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Buenos Aires – 5 to 9 September 2016 Acoustics for the 21st Century…
PROCEEDINGS of the 22nd International Congress on Acoustics
Environmental Acoustic & Community Noise: Paper 47
Acoustical treatment solution for a large water cooling and chiller system at the rooftop of a commercial
building.
Maria Luiza Belderrain(a), Rafael Vaidotas(a), Mariene Benutti Giunta(a), Wanderley Montemurro(b)
(a) CLB Engenharia Consultiva, Brazil, [email protected] (b) Acoustic Control Tratamentos Acústicos, Brazil, [email protected]
Abstract
This article is a case study concerning the operation of 4 chillers, 2 cooling towers and 9 pumps at the rooftop of a commercial building located next to several residential buildings in São Paulo, Brazil. The study involved sound measurements next to the noise sources (rooftop) and at the vicinity (ground floor), in order to characterize the noise power of each source and the neighborhood background noise. Data such as topography, traffic at the nearest roads and blueprints of the installation and neighborhood were gathered to develop the digital ground model (DGM) for the sound propagation simulation´s software. The sound measurements were, then, used to calibrate the digital model - to adjust it so it reproduces the same noise levels acquired at the site. Once the model was ‘calibrated’, calculations were performed considering the sound propagation from the noise sources in order to estimate the impact on the nearby residential buildings. Then, mitigation measures at the water cooling and chiller systems were simulated in order to meet the noise criteria defined in the city of São Paulo legislation. The mitigation measures were implemented at the site and their results confirmed the accuracy of the study developed with the noise simulation software.
Keywords: treatment, commercial, chiller,
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Tratamento acústico para sistema de refrigeração e de chillers localizado na cobertura de um edifício
comercial.
1 Introdução
A instalação de sistemas de refrigeração em coberturas é frequente e comum em
empreendimentos comerciais e de serviços, pois se aproveita da área construída para
alocação destes equipamentos, afastando-os também de receptores térreos. Entretanto, a
elevação destas fontes apenas desloca a propagação sonora para uma altura mais elevada.
Localizado em uma região densamente urbanizada e com edificações verticalizadas, a
instalação a que esse estudo se refere se aproxima, em altura, do 6° andar das edificações
residenciais próximas e constitui-se de quatro chillers, duas torres de resfriamento, quatro
transformadores e nove bombas que, quando entram em operação, geram impacto de ruído
para diversos receptores sensíveis.
A legislação vigente de parcelamento, uso e ocupação do solo do Município de São Paulo na
ocasião do estudo – Lei 13.885/2004 - estabelece que o empreendimento pertence à zona
mista ZM-3a que estabelece os limites acústicos de 65 dBA e 45 dBA, para os períodos diurno
e noturno, respectivamente. As medidas de mitigação sonora adotadas consideraram estes
critérios para adequar a operação do sistema de refrigeração à legislação municipal.
O estudo considerou o uso de software de predição sonora devido ao fato de não se permitir a
realização de medições acústicas em alguns receptores sensíveis, voltados para a instalação.
Desse modo, estando o sistema de refrigeração elevado, era preciso simular a propagação
sonora nas fachadas dos edifícios próximos, particularmente para os andares mais elevados (a
partir do 6º andar). Foram executadas campanhas de medição sonora para caracterização das
fontes da cobertura, bem como medições do ruído ambiental – em pontos nas ruas do entorno,
ao nível do piso. Os resultados gerados subsidiaram a elaboração de um projeto de mitigação
acústica para o sistema, com eficiência posteriormente comprovada através de obras
executadas no local.
2 Metodologia
2.1 Medições sonoras
Em todas as medições sonoras foram seguidas as recomendações constantes na norma NBR
10.151/2000. As medições próximas às fontes ocorreram a 1.50 metros destas (Chillers,
bombas e torres de resfriamento), de modo a caracterizar suas respectivas potências sonoras.
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Para a caracterização do ruído ambiental, foram selecionados 6 pontos receptores localizados
no térreo, a uma altura de 1.50 metros do solo. Essas medições seguiram as recomendações
da diretiva CETESB 389/2010/P que dispõe sobre avaliações de sistemas lineares de
transporte, uma vez que os receptores em questão pertencem a uma área urbanizada, com
vias de tráfego com movimentação constante.
Figura 1 - Localização dos pontos de medição - Próximas às fontes e ambientais.
2.2 Desenvolvimento do modelo computacional e dados de entrada
O estudo de impacto ambiental foi desenvolvido através de um software de predição acústica,
simulando-se a propagação sonora a partir das fontes e calibrando-se o modelo com as
medições do ruído ambiente, realizadas no local. O modelo computacional foi gerado através
de informações do layout de implantação da instalação de refrigeração, bem como dados
topográficos e de ocupação urbana, desenvolvidos pela Prefeitura do Município de São Paulo,
caracterizando a altura das edificações a as vias de tráfego. Para o desenvolvimento do cálculo
de propagação sonora, foram adotadas as normas e parâmetros de cálculo conforme tabela 1.
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Tabela 1 – Normas e parâmetros de cálculo adotados.
Standards
Industrial ISO 9613-2
Air absorption ISO 9613-2
Road emission RLS-90
Evaluation periods Day 7AM-10PM
Night 10PM-7AM
Environment conditions
Temperature [°C] 24
Relative Humidity [%] 70
Noise Propagation
Maximum error [dBA] 0.1
Search radius [m] 1000
Reflection Order 3
Maximum radius [m] 100
Grid Noise Map Grid space [m] 10
Height above ground [m] 15
3 Mapeamento sonoro
3.1 Calibração do modelo digital
A calibração do modelo digital consiste na reprodução dos níveis de pressão sonora obtidos ‘in
loco’, nos pontos internos e externos, no modelo digital. Os pontos externos foram usados
como pontos de “controle” e serviram de parâmetro para a calibração do modelo atual, de
modo a garantir que os cenários ou simulações futuras apresentem boa confiabilidade.
Tabela 2 - Comparação entre os níveis de ruído LAeq medidos e simulados no perímetro do empreendimento, sem a operação das fontes sonoras - Períodos Diurno e Noturno.
Ponto
LAeq, dBA
Ruído Ambiente
Medido Simulado Diferença
Diurno Noturno Diurno Noturno Diurno Noturno
A 68,3 65,0 68,2 64,9 -0,1 -0,1
B 63,5 46,9 63,6 46,9 0,1 0,0
C 59,7 50,2 59,6 49,5 -0,1 -0,7
D 65,4 65,8 65,2 65,5 -0,2 -0,3
E 61,0 50,4 60,9 49,7 -0,1 -0,7
F - 63,8 67,1 63,8 - 0,0
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Tabela 3 – Comparação entre os níveis de ruído LAeq medidos e simulados próximos às fontes.
Ponto Fonte(s) LAeq, dBA.
Medido Simulado Diferença
F3 Transformadores 74,1 73,7 -0,4
F4 Torres de resfriamento 1 e 2 - 1,2m do piso 76,8 75,8 -1,0
F5 Torres de resfriamento 1 e 2 - 3,5m do piso 76,3 75,8 -0,5
F6 Bombas secundárias dos Chillers 79,2 78,4 -0,8
F7 Bombas primárias dos Chillers 82,5 82,4 -0,1
F8 Ao lado dos 4 Chillers 82,0 81,8 -0,2
F9 Entre dois Chillers 83,8 84,5 0,7
F10 Ao lado dos 4 Chillers - Vão entre contêineres 74,3 74,8 0,5
F17 Entre os Chillers e o contêiner 87,2 87,4 0,2
F18 Ao lado dos 4 Chillers - Vão entre contêineres 79,0 78,9 -0,1
As tabelas 2 e 3 apresentam a comparação entre os níveis de pressão sonora mensurados nos
pontos indicados na figura 5 com aqueles obtidos no modelo digital através da simulação
sonora. As diferenças obtidas não superam 1.0 dBA, indicando boa precisão do modelo.
Após a calibração do modelo digital, foram inseridos novos pontos receptores localizados em
edificações sensíveis, onde não fora possível realizar medições sonoras. A figura 2 ilustra a
posição desses receptores R1 a R10, localizados na fachada de edifícios verticalizados.
Figura 2 – Pontos receptores do entorno (A a F) e dos edifícios sensíveis (R1 a R10).
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3.2 Resultados da simulação sem tratamento acústico
Após a conformação do DGM, sua calibração e da inserção de todos os pontos receptores, os
cálculos de propagação sonora foram executados, gerando a Tabela de Pontos e o Mapa de
Propagação Sonora, para cada situação simulada.
Os resultados obtidos para a condição atual, sem considerar intervenções acústicas, estão
indicados na tabela 4. Dos dez receptores sensíveis considerados (R1 a R10), apenas os
receptores R1 a R4 apresentaram impacto sonoro, em virtude da proximidade com a instalação
do sistema de refrigeração e dos chillers. Apenas foram indicados na tabela os andares mais
impactados de cada edificação.
O critério acústico nos pontos A a F sofreram alterações, seja no período diurno ou no noturno,
devido ao ruído ambiente mensurado ser mais elevado do que o próprio critério acústico (NCA),
seguindo recomendação da Norma Brasileira NBR 10.151/2000, que estabelece que, sendo o
nível de ruído ambiente superior ao critério acústico para a zona e período em questão, esse
valor medido assumirá o novo critério acústico.
Tabela 4 – Resultados obtidos com a simulação sonora: Simulado x Critério da Lei 13.885/2004 – Períodos diurno e noturno.
Ponto Andar
Nível de Pressão Sonora, LAeq, dBA
Simulado Critério Diferença
Diurno Noturno Diurno Noturno Diurno Noturno
A
-
35.6 35.6 68.3 65.0 -32.7 -29.4
B 39.4 39.4 65.0 46.9 -25.6 -7.5
C 47.0 47.0 65.0 50.2 -18.0 -3.2
D 30.3 30.3 65.4 65.8 -35.1 -35.5
E 35.8 35.8 65.0 50.4 -29.2 -14.6
F 51.3 51.3 67.1 63.8 -15.8 -12.5
R1.1 11 51.6 51.6 65.0 45.0 -13.4 +6.6
R1.2 11 51.5 51.5 65.0 45.0 -13.5 +6.5
R2.1 28 46.4 46.4 65.0 45.0 -18.6 +1.4
R2.2 28 45.7 45.7 65.0 45.0 -19.3 +0.7
R3.1 28 47.0 47.0 65.0 450 -18.0 +2.0
R3.2 26 45.3 45.3 65.0 45.0 -19.7 +0.3
R4.1 06 48.5 48.5 65.0 45.0 -16.5 +3.5
12 47.7 47.7 65.0 45.0 -17.3 +2.7
R4.2 06 47.8 47.8 65.0 45.0 -17.2 +2.8
12 47.7 47.7 65.0 45.0 -17.3 +2.7
O impacto sonoro observado varia entre 0.3 e 6.6 dBA, sendo o receptor R1, fachada 1, o mais
impactado, seguido de sua fachada 2 (6.5 dBA). Os pontos A a F não foram impactados por
estarem no piso térreo e as fontes sonoras a cerca de 18,0 m do piso.
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3.3 Medidas de mitigação sonora
O sistema de refrigeração e dos chillers se encontra na cobertura do empreendimento e é
cercado em uma fachada lateral e na fachada de frente por contêineres com altura de 5.2
metros, que possuem um vão entre si que permite a passagem livre do ruído. Através do
estudo de propagação sonora, foram identificadas as seguintes medidas mitigadoras, para as
fontes do sistema:
i. Barreira constituída de painéis acústicos com altura vertical de 5,2 m mais um painel
inclinado a um ângulo de 45° no topo, com 1,0 m de desenvolvimento, localizada no vão
entre contêineres;
ii. Chillers: Requadro em painéis acústicos na parte superior de cada chiller (altura dos
ventiladores), com sobreposição de 0.1 m junto ao corpo metálico do chiller e altura total
de 1.42 m;
iii. 2 Bombas primárias: Barreira de 1,5 m de altura, voltada para o lado dos receptores
R1 a R4;
iv. 7 Bombas secundárias e 4 transformadores: Barreira de 2,0 m de altura, voltada
para o lado dos receptores R1 a R4;
v. 2 Torres de resfriamento: Requadro em painéis acústicos com altura de 1,2 m na
parte superior - correspondente ao ventilador - de cada torre.
Figura 3 – Locação das fontes sonoras da cobertura considerando o tratamento acústico.
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Figura 4 – Modelo tridimensional considerando as fontes sonoras (rosa), edificações sensíveis (laranja) e o tratamento acústico (verde).
3.4 Resultados após simulação do tratamento acústico
Após a implantação do tratamento acústico no modelo digital, foram rodadas novos mapas e
cálculos, atestando a eficiência do tratamento acústico proposto. Os resultados obtidos estão
na tabela 5.
Tabela 5 - Resultados obtidos com a simulação sonora, considerando o tratamento acústico: Simulado x Critério da Lei 13.885/2004 – Períodos diurno e noturno.
Ponto Andar
Nível de Pressão Sonora, LAeq, dBA
Simulado Critério Diferença
Diurno Noturno Diurno Noturno Diurno Noturno
A
-
34.7 34.7 68.3 65.0 -33.6 -30.3
B 36.4 36.4 65.0 46.9 -28.6 -10.5
C 38.1 38.1 65.0 50.2 -26.9 -12.1
D 27.8 27.8 65.4 65.8 -37.6 -38.0
E 33.9 33.9 65.0 50.4 -31.1 -16.5
F 41.9 41.9 67.1 63.8 -25.2 -21.9
R1.1 11 42.5 42.5 65.0 45.0 -22.5 -2.5
R1.2 11 42.8 42.8 65.0 45.0 -22.2 -2.2
R2.1 28 43.1 43.1 65.0 45.0 -21.9 -1.9
R2.2 28 42.3 42.3 65.0 45.0 -22.7 -2.7
R3.1 28 43.8 43.8 65.0 45.0 -21.2 -1.2
R3.2 26 40.3 40.3 65.0 45.0 -24.7 -4.7
R4.1 06 38.1 38.1 65.0 45.0 -26.9 -6.9
12 38.7 38.7 65.0 45.0 -26.3 -6.3
R4.2 06 37.8 37.8 65.0 45.0 -27.2 -7.2
12 38.3 38.3 65.0 45.0 -26.7 -6.7
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Com o tratamento acústico proposto, todos os pontos receptores apresentaram níveis de
pressão sonora que se adequam ao previsto na legislação Municipal 13.885/2004. A eficiência
do tratamento acústico variou entre 3,2 e 10,4 dBA, dependendo do receptor considerado,
apresentando média de 6,8 dBA de redução sonora.
3.5 Execução do tratamento acústico e confirmação dos resultados
As obras de tratamento acústico foram implementadas, conforme mostram as fotos a seguir. As
medições acústicas realizadas após a execução das obras indicaram níveis de ruído sem
alteração, para as duas condições operacionais: com e sem o sistema de refrigeração
funcionando. Na prática, isto representa que não há impacto ambiental de ruído para o entorno
quando o sistema opera, comprovando a mitigação sonora.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 5(a) a 5(d) – Fotografias dos tratamentos acústicos executados: (a) Requadros dos chillers, (b) Barreira das bombas, (c) e (d) Barreira de fechamento geral.
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4 Conclusões
Este estudo de caso real mostra que o uso de software de simulação de propagação sonora
constitui uma ferramenta muito útil quando se tem uma instalação de sistema de água gelada,
constituída por chillers, bombas e torres, propagando ruído em todas as direções (neste caso,
por estarem localizadas na cobertura de um edifício comercial a 18,0 m do piso).
Em virtude da presença de vários receptores em prédios residenciais ao redor e da dificuldade
em se poder realizar medições sonoras no ambiente dos receptores, a elaboração do modelo
digital e caracterização das fontes de ruído, possibilitou quantificar o impacto na vizinhança e
desenvolver as soluções mitigadoras, através de projetos acústicos.
Após a implantação de tais medidas mitigadoras – constituídas por barreiras e requadros
acústicos próximos aos equipamentos - foi possível verificar a eficiência do tratamento acústico
e respectiva modelagem computacional, através de novas medições sonoras no local objeto de
estudo.
Agradecimentos
Agradecemos ao eng. Luciano Carvalho pela colaboração na fase de realização das medições
acústicas.
Referências
[1] Gerges, S.N.Y.; Ruído: Fundamentos e controle. Florianópolis, 1992. Universidade Federal de Santa Catarina.
[2] Bistafa, S.R.; Acústica Aplicada ao Controle do Ruído. São Paulo, 2006. Editora Edgard Blücher.
[3] Norma NBR 10.151. Acústica – Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade – Procedimento.
[4] Decisão de Diretoria CETESB 389/2010/P.