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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Minas Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral PPGEM ADIÇÃO DE RESÍDUOS DO SETOR MÍNERO-METALÚRGICO NA FABRICAÇÃO DE TIJOLOS SOLO-CAL Autor: Welington Luiz Ferreira Orientadoras: Profª. Drª. Érica Linhares Reis Profª. Drª. Rosa Malena Fernandes Lima Ouro Preto dezembro de 2013

ADIÇÃO DE RESÍDUOS DO SETOR MÍNERO-METALÚRGICO …‡ÃO... · Tabela 6.8: Teor dos elementos analisados na lixívia (conforme ABNT NBR 10005/94) e concentração – limite

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO

Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Minas

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral – PPGEM

ADIÇÃO DE RESÍDUOS DO SETOR MÍNERO-METALÚRGICO

NA FABRICAÇÃO DE TIJOLOS SOLO-CAL

Autor: Welington Luiz Ferreira

Orientadoras: Profª. Drª. Érica Linhares Reis

Profª. Drª. Rosa Malena Fernandes Lima

Ouro Preto – dezembro de 2013

i

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO

Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Minas

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral – PPGEM

ADIÇÃO DE RESÍDUOS DO SETOR MÍNERO-METALÚRGICO

NA FABRICAÇÃO DE TIJOLOS SOLO-CAL

Autor: WELINGTON LUIZ FERREIRA

Orientadoras: Prof.ª Dr.ª ÉRICA LINHARES REIS

Prof.ª Dr.ª ROSA MALENA FERNDANDES LIMA

Área de concentração:

Tratamento de Minérios

Ouro Preto/MG

Dezembro de 2013.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação do Departamento de Engenharia de

Minas da Escola de Minas da Universidade

Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos

requisitos para obtenção do título de Mestre em

Engenharia Mineral.

ii

Catalogação: [email protected]

F383a Ferreira, Welington Luiz.

Adição de resíduos do setor mínero-metalúrgico na fabricação de tijolos

solo-cal [manuscrito] / Welington Luiz Ferreira – 2013.

67f.: il. color; grafs.; tabs.; mapas.

Orientadora: Profª Drª Érica Linhares Reis e Rosa Malena Fernandes Lima.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de

Minas. Departamento de Engenharia de Minas. Programa de Pós-Graduação

em Engenharia Mineral.

Área de concentração: Tratamento de Minérios.

1. Escória - Teses. 2. Reaproveitamento (Sobras, refugos, etc.) - Teses. 3.

Tijolos - Teses. I. Reis, Érica Linhares. II. Lima, Rosa Malena Fernandes. III.

Universidade Federal de Ouro Preto. IV. Título.

CDU: 622:62-665.9

CDU: 669.162.16

iii

iv

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela força e coragem para superar os obstáculos da vida.

As orientadoras, Profª. Drª. Érica Linhares Reis e Profª. Drª. Rosa Malena Fernandes

Lima, pela confiança, dedicação, ensinamento, amizade, orientação e compreensão em

todos os momentos solicitados.

Aos professores Dr. José Aurélio Medeiros da Luz e Dr. Carlos Alberto Pereira pela

amizade, incentivo e ensinamentos transmitidos.

Ao professor Dr. Ricardo André Fiorotti Peixoto pela colaboração na execução dos

trabalhos práticos.

A todos do Laboratório de Tratamento de Minérios DEMIN/UFOP, Laboratório de

Propriedades Interfaciais DEMIN/UFOP, Laboratório de Difratometria de Raios X

DEGEO/UFOP, Laboratório de Geoquímica Ambiental DEGEO/UFOP, Laboratório de

Mecânica EM/UFOP e Laboratório de Geotecnia DEMIM/DEGEO por terem me

acolhido e auxiliado sempre que necessário.

A CAPES, pelo apoio financeiro viabilizando a realização desta pesquisa.

Aos meus pais José Antônio Carmo Ferreira e Maria das Graças Ferreira, pela

educação, incentivo e confiança me passada.

Aos meus irmãos João Paulo Ferreira e Cintia Aparecida Ferreira pela compreensão e

apoio.

A Marina de Oliveira Paro pelo incentivo, colaboração, companheirismo, por estar ao

meu lado nos momentos difíceis, me alegrar nas tristezas e por fazer parte diretamente

desta conquista.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para que mais essa etapa fosse

concluída.

v

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

2 – RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA ......................................................................... 2

3 – OBJETIVO ................................................................................................................. 3

3.1 - Objetivo Geral ...................................................................................................... 3

3.2 - Objetivos Específicos ........................................................................................... 3

4 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 4

4.1 – Mistura Solo-Cal .................................................................................................. 4

4.2 – Atividade Pozolânica ......................................................................................... 10

4.3 – Finos da Fabricação de Artesanatos de Pedra-Sabão ......................................... 12

4.4 – Escória da Fabricação de Ferro-Ligas de Manganês ......................................... 15

5 – MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 22

5.1 – Amostragem ....................................................................................................... 22

5.1.1 – Solo.............................................................................................................. 22

5.1.2 – Escória de ferro-ligas de manganês ............................................................. 23

5.1.3 – Finos de pedra sabão ................................................................................... 24

5.1.4 – Cal ............................................................................................................... 24

5.2 – Caracterização das Amostras ............................................................................. 25

5.2.1 – Análise química ........................................................................................... 25

5.2.2 – Determinação de densidade ......................................................................... 26

5.2.3 – Determinação de área superficial ................................................................ 27

5.2.4 – Análise granulométrica ............................................................................... 27

5.2.6 – Perda por calcinação (PPC) ......................................................................... 28

5.2.6 – Limites de Atterberg.................................................................................... 28

5.2.7 – Difração de raios-X (DRX) ......................................................................... 29

5.3 – Confecção dos Corpos-de-Prova ....................................................................... 29

5.4 – Cura dos Corpos-de-Prova ................................................................................. 33

5.5 – Ensaios para Avaliação dos Corpos-de-Prova Solo-Cal e Solo-Cal-Resíduo ... 34

5.5.1 – Ensaio de resistência à compressão ............................................................. 34

5.5.2 – Ensaio de absorção de água ......................................................................... 35

5.5.3 – Ensaio de classificação de resíduos ............................................................. 36

6 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 38

vi

6.1 – Caracterização das Amostras de Solo, Cal, Escória de Ferro-Ligas de Manganês

e Finos de Pedra-Sabão ............................................................................................... 38

6.1.1 – Determinação da densidade, da superfície específica, da porosidade e da

umidade ................................................................................................................... 38

6.1.2 – Distribuição granulométrica ........................................................................ 39

6.1.3 – Perda por calcinação.................................................................................... 40

6.1.4 – Limites de Atterberg.................................................................................... 43

6.1.5 – Atividade Pozolânica .................................................................................. 44

6.2. – Resistência à compressão simples .................................................................... 51

6.2.3 – Ensaio de absorção de água ......................................................................... 54

6.2.4 – Ensaio de classificação de resíduos dos corpos de-prova solo-cal-resíduo 55

7 – CONCLUSÕES ........................................................................................................ 59

8 – REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 61

vii

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1: Composição média dos tipos de cal comercializados no Brasil .................... 6

Tabela 4.2: Classificação dos materiais pozolânicos quanto à sua origem .................... 11

Tabela 4.3: Classificação de materiais pozolâmicos quanto à com posição química ..... 12

Tabela 4.4: Classificação de materiais pozolâmicos quanto às propriedades físicas ..... 12

Tabela 5.1: Composição química da amostra de finos de pedra-sabão ........................ 244

Tabela 5.2: Traço dos corpos-de-prova de solo-cal ...................................................... 311

Tabela 5.3: Traço dos corpos-de-prova de solo-cal-escória de ferro-ligas de manganês e

de solo-cal-finos de pedra-sabão .................................................................................. 322

Tabela 6.1: Superfície, densidades, porosidade e umidade das amostras de solo, cal e

escória de ferro-liga de manganês ................................................................................ 388

Tabela 6.2: Perda por calcinação das amostras de solo, cal, escória de ferro-liga de

manganês e finos de pedra sabão .................................................................................. 433

Tabela 6.3: Índices de Atterberg do solo ...................................................................... 433

Tabela 6.4 : Exigências químicas para classificação de materiais pozolânicos ........... 444

Tabela 6.5: Composição química das amostras de solo, cal (CALFIX) e escória de ferro-

ligas de manganês ......................................................................................................... 466

Tabela 6.6: Resistência à compressão simples dos corpos-de-prova solo-cal e solo-cal-

resíduo no período de 28 e 60 dias de cura................................................................... 522

Tabela 6.7 Absorção de água pelos corpos-de-prova solo-cal e solo-cal-resíduos nos

períodos de 28 e 60 dias ............................................................................................... 544

Tabela 6.8: Teor dos elementos analisados na lixívia (conforme ABNT NBR 10005/94)

e concentração – limite máximo no extrato obtido no ensaio de lixiviação de acordo

com ABNT NBR 10004:2004 para classificação de resíduos sólidos ......................... 566

Tabela 6.9: Teor dos elementos no solubilizado (conforme ABNT NBR 10006/94) e

concentração – limite máximo no extrato obtido no ensaio de solubilização de acordo

com ABNT NBR 10004:2004 para classificação de resíduos sólidos ......................... 577

viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1: Estrutura cristalográfica do talco ................................................................. 13

Figura 5.1: Fluxograma da metodologia do trabalho ..................................................... 22

Figura 5.2: Localização geográfica do local de coleta das amostras em Cachoeira do

Campo ............................................................................................................................. 23

Figura 5.3 Fotos da escória de ferro-ligas de manganês após britagem ......................... 23

Figura 5.4: Fotos dos resíduos finos de pedra-sabão ...................................................... 24

Figura 5.5: Fotos da cal .................................................................................................. 25

Figura 5.6: Confecção dos corpos-de-prova ................................................................... 30

Figura 5.7: Curva de compactação dos traços solo-cal e solo-cal-resíduo ..................... 31

Figura 5.8: Fluxograma da confecção dos corpos-de-prova solo-cal e solo-cal-resíduo 33

Figura 5.9: Rompimento de corpo-de-prova na máquina de ensaio de compressão TIME

GROUP ........................................................................................................................... 34

Figura 5.10: Capeamento do corpo-de-prova ................................................................. 35

Figura 5.11: Recipiente com água utilizada para o ensaio de absorção ......................... 36

Figura 6.1 – Distribuição granulométrica da amostra de solo ........................................ 39

Figura 6.2 – Distribuição granulométrica da amostra escória de ferro-ligas de Mn ...... 39

Figura 6.3 – Distribuição granulométrica da amostra de pedra-sabão ........................... 40

Figura 6.4 – Distribuição granulométrica da fração abaixo de 38 μm da amostra de solo

........................................................................................................................................ 41

Figura 6.5 – Distribuição granulométrica da fração abaixo de 38 μm da amostra de

escória de ferro-ligas de Mn ........................................................................................... 41

Figura 6.6 – Distribuição granulométrica da fração abaixo de 38 μm da amostra de finos

de pedra sabão ................................................................................................................ 42

Figura 6.7 – Difratograma de raios X do solo ................................................................ 48

Figura 6.8 – Difratograma de raios X da cal .................................................................. 49

Figura 6.9 – Difratograma de raios X da escória de ferro-ligas de manganês ............... 50

Figura 6.10 – Difratograma de raios X da pedra sabão .................................................. 51

ix

Figura 6.11: Resistências à compressão simples dos corpos-de-prova solo-cal e solo-cal-

resíduos após os períodos de cura de 28 e 60 dias.......................................................... 53

x

RESUMO

No Brasil existem vários problemas ambientais em relação a grande geração de resíduos

pela indústria minero-metalúrgica. Como exemplo podem ser citados os processos de

extração e beneficiamento de rochas ornamentais, escória geradas na siderurgia. Logo, o

desenvolvimento de novas técnicas de reciclagem e reutilização de resíduos do setor,

seria de grande utilidade para minimização dos impactos gerados por essas atividades.

O presente trabalho pesquisou a incorporação de escória da fabricação de ferro-ligas de

manganês e de finos da produção de artesanatos de pedra-sabão (esteatito) em tijolos

solo-cal, substituindo parte do aglomerante, uma vez que os resíduos utilizados possuem

características pozolânicas. Em uma primeira fase, os resíduos utilizados foram

submetidos a uma caracterização física-mineralógica por meio dos seguintes ensaios:

granulometria por peneiramento a úmido, difração de raios X, análise química, perda

por calcinação, limite de Atterberg, densidade e determinação da área superficial.

Posteriormente, foram confeccionados corpos de prova, utilizando traço 1:10 em

proporção de 25, 50 e 75% em substituição a cal, para os períodos de cura de 28 e 60

dias. Finalmente, foi efetuada avaliação dos corpos de prova de solo-cal-resíduo

corresponde aos ensaios de resistência à compressão simples com 28 e 60 dias de cura,

ensaio de absorção d’água com 28 e 60 dias de cura e ensaio para classificação de

resíduos sólidos para os corpos-de-prova solo-cal-resíduos que apresentaram melhores

resultados nos ensaios anteriores. Os resultados obtidos mostraram que os corpos de

prova solo-cal com 25% de incorporação de finos de pedra sabão com tempo de cura de

28 e 60 dias e o corpo de prova com 25% de incorporação de escória de ferro-ligas de

manganês com tempo de cura de 60 dias apresentaram valores (2,10 MPa, 2,20 MPa e

2,10 MPa, respectivamente) acima da norma (≥ 2,0 MPa), tornando-os viáveis para a

sua utilização como tijolos solo-cal. Tais corpos-de-prova que apresentaram resultados

favoráveis foram classificados, de acordo com a norma de classificação de resíduos,

como: Resíduos Classe II A – Não inertes.

Palavras chaves: tijolo solo-cal, escória de ferro-ligas de manganês, finos de pedra-

sabão.

xi

ABSTRACT

There are, in Brazil, many environmental problems related to the big amount of waste

generated by mining and metallurgical industry. As an example may be cited the

processes of extraction and processing of ornamental stone, slag generated in the steel

industry. Therefore, the development of new techniques of recycling and reusing of this

sector´s waste, would be of great use in order to minimize the impacts generated by

these activities. This study investigated the incorporation of slag from the manufacture

of iron-manganese alloy and the powder from the production of Crafts soapstone

(steatite), in clay-lime brick, replacing part of the binder since the waste materials have

pozzolanic characteristics. In a first phase, the wastes were subjected to a physical-

mineralogical characterization by the following tests: particle size by wet sieving, X-ray

diffraction, chemical analysis, loss on ignition, Atterberg limits, density and superficial

area determination .Subsequently, specimens were fabricated using trace ratio of 1:10 in

a proportion of 25, 50 and 75%, in substitution of lime, to the curing periods of 28 and

60 days. Finally, was made an assessment of the clay-lime-residue specimens

correspondent to tests of simple compressive strength at 28 and 60 days of curing, water

absorption test with 28 and 60 days of curing and testing for waste classification of solid

wastes for the specimens of clay-lime-waste that showed better results in previous trials.

The results showed that the clay-lime samples with 25% incorporation of fine soapstone

with curing time of 28 and 60 days and the specimen with 25% incorporation of slag

iron-manganese alloys with time curing 60 days showed values (2.10 MPa, 2.20 MPa

and 2.10 MPa, respectively) above the norm (≥ 2.0 MPa), making it viable for use as

clay-lime bricks. Those samples that showed favorable results were classified,

according to the classification of waste norm, as Waste Class II A- non inerts.

Key words: clay-lime brick, slag iron-manganese alloys, fine soapstone.

1

1 – INTRODUÇÃO

O aproveitamento dos resíduos através de estudos capazes de detectar suas

potencialidades e viabilizar sua seleção preliminar é encarado hoje como atividade

complementar, que pode contribuir para diversificação dos produtos, além de resultar

em novas matérias-primas para uma série de setores industriais (Menezes et al. 2002). A

construção civil apresenta-se como um setor bastante apto a utilização de técnicas de

aproveitamento de resíduos. Além de benefícios ambientais, o reaproveitamento de

resíduos na construção civil pode gerar recursos financeiros, melhorar características de

alguns materiais e pode diminuir o custo da construção, fator importante, quando se

avalia o déficit habitacional existente no Brasil (Nascimento, 2007).

Processos de beneficiamento de rochas ornamentais geram grandes quantidades de

resíduos finos como é o caso do quartzito de São Tomé das Letras e de Ouro Preto –

MG. Na região de Ouro Preto encontram-se grandes depósitos de esteatito (pedra

sabão), cujo talco é o principal constituinte mineralógico (proporção maior que 35%)

(Pinheiro, 1973). Nessa região existem várias oficinas de artesanatos de pedra sabão,

que utilizam as rochas de pior qualidade.

A escória é o subproduto de maior volume gerado nas usinas siderúrgicas. Parte desse

subproduto retorna ao processo siderúrgico, mas grande fração ainda é armazenada. A

escória vem apresentando potencial de aplicação como matéria prima na construção

civil.

O tijolo solo-cal é um material de construção composto de solo, cal e água. Possui

diversas vantagens como a simplicidade de produção, que pode ser feita utilizando-se

equipamentos de baixo custo, não necessita mão-de-obra especializada e por apresentar

resistência à compressão, semelhante a do tijolo convencional. Além disso, esse tipo de

tijolo não passa pelo processo de cozimento dos tijolos convencionais, o que também

evitam impactos ambientais causados por esse processo de fabricação (Figueiredo,

2011).

Este trabalho teve como objetivo incorporar escória de ferro-ligas de manganês e finos

de pedra sabão em tijolos solo-cal e analisar suas características pozolânicas, ou seja,

propriedades cimentante.

2

2 – RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA

Os resíduos do setor mínero-metalúrgico representam porcentagens não desprezíveis

das rejeições de processos produtivos industriais.

A redução no volume de resíduos produzidos nas indústrias do Brasil e no mundo vem

se tornando uma exigência constante em todos os processos de produção. Fatores como

a falta de espaço físico para a disposição destes resíduos, a contaminação ambiental

causada por eles, além da necessidade de preservação dos recursos naturais não

renováveis, tornam a reciclagem e a reutilização de resíduos uma alternativa bastante

atraente.

Na região de Bandeiras localizada em Santa Rita de Ouro Preto, distrito do município

de Ouro Preto-MG, são geradas cerca de 28.000 t/ano de resíduos da pedra-sabão,

enquanto que, na Usina Rancharia/VALE, no ano de 2010 foram geradas cerca de

99.200 t/ano de escórias de ferro-ligas de manganês.

Desta forma fazem-se necessários estudos de utilização de resíduos como a escória da

fabricação de ferro-ligas de manganês e finos da fabricação de artesanatos de pedra-

sabão. Este trabalho propõe a utilização desses resíduos na fabricação de tijolos solo-

cal. A alternativa proposta parece ser uma forma prática e de baixo custo para utilização

desses tipos de resíduos que apresentam baixo valor agregado.

3

3 – OBJETIVO

3.1 - Objetivo Geral

Utilizar a escória gerada no processo de produção de ferro-ligas de manganês e resíduos

(finos) de pedra sabão, oriundos da fabricação de artesanatos em pedra sabão como

material pozolânico para confecção de tijolos solo-cal.

3.2 - Objetivos Específicos

Caracterizar a escória gerada no processo de fabricação de ferro-ligas de

manganês da Usina Rancharia/VALE.

Caracterizar o solo proveniente do Morro do Caxambu localizada em Cachoeira

do Campo – MG.

Avaliar a eficiência da escória de ferro-ligas de manganês e de finos da pedra

sabão na fabricação de tijolos solo-cal.

4

4 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 – Mistura Solo-Cal

Segundo Nogami e Villibor (1995), solo é um material natural e não consolidado, ou

seja, constituído de grãos separáveis por processos mecânicos e hidráulicos

relativamente suaves e que pode ser escavado com equipamentos comuns de

terraplenagem.

Guimarães (2002) conceitua solo como um corpo natural, tridimensional, formado de

horizontes (camadas paralelas à superfície) e constituído de elementos minerais e/ou

orgânico, em geral, com água e/ou ar preenchendo seus poros. Situa-se normalmente

entre a camada superficial da crosta, onde floresce a vegetação, e a camada de alteração

que recobre as rochas.

Guimarães (2002) afirma que à maioria dos terrenos originados de rochas calcárias,

falta a camada de alteração, e o “solo” encontam-se diretamente sobre a rocha fresca.

Assim, todo o “solo” argiloso utilizado em mistura solo/cal deve proceder dessa camada

de alteração. Solos pobres em minerais, finos, argilosos em condições normais não

reagem com a cal.

A cal é um aglomerante que resulta da calcinação de rochas carbonatadas constituídas

por carbonato de cálcio e/ou carbonato de cálcio-magnésio. Esse aglomerante tem sido

utilizada pela humanidade desde as mais antigas civilizações, tendo participado nas

grandes obras que marcaram os períodos históricos, principalmente como ligante dos

materiais de construção de suntuosos monumentos. Os romanos, os egípcios e os

chineses a usaram nas mais variadas aplicações (Andrade, 1991).

Guimarães (2002) afirma que o resultado da calcinação dos calcários e de cálcio-

magnésio são os óxidos de cálcio (CaO) e cálcio-magnésio (CaO – MgO), denominados

genericamente de cal virgem ou cal viva.

A cal hidratada, originada devido à hidratação da cal viva, é encontrada na forma de pó

seco (Lovato, 2004). As reações da cal virgem e da cal hidratada são apresentadas nas

equações 4.1 e 4.2.

5

CaCO3(s) + calor ↔ CaO(s) + CO2(g) 1.207,0 kJ/mol (4.1)

CaO(s) + H2O(l) → Ca(OH)2(aq) + calor 986 kJ/mol (4.2)

Lovato (2004) afirma que a cal cálcica é o produto obtido pela reação de hidratação,

mostrada acima, na equação 4.2. A partir da calcinação do calcário dolomítico, obtém-

se a cal dolomítica, que é uma mistura de óxido de cálcio e óxido de magnésio (CaO +

MgO). Obtendo os seguintes tipos de cal:

CaO → cal cálcica virgem

CaO . MgO → cal dolomítica virgem

Ca(OH)2 → cal cálcica hidratada

Ca(OH)2 . MgO → cal dolomítica mono-hidratada

Ca(OH)2 . MgO(OH)2 → cal dolomítica bi-hidratada

Na tabela 4.1 são apresentadas as composições químicas dos tipos de cal

comercializadas no mercado brasileiro (Guimarães, 2002).

De acordo com Guimarães (2002), tentativas para confecção de elementos construtivos

a partir de misturas compostas de areias, solo e cal não são recentes. Vários

pesquisadores do mundo tem se dedicado aos estudos e experimentações sobre a

tecnologia de cerâmicas de solo-cal aplicada nas argamassas e nas bases e sub-bases de

pavimentos rodoviários.

6

Tabela 4.1: Composição média dos tipos de cal comercializados no Brasil

TIPO DE CAL

CaO (%)

MgO (%)

Insolúvel no HCl

(%)

Fe2O3 + Al2O3

(%)

Perda ao fogo

(%)

CO2 (%)

SO3 (%)

CaO +

MgO

Base de

Não-Volátil

MgO

Não

Hidratado

CAL VIRGEM CÁLCICA

90 -98

0,1 - 0,8

0,5 -3,5

0,2-1,0

0,5 - 5,0

0,2- 3,8

0,1 - 0,6

96,0 -98,5

-

CAL HIDRATADA

CÁLCICA

70 -74

0,1 - 0,4

0,5 -2,5

0,2- 0,8

23- 27

1,5 -3,5

0,1 -0,0

96,0- 98,5

0,5 -1,8

CAL HIDRATADA

DOLOMÍTICA

OU MAGNESIANA

39- 61

15- 30

0,5 -18,2

0,2 -1,5

19- 27

3,0 -6,0

0,02-0,2

76 - 99

5- 25

CAL VIRGEM

DOLOMÍTICA

OU MAGNESIANA

51- 61

30 -37

0,5- 4,5

0,2 -1,0

0,5- 4,8

0,5- 4,5

0,05- 0, 1

76 - 99

-

Fonte: Guimarães (2002)

Conforme Milani (2005), a estabilização do solo consiste em modificar as

características do sistema solo-água-ar com a finalidade de se obter propriedades

necessárias a uma aplicação particular. Pode-se citar a cal como agente estabilizador,

como, também, o cimento, os aditivos químicos e as fibras vegetais. Na cal, as

partículas finas que ocupam vazios entre as partículas grossas funcionam como agentes

estabilizadores.

Para Ferreira e Freire (2005), o tipo de aditivo químico, a distribuição do solo e as

condições de cura são fatores que influenciam na estabilização. A avaliação do grau de

estabilização em presença ou não de aditivos, é feita por meio de testes físico-mecânicos

relacionados à resistência a compressão simples e durabilidade de tijolos de terra cua.

Quanto mais fina a granulometria do solo, maior é a área específica, significando que a

área a ser envolvida pelo aglomerante (cal) é maior. Solos de granulometria não

uniformes são bem aceitos, devido ao fato de requererem menor teor de estabilizantes,

pois os espaços existentes entre os grãos maiores são preenchidos por partículas

menores do próprio solo. Logo, os produtos formados das reações de solo-aditivo, ao

invés de preencher os vazios, agem de forma integral na ligação entre os grãos.

7

A estabilização do solo com a cal ocorre em devido a hidratação da mesma, alterando o

pH do solo e provocando a floculação das argilas em virtude de troca iônica. Em

imediato, o material sofre redução da expansão e da retração e melhora sua plasticidade.

Com o tempo, o ataque da argila, pela cal, produz reações pozolânicas (reação do silício

e alumínio com a cal) e fenômenos de carbonatação. Obtendo, dessa forma, melhores

características geo-mecânicas ao agregado (Guimarães, 1995).

Ferreira et al. (2005) adicionaram cal e silicato de sódio em um solo argiloso com

objetivo de melhorar suas características mecânicas e o seu comportamento sob ação da

água. Os teores de cal foram de 0%, 6% e 10%. A dosagem de silicato de sódio foi de

4%. Foram moldados corpos-de-prova cilíndricos, sendo os mesmos, curados em

câmera úmida por 7, 28 e 56 dias e após cada período de cura os corpos-de-prova foram

submetidos a ensaio de compressão simples. O ensaio de absorção de água foi realizado

após sete dias de cura. Foram obtidos resultados de resistência mecânica, atingindo o

mínimo de resistência de compressão simples (2,35 MPa) exigido pela norma de solo-

cimento (NBR 8491) somente com 56 dias de cura, tratados com de 10 % de cal

associada à dosagem de 4% de silicato de sódio. Em termos de capacidade de absorção

total de água, nenhuma amostra atingiu os valores recomendado pela norma solo-

cimento (NBR 8491) que estabelece, como máximo, o valor médio de 20% e nenhum

valor superior a 22 %.

Guimarães (1985) menciona que em pesquisas realizadas, na Dinamarca, efetuadas na

década de setenta com misturas da cal hidratada com solos lateríticos africanos,

moldados em prensas hidráulicas, sob pressões da ordem de 30 MPa, e curadas em

ambiente úmido, foram obtidos resultados em valores de resistências à compressão de

15 a 40 MPa, densidade de 1,9 a 2,1 g/cm3, absorção de água de 2,5 a 7,5 g/(dm

2 .

minuto) e resistência a tração de 0,02 a 0,06%, considerados favoráveis valores

superiores àquelas do tijolo comum ou de olaria e custos inferiores em relação ao tijolo

de argila.

Figueiredo (2011) estudou a incorporação de resíduo de demolição da construção civil

em tijolos solo-cal na substituição de parte do aglomerante. No estudo, os corpos-de-

prova foram confeccionados com traço de 1:10 em proporção cal:solo e incorporado

com resíduo em substituição parcial da cal, nas proporções 25 %, 50 % e 75 %, para

períodos de cura de 28, 60 e 90 dias. O pesquisador observou que a incorporação do

8

resíduo aos tijolos solo-cal em teores superiores a 50% reduz sua durabilidade. Somente

os corpos-de-prova solo-cal incorporados com 25% de resíduos de demolição

apresentaram valores inéditos de resistência à compressão simples (RCS) da ordem de

5,5 MPa, valores superiores aos da referência solo-cal que apresentou resultado médio

de 4,5 MPa.

Milani (2005) efetuou estudo comparativo de misturas solo-cal e solo-cimento, com um

solo argiloso e outro arenoso com adição de casca de arroz. Os tijolos solo-aglomerante-

casca de arroz foram submetidos aos ensaios de resistência à compressão simples (RCS)

aos 7, 28 e 60 dias, de absorção d’água e de ultrassom, visando detectar possíveis

defeitos na estrutura física dos corpos-de-prova. Os resultados usando o solo arenoso 12

% de combinações de cimento-casca de arroz apresentaram-se promissores como

material para construções, pois o valor mínimo de RCS de 1,5 MPa foi obtido e

absorção d’água de 13,81%. Segundo a pesquisadora, os resultados de velocidade da

onda ultrassônica foram mascarados devido à modificações ocorridas nas condições

físicas do material, favorecidas pela presença da casca de arroz e pela a ocorrência de

variações de umidade, sendo assim, não foi encontrada nenhuma correlação positiva

entre a velocidade de propagação da onda ultrassônica e a resistência à compressão

simples.

Silva e Akasaki (2004) utilizaram combinações da mistura de solo-cal com casca de

arroz, pó de serragem e bagaço de cana, com objetivo de se conhecer os teores

máximos, desses resíduos a serem adicionados sem comprometer a qualidade mecânica

dos tijolos. A utilização desses recursos se deve a técnicas construtivas com pouco

investimento financeiro, juntamente com o aproveitamento de materiais residuais

sólidos resultantes das agroindústrias e madeireiras. A casca de arroz, o pó de serragem

e o bagaço de cana-de-açúcar passaram por um tratamento de lavagem em água quente

durante 30 minutos para minimizar o efeito de decomposição das fibras em meio à cal.

Nesse estudo, utilizou-se teor de 10% de cal nas composições das misturas de solo-cal-

bagaço de cana de açúcar, solo-cal-pó de serragem e solo-cal-casca de arroz. Foram,

posteriormente, realizados ensaios de compactação, resistência à compressão simples

(RCS) e absorção d’água. Os resultados encontrados mostraram que as adições dos

resíduos nos tijolos solo-cal afetaram negativamente suas propriedades mecânicas,

apresentando baixos valores de resistência e altos valores de absorção d’água. O teor de

5 % de casca de arroz na composição solo-cal, apesar de não apresentar nenhum

9

benefício, destacou-se como o tijolo solo-cal-resíduo que apresentou a menor perda de

resistência, (atingindo o valor de 1,5 MPa para RCS) e provável estabilização ao longo

de 90 dias.

Os tijolos solo-cal dentre outras vantagens, possibilitam a redução do uso de argamassa

de assentamento e revestimentos devido à qualidade e ao aspecto final das peças, que

são notadamente superiores. Este tipo de tijolo apresenta maior regularidade

dimensional e planicidade de suas faces quando comparado aos tijolos convencionais e,

por essa razão, podem ser utilizados em alvenaria aparente, necessitando apenas de uma

cobertura impermeabilizante como acabamento. Outra vantagem apresentada, e o fato

de que os tijolos de argila queimada, quando quebram não podem ser reaproveitados,

pois, isso ocorre, segundo Marino e Boschi (1998) isso ocorre devido ao rearranjo das

fases presentes na microestrutura, às reações ocorridas nos produtos cerâmicos durante a

queima modificam as estruturas cristalinas naturais formando novas estruturas

cristalinas, sendo elas responsáveis pelo desempenho mecânico. Ao passo que os tijolos

solo-cal (ecológicos) podem ser moídos e prensados novamente, evitando desperdício

(Ferraz, 2004).

Muntohar (2011) em estudos comparativos entre tijolos crus à base de argila, utilizando

argila/cal/cinza de casca de arroz (tipo 1) e argila/areia (tipo 2) observou que as

resistências à tração na flexão com 28 dias de cura à temperatura ambiente foi de 15,5 e

16,1 MPa, respectivamente para os tijolos de tipo 1 e 2. Para os ensaios de resistência à

tração na flexão após a submersão em água os resultados encontrados para tijolo tipo 1

foi de 20,7 MPa e para tijolo 2 foi de 18,6 MPa. Esses resultados mostraram-se

promissores para a utilização de cal e cinza de casca de arroz para a confecção de tijolo

cru à base de argila com submersão em água e cura a temperatura ambiente.

Pimraksa e Chindaprasirt (2009) utilizaram terra diatomácea, cal hidratada e gesso para

a fabricação de tijolos leves. Os resultados obtidos mostraram que a terra diatomácea,

possui propriedades pozolânicas. O melhor resultado foi obtido, utilizando a proporção

80:15:5 de terra diatomácea:cal: gesso, respectivamente. Após calcinação dos tijolos a

temperatura de 500°C por um período de 4 horas, os mesmos apresentaram resistência

de 17,5 MPa, densidade de 0,73cm3, absorção d’água de 46% e condutividade térmica

de 0,130W/mK. Para os tijolos que não passaram por calcinação foram obtidos valores

10

de 14,5 Mpa, densidade de 0,88cm3, 66% de absorção d’água e condutividade térmica

de 0,165W/mK.

Figueiredo (2011) relata que no Brasil as pesquisas começam a ser desenvolvidas dando

ênfase à utilização da cal como alternativa no tijolo solo-cal. Essas pesquisas são de

fundamental importância devido ao desenvolvimento de produtos ecológicos. Podendo

proporcionar um avanço na construção de habitações de interesse social. Que aliado ao

déficit habitacional existente, a facilidade em se encontrar solos propícios para a

confecção de tijolos solo-cal no Brasil, torna o emprego desse material de construção

bastante promissor.

4.2 – Atividade Pozolânica

Segundo Castro (2008) o termo pozolana é derivado do nome da vila italiana Pozzuoli,

que se encontra nas proximidades do Monte Vesúvio. Durante o Império Romano,

cinzas vulcânicas dessa área eram misturadas com água e cal para confeccionar

argamassa cimentante.

De acordo com a Associação Brasileira de Norma Técnica (ABNT), a Norma Brasileira

Regulamentadora (NBR) 12653/92 conceitua pozolana como sendo um material silicoso

ou sílico-aluminoso que, por si só, não possui poder aglomerante hidráulico, mas que,

em forma finamente dividida e na presença de umidade, reage quimicamente com

hidróxidos, em temperatura ambiente, para formar compostos que possuem poder

aglomerante.

Figueiredo (2011) define pozolanas como um material a base de silício e de alumínio

que reagem com a cal e forma sólidos não porosos, quando misturados com água em

proporções corretas. Essas reações são chamadas de reações pozolânicas, as quais

ocorrem quando a cal e materiais pozolânicos se combinam para formar a ligação

permanente, covalente, que define uma estrutura sólida.

Castro (2008) ressalta que as pozolanas, frequentemente, são mais baratas do que o

cimento Portland e possuem características de hidratação lenta, baixa taxa de

desenvolvimento de calor, características importantes na construção em massa. Desta

11

forma, o cimento Portland-pozolana ou uma substituição parcial do cimento Portland

pela pozolana é bastante utilizado.

Os materiais pozolânicos podem ser classificados em dois grupos: naturais e artificiais.

Na tabela 4.2 é apresentada a classificação dos materiais pozolânicos.

A norma NBR 12653/92 classifica os materiais pozolânicos, quanto a suas

características, em classes N, C e E. A classe N é composta por pozolanas naturais e

artificiais como certos materiais vulcânicos de caráter petrógrafico ácido, “cherts”,

terras diatomáceas e argilas calcinadas. A classe C constitui-se de cinza volante

produzida pela queima de carvão mineral em usinas termoelétricas. E a classe E é

composta por qualquer pozolana cujos requisitos diferem das classes anteriores.

Tabela 4.2: Classificação dos materiais pozolânicos quanto à sua origem.

Pozolana Natural Pozolona Artificial

Rochas vulcânicas ácidas: rochas contendo

minerais de opala, que em geral, são

encontradas em forma de xistos, contendo

outras formas de sílica que não a amorfa,

necessitando de uma calcinação para sua

ativação completa.

Escórias ácidas de alto forno.

Tufos vulcânicos: são talvez as primeiras

pozolanas de que se tem notícia, usadas na

antiguidade pelos romanos e que são ainda

hoje explotadas.

Cinzas volantes: são resíduos finamente

divididos provenientes da combustão de

carvão pulverizado e granulado.

Terras diatomáceas: são as pozolanas mais

ativas na reação com a cal. O diatomito é

formado por sedimentação de carapaças de

microorganismos. São rochas de origem

biogênica com alto teor de sílica amorfa.

Resíduos argilosos de folhelhos

betuminosos após extração.

Arenitos e folhelhos opalinos. Microssílica: Resíduo do processo de

produção de ferro-silício (sílicio

metálico).

Argilitos de argilas mal cristalizadas. Argilas calcinadas (metacaulinita):

Afinidade e intensidade de reação em

presença da água, do hidróxido de cálcio

com o tipo de componente ativo presente

no compósito mineralógico,

independentemente da origem da rocha.

Fonte: Montanheiro et al. (2002)

12

Conforme a norma NBR 12653/92 as classes de materiais pozolânicos devem estar em

conformidade com as exigências químicas e físicas de acordo com as tabelas 4.3 e 4.4.

Tabela 4.3: Classificação de materiais pozolâmicos quanto à composição química

Propriedades Classes de material pozolânico

N C E

SiO2 + Al2O3 + Fe2O3, % mín. 70 70 50

SO3, % máx. 4,0 5,0 5,0

Teor de umidade, % máx. 3,0 3,0 3,0

Perda ao fogo, % máx 10,0 6,0 6,0

Álcalis disponível em Na2O, % máx. 1,5 1,5 1,5

Fonte: NBR 12653/92.

Tabela 4.4: Classificação de materiais pozolâmicos quanto às propriedades físicas

Propriedades Classes de material pozolânico

N C E

Material retido na peneira 45 µm, %

máx. 34 34 34

Índice de atividade pozolânica:

- com cimento aos 28 dias, em

relação ao controle, % mín.

75 75 75

- com cal aos 7 dias, em MPa. 6,0 6,0 6,0

- água requerida, % máx. 115 110 110

Fonte: NBR 12653/92.

4.3 – Finos da Fabricação de Artesanatos de Pedra-Sabão

No Brasil denomina-se pedra-sabão duas rochas metamórficas distintas entre si,

quimicamente e mineralogicamente: o agalmatolito e o esteatito. O agalmatolito é uma

rocha constituída por cerca de 90% de silicato de alumínio hidratado – a pirofilita,

enquanto o esteatito é constituído essencialmente por talco (Mg3Si4O10(OH)2) (Bezerra,

2002).

13

O esteatito é uma rocha metamórfica compacta, plástica, de baixa dureza (dureza 1 na

Escala de Mohs) e fina granulação e facilmente riscada pela unha, encontrada nas

tonalidades de cinza, cinza-azulado, cinza-esverdeado e, quando iniciado seu processo

de intemperização, nas tonalidades creme ou creme-avermelhado. O mineral talco,

principal constituinte do esteatito, é um filossilicato de magnésio hidratado, de fórmula

3(MgO).4(SiO2).H2O. (Pinheiro, 1973). Quando puro, tem formação placoide ou

lamelar, podendo também ser fibroso ou granular (Torres, 2007).

As rochas que contém talco possuem também minerais acessórios, como dolomita,

magnesita, calcita tremolita, clorita, serpentinita, anfibólios, piroxênios,

hematitalimonita e pirita. Para melhor definição, deve ser considerado esteatito o tipo de

pedra sabão que contenha, no máximo, 1,5% de CaO, 1,5% de FeO + Fe2O3 e 4% de

Al2O3. Seu ponto de fusão é em torno de 1320 °C, oscilando com o teor de impureza

(Pinheiro, 1973).

O talco é um mineral silicatado que consiste de estruturas octaédricas de hidróxido de

magnésio situadas entre camadas tetraédricas de silício-oxigênio. Estas camadas são

mantidas unidas por forças de atração do tipo van der Walls. Como resultado, o talco é

um mineral anisotrópico e suas partículas exibem diferentes extremidades e planos

basais (Rodrigues, 2010). Na figura 4.1 é mostrada a estrutura do talco.

Figura 4.1: Estrutura cristalográfica do talco (www.imerystalc.com)

14

Para Pinheiro (1973), a palavra talco provém do termo “talk” da língua árabe. Além de

designar um mineral do grupo dos silicatos, ela denomina um conjunto de materiais e

rochas, que têm propriedades semelhantes e destinações industriais comuns.

O talco possui vários usos industriais, sendo empregado principalmente na indústria

cerâmica, têxtil, farmacêutica e de inseticidas, cosméticos, sabões, tintas, borrachas,

papéis e refratários (Bezerra, 2002).

A utilização de pedra sabão (esteatito) em Ouro Preto ocorre desde o séc. XVIII quando

passou a ser empregada na ornamentação das igrejas barrocas, na canalização de água e

esgotos, pias e chafariz e também na produção artesanal de utensílios domésticos

(Bezerra, 2002). O processo de extração da rocha nas regiões de Ouro Preto e Mariana,

em sua grande maioria, se dão em pequenas pedreiras de maneira rudimentar,

utilizando-se pás e picaretas. Existem ocorrências de minerações que utilizam fios

diamantados para corte e teares de cabo de aço para a extração de blocos de esteatito,

destinados ao mercado externo (Proti, 2010).

A produção dos objetos em pedra sabão é efetuada em oficinas e em pequenos galpões

montados pelos próprios artesãos nos “quintais” de suas residências. Também é

considerável o número de oficinas fora de áreas das casas dos artesãos (Almeida, 2006).

Etapas como o torneamento e acabamento de peças artesanais em pedra sabão são

grandes geradoras de resíduos finos nestas oficinas.

Rodrigues (2010) efetuou estudos de purificação do talco presente em amostra de finos

da pedra sabão da região de Bandeiras em Santa Rita de Ouro Preto, utilizando técnicas

como a separação magnética de alta intensidade, mesa vibratória, flotação e alvejamento

químico. Dentre os métodos de purificação citados, o processo de flotação, utilizando

querosene (coletor), metassilicato de sódio (depressor) e MIBC (espumante) e posterior

alvejamento com HCL apresentaram os melhores resultados de alvura: 71,81 %

(flotação) e 86,05 % (flotação/lixiviação com HCl). Os produtos obtidos obtiveram

teores de impurezas adequados para tintas, papel (carga), plástico (carga e reforço) e

plástico antiaderente.

Pinto (2011) estudou o uso do esteatito como componente de espumas de poliuterano

flexível. A amostra de esteatito da Mina da Mostarda, Nova Lima, MG de composição

mineralógica: 65 % de talco, 29 % de clinocloro, 5 % de tremolita e actinolita e 1% de

15

óxidos de ferro e piroxênio. O esteatito foi aplicado em variadas formulações de

espumas flexíveis de poliuretano, substituindo parcialmente o reagente poliol, com

objetivo de baratear os custos e melhorar as propriedades mecânicas do polímero.

Verificou-se que compósitos esteatito/poliuretano flexível apresentaram um aumento no

fator de conforto e na resistência à compressão das espumas em relação às espumas

convencionais de poliuretano flexível, indicando um aumento do suporte de carga e

aumento do conforto dos compósitos. A composição química e o comportamento

térmico das espumas não foram significamente afetados pela adição de esteatito às

formulações convencionais de poliuretano flexível.

Mielcarek et al. (2004) estudaram o polimorfismo do esteatito em relação às

propriedades mecânicas e microestruturas de uma cerâmica esteatita com finalidade de

uso em materiais de tratamento dentário. A formação de cristais de acordo com a

temperatura de sinterização (1380°C) e sua transformação após resfriamento causa

deterioração das cerâmicas de esteatito e a perda das propriedades mecânicas tornando o

material não resistente, inviabilizando seu uso em materiais de tratamento dentário.

Torres (2007) realizou a caracterização física, química e mineralógica do esteatito

(pedra sabão) refugado nas indústrias e oficinas das regiões dos municípios de

Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Mariana e Ouro Preto com o objetivo de reutilizá-lo.

A análise granulométrica mostrou que o material é heterogêneo sendo classificado como

grosseiro (acima de 230#) inviabilizando o seu uso sem prévia cominuição na indústria.

Foram encontrados os elementos Fe, Ca, Cr e Al, originários de contaminações comuns

neste tipo de rocha.

4.4 – Escória da Fabricação de Ferro-Ligas de Manganês

O ferro-liga manganês é produzido através de processos de redução em fornos elétricos.

O líquido gerado no forno separa-se por diferença de densidade. O fluido mais denso é a

liga, formada majoritariamente por manganês, ferro e carbono, o fluido menos denso é

denominada escória, formada por diversos óxidos (Tangstad, 2006).

A escória siderúrgica é um resíduo sólido industrial oriundo da fusão de metais ou da

redução de minérios de ferro. Esse subproduto resulta da combinação dos minerais da

ganga do minério de ferro, das cinzas do coque e do calcário dolomítico, utilizados

16

como fundentes. Existem dois tipos de escórias siderúrgicas: A escória de alto-forno e a

escória de aciaria. A escória de alto-forno resulta da fusão redutora de minérios para

produção do ferro gusa, já a escória de aciaria resulta da conversão do ferro gusa líquido

e da sucata ferrosa, realizada em convertedores a oxigênios ou fornos elétricos (Souza,

2007).

Os princípios constituintes da escória de ferro da indústria siderúrgica são: silício

(SiO2), óxido de alumínio (Al2O3), óxido de cálcio (CaO) e óxido de magnésio (MgO),

que apresentam 95 % da composição desse material. Elementos secundários como

óxidos de manganês e ferro também fazem parte da composição (Leonardo, 2006).

Ferro-liga é a denominação genérica das ligas de ferro com outro metal ou metais,

sendo que o teor do metal é maior do que o teor de ferro, alcançado pela fusão e redução

de minérios que contém esses metais. A utilização dos ferro-ligas é direcionada para a

indústria siderúrgica e tem como finalidade a incorporação de elementos de liga ao aço

(Silveira et al., 1980).

O manganês é um dos grandes destaques da indústria de ferro-ligas mundial.

Aproximadamente 90% de todo manganês produzido no mundo está na forma de ferro-

ligas de manganês das quais pelo menos 98% são consumidas pela indústria do aço

(Olsen, 2007).

O manganês, adicionado na forma de ferro-liga, é um importante elemento de liga do

aço, contribuindo no refinamento da estrutura de grãos, aumentando a resistência

mecânica e melhorando a temperabilidade e a ductilidade do aço. Em teores mais altos,

o manganês, associado a teores mais elevados de enxofre, facilita a usinagem,

melhorando o acabamento superficial dos aços (Chiaverini, 1990; Chaudhary et. al,

2001).

Segundo Liu (1993), as principais ligas de ferro-manganês são classificadas em três

categorias, de acordo com o seu teor de carbono: Ferro Manganês Alto Carbono,

representado por FeMnAC (7-8% de carbono), Ferro Manganês Médio Carbono,

representado por FeMnMC (1-2% de carbono) e Ferro Manganês Baixo Carbono,

representado por FeMnBC (0,1-0,5% de carbono). Outra liga, de importância, é o Ferro

Sílico Manganês representado por FeSiMn, que apresenta teor de 15-20% de silício e 2-

17

1,5% de carbono. Mas, Olsen (2006) cita a liga FeSiMn baixo carbono (0,05-0,5% de

carbono) que, também, deve ser incorporada a esta lista.

O FeSiMn é empregado como um componente de liga, por exemplo na produção de

aços para molas, ou com ação elástica. A liga de manganês FeMnAC é aplicada na

desoxidação do aço. Os empregos das ligas FeMnMC e FeMnBC são, entre outros, na

fabricação de chapas para estampagem profunda, que requerem baixos teores de

carbono e fósforo, tubulações soldáveis para trabalho em baixas temperaturas,

estabilizador da austenita nos aços inoxidáveis austeníticos, fabricação de eletrodos de

soldas entre outros (Olsen et. al, 2007).

Lima e Zampieron (2009) utilizaram a escória de ferro-níquel como matéria prima para

aplicação em pigmento cerâmico. Análises químicas mostraram que a amostra era

composta majoritariamente pelos elementos de Si, Fe e O. Em uma primeira fase foram

confeccionados corpos de prova que foram submetidos a temperaturas próximas à

temperatura de sinterização (600 °C a 1000 °C). Posteriormente, foram efetuados

estudos de caracterização dos mesmos, utilizando difração de raios X e microscopia

eletrônica de varredura (MEV). A geometria não linear visualizado através MEV é

responsável pela resistência mecânica dos corpos-de-prova devido à geometria não

esférica, favorecendo a compactação das amostras. As fases de olivina (MgFeOSiO4)

submetidas a temperatura de até 600 °C é possível utilizá-la como pigmento cerâmico, a

interação da hematita e magnetita com forsterita (Mg0,9Fe0,1)2 e pigeonita

(Mg1,08Fe0,92Si2O6), fases evidenciadas pela difração de raios-X, justifica a utilização

da escória de ferro níquel como pigmento cerâmico.

Della et al. (2005) trabalharam com o processo de recuperação metálica em escória de

aciaria para a recuperação de metais (cromo, ferro e manganês), visando a aplicação dos

óxidos dos mesmos na síntese do pigmento cerâmico “verde vitória” (pigmento a base

de cálcio, cromo silício: Ca3Cr2Si3O12). O cromo e o silício a elevadas temperaturas

(700 °C a 1400°C) desenvolve a estrutura cristalina uvarovita que é responsável pela

estabilização da cor verde característica. Os resultados encontrados mostraram que o

resíduo apresenta elementos químico tais como cromo, cálcio e silício em quantidades

significativas que pode ser usado como pigmento cerâmico, mediante do ajuste da

composição química através da adição de óxidos puros.

18

Salviano (2010) avaliou o uso da escória de aciaria para controle e diminuição da

drenagem ácida de mina. O pesquisador avaliou o uso da escória de aciaria em pilha de

estéril como meio de prevenção/abatimento da drenagem ácida. Foram feitas as

caracterizações física, mineralógica e química nas amostras de escória e de estéril e os

ensaios de lixiviação foram feitos em colunas de acrílico, PVC e uma micro-coluna de

vidro. Os parâmetros avaliados no lixiviado foram: pH, Eh, condutividade elétrica,

temperatura, sulfato, acidez e metais diversos. Encontrou-se pH de até 11,0 no lixiviado,

o que demonstra uma aplicação eficaz da escória para sistemas de cobertura para

neutralização da drenagem ácida

Intorne et al. (2006), estudaram o efeito da granulometria da escória de aciaria nas

propriedades física e mecânica de uma cerâmica argilosa. Foram incorporadas escórias

de aciaria nas granulometrias 0,841; 0,420; 0,177 e 0,074 mm. Os corpos-de-prova

foram moldados com argila caulinítica adicionado com escória de aciaria proveniente

do processo LD de refino de aço em 10% em massa. A confecção dos corpos-de-prova

ocorreu por prensagem uniaxial a 20 MPa, para queima a 900 °C em forno de

laboratório. Os resultados obtidos demonstraram que a variação granulométrica da

escória não alterou as propriedades física e mecânica, devido ao caráter inerte do

resíduo e a predominância dos defeitos microestruturais que uma cerâmica possui.

Reis et al. (2006) trabalharam com a incorporação de resíduos industriais (escória de

alto-forno, resíduo sólido da indústria cerâmica de revestimento e vidro) em cerâmica

vermelha. A adição dos resíduos tinha como objetivo a redução de temperatura de

sinterização, obtendo uma melhor qualidade do produto final. Os resultados obtidos

mostraram que dos resíduos estudados o vidro apresentou potencial para ser utilizado

devido ao fato de apresentar quantidades significativas de óxidos fundente (Na2O e

K2O), possibilitando a redução da temperatura de sinterização.

Fernandes (2010) efetuou estudos de estabilização química, geomecânica e ambiental da

escoria de aciaria LD para fins de aplicação como material de lastro ferroviário. Os

estudos de estabilização foram realizados com cal. A hidratação e carbonatação em

pilhas de 2 metros de altura umedecidas com aspersores. Foi monitorado o teor de cal

livre e a expansibilidade da pilha de escória durante período de 180 dias. O pesquisador

concluiu com os resultados encontrados, que a metodologia de estabilização com base

na hidratação e carbonatação da escoria de aciaria LD foi eficiente porque diminuiu o

19

teor de cal livre, ocasionando uma menor reação com a escória, diminuindo a perda de

resistência e a redução da expansibilidade (dilatação) da escória possuindo assim, um

grande potencial para utilização como lastro ferroviário.

Oliveira et al. (2011) estudaram o reaproveitamento da escória de ferro silício-

manganês para fins de lastro ferroviário. Em uma primeira fase o material foi

caracterizado e classificado como resíduo industrial (lixiviação e solubilização). Os

resultados baseados nas normas NBR 10004/04, 10005/04 e 10006/04 (ABNT)

mostraram que o resíduo originário da amostra de escória de ferro-ligas de manganês se

classificou como Classe IIA (Não Perigoso – Não Inerte) devido ao fato de apresentar

teor de alumínio (0,33 mg/L) na amostra solubilizada, que encontra-se acima do limite

máximo permitido (0,2 mg/L). O resíduo não foi considerado corrosivo e reativo e

recebeu o parecer positivo, sendo aprovada a viabilização da escória de ferro silício-

manganês com lastro ferroviário nos quesitos ambientais.

Pedrosa (2010) verificou a viabilidade técnica e econômica da utilização da escória de

aciaria em misturas asfálticas comparando com o mesmo tipo de mistura confeccionado

com agregado gnáissico. Os estudos apontaram que as misturas asfálticas produzidas

com agregado de escória de aciaria demonstraram maior estabilidade, menor resistência

à deformação permanente e maior módulo de resiliência quando comparadas às misturas

com agregado gnáissico. O uso do agregado de escória de aciaria com o cimento

asfáltico de petróleo mais viscoso do tipo CAP 30/45, potencializa a estabilidade,

minimiza o surgimento de deformação plástica por fluência (ondulação) ou por

consolidação (afundamentos nas trilhas de roda).

Santos (2009) avaliou a utilização de escória silicatada (composta majoritariamente por

CaO, MgO e SiO2) na correção da acidez do solo. Observou a mobilidade do solo com

adição de escória silicatada em comparação ao calcário dolomítico e verificou que a

escória silicatada mostrou-se mais eficiente que o calcário dolomítico na elevação do

pH e teor de Ca+2

e redução do teor de Al+3

no perfil do solo.

Leonardo (2006) avaliou as propriedades de uma argamassa produzida a partir do

agregado escória/granito em substituição a cal hidratada. O produto originado da

mistura escória/granito apresentou resultados melhores em relação à impermeabilidade

e acabamento quando comparada a argamassa convencional. Contudo, a resistência à

compressão axial com escória/granito apresentou resultado médio de 1,40 MPa, valor

20

inferior ao da argamassa convencional que foi de 1,80 MPa, justificado pelo baixo

poder aglomerante da escória.

Nascimento (2007) estudou o aproveitamento da escória de aciaria elétrica, gerados a

partir da reciclagem do aço, para ser empregada como agregado para concreto de

cimento Portland, em substituição total ou parcial dos materiais convencionais. Os

resultados obtidos apontaram para a viabilidade da utilização deste resíduo como

agregado devido ao fato de que os ensaios de compressão, de tração na flexão e do

módulo de elasticidade não apresentaram diferença entre os ensaios mecânicos

realizados com o concreto confeccionado com agregado convencional e o concreto

confeccionado com escória. Os resultados dos ensaios mecânicos estão apresentados na

tabela 4.5.

Bigélli (2005) avaliou a utilização da escória de chumbo em massa cerâmica vermelha,

aplicaram-se composições para produção da cerâmica com 0 %, 5 %, 7,5 % e 10 % de

escória. Os resultados mostraram que a densidade das amostras após compactação e

após secagem aumentou 0,10 g/cm3. Após sinterização nas temperaturas variando entre

900°C a 1200 °C, a resistência à flexão em três pontos ficou entre 2,6 e 10,8 MPa, a

porosidade aparente atingiu 24,2% e a absorção d’água 11,1 %. Mas, após análise de

lixiviação (2800mg/L) e solubilização (178 mg/L) dos metais pesados, mostrou

resultados acima da legislação vigente, caracterizando o resíduo como classe I -

perigoso.

Tabela 4.5: Resultados dos ensaios mecânicos.

Traços

Resistência à

Compressão

(MPa)

Resistência à tração na

Flexão

(MPa)

Módulo de

Elasticidade

(GPa)

28 dias 90 dias 28 dias 90 dias 28 dias 90 dias

TR REF 52,45 60,85 4,43 4,55 39,83 42,89

TR RSC 48,76 56,26 5,31 4,96 40,49 43,29

TN REF 43,42 46,05 3,83 4,57 34,88 35,54

TN ESC 39,85 44,50 5,07 4,45 31,90 36,06

TP REF 23,74 25,42 2,79 3,20 30,40 31,20

TP RSC 29,47 33,22 3,41 3,08 27,26 31,46

Fonte: Nascimento (2007).

21

TR REF: Traço rico (1:3,5) do concreto de referência;

TR ESC: Traço rico (1:3,5) do concreto com escória;

TN REF: Traço normal (1:5,0) do concreto de referência;

TN ESC: Traço normal (1:5,0) do concreto com escória;

TP REF: Traço pobre (1:6,5) do concreto de referência;

TP ESC: Traço pobre (1:6,5) do concreto com escória.

22

5 – MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia aplicada neste trabalho visou à utilização da escória proveniente da

fabricação de ferro-ligas de manganês (FeSiMn - escória de ferro-sílica-manganês 1620,

ou seja, com teor de sílica variando entre 16 a 20%) e dos resíduos finos de pedra-sabão

(esteatito) oriundos da fabricação de artesanatos para confecção de tijolos solo-cal após

a caracterização física, química e mineralógica das amostras. Posteriormente, os corpos-

de-prova foram submetidos a ensaios de absorção de água, classificação de resíduos e

resistência à compressão simples. A figura 5.1 resume a metodologia deste trabalho.

Figura 5.1: Fluxograma da metodologia do trabalho

5.1 – Amostragem

5.1.1 – Solo

As amostras de solo foram coletadas no Morro do Caxambu que se situa a 5 km de

Cachoeira do Campo-MG (figura 5.2). Foram coletados manualmente 110 kg de solo,

utilizando picaretas.

Amostragem

Caracterização química, física

e mineralógica das amostras

Confecção dos corpos-de-prova

Cura (28 e 60 dias) dos corpos-

de-prova

Absorção de água

Ensaios

Resistência à

compressão

Classificação de

resíduos

23

Figura 5.2: Localização geográfica do local de coleta das amostras em Cachoeira do

Campo (©2013 Google – Dados cartográficos) Lat.: -20° 24.517'; Long.: -43° 40.387'

5.1.2 – Escória de ferro-ligas de manganês

Utilizou-se amostra de escória de ferro-ligas de manganês (figura 5.3) proveniente da

Usina Rancharia/VALE localizada em Ouro Preto-MG. A empresa disponibilizou 150

kg de escória para a execução deste trabalho.

Figura 5.3 Fotos da escória de ferro-ligas de manganês após britagem

24

5.1.3 – Finos de pedra sabão

Resíduos de finos de pedra sabão (figura 5.4) utilizados neste trabalho, cerca de 40 kg,

foram provenientes de uma oficina de artesanato em pedra sabão da região de Bandeiras

localizada em Santa Rita de Ouro Preto, distrito do município de Ouro Preto-MG,

previamente caracterizado por Rodrigues (2010). Na tabela 5.1 está apresentada a

composição química da referida amostra.

Figura 5.4: Fotos dos resíduos finos de pedra-sabão

Tabela 5.1: Composição química da amostra de finos de pedra-sabão

Teor

% ppm

Al2O3 MgO CaO Fe2O3 SiO2 As Cu Mn Pb

2,30 27,80 0,07 4,99 58,91 2,32 16,30 298 25,82

Fonte: Rodrigures (2010).

5.1.4 – Cal

Adquiriu-se a cal (de uso corrente em pinturas), da marca CALFIX (figura 5.5),

encontrada em casas comerciais do ramo de construção civil. A cal CALFIX é

comercializada em sacos de papel de 07kg, e ao chegar ao laboratório, ela foi fracionada

em sacos plásticos, lacrada e etiquetada para evitar sua hidratação.

25

Figura 5.5: Fotos da cal

5.2 – Caracterização das Amostras

A caracterização das amostras de solo, escória de ferro-ligas de manganês, finos de

pedra sabão e a cal utilizadas no presente trabalho, constaram de: análise química,

determinação de densidade, determinação de área superficial, análise granulométrica

por peneiramento a úmido, perda por calcinação (PPC) e difração de raios X. A

amostra de solo também foi submetida à determinação de limite de Atterberg.

5.2.1 – Análise química

As análises químicas das amostras globais de solo, escória de ferro-ligas de manganês e

a cal foram realizadas no Laboratório de Geoquímica Ambiental DEGEO/UFOP por

plasma de acoplamento indutivo (Spectro modelo Ciros/CCD). Determinaram-se os

teores de: MnO, Al2O3, CaO, MgO, FeO para todas as amostras. A sílica (SiO2)

presente nas amostras foi calculada por diferença (100 - PPC e teores de elementos

maiores).

O procedimento de ataque das amostras para análise química foi realizado conforme

descrito abaixo:

i – Pesar 0,25g de cada amostra em frasco Savillex e adicionar separadamente, 1mL de

HNO3 e 3mL de HCL, ambas na concentração de 10M, efetuando-se agitação manual

das amostras.

ii - Colocar o frasco aberto sobre placa aquecedora a 110 ºC para que ocorra a secagem.

26

iii - Acrescentar, em seguida, 2mL de HF concentrado, deixando novamente os frascos

abertos sobre a placa aquecedora para ocorrer nova secura.

iv - Adicionar 2mL de HF concentrado, deixando-os fechados por um período de 30

horas sobre a placa aquecedora a 110ºC.

v – Retirar os frascos da placa aquecedora para serem resfriados até a temperatura

ambiente.

vi – Abrir os frascos e colocá-los novamente sobre a placa aquecedora até secarem.

vii - Após a secagem da amostra, faz-se a adição, em cada frasco, 2 mL de HNO3 a 10M

e levá-los a secura sobre a placa aquecedora a 110ºC, repetindo esta etapa de adição de

HNO3 mais uma vez.

viii - Acrescentar 2 mL de HCL e deixar os frascos abertos novamente sobre a placa

aquecedora para secarem.

ix - Retirar os frascos da placa e em seguida, adicionar 25 mL de HCL a 2M.

x - Fechar os frasco, recolocá-los sobre a placa aquecedora a 110ºC e mantê-los sob

agitação por 2h.

xi - Deixar os frascos esfriarem fechados para em seguida serem pesados.

xii – Anotar a massa total (frasco + tampa + solução).

Cabe ressaltar aqui que o procedimento de ataque para a abertura foi igual para todas as

amostras e após a finalização do procedimento o extrato solubilizado foi encaminhado

para leitura no aparelho por plasma de acoplamento indutivo (Spectro modelo

Ciros/CCD).

5.2.2 – Determinação de densidade

Densidade real corresponde ao real volume que determinado sólido ocupa, não levando

em conta sua porosidade. As densidades das amostras de solo, escória de ferro-ligas de

manganês, finos de pedra-sabão e a cal foram determinadas pelo picnômetro a gás

27

(hélio) da Quantachrome Corporation (modelo Ultrapycnometro 1200e version 4.00) do

Laboratório de Propriedades Interfaciais do DEMIN/UFOP.

Os parâmetros utilizados nos ensaios de determinação de densidade foram: tamanho da

célula (médio), temperatura de análise (±2 25°C), pressão (0,131 MPa), tempo de purga

(4 min.), número de corridas (4). O valor obtido da densidade é a média de 3 corridas

para desvio padrão entre valores medidos igual a 0,0050%.

5.2.3 – Determinação de área superficial

Para a determinação da área superficial específica das amostras de solo, escória de

ferro-ligas de manganês, finos de pedra sabão e a cal (todas na fração granulométrica

abaixo de 74 µm) usou-se o medidor de área superficial BET (Brunauer, Emmett e

Teller) da Quantachrome Corporation (modelo Ultrapycnometro 1200e) do Laboratorio

de Propriedades Interfaciais do DEMIN/UFOP.

Inicialmente, as amostras foram homogeneizadas e quarteadas e posteriormente foram

submetidas à temperatura de 200 °C sob vácuo por 16 h em atmosfera de nitrogênio

com fluxo de 30 mL.min-1 a 77,3 K.

5.2.4 – Análise granulométrica

A caracterização granulométrica do solo, escória de ferro-ligas de manganês e finos de

pedra sabão foi realizada no Laboratório de Tratamento de Minérios (DEMIN/UFOP).

Os materiais coletados foram passados em peneira de 4,8 mm de abertura nominal, o

retido na peneira foi britado no britador de mandíbulas a fim de reduzir o seu tamanho

para atingir o diâmetro menor que 4,8 mm. Em seguida, o solo e a escória de ferro-ligas

de manganês foram homogeneizados e quarteados por quarteador tipo carrossel e

finalmente em quarteador Jones. Os finos de pedra sabão foram homogeneizados

através da técnica de pilha cônica e quarteada em quarteador Jones.

Efetuou-se peneiramento a úmido para o solo e a escória de ferro-ligas manganês com

peneiras segundo a série Tyler, a partir da peneira de 3360 µm, (6 #), para os finos de

28

pedra sabão foi realizado peneiramento a úmido, usando a série Tyler a partir de 150

µm (100 #).

A distribuição granulométrica da fração passante em 38μm das amostras de solo,

escória de ferro-ligas de manganês e finos de pedra-sabão foi determinada em um

granulômetro a laser Cilas 1064 do Laboratório de Propriedades Interfaciais do

DEMIN/UFOP. A fração passante em 38μm foi filtrada, secada e analisada no

equipamento. Quando necessário foi utilizado uma solução de 0,1%(p/v) de

hexametafosfato de sódio como dispersante.

5.2.6 – Perda por calcinação (PPC)

A perda por calcinação expressa em porcentagem é a medida da diferença entre o peso

de uma amostra antes e depois de queimada a temperatura de 1000 °C. Está relacionada

com a liberação de voláteis tais como CO2, H2O provenientes da decomposição de

carbonatatos e desidratação de hidróxidos.

As determinações de PPC das amostras foram realizadas no Laboratório de Geoquímica

Ambiental DEGEO/UFOP, utilizando-se 1g de cada material (solo, escória de ferro-

ligas de manganês e a cal) pesados separadamente em cadinho de porcelana para serem

levados à mufla a 1000 ºC por 1h.

5.2.6 – Limites de Atterberg

Os limites de liquidez, de plasticidade e do índice de plasticidade são chamados de

limites de Atterberg. Estes limites fornecem informações sobre o material, quanto à sua

trabalhabilidade, variação de volume e absorção de água. Neste trabalho os limites de

Atterberg do solo, foram determinados de acordo com as metodologias propostas pelas

normas ABNT NBR 6459/88 e NBR 7180/84. Os ensaios foram realizados no

Laboratório de Geotecnia no DEMIM/DEGEO da UFOP.

29

5.2.7 – Difração de raios X (DRX)

Para identificar as fases cristalinas presentes nas amostras de solo, escória de ferro-ligas

de manganês, finos de pedra sabão e a cal, foi utilizada difração de raios X (DRX).

Foram analisadas as amostras na faixa granulométrica compreendida entre 325 µm e

400µm.

O difratômetro de raios X utilizado foi da marca PanAnalytical modelo Empyrean do

Laboratório de Difratometria de Raios X do DEGEO/UFOP. Para obtenção dos

difratogramas das diversas faixas granulométricas foi utilizado o método do pó total,

empregando a radiação λKα do cobre (1,5405 Å) e ângulo de varredura variando de 2° a

72°.

5.3 – Confecção dos Corpos-de-Prova

Os corpos-de-prova foram confeccionados no Laboratório de Mecânica EM/UFOP,

utilizando moldes cilíndricos, com dimensões de 5 cm de diâmetro e 10 cm de altura. O

traço utilizado para a confecção dos corpos-de-prova foi de 1:10 em massa de cal/solo e

cal+resíduo/solo. Foram confeccionados corpos-de-prova de referência solo/cal (sem

adição de resíduo) e corpos-de-prova com incorporações de 25%, 50% e 75% de escória

da fabricação de ferro ligas de manganês ou finos de pedra-sabão em substituição a

parte do aglomerante (cal). Na figura 5.6, estão apresentadas as etapas de confecção dos

corpos-de-prova.

30

Legenda: (a) Adição da mistura ao molde (b) compactação do corpo-de-prova utilizando prensa hidráulica (c) corpo-

de-prova após prensagem (d) retirada do excesso de material do molde (e) corpo-de-prova após a retirada do excesso

(f) corpo-de-prova confeccionado na dimensão 5 por 10cm.

Figura 5.6: Confecção dos corpos-de-prova

O fator água/aglomerante foi estabelecido através ensaio de compactação Proctor

normal, regido pela norma brasileira ABNT NBR 7182/86. Através deste ensaio foi

obtida a correlação entre o teor de umidade e o peso específico seco do solo quando

compactado à energia normal (03 camadas e 26 golpes). A compactação confere ao solo

um aumento de massa específica e resistência ao cisalhamento e uma diminuição do

índice de permeabilidade, vazios e compressibilidade. Se a quantidade de água utilizada

na compactação do solo for maior ou menor que a umidade ótima, o solo não atingirá

seu grau de compactação máxima. O ensaio de compactação Proctor normal foi

realizado no Laboratório de Mecânica EM/UFOP.

Conforme a curva de compactação (figura 5.7) dos traços solo-cal e solo-cal-resíduo a

umidade ótima dos corpos-de-prova são aproximadamente: solo-cal 22%, solo-cal-PS25

21%, solo-cal-PS50 20,5%, solo-cal-PS75 20%, solo-cal-ESC25 21%, solo-cal-ESC50

20,5%, solo-cal-ESC75 20%.

a b c

d e f

31

Legenda: solo-cal: Corpo-de-prova referência; solo-cal-PS25:corpo-de-prova com substituição de 25% da cal por

pedra-sabão; solo-cal-PS50:corpo-de-prova com substituição de 50% da cal por pedra-sabão;solo-cal-PS75:corpo-de-

prova com substituição de 75% da cal por de pedra-sabão; solo-cal-ESC25:corpo-de-prova com substituição de 25%

da cal por escória de ferro-ligas de Mn; solo-cal-ESC50:corpo-de-prova com substituição de 25% da cal por escória

de ferro-ligas de Mn ; solo-cal-ESC75:corpo-de-prova com substituição de 25% da cal por escória de ferro-ligas de

Mn.

Figura 5.7: Curva de compactação dos traços solo-cal e solo-cal-resíduo

Nas tabelas 5.2 e 5.3 seguem os traços utilizados para a confecção dos corpos-de-prova

solo-cal e solo-cal-resíduo bem como a umidade ótima de cada um.

Tabela 5.2: Traço dos corpos-de-prova de solo-cal

Solo (g) Cal (g) Água (mL) Umidade (%)

260 26 62,92 22

32

Tabela 5.3: Traço dos corpos-de-prova de solo-cal-escória de ferro-ligas de manganês e

de solo-cal-finos de pedra-sabão

(%)

Escória

de ferro-

ligas de

Mn (g)

Finos

de

pedra-

sabão

(g)

Solo (g) Cal (g) Água

(mL) Umidade

(%)

Tijolo

solo-cal-

Escória de

ferro-ligas

de Mn

25 6,50 -

- -

260

19,50 60,06 21,0

50 13,00 13,00 58,63 20,5

75 19,50 6,50 57,34 20,0

Tijolo

solo-cal-

Finos de

pedra-

sabão

25 -

- -

6,50

260

19,50 60,06 21,0

50 13,00 13,00 58,63 20,5

75 19,50 6,50 57,34 20,0

Para os corpos-de prova solo-cal-resíduos são: 21, 20,5 e 20% de umidade para as

composições contendo 25, 50 e 75% de resíduos, respectivamente, ou seja, com o

aumento da quantidade de resíduos diminuiu-se a umidade ótima e consequentemente a

quantidade de água utilizada.

Para a confecção dos corpos-de-prova foi utilizada prensa hidráulica Nowak, modelo

PM 15 TON, com poder de compactação de até 15 t.

Segundo Guimarães (1985) a moldagem dos tijolos solo-cal em prensa manual, deve ser

com efeito de compactação maior possível, desejável da ordem de 1,5 MPa no mínimo,

entretanto, de acordo com a norma NBR 8491/84 (Tijolo maciço de solo-cimento) esse

efeito de compactação deve ser da ordem de 2,0 MPa. Para a confecção dos corpos-de-

prova foi utilizada 2,5 MPa.

Na figura 5.8 está apresentado o fluxograma que descreve a confecção dos corpos-de-

prova solo-cal e solo-cal-resíduo.

33

Figura 5.8: Fluxograma da confecção dos corpos-de-prova solo-cal e solo-cal-resíduo

5.4 – Cura dos Corpos-de-Prova

A fim de promover a hidratação e consequentemente o ganho de resistência, os corpos-

de-prova, após a confecção, foram submetidos à cura em câmara úmida saturada, da

marca EQUILAM, modelo SS600UMe, com temperatura (23 ± 2 °C) e umidade relativa

do ar (não inferior a 95%) controlada de acordo com a NBR 12024/92 (Moldagem e

cura de corpos-de-prova cilíndricos). Os períodos de cura dos corpos-de-prova foram de

28 e 60 dias. A cura dos corpos-de-prova foi realizada no laboratório de Construção

Civil EM/UFOP.

Solo passante em 4,8 mm

NBR 6457

Confecção dos corpos - de - prova solo - cal e solo - cal - resíduo

Adição de cal+escória+H 2 O

Adição de cal+H 2 O Adição de cal+finos de pedra -

sabão+H 2 O

Prensagem

Corpos - de - prova solo -

cal

Corpos - de - prova solo - cal - escória

Corpos - de - prova solo - cal - finos de pedra - sabão

34

5.5 – Ensaios para Avaliação dos Corpos-de-Prova Solo-Cal e Solo-Cal-Resíduo

5.5.1 – Ensaio de resistência à compressão

Com objetivo de avaliar a resistência dos corpos-de-prova após o período de cura, foi

realizado o ensaio de compressão simples no Laboratório de Construção Civil

EM/UFOP. Utilizou uma máquina de ensaio de compressão da marca TIME GROUP,

modelo YAW – 2000D (figura 5.9). A velocidade de aplicação de carga nos corpos-de-

prova é de 500N/s (5 MPa) estabelecida pela a NBR 8492/92 (Tijolo maciço de solo-

cimento – Determinação da resistência à compressão e da absorção de água).

Figura 5.9: Rompimento de corpo-de-prova na máquina de ensaio de compressão TIME

GROUP

Para o ensaio de resistência à compressão, todos os corpos-de-prova foram capeados

com enxofre, para obtenção de ângulo reto de 90°. O capeador serve como gabarito

estrutural do corpo-de-prova. A figura 5.10 mostra o capeamento dos corpos-de-prova.

35

Figura 5.10: Capeamento do corpo-de-prova

5.5.2 – Ensaio de absorção de água

De acordo com a NBR 8492/92 (Tijolo maciço de solo-cimento – Determinação da

resistência à compressão e da absorção de água), o ensaio de absorção de água consiste

em secar 3 unidades de corpos-de-prova de cada mistura em estufa, em temperatura

entre 105 e 110°C por 24h (M1) e em seguida, imergir os corpos-de-prova em um

tanque com água a temperatura ambiente por 24h (figura 5.11). Após retirá-los da água,

os corpos-de-prova foram enxugados superficialmente, pesados novamente, anotando-se

suas massas saturadas (M2). Os valores individuais de absorção de água, expresso em

porcentagem, é apresentada na equação 5.1.

A = M2 – M1 x 100 (5.1)

M1

Onde:

M1 = Massa do corpo-de-prova seco em estufa

M2 = Massa do corpo-de-prova saturado

A = Absorção de água, em porcentagem

Os ensaios de absorção de água foram realizados no Laboratório de Construção Civil

EM/UFOP.

36

Figura 5.11: Recipiente com água utilizado para o ensaio de absorção

5.5.3 – Ensaio de classificação de resíduos

A NBR 10.004/04 (Resíduos sólidos – Classificação) dispõe sobre a classificação dos

resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública

para que possam ser gerenciados adequadamente.

Como procedimento de obtenção de extratos para a classificação de resíduos seguiu-se o

método ABNT NBR 10005/04 (Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de

resíduos sólidos) e NBR 10006/04 (Procedimento para obtenção de extrato solubilizado

de resíduos sólidos).

5.5.3.1 – Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos (NBR

10005/04)

Primeiramente, foram retiradas 5,0 g (≤ 9,5 mm) de cada amostra e colocadas em um

béquer contendo 96,5 mL de água deionizada, agitando-se por 5,0 minutos em agitador

magnético, mantendo- se o béquer coberto com um vidro de relógio. Após a agitação foi

realizada a leitura de pH de cada amostra.

As amostras apresentaram pH > 5,0 e dessa forma estavam aptas a receber 3,5 mL de

HCl 1N e aquecimento de 50°C durante 10 minutos. Foi realizada uma nova leitura de

pH. Após nova avaliação de pH foi constatado que todas as amostras poderiam ser

lixiviadas com a solução de extração n°2 devido pH > 5,0 (5,7 mL de ácido acético

glacial). Como procedimento de extração seguiu-se o método descrito para lixiviação de

37

não voláteis. Após a lixiviação as soluções foram caracterizadas quanto aos valores de

pH.

Foram pesados 100g (base seca) de cada amostra com granulometria menor que 9,5mm

e colocadas em um béquer de 2,5L. Adicionou-se água deionizada em uma proporção

de 20:1, totalizando 2000mL em cada amostra. Os béqueres foram tampados e mantidos

a uma agitação por 18 ± 2 h a temperatura de 25 °C. Após este período, foram filtrados

no aparelho guarnecido com membrana de filtração lenta (0,6 a 0,8 µm de porosidade).

O filtrado obtido foi denominado de extrato lixiviado.

As soluções solubilizadas foram transferidas para frascos de plástico e armazenadas em

refrigerador a 4 ± 2 °C, até o momento da leitura realizada por plasma de acoplamento

indutivo realizadas no laboratório de Geoquímica Ambiental DEGEO/UFOP.

5.5.3.2 – Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos

(NBR 10006/04)

Para realizar o ensaio, as amostras foram submetidas ao processo de classificação para

garantir a granulometria abaixo de 9,5 mm, exigidas pela norma. As amostras foram

levadas para secagem em estufa a 42 ºC por 24 h. Em seguida, retiraram-se 250 g de

cada amostra e adicionaram-se 1000 mL de água deionizada, em frascos de PVC com

capacidade de 1500 mL. Estes frascos foram agitados durante 5 min em baixa

velocidade e após esta agitação, esses, foram cobertos com filme de PVC e deixados em

repouso por sete dias, em temperatura ambiente.

Após os sete dias de repouso, as amostras foram filtradas no aparelho guarnecido com

membrana de filtração lenta (0,45 µm de porosidade). O filtrado obtido foi denominado

de extrato solubilizado. O pH foi determinado e foram retiradas alíquotas de 100 mL

para a quantificação dos teores de metais em solução.

As soluções solubilizadas foram transferidas para frascos de plástico e armazenadas em

refrigerador a 4 ± 2 °C, até o momento da leitura realizada por plasma de acoplamento

indutivo realizadas no laboratório de Geoquímica Ambiental DEGEO/UFOP.

38

6 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 – Caracterização das Amostras de Solo, Cal, Escória de Ferro-Ligas de

Manganês e Finos de Pedra-Sabão

6.1.1 – Determinação da densidade, da superfície específica, da porosidade e da

umidade

Na tabela 6.1 são apresentados os valores referentes à área superficial, a densidade real,

a porosidade e a umidade das amostras de solo, da cal, da escória de ferro-ligas de

manganês e dos finos de pedra sabão.

Tabela 6.1: Superfície específica, densidades, porosidade e umidade das amostras de

solo, cal e escória de ferro-liga de manganês

Amostras

Área

superficial

(m2/g)

Densidade

(g/cm3)

Porosidade

(%)

Umidade

(%)

Solo 32,414 2,593 1,6 12,530

Cal 11,540 2,450 0,6 0,610

Esc. de

ferro-ligas

de Mn

1,560 3,220 0,3 0,170

Finos de

pedra-sabão 3,430 2,960 0,2 0,340

Das amostras estudadas, o solo destaca-se com maior teor de umidade, área superficial

específica e porosidade (12,530 %; 32,412 m2/g e 1,6 %, respectivamente). Por outro

lado, a escória de ferro-ligas de manganês possui maior densidade real, 3,220 g/cm3. A

cal apresenta densidade real (2,450 g/cm3) ligeiramente menor que o solo (2,593 g/cm

3)

e os seus demais parâmetros estudados apresentam valores intermediários quando

comparados aos parâmetros das demais amostras. Os finos de pedra sabão, da mesma

39

forma, apresentam os parâmetros estudados com valores intermediários, com exceção

da sua porosidade (0,2%) que é a menor das amostras analisadas.

6.1.2 – Distribuição granulométrica

As curvas de distribuição granulométrica das amostras de solo, escória de ferro-ligas de

manganês e finos de pedra sabão estão apresentadas nas Figuras 6.1, 6.2 e 6.3,

respectivamente.

Figura 6.1 – Distribuição granulométrica da amostra de solo

Figura 6.2 – Distribuição granulométrica da amostra escória de ferro-ligas de Mn

40

Figura 6.3 – Distribuição granulométrica da amostra de pedra-sabão

Observa-se, graficamente, valores de d80 em torno de 700, 1680 e 48µm para as

amostras de solo, escória de ferro-ligas de manganês e finos de pedra sabão,

respectivamente. Pela comparação das curvas de distribuição granulométrica, observa-

se claramente que a amostra de escória de ferro-liga de manganês possuem

granulometria mais grosseira em relação às demais amostras. Os finos de pedra sabão

possui menor granulometria em relação às amostras analisadas. Para a amostra de cal

não se realizou análise granulométrica, pois a mesma foi obtida comercialmente com

granulometria inferior a 38µm.

Pelos gráficos de distribuição das amostras analisadas, era de se esperar que as áreas

superficiais da amostra de cal e de finos de pedra sabão, apresentadas na Tabela 6.1,

fossem maiores do que as áreas superficiais das amostras de solo e escória de ferro- liga

de manganês. Logo, a única explicação plausível para maior área superficial específica

do solo em relação às demais amostras está relacionada com a maior porosidade da

mesma, pois neste caso, provavelmente, houve adição das áreas superficiais dos poros

desta amostra.

As distribuições granulométricas das frações abaixo de 38μm das amostras de solo,

escória de ferro ligas de manganês e finos de pedra sabão estão apresentadas nas Figuras

6.4, 6.5 e 6.6, respectivamente.

41

Figura 6.4 – Distribuição granulométrica da fração abaixo de 38 μm da amostra de solo

Figura 6.5 – Distribuição granulométrica da fração abaixo de 38 μm da amostra de

escória de ferro-ligas de Mn

42

Figura 6.6 – Distribuição granulométrica da fração abaixo de 38 μm da amostra de finos

de pedra sabão

Pelas análises do granulômetro foi obtido tamanho médio de 8,2µm, para a amostra de

solo na fração menor que 38 μm. Os argilominerais presentes no solo em menores

tamanhos de partícula (<4-8μm) podem contribuir devidas sua forma de lâminas

hexagonais ou fibras na formação das tramas junto com partículas que tendem ao

formato esférico.

O tamanho médio das partículas presentes nos resíduos estudados são muito próximos,

21,5 e 23,86 µm, para as amostras de finos de pedra-sabão e escória de ferro-ligas de

manganês, respectivamente.

6.1.3 – Perda por calcinação

A tabela 6.2 mostra os valores de perda por calcinação das amostras estudadas.

43

Tabela 6.2: Perda por calcinação das amostras de solo, cal, escória de ferro-liga de

manganês e finos de pedra sabão

Amostra Perda por Calcinação (%)

Solo 12,05

Cal 27,15

Escória de ferro-ligas de Mn -2,33

Finos de pedra-sabão 5,05

Percebe-se pela Tabela 6.2 que a cal, dentre as amostras analisadas, foi a que apresentou

maior PPC (27,15%). Por outro lado, observou-se que a amostra de escória de ferro-liga

de manganês apresentou uma perda por calcinação negativa (-2,33%), isso significa que

houve um aumento da massa devido à oxidação desta amostra ao submetê-la a

temperatura de 1000°C por 1 hora.

6.1.4 – Limites de Atterberg

Os limites de Atterberg foram obtidos pelos ensaios de liquidez e plasticidade. Os

resultados obtidos estão apresentados na tabela 6.3.

Tabela 6.3: Índices de Atterberg do solo

Material Solo

Limite de Liquidez (%) 43,5

Limite de Plasticidade (%) 28,8

Índice de Plasticidade (%) 14,7

Os resultados apresentados na tabela 6.3 mostram os valores obtidos do limite de

liquidez (LL) 43,5%, limite de plasticidade (LP) 28,8% e índice de plasticidade (IP)

14,7%. Estes valores se enquadram na confecção de tijolos solo-cimento, de acordo com

a NBR 10832/89 que recomenda um solo que possua limite de liquidez máximo de 45%

e índice de plasticidade máximo de 18%. De acordo com a Classificação Unificada dos

Solos (The Unified Soil Classification System – USCS) o solo teve a sua classificação

44

como ML, que é descrito como siltes inorgânicos e areias muito finas, alteração de

rocha, areias finas, siltosas ou argilosas.

6.1.5 – Atividade Pozolânica

De acordo com a norma NBR 12653/92, os resíduos de pedra-sabão e escória de ferro-

ligas de manganês podem ser classificados como pozolana de classe E. As

especificações desta classe quanto as suas propriedades químicas estão apresentadas na

tabela 6.4.

Tabela 6.4 : Exigências químicas para classificação de materiais pozolânicos

Propriedades Classe E

(NBR 12653/92)

Pedra-

sabão

Escória de

ferro-ligas

SiO2 + Al2O3 + Fe2O3, % mínimo 50 66,2 55,17

SO3, % máximo 5,0 0,96 1,15

Teor de umidade, % máximo 3,0 0,34 0,17

Perda ao fogo, % máximo 6,0 5,05 -2,33

Álcalis disponíveis Na2O, % máximo 1,5 0,03 0,74

Fonte: NBR 12653/92

Para o teor de SiO2 + Al2O3 + Fe2O3 obteve-se 66,2% na amostra de pedra-sabão e

55,17% na amostra de escória de ferro-ligas, de forma que, o teor mínimo exigido pela

norma é de 50%. O teor de SO3 é de 0,96% na amostra de pedra-sabão e 1,15% na

amostra de escória de ferro-ligas, a norma exige no máximo 5%. O teor umidade

encontrado na amostra de pedra-sabão é 0,34% e na amostra de ferro-ligas é 0,17%,

para a norma, o teor máximo é de 3%. Perda ao fogo na amostra de pedra-sabão é

5,05% e -2,33% na amostra de escória de ferro ligas, para a norma, esse valor não pode

ultrapassar 6%. Álcalis disponível em Na2O encontrado na amostra de pedra-sabão é

0,03% e na amostra de escória de ferro-ligas é 0,74%, valores não ultrapassado pelo

limite estabelecido pela norma que é de 1,5%. Os resultados obtidos mostraram que os

resíduos de pedra-sabão e escória de ferro-ligas de manganês, apresentaram resultados

45

favoráveis as exigências químicas estabelecidas para pozolanas de classe E pela norma

vigente. Desta forma, considerando as exigências químicas os resíduos estudados

podem ser utilizados como material pozolânico, na confecção de tijolos solo-cal.

46

Tabela 6.5: Composição química das amostras de solo, cal (CALFIX) e escória de ferro-ligas de manganês

Amostra Teores (%) ppm

Al2O3 Fe2O3 MnO MgO SO3 CaO TiO2 K2O SiO2 As Zn

Solo 28,91 5,96 - 0,143 - - 1,48 0,64 62,62 5,38 36,70

Cal (CALFIX) 0,29 0,11 - 0,915 - 67,21 - - 29,99 5,56 7,61

Escória de ferro–liga de manganês 15,04 3,56 21,72 7,66 1,15 11,33 - 1,44 36,57 9,75 10,96

47

Na tabela 6.5, pode ser observada a presença de alumínio e ferro em todas as amostras

analisadas. Na amostra do solo, os componentes majoritários foram o óxido de alumínio

(28,91%), óxido de ferro (5,96%), titânia (1,48%) e sílica (62,62%), Através do

resultado da análise química podemos classificar a cal como cal hidratada cálcica. Os

componentes majoritários encontrados na amostra de cal foram óxido de cálcio

(67,21%), óxido de magnésio (0,915%) e sílica (29,99%) e na amostra de escória de

ferro-ligas de Mn foram os componentes de óxido de manganês (21,72%), óxido de

cálcio (11,33%), óxido de alumínio (15,04%) e sílica (36,57%). Na amostra de pedra-

sabão os componentes majoritários segundo Rodrigues (2010) são o óxido de magnésio

(27,80%), óxido de ferro (4,99%), óxido de alumínio (2,30%) e sílica (58,91%).

6.1.3 – Caracterização mineralógica

Pelo difratograma de raios X da amostra de solo (Figura 6.7) foram identificados os

seguintes minerais: quartzo (SiO2), caulinita (SiO2Al2O5(OH)4) e muscovita

(KAl2(Si3Al)O10(OH)2). Logo, os resultados da difratometria de raios X estão coerentes

com os teores de Al2O3 (28,91%), K2O (0,64%) e SiO2 (62,62%) apresentados na tabela

6.5 e com o valor de PPC (12,05%), apresentado na tabela 6.2, que está relacionado com

a decomposição térmica dos minerais hidratados identificados (caulinita e muscovita) na

amostra.

Os argilominerais na presença de água desenvolvem uma série de propriedades

importantes na confecção dos corpos de prova tais como: plasticidade, resistência

mecânica e retração linear de secagem. O quartzo também é um importante mineral na

composição de tijolos crus uma vez que contribui para o aumento da permeabilidade da

peça e controle da retração. O quartzo pode fazer parte do “esqueleto”, ou seja, a

estrutura do corpo de prova.

48

Figura 6.7 – Difratograma de raios X do solo

Pelo difratograma da cal (Figura 6.8) foi identifica a portlandita (Ca(OH)2), a calcita

(CaCO3) e a nacrita (Al2Si2O5(OH)4) , que são coerentes com os altos teores de CaO

(67,21%) e SiO2 (29,99%), apresentados na tabela 6.5 e alta PPC (27,15%), devido à

decomposição térmica dos hidróxidos presentes na amostra (portlandita e nacrita) e de

CO2, proveniente da calcita.

49

Figura 6.8 – Difratograma de raios X da cal

O único mineral identificado no difratograma da amostra de escória de ferro-liga de

manganês (Figura 6.9) foi a enstatita (Mg2Si2O6). Logo, os teores de SiO2 (36,57%) e

MgO (7,66%), apresentados na tabela 6.5 são provenientes deste mineral. O fato de não

ter identificado outros minerais na amostra analisada provavelmente está relacionado

com a formação de vidro, pois o material analisado é escória de ferro-liga.

50

Figura 6.9 – Difratograma de raios X da escória de ferro-ligas de manganês

Na amostra de finos de pedra-sabão identificou-se talco (Mg3Si4O10(OH)2) e clorita (H16

Al2.78 Fe0.94 Mg11.06 O36 Si5.22) (Figura 6.10). Observa-se que houve substituição

isomórfica do Mg2+

por Al3+

, Fe2+

, Fe3+

e Si (Dana, 1978). Estes resultados estão

coerentes com os teores determinados por Rodrigues (2010) e com o valor de PPC

(5,05%), apresentado na tabela 6.2, que está relacionado com a perda de OH de ambos

minerais hidratados, devido à sua decomposição térmica.

51

Figura 6.10 – Difratograma de raios X da pedra sabão

6.2. – Resistência à compressão simples

Na tabela 6.6 estão apresentados os valores de durabilidade avaliados pelo ensaio de

resistência à compressão simples, para a composição de referência (solo-cal) e para as

composições de 25, 50 e 75% de resíduos, para o período de cura de 28 e 60 dias.

Analisando a tabela 6.6, observa-se que os corpos-de-prova de composição solo-cal

(referência) apresentaram resistência à compressão após o período de 28 dias de cura

dentro do limite especificado pela norma ABNT NBR 8492/84, com valores

ascendentes iguais a 2,10 e 2,50 MPa, após 28 e 60 dias de cura, respectivamente. Para

os corpos-de-prova com incorporação de resíduo, apenas os de composição solo-cal-PS

25% apresentaram resistência à compressão após o período de 28 dias de cura dentro do

limite especificado (2,0 MPa) pela norma, com valor igual a 2,10 MPa e com 60 dias de

cura esse valor manteve-se muito próximo, sendo igual a 2,20 MPa. Ou seja, tanto para

o corpo-de-prova solo-cal quanto o solo-cal-PS 25% não houve aumento significativo

da resistência à compressão com o aumento do número de dias de cura de 28 para 60

52

dias. Ou seja, este aumento do período de cura, provavelmente, não foi suficiente para

aumento das reações pozolânicas.

Tabela 6.6: Resistência à compressão simples dos corpos-de-prova solo-cal e solo-cal-

resíduo no período de 28 e 60 dias de cura

Composição Resistência à Compressão (MPa)

28 (dias) 60 (dias)

NBR 8492/84 ≥ 2,0 ≥ 2,0

Solo-Cal 2,10 2,50

Solo-Cal-PS 25% 2,10 2.20

Solo-Cal-PS 50% 1,94 1,65

Solo-Cal-PS 75% 0,64 1,10

Solo-Cal-ESC 25% 1,73 2,10

Solo-Cal-ESC 50% 1,53 1,30

Solo-Cal-ESC 75% 0,63 0,74

Legenda: PS: Pedra sabão. Esc: Escória de ferro-ligas de manganês.

De acordo com Farias (2007), a aptidão dos materiais pozolânicos de reagirem com a

cal em condições normais de temperatura e pressão e formarem compostos de

propriedades aglomerantes ocorre devido ao fato de que o silício e alumínio presentes

na composição se encontram em estruturas amorfas ou desordenadas atomicamente. A

cimentação pozolânica é um processo progressivo e lento que pode levar meses (ou até

anos) para se concluir.

Para a composição solo-cal-ESC 25% foi obtido valor de resistência dentro dos limites

especificados para o período de cura de 60 dias, com valor de 2,10 MPa.

Maiores superfície de contato podem permitir um aumento na atividade pozolânica e,

consequentemente, no comportamento mecânico das amostras. Os finos de pedra sabão

apresentaram maior valor de superfície específica quando comparado com a escória de

ferro ligas de manganês o que pode ter contribuído para os maiores valores de

resistência à compressão das provas preparadas com este resíduo.

Para as demais composições foram obtidos valores de resistência à compressão inferior

ao limite da norma. O que parece demostrar que os resíduos não apresentam grande

53

quantidade de íons capazes de realizar trocas com o solo e consequente a floculação

assim como a cal.

A figura 6.11 ilustra as variações de resistência à compressão dos corpos-de-prova entre

28 e 60 dias de cura.

Figura 6.11: Resistências à compressão simples dos corpos-de-prova solo-cal e solo-cal-

resíduos após os períodos de cura de 28 e 60 dias

Pela análise da Figura 6.11 percebe-se um decréscimo da resistência a compressão dos

corpos-de-prova com incorporação de resíduos para os dois períodos de cura com o

aumento da porcentagem de resíduo acrescentado. De modo geral, apesar de não atingir

o valor especificado pela norma ABNT NBR 8492/84, ocorre um aumento da

resistência à compressão com o aumento de dias de cura de 28 para 60 dias. Exceto

para os corpos-de-prova de composição Solo-Cal-PS 50% e Solo-Cal-ESC 50% que

tiveram a resistência à compressão diminuída entre 28 e 60 dias.

Os resíduos finos de pedra-sabão apresentam maior valor de superfície específica

(3,43 m2/g) quando comparados à escória de ferro-ligas de manganês (1,56 m

2/g), o que

pode ter contribuído para maior resistência a compressão dos corpos-de-prova com

incorporação dos finos de pedra-sabão. Pode se prejulgar que por possuir uma maior

área superficial, os finos de pedra-sabão, no período de cura, obtiveram um ganho de

54

resistência superior ao corpo-de-prova solo-cal-escória devido maior área de contato,

ocorrendo uma reação mais rápida entre os agregados.

6.2.3 – Ensaio de absorção de água

O ensaio de absorção de água é uma forma de investigação indireta da extensão da

densificação de tijolos, assim como, pode ser utilizado para expressar a quantidade de

poros abertos do material. Desta forma, quanto menos água infiltra no corpo-de-prova,

maior será a durabilidade e resistência do material a danos causados pela exposição ao

ambiente (Mahllawy, 2008).

Na tabela 6.7 estão apresentados os resultados de porcentagem de absorção de água

ocorrida nos corpos-de-prova solo-cal e solo-cal-resíduos nos períodos de 28 e de 60

dias de cura.

Tabela 6.7 Absorção de água pelos corpos-de-prova solo-cal e solo-cal-resíduos nos

períodos de 28 e 60 dias

Composição Absorção d’ água (%)

28 (dias) 60 (dias)

NBR 8492/84 ≤ 20 ≤ 20

Solo-Cal 19,11 19,25

Solo-Cal-PS 25% 19,01 19,32

Solo-Cal-PS 50% 19,68 19,37

Solo-Cal-PS 75% 19,77 19,23

Solo-Cal-ESC 25% 19,38 19,17

Solo-Cal-ESC 50% 19,68 19,45

Solo-Cal-ESC 75% 19,92 19,52

Conforme os resultados apresentados na tabela 6.7 observa-se que houve absorção de

água compatível com os limites estabelecidos pela NBR 8492/84 por todos os corpos-

de-prova solo-cal e solo-cal-resíduo nos períodos de 28 e 60 dias de cura. Os valores

encontrados são da mesma ordem de grandeza entre os corpos-de-prova solo-cal e solo-

cal-resíduo. Isso mostra que os corpos-de-prova com incorporação dos resíduos não são,

significativamente, mais porosos do que os do tipo solo-cal. Não ocorreram

55

significativas variações de valores para as diferentes composições e períodos de cura,

com índice de absorção de água em torno de 19%.

Não foi observada diminuição da capacidade de absorção de água com o aumento do

número de dias de cura dos corpos-de-prova o que reafirma que não ocorreu incremento

de resistência as provas devido um tempo maior de cura (60 dias), ou seja, um avanço

representativo das reações pozolânicas.

6.2.4 – Ensaio de classificação de resíduos dos corpos de-prova solo-cal-resíduo

Os ensaios de classificação de resíduo foram realizados apenas para os corpos-de-prova

solo-cal-resíduo que obtiveram resultado igual ou superior aos das normas nos ensaios

de resistência à compressão e absorção de água. Os corpos-de-prova que apresentaram

resultados favoráveis são: solo-cal-PS25 com 28 dias de cura, solo-cal-PS25 com 60

dias de cura e solo-cal-ESC25 com 60 dias de cura.

A tabela 6.8 apresenta os teores dos elementos na lixívia, de acordo com as normas

ABNT para classificação de resíduos.

Considerando os elementos analisados As, Ba, Cd, Cr, Pb e Mn, os corpos-de-prova

testados, em um possível descarte, são enquadrados como resíduos não perigosos

(Resíduos Classe II), de acordo com ABNT NBR 10004:2004.

Os elementos Hg, Se, Ag e o composto fluoreto, não foram analisados, mas, não são

característicos em nenhuma das matrizes dos traços confeccionados.

56

Tabela 6.8: Teor dos elementos analisados na lixívia (conforme ABNT NBR 10005/94)

e concentração – limite máximo no extrato obtido no ensaio de lixiviação de acordo

com ABNT NBR 10004:2004 para classificação de resíduos sólidos

Elementos

Parâmetros Analisados

As

(mg/L) Ba

(mg/L)

Cd

(mg/L)

Cr

(mg/L)

Pb

(mg/L)

Mn

(mg/L)

Limite

máximo na

lixívia

NBR 10004

(mg/L)

1,0 70,0 0,5 5,0 1,0

Não consta

no anexo

normativo

LIXPS28 < 0,004 0,085 < 0,009 0,061 < 0,026 < 0,001

LIXPS60 < 0,004 0,093 < 0,009 0,058 < 0,026 < 0,001

LIXESC60 < 0,004 0,199 < 0,009 0,047 < 0,026 5,870

Legenda:

LIXPS28: Solo-cal-PS25 lixiviado após 28 dias de cura;

LIXPS60: Solo-cal-PS25 lixiviado após 60 dias de cura;

LIXESC60: Solo-cal-ESC25 lixiviado após 60 dias de cura.

A tabela 6.9 mostra os teores dos elementos no solubilizado, de acordo com as normas

ABNT para classificação de resíduos.

57

Tabela 6.9: Teor dos elementos no solubilizado (conforme ABNT NBR 10006/94) e concentração – limite máximo no extrato obtido no ensaio

de solubilização de acordo com ABNT NBR 10004:2004 para classificação de resíduos sólidos

Legenda:

SOLPS28: Solo-cal-PS25 solubilizado após 28 dias de cura;

SOLPS60: Solo-cal-PS25 solubilizado após dias de cura;

SOLESC60: Solo-cal-ESC25 solubilizado após dias de cura.

Elementos

Parâmetros Analisados

Al

(mg/L)

As

(mg/L)

Ba

(mg/L)

Cd

(mg/L)

Cr

(mg/L)

Cu

(mg/L)

Fe

(mg/L) Na

(mg/L)

Pb

(mg/L)

Zn

(mg/L)

Mn

(mg/L)

Limite

máximo no

solubilizado

NBR 10004

(mg/L)

0,2 0,01 0,07 0,005 0,05 2,0 0,3 200,0 0,01 5,0 0,01

SOLPS28 0,14 < 0,040 < 0,001 < 0,009 0,020 < 0,007 0,981 0,343 < 0,026 < 0,003 < 0,001

SOLPS60 0,09 < 0,040 < 0,001 < 0,009 0,024 < 0,007 1,075 0,352 < 0,026 < 0,003 < 0,001

SOLESC60 0,18 < 0,040 < 0,001 < 0,009 0,022 < 0,007 1,399 0,372 < 0,026 < 0,003 < 0,001

58

Na tabela 6.9 os resultados apresentados mostram que os teores dos elementos Al, As,

Ba, Cd, Cr, Cu, Fe, Na, Pb, Zn e Mn ficaram dentro dos limites estabelecidos pela

norma ABNT NBR 10004:2004. O teor de ferro presente nos corpos-de-prova é

superior ao limite máximo permitido no solubilizado (0,3 mg/L). Para as amostras

SOLPS28, SOLPS60 e SOLESC60 os valores de ferro foram, respectivamente, foi de

0,918mg/L, 1,075mg/L e 1,399mg/L. A legislação relativa à deposição de resíduos

sólidos em aterros classifica as composições como resíduos classe II A – Não inertes, ou

seja, resíduos não perigosos e não inertes.

A análise de custo dos tijolos produzidos neste trabalho foi feita em relação a tijolos

crus tradicionais produzidos na região. Os tijolos deste estudo podem ser

produzidos nas mesmas fabricas de tijolos crus convencionais. Foram comparados os

custos para preparação de uma mesma quantidade de mistura para confecção de tijolos

solo-cal, solo-cimento e solo-cal-resíduo (10:0.75:.025). O custo da mistura solo-

cimento é cerca de 17% maior que a mesma quantidade da mistura solo-cal. A

substituição de 25% da cal por finos de pedra-sabão ou escória da fabricação de ferro-

ligas de manganês reduz em 32% o valor da mistura solo-cal. Os finos de pedra-sabão,

que são estocados como rejeito, não precisam ser processados o único custo é com

transporte até a planta de fabricação dos tijolos. A escória da fabricação de ferro-ligas

de manganês precisa ser britada, moída e transportada até a planta de fabricação dos

tijolos. O custo para preparação das misturas solo-cal-pedra-sabão e solo-cal-escória é o

mesmo já que o primeiro tem um maior custo de transporte e o segundo precisa ser

cominuído.

59

7 – CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos no estudo da adição de resíduos do setor mínero-

metalúrgico na fabricação de tijolos solo-cal, permitiram concluir que:

A análise granulométrica da amostra de escória de ferro-ligas de manganês após

britagem apresentou d80 = 1,680mm (1680μm). Os finos de pedra-sabão e o solo

apresentaram d80 igual a 0,048mm (48μm) e 0,700mm (700μm),

respectivamente.

Resíduos de pedra-sabão e escória de ferro-ligas de manganês, apresentaram

resultados favoráveis as exigências químicas estabelecidas para pozolanas de

classe E pela norma vigente. Desta forma, considerando as exigências químicas

os resíduos estudados podem ser utilizados como material pozolânico, na

confecção de tijolos solo-cal.

Os principais constituintes do solo foram quartzo, caulinita e muscovita. Na cal

foram identificados portlandita, calcita e nacrita. Os finos de pedra-sabão são

compostos dos minerais talco e clorita. Na escória de ferro-ligas de manganês

foi identificada apenas a fase cristalina enstatita.

O solo apresentou resultado favorável de limite de liquidez (43,5%) e índice de

plasticidade (14,7%) conforme a norma NBR 10833/89.

O solo utilizado foi classificado de acordo com a Classificação Unificada dos

Solos (The Unified Soil Classification System – USCS), como ML (siltes

inorgânicos e areias muito finas, alteração de rocha, areias finas, siltosas ou

argilosas).

A cal utilizada foi classificada, através da sua composição química, como cal

hidratada cálcica.

Os corpos-de-prova solo-cal-PS25 com 28 dias de cura apresentaram valores de

resistência à compressão simples (2,10 MPa) superior ao da norma NBR

8491/84.

A resistência a compressão simples, para os corpos-de-prova solo-cal-PS25 e

solo-cal-ESC25 com 60 dias de cura alcançaram valores da ordem de 2,20 MPa

e de 2,10 MPa, respectivamente, valores superiores ao da norma NBR 8491/84

(valor). Quanto maior o tempo de cura, maior os valores de resistência à

compressão simples para os corpos-de-prova solo-cal-PS25 e solo-cal-ESC25.

60

Para os teores de resíduo incorporados superiores a 25% (50 e 75%) ao tijolo

solo-cal, foram obtidos menores valores de resistência à compressão simples.

Todos os corpos-de-prova solo-cal-resíduo com 28 e 60 dias de cura

apresentaram valores de absorção de água dentro do limite estabelecido pela

norma NBR 8491/84 (≤ 20%).

Os corpos-de-prova SOLPS28, SOLPS60 e SOLESC60 foram classificados de

acordo com a norma NBR 10004/04 como Resíduos Classe II A – Não inertes.

Os resultados obtidos mostraram que os corpos de prova solo-cal com 25% de

incorporação de finos de pedra sabão com tempo de cura de 28 e 60 dias e o

corpo de prova com 25% de incorporação de escória de ferro-ligas de manganês

com tempo de cura de 60 dias apresentaram valores (2,10 MPa, 2,20 MPa e 2,10

MPa, respectivamente) acima da norma (≥ 2,0 MPa), tornando-os viáveis para a

sua utilização como tijolos solo-cal.

61

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