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FACULDADES INTEGRADAS MARIA THEREZA
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA BRAGA
MOTIVOS DE ADESÃO E EVASÃO DE ESCOLARES EM PROJETO DE
KARATE NO MUNICÍPIO DE MARICÁ, RJ
NITERÓI
2009
1
JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA BRAGA
MOTIVOS DE ADESÃO E EVASÃO DE ESCOLARES EM PROJETO DE
KARATE NO MUNICÍPIO DE MARICÁ, RJ
Monografia apresentada ao Curso de
Educação Física das Faculdades
Integradas Maria Thereza como
requisito parcial à obtenção do título
graduado na modalidade Licenciatura
Plena.
Orientador: Profº Ms. Cláudio Benevenute Lozana
NITERÓI
2009
2
BRAGA, José Roberto de Oliveira
Motivos de adesão e evasão de escolares em projeto de
karate no Município de Maricá, RJ. / José Roberto de Oliveira
Braga – 2009.
60 f. 30 cm
Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Educação
Física na Modalidade de Licenciatura Plena) - FAMATH, Niterói, RJ,
2008.
1. adesão. 2. evasão. 3. karate. 4. escolares.
3
MOTIVOS DE ADESÃO E EVASÃO DE ESCOLARES EM PROJETO DE
KARATE NO MUNICÍPIO DE MARICÁ, RJ
JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA BRAGA
Monografia apresentada ao Curso de
Educação Física das Faculdades
Integradas Maria Thereza como
requisito parcial à obtenção do título
graduado na modalidade Licenciatura
Plena.
Avaliado e aprovado com grau __________
Niterói, 02 de Julho de 2009
Banca Examinadora:
____________________________________________________
Prof. Ms. Cláudio Benevenute Lozana (Orientador)
Curso de Graduação, FAMATH
____________________________________________________
Prof. Dndo. Maurício Garcia Ennes
Curso de Graduação, FAMATH
____________________________________________________
Prof. Ms. Maria Regina de Menezes
Curso de Graduação, FAMATH
4
Dedico esta monografia para a minha
querida mãe, minha esposa Ana Maria e
nossos filhos, Eric e Larissa, bem como
ao meu Sensei de karate-do, Henrique
Paixão, por ter me ensinado desde tenra
idade a trilhar o honrado caminho do
Budo.
5
AGRADECIMENTOS
Capaz de suportar as adversidades de uma vida repleta de lutas, primeiramente
agradeço a Deus por ter me proporcionado muita saúde, tanto quanto me fazer
merecedor da graça de reverter circunstâncias pensadas como inalteráveis.
Agradeço a minha mãe pelo exemplo de ser humano que é. Mesmo tendo uma vida de
poucas posses, mostrou ser capaz de se desenvolver como exemplo de ética,
honradez, caráter, perseverança e humildade. Obrigado minha mãe!
Meu braço direito (e esquerdo), minha esposa Ana. Te agradeço pelos incontáveis
momentos de amor e companheirismo, principalmente nos mais difíceis momentos.
Eric Henrique e Larissa Brenda, meus amados filhos. Lhes agradeço pelas lições de
perseverança, quando de tão pouco, tanto se pode fazer.
Meus queridos avós (in memoriam), pelo amor eterno a mim devotado. Para sempre
terei meu coração apertado de saudades e esperança de poder lhes abraçar outra vez.
Agradeço ao meu Sensei de karate-do, Carlos Henrique Cardoso da Paixão, por me
apresentar, ensinar e guiar por um modo de vida em que as superações e vitórias
sobre si mesmo são a essência de uma vida que vale a pena ser vivida. Domo arigato
gozaimashita!
Muito obrigado aos meus amigos e professores que a mim confiaram o melhor de si.
Espero me fazer merecedor do conhecimento transmitido.
6
“Caia sete vezes, levante oito vezes”
Bhodhisatva Avalokitesvara Bodhidharma
7
RESUMO
O presente trabalho centra-se em investigar os motivos que levaram os alunos da rede pública municipal de ensino do município de Maricá a ingressarem e abandonarem o projeto de karate nas escolas. O estudo se deu como uma pesquisa descritiva, com caráter quantitativo e tipologia de survey, através da qual foi aplicado um questionário estruturado e referendado por três Professores Mestres das FAMATH. O questionário contém dez perguntas mistas em sentenças abertas e fechadas. A amostra do estudo foi coletada de forma intencional, sendo composta por trezentas crianças e jovens de ambos os sexos, com média de idade de 11,87 anos + 2,05, e tempo médio de prática na modalidade karate de 11,42 meses + 12,30. Os resultados indicaram que em geral os alunos foram motivados pelas suas respectivas famílias e o motivo mais proeminente de adesão foi o desejo de aprenderem a se defender, e como motivo mais significativo de evasão, o fim do projeto de karate nas escolas foi citado por aproximadamente 43% dos alunos, e que 42,66% dos alunos acusaram que poderiam não ter evadido da prática do karate no projeto caso este tivesse uma maior oferta de dias e horários de aulas. Dado este panorama, se constatou que o projeto de karate nas escolas ofertado pela Prefeitura Municipal de Maricá aos alunos de sua rede de ensino não foi bem elaborado, implantado e gerenciado, e que ainda deixou a reformulação do mesmo comprometida ao ter sido interrompido em virtude das eleições municipais, com isto, os alunos, que deveriam ter sido os protagonistas do projeto que deveria lhes acrescer em educação e vivências motoras, foram deixados de lado. PALAVRAS-CHAVE: adesão, evasão, karate, escolares.
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Público praticante por sexo ............................................................. 39
Tabela 2 Conheciam o karate antes do projeto da PMM ............................... 39
Tabela 3 Souberam das aulas de karate por intermédio de ........................... 40
Tabela 4 Entusiasmo ao saberem das aulas .................................................. 40
Tabela 5 Motivos de adesão ........................................................................... 41
Tabela 6 Nível de influência por motivo de adesão ........................................ 42
Tabela 7 Motivos de evasão ........................................................................... 43
Tabela 8 Nível de influência por motivo de evasão ........................................ 45
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................. 12
2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................15
2.1 KARATE-DO..................................................................................... 16
2.1.1 Origem das artes marciais orientais ............................................ 18
2.1.1.1 Da Índia para a China ...................................................................... 18
2.1.1.2 O desenvolvimento na China ........................................................... 19
2.1.1.3 Da China para Okinawa ................................................................... 20
2.1.2 Gichin Funakoshi ........................................................................... 23
2.1.2.1 De Okinawa para o Japão ............................................................... 24
2.1.2.2 O estilo de Shoto ............................................................................. 28
2.2 ADESÃO .......................................................................................... 29
2.3 EVASÃO .......................................................................................... 31
2.4 MOTIVAÇÃO ................................................................................... 32
2.5 KARATE E EDUCAÇÃO FÍSICA ..................................................... 34
3 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................. 36
3.1 TIPO DE ESTUDO .......................................................................... 36
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................ 36
3.3 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA ................... 37
3.4 FORMA DE ANÁLISE ...................................................................... 38
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............... 39
5 CONCLUSÃO .................................................................................. 47
10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GLOSSÁRIO
APÊNDICES
APÊNDICE A – Termo de consentimento para os entrevistados
APÊNDICE B – Termo de autorização para pesquisa
APÊNDICE C – Questionário validado
11
1 INTRODUÇÃO
A palavra japonesa karate-do significa literalmente “caminho das mãos
vazias”, onde kara é vazio, te é mão e do é caminho ou modo. O karate-do se
define como: “Método de ataque e defesa pessoal difundido pelos japoneses, e
que se funda na educação da vontade e em apurado treinamento físico”
(FERREIRA 2004, p.402). O karate-do é uma forma de budo e, na forma como o
conhecemos atualmente, se originou na ilha de Okinawa, localizada no
arquipélago Ryu Kyu ao sul do Japão, onde os samurai “proibiram novamente o
uso de armas, até recolhendo as existentes. Isso levou ao aperfeiçoamento da luta
sem armas, que era realizada escondida desde os primeiros tempos de Okinawa”
(TUBINO 2007, p.152).
De acordo com a Confederação Brasileira de Karate (CBK, 2009) há duas
teorias sobre o advento do karate no Brasil: uma credita que o karate teria sido
introduzido informalmente pelos imigrantes japoneses que aqui aportaram a partir
de 1908, e a outra versão, que é mais aceita em virtude dos registros de época,
afirma que a partir da década de 50, os mestres japoneses Yoshihide Shinzato
(estilo Shorin Ryu), Mitsusuki Harada e Juichi Sagara (estilo Shotokan), Koji
Takamatsu (estilo Wado Ryu) e Seiichi “Shikan” Akamine (estilo Goju Ryu)
implantaram de modo organizado as suas escolas de karate no Estado de São
Paulo, para somente na década seguinte difundi-lo pelos Estados do Rio de
Janeiro e Bahia, os quais tiveram a ajuda de outros mestres que chegariam
posteriormente.
Além de arte marcial de autodefesa, com o propósito de se promover
globalmente, desde 1957 o karate vem se desenvolvendo como um esporte de
competição, tanto que conta com um grande número de praticantes em todo o
mundo, mais de cento e oitenta milhões segundo a Federação Mundial de Karate
(WKF, 2009).
No Brasil, segundo a Confederação Brasileira de Karate (CBK, 2009),
existem mais de três mil locais de prática, com uma população que ultrapassa um
12
milhão de praticantes, sendo estes, crianças, jovens, adultos e idosos de ambos
os sexos, que buscam no karate, entre outras benesses, a manutenção da aptidão
física.
Com base nos dados da Federação de Karate do Estado do Rio de Janeiro
(FKERJ, 2009) o karate extrapola os limites dos dojo e ginásios esportivos para
transcender em diversas possibilidades além das disputas esportivas, seja nas
escolas ou em projetos de inclusão social, onde se pode verificar a sua grande
aceitação por parte da comunidade e governantes. “O propósito último do karate
deve ser a formação de um caráter moral irrepreensível feita com treinamento
rigoroso e diligente” (NAKAYAMA 2004, p.9).
Com a prática regular do karate didaticamente dinamizada através do
aprendizado dos fundamentos (kihon) e das lutas imaginárias (kata) torna-se
possível o desenvolvimento de múltiplas ações motoras, além disso, observa-se
melhorias no desenvolvimento do comportamento e do autocontrole em indivíduos
que praticam esta arte marcial.
O karate-do é uma prática através da qual o karate-ka domina todos os movimentos do corpo, como flexões, saltos e o balanço, aprendendo a movimentar os membros e o corpo para trás e para a frente, para a esquerda para a direita, para cima e para baixo, de um modo livre e uniforme (NAKAYAMA 2004, p.11).
O problema centra-se em investigar quais foram os motivos de adesão e de
evasão dos escolares, compreendidos na faixa etária de 8 a 17 anos, de ambos os
sexos, do projeto karate nas escolas, promovido de janeiro de 2005 a dezembro
de 2008, pela Prefeitura Municipal de Maricá (PMM).
O estudo se justifica pelo fato de o karate-do ser uma arte marcial que
promove grande envolvimento dos alunos, ao transmitir-lhes valores essenciais
para a sua formação como cidadãos, afinal “o karatê vai além do dojo”
(FUNAKOSHI 2006, p.53). Portanto, identificar quais são os fatores de adesão e
evasão dos mesmos se torna ferramenta indispensável para a manutenção destes
13
alunos em um ambiente rico e propício para os seus desenvolvimentos físico,
mental e espiritual, os quais, conseqüentemente, auxiliam na formação integral do
ser humano. Enriquecida pelos dados colhidos por instrumento próprio (apêndice
C) para identificar os motivos de adesão e evasão destes escolares, a presente
pesquisa tem por finalidade precípua servir às Secretarias Municipais de
Educação e Esportes do Município de Maricá, que poderão avaliar os resultados
do projeto em sua totalidade, para efetivamente corrigir as eventuais carências,
tanto quanto reforçar os pontos positivos, com o intuito de contribuir para a
formação integral dos alunos envolvidos, bem como ajudar a promover o
engrandecimento desta arte marcial.
Portanto, a partir da justificativa supracitada, este estudo torna-se relevante
por possibilitar a aquisição de dados pertinentes sobre erros e acertos do projeto
anterior para que se possa fornecer subsídios para a realização de novos projetos
centrados prioritariamente no desenvolvimento pessoal do aluno da rede municipal
de ensino da cidade de Maricá, pois as lutas, neste caso o karate, “foram
incorporadas pela Educação Física em seus conteúdos” (PCN 1997, p.27) e “têm
em comum a representação corporal, com características lúdicas, de diversas
culturas humanas; todos eles ressignificam a cultura corporal humana e o fazem
utilizando uma atitude lúdica” (PCN, 1997 p.27).
Logo, o objetivo deste estudo centra-se em identificar os motivos de adesão
e de evasão dos alunos que praticaram karate em projeto social ofertado pela
Prefeitura Municipal de Maricá de 2005 a 2008.
14
2 REVISÃO DE LITERATURA
O karate é exemplificado como um tipo de luta, que por sua vez é entendida
como “disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante
técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um
determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa” (PCN 1997,
p.49).
As artes marciais, além de serem de origem oriental, são compreendidas a
partir de um “repertório mais ou menos sistematizado de técnicas, movimentos e
exercícios corporais para defesa e ataque, com emprego de armas ou sem ele”
(FERREIRA 2004, p.201).
Os autores Tubino e Ferreira entendem arte marcial de um modo muito
parecido, porém Tubino conceitua arte marcial de um modo ainda mais fechado,
pois para ele as artes marciais essencialmente têm origem oriental e bélica:
Consideram-se Artes Marciais aquelas que começaram nas práticas guerreiras da Ásia. Qualquer outro tipo de luta não pode ser confundido com Arte Marcial. Reforçando, uma prática para ser pontuada como Arte Marcial ou Esporte derivado de Arte Marcial precisa ter alguma ligação histórica com os regimes feudais asiáticos. O termo Marcial corresponde ao uso militar dessas lutas, que se desenvolveram ao acrescentar referências em crenças religiosas, antes de se tornarem esportes (TUBINO 2007, p.148).
Entretanto, mais aceito e conhecido no meio dos praticantes de artes
marciais é o conceito de arte marcial encontrado em texto disponível na
Enciclopédia Livre:
15
Arte marcial é um conjunto de técnicas, filosofias e tradições de combate. Cada arte marcial é herdeira de uma determinada tradição e constitui um todo coerente em que as técnicas são devidamente enquadradas por conceitos filosóficos e por rituais tradicionais. Em cada especialidade ou luta, temos a graduação em níveis de acordo com a evolução do praticante tanto no nível físico (técnicas) como no nível filosófico (WIKIPÉDIA 2009).
De acordo com Ferreira (2004), a origem do termo artes marciais é
ocidental e latina e é uma referência às artes de guerra e luta. Sua origem é
vinculada ao deus da guerra greco-romano Marte. Segundo esta mitologia, as
artes marciais são as artes ensinadas pelo deus Marte aos homens. As artes
militares ou marciais são todas as práticas utilizadas pelos exércitos no
desenvolvimento de treinamento e habilidades para o uso em guerras não
importando a origem ou povo que as criou.
2.1 KARATE-DO
O karate-do é uma arte marcial originada a partir das técnicas de
autodefesa sem armas de Okinawa e tem como base filosófica o Budo japonês.
Através de muito trabalho e dedicação, ele busca a formação do caráter de seu
praticante e o aprimoramento da sua personalidade. Para De Paula (1996, p.32),
cada pessoa pode ter objetivos diferentes ao optar pela prática do karate-do, que
devem ser respeitados. Cada um deverá ter a oportunidade de atingir suas metas,
sejam elas, tornar-se forte e saudável, obter autoconfiança e equilíbrio interior ou
mesmo dominar técnicas de defesa pessoal. Contudo, o praticante não deve fugir
do real objetivo da arte, que “não é decidir quem é o vencedor e quem é o
vencido. O karate-do é uma arte marcial para o desenvolvimento do caráter
através do treinamento, para que o karate-ka possa superar quaisquer obstáculos,
palpáveis ou não” (NAKAYAMA 2003, p.11).
16
Para Tubino (2007), enquanto arte marcial, o karate vem se aperfeiçoando
há muitos anos e não é apenas um esporte onde se trocam socos e pontapés, é
uma filosofia de vida que ensina através do exercício físico não só a defesa
pessoal através da prática, mas também o fortalecimento físico e mental
conquistado pelo lapidamento do espírito, que com isso, consegue viver em
harmonia com o universo. O karate assim como outras artes marciais japonesas,
ultrapassa a mera questão como arte marcial e passa a ser um caminho no qual,
através de seus princípios, se busca transpor os obstáculos em qualquer momento
da vida.
Fazendo uso das palavras do Mestre Nakayama: “Treinar significa treinar o
corpo e o espírito e, acima de tudo, a pessoa deve tratar o adversário com cortesia
e a devida etiqueta. Não basta lutar com toda a força pessoal; o verdadeiro
objetivo do karate-do é lutar em nome da justiça” (NAKAYAMA 2006, p.9).
Benedito Nelson Augusto dos Santos, o primeiro faixa preta de karate
legitimamente brasileiro explica que: “Não podemos falar que o Karate é somente
um esporte como todos conhecem ou que seja apenas defesa pessoal, é algo
muito mais complexo do que uma simples luta à distância ou corpo a corpo”
(BNAS, 2009).
Aquele que só pensa em si e quiser dominar técnicas de Karate-Do somente para utilizá-las numa luta não está qualificado para aprendê-lo, afinal, o Karate-Do não é somente a aquisição de certas habilidades defensivas, mas também o domínio da arte de ser um membro da sociedade bom e honesto. Integridade, humildade e autocontrole resultarão do correto aproveitamento dos impulsos agressivos e dos instintos primários existentes em todos os indivíduos (FAETEC 2009).
O objetivo do karate-do é a perfeita integração entre a tríade corpo-mente-
espírito. Sendo assim, o karate-do se propõe a contribuir para a formação integral
do homem. Isso o diferencia de outras práticas puramente esportivas, pois “treinar
17
apenas para vencer uma luta pode levar a degeneração dessa arte dinâmica e
poderosa” (NAKAYAMA 2004, p.9).
2.1.1 Origem das artes marciais orientais
Conforme atesta Tubino (2007, p.162), as formas de autodefesa
provavelmente são tão antigas quanto a raça humana. O karate-do e as demais
artes marciais atuais têm suas raízes mais remotas nos séculos V e VI a.C.,
quando se encontram os primeiros indícios de lutas na Índia. Esta luta era
chamada Vajramushti, cuja tradução aproximada poderia ser "aquele cujo punho
cerrado é inflexível". O Vajramushti era uma arte marcial praticada pela casta de
guerreiros hindus chamada Kshatriya.
2.1.1.1 Da Índia para a China
De acordo com a Fundação de Apoio ao Ensino Técnico (FAETEC 2009),
há cerca de 1400 anos, Bhodhisatva Avalokitesvara Bodhidharma, fundador do
Zen-Budismo, deixou o oeste da Índia e atravessou as montanhas do Himalaia
cruzando rios e regiões completamente selvagens e chegou à China com o
propósito de tornar conhecidos os textos do budismo. Naquela época, as estradas
entre China e Índia praticamente inexistiam e as dificuldades eram imensas, de
onde se pode imaginar a grande força física e espiritual, necessárias para superar
os milhares de quilômetros da viagem.
Sasaki (1996) conta que anos mais tarde, Bodhidharma foi até o templo
Shaolin (Pequeno Bosque), na província de Hunan, falar sobre o budismo a um
grande número de discípulos. A lenda conta que quando ele chegou encontrou os
monges do Templo numa condição de saúde tão precária, devido às longas horas
18
em que eles passavam imóveis durante a meditação, que ele imediatamente se
preocupou em lhes melhorar a saúde. O que ele ensinou foi uma combinação de
exercícios de respiração profunda, yoga e uma série de movimentos conhecidos
como "As Dezoito Mãos de Lo Han" (Lo Han foi um famoso discípulo de Buda).
Esses ensinamentos foram reunidos em um só código de exercícios e os monges
logo descobriram serem capazes de se defender dos bandidos nômades que os
consideravam uma presa fácil.
Benedito Nelson Augusto dos Santos (2009) conta que Bodhidharma
ministrava treinamentos intelectualmente muito rigorosos, o que deixava seus
alunos prostrados de exaustão face à grande concentração que a Teologia, este
método está descrito no Ekkin-Kyo (Ekkin-Sutra) e com ele, os monges puderam
desenvolver-se física e espiritualmente. Esses monges do templo Shaolin ficaram
conhecidos em toda a China por sua grande força e coragem. Mais tarde, depois
de ser ensinado em muitos outros lugares, o método ficou conhecido com o nome
do lugar de sua origem, e passou a chamar-se kung fu Shaolin sendo reconhecido
pelos historiadores como a base deste estilo de arte marcial.
2.1.1.2 O desenvolvimento na China
Conforme atesta Sasaki (1996), diferentes estilos de kung fu se
desenvolveram quando as personalidades e as nuanças dos monges emergiram,
inicialmente existiam dois templos Shaolin, um na província de Honan e outro em
Fukien, entre 840 e 846 a.C., ambos os templos, assim como muitos milhares de
templos menores, foram saqueados e queimados. Todos supervisionados pelo
Governo Imperial Chinês, que na época tinha uma política de perseguição e
importunação sobre os budistas. Os templos de Honan e Fukien foram mais tarde
reconstruídos somente para serem destruídos por completo pelos Manchus
durante a Dinastia Ming de 1368 a 1644 a.C., quando somente cinco monges
19
escaparam, enquanto todos os outros foram massacrados pelo imenso exército
Manchu.
Conforme FAETEC (2009), os cinco sobreviventes tornaram-se conhecidos
como "Os Cinco Ancestrais". Eles vagaram por toda China, cada um ensinando
sua própria forma de kung fu. Este fato é considerado a origem dos cinco estilos
básicos de kung fu: Tigre, Dragão, Leopardo, Serpente e Grou.
2.1.1.3 Da China para Okinawa
Benedito Nelson Augusto dos Santos (2009) conta que a ilha de Okinawa,
pertencente ao arquipélago Ryu Kyu, localizado ao sul do território japonês, é a
maior de mais de sessenta pequenas ilhas e dista da China apenas quinhentas
milhas náuticas. Com esta privilegiada localização geográfica, foi inevitável o
intercâmbio comercial entre cidadãos chineses e os nativos okinawanos. Quando
os chineses emigraram para a ilha de Okinawa, novos sistemas de luta se
desenvolveriam a partir da junção destes povos.
De acordo com Wikipédia (2009), o nome genérico dado às formas de luta
autóctones de Okinawa foi Te (mão) ou Okinawa-Te. Infelizmente não há
documentação que elucide com clareza esses fatos, nem datas exatas do
aparecimento de suas origens em virtude do fato de não haver escrita nesta época
em Okinawa, porém, é aceito dizer que o karate-do se desenvolveu a partir do Te
e do que seria hoje o kung fu, que foi levado a Okinawa pelo comércio exterior
com a China.
Segundo FAETEC (2009), Sho Hashi, o rei de Chuzan, ficou famoso
quando em 1429 conseguiu finalmente reunir os reinos de Chuzan, Nanzan e
Hokuzan que dividiam a Okinawa da época. Por tal feito, Sho Hashi é considerado
herói por seu povo. Quarenta e oito anos depois, seu neto Sho Shin, então rei de
Okinawa, baixou um decreto proibindo o uso de armas em território okinawano.
20
FAETEC (2009) descreve que em 1609, o Clã Shimazu, que governava
Kyushu, ilha pertencente ao império japonês, conquistou Okinawa, que não
ofereceu resistência em virtude do desarmado povo. A fim de dominar a sua nova
colônia, o Clã Shimazu reeditou o decreto de proibição da possessão de armas,
no qual até mesmo os implementos agrícolas não poderiam pernoitar fora dos
armazéns do governo. Já em 1669, até a manufatura de espadas cerimoniais foi
banida de Okinawa. Credita-se que o desenvolvimento do Te enquanto forma de
autodefesa desarmada e arte marcial tenha recebido um grande impulso como
consequência dessa dupla proibição.
Conforme Wikipédia (2009), havia três principais núcleos de Te em
Okinawa. Estes núcleos eram as cidades de Shuri (região sul), Naha (localizada
ao norte e rica em comércio) e Tomari (portuária). Conseqüentemente os três
estilos básicos de Okinawa tornaram-se conhecidos a partir dos nomes de suas
cidades: Shuri-te, Naha-te e Tomari-te. Do Shuri-Te derivaram-se os estilos
Shotokan, Shito Ryu, Shorin Ryu e Wado Ryu, o Naha-Te evoluiria para o estilo
Goju Ryu, e o Tomari-Te, que na verdade era uma fusão do Naha-Te com o Shuri-
Te.
De acordo com Hassell, “no século 18 o desenvolvimento do karate tornou-
se mais aberto e, conseqüentemente, as ações dos mestres eram mais
cuidadosamente registradas” (HASSELL, 1991, P. 7).
Estudiosos acreditam que o famoso chinês Kung Siang Chun (Koshokun em japonês) era um enviado chinês durante a dinastia Ming, enquanto que outros citam referências a um marinheiro, sobrevivente de um navio afundado. Ainda outros insistem que Koshokun foi residente da vila de Kumemura por mais de dez anos. Enquanto parece certo que esta pessoa realmente existiu, os registros históricos escritos nos deixam com apenas um fato indisputável: a despeito de quanto Koshokun ou qualquer outro chinês ensinou a respeito de lutas aos nativos de Okinawa, parece não haver dúvida de que eles, que se consideravam de uma casta inferior aos chineses, foram absorvidos pelos fundamentos filosóficos das refinadas artes marciais chinesas, e buscaram associar-se a qualquer coisa que fosse chinesa (HASSELL, 1991, p. 7).
21
Segundo Shidokan (2009), dojo representante do estilo Shorin Ryu no
Brasil, o Mestre em Shuri-Te, Satunuku Kanga “Tode” Sakugawa (1733-1815) teria
travado contato com o kung fu levado a Okinawa pelo monge budista chinês Kung
Siang Chun, ou Kushanku em língua japonesa, (?-1762). Este fato caracteriza o
desenvolvimento do Okinawa-Te ao longo dos séculos como uma arte marcial
autóctone de Okinawa não menos importante que a influência chinesa provocada
por este encontro.
Nascido em 1733 em Shuri, ainda jovem Kanga Sakugawa iniciou em 1750 seus estudos da arte marcial okinawense sob a tutela do monge Peichin Takahara (1683-1760) de Akata. Um encontro casual fez com que ele conhece o expert em arte marcial chinesa conhecido como Kushanku em 1756. Ele treinou com Kushanku durante 6 anos em Kumemura (SHIDOKAN 2009).
Segundo FAETEC (2009), Sokon Matsumura (1800-1890), aluno de
Sakugawa, aperfeiçoou esta união do Okinawa-Te com o kung fu trazido da China
e a transmitiu, sob o nome de To-De (mãos da China), para Anko Itosu (1813-
1915), que ensinou a seus quatro principais alunos: Anbun Tokuda (1886-1945),
Choki Motobu (1871-1944), Gichin Funakoshi (1888-1957) e Choshin Chibana
(1885-1969), dos quais surgiram vários dos demais estilos de karate hoje
praticados no mundo.
O primeiro deles, Shuri-te, veio a ser ensinado por Sakugawa (1733-1815), que ensinou Sokon "Bushi" Matsumura (1796-1893), e que por sua vez ensinou Anko Itosu (1813-1915). Foi Itosu o responsável pela introdução da arte nas escolas públicas de Okinawa. Shuri-te foi o precursor dos estilos japoneses que eventualmente vieram a se chamar Shotokan, Shito Ryu e Isshin Ryu. O Naha-te tornou-se popular devido aos esforços de Kanryo Higaonna (1853-1916). O principal professor de Higaonna foi Seisho Arakaki (1840-1920), e seu mais famoso aluno foi Chojun Miyagi (1888-1953). Miyagi também foi à China para estudar. Ele mais tarde desenvolveu o estilo conhecido hoje por Goju Ryu (FAETEC, 2009).
22
2.1.2 Gichin Funakoshi
Hassel (1991) conta que o filho de Gisu Tominakoshi era um confucionista
que ensinara membros da família real e que possuía o título Shizoku (pequena
aristocracia), seu nome era Gichin Funakoshi e nascera prematuramente a
10/11/1868, em Yamakawa, Shuri, Okinawa, o que lhe conferiu uma saúde débil
por toda a infância. “A frágil criança foi dada para sua avó materna para criar e
prover o cuidado extra que só ela saberia dar” (HASSEL,1991, p.18).
Conforme atesta em sua autobiografia, Funakoshi (2000) conta que quando
começou a frequentar a escola primária ainda garoto, conheceu um menino de
quem ficou muito amigo. Este menino era filho de Yasutsune Azato, um dois
maiores especialistas de Okinawa na arte do Tode, além de membro de uma das
mais respeitadas famílias da ilha. Em pouco tempo Funakoshi, então com onze
anos de idade, começaria a tomar suas primeiras lições de Tode. Como na época
a prática de artes marciais era proibida em Okinawa, os treinos eram realizados a
noite, no quintal da casa do Mestre Azato. Lá ele aprendia a socar, chutar e
mover-se conforme os métodos praticados naqueles dias. O treinamento era muito
rigoroso, haja vista que Mestre Azato tinha uma filosofia de treinamento que se
chamava "Hito Kata San Nen" (um kata em três anos).
Funakoshi (2000) estudava cada kata a fundo e quando autorizado pelo seu
mestre, seguia para o próximo. Ele conta que enquanto praticava no quintal de
Azato com outros jovens, outro Mestre do Tode, Mestre Anko Itosu, amigo de
Azato, aparecia e observava-os fazendo kata, quando tecia comentários sobre
suas técnicas. Era uma rotina dura que terminava sempre de madrugada sob a
disciplina rígida do mestre Azato, do qual o melhor elogio se limitava a uma única
palavra: "Bom!". Após os treinos, já quase ao amanhecer, Azato falava sobre a
essência do Tode.
Segundo sua autobiografia, Funakoshi (2000), paralelamente a prática do
Tode, fora contratado pela prefeitura para ser professor primário em Naha, que era
a sede administrativa de Okinawa.
23
2.1.2.1 De Okinawa para o Japão
O Karate-Do moderno data do tempo em que o Mestre Gichin Funakoshi, líder da Sociedade das Artes Marciais de Okinawa, foi solicitado em maio de 1922 pelo Ministério da Educação do Japão para conduzir aulas de Karate-Do em Tóquio. A nova e entusiástica arte foi recebida e introduzida em várias universidades, o que fez com que nascesse a raiz e começasse a florescer o Karate-Do moderno. Por ter sido praticado secretamente no passado, o Karate-Do formou um grande número de estilos (ou escolas) diferentes. Hoje há numerosos estilos no Japão e em todo o mundo, porém os mais influentes são: o Shotokan, o Goju-Ryu, o Shito-Ryu, o Shorin-Ryu e o Wado-Ryu. A maioria dos principais estilos tem suas matrizes no Japão e filiais em outros países (FAETEC, 2009).
Segundo Hassel (1991), durante a visita de Shintaro Ogawa em 1902, que
era o inspetor escolar da prefeitura de Kagoshima, à escola que Funakoshi
ministrava aulas, foi feita uma demonstração de karate, na qual Funakoshi
impressionou bastante devido ao seu status de educador. Ogawa ficou tão
entusiasmado que escreveu um relatório ao Ministério da Educação elogiando as
virtudes da arte. Foi então que o treinamento de karate passou a ser oficialmente
autorizado nas escolas, pois até então o karate só era praticado atrás de portas
fechadas, mas isso não significava que fosse um segredo, afinal as casas em
Okinawa eram muito próximas umas das outras, e tudo que era feito numa casa
era conhecido pelas oito casas adjacentes. De acordo com Funakoshi e Nakasone
(2006, p.15), podemos constatar o tom de segredo mantido naquela época:
“Desde a antiguidade, o karate era ensinado em segredo em Okinawa, a terra
natal do mestre Funakoshi. Ele tomou para si a tarefa de introduzir e encorajar a
prática do karate na capital, Tóquio, onde continua a prosperar”.
Segundo FAETEC (2009), com a ajuda de Itosu, Funakoshi trouxe o karate
até o sistema de escolas públicas contra os pedidos de muitos dos mais antigos
mestres de karate, que eram a favor de manter tudo em segredo, o que não
impediu que crianças aprendessem kata na escola como parte das aulas de
24
Educação Física. A redescoberta da herança étnica em Okinawa era moda, então
as aulas de karate em Okinawa foram bem vistas.
Hassel (1991) conta que alguns anos depois, o Almirante Rokuro Yashiro
(na época Capitão) assistiu a uma demonstração de kata. Essa demonstração foi
feita por Funakoshi junto com uma equipe composta por seus melhores alunos.
Enquanto ele narrava, os outros executavam kata, quebravam telhas, e
geralmente chegavam ao limite de seus pequenos corpos enquanto Funakoshi
enfatizava o desenvolvimento do caráter e autodisciplina. Quando ele participava,
gostava de executar o kata Kanku Dai, o maior do karate, e talvez o mais
representativo. Yashiro ficou tão impressionado que ordenou a seus homens que
iniciassem o aprendizado na arte.
De acordo com FAETEC (2009), em 1912, a Primeira Esquadra Imperial da
Marinha ancorou na Baía de Chujo, sob o comando do Almirante Dewa, que
selecionou doze homens da sua tripulação para estudarem karate durante uma
semana, e foi graças a esses dois oficiais da Marinha que o karate começou a ser
comentado em Tóquio. Os japoneses que viam essas demonstrações levavam as
histórias sobre o karate consigo quando voltavam ao Japão, e pela primeira vez na
sua história, o Japão acharia algo na sua pequena possessão de Okinawa além
de praias bonitas e o ar puro.
Segundo Wikipédia (2009), em 1921, o então Príncipe Herdeiro Hirohito, em
viagem para Europa, fez escala em Okinawa e assistiu a uma demonstração de
karate liderada por Funakoshi, pela qual ficou muito impressionado. Por causa
disso, no final desse mesmo ano, Funakoshi foi convidado para fazer uma
demonstração de karate em Tóquio, numa Exibição Atlética Nacional. Ele aceitou
imediatamente, acreditando ser esta uma ótima oportunidade para divulgar a arte,
na qual a sua demonstração de kata foi um sucesso. Funakoshi pretendia retornar
logo para Okinawa, mas depois da exibição, foi cercado por pedidos para ficar no
Japão ensinando karate, sendo que uma das pessoas que pediu para que ele
ficasse foi Jigoro Kano, o fundador do judo e presidente do Instituto Kodokan. Com
tal pedido, resolveu ficar mais alguns dias para fazer demonstrações técnicas no
próprio Kodokan.
25
Conforme Hassel (1991), algum tempo depois, quando se preparava
novamente para retornar à Okinawa, Funakoshi foi visitado pelo pintor Hoan
Kosugi, que já tinha assistido a uma demonstração de karate em Okinawa, e pediu
que ele lhe ensinasse a arte, fazendo com que mais uma vez sua volta fosse
adiada, foi quando Funakoshi percebeu que se quisesse ver o karate propagado
por todo o Japão, ele mesmo teria que fazê-lo, o que lhe decidiu ficar em Tóquio
até que sua missão fosse cumprida.
Segundo FAETEC (2009), Funakoshi foi ajudado no Japão por Jigoro Kano,
o homem que reuniu tantos estilos diferentes de ju jutsu para fundar o judo. Kano
tornou-se amigo íntimo de Funakoshi, e sem sua ajuda nunca teria havido karate
no Japão. Kano o introduziu as pessoas certas, levou-o às festas certas, caminhou
com ele através dos círculos sociais da elite japonesa, para mais tarde naquele
mesmo ano, as classes mais altas dos japoneses se convencerem do valor do
treinamento do karate. Funakoshi fundou um dojo de karate num dormitório para
estudantes de Okinawa, em Meisei Juku e trabalhou como jardineiro, zelador e
faxineiro para poder se alimentar enquanto ensinava karate a noite.
De acordo com a sua autobiografia, Funakoshi (2000) publicou o seu
primeiro livro a pedido do pintor Hoan Kosugi, Ryukyu Kenpo Karate, que tratava-
se de um tratado nos propósitos e prática do karate. Na introdução deste livro, ele
já dizia que "a pena e a espada são inseparáveis como duas rodas de uma
carroça". O grande terremoto de Kanto em 1º de setembro de 1923 destruiu as
placas de seu livro, e levou alguns de seus alunos com ele. Ninguém morreu com
o tremor, os incêndios que provocaram as mortes. O terremoto ocorreu durante a
hora do almoço, no momento em que cada fogão a gás no Japão estava ligado.
Os incêndios que ocorreram a seguir eram monstruosos, e maioria das vidas
perdidas se deveu ao fogo. Este livro teve grande popularidade, e quatro anos
após o seu lançamento foi revisado e reeditado com o título alterado para: "Rentan
Goshin Karate Jutsu".
Ainda de acordo com a sua autobiografia, Funakoshi (2000) começou em
1925 a ensinar alunos dos vários colégios e universidades na área metropolitana
de Tóquio, e nos anos seguintes esses alunos começariam a fundar seus próprios
26
clubes e a ensinar karate a estudantes destas escolas. Como resultado, o karate
começou a se espalhar por Tóquio. No início da década de 30 havia clubes de
karate em cada universidade de prestígio de Tóquio, e como o Japão estava
travando uma Guerra de Colonização na Bacia do Pacífico, pela qual invadiram e
conquistaram a Coréia, Manchúria, China, Vietnã, Polinésia, e outras áreas,
jovens a ponto de irem para a guerra vinham a Funakoshi para aprender a lutar,
assim eles poderiam sobreviver ao recrutamento nas Forças Armadas Japonesas.
Com isto, o seu número de alunos aumentou bastante. No ano de 1935 ele
publicaria seu próximo livro: "Karate-Do Kyohan". Este livro trata basicamente dos
kata.
Segundo Hassel (1991), Funakoshi era Taoísta e ensinava Clássicos
Chineses, como o Tao Te Ching de Lao Tzu enquanto ele estava vivendo em
Okinawa. Funakoshi era profundamente religioso. Ele tinha muito medo de que o
Karate se tornasse um instrumento de destruição, e provavelmente queria eliminar
do treinamento algumas aplicações mortais dos kata, motivo pelo qual ele parou
de fazer tais aplicações. Ele também começou a desenvolver estilos de luta que
fossem menos perigosos. Funakoshi teve sucesso ao remover do karate técnicas
de quebras de articulações, de ossos, dedos nos olhos, chaves de cotovelo,
esmagamento de testículos, criando um novo mundo de desafios e luta em equipe
onde somente umas poucas técnicas seriam legais. Ele fez isso baseado nos seus
propósitos e com total conhecimento dos resultados.
De acordo com Hassel (1991), FAETEC (2009), Wikipédia (2009), Benedito
Nelson Augusto dos Santos (2009), entre outros, Funakoshi mudou em 1936 os
caracteres Kanji utilizados para escrever a palavra Tode (ou karate) para os
caracteres "kara", que significava "China", e o caractere "te", que significava
"mão". Para popularizar mais a arte no Japão, ele mudou o caractere "kara" por
outro, que significa "vazio". De "mãos chinesas" o karate passou a significar "mãos
vazias", e como os dois caracteres são lidos exatamente do mesmo jeito, então a
pronúncia da palavra continuou a mesma. Além disso, Funakoshi defendia que o
termo "mãos vazias" seria o mais apropriado, pois representa não só o fato de o
karate ser um método de defesa sem armas, mas também representa o espírito do
27
karate, que é esvaziar o corpo de todos os desejos e vaidades terrenos. Com essa
mudança, Funakoshi iniciou um trabalho de revisão e simplificação, que também
passou pelos nomes dos kata, pois ele também acreditava que os japoneses não
dariam muita atenção por qualquer coisa que tivesse a ver com o dialeto
provinciano de Okinawa.
2.1.2.2 O estilo de Shoto
Segundo Sasaki (1996), Gichin Funakoshi não acreditava na criação e
propagação de estilos diversos de karate, e sim que todo karate deveria ser um
só, mesmo com as naturais diferenças de metodologia que variam de professor
para professor. Apesar de seus esforços unificatórios para a difusão desta arte
marcial no território japonês, ele não foi capaz de impedir a criação de sua própria
escola, o Shotokan.
De acordo com FAETEC (2009), Shoto era como Funakoshi assinava seus
poemas e caligrafias aprendidas durante a morada com seus avós. Literalmente,
shoto significa pinheiros ondulando ao vento e kan significa edificação ou salão,
sendo que até 1939, não existia uma sede ou organização formal do karate de
Funakoshi, apesar do trabalho de expansão realizado por ele nos diversos clubes
e universidades que prosperavam o karate em todo o território japonês.
Nakayama (2004), um dos mais antigos alunos de Funakoshi, descreve que
os alunos de Funakoshi construíram um dojo em sua homenagem e o chamaram
de Shotokan (Edifício de Shoto) ao colocarem uma placa em sua entrada.
Infelizmente durante a II Guerra Mundial o dojo Shotokan foi destruído e credita-se
a este fato a origem do nome de seu estilo.
“Só é possível tornar-se um verdadeiro adepto do karate-do quando se
atinge a perfeição nesses dois aspectos: o espiritual e o físico” (NAKAYAMA 2004,
p.10).
28
2.2 ADESÃO
Por adesão entende-se o “ato de aderir ou manifestação de solidariedade a
uma idéia ou a uma causa” (FERREIRA 2004, p.50).
Sendo o karate a causa ou atividade em questão, os motivos que levam as
crianças e os adolescentes a praticarem-no são diversos, no entanto, alguns se
mostram mais determinantes, como por exemplo, o desejo imaginário de se
tornarem mais respeitados perante aos colegas através do aprendizado de uma
arte marcial. Ainda se pode observar motivos ligados ao desejo de competir, de
obter sucesso no meio esportivo, pois “a formação esportiva pode representar
para os sujeitos das camadas populares, um meio de subir na vida, devido a difícil
realidade encontrada pela grande maioria da população” (VIANNA 2003, p.5).
Entretanto, o motivo que se mostra mais contundente, diz respeito ao apoio
familiar, que pode ter sua origem em entes ex-praticantes, ou simplesmente pelo
reconhecimento por parte dos familiares de que o karate-do se apresenta como
uma viável alternativa de orientação educacional.
Como o esporte se mostra um ambiente de (aparente) igualdade social, a
adesão ao esporte também pode se dar tanto pelo desejo de ascender perante os
não praticantes, como também pelo simples fato de determinada prática se
mostrar como alternativa única ao ócio, fonte esta de problemas de delinquência
juvenil e até mesmo infantil. A competitividade, tão presente em nossa sociedade
capitalista, é um forte fator de atração para a prática do karate-do. No entanto,
Nakayama ressalta que:
O desejo de vencer uma disputa é contraproducente, uma vez que leva a uma falta de seriedade no aprendizado dos fundamentos. Além disso, ter como objetivo uma exibição selvagem de força e vigor numa disputa é algo totalmente indesejável. Quando isso acontece, a cortesia para com o adversário é esquecida e esta é de importância fundamental em qualquer modalidade do karate (NAKAYAMA 2004, p.10).
29
Segundo FAETEC (2009), a vida moderna tende a ser pouco saudável,
uma vez que provoca estresses e estafa, fenômenos fisiológicos agravados por
uma alimentação inadequada e pela sazonalidade na prática de atividade física.
Com esses fatores mencionados, a qualidade de vida da população fica bastante
abalada, tanto em nível físico quanto psicológico. Atualmente, cada vez mais
pessoas no mundo estão completamente sedentárias, sendo justamente estas as
que mais teriam a ganhar com a prática regular de atividade física, seja como
forma de prevenir doenças, promover saúde ou sentir-se melhor. No entanto, a
prática de exercícios compete com o conforto urbano da TV (por assinatura ou
não), do DVD, do cinema e do shopping, por exemplo.
Para De Paula (1996), as influências sociais da família e amigos também
são de extrema importância à manutenção da atividade física, pois esse suporte
social incentiva o praticante a manter o interesse em continuar fisicamente ativo,
haja vista que os efeitos positivos sobre os aspectos psicológicos originam-se do
prazer obtido na atividade realizada e posterior bem-estar, os quais resultam da
satisfação das necessidades ou do sucesso no desempenho das habilidades em
desafio.
No caso das artes marciais, a procura pode justificar-se por um aumento
crescente da criminalidade e da falta de segurança nos grandes centros, o que faz
com que algumas pessoas procurem algum tipo de arte marcial para se proteger
da violência urbana. Buscar um estilo de vida mais ativo, com objetivos claros de
promoção da saúde, também é uma forma de proteger a si mesmo contra fatores
nocivos ao organismo, como o sedentarismo, por exemplo.
O aspecto político da exclusão revela que seu maior problema é a falta de
cidadania, que impede os excluídos de perceberem como as carências são
impostas e as oportunidades obstruídas. Dado isto, também se faz necessário
atentar para o fato de que infelizmente as oportunidades não são para todos.
Considera-se que grande parte da população em nosso país, quando faz
opção por alguma atividade corporal, não busca alto rendimento, muito menos um
profissionalismo, mas sim, uma forma de se exercitar no tempo de lazer, algumas
questões surgem como indagações para a educação física, área articuladora dos
30
elementos lutas, jogos, esportes, danças e ginásticas. Se essas opções no lazer
não se referem igualmente a uma educação formal, ou seja, não estão sendo
desenvolvidas na relação do sujeito com a instituição escolar, uma outra relação
com o conhecimento deve ser estabelecida. Devemos indagar se os objetivos
almejados no tempo disponível das pessoas, geralmente relacionados à dilatação
das regras sociais, podem ser alcançados através das modalidades tradicionais,
com formas de movimento repletas de técnicas e programas orientados para a
quantidade e a busca da performance.
Os estudos realizados sobre essa temática, ressaltam que os adolescentes
possuem motivos que os fazem se dedicar à prática regular de atividade física. A
escolha de uma determinada modalidade não é aleatória, uma vez que por trás
dessa escolha está algo ou alguém que, consciente ou inconscientemente,
direciona esta escolha. “O Karate é ilimitado, fonte de riquezas imensas para
quem busca autoconhecimento através das artes marciais” (DE PAULA 1996,
p.32).
2.4 EVASÃO
De acordo com Freire (1997), atualmente percebe-se uma grande
preocupação dos professores de Educação Física no que se refere à sua práxis,
considerando que um grande número de alunos não participa efetivamente desta
disciplina dizendo-se desmotivados. Existem vários motivos que influem neste
desinteresse, dentre eles a falta de materiais e instalações adequadas para a
realização da aula, a carência de profissionais capacitados, além de problemas
sociais e familiares, que também podem desencadear no desânimo para a prática
das aulas de Educação Física.
Nas escolas públicas existe pouco incentivo para a realização de
promoções esportivas internas, como por exemplo, olimpíadas. Campeonatos
entre escolas, que se enquadrem nas competições externas, também não são
31
incentivados. Em aulas regulares, os professores não têm oferecido novas
alternativas para tornar o ensino mais atraente ao aluno, o que desencadeia uma
diminuição do interesse pelas aulas de Educação Física.
Libâneo (1993) aponta que essa exclusão é bastante evidente nas aulas de
Educação Física: muitas vezes, pelo fato de o adolescente não saber jogar bem
determinada modalidade desportiva, seus colegas nunca o escolhem para
participar das aulas. Isto faz existir um distanciamento entre o jovem e a prática da
atividade física na escola, como também o não estabelecimento de uma relação
de união com os colegas, afastando-o das aulas de Educação Física, o que ocorre
por conta do seu próprio fracasso nas aulas. O professor deve interferir nesse
processo para que todos os adolescentes participem das aulas de Educação
Física motivando-os para a prática da atividade física na escola, e como
socializador deve observar que o adolescente possui interesses diferenciados e
necessita ser estimulado conforme suas intenções.
As aulas de Educação Física não podem se restringir somente ao esporte
de rendimento, visto que existem muitos alunos com dificuldades técnicas e que
necessitam de atendimento e compreensão para a realização das aulas com
entusiasmo e motivação. Cabe ao professor ser o principal agente no processo de
ensino.
2.5 MOTIVAÇÃO
A motivação é um “conjunto de fatores psicológicos (conscientes ou
inconscientes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais agem entre si e
determinam a conduta do indivíduo” (FERREIRA 2004, p.1365).
Segundo Machado (1997), motivo é definido como um fator interno, que dá
início, dirige e integra o comportamento de uma pessoa, e pode ser dividido em
impulso, que é um processo interno que leva a pessoa à ação, e motivação, que
termina ou diminui ao ser atingido o objetivo iniciador do impulso.
32
Machado (1997) classifica as fontes de motivação em intrínsecas e
extrínsecas. A motivação intrínseca se dá quando, por exemplo, um jovem realiza
uma atividade física por vontade própria na escola, na rua, no clube ou academia,
surgindo em decorrência da sua própria aprendizagem. O repertório aprendido
fornece o próprio reforço e a tarefa é cumprida porque se torna agradável. Já a
motivação extrínseca ocorre quando o aluno é envolvido pelos colegas, pelo
professor de Educação Física e até mesmo por familiares, que incentivam a sua
participação nas aulas de Educação Física “atletas que sentem bem com a
presença dos pais ou amigos e parentes. Neste caso pode até haver melhora de
performance para mostrar a todos aquilo que foi conseguido” (MACHADO 1997,
p.68).
Tais elementos contribuem para o profissional de Educação Física na
elaboração de estratégias eficientes para determinada faixa da população, haja
vista que identificar a existência dos elementos que motivam cada tipo de jovem
ou criança, deve ser uma das habilidades dominantes de um professor, pois
“aprender a ser um membro de uma família, de uma comunidade, de um grupo
maior, começa na infância e perdura por toda a vida, fazendo com que as pessoas
atuem, sintam e pensem de forma muito semelhante aos demais com quem
convivem” (BRAGHIROLLI et al, 2003, p.61).
De Paula (1996, p.32) afirma que até o próprio medo pode ser uma fonte de
motivação, pois, desde que bem controlado ele pode tornar-se um importante
aliado nos momentos decisivos, principalmente naqueles em que nos
encontramos a própria sorte.
O professor de Educação Física ou o técnico de uma determinada modalidade esportiva é o principal responsável pela aprendizagem da criança, no tocante às habilidades motoras básicas ou específicas, tendo por função orienta-las e corrigi-las em um determinado movimento, dar motivos para que as crianças possam desempenhar o seu papel da melhor maneira possível e como agente facilitador, ajudar a criança nas relações interpessoais com os outros companheiros do grupo em questão (MACHADO 1997, p.66).
33
2.5 KARATE E EDUCAÇÃO FÍSICA
O karate não tinha inicialmente um caráter científico. Somente após Gichin
Funakoshi introduzir o karate na capital do território japonês nos idos de 1922 foi
que o espaço universitário se mostrou um ambiente fértil para o aprimoramento do
karate. Masatoshi Nakayama, um dos mais antigos alunos de Funakoshi e
professor de Educação Física da Universidade Takushoku, foi quem promoveu
forte embasamento científico ao karate a partir da década de 30. Como fruto deste
intercâmbio do karate com o ambiente acadêmico, Nakayama produziu a sua obra
prima denominada “Karate Dinâmico”.
A finalidade precípua desse livro extraordinário era servir de fonte inspiradora e orientadora para a formação do caráter, mas ele também expõe o conteúdo espiritual do Karate, classifica as várias técnicas e avalia essa arte como um curso de Educação Física (NAKAYAMA 2004, p.9).
O êxito que o jovem aluno busca nas aulas de Educação Física, neste caso
o karate, é conseguido quando ele realiza a atividade física com o máximo de
eficiência e competência, muitas das vezes mostrando para si mesmo e para seus
colegas que é capaz de se superar diante dos problemas que surgem diariamente,
mesmo com dificuldades como a de relacionamento com seus familiares ou de
desempenho escolar, eles se sobressaem no esporte.
Diante disso, verificam-se diferenças entre o karate-ka e o aluno comum: o
primeiro visa a performance e o auto-conhecimento a todo e qualquer custo, já o
aluno comum da Educação Física tem o interesse de se divertir nas aulas, mesmo
assim é impulsionado no sentido de demonstrar competência ao se sobressair nas
aulas. Comum aos dois está o professor.
34
A competência do professor é, então, essencialmente didática. Ajuda-o a fundamentar-se nas representações prévias dos alunos, sem se fechar nelas, a encontrar um ponto de entrada em seu sistema cognitivo, uma maneira de desestabilizá-los apenas o suficiente para levá-los a restabelecerem o equilíbrio, incorporando novos elementos às representações existentes, reorganizando-as se necessário (PERRENOUD 2000, p.37).
A Educação Física, enquanto práxis educativa “leva em consideração o
desenvolvimento pessoal e a questão social, possui como objetivo a formação da
personalidade do aluno através da atividade física trabalhando com o corpo e o
movimento integrado do ser humano” (MACHADO 1997, p.175). Tal pensamento
está de acordo com os propósitos da prática do karate-do.
35
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 TIPO DE ESTUDO
A pesquisa aqui apresentada se caracteriza como um estudo descritivo de
cunho quantitativo de tipologia de survey, que “é a técnica de pesquisa descritiva
que procura determinar práticas presentes ou opiniões de uma população
especificada, pode se tornar na forma de um questionário, entrevista ou survey
normativo” (THOMAS et al 2002 p.280).
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população adotada para este trabalho foi formada por alunos oriundos de
cinco escolas da rede pública municipal da cidade de Maricá, Rio de Janeiro,
sendo elas: E.M. Carlos Magno Legentil de Mattos, E.M. Darcy Ribeiro, C.E.M.
Joana Benedicta Rangel, E.M. Lúcio Thomé Guerra Feteira e E.M. Marquês de
Maricá. Em virtude da mudança de governo causada pelo resultado das eleições,
lamentavelmente a gestão anterior (2005 a 2008) não deixou registros dos alunos
praticantes de karate, o que tornou a identificação da amostra bastante trabalhosa
em função de ter sido necessário perguntar em cada sala de aula, de cada uma
das cinco escolas, quem foram os alunos participantes.
A amostra foi selecionada intencionalmente pelo autor da pesquisa, com um
montante de 300 alunos praticantes de karate, sendo 61% (183 alunos) do sexo
masculino e 39% (117 alunas) do sexo feminino, com faixa etária dos 08 aos 17
anos, com média de idade de 11,87 anos, desvio padrão de + 2,05, e tempo
médio de prática na modalidade karate de 11,42 meses com desvio padrão de +
12,30.
36
Com relação ao tempo de permanência dos alunos do projeto, constatou-se
grande heterogeneidade da população pesquisada, visto que alguns alunos
praticaram o karate por somente uma semana, enquanto que outros praticaram
por até quarenta e oito meses, que foi o tempo máximo de duração do projeto, ou
seja, todos os alunos que se manifestaram praticantes de karate nas cinco escolas
selecionadas intencionalmente foram questionados, e suas opiniões foram
acatadas pela pesquisa, independentemente do tempo de prática.
3.3 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA
Em visita prévia a cada uma das cinco escolas, foram explanados para
cada Diretora das Unidades Escolares os objetivos da pesquisa, e foram
apresentados o “Termo de autorização para pesquisa” (apêndice B), o “Termo de
consentimento livre e esclarecido para os entrevistados” (apêndice A), e o modelo
do “Questionário” (apêndice C). Somente após a devida autorização pelas
Diretoras é que foi possível percorrer as salas de aulas, uma a uma, para
identificar os ex-participantes do projeto de karate na escola. Feito isto, distribuiu-
se os Termos de Consentimento e lhes foi dada ciência do que se trataria a
pesquisa. Após prévio agendamento com a Diretora de cada Unidade Escolar, foi
possível recolher os termos assinados pelos responsáveis dos alunos, para então
aplicar posteriormente o questionário para cada aluno ex-praticante de karate no
projeto. Como não havia registro por escrito destes alunos em virtude da mudança
no Governo Municipal, este procedimento foi realizado nos turnos da manhã e da
tarde de cada uma das cinco escolas.
Para o recolhimento dos dados da pesquisa foi confeccionado um
questionário estruturado e recomendado, validado por três professores mestres da
FAMATH. A confecção do instrumento ocorreu sob algumas fases: revisão literária
com base em Thomas e Nelson (2002), correções do Mestre Orientador de TCC,
correção prévia por parte dos três Mestres que viriam a validá-lo, formulação de
37
questões com base na experiência vivida pelo autor deste trabalho ao longo de
dezoito anos de ensino desta arte marcial, e por fim, a exposição do instrumento
em campo sob a forma de piloto, onde pouca influência sofreu. O questionário foi
composto por perguntas abertas e fechadas, sendo dez ao todo, que se
propunham a investigar quais os motivos de adesão e evasão destes escolares do
projeto de karate.
Em virtude da amostra por turma não ter se dado em grande número
proporcional, fato que o autor deste estudo verificou previamente, não houve
necessidade de auxílio para a aplicação do instrumento, que pôde transcorrer com
naturalidade durante todo o processo, mesmo nas situações de eventuais dúvidas.
3.4 FORMA DE ANÁLISE
O tratamento, estratificação, análise e discussão dos resultados foram
realizados com o auxílio de um banco de dados Microsoft Access, no qual foi
desenvolvido um aplicativo especialmente para esse fim. Para cada uma das
questões, a análise foi realizada como uma estatística descritiva com distribuição
de freqüência, desvio padrão, medidas de tendência central e dispersão para as
variáveis contínuas.
38
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
TABELA 1: Público praticante por sexo
Sexo % Quant.
Masculino 61,00% 183
Feminino 39,00% 117
Apesar da prática do karate por parte do público feminino ter se
desenvolvido tardiamente se comparado ao masculino, haja vista que somente a
partir de 1985 as mulheres foram autorizadas a participar das competições, tanto
em nível internacional como nacional, mesmo sendo inferior em números
absolutos, a presença feminina é considerável, ainda mais se tomarmos como
parâmetro o fato de se tratar aqui de uma arte marcial de intenso contato corporal
que tinha suas aulas ministradas em turmas mistas, segundo relato dos próprios
alunos.
TABELA 2: Conheciam o karate antes do projeto da PMM
Karate % Quant.
Conheciam 87,67% 263
Não conheciam 12,33% 37
Os números percentuais da pesquisa confirmam a tendência de que a
adesão pode ser influenciada pelo conhecimento prévio daquilo que se pretende
realizar. Neste caso, o karate se mostrou bastante presente no imaginário das
pessoas mesmo antes de seus ingressos nas aulas da modalidade. Tal fato pode
ser influenciado pela mídia cinematográfica que há tempos se utiliza das artes
marciais para embelezar as coreografias das cenas de conflito corporal.
Exatamente pelo detalhamento do trabalho cênico, golpes mirabolantes são
39
executados para despertar o interesse do público, que acaba por conhecer as
artes marciais, ainda que de forma superficial.
TABELA 3: Souberam das aulas de karate por intermédio de
Souberam por % Quant.
Escola 64,00% 192
Colegas da escola 27,33% 82
Outros 8,67% 5
A bem sucedida adesão depende, em grande parte, da necessária
divulgação da atividade que pretende obter um público numeroso. Segundo dados
colhidos nesta pesquisa, representada aqui por seu quadro de funcionários,
direção e professores, a escola foi a responsável direta pela divulgação das aulas
de karate. Não menos importante, com pouco mais de ¼ do total, ficou a
divulgação exercida pelos próprios colegas de escola, que podem ter feito do
karate, parte de suas conversas. Outros motivos diversos foram citados por 8,67%
dos alunos.
TABELA 4: Entusiasmo ao saberem das aulas
Ao saberem das aulas % Quant.
Se interessaram, mas não aderiram imediatamente 12,33% 37
Se interessaram e iniciaram imediatamente 77,33% 232
Não se interessaram, mas iniciaram após um tempo 10,33% 31
O entusiasmo, ou motivação, foi indiretamente aferido pela tabela 4, onde
se pode notar que a imensa maioria aderiu logo que teve contato com a notícia
40
das aulas de karate. Evidentemente outras estratégias devem ser adotadas a fim
de cativar os alunos indecisos ou reticentes.
TABELA 5: Motivos de adesão
Começaram a praticar Karate na escola porque % Quant.
Já praticavam fora da escola 22,33% 67
A família incentivou 39,67% 119
Só havia esta oportunidade de iniciação esportiva 22,00% 66
Outros 16,00% 48
A família predomina como o maior motivo de adesão à prática do karate na
escola. “A coerência e a continuidade das pedagogias tranqüilizam os pais”
(PERRENOUD 2000, p.122). Pouco mais de 1/5 da população apenas continuou
na escola o que já fazia antes e provavelmente viu na escola uma maneira de
poupar a despesa com mensalidades, haja vista que se tratava de um projeto
público, ou ainda, optaram em praticar na escola com a provável intenção de
ficarem mais próximos de seus colegas de escola, pois, “no grupo, o indivíduo
adolescente encontra um reforço muito necessário para os aspectos mutáveis do
ego que se produzem neste período da vida” (ABERASTURY et Al 1981, p.37).
Uma outra significativa parcela não viu maior oferta de prática esportiva além do
karate em sua escola, portanto, caberia aqui um desdobramento no estudo
realizado a fim de obter maiores informações sobre a adesão desta parcela: se
ocorreu por falta de opção, ou se tivesse oferta de outras modalidades, quantos
indivíduos ainda se interessariam pelo karate.
41
TABELA 6: Nível de influência por motivo de adesão
Nível Estímulo audiovisual Autodefesa Competição Estilo de vida Outros
Nada 31,00% 4,33% 12,33% 11,00%
Pouco 19,67% 12,67% 13,67% 19,33%
Mais ou menos 18,33% 20,67% 20,00% 20,67% 0,67%
Muito 13,00% 35,67% 28,67% 22,33% 1,33%
Muito mesmo 18,00% 26,67% 25,33% 26,67% 0,67%
Os estímulos audiovisuais (filmes, desenhos animados, jogos) mostraram-
se pouco efetivos quanto da influência dos alunos em praticar o karate, haja vista
que aproximadamente 50% pouco ou nada se sentiram influenciados. Para 31%,
houve “muito” e “muito mesmo” influência a partir deste tipo de estímulo. Se
somarmos a estes últimos os 18,33% que acharam que foram “mais ou menos”
influenciados, teremos aproximadamente 50%. De qualquer modo, não parece ser
uma estratégia de adesão para se descartar.
Segundo as respostas dos alunos, para 83% deles o desejo de aprender a
se defender compõe a maioria total das opiniões compreendidas entre “mais ou
menos”, “muito” e “muito mesmo”.
Para aproximadamente 74%, o desejo de competir os fez aderir ao karate,
ainda que não se trate de uma modalidade olímpica ou que desfrute de farto
espaço na mídia escrita, falada e televisionada. Em contrapartida, para os outros
26% o desejo de competir em pouco ou nada lhes motiva a aderir ao karate, o que
pode ser compreensível em virtude da gama de possibilidades desta arte marcial:
defesa pessoal, estilo ou doutrina de vida, manutenção da saúde.
42
O esporte valoriza socialmente o homem, proporciona uma melhoria de auto-imagem, e aprendizagem de uma modalidade esportiva constitui uma das mais significativas experiências que o ser humano pode viver com seu próprio corpo, a experiência vivida assume particularidades que determinam seu êxito resultante na medida em que vencidas as dificuldades, sendo essas criadas pelo próprio corpo e também pelas exigências do projeto assumido pelo indivíduo (MACHADO 1997, p.180).
Embora o conceito de estilo de vida pareça vago e abstrato, para 69% dos
alunos é este o motivo que lhes motiva a aderir ao karate. Por se tratar de uma
arte marcial, que incorpora traços da cultura oriental, é provável que fique a
curiosidade de como deve ser uma vida dedicada a meticulosidade na busca da
perfeição em cada gesto ou pensamento.
Outros motivos de adesão mostraram-se estatisticamente pouco
significativos para indicarem relevância.
TABELA 7: Motivos de evasão
Afastaram-se da prática do Karate na escola porque % Quant.
Me machuquei 10,33% 31
Havia poucos eventos (festivais, apresentações,
campeonatos, exames de faixa)
11,00% 33
Me desestimulei 20,00% 60
O projeto de karate na escola acabou 43,33% 130
Outros 15,33% 46
É largamente sabido que os benefícios obtidos por qualquer atividade física
para quem a pratica dependem da sua continuidade, no entanto, alguns motivos
foram apontados como os motivos de suas evasões das aulas de karate na
escola. Por ter se tratado de um projeto governamental, sujeito ao resultado das
urnas, ficou o projeto de karate nas escolas interrompido logo que o último mês do
43
governo vigente acabou; resultado: 43,33% dos alunos se viram obrigados a parar
a sua atividade.
O segundo motivo apontado pelos alunos como fator de evasão foi o
próprio desestímulo que lhes fizeram abandonar a prática do karate na escola. A
modalidade em si não foi apontada por eles como enfadonha, mas sim a própria
motivação pessoal lhes faltou. Neste caso, é necessário esgotar todas as
possibilidades de motivar cada aluno a frequentar não só as aulas de karate, mas
também a sua dedicação e motivação para com as atividades escolares, haja vista
que tal comportamento também pode se refletir nas matérias tradicionais das
salas de aula.
Para 11% dos alunos, foi motivo de evasão o desejo não correspondido,
segundo suas opiniões, de participar de eventos coletivos, que tivessem a
competição como mote ou não. Pode não parecer um número expressivo de
alunos, mas se para eles este foi o motivo principal de evasão, fica o alerta de que
o profissional deve estar continuadamente dedicado a encantar seus alunos, ainda
mais os que necessitam de fatores extrínsecos para cultivar as suas motivações.
Mesmo sendo o karate-do uma arte marcial que prima pela luta corporal
consistida do atemi waza (técnicas de percussão), não deve ser encarado como
normal o fato de que 10,33% dos alunos tenham evadido das aulas de karate por
conta de lesões. Dado isto, algumas hipóteses podem ser levantadas: o fator
psicológico dos alunos pode não ter sido devidamente trabalhado a fim de
minimizar a agressividade de alguns e o medo natural de outros, as turmas
poderiam ser muito numerosas e o professor não ter conseguido controlar os
eventuais conflitos. De qualquer modo, é quase alarmante que para esta parcela
de alunos as suas lesões tenham sido o principal motivo de evasão.
Para 15,33% dos alunos pesquisados, motivos variados foram responsáveis
por suas evasões das aulas de karate na escola. Houve incidências de mudança
de endereço residencial, mudança de escola (foram para escolas que não
ofereciam karate), alguns que acusaram pouco tempo para conciliar a atividade
extra classe com os estudos ou trabalho, e ainda outros que se queixaram do fato
do professor faltar muito.
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TABELA 8: Nível de influência por motivo de evasão
Nível Incentivo Oferta de
materiais
Oferta de
horários/dias de aula
Atenção do
professor
Outros
Nada 53,67% 31,67% 17,00% 38,00%
Pouco 9,33% 19,00% 19,00% 17,67% 0,67%
Mais ou menos 7,33% 27,00% 21,33% 12,00% 0,33%
Muito 13,33% 10,33% 24,33% 14,67% 2,33%
Muito mesmo 16,33% 12,00% 18,33% 17,67% 8,33%
O incentivo, normalmente creditado pelos alunos aos seus parentes,
mostrou-se necessário para 1/3 dos alunos que evadiram da prática do karate,
pois para eles, o apoio familiar deveria ser continuado. Por outro lado, para os
outros 2/3 dos alunos pesquisados, o incentivo pouco ou nada influenciou em suas
evasões da prática.
As pessoas empenham-se em comportamentos motivados internamente quando não há recompensas ou reforços externos, ou seja, quanto mais uma pessoa se dedica em uma atividade para a qual não há recompensas externas, maior poderá ser sua motivação interna (MACHADO 1997, p.177).
Para aproximadamente 50% dos alunos, uma maior oferta de material
esportivo poderia ter evitado as suas saídas da prática do karate no projeto da
PMM. O número chama a atenção porque aponta falhas estruturais no projeto.
Tais falhas podem ter origem no desperdício, no subdimensionamento, no mau
gerenciamento ou na superadesão dos alunos ao projeto de karate, o que pode ter
excedido todo o material esportivo inicialmente previsto.
Para 64% dos alunos, a pouca oferta de dias e/ou horários foi um dos
motivos que os fizeram evadir da prática do karate, pois para eles, ficou difícil
vislumbrar objetividade numa prática que tinha freqüência semanal de encontros,
evidentemente sujeita a feriados, intempéries e problemas com locomoção.
45
Cerca de 1/3 dos alunos confirmaram que uma maior atenção do professor
de karate poderia ter evitado as suas desistências da prática do karate na escola.
Este dado tanto pode denotar carência afetiva por parte dos alunos, quanto
desleixo por parte do professor, ou ainda, pode acusar numerosas turmas para um
único professor, o que tornaria as aulas superficiais.
Outros motivos de evasão foram citados por aproximadamente 11% dos
alunos, porém não se mostraram significativos por apontarem para motivos
diversos.
46
5 CONCLUSÃO
Os resultados encontrados nesta pesquisa realizada com os alunos
praticantes de karate mostraram através de suas respostas ao questionário que,
em sua maioria, as suas famílias são os grandes incentivadores à adesão da
pratica esportiva. Recomenda-se averiguar o que pensam os familiares a respeito
da prática esportiva e como funciona para eles este imaginário social que desperta
tanto interesse no seio familiar.
Os motivos que mais influenciaram os alunos da rede municipal na adesão
ao projeto de karate foram o desejo de aprenderem a se defender, a vontade de
competir e a busca por um estilo de vida.
Aproximadamente 62% dos alunos pesquisados acusaram a autodefesa
como o fator que mais os influenciou a ingressar nas aulas de karate. Estas
opiniões podem sugerir que o convívio social destes jovens e crianças se dá em
meio conflituoso, ou ainda, podem estar relacionadas a violência urbana,
doméstica ou televisiva. Consideravelmente citada pelos alunos foi a vontade de
competir, fato compreensível pois ao se viver em sociedades competitivas como a
nossa (capitalista), o desejo é internalizado como que por osmose, isto sem citar
os motivos intrínsecos que podem estar relacionados ao ego ou vaidade. Foi
citado por aproximadamente 43% dos alunos, o desejo de viver sob um estilo de
vida, comumente chamado de filosofia de vida, haja vista a doutrina oriental
incutida na prática das artes marciais.
Os motivos de evasão do projeto de karate mais citados foram o fim do
projeto de karate causado pela mudança de governo na PMM, a pouca oferta de
horários/dias de aulas e materiais esportivos, o que indica possíveis falhas na
estruturação do projeto, o desestímulo individual proveniente da falta de
estratégias para a motivação do aluno por parte dos instrutores e do apoio de
alguns familiares, e por fim, motivos diversos relacionados a mudança de
endereço, indisciplina e baixa assiduidade dos instrutores.
47
Os estudos sobre os motivos de adesão e evasão de crianças e jovens
praticantes de karate não se esgotam por aqui. Houve a intenção de avaliar uma
população escolar (300 alunos) de uma determinada faixa etária (8 a 17 anos), de
uma única cidade (Maricá), e de uma atividade ministrada por um determinado
grupo de instrutores.
Sugere-se que novas pesquisas venham a ser realizadas com populações
diferentes, que haja a confrontação de opiniões entre os gêneros, delimitação
entre crianças e jovens e, se possível, que o estudo seja realizado em outras
cidades, Estados ou até mesmo outros países.
48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABERASTURY, Arminda; KNOBEL, Mauricio. Adolescência Normal: Um Enfoque Psicanalítico. Porto Alegre: Artmed, 1981. BENEDITO NELSON AUGUSTO DOS SANTOS. Disponível em: <http://www.beneditonelson.com.br/>. Acesso em 25 Mar. 2009 BRAGHIROLLI, Elaine Maria; BISI, Guy Paulo; RIZZON, Luiz Antônio; NICOLETTO, Ugo. Psicologia Geral. 23ª Ed. Petrópolis: Vozes, 2003. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC, 1997
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE KARATE. Disponível em: <http://www.karatedobrasil.org.br>. Acesso em 25 Mar. 2009 DE PAULA, Geraldo Gilberto. Karate Esporte: Tática e Estratégia. São Paulo: Ibrasa, 1996. FAETEC. Disponível em: <http://meusite.pro.br/karate/>. Acesso em 25 Mar. 2009 FEDERAÇÃO DE KARATE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Disponível em: <http://www.fkerj.org.br>. Acesso em 25 Mar. 2009 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3ª Ed. Curitiba: Positivo, 2004 FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo: Scipione, 1997. FUNAKOSHI, Gichin. Karatê-Do Nyumom. São Paulo: Cultrix. 1998. ______. Karatê-Do: O meu modo de vida. 2ª Ed. São Paulo: Cultrix. 2000.
49
FUNAKOSHI, Gichin; NAKASONE, Genwa. Os Vinte Princípios Fundamentais do Karatê – O Legado Espiritual do Mestre. São Paulo: Cultrix. 2006.
HASSELL, Randall. Shotokan Karate Its History & Evolution. Los Angeles: Empire Books. 1991
LIBÂNEO, J. C. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos. 11ª Ed. São Paulo: Loiola, 1993.
MACHADO, Afonso Antônio. Psicologia do Esporte: Temas Emergentes I. Jundiaí: Ápice. 1997.
NAKAYAMA, Masatoshi. Karatê Dinâmico. São Paulo: Cultrix. 2004.
______. O melhor do Karatê vol. 1: Visão abrangente. 5ª Ed. São Paulo: Cultrix. 2006. ______. O melhor do Karatê vol. 3: Kumite 1. 3ª Ed. São Paulo: Cultrix. 2004.
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50
TUBINO, Manoel J. G.; TUBINO, Fábio M.; GARRIDO, Fernando A. Cardoso. Dicionário Enciclopédico Tubino do Esporte. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Senac. 2007. VIANNA, J. A. Karate: da arte marcial à qualidade de vida. UGF – Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, Outubro de 2008. WIKIPÉDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/>. Acesso em 10 Abr. 2009 WKF. Disponível em: <http://wwwkarateworld.org.br/>. Acesso em 12 Mai. 2009
51
GLOSSÁRIO
Budo: Caminho marcial; No Japão feudal, época de um país durante muito tempo
atormentado por guerras e conflitos, os samurais desenvolveram um rigoroso
código ético não escrito, conhecido como bushido, que fornecia parâmetros para
se viver e morrer com dignidade. Hoje em dia, em um Japão mais seguro, este
código de conduta desenvolveu-se para uma filosofia de vida, o Budo (WIKIPÉDIA
2009).
Bushido: Bushi – guerreiro (samurai), Do – caminho, modo; modo do samurai.
Código ético pautado nos princípios de justiça e moralidade, coragem, compaixão,
polidez e cortesia, sinceridade, honra, dever e lealdade. Seu maior princípio era a
busca por uma morte com dignidade (WIKIPÉDIA 2009).
Daimyo: Dai – grande, myo – nome; senhor do Japão feudal (HASSEL 1991).
Dojo: Do – caminho, jo – local. Local de prática das artes marciais japonesas
(NAKAYAMA 2004).
Gichin Funakoshi: Nasceu na cidade de Shuri, Okinawa, no dia 10/11/1868. Aos
onze anos iniciou seus estudos com Yasutsune (Anko) Azato com quem aprendeu
o estilo Shuri-te, e com Yasutsune (Anko) Itosu, com quem aprendeu o estilo
Naha-te. Como conseqüência desta fusão, desenvolveu o estilo Shotokan com o
intuito de modernizar a arte marcial e difundi-la nas principais ilhas do arquipélago
japonês. Seu pseudônimo como caligrafista era Shoto, daí a origem do nome do
dojo. Faleceu em 26 de Abril de 1957 (FUNAKOSHI 2000).
Goju Ryu: Go – rígido, duro, força; ju – flexível, suave; ryu – estilo. Estilo de karate
desenvolvido por Chojun Miyagi (1888-1953) a partir do Naha-Te ensinado por
Kanryo Higashionna (Higaona) (1853-1915), que em 1930 batizou-o de Goju Ryu
(BNAS2009).
52
Kata: Forma; luta formal contra adversários imaginários (NAKAYAMA 2004).
Kihon: Espécie de ginástica na qual se pratica os fundamentos do karate-do
(bases, defesas, socos, bloqueios, chutes...) (NAKAYAMA 2004).
Kumite: Kumi – encontro, te – mão; encontro de mãos; genericamente refere-se a
luta (NAKAYAMA 2004).
Samurai: Aquele que serve; guerreiro do senhor feudal (Daimyo) (HASSEL 1991).
Shorin Ryu: Sho – pequeno; rin – bosque; ryu – estilo. Considerado o estilo-raiz do
karate, ou a sua própria origem, em virtude da fusão dos ensinamentos do Mestre
em Te, Satunuku Kanga “Tode” Sakugawa (1733-1815), com o kung fu levado a
Okinawa pelo monge budista chinês Kushanku (?-1790). Sokon Matsumura (1796-
1893), aluno de Sakugawa, aperfeiçoou esta união que foi transmitida a Anko
Itosu (1831-1915), que ensinou Choshin Chibana (1885-1969), considerado o
patrono deste estilo. A partir do desmembramento do Shorin Ryu pelos quatro
principais alunos de Itosu (Anbun Tokuda, Choki Motobu, Gichin Funakoshi e
Choshin Chibana) surgiram vários dos demais estilos de karate hoje praticados no
mundo (SHIDOKAN 2009).
Shotokan: Sho – pinheiro; to – ondas ou o som que as árvores produzem ao
serem tocadas pelo vento; kan – edifício. Estilo de karate desenvolvido por Gichin
Funakoshi (1868-1957) a partir da fusão do Shuri-te de Yasutsune (Anko) Azato e
do Naha-te de Yasutsune (Anko) Itosu. Shotokan foi o nome dado ao dojo de
Funakoshi, que foi construído por seus alunos em sua homenagem, e tinha como
propósito modernizar o karate para que fosse aceito em todo o Japão
(NAKAYAMA 2004).
53
Wado Ryu: Wa – paz; do – caminho; ryu – estilo. Estilo de karate desenvolvido em
1934 por Hironori Otsuka (1892-1982) a partir do Shotokan ensinado por Gichin
Funakoshi (1868-1957) e de técnicas do antigo ju jutsu japonês FAETEC (2009).
54
APÊNDICES
55
APÊNDICE A
Termo de consentimento livre e esclarecido para os entrevistados
56
FACULDADES INTEGRADAS MARIA THEREZA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPAÇÃO EM PESQUISA
Pesquisador Responsável: JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA BRAGA.
Contatos: Tel.: (21) 2637-6488; Cel.: (21) 9661-9283; e-mail: [email protected]
Orientador: CLAUDIO BENEVENUTE LOZANA.
Prezado Senhor (a):
O pesquisador JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA BRAGA, aluno da Faculdade Integrada Maria
Thereza (FAMATH), pretende realizar um estudo e conta com a sua participação promovendo as seguintes
garantias:
Garantia de acesso: Em qualquer fase do estudo você terá pleno acesso aos profissionais responsáveis pelo
mesmo nos locais e contatos indicados.
Garantia de liberdade: Sua participação neste estudo é absolutamente voluntária. Todos os participantes são
absolutamente livres para, a qualquer momento, negar o seu consentimento ou abandonar a pesquisa se
assim o desejar, sem que isto provoque qualquer tipo de penalização.
Direito de confidencialidade: Os dados colhidos na presente investigação serão utilizados para subsidiar a
confecção de trabalhos de conclusão de curso e artigos científicos, mas os responsáveis garantem a total
privacidade e estrito anonimato dos participantes, quer no tocante aos dados, quer no caso de utilização de
imagens, ou outras formas de aquisição de informações.
Após a leitura do presente Termo, concordo em participar livremente da presente pesquisa.
________________________, ____ de _____________ de 200__.
Nome completo (legível): ___________________________________________________________________
Assinatura do Participante ou responsável legal: _________________________________________________
Em atendimento à Resolução n° 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, o presente Termo foi confeccionado e será encaminhado ao Comitê de Ética da Pesquisa (CEP) da Faculdade Integrada Maria Thereza (FAMATH).
57
APÊNDICE B
Termo de autorização para pesquisa
58
FACULDADES INTEGRADAS MARIA THEREZA
TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA PESQUISA
Pesquisador Responsável: JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA BRAGA.
Contatos: Tel.: (21) 2637-6488; Cel.: (21) 9661-9283; e-mail: [email protected]
Orientador: CLAUDIO BENEVENUTE LOZANA.
Prezado Senhor (a):
O pesquisador JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA BRAGA, aluno da Faculdade Integrada Maria
Thereza (FAMATH), pretende realizar um estudo e conta com a sua autorização para a realização desta
pesquisa em seu estabelecimento promovendo as seguintes garantias:
Garantia de acesso: Em qualquer fase do estudo você terá pleno acesso aos profissionais responsáveis pelo
mesmo nos locais e contatos indicados.
Direito de confidencialidade: Os dados colhidos na presente investigação serão utilizados para subsidiar a
confecção de trabalhos de conclusão de curso e artigos científicos, mas os responsáveis garantem a total
privacidade e estrito anonimato dos participantes, quer no tocante aos dados, quer no caso de utilização de
imagens, ou outras formas de aquisição de informações.
Após a leitura do presente Termo, concordo em participar livremente da presente pesquisa.
________________________, ____ de _____________ de 200__.
Nome completo (legível): ___________________________________________________________________
Assinatura do responsável do estabelecimento: __________________________________________________
Em atendimento à Resolução n° 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, o presente Termo foi confeccionado e será encaminhado ao Comitê de Ética da Pesquisa (CEP) da Faculdade Integrada Maria Thereza (FAMATH).
59
APÊNDICE C
Questionário validado
60
FACULDADES INTEGRADAS MARIA THEREZA
1- Qual o seu sexo? (Masc) (Fem) 2- Qual a sua idade? _____ anos.
3- Você já conhecia o karate antes do projeto da escola? (Não) (Sim) 4- Como você soube das aulas de karate na escola?
a) Pela minha escola (Direção, Professores); b) Pelos colegas da minha escola;
c) Outros ________________________________________________________________________________. 5- Quando soube das aulas de karate na escola você:
a) Se interessou, mas não iniciou de imediato; b) Se interessou e logo começou a praticar;
c) Não se interessou de imediato, mas começou a praticar após um tempo; 6- Por que você começou a praticar karate no projeto da escola?
a) Já praticava fora da escola; b) Minha família incentivou;
c) Só havia esta oportunidade de iniciação esportiva; d) Outros ________________________________________________________________________________.
7- Com base na escala abaixo, informe o quanto cada motivo influenciou na sua aproximação com o karate:
( ) Estímulo audiovisual. Filmes / Desenhos animados / Jogos;
( ) Autodefesa. Queria aprender a me defender; ( ) Competição. Queria treinar um esporte de luta para competir; ( ) Estilo de vida. Queria treinar uma arte marcial e conhecer a sua filosofia de vida;
( ) Outros _________________________________________________________________________________.
( 1 ) NADA! ( 2 ) POUCO. ( 3 ) MAIS OU MENOS. ( 4 ) MUITO. ( 5 ) MUITO MESMO!
8- Quais os motivos que você acredita que fizeram você se afastar do projeto de karate na escola?
a) Me machuquei; b) Havia poucos eventos (festivais, apresentações, campeonatos, exames de faixa); c) Me desestimulei;
d) Porque o projeto acabou; e) Outros ________________________________________________________________________________.
9- Por quanto tempo você treinou karate na escola? ______________________________________________________. 10- Com base na escala abaixo, informe o quanto cada motivo poderia ter evitado a sua saída do projeto de karate?
( ) O incentivo. De quem? ____________________________________________________________________; ( ) Oferta de materiais (quimono, tatame, luvas, protetores, apostilas);
( ) Tinham poucos horários e/ou dias de aula; ( ) Atenção do professor de karate; ( ) Outros _________________________________________________________________________________.
( 1 ) NADA! ( 2 ) POUCO. ( 3 ) MAIS OU MENOS. ( 4 ) MUITO. ( 5 ) MUITO MESMO!