessitemos urgentemente voltar a ouvir o brado altivo do “Ói eu aqui!” - mas dessa vez original do Pai Supremo, abandonado pela hu-manidade e substituído por valores materiais.

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