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UNIDESC- CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO- OESTE MAIARA GOMES CAIXETA FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO APLICÁVEL ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE LUZIÂNIA-GO LUZIÂNIA-GO 2012

Adm Maiara Gomes Fluxo de Caixa Como Ferramenta de Gestao Aplicavel as Micro e Pequenas Empresas de Luziania Go

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UNIDESC- CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO-

OESTE

MAIARA GOMES CAIXETA

FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO APLICÁVEL ÀS MICRO E

PEQUENAS EMPRESAS DE LUZIÂNIA-GO

LUZIÂNIA-GO

2012

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MAIARA GOMES CAIXETA

FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO APLICÁVEL ÀS MICRO E

PEQUENAS EMPRESAS DE LUZIÂNIA-GO

Relatório final apresentado ao Centro Universitário de Desenvolvimento do Centro-Oeste como parte das exigências para obtenção do título de bacharel em Administração.

Orientadores: Bruno Siqueira do Valle e Izabela Calegário Visentin

LUZIÂNIA-GO

2012

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MAIARA GOMES CAIXETA

FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO APLICÁVEL ÀS MICRO E

PEQUENAS EMPRESAS DE LUZIÂNIA-GO

Artigo apresentado ao Centro Universitário de Desenvolvimento do Centro-Oeste, como parte das exigências do Programa de Graduação em Administração para obtenção do título de bacharel em Administração.

APROVADO: 06 de julho de 2012.

_________________________________________

Izabela Calegário Visentin

(Orientadora)

(UNIDESC)

_________________________________________

Bruno Siqueira do Valle.

(Orientador)

(UNIDESC)

_________________________________________

Raquel Lima

(Avaliador)

(UNIDESC)

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Dedico este trabalho à minha família, pelo

incentivo e paciência e aos meus amigos de

sala pelo companheirismo.

Maiara Caixeta

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me conceder sabedoria, paciência e saúde para a realização

deste trabalho.

Aos meus pais Valdomiro e Marli e à minha irmã Valéria, por serem a base

sólida em mais uma etapa da minha vida.

Aos meus amigos, Andrea, Carla Mônica, Carlos Henrique, Carlos Cley,

Lygia, Sebastião Alan e Werberton que estiveram comigo durante os quatro anos

desta jornada sendo meus pilares.

Aos professores, que me ajudaram a crescer intelectualmente e a ser uma

profissional qualificada.

E a todos que diretamente ou indiretamente colaboram para a concretização

deste trabalho.

Maiara Caixeta

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“Para o sucesso, atitude é igualmente tão importante quanto capacidade. ·(Harry F. Banks)”.

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RESUMO

É sabido que as micro e pequenas empresas possuem dificuldades financeiras devido o seu caixa ser limitado. Pensando nisso, o objetivo deste artigo é demonstrar um estudo sobre a aplicabilidade do fluxo de caixa como uma ferramenta de gestão financeira, e ainda analisar o grau de conhecimento dos gestores a cerca de sua elaboração. As informações provindas dessa ferramenta possibilitam um controle mais eficiente das entradas e saídas de recursos na empresa, apresentando aos gestores a situação real do caixa facilitando a tomada de decisão. Para concretizar tal objetivo, realizou-se uma pesquisa bibliográfica para conceituações básicas a cerca do tema e ainda um levantamento nas micro e pequenas empresas situadas em Luziânia-GO. Ao término da análise dos dados, chegou-se a conclusão que a utilização do fluxo de caixa como uma ferramenta gerencial é condição chave para uma administração financeira eficiente e para perpetuação da empresa no mercado, no entanto poucas empresas da cidade adotam essa ferramenta. Palavras-chave: Fluxo de Caixa, Administração Financeira, Micro e Pequenas

Empresas.

ABSTRACT

It is known that micro and small companies have financial difficulties because that the cash is limited. Thinking about this, the objective of this paper is demonstrate a study of the applicability of cash flow as a financial management tool, and also analyze the degree of knowledge and preparation of their managers. The information of this tool enable a more efficient control of inputs and outputs of resources in the company, giving the managers the real situation of the cash flow so facilitating decision to make done. To achieve this goal, we realized a literature search of basic concepts about the topic and also a survey on micro and small companies in Luziânia-GO. At the end of the analysis of data´s, we reached the conclusion that the use of cash flow as a management tool is a key condition for efficient financial management and perpetuation of the company in the market however few companies in the city adopt this tool. Keywords: Cash Flow, Financial Management, Micro and Small Companies.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

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FIGURA 1 - Fluxo de caixa pelo método direto ............................................. 19

FIGURA 2 - Fluxo de caixa pelo método indireto ............................................ 20

LISTA DE GRÁFICOS

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GRÁFICO 1: Classificação de Gênero .......................................................................... 23

GRÁFICO 2: Tempo de atuação no mercado ............................................................... 24

LISTA DE TABELAS

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TABELA 1: Formação Homens X Mulheres .................................................................. 23

TABELA 2: Aplicação X Formação ................................................................................ 25

TABELA 3: Aplicação X Relevância .............................................................................. 26

TABELA 4: Aplicação X Grau de Conhecimento ........................................................... 26

TABELA 5: Aplicação X Eficiência ................................................................................ 27

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

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DFC - Demonstração do Fluxo de Caixa

MPE - Micro e Pequenas Empresas

SEBRAE - Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

DRE – Demonstração do Resultado do Exercício

CPC – Comitê de Pronunciamento Contábil

PIB – Produto Interno Bruto

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ............................................................................................ 12

2. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................... 13

2.1 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA .................................................................... 13

2.2 AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS ........................................................... 15

2.3 CONCEITOS DO FLUXO DE CAIXA ................................................................ 16

2.4 UTILIDADE E RELEVÂNCIA .......................................................................... 17

2.5 MÉTODOS DE ELABORAÇÃO E ESTRUTURA .................................................. 18

2.6 FLUXO DE CAIXA PROJETADO ................................................................... 20

3.METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................ 21

4. RESULTADO DA PESQUISA .................................................................... 22

4.1 FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA GERENCIAL ...................................... 24

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 27

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 29

ANEXO I ......................................................................................................... 30

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1.INTRODUÇÃO

A contabilidade de uma empresa tem como principal fundamento a

elaboração de informações para auxiliar os administradores na tomada de decisão,

por isso é imprescindível a qualidade destas informações. As alterações na Lei n.

11.638 (Lei das Sociedades Anônimas) de 28 de dezembro de 2007 traz a

obrigatoriedade da elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) que é

objeto desta pesquisa. A DFC é considerada uma ferramenta essencial na análise e

controle financeiro e agora uma demonstração obrigatória para as Sociedades

Anônimas juntamente com os demais relatórios exigidos pela lei.

Mesmo as Micro e Pequenas Empresas (MPE’s) não tendo a obrigatoriedade

de elaborar a DFC, a sua aplicação torna-se fundamental, pois é uma ferramenta

que possibilita a identificação das entradas e saídas de moeda corrente bem como a

visão antecipada do que pode ocorrer no caixa em determinado período de tempo.

Segundo Sá (2008), constantemente as empresas deparam-se com situações

financeiras desagradáveis. Algumas com um déficit de caixa outras com excesso de

recursos. Tal fato ocorre, muitas vezes, porque os gestores não utilizam

ferramentas adequadas para os auxiliarem na tomada de decisão. Diante disso, este

estudo foca na administração eficiente do fluxo de caixa, e para isso formulou-se a

seguinte questão/problema: qual o grau de conhecimento e a utilização do fluxo de

caixa na gestão financeira dos administradores das micro e pequenas empresas de

Luziânia-GO?

Para tentar responder essa pergunta, o estudo tem como objetivo geral

demonstrar a utilização do fluxo de caixa como uma ferramenta essencial na gestão

financeira através de referenciais teóricos e de um levantamento de natureza

exploratória e quantitativo realizado nas micro e pequenas empresas de Luziânia-

GO. Além disso, a pesquisa busca alcançar os seguintes objetivos específicos:

identificar, com base em amostras, as micro e pequenas empresas de Luziânia que

utilizam o fluxo de caixa e de que forma fazem isto; demonstrar a importância do

fluxo de caixa como ferramenta de auxilio na tomada de decisão.

Sá (2008) afirma que para uma empresa ter saúde financeira é fundamental

que seu fluxo de caixa apresente liquidez, mesmo diante de uma conjuntura

econômica em inflação ou recessão, pois só assim a empresa conseguirá honrar

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com suas obrigações financeiras e dar continuidade em seus processos produtivos.

Diante disso, a escolha do tema deu-se a partir da necessidade que as empresas

têm de obter informações reais do caixa, diferente das demais demonstrações

contábeis que são elaboradas com base no Princípio da Competência auxiliando na

tomada de decisões.

Para Sá (2008) o fluxo de caixa é uma ferramenta capaz de planejar, controlar

e analisar as entradas e saídas auxiliando na tomada de decisão e fazendo com que

a empresa sobreviva no mercado. Ao utilizar o fluxo de caixa as empresas podem

identificar a capacidade de gerar fluxos positivos e a partir disso obter alternativas de

investimentos, ou ainda verificar os motivos que levaram a um resultado negativo e

qual ponto deve ser mudado para reverter a situação.

O fluxo de caixa é uma ferramenta fundamental, pois envolve todos os

setores da empresa com o objetivo de maximizar a produtividade, as receitas e

ainda controlar os prazos de pagamentos, planejar compras e demais negociações,

entre outros benefícios. Neto (2009) destaca que o interessante desta ferramenta é

a facilidade de compreensão além de poder ser aplicada em todas as empresas

independente do tamanho.

Sendo o fluxo de caixa uma ferramenta de gestão financeira capaz de

demonstrar a solvência da empresa, além de projetar suas receitas e despesas, o

estudo pressupõe que as empresas que o utilizarem terão um controle financeiro

eficiente. Acredita-se que a uso do fluxo de caixa pode dizer se a empresa fechará

suas portas ou se manterá no mercado.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Administração financeira

A administração financeira é um elemento importante para o crescimento e

desenvolvimento de toda empresa. Por meio dela é possível aumentar os lucros,

controlar os fluxos de entrada e saída de caixa e ainda ter uma previsão da

quantidade de recursos financeiros disponíveis na empresa.

A conjuntura econômica faz com que as empresas busquem ferramentas que

auxiliem na gestão financeira e assim elas possam manter-se no mercado de forma

competitiva. Além disso, o mercado atual conta com a presença de consumidores

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mais exigentes, fornecedores antenados, investidores à procura de investimentos

sólidos e seguros, entre outros diversos fatores que afetam diretamente a empresa,

portanto existe a necessidade das empresas estarem preparadas para atender e

saber lidar com esses fatores.

Contudo, não é possível manter uma gestão financeira eficiente se não tiver

um bom planejamento financeiro, o qual permite um controle dos recursos

financeiros, seus ingressos e desembolsos. Para Sá (2009) planejamento financeiro

é um agrupamento de operações financeiras realizadas para atingir um determinado

objetivo.

Uma das grandes dificuldades dos empresários das micro e pequenas

empresas é exercer uma administração financeira eficiente, de tal forma a alavancar

o crescimento da empresa. Para Neto (2009), administração financeira é um campo

de estudo que tem como objetivo assegurar a melhor captação e alocação de

recursos. Ter o controle financeiro certamente proporcionará à empresa a

maximização do seu valor de mercado e consequentemente os empresários

aumentarão sua própria riqueza. Hoji (2001), afirma que a maximização do valor de

mercado da empresa só é possível por meio de uma geração de lucro e caixa, bem

como do uso de ferramentas de gestão financeira adequadas.

Todos os acontecimentos na gestão financeira são importantes, certamente a

principal função do administrador financeiro é o controle da tesouraria, ou seja,

cuidar da entrada e saída de caixa, além da preservação do retorno dos

empresários. Silva (2008) ressalta que a geração de valor da empresa é

responsabilidade principalmente do administrador financeiro, pois ele se envolve

profundamente com o negócio da empresa, desde as decisões estratégicas de

investimento e financiamento de longo prazo à gestão de caixa e negociação com

fornecedores à curto prazo.

A administração financeira de uma empresa precisa de acompanhamento

constante, de modo a avaliar sua evolução e ainda agir com as correções

necessárias. Em síntese, Neto e Silva (2009), afirmam que a função da

administração financeira é promover à empresa recursos de caixa suficientes de tal

forma ao cumprimento com os compromissos assumidos e ainda a maximização da

riqueza da empresa.

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2.2 As Micro e Pequenas Empresas

As MPE’s (Micro e Pequenas Empresas) têm desempenhado um papel

eminente para o crescimento do Brasil. A participação significativa na economia e no

mercado de trabalho são provas concretas dessa atuação eficiente no País.

Segundo o SEBRAE (Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas),

são criados anualmente mais de 1,2 milhão de novos empreendimentos formais no

Brasil. Sendo desse total, mais de 99% micro e pequenas empresas e

empreendedores individuais. Pesquisas realizadas por esta mesma fonte no ano de

2010 apontam que as micro e pequenas empresas são responsáveis por 52% dos

empregos formais do Brasil. Além de ter uma participação 20% no PIB ( Produto

Interno Bruto), o que é um percentual baixo com relação à quantidade de empresas

existentes.

A sobrevivência das MPE’s é pertinente para o desenvolvimento econômico

do país. Entretanto, para que uma empresa consiga se perpetuar no mercado é

necessário, entre outros fatores, uma gestão financeira eficiente. Infelizmente

algumas MPE’s não conseguem manter suas portas abertas por mais de dois anos.

É o que aponta uma pesquisa do SEBRAE (2010), onde relata que 22% das MPE’s

decretam falência antes de completarem dois anos de existência. Os principais

fatores que contribuem para essa mortalidade precoce são, entre outros:

• Falhas gerenciais: a ausência de administradores capacitados

prejudica a qualidade da gestão das empresas;

• Problemas financeiros: em geral, o caixa das MPE’s é limitado, o que

requer um gerenciamento mais eficiente com o uso de ferramentas de

auxilio na tomada de decisão, além da falta de capital de giro;

• Alta competitividade: as empresas precisam sempre inovar para se

tornarem mais competitivas e ter um diferencial no mercado para

conseguirem concorrer.

Os controles financeiros das MPE’s precisam ser minuciosamente analisados,

pois essas empresas já possuem o caixa limitado. Silva (2008) destaca alguns

fatores que podem levar a dificuldade financeira: ausência de planejamento

estratégico; controles financeiros deficientes; mudança na conjuntura econômica;

lentidão na tomada de decisão e ações; estrutura de capital inadequada.

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É importante os empresários entenderem que mesmo quando a empresa

apresenta lucros em seu balanço patrimonial não significa que ela tenha caixa para

cumprir com as obrigações. Neto e Silva (2009) apontam que empresas lucrativas

podem apresentar problemas de caixa. Isso ocorre porque para a apuração do

balanço patrimonial adota-se o regime de competência e já para o fluxo de caixa,

adota-se o regime de caixa. Silva (2008), explica que o regime de competência é

utilizado para apurar o resultado econômico e a rentabilidade da empresa, ou seja, o

regime reconhece as receitas no momento da venda e as despesas no momento

que acontecem. E o regime de caixa apura a liquidez da empresa, que nada mais é

que a capacidade da empresa honrar seus compromissos financeiros. Neste sentido,

o autor ainda afirma que a administração financeira adota o regime de caixa para

controlar os superávit e déficit de caixa, pois esse regime reconhece as receitas e

despesas no momento em que elas efetivamente ocorrem. Por essa razão, há

diferença entre o lucro contábil da empresa e a sua liquidez. Cabe ressaltar que os

dois regimes não são conflitantes, eles são interdependentes e se completam.

Uma gestão financeira eficiente reduz a mortalidade precoce das MPE’s, e

mais, contribui para a sua perpetuação no mercado. Então, pensar na qualidade das

informações oferecidas pelos relatórios financeiros é pensar em tomadas de

decisões mais assertivas e no crescimento da empresa.

2.3 Conceitos do fluxo de caixa

Manter um controle financeiro é essencial para a sobrevivência da empresa,

bem como a sua evolução e permanência no mercado. O fluxo de caixa surge como

uma ferramenta peculiar, pois possibilita ao administrador planejar, controlar e

analisar as receitas, despesas e investimentos em determinado período de tempo

(SILVA, 2008). Essa visão pode ser ainda antecipada através da projeção do fluxo

de caixa, o qual será abordado no decorrer do estudo. Para Neto (2009), o fluxo de

caixa é uma ferramenta prática de fácil elaboração e entendimento que demonstra

as operações financeiras que serão realizadas pela empresa, facilitando a tomada

de decisão.

Sá (2008) entende o fluxo de caixa como o método de captura e registro de

fatos e valores que alteram o saldo do caixa. A palavra caixa significa moeda e todos

os valores que possam ser facilmente convertidos em moeda, como depósitos

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bancários, cheques e aplicações de curtíssimo prazo e de alta liquidez, conhecidos

também como equivalentes de caixa.

Já Hoji (2004) ressalta que “o fluxo de caixa é um esquema de entradas e

saídas de caixa ao longo do tempo, em um fluxo de caixa deve existir pelo menos

uma saída e pelo menos uma entrada (vice-versa)”. É sabido que as empresas, ao

logo de seu ciclo operacional, precisam de recursos para honrar com as obrigações

e vencimentos. Para isso, a empresa deve contar com um planejamento financeiro

eficiente que seja suporte para e execução bem sucedida desse processo. Neste

contexto, é importante destacar que as empresas não precisam manter um nível

elevado de saldo em caixa, conforme afirmam Neto e Silva (2009), onde relatam que

as empresas devem buscar um volume mais adequado de caixa de maneira a

sincronizar seu ciclo operacional com o desempenho de caixa.

Gitman (1997, apud Sá, 2008) aborda o fluxo de caixa de uma forma bastante

interessante:

O fluxo de caixa é a espinha dorsal da empresa. Sem ele não se saberá quando haverá recursos suficientes para sustentar as operações ou quando haverá necessidade de financiamentos bancários. Empresas que necessitam continuamente de empréstimos de última hora poderão se deparar com dificuldade de encontrar bancos que as financiem. (GITMAN, 1997:586).

Deste modo, o fluxo de caixa apresenta-se como uma ferramenta eficaz na

gestão financeira e que permite ao administrador obter um controle financeiro

eficiente. Além de ter informações indispensáveis da disponibilidade de recursos

para honrar com os compromissos da empresa.

2.4 Utilidade e relevância

O fluxo de caixa visa proporcionar para as organizações segurança e

agilidade em suas rotinas financeiras, já que é uma ferramenta que apresenta a real

situação do caixa, contemplando os embolsos e desembolsos que fizeram com que

o saldo variasse.

Para Ribeiro (2009), as informações contidas no fluxo de caixa podem ajudar

os gestores a avaliarem a geração de caixa para o cumprimento das obrigações com

terceiros, tais como distribuição de dividendos, pagamento de fornecedores, entre

outros. Ainda de acordo com Ribeiro, através do fluxo de caixa é possível identificar

as necessidades de financiamento, elaborar um planejamento para a captação

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18

destes recursos e finalmente revelar o efeito das transações de investimentos e

financiamentos, origem versus aplicação.

A análise do fluxo de caixa permite a visualização antecipada de fragilidades

no capital de giro em tempo hábil para tomar as medidas necessárias para a

regularização. Segundo Matarazzo (2003), as principais finalidades da análise do

fluxo de caixa são: avaliar alternativas de investimento; avaliar e controlar ao longo

do tempo as decisões que são tomadas na empresa, com reflexos monetários;

avaliar as situações presente e futura do caixa na empresa, posicionando-a para que

não chegue a situações de iliquidez e certificar que os excessos momentâneos de

caixa estão sendo devidamente aplicados.

Silva (2008) aponta que através da utilização do fluxo de caixa, a empresa

poderá coordenar os recursos a serem usados pelas diversas atividades da

empresa; identificar o prazo médio de contas a receber, contas a pagar, estoque e

pagar as obrigações dentro do prazo de vencimento. É interessante ressaltar que,

para o gestor financeiro, ter essa visão ampla da empresa faz com que esse controle

seja facilitado.

2.5 Métodos de elaboração e estrutura

As variações ocorridas no caixa da empresa que são informadas através do

fluxo de caixa precisam está organizadas de acordo com as atividades

desenvolvidas na empresa. Ribeiro (2009) afirma que diante a variedade de

transações que ocorrem no caixa, é importante agrupar as ocorrências de mesma

natureza tornando o fluxo de caixa mais claro, possibilitando aos gestores identificar

as origens e os destinos dos recursos financeiros ingressados.

Neste contexto, envolvendo a estrutura do fluxo de caixa, de acordo como

Pronunciamento Técnico Contábil - CPC n. 03/2008, o ideal é que os grupos de

atividades de entrada e saída de caixa sejam:

• Atividades operacionais: estão relacionadas com o objetivo social da

empresa, como por exemplo, o recebimento de venda, pagamento de

fornecedores, pagamentos de funcionários.

• Atividades de investimentos: estão relacionadas com a transação de

ativos financeiros, participações em outras empresas, venda ou

compra de ações.

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• Atividades de financiamentos: estão relacionadas à captação de

recursos para financiar as operações e investimentos.

Além da classificação das atividades, o fluxo de caixa pode ainda ser dividido

em dois métodos, sendo eles direto ou indireto. Para Ribeiro (2009), o método direto

demonstra os recebimentos e pagamentos relativos às atividades operacionais, ou

seja, da atividade social da empresa.

FIGURA 1 - Fluxo de caixa pelo método direto

Fonte: Sá (2008)

Já o método indireto, é obtido através de informações contidas nas

demonstrações contábeis. Por essa razão, o fluxo de caixa indireto é também

conhecido como fluxo de caixa contábil é o que relata Sá (2008).

FIGURA 2 - Fluxo de caixa pelo método indireto

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20

Fonte: Sá (2008)

Sá (2008) destaca ainda que a atualização dos dados do fluxo de caixa deve

ser preferencialmente diária, pois assim o gestor terá a informação real e imediata

do que está ocorrendo com o caixa. Contudo, o fluxo de caixa quando bem

estruturado proporcionará que as tomadas de decisões aconteçam em tempo hábil.

2.6 Fluxo de Caixa Projetado

A ideia principal da projeção do fluxo de caixa é a previsão das entradas e

saídas de recursos em determinado período de tempo, em busca do controle dos

excessos e escassez de caixa. É válido ressaltar que projeção de fluxo de caixa

diferente de planejamento financeiro. O fluxo de caixa é parte integrante do

planejamento financeiro. Sá (2008) conceitua projeção do fluxo de caixa como:

“... produto final da integração das contas a receber com as contas a pagar. Seu objetivo é identificar as faltas e os excessos de caixas, as datas em que ocorrerão, por quantos dias e em que montantes. É a partir do fluxo de caixa projetado que fazemos o planejamento financeiro” (SÁ 2008 pg. 59).

Neste sentido, a projeção do fluxo de caixa proporcionará ao gestor financeiro

uma visão antecipada das entradas e saídas de moeda e consequentemente

auxiliará em decisões mais seguras.

Entretanto, a projeção do fluxo de caixa gera incerteza, pois está se tratando

de uma visão do que irá ocorrer com o caixa da empresa com base em diversos

elementos financeiros como, por exemplo, o orçamento. De acordo com Sá (2008), a

consequência dessa incerteza é que sobrarão ou faltarão recursos no caixa, e

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logicamente, as empresas deverão captar recursos ou deixá-los ociosos. E dentro

desse conjunto de operação será gerado o custo de projeção, ou seja, quando a

empresa projeta o fluxo de caixa de tal forma que os recursos não sejam suficientes

para cumprir com seus compromissos ela será obrigada a captar recursos externos

(financiamentos, empréstimos bancários) e essa transação gerará juros, ou seja,

custo de projeção.

Com base nas informações oferecidas pela projeção do fluxo de caixa é

possível traçar um planejamento financeiro. Sá (2008) define planejamento

financeiro como uma estratégia que se baseia na projeção do fluxo de caixa, em

uma política de saldo mínimo de caixa e em conjunto de capitação e aplicação de

recursos objetivando mínimo custo de erros de projeção. O planejamento financeiro

visa minimizar os custos de projeção e ainda manter o controle dos recursos ociosos

e subutilizados na empresa.

O planejamento financeiro através da projeção do fluxo de caixa é de grande

importância para qualquer empresa, independente do seu porte, pois proporciona

aos gestores a visão antecipada dos embolsos e desembolsos de caixa. Sua

utilização torna-se, deste modo, indispensável.

3.METODOLOGIA DA PESQUISA

O objetivo desta pesquisa é identificar as micro e pequenas empresas

situadas no centro de Luziânia-GO que utilizam o fluxo de caixa como uma

ferramenta de gestão, considerando a relevância desta ferramenta para a

manutenção da saúde financeira da empresa. Além disso, visa analisar o grau de

conhecimento dos gestores a cerca da elaboração do fluxo de caixa.

Para a concretização deste objetivo, realizou-se uma pesquisa de natureza

exploratória. Gil (2010), aponta que essa pesquisa é a forma de se familiarizar com o

problema visando torná-lo mais explícito ou ainda a construir hipóteses,

considerando os mais variados aspectos relativos ao fato estudado.

Quanto à técnica de pesquisa foi realizado um levantamento ou survey com

abordagem quantitativa. Ainda de acordo com Gil (2010), levantamento é uma forma

de interrogação direta a um grupo de pessoas que se deseja conhecer à cerca do

problema estudado e mediante análise quantitativa obter as conclusões.

Na captura das informações foi realizada uma pesquisa bibliográfica para

conceituações básicas relativas ao tema estudado. Essas teorias foram encontradas

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22

em materiais publicados em revistas; livros; internet e artigos. Realizou-se ainda

uma pesquisa de campo, onde ocorreu a aplicação de um questionário estruturado

contendo 16 com perguntas fechadas direcionadas aos funcionários e gerentes das

micro e pequenas empresas.

O universo da pesquisa foi em micro e pequenas empresas de Luziânia-GO

localizadas no centro da cidade. A pesquisa não focou em um ramo de atividade

específico, pois como já citado no referencial teórico, a utilização do fluxo de caixa é

essencial em qualquer empresa independente do seu porte ou ramo de atividade.

Deste modo, as empresas foram escolhidas de acordo com a sua disponibilidade em

responder o questionário. A aplicação do questionário deu-se de 29 de maio de 2012

a 02 de junho de 2012 em uma amostra de 70 empresas, no entanto, apenas 30

destes questionários foram respondidos, o que representa 42,85% do total.

Para testar a hipótese apresentada, foi utilizado o método estatístico do qui-

quadrado (x²), o qual avalia se há dependência entre as variáveis analisadas,

admitindo-se 5% de significância. A fórmula utilizada para realizar este cálculo é:

F0= Frequência observada, Fe = e a frequência esperada.

Fonte: Cooper e Schindler (2003)

A análise dos dados foi realizada em três etapas: num primeiro momento

procurou conhecer o perfil do respondente, em seguida conhecer a empresa e

finalmente a análise do fluxo de caixa como ferramenta gerencial que é objeto desta

pesquisa.

4. RESULTADO DA PESQUISA

A pesquisa possibilitou perceber que as micro e pequenas empresas de

Luziânia-Go são, em sua maioria, geridas por homens. É que demonstra o gráfico

abaixo, onde destaca um percentual de aproximadamente 53%. Contudo, as

mulheres também se destacam, mesmo com um percentual um pouco menor, sendo

47%.

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23

GRÁFICO 1 – Classificação gênero

Fonte: Elaboração própria

O cargo dos entrevistados está distribuído de forma que 26,6% das mulheres

são sócias ou gerentes e 20% dos homens são sócios. Quanto à formação ou

escolaridade, os homens mostraram-se mais preocupados com a capacitação

profissional, sendo que 40% deles estão cursando ou concluíram o nível superior,

enquanto que para as mulheres esse percentual é de 33,3%. Os demais estão

distribuídos entre o nível médio e a pós-graduação. É interessante destacar que

apenas 3,3% dos profissionais conseguiram ingressar em uma pós-graduação. Um

número considerado pequeno com relação aos 73,3% que estão se graduando ou já

se graduaram.

TABELA 1 – Formação Homens X Mulheres

Formação Homens Mulheres Total

Frequência % Frequência % %

Nível Médio 1 3,3 2 6,7 1,0 Nível Superior Completo 5 16,7 5 16,7 33,3 Nível Superior Cursando 7 23,3 5 16,7 40,0 Pós-graduação Completa 2 6,7 2 6,7 13,3 Pós-graduação Cursando 1 3,3 0 0,0 3,3

Total 16 53,3 14 46,7 100

Fonte: Elaboração própria

Dentre os diversos ramos de atividades pesquisados, o que mais se destacou

foi o comércio com 43,3% do total. Em seguida destaca-se o serviço com 36,7% e

por último a indústria com 20%. Quanto à permanência das empresas no mercado,

verificou-se que 46,7% atuam a mais de três anos.

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24

GRÁFICO 2 – Tempo de atuação no mercado

Fonte: Elaboração própria

Contudo, entende-se que são empresas estáveis, considerando que,

conforme citado no referencial teórico, 22% das micro e pequenas empresas fecham

as portas antes dos dois anos de vida. Vale destacar que o comércio é o ramo de

atividade que participa em 23,3% do total dessas empresas atuantes a mais de três

anos. Com relação ao porte das empresas pesquisadas, 63,3% são enquadradas

como micro empresa e 36,7% são empresas de pequeno porte.

4.1 Fluxo de Caixa como Ferramenta Gerencial

Com o objetivo de fundamentar a pesquisa, os respondentes foram

questionados quanto ao conhecimento a cerca do fluxo de caixa bem como a sua

aplicação. Diante disso, identificou-se que 63,3% dos respondentes disseram

conhecer o fluxo de caixa e 36,7% desconhecem a ferramenta. No entanto, nem

todos os gestores que conhecem o fluxo de caixa fazem uso em sua gestão. Apenas

40% deles utilizam o fluxo de caixa como ferramenta gerencial. Um número pequeno

considerando a eficiência da ferramenta. O que torna evidente que não há relação

entre conhecer a ferramenta e de fato aplicá-la na empresa.

Verifica-se que há uma dependência entre a aplicação do fluxo de caixa e a

formação dos gestores, pois grande parte dos gestores que utilizam a ferramenta

possuem nível superior e pós-graduação completos. Enquanto os gestores que não

aplicam, nenhum possui essa formação estão ainda cursando o nível superior.

Page 26: Adm Maiara Gomes Fluxo de Caixa Como Ferramenta de Gestao Aplicavel as Micro e Pequenas Empresas de Luziania Go

25

TABELA 2 – Aplicação X Formação

Aplicação

Sim Não Total Formação Frequência % Frequência % %

Nível Médio 0 0,0 3 10,0 10,0 Nível Superior Completo 4 13,3 6 20,0 33,3 Nível Superior Cursando 3 10,0 9 30,0 40,0 Pós-graduação Completa 4 13,3 0 0,0 13,3 Pós-graduação Cursando 1 3,3 0 0,0 3,3

Total 12 40 18 60 100 Fonte: Elaboração própria

Essa relação pode ser comprovada através do coeficiente do qui-quadrado

7,593 que identifica que a frequência observada e diferente da frequência esperada,

logo há associação entre as variáveis.

Buscando evidenciar qual o ramo de atividade se destaca na aplicação da

ferramenta, o comércio mostrou-se mais preocupado com as questões financeiras,

com 26,6% do total, enquanto que o ramo do serviço é o que menos utiliza.

Procurando entender o motivo de 60% dos respondentes não aplicarem o

fluxo de caixa, foi questionado se os gestores utilizavam outro tipo de ferramenta de

auxílio na gestão financeira. Diante disto, destaca-se que 33,3% dos gestores

alegaram que o fluxo de caixa é uma ferramenta complicada para se elaborar e

interpretar, e 26,6% disseram não ter tempo para se dedicar à sua elaboração. Se

tratando de outras ferramentas utilizadas na gestão, os respondentes informaram

que 33,3% utilizam o orçamento, em seguida 26,6% aplicam a DRE e o Balanço

Patrimonial.

É interessante ressaltar que essas ferramentas utilizadas pelos gestores que

não aplicam o fluxo de caixa passam informações contábeis, obedecendo ao regime

de competência, como já citado no referencial teórico, já o fluxo de caixa mostra a

realidade financeira, obedecendo ao regime de caixa.

Ao serem questionados da importância do fluxo de caixa, foi possível

perceber que alguns gestores, mesmo aplicando a ferramenta, não a considera

importante. Tal fato torna-se espantoso, pois as teorias deixam visíveis os benefícios

oriundos da utilização do fluxo de caixa. Neste contexto, 30% dos 40% que disseram

aplicar o fluxo de caixa em suas gestões o considera importante, já 10% se

manifestam de forma contrária.

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26

TABELA 3 – Aplicabilidade X Relevância

Aplicação

Sim Não Total Relevância Frequência % Frequência % %

Sim 9 30 13 43,3 73,3 Não 3 10 5 16,7 26,7 Total 12 40 18 60 100

Fonte: Elaboração própria

Para conseguir identificar se os gestores utilizam o fluxo de caixa como uma

ferramenta gerencial, questionou-se quanto às tomadas de decisões. Todos os

gestores que afirmaram aplicar a ferramenta destacaram utilizá-la para auxiliarem na

tomada de decisões. Fazendo uma relação com o grau de conhecimento dos

gestores que aplicam o fluxo de caixa, foi possível perceber que dos 40% que

utilizam a ferramenta em suas gestões 26,7% acreditam ter um bom conhecimento,

o que pode ser considerado como um alto nível capaz de levar esses gestores a

uma excelência em suas decisões.

TABELA 4 – Aplicação X Grau de Conhecimento

Aplicação Sim Não Total

Nível de conhecimento Frequência % Frequência % % Bom 8 26,7 0 0 26,7

Regular 4 13,3 0 0 13,3 Péssimo 0 0 18 60 60,0

Total 12,0 40,0 18,0 60,0 100,0

Fonte: Elaboração própria

Ainda no intuito de conhecer se as informações oferecidas pelo fluxo de caixa

estão sendo bem elaboradas, foi questionado quanto à periodicidade da

manutenção desta ferramenta. Neste sentido, 20% dos gestores que usam o fluxo

de caixa como base em suas decisões atualiza a ferramenta diariamente. Em

seguida, destaca-se os gestores que elaboram mensalmente, sendo 16,6% do total.

Sá (2008) afirma que o ideal é que a ferramenta seja atualizada diariamente, pois

assim os gestores têm, em tempo real, a situação financeira da empresa e podem

tomar decisões com mais agilidade e eficazes.

Em contrapartida, quando analisamos o conhecimento dos gestores que não

aplicam o fluxo de caixa, percebemos que os 60% consideram ter pouca

familiaridade com a ferramenta.

Page 28: Adm Maiara Gomes Fluxo de Caixa Como Ferramenta de Gestao Aplicavel as Micro e Pequenas Empresas de Luziania Go

27

Refletindo o fluxo de caixa como uma ferramenta de gestão financeira,

procurou identificar se os gestores aplicam essa ferramenta no planejamento

financeiro. Diante disso, questionou-se sobre a utilização do fluxo de caixa projetado,

onde apenas 13,3% usam essa ferramenta em seu planejamento. Um número

razoavelmente baixo, considerando que o fluxo de caixa projetado é capaz de prever

as entradas e saídas de caixa, além de evitar excessos e escassez de recursos.

Como objetivo de testar a hipótese de que as empresas que utilizam o fluxo

de caixa como ferramenta de gestão terão um controle financeiro eficiente, aplicou-

se os dados no qui-quadrado onde mostrou que há associação estatisticamente

significativa entre as variáveis. Neste sentido, admitiu-se que a hipótese é válida,

pois o qui-quadrado mostrou um coeficiente 3,445, o que representa a dependência

entre o uso do fluxo de caixa com uma gestão financeira eficiente. A pesquisa

confirma o que foi relatado na teoria de Sá (2008), onde destaca que as empresas

que fazem uso da ferramenta possuem suas finanças mais apuradas de modo a

trazer segurança para a empresa e para os empresários.

TABELA 5 – Aplicação X Eficiência

Aplicação Sim Não

Eficiência Frequência % Frequência % Sim 10 33,3 0,0 0,0

Não 2 6,7 0,0 0,0

Total 12 40 0,0 60,0

Fonte: Elaboração própria

A aplicação do fluxo de caixa como ferramenta gerencial não implica dizer

que a empresa resolverá todos os seus problemas financeiros, mas que minimizará

os erros visando um equilíbrio financeiro.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo dessa pesquisa foi demonstrar o fluxo de caixa como ferramenta

essencial para uma gestão financeira eficiente, evidenciando seu conceito através

das teorias existentes e fazendo um levantamento nas micro e pequenas empresas

situadas em Luziânia-Go. Para isso, formulou-se a seguinte questão: qual o grau de

conhecimento e a utilização do fluxo de caixa na gestão financeira por parte dos

administradores das micro e pequenas empresas de Luziânia-GO?

Page 29: Adm Maiara Gomes Fluxo de Caixa Como Ferramenta de Gestao Aplicavel as Micro e Pequenas Empresas de Luziania Go

28

Os números mostraram que 40% dos gestores aplicam a ferramenta e 26,7%

consideram ter pleno conhecimento a cerca do fluxo de caixa. Testando esse

conhecimento perguntou-se sobre periodicidade de manutenção dos dados onde,

20% atualizam os dados diariamente. O que evidencia que grande parte desses

gestores possui um bom conhecimento a cerca da ferramenta. Quando questionados

quanto ao planejamento financeiro e a utilização do fluxo de caixa projetado, apenas

13,3% informaram fazer as projeções de caixa orientada para o futuro. Todos os

gestores que aplicam a ferramenta a utiliza como base para tomadas de decisões.

O resultado da pesquisa mostrou que mesmo o fluxo de caixa sendo uma

ferramenta essencial uma parte significativa dos gestores das micro e pequenas

empresas de Luziânia o adotou em seus controles financeiros. Além disso, ficou

claro que um motivo crucial para isso é a falta de conhecimento a cerca da

ferramenta e falta de capacitação profissional. Fica evidente também que essa

dificuldade no manuseio está ligada à falta de interesse dos gestores em conhecer

melhor o fluxo de caixa, pois mesmo os autores deixando explicito a sua relevância,

não há uma difusão quanto aos seus benefícios por parte dos gestores.

Diante disso, cabe uma reflexão quanto à gestão financeira dessas empresas,

pois sendo o fluxo de caixa uma ferramenta capaz de demonstrar a liquidez da

empresa além de ser um instrumento que auxilia nas decisões estratégicas, como

esses gestores têm tomado suas decisões? Como essas empresas fazem seu

planejamento financeiro se não utilizam o fluxo de caixa projetado? Certamente isso

explica o porquê da grande dificuldade financeira das empresas e a busca constante

por empréstimos à longo prazo, o que torna frágil a solvência e liquidez da empresa.

A pesquisa possibilitou perceber ainda, que a hipótese levantada foi

comprovada, pois o teste realizado através da ferramenta estatística qui-quadrado

mostrou que há dependência entre a aplicação do fluxo de caixa e uma gestão

financeira eficiente. Ou seja, para um controle financeiro adequando, onde as

decisões sejam tomadas de forma ágil e eficaz, a aplicação do fluxo de caixa é

condição indispensável.

O estudo contribui para a propagação do fluxo de caixa como instrumento de

gestão financeira. E para conscientizar os administradores a adotarem instrumentos

gerencias que os auxiliem em tomada de decisão assertivas. Além de fazer a

interação entre a contabilidade e administração, utilizando uma ferramenta contábil

como auxílio nas decisões tomadas na empresa.

Page 30: Adm Maiara Gomes Fluxo de Caixa Como Ferramenta de Gestao Aplicavel as Micro e Pequenas Empresas de Luziania Go

29

Por fim, devido às limitações da pesquisa quanto a questões geográficas,

sugere-se aplicar este estudo em outras áreas bem como em empresas de grande

porte com o objetivo de propagar a utilização do fluxo de caixa na gestão financeira.

Outro foco interessante seria aplicar essa pesquisa em empresas formais e informais

fazendo uma correlação entre as gestões financeiras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COOPER, Donald R.; SCHINDLER, Pamela S. Métodos de pesquisa em

administração: 7 ed. Porto Alegre: Bookman, 2003. 640 p.

CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico 03:

Demonstração de Fluxos de Caixa. Disponível em:

http://www.cpc.org.br/pdf/cpc_03n.pdf. Acesso em 05 de Maio de 2012.

GITMAN, Lauwrence J. Princípios da administração financeira: 7. Ed. São Paulo:

Harbra, 2002.

GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5 Ed. São Paulo: Atlas,

2010.

HOJI, Masakazu. Administração financeira e orçamentária. 7 Ed. São Paulo:

Atlas, 2008.

______________. Administração financeira: uma abordagem prática: matemática financeira aplicada, estratégias financeiras, análise, planejamento e controle financeiro. 5 Ed. São Paulo: Atlas, 2004.

Lei nº 11.638 de 28 de Dezembro de 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em 25 de Maio de 2012.

MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2003.

NETO, Alexandre Assaf; SILVA, César Augusto Tibúrcio: Administração do Capital

de Giro. 3.Ed. São Paulo: Atlas, 2009.

Page 31: Adm Maiara Gomes Fluxo de Caixa Como Ferramenta de Gestao Aplicavel as Micro e Pequenas Empresas de Luziania Go

30

NETO, Alexandre Assaf: Finanças Corporativas e valor. 4 Ed. São Paulo: Atlas,

2009.

RIBEIRO, Osni Moura. Demonstrações Financeiras – mudanças na lei das

sociedades por ações: como era e como ficou. 2 Ed. Saraiva 2009.

RODRIGUES, et al. A Importância do Fluxo de Caixa como Ferramenta

Gerencial para as Micro e Pequenas Empresas: uma análise em empresas de

Angra dos Reis. Angra dos Reis, 2010.

SEBRAE. Fatores condicionantes e taxa de mortalidade de empresas no Brasil. Agosto de 2004. Disponível em: http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bte/bte.nsf/9A2916A2D7D88C4D03256EEE004

89AB1/$File/NT0008E4CA.pdf. Acesso em 19 de abril de 2012.

_________. Taxas de Sobrevivência das Empresas no Brasil. Outubro de 2011.

Disponível em:

http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/45465B1C66A6772D83257930005

1816C/$File/NT00046582.pdf. Acesso em 20 de Abril de 2012.

SILVA, Edson Cordeiro. Como administrar o fluxo de caixa das empresas. Ed.

São Paulo: Atlas, 2009.

SÁ, Carlos Alexandre. Fluxo de caixa. A visão da Tesouraria e da Controladoria. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.

ANEXO I

QUESTIONÁRIO

Page 32: Adm Maiara Gomes Fluxo de Caixa Como Ferramenta de Gestao Aplicavel as Micro e Pequenas Empresas de Luziania Go

31

QUAL A APLICABILIDADE E GRAU DE CONHECIMENTO A CERCA DO FLUXO DE CAIXA DOS GESTORES DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE

LUZIÂNIA-GO?

PARTE I – PERFIL DO ENTREVISTADO E DA EMPRESA

1. Sexo

( ) Masculino ( ) Feminino

2. Escolaridade/ Área de Formação

( ) Ensino Fundamental

( ) Nível Médio

( ) Nível Superior Completo

( ) Nível Superior Cursando

( ) Pós-graduação Completa

( ) Pós-graduação Cursando

3. Função que ocupa na empresa

( ) Administrador

( ) Sócio

( ) Gerente

( ) Auxiliar Administrativo

( ) Vendedor

4. Ramo de Atividade

( ) Indústria

( ) Comércio

( ) Serviços

5. Tempo na Atividade:

( ) 1 ano

( ) 2 anos

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32

( ) 3 anos

( ) Acima de 3 anos

6. Tipo de Empresa:

( ) M.E – Média Empresa

( ) E. P. P. – Empresa de Pequeno Porte

PARTE II – FLUXO DE CAIXA - APLICABILIDADE E GRAU DE CONHECIMENTO

7. Você conhece o fluxo de caixa?

( ) Sim ( ) Não

• Se sim...

8. Você aplica o fluxo de caixa na empresa?

Sim ( ) Não ( )

9. Como você considera o seu nível de conhecimento sobre o fluxo de caixa?

Bom ( ) Regular ( ) Péssimo ( )

10. Você considera importantes as informações apresentadas no fluxo de caixa?

Sim ( ) Não ( )

11. Você utiliza o fluxo de caixa como ferramenta de auxílio nas tomadas de decisões?

Sim ( ) Não ( )

12. Qual a periodicidade da elaboração do fluxo de caixa?

Diário ( ) Semanal ( ) Mensal ( ) Anual ( ) Outro ( )

13. Você utiliza o fluxo de caixa projetado como ferramenta do planejamento financeiro?

( ) Sim Não ( )

14. Com a utilização do fluxo de caixa você consegue obter um controle financeiro eficiente?

( ) Sim ( ) Não

Page 34: Adm Maiara Gomes Fluxo de Caixa Como Ferramenta de Gestao Aplicavel as Micro e Pequenas Empresas de Luziania Go

33

• Se não,

15. Por qual motivo você não utiliza o fluxo de caixa?

Complicado ( ) Tempo ( ) Sem importância ( ) Falta de conhecimento ( )

16. Atualmente qual o ferramenta você utiliza na gestão financeira?

Orçamento ( ) DRE ( ) Balanço Patrimonial ( ) Outro ( )