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Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas
Universidade Federal do Espírito Santo
Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas
Centro Regional de Referência sobre Drogas do Espírito Santo
Abordagens Psicossociais ao
Uso e Abuso de Substâncias Psicoativas
Psic. Tiago Cardoso Gomes
Mestrando em Saúde Coletiva
Profª. Drª. Marluce Miguel de Siqueira Coordenadora de Pesquisa
VITÓRIA
2014
2
- O fenômeno do abuso de Substâncias Psicoativas (SPAs)
tem repercussões negativas na saúde (física e psíquica) e no
âmbito social (família e comunidade);
- É fundamental a análise do contexto familiar e sociocultural;
- Identificar fatores de risco e fatores de proteção para
subsidiar ações efetivas de prevenção e/ou intervenção.
INTRODUÇÃO
(SOUZA; KANTORSKI; MIELKE, 2006)
3
- O tratamento deve atender as necessidades particulares de
cada usuário evitando o modelo de “tamanho único” (SOUZA;
KANTORSKI; MIELKE, 2006);
- Combinação de intervenções psicossociais à abordagem
farmacológica;
- Abordagens psicossociais nas modalidades individual ou em
grupo.
INTRODUÇÃO
4
- Abordagens psicossociais nas modalidades:
- Individual: Terapia Cognitivo Comportamental (TCC),
Entrevista Motivacional (EM), Prevenção de Recaída
(PR), Redução de Danos (RD) e Gerenciamento de
Casos (GC), Intervenção Breve (IB);
- Em grupo: Grupos de Auto Ajuda e Terapia Familiar.
INTRODUÇÃO
5
- Terapias Cognitivo-Comportamentais (TCC), denominam-se
assim porquê constituem uma integração de conceitos e
técnicas cognitivas e comportamentais (BAHLS, 2004).
- A TCC baseia-se em dois princípios centrais (WRIGHT;
BASCO; THASE, 2006):
- Cognições (pensamentos) têm influencia controladora
sobre emoções e comportamentos;
- Comportamentos podem afetar profundamente nossos
padrões de pensamento e emoções.
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTALMENTAL
6
- De acordo com Seibel (2010):
- Uso e Abuso de SPAs: comportamento aprendido, que
pode ser modificado com a participação ativa do usuário no
processo de mudança;
- Objetivo básico: mostrar a relação entre pensamentos,
emoções e ações ligadas ao consumo, e identificar as
funções da substância na vida do usuário.
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTALMENTAL
7
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTALMENTAL
- Estrutura das sessões modifica-se ao longo do tratamento,
mas de modo geral é uma abordagem (SILVA; SERRA, 2004):
- Estruturada, diretiva, focal e de prazo limitado (12 a 24
sessões);
- Baseada na relação genuína entre paciente e terapeuta
(empatia e colaboração mútua).
8
ENTREVISTA MOTIVACIONAL (EM)
- Motivar o usuário a desenvolver comprometimento e a
tomada de decisão de mudar seu comportamento;
- Ajudar a reconhecer e fazer algo sobre seus problemas;
- Utilizada em qualquer fase do tratamento - com os que
buscaram e com os que necessitam de motivação para
buscar ajuda;
- Útil com pessoas mais resistentes a mudanças ou aqueles
que se encontram ambivalentes.
9
ENTREVISTA MOTIVACIONAL (EM)
- Cinco princípios norteadores na EM com usuários de álcool
e outras drogas:
1. Expressar empatia;
2. Desenvolver a discrepância;
3. Evitar a argumentação;
4. Acompanhar a resistência;
5. Promover a autoeficácia.
10
PREVENÇÃO DE RECAÍDA (PR)
- De acordo com Seibel (2010):
- A prevenção de episódios de recaída tem sido foco
importante do tratamento;
- Considera não apenas a interrupção do uso da
substância, mas a manutenção do comportamento de
mudança;
- Orientação do paciente em relação ao cumprimento da
meta, da identificação das situações de risco, dos lapsos e
recaídas.
11
PREVENÇÃO DE RECAÍDA (PR)
- Marlatt e Gordon (1985) enfatizam que a recaída pode ser
previsível, prevenida e evitada:
- Através do aprendizado de estratégias de auto controle
no enfrentamento de situações de risco;
- Desenvolvimento de habilidades que favoreçam o
indivíduo nas diversas condições.
12
REDUÇÃO DE DANOS (RD)
- De acordo com Dualibi, Vieira e Laranjeira (2011) a Redução
de Danos (RD):
- É uma estratégia de intervenção terapêutica que busca
controlar possíveis conseqüências adversas do consumo
de SPAS;
- Propõe o manejo seguro de comportamentos de alto risco
e dos danos associados (alternativa à abstinência e da
prevenção do HIV/AIDS)
13
- De acordo com Marques e Zaleski (2011):
- Brasil: ações aplicadas sob o rotulo de redução de danos,
não têm evidencias cientificas para prevenção de doenças
infectocontagiosas e assistência ao usuário de SPAs;
- Estratégias de RD não devem consideradas uma política
assistencial única para todos os usuários de diferentes
tipos de substancias;
REDUÇÃO DE DANOS (RD)
14
- Estratégias para minimizar os danos do consumo de álcool
(BRASIL, 2004):
Ingerir água e líquidos não alcoólicos e vitaminas do
complexo B;
Ter nutrição adequada;
Consumir produtos com baixo teor alcoólico para produzir
menor embriaguez;
.
REDUÇÃO DE DANOS (RD)
15
- Estratégias para minimizar os danos do consumo de álcool
(BRASIL, 2004):
Escolher um ambiente seguro para beber, para que haja
relativa segurança principalmente para aqueles que não
bebem;
Efetuar o uso de álcool associado a atividades sociais,
sendo assim é provável que o álcool seja menos relevante
e assim alguns problemas possam ser evitados;
.
REDUÇÃO DE DANOS (RD)
16
- Estratégias para minimizar os danos do consumo de álcool
(BRASIL, 2004):
Planejar os momentos da ingestão do álcool, para que se
possa evitar acidentes automobilísticos decorrente de
consumo excessivo da droga; e
Disseminar informações sobre o álcool e seus efeitos,
objetivando a educação em saúde.
.
REDUÇÃO DE DANOS (RD)
17
GERENCIAMENTO DE CASOS (GC)
- Gerenciamento de Casos (GC) pode ser definido conforme
Soares (2011):
- Processo de cuidado que inclui avaliação, distribuição,
coordenação e monitoramento de serviços e fonte de
recursos;
- Garantir que as necessidades dos serviços sejam
reconhecidas;
- Equipe multidisciplinar como extensão do tratamento
buscando a (re)inserção social evitando internação.
18
GERENCIAMENTO DE CASOS (GC)
- GC têm como características (GRAHAM; TIMNEY, 1990;
FONSECA; ALVES; LEMOS, 2011):
- Forma de ajuda organizada;
- Componentes e funções definidas;
- Responsabilização de uma pessoa ou equipe;
- Plano de cuidados capaz de atender as necessidades
individuais e promover o cuidado;
- Atenção ampliada e individualizada.
19
GERENCIAMENTO DE CASOS (GC)
- Gerenciamento de Casos (GC) tem demostrado:
- Entre as estratégias mais importantes no tratamento em
saúde mental e abordagem comunitária nas últimas
décadas;
- Resultados positivos na melhoria da adesão ao
tratamento e redução do consumo de SPAs em diversas
sociedades e culturas.
(HOLLOWAY; CARSON, 2001; VANDERPLASSCHEN et al., 2004; SOARES, 2009; FONSECA; ALVES; LEMOS, 2011)
20
GRUPOS DE AUTO-AJUDA
- Baseados no modelo do grupo Alcoólicos Anônimos - AA
(ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, 2012):
- Auto-sustentáveis e seus membros têm liberdade para
entrar e sair do grupo quando quiserem;
- Seguem os princípios filosóficos conhecidos como 12
passos.
- Os membros adaptam suas vidas e fortalecem seus laços
emocionais.
21
GRUPOS DE AUTO-AJUDA
- Baseados no modelo do grupo Alcoólicos Anônimos - AA
(ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, 2012):
- Narcóticos Anônimos (NA): atenção a usuários de outras
drogas;
- Amor Exigente (AMOREX): para familiares de usuários de
drogas e também segue os doze passos (doze princípios),
mas adaptado a realidade necessária (MENEZES, 2011).
22
- Baseados no modelo do grupo Alcoólicos Anônimos - AA
(ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, 2012):
1- Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que
tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.
2- Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos
poderia devolver-nos à sanidade.
3- Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos
cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.
GRUPOS DE AUTO-AJUDA
23
- Baseados no modelo do grupo Alcoólicos Anônimos - AA
(ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, 2012):
4- Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós
mesmos.
5- Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante
outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.
6- Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus
removesse todos esses defeitos de caráter.
GRUPOS DE AUTO-AJUDA
24
- Baseados no modelo do grupo Alcoólicos Anônimos - AA
(ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, 2012):
7- Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas
imperfeições.
8- Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos
prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas
causados.
GRUPOS DE AUTO-AJUDA
25
- Baseados no modelo do grupo Alcoólicos Anônimos - AA
(ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, 2012):
9- Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais
pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo
significasse prejudicá-las ou a outrem.
10- Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando
estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
GRUPOS DE AUTO-AJUDA
26
- Baseados no modelo do grupo Alcoólicos Anônimos - AA
(ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, 2012):
11- Procuramos, pela prece e meditação, melhorar nosso
contato com Deus, na forma em que o concebíamos, rogando
apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e
forças para realizar essa vontade;
12- Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a
esses Passos, procuramos transmitir-los aos alcoólicos e
praticar esses princípios em todas as nossas atividades.
GRUPOS DE AUTO-AJUDA
27
TERAPIA FAMILIAR
- A Terapia Familiar têm como fundamentação teórica:
- Modelo sistêmico;
- Transtornos por uso de SPAs como sintoma de disfunção
familiar;
- Expressa no conjunto de comportamentos desajustados;
- Usuário em constante relação;
- Interação entre os membros é o foco da abordagem.
(KAUFMANN; KAUFMANN, 1982; PAYÁ; FIGLIE, 2004)
28
TERAPIA FAMILIAR
- Família é um sistema que se mantém em equilíbrio por meio
de regras de funcionamento:
- Terapia Familiar busca a mudança pela reorganização da
comunicação entre os membros;
- A sessão pode ocorrer da forma seguinte:
- Terapeuta incentiva descrição do sofrimento e observa a
interação familiar diante do problema;
- Ajusta o papel dos membros para resolver os conflitos.
(STANTON; TOOD, 1985; PAYÁ; FIGLIE, 2004; SEIBEL, 2010)
30
AVALIAÇÃO INICIAL
- OBJETIVO: Identificar usuários nocivos de álcool, tabaco e
outras drogas que não fazem uso suficientemente severo
para serem classificados como dependentes.
- CARACTERÍSTICAS:
•Conduzida de forma: clara, simples, breve, flexível, ampla;
•Informações sobre uso de uma substância abordados
somente ao final da entrevista;
•Entrevista deve ser diretiva (objetiva), acolhedora e
empática.
(LARANJEIRA et al., 2003)
31
AVALIAÇÃO INICIAL
- CARACTERÍSTICAS:
• Foco na pessoa (não na droga);
• Evitar confrontos;
• Só estimular mudanças compatíveis com a motivação do
usuário;
• Bom senso na sua condução; e
• É decisiva no engajamento do usuário e mudanças ainda
durante o acompanhamento.
(LARANJEIRA et al., 2003)
32
AVALIAÇÃO INICIAL
- Dados do usuário:
- Conhecer queixas ou alterações do estado de saúde,
condição social e econômica;
- Formulação da hipótese diagnóstica; e
- Planejamento do seu cuidado.
- Procedimento básico: Anamnese clínica geral e
Anamnese específica (investigar o consumo de álcool e
outras drogas).
.
(LARANJEIRA et al., 2003)
33
AVALIAÇÃO INICIAL
- Questões essenciais para serem investigadas:
• O último episódio de consumo (tempo de abstinência);
• A quantidade de substância consumida;
• A via de administração escolhida;
• O ambiente do consumo (festas, na rua, no trabalho, com
amigos, com desconhecidos, sozinho...); e
• A freqüência do consumo nos últimos meses.
(LARANJEIRA et al., 2003)
34
AVALIAÇÃO INICIAL
- Sinalizadores de problemas:
• Faltas freqüentes no trabalho e na escola;
• História de trauma e acidente freqüentes;
• Depressão;
• Ansiedade;
• Hipertensão arterial;
• Sintomas gastrointestinais;
• Disfunção sexual;
• Distúrbio do sono.
(LARANJEIRA et al., 2003)
35
AVALIAÇÃO INICIAL
- Sinalizadores de problemas:
• Tremor leve;
• Odor de álcool;
• Aumento do fígado;
• Irritação nasal (sugestivo de inalação de cocaína) e
• Irritação das conjuntivas (sugestivo de uso de maconha).
(LARANJEIRA et al., 2003)
36
AVALIAÇÃO INICIAL
- Sinalizadores de problemas:
• Pressão arterial lábil (sugestivo de síndrome de abstinência
de álcool);
• Taquicardia e/ou arritmia cardíaca;
• “Síndrome da higiene bucal” (mascarar o odor de álcool) e
• Odor de maconha nas roupas.
(LARANJEIRA et al., 2003)
37
AVALIAÇÃO INICIAL
- Formulário de avaliação do risco: investiga e
contextualiza o consumo de substâncias psicoativas conforme
os aspectos discutidos anteriormente .
- Instrumentos de rastreamento ou triagem:
(CORRADI-WEBSTER; LAPREGA; FURTADO, 2005)
• Utilização complementar;
• Auxiliar na determinação do uso nocivo;
• Usados com mínimo de treinamento;
• Qualquer profissional;
38
AVALIAÇÃO INICIAL
- Instrumentos de rastreamento ou triagem:
(CORRADI-WEBSTER; LAPREGA; FURTADO, 2005)
• Pontuação clara que indica a probabilidade de problemas
relacionados;
• Úteis na rotina profissional (fácil e rápida aplicação).
• Não são instrumentos de diagnóstico.
39
AVALIAÇÃO INICIAL
Questionário CAGE:
Cutdown, Annoyed by criticism, Guilty and Eye-opener
(MAYFIELD; MCLEOD; HALL, 1974)
• Entre os mais utilizados para detectar uso nocivo de álcool;
• Indica prováveis casos de dependência;
• Duas respostas positivas entre as quatro questões (boa
sensibilidade e especificidade);
• Questões extras: Você já teve problemas relacionados ao
uso de álcool? Você bebeu nas últimas 24 horas?
40
AVALIAÇÃO INICIAL
Cut down, Annoyed by criticism, Guilty and Eye-opener
O consumo de álcool é considerado de risco a
partir de duas respostas afirmativas.
0- NÃO 1- SIM
1. Alguma vez o (a) Sr. (a) sentiu que deveria
diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber?
0 1
2. As pessoas o (a) aborrecem porque criticam o
seu modo de beber?
0 1
3. O (A) Sr. (a) se sente culpado (a) (chateado
consigo mesmo) pela maneira como costuma
beber?
0 1
4. O (A) Sr. (a) costuma beber pela manhã para
diminuir o nervosismo ou a ressaca?
0 1
(MAYFIELD; MCLEOD; HALL, 1974)
Questionário CAGE
41
AVALIAÇÃO INICIAL
Teste de Fagerström para Dependência de Nicotina –
TFDN (HEATHERTON et al., 1991).
- Evidências clínicas (HALTY et al., 2002):
- Dependência nicotínica: manutenção do tabagismo e
dificuldade de cessação;
- Todos os fumantes regulares seriam dependentes (variação
do grau de dependência) e necessidade avaliação.
42
AVALIAÇÃO INICIAL
-Questionário de Tolerância de Fagerström
(FAGERSTRÖM, 1978): Objetivo - estimar o grau de
dependência nicotínica; Ferramenta mundialmente utilizado.
- Teste de Fagerström para Dependência de Nicotina –
TFDN (HEATHERTON et al., 1991):
• Indicador confiável de dependência de fumantes em
diferentes populações.
• Aplicação simples, rápida e de baixo custo.
• Seis questões referentes ao hábito de fumar.
43
AVALIAÇÃO INICIAL
O Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT):
• Elaborado pela Organização Mundial da Saúde - OMS
(BABOR et al., 1992);
• Traduzido e validado no Brasil (FIGLIE et al., 1997;
MÉNDEZ, 1999);
• Primeiro questionário de avaliação de riscos e problemas
associados ao álcool na atenção básica em saúde;
44
AVALIAÇÃO INICIAL
Alcohol Use Disorders Identification Test – AUDIT
(BABOR et al., 1992)
• Consiste de 10 perguntas (5 opções de resposta);
• Investiga quantidade e frequência, sintomas de abstinência
e problemas associados;
• Pontuação superior a 8 pontos: risco de problemas do
beber excessivo (recomenda-se avaliação mais detalhada).
45
AVALIAÇÃO INICIAL
- Classificações da Organização Mundial da Saúde – OMS
para consumo de SPAs (OMS, 1993):
- Freqüência:
- Uso na vida: uso pelo menos uma vez na vida;
- Uso no ano: pelo menos uma vez nos últimos 12 meses;
- Uso no mês (recente): pelo menos uma vez nos ultimos 30
dias;
- Uso freqüente: seis ou mais vezes nos últimos 30 dias;
46
AVALIAÇÃO INICIAL
- Classificações da Organização Mundial da Saúde – OMS
para consumo de SPAs (OMS, 1993):
- Intensidade:
- Não usuário: nunca utilizou;
- Usuário leve: usou no último mês, menos que uma vez por
semana;
- Usuário moderado: usou na última semana, mas não
diariamente;
- Usuário pesado: utilizou diariamente no último mês.
47
AVALIAÇÃO INICIAL
Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening
Test – ASSIST (HENRIQUE et al., 2004):
- Validado em sete países, coordenado pela OMS.
- Fornece informações sobre:
• Uso de drogas na vida e nos últimos três meses;
• Problemas relacionados ao uso de drogas;
• Risco atual ou futuro de problemas devido o uso;
• Se a pessoa provavelmente é dependente;
• Se a pessoa já usou drogas injetáveis.
48
AVALIAÇÃO INICIAL
- Avaliação da motivação:
- Conhecer a motivação para promover alterações no seu
atual padrão de consumo de SPAs;
- Determinar as expectativas sobre o planejamento
terapêutico; e
- Motivação: estado de prontidão para a mudança,
flutuante ao longo do tempo e passível de ser influenciado
por outrem (MILLER; ROLNIK, 2001).
49
AVALIAÇÃO INICIAL
Modelo Transteórico - usuário de SPAs passa por diferentes
estágios motivacionais (PROCHASKA; DICLEMENTE,1982):
Pré-contemplação:
• Paciente: Sem idéia sobre o problema e sem planos;
Contemplação:
• Paciente: Percebe um problema, mas está ambivalente
sobre mudanças;
50
AVALIAÇÃO INICIAL
Modelo Transteórico - usuário de SPAs passa por diferentes
estágios motivacionais (PROCHASKA; DICLEMENTE,1982):
Determinação:
• Paciente: Percebe que tem um problema e que precisa
promover mudanças;
Ação:
• Paciente: Pronto para começar a mudança.;
51
AVALIAÇÃO INICIAL
Modelo Transteórico - usuário de SPAs passa por diferentes
estágios motivacionais (PROCHASKA; DICLEMENTE,1982):
Manutenção:
• Paciente: Incorporação da mudança na rotina de vida;
Recaída:
• Paciente: Volta para a contemplação ou pré-contemplação.
53
DIAGNÓSTICO
- Critérios de diagnóstico para uso nocivo ou
dependência de substâncias psicoativas:
- Objetivo: classificar diferencialmente o paciente em
usuário nocivo (abusador) ou dependente;
- Classificação Internacional de Doenças (CID 10) da
Organização Mundial da Saúde – OMS (OMS, 1993); e
- Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM-IV) da Associação Psiquiátrica Americana – APA
(APA, 1994).
54
DIAGNÓSTICO
- Critérios de diagnóstico para uso nocivo ou
dependência de substâncias psicoativas:
- Uso nocivo:
- Padrão mal-adaptativo de uso com repetidas complicações
clínicas e/ou psicossociais, problemas legais entre outros
(restritas ao período de consumo);
- Distingue da dependência pela ausência de tolerância e
síndrome de abstinência, ou diagnostico anterior de
dependência.
55
DIAGNÓSTICO
- Critérios de diagnóstico para uso nocivo ou
dependência de substâncias psicoativas:
- Dependência:
- Padrão de consumo compulsivo, voltado para o alívio ou
evitação de sintomas de abstinência;
- Interfere na execução de atividades e compromissos sociais
os quais são abandonados ou negligenciados em função do
uso.
- Resulta em tolerância e síndrome de abstinência.
56
Critérios do CID-10 para uso nocivo (abuso) de substância
O diagnóstico requer que um dano real deva ter sido causado à saúde
física e mental do usuário.
Padrões nocivos de uso são freqüentemente criticados por outras pessoas
e estão associados a conseqüências sociais diversas de vários tipos. O
fato de um padrão de uso ou uma substância em particular não ser
aprovado por outra pessoa, pela cultura ou por ter levado a conseqüências
socialmente negativas, tais como prisão ou brigas conjugais, não é por si
mesmo evidência de uso nocivo.
O uso nocivo não deve ser diagnosticado se a síndrome de dependência,
um transtorno psicótico ou outra forma específica de transtorno relacionado
ao uso de drogas ou álcool está presente. (OMS, 1993)
DIAGNÓSTICO
57 (OMS, 1993)
DIAGNÓSTICO
Critérios do CID-10 para dependência de substâncias
Um diagnóstico definitivo de dependência deve usualmente ser feito
somente se três ou mais dos seguintes requisitos tenham sido
experenciados ou exibidos em algum momento do ano anterior:
(a) um forte desejo ou senso de compulsão para consumir a
substância;
(b) dificuldades em controlar o comportamento de consumir a
substância em termos de seu início, término e níveis de consumo;
(c) um estado de abstinência fisiológico quando o uso da substância
cessou ou foi reduzido, como evidenciado por: síndrome de
abstinência para a substância ou o uso da mesma substância (ou de
uma intimamente relacionada) com a intenção de aliviar ou evitar
sintomas de abstinência;
58 (OMS, 1993)
DIAGNÓSTICO
Critérios do CID-10 para dependência de substâncias
Um diagnóstico definitivo de dependência deve usualmente ser feito
somente se três ou mais dos seguintes requisitos tenham sido
experenciados ou exibidos em algum momento do ano anterior:
(d) evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da
substância psicoativa são requeridas para alcançar efeitos
originalmente produzidos por doses mais baixas;
(e) abandono progressivo de prazeres e interesses alternativos em
favor do uso da substância psicoativa, aumento da quantidade de
tempo necessária para se recuperar de seus efeitos;
(f) persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de
conseqüências manifestamente nocivas. Deve-se fazer esforços claros
para determinar se o usuário estava realmente consciente da natureza
e extensão do dano.
59
- Avaliação Inicial + Critérios de Diagnóstico para uso
nocivo/dependência = Usuário pode estar em uso:
- Sem apresentar problemas: porém deve saber que não
existe uso seguro de SPAs;
- Apresentando problemas: sem dependência, necessário,
reduzir o consumo e tornar-se responsável pela mudança;
- Apresentando dependência: realizar investigação mais
aprofundada (foco na tolerância e síndrome de
abstinência).
(DIEHL et al, 2011)
DIAGNÓSTICO
60 (DIEHL et al, 2011)
DIAGNÓSTICO
- Estabelecido o diagnóstico do paciente é necessário:
- Informá-lo do resultado;
- Envolvê-lo no planejamento do seu cuidado;
- Seguir princípios gerais de devolutiva:
• Ter em mente os critérios de uso nocivo e dependência;
• Explicar o método de avaliação utilizado;
• Afirmar que o usuário não é culpado do problema;
61 (DIEHL et al, 2011)
DIAGNÓSTICO
- Estabelecido o diagnóstico do paciente é necessário:
- Seguir princípios gerais de devolutiva (continuação):
• Afirmar que o usuário será responsável pela mudança seguinte;
• Explicar o plano de tratamento mínimo ou encaminhamento;
• Sugerir participação de familiar ou amigo (no caso de
adolescente um responsável);
• Planejar o retorno.
- Princípios independentes do tipo de intervenção;
- Destaque para intervenções breves ao uso de SPAs na
atenção básica em saúde.
63
INTERVENÇÃO BREVE
- Abordagem relacionada à prevenção primária ou
secundária para usuários de álcool e outras drogas
(SOUZA; RONZANI, 2012):
- Prevenção primária: usuários que ainda não experimentaram
SPAs;
- Prevenção secundária: indivíduos que já fazem uso regular de
SPAs;
- Fundamentada nos princípios Entrevista Motivacional (EM)
(BABOR; HIGGINS-BIDDLE, 2003).
64
INTERVENÇÃO BREVE
- Objetivo principal: motivar usuários em risco a mudar seus
comportamentos de uso (BABOR; HIGGINS-BIDDLE, 2003).
- Pesquisadores canadenses nos anos 70: reformulação no
modelo tradicional de intervenção psicossocial aos problemas
relacionados ao uso de álcool (MARQUES, 2010):
- Diminuindo o tempo de intervenção;
- Definição de etapas especificas na abordagem;
- Intervenção breve para problemas do consumo de álcool,
estendida depois para outros tipos de SPAs.
65
INTERVENÇÃO BREVE
- Dados epidemiológicos - maioria dos problemas (crônicos
e agudos) com o consumo de álcool:
- NÃO: causados pelos indivíduos dependentes (parcela menor,
causam maior dano pessoal, porém menor dano global);
- SIM: causados pelos indivíduos que fazem uso nocivo (grupo
maior), colocando a si e aos outros em risco;
- Indicação: diminuir o consumo de álcool em pessoas com
problemas e/ou risco de desenvolver problemas, mas que não
satisfazem o diagnóstico de dependência (BRASIL, 2012).
66
INTERVENÇÃO BREVE
Características da Intervenção Breve
Intervenção estruturada, focal e objetiva;
Desenvolvida em curto espaço de tempo (sessões variam de 5 a
45 minutos)
Raras vezes ultrapassam 5 encontros
Pode ser realizada por profissionais com diferentes tipos de
formação (médicos, psicólogos, auxiliares de enfermagem,
nutricionistas, assistentes sociais, agentes comunitários e outros
profissionais da saúde), bastando que recebam um rápido
treinamento para isto
(BRASIL, 2012)
67
INTERVENÇÃO BREVE
Características da Intervenção Breve
Centrada no cliente, com objetivo de ajudar no desenvolvimento da
autonomia das pessoas, atribuindo--lhes a capacidade de assumir a
iniciativa e a responsabilidade por suas escolhas
É eficaz em reduzir o consumo e os problemas ligados ao consumo
de álcool (sem critérios de dependência), e já há algumas evidências
de eficácia em tratamento do tabagismo
Tem se mostrado tão eficaz quanto tratamentos mais intensivos (por
exemplo: longas internações), principalmente nos casos menos
graves.
(BRASIL, 2012)
68
- Divide-se em triagem e intervenção (BRASIL, 2012):
- Triagem (Avaliação inicial) – identificar padrões de
consumo de SPAs e possíveis riscos e problemas;
- Intervenção - técnicas empregadas em cada sessão ou
encontro, dispostas em elementos norteadores.
- 6 (seis) elementos formam o acróstico “FRAMES” que
significa “moldura”, enquadramento, ou seja, propõe-se
“enquadrar” os procedimentos (MILLER; SANCHES,1993).
.
INTERVENÇÃO BREVE
69
- 6 (seis) elementos formam o acróstico “FRAMES” que
significa “moldura”, enquadramento, ou seja, propõe-se
“enquadrar” os procedimentos (MILLER; SANCHES, 1993):
.
F Feedback Devolutiva ou retorno
R Responsibility Responsabilidade
A Advice Aconselhamento
M Menu Menu de opções
E Empathic Empatia
S Self-efficacy Autoeficácia
INTERVENÇÃO BREVE
70
INTERVENÇÃO BREVE
Devolutiva ou retorno (feedback):
• Objetivo: retorno (feedback) sobre os riscos presentes em
seu padrão de consumo.
• Procedimento:
a) Fazer conexões entre o resultado de exames e o consumo
de substâncias do paciente;
b) Utilizar informações fornecidas pelo paciente sobre
problemas na vida e sugerir associação com o seu uso de
substâncias.
FRAMES
71
INTERVENÇÃO BREVE
Devolutiva ou retorno (feedback):
• Exemplo: “Pelo que conversamos, parece que você
identifica alguns problemas associados com o seu
consumo de (álcool ou outras drogas). Vamos conversar
um pouco mais sobre isso?...”
Responsabilidade (Responsibility):
• Objetivo: Consumo moderado, para usuários de drogas
lícitas, sem diagnóstico de dependência; ou abstinência,
para usuários de drogas ilícitas com dependência.
FRAMES
72
INTERVENÇÃO BREVE
Responsabilidade (Responsibility):
• Procedimento: “negociação” entre o profissional e o
paciente, sobre metas a serem atingidas no tratamento;
• Exemplo: “O seu uso da substância é uma escolha sua e
ninguém pode fazer você mudar seu comportamento ou
decidir por você”. “Se você percebe que isto está
prejudicando sua vida e sua saúde e se quiser mudar,
podemos ajudá-lo, mas a decisão, a escolha é sua”.
FRAMES
73
INTERVENÇÃO BREVE
Aconselhamento (Advice):
• Objetivo: reduzir o risco de problemas futuros; aumentar a
percepção do risco pessoal; e fornecer um motivo para a
mudança do comportamento;
• Procedimento: Ofereça material informativo sobre o uso de
substâncias; relacione os problemas atuais do paciente,
com seu uso, ex.: úlceras gástricas e uso de álcool,
enfisema e uso de tabaco, maconha e problemas de
memória, de emprego, etc...
FRAMES
74
INTERVENÇÃO BREVE
Aconselhamento (Advice):
• Exemplo: “As informações que estou apresentando ao
senhor ajudam a entender como o seu uso (de álcool) esta
causando esses problemas (úlceras gástricas)”.
Menu de opções (Menu)):
• Objetivo: Identificar, junto com o paciente, uma série de
estratégias para a modificação do comportamento-
problema.
FRAMES
75
INTERVENÇÃO BREVE
Menu de opções (Menu):
• Procedimento: Explorar as informações sobre o consumo
de substâncias do paciente para que as estratégias de
enfrentamento possam ser discutidas e adequadamente
escolhidas.
• Exemplo: “Sugiro que faça um diário sobre o seu uso de
substância, registrando, por exemplo: onde costuma usar,
em que quantidade, em companhia de quem, motivo, etc”.
“Isso o ajudará a identificar as possíveis situações de risco
e o que pode ser feito em cada uma delas.
FRAMES
76
INTERVENÇÃO BREVE
Empatia (Empathic):
• Objetivo: O paciente se sentir compreendido pelo
profissional.
• Procedimento: Evite ter um comportamento confrontador ou
agressivo. Demonstre que você está disposto a ouvi-lo, que
entende seus problemas, e a dificuldade de mudar.
• Exemplo: “Gostaria que soubesse que estou aqui para
tentar ajudá-lo”. “Com certeza essa situação (problemas) é
muito difícil para você, e entendo, por isso, que mudá-la
não é tarefa fácil”
FRAMES
77
INTERVENÇÃO BREVE
Autoeficácia (Self-efficacy):
• Objetivo: Aumentar a motivação para o processo de
mudança auxiliando-o a ponderar os “prós” e “contras” do
uso de substâncias.
• Procedimento: Reforçar os aspectos positivos para
encorajar o paciente a confiar em seus próprios recursos e
a ser otimista em relação à sua habilidade para mudar o
comportamento;
FRAMES
78
INTERVENÇÃO BREVE
Autoeficácia (Self-efficacy):
• Exemplo: “Pelo que pude ver você tem uma habilidade
importante de se relacionar bem com as pessoas, e isso
pode te ajudar a ter outras companhias, diferentes das que
tem agora (outros usuários)”.
FRAMES
79
- A IB no uso de substâncias psicoativas é indicada para
os indivíduos que fazem uso nocivo:
- Casos de dependência: encaminhados para serviços
especializados;
- Dependentes tem problemas maiores relacionados ao
uso de drogas;
- Intervenção breve não seria capaz de contemplar muitos
aspectos, que poderiam ser importantes.
.
(BRASIL, 2012)
INTERVENÇÃO BREVE
80
CONSIDERAÇÕES FINAIS
- Modelos de terapia individual e em grupo podem e devem
ser associados com usuários e familiares como estratégia na
reconstrução de novas metas e objetivos;
- Desfecho depende dos vínculos estabelecidos, fundamentos
teóricos e postura do profissional;
- Independente da abordagem, na relação de ajuda que o
processo de mudança acontecerá, para o usuário e familiares.
81
REFERÊNCIAS
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