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Metodologia para a Elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso Cirineu Cecote Stein

ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

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Metodologia para a Elaboração de

um Trabalho de Conclusão de Curso

Cirineu Cecote Stein

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Metodologia para a Elaboração de

um Trabalho de Conclusão de Curso

Cirineu Cecote Stein

Universidade Federal da Paraíba

João Pessoa, setembro de 2012

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Sumário

1. Relação entre “Metodologia do Trabalho Científico” e “Pesquisa Aplicada ao Ensino do

Português” ............................................................................................................................. 5

2. Artigo científico vs. Relato de experiência .......................................................................... 10

2.1. Bases para a construção de um artigo científico ......................................................... 10

2.2. Bases para a construção de um relato de experiência ................................................ 14

2.3. Como escolher uma das duas modalidades ................................................................. 15

3. O plágio ................................................................................................................................ 17

3.1. A questão do direito autoral ........................................................................................ 17

3.2. Aspectos legais ............................................................................................................. 17

3.3. Por que é mais fácil fazer seu próprio trabalho do que plagiar ou pagar a alguém

para fazê-lo .................................................................................................................. 18

4. Recuperando aspectos da “Metodologia do Trabalho Científico” ...................................... 21

4.1. A organização das ideias .............................................................................................. 21

4.2. A seleção bibliográfica ................................................................................................. 25

4.3. A pesquisa de campo ................................................................................................... 26

4.4. A organização dos dados ............................................................................................. 27

4.5. A construção de um roteiro textual ............................................................................. 30

4.6. A citação ....................................................................................................................... 32

4.7. A referenciação bibliográfica ....................................................................................... 33

5. Recuperando aspectos da escritura .................................................................................... 35

5.1. A escritura do resumo .................................................................................................. 35

5.2. A escritura da introdução ............................................................................................ 38

5.3. A escritura do desenvolvimento .................................................................................. 39

5.4. A numeração das seções .............................................................................................. 40

5.5. A escritura de citações diretas e indiretas ................................................................... 41

5.6. O uso de siglas, ilustrações e tabelas ........................................................................... 46

5.7. A escritura da conclusão .............................................................................................. 47

5.8. A escritura das referências bibliográficas .................................................................... 48

5.9. Anexos que valem a pena utilizar ................................................................................ 60

6. Considerações finais ............................................................................................................ 62

6.1. O seu texto espelha você ............................................................................................. 62

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6.2. O papel do orientador .................................................................................................. 63

6.3. Orientador não é revisor .............................................................................................. 63

6.4. O cumprimento dos prazos .......................................................................................... 64

Referências ................................................................................................................................... 65

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1. Relação entre “Metodologia do Trabalho

Científico” e “Pesquisa Aplicada ao Ensino

do Português”

Os objetivos de uma licenciatura, à primeira vista, parecem conduzir o licenciado

especificamente para a sala de aula, como professor. Embora, na maioria das vezes, seja isso o

que ocorra, o campo de trabalho desse profissional é muito mais amplo, podendo ele atuar em

áreas de consultoria até a pesquisa pura. Caso, no entanto, a decisão se dê pela sala de aula, o

professor terá nela grandes oportunidades de desenvolver pesquisas que venham a contribuir

para o desenvolvimento da qualidade de ensino.

A já velha crítica que se faz à problemática do livro didático, segundo a qual o livro,

embora incompleto, acaba por direcionar totalmente a aula do professor, pode ser solucionada,

por exemplo, com a atuação do professor como pesquisador em sua própria sala de aula. A

partir de seu contexto diário, o professor poderá analisar as necessidades curriculares de seus

alunos, em sintonia com sua realidade social, e propor atividades que efetivem o aprendizado.

Naturalmente, os alunos não podem ser simples cobaias, expostos a métodos experimentais

inconsequentes que, ao final, poderão simplesmente prejudicar o aprendizado. Por essa razão, é

indispensável que o professor tenha formação específica para exercer sua atividade, tendo

consciência, portanto, de cada passo que for dado em todo o processo de ensino e

aprendizagem. Entender que, se algo for feito de forma errada durante uma série, aqueles

alunos poderão ficar prejudicados pelo resto de suas vidas é, talvez, o ponto nevrálgico do

planejamento do trabalho do professor.

Assumindo-se, então, que o professor, regente de seus alunos, compreende e domina de

forma satisfatória aquilo que se propõe fazer, ele poderá aliar os conhecimentos específicos da

Metodologia do Trabalho Científico à Pesquisa Aplicada ao Ensino, neste caso, do Português.

Isso, naturalmente, implica certa autonomia de pensamento por parte do profissional, e uma

disposição em buscar novos caminhos. É na vida profissional real que esses princípios adquiridos

durante o curso de graduação serão aplicados, sendo a elaboração de um Trabalho de Conclusão

de Curso (TCC) um exercício, pode-se assim dizer, preparatório para essa realidade. Embora, nos

momentos finais da graduação, essa elaboração seja condição indispensável para a

integralização curricular e, portanto, razão muitas vezes de grande nervosismo, pensar em suas

aplicações futuras pode trazer alguma serenidade a esse processo de escritura.

Nos momentos iniciais da graduação, o estudante entra em contato com o método do

trabalho científico. Uma disciplina que cuide desses aspectos é indispensável para que se tome

conhecimento de como a escritura dos trabalhos a serem produzidos para as outras disciplinas

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Metodologia para a elaboração de um TCC

6 Cirineu Cecote Stein

deve ser conduzida, de como a própria pesquisa científica deve ser conduzida. Os textos que

apresentam as pesquisas desenvolvidas são, eles próprios, tipologias específicas dos gêneros

textuais, adequando-se a cada modalidade específica (artigo científico, resenha, fichamento

etc.). Cada gênero textual tem suas especificidades, que devem, naturalmente, ser respeitadas.

A liberdade de criação – inclusive e principalmente quanto à forma – pode ser exercida

especialmente no texto artístico, no texto literário, o que não é o caso do texto a ser produzido

em um TCC. Assim, um artigo científico deverá contar, necessariamente, com um título, seguido

do nome do autor ou autores, do resumo, das palavras-chave, da introdução etc. Caso as regras

para elaboração dessas partes textuais não sejam respeitadas, será constituído erro, e o trabalho

não poderá ser apreciado devidamente. Na vida profissional, isso poderá causar, por exemplo, a

recusa desse material para publicação em um periódico. Da mesma forma que o método é

fundamental, por exemplo, na construção de um edifício – e caso o método não seja apropriado

poderá ser gerado um imenso prejuízo, inclusive com a perda de vidas humanas –, ele também o

é em todas as demais áreas de conhecimento.

Não se deve perder de vista, no entanto, que a escritura e publicação (no sentido lato de

“tornar público”, “divulgar”) são apenas uma forma de tornar conhecido um trabalho que foi

desenvolvido. Trata-se apenas de um instrumento de divulgação. Por meio do texto produzido

para o TCC, portanto, em última análise, o público tomará conhecimento de uma pesquisa

desenvolvida ao longo do curso ou de uma experiência vivenciada. Em ambos os casos, a

expectativa é a de que os princípios da metodologia científica tenham sido aplicados à pesquisa

no ensino.

Um grande erro que muitas vezes se comete na sala de aula é imaginar que assumir uma

postura profissional ou aplicar certa atividade não terão impacto significativo na vida dos alunos.

Infelizmente, o pensamento “se não der certo, faz de outro jeito ou deixa pra lá” é mais

frequente do que o desejado, e a aprendizagem não se efetiva de forma satisfatória. Isso muitas

vezes ocorre devido à irresponsabilidade de alguns profissionais, e também pela falta de

planejamento do que será feito.

A experimentação em sala de aula, como já sugerido, pode render frutos muito

interessantes, que poderão mesmo modificar um paradigma pré-estabelecido. Caso o professor

deseje assumir uma postura científica em seu cotidiano, ele deverá aplicar os métodos do

trabalho científico à sua sala de aula, sem se esquecer de que é necessário haver a avaliação do

que foi feito, de forma a comprovar a qualidade dos resultados. Nesses casos, o que está em

avaliação é a própria atividade ou proposta de método de ensino, o que passará, naturalmente,

pela avaliação de desempenho dos alunos. Como em todo procedimento científico, o resultado

poderá ser positivo, negativo ou neutro. Mas, como se está lidando com pessoas de cuja

aprendizagem dependerá o próprio sucesso de suas vidas, a responsabilidade do professor-

pesquisador deverá ser ainda maior, de forma que sua proposta apresente preferencialmente

resultados positivos e, se não for o caso, que pelo menos os resultados obtidos não prejudiquem

esses alunos.

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Relação entre “Metodologia do Trabalho Científico” e “Pesquisa Aplicada ao Ensino do Português”

Cirineu Cecote Stein 7

A transposição do método científico à pesquisa aplicada ao ensino prevê o planejamento

da proposta, sua aplicação e a avaliação dos resultados obtidos. A título de exemplificação,

imagine-se que um professor-cientista, insatisfeito com o resultado obtido por seus alunos do

sétimo ano do ensino fundamental na produção textual, mais especificamente na pontuação

gráfica, deseje encontrar uma forma de solucionar esse problema. Atendendo aos princípios do

método científico, ele cumprirá pelo menos as seguintes etapas:

a) estruturação da hipótese;

b) diagnóstico do problema;

c) objetivos;

d) metodologia;

e) elaboração de atividade(s);

f) aplicação da(s) atividade(s);

g) avaliação do resultado;

h) reelaboração da(s) atividade(s);

i) avaliação do resultado;

j) escritura de artigo científico ou relato de experiência para divulgação.

Ao estruturar sua hipótese, o professor-cientista considerará fatores de ordem técnica e

histórica. Como se trata de uma turma de sétimo ano, a deficiência em questão provavelmente

será devida ao insucesso do processo de ensino-aprendizagem nos anos anteriores, mais

especificamente na fase de alfabetização. Poderá ser o caso de considerar, também, uma

estrutura sociofamiliar precária, que não tenha motivado o bom desempenho escolar dos

alunos.

Embora o profissional já tenha detectado o problema na prática, é necessário que um

diagnóstico preciso ocorra, para que haja respaldo das ações a serem adotadas. Com essa

finalidade, poderá ser aplicada, por exemplo, uma atividade de escritura, desde a elaboração

livre de um texto completo ou apenas um parágrafo até o ditado de um parágrafo de forma

fluente. Uma vez que o problema é a deficiência na pontuação, e esta é reflexo da prosódia (ou

seja, a forma como a voz é entoada durante a fala espontânea ou a leitura), é necessário que o

parágrafo seja ditado pelo professor-cientista de forma fluente, refletindo as pausas

entoacionais representadas pelas vírgulas, pontos e demais sinais gráficos. Toda a produção

será, então, recolhida e avaliada, catalogando-se e mensurando-se os erros e acertos dos alunos.

Com esses dados, será possível identificar, por exemplo, se as dificuldades são pontuais (uso da

vírgula ou do ponto de interrogação) ou amplas (todos os sinais de pontuação). Esse diagnóstico

permitirá o planejamento das atividades a serem propostas e servirá, também, como parâmetro

avaliativo, permitindo ao professor-cientista comparar os resultados obtidos após a aplicação

das atividades com o resultado anterior a elas.

Diagnosticado o problema, é preciso estabelecer quais os objetivos do trabalho a ser

desenvolvido: resolver, por exemplo, todos os problemas de pontuação ou apenas um deles,

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Metodologia para a elaboração de um TCC

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como o emprego da vírgula. Estabelecer os objetivos de um trabalho é indispensável para que se

tenha sempre em mente o que deverá ser feito. É muito comum que, no entusiasmo do

desenvolvimento da pesquisa, se deseje expandir a problematização ou o corpus. Nessas horas,

é indispensável ser o mais pragmático possível: o tempo será suficiente para essas expansões?

Provavelmente, não. Fazer algo pontual e concluir o trabalho, passando-se para o

desenvolvimento das “expansões” em um momento posterior é mais apropriado do que iniciar

um trabalho com múltiplas vertentes e não concluí-lo.

O planejamento da metodologia a ser utilizada no desenvolvimento do trabalho poupará

esforço físico e mental, e minimizará as possibilidades de erro. O professor-cientista adquiriu,

durante sua formação, todo um conjunto de informações teóricas (muitas das quais ele se

perguntou insistentemente se utilizaria de fato em sua vida profissional) que deverá ser utilizado

nesse momento. O problema existe. Para resolvê-lo, é preciso percorrer que etapas? Que tipo

de atividades será utilizado? Como as atividades serão aplicadas, e com que frequência? Qual a

duração das atividades? Qual o nível de complexidade das atividades? Haverá um grupo de

controle? Em se tratando de um ditado, qual o melhor gênero textual a ser utilizado? O processo

de coordenação sintática permite maior dinamismo no ritmo textual, enquanto a subordinação

o torna mais lento. No caso específico dessas atividades, qual processo sintático deverá

predominar no texto? As marcas morfológicas de segunda pessoa do discurso deverão

prevalecer ou não? Nessas atividades, o vocabulário empregado deverá ser o já conhecido pelos

alunos ou deverão ser utilizadas palavras novas, permitindo que haja o seu enriquecimento

vocabular? Essas perguntas e outras enriquecerão a proposta metodológica, que deverá ser

explicitada em uma sequência lógica e cronológica, ou seja, um aspecto metodológico conduz a

outro, o que permitirá o entendimento da totalidade do trabalho.

A elaboração das atividades a serem aplicadas deverá considerar o objetivo final da

proposta. Caso se trate de três atividades, por exemplo, é de esperar que a primeira tenha um

nível de dificuldade inferior ao da segunda que, por sua vez, terá um nível inferior ao da terceira.

É muito importante que o professor-cientista mapeie o que será enfocado nessas atividades, de

forma a permitir a mensuração dos resultados obtidos. Por exemplo, deverão ser utilizadas

vírgulas em tais e tais posições, o mesmo ocorrendo para os pontos e demais sinais. Isso

permitirá uma avaliação objetiva, quantificando-se com exatidão os erros e os acertos.

Ao aplicar as atividades, será necessário criar condições adequadas para isso. Os alunos

serão dispostos na sala de aula da forma julgada mais adequada pelo professor-cientista, será

estipulado um tempo específico para a realização da atividade, o professor-cientista se

posicionará (no caso de um ditado) de forma tal que todos os alunos consigam ouvir sua voz

com clareza, entre outras possíveis especificidades.

Realizadas as atividades, o material será recolhido e o resultado será analisado. Uma vez

que as atividades tenham sido sistematicamente planejadas, será possível identificar com

exatidão os pontos críticos e catalogá-los em uma planilha. Esse mapeamento permitirá a

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Relação entre “Metodologia do Trabalho Científico” e “Pesquisa Aplicada ao Ensino do Português”

Cirineu Cecote Stein 9

visualização dos dados, e será com base nessa análise que o professor-cientista poderá

acompanhar a evolução ou não de seus alunos durante todo o processo. Talvez seja necessário

reelaborar alguma das atividades, para que sua eficácia seja maior.

O desejável, naturalmente, é que as atividades aplicadas produzam um resultado

positivo: nesse caso específico, que os alunos consigam utilizar a pontuação de forma

apropriada, o que não ocorria quando da época do diagnóstico do problema. Ocorrendo isso, a

metodologia terá se mostrado satisfatória e poderá ser aproveitada por outros profissionais da

área. Não se deve perder de vista, também, que alguns resultados negativos são muito

interessantes, uma vez que podem demonstrar que o que se imaginava como senso comum não

se aplica à realidade.

O encaminhamento natural desse processo é o professor-cientista divulgar o resultado

de seu trabalho, por meio de um artigo científico ou de relato de experiência. Para isso, será

necessário sistematizar essas informações de forma textual. Uma vez que a pesquisa tenha sido

planejada e desenvolvida de forma lógica e coerente, a escritura será relativamente simples,

uma vez que ela será o reflexo do que foi desenvolvido, inclusive praticamente na mesma

sequência.

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2. Artigo científico vs. Relato de experiência

2.1. Bases para a construção de um artigo científico

O primeiro ponto a considerar quando se deseja produzir um artigo científico, embora

óbvio, é a existência de conteúdo sobre o qual escrever. Não é incomum que muitas pessoas, no

afã ou pela necessidade de publicar, criem uma proposta de artigo a partir do nada. Ou, o que

ocorre com relativa frequência, constroem novos trabalhos a partir de outros já publicados. Esta

última possibilidade, se feita de forma conscienciosa, pode gerar o que se conhece como “artigo

de revisão”, que, segundo a ABNT NBR 6022, é caracterizado como “parte de uma publicação

que resume, analisa e discute informações já publicadas”. Nesse tipo de trabalho, o autor pode

estar interessado, por exemplo, em analisar algum ou alguns aspectos levantados por outro(s)

autor(es), o que, mais uma vez se diga, se for feito de forma conscienciosa, pode promover

discussões bastante interessantes sobre o tema em questão.

A produção de um artigo original (definido pela ABNT NBR 6022 como sendo a “parte de

uma publicação que apresenta temas ou abordagens originais”), no entanto, é provavelmente a

que causa maior inspiração em um autor. Afinal, esse autor estará apresentando ao público o

seu trabalho, a sua contribuição “original” ao desenvolvimento científico. Não se deve perder de

vista, no entanto, que a construção do pensamento se faz a partir do que outros já pensaram,

dificilmente (ou nunca) se criando algo a partir do nada. Esse constructo anterior embasará a

abordagem teórica a ser utilizada nesse artigo original.

Como a construção de um artigo científico deve necessariamente obedecer a um

conjunto de normas – a ABNT NBR 6022 encabeçando todas elas –, é interessante partir de sua

definição técnica: “Parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e discute

idéias1, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento”.

Observe-se, portanto, que é preciso haver um elemento motivador para a escritura de um

artigo, uma temática que se desenvolverá de forma estruturada.

Tecnicamente, o artigo científico tem sua estrutura caracterizada em três blocos

principais: elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Entendem-se como pré-textuais

todos aqueles elementos anteriores à exposição do trabalho propriamente dito, iniciada pela

introdução. Esses elementos devem, necessariamente, obedecer a uma sequência.

O título do artigo será o primeiro elemento pré-textual. Ocasionalmente, pode haver um

subtítulo. Embora muitos desprezem este fato, a escolha de um bom título é fundamental para a

projeção do trabalho entre os pesquisadores. O título é a primeira informação que qualquer

pesquisador tem sobre o que possivelmente lerá. Durante a pesquisa bibliográfica, por exemplo,

1 Como se trata de uma citação feita a partir de um texto cuja ortografia não foi ainda atualizada, o acento

nessa palavra é mantido como no original. O mesmo ocorrerá nas demais citações diretas.

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Artigo científico vs. Relato de experiência

Cirineu Cecote Stein 11

serão lidos inicialmente apenas os títulos dos trabalhos: se algum desses títulos apresentar

informação que interesse à temática do pesquisador que realiza essa pesquisa bibliográfica,

então provavelmente ele partirá para a leitura do resumo, para se certificar da pertinência do

trabalho em relação à sua temática. Ou seja, quanto mais elucidativo for o título de um trabalho,

maior poderá ser o interesse de outros pesquisadores sobre ele.

Escolher um título, no entanto, não é uma tarefa simples. Machado de Assis, no capítulo

primeiro de seu Dom Casmurro, ao explicar o título do livro, coloca as seguintes palavras na boca

de seu protagonista:

Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe

dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom

veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando!

Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro

daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará

sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título

seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus

autores; alguns nem tanto.

Evidentemente, trata-se, aí, de uma ironia em relação aos pretensos autores que apenas se

aproveitam da ideia dos outros para construírem sua obra. Mas evidencia-se, também, a

possibilidade de o título originalmente imaginado para um trabalho vir a ser modificado, caso

surja um mais adequado. Em princípio, quanto maior for a capacidade de síntese do conteúdo

do trabalho no título, melhor este será. É preciso, no entanto, cuidar para que o título não se

torne um verdadeiro parágrafo, devido à sua grande extensão. A escolha do título, portanto,

também exige um considerável exercício de escritura.

Após o título, deverá (deverão) aparecer o(s) nome(s) do(s) autor(es). A ABNT NBR 6022

indica que esse(s) nome(s) deverá (deverão) ser acompanhado(s) de um “breve currículo que

o(s) qualifique na área de conhecimento do artigo”. Essas informações deverão ser mencionadas

em nota de rodapé, indicada por asterisco após o nome a que elas fazem referência. Há a

possibilidade, também, de essas informações serem mencionadas pós-textualmente. Indica-se,

ainda, a menção aos endereços postal e eletrônico acompanhando esse breve currículo.

A parte subsequente é um resumo na língua do próprio texto. O resumo, cuja

elaboração será discutida mais detalhadamente em outro capítulo, é definido tecnicamente

como a “apresentação concisa dos pontos relevantes de um documento”. A ABNT NBR 6022

especifica que o resumo é um

Elemento obrigatório, constituído de uma seqüência de frases concisas e

objetivas e não de uma simples enumeração de tópicos, não ultrapassando

250 palavras, seguido, logo abaixo, das palavras representativas do conteúdo

do trabalho, isto é, palavras-chave e/ou descritores, conforme a NBR 6028.

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Metodologia para a elaboração de um TCC

12 Cirineu Cecote Stein

Observe-se que o resumo é, em si mesmo, um texto, e não “uma simples enumeração

de tópicos”. Embora, como já indicado, a discussão de sua elaboração seja feita posteriormente,

já é possível sinalizar que a leitura do resumo deve conferir a impressão da leitura de um texto

independente, com início, meio e fim, autônomo em si mesmo, e cujo conteúdo sintetizará todo

o trabalho desenvolvido.

As palavras-chave serão apresentadas após o resumo, também na língua em que o texto

foi escrito, “antecedidas da expressão Palavras-chave:, separadas entre si por ponto e finalizadas

também por ponto”. Observe-se o uso dos dois-pontos após “Palavras-chave”. As palavras-chave

representam o conteúdo veiculado naquele artigo científico.

Considerando-se as partes textuais propriamente ditas, a introdução, considerada

efetivamente a parte inicial do artigo, deve delimitar o tópico a ser desenvolvido, assim como os

objetivos que encabeçaram a pesquisa, sua metodologia e quaisquer outras informações

necessárias para que o leitor se situe em relação à temática proposta. A introdução é, também

ela, um texto autônomo, independente, que deverá apresentar um início, um meio e um fim.

Sempre é interessante perceber a introdução como a parte que apresenta o trabalho ao leitor.

Mas isso já não foi feito no resumo? Sim, mas o resumo é uma parte pré-textual que tem função

diferente da introdução (e do desenvolvimento e da conclusão). A possibilidade de o resumo ser

lido de forma independente da leitura de todo o trabalho permite, por exemplo, que se

publiquem, nos eventos científicos, apenas o resumo (ou sua versão expandida), e que os

periódicos que vendem seus textos o disponibilizem gratuitamente. O corpo textual do artigo,

propriamente dito, inicia-se com a introdução.

A experiência normalmente indica que a introdução deva ser escrita ao final de todo o

trabalho. Isso porque o planejamento inicial do que será o resultado textual final pode sofrer

modificações, o que obrigaria a uma reescritura da introdução. Deixá-la para o final, portanto, é

o mais prudente. Algumas pessoas, no entanto, preferem redigi-la logo no início, muito

provavelmente pelo desejo de verem algo escrito. Assim, já seriam algumas páginas

completadas. Satisfaz-se, normalmente, a uma angústia pessoal, mas dificilmente essa parte do

texto não terá que ser reescrita.

Após a introdução, será feito o desenvolvimento do trabalho, que é, na verdade, a parte

central do artigo. Como também indica a NBR 6022, da ABNT, essa parte “contém a exposição

ordenada e pormenorizada do assunto tratado”. Em outro capítulo, sua elaboração será

discutida em seus pormenores.

A conclusão é a parte final do artigo. Uma vez que o objetivo da pesquisa foi gerar um

resultado, é nessa parte textual que esses resultados poderão ser discutidos (essa discussão

pode ocorrer, também, no desenvolvimento do artigo). Como são definidos objetivos e

levantadas hipóteses no início do trabalho, esta parte textual é o espaço em que são

apresentadas as conclusões obtidas acerca dos objetivos e das hipóteses, que foram

confirmadas ou refutadas. A conclusão, também, caracteriza-se como um texto autônomo,

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Artigo científico vs. Relato de experiência

Cirineu Cecote Stein 13

independente, devendo, portanto, apresentar início, meio e fim, permitindo ao leitor

contextualizar-se em relação ao todo do trabalho. Naturalmente, espera-se que essa

contextualização não seja uma mera repetição do que já tenha sido dito ao longo do trabalho, e

que o leitor, efetivamente, tenha lido todo o artigo.

Dependendo do periódico a que o artigo seja submetido, é possível que os editores

exijam que tanto o título quanto o resumo e as palavras-chave sejam apresentados também em

uma língua estrangeira, muito comumente o inglês, logo após seus equivalentes em português.

A apresentação desses elementos textuais em inglês (língua considerada franca no meio

acadêmico internacional) permite que pesquisadores de outras nacionalidades tomem ciência

do conteúdo veiculado naquele trabalho e, se for o caso, busquem traduzi-lo para o seu próprio

idioma. A NBR 6022, da ABNT, no entanto, caracteriza esses elementos em língua estrangeira

como elementos pós-textuais, classificando tanto o resumo quanto as palavras-chave como

elementos obrigatórios. O idioma a ser utilização é um “de divulgação internacional, com as

mesmas características (em inglês Abstract, em espanhol Palabras clave, em francês Mots-clés,

por exemplo)”.

Ainda nas partes pós-textuais, é possível a apresentação de nota(s) explicativa(s), que

são usadas “para comentários, esclarecimentos ou explanações, que não possam ser incluídos

no texto” (ABNT NBR 6022). É a posição a ser ocupada, por exemplo, pelas notas de rodapé.

Muitas vezes, ao longo da escritura do texto, é possível diluir essas notas como comentários

parentéticos. No entanto, algumas vezes, o autor sente a necessidade de não incluí-las no corpo

do texto, uma vez que poderiam interromper o fluxo de pensamento de forma prejudicial ao

desenvolvimento do raciocínio. Utiliza-se, então, esse recurso.

As referências, elemento obrigatório na constituição do artigo, indicam as obras que

foram consultadas para a elaboração de todo o trabalho escrito. Mais do que simplesmente

constituírem o elenco de autores consultados, as referências permitem ao leitor, ele próprio,

consultar essas fontes, quer para aprofundar a temática ou subtemática específica, quer para

dirimir dúvidas acerca da informação prestada pelo autor do artigo. Não é incomum artigos

veicularem informações pertinentes a determinadas obras de forma incompleta ou incorreta. O

rigor científico do leitor poderá demandar, por exemplo, a verificação dessas informações em

sua fonte. A ABNT produziu a NBR 6023, que normatiza a referenciação bibliográfica. Em um

capítulo posterior, seus principais pontos serão discutidos. Como se observa no meio acadêmico,

a riqueza de detalhes muitas vezes faz alguns autores se desesperarem durante a compilação e

escritura de suas referências. No entanto, o trabalho poderá ser suavizado se for assumida uma

metodologia de trabalho racional e progressiva.

Após as referências bibliográficas, é possível a utilização de glossário e apêndice(s). O

glossário, como define a NBR 6022, da ABNT, é uma “lista em ordem alfabética de palavras ou

expressões técnicas de uso restrito ou de sentido obscuro, utilizadas no texto, acompanhadas

das respectivas definições”. A opção por um glossário será feita caso o trabalho apresente, de

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Metodologia para a elaboração de um TCC

14 Cirineu Cecote Stein

fato, palavras cujo sentido não seja do domínio acadêmico regular, ou necessitem de clareza

quanto ao seu sentido.

Um apêndice, por sua vez, é um “texto ou documento elaborado pelo autor, a fim de

complementar sua argumentação, sem prejuízo da unidade nuclear do trabalho.” Caso sejam

utilizados apêndices, eles serão “identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e

pelos respectivos títulos”.

Finalmente, os anexos, que também são opcionais, são definidos como um “texto ou

documento não elaborado pelo autor, que serve de fundamentação, comprovação e ilustração”.

Caso sejam utilizados, os anexos deverão ser “identificados por letras maiúsculas consecutivas,

travessão e pelos respectivos títulos. Excepcionalmente utilizam-se letras maiúsculas dobradas,

na identificação dos anexos, quando esgotadas as 23 letras do alfabeto”. Em um capítulo

posterior, será levantada a discussão sobre que tipo de anexo vale a pena utilizar no trabalho.

A numeração de seções, a escritura de citações, o uso de siglas, de ilustrações e de

tabelas serão abordados também posteriormente.

2.2. Bases para a construção de um relato de experiência

A NBR 6022, da ABNT, ao caracterizar o artigo, apresenta a seguinte redação: “O artigo

pode ser: a) original (relatos de experiência de pesquisa, estudo de caso etc.); b) de revisão”.

O que se entende por “relato de experiência”, portanto, é um subtipo de artigo original.

Como essa NBR 6022 caracteriza o artigo em publicação periódica científica impressa, e indica os

relatos de experiência de pesquisa como uma subtipologia do subitem “original”, deduz-se que a

forma de escritura de um relato de experiência seja a mesma preconizada para o artigo que está

sendo considerado “científico”, e que foi caracterizado anteriormente.

A noção de “relato de experiência” é divulgada nas mídias de forma muito ampla e

assume, nesses casos, a noção dos “depoimentos pessoais”. Ao dizer algo como “participei de tal

situação, fiz isso e ocorreu aquilo”, está-se simplesmente relatando uma experiência pessoal em

algum aspecto da vida cotidiana. Não há relação alguma, portanto, com o rigor do método

necessário à escritura desse tipo de artigo original.

Como a Resolução CVL nº 01/2011 especifica a possibilidade de um “relato de

experiência docente”, entende-se que o relato a ser construído deve estar relacionado a uma

experiência didática. Segundo as orientações estabelecidas em Nóbrega (2011), ele deverá ser

pautado no que foi produzido durante o Estágio Supervisionado. Considerando-se as indicações

sugeridas nesse documento, a ABNT NBR 6022 deverá ser rigorosamente seguida, sendo que a

parte textual poderá contar com o conteúdo a seguir (algumas sugestões são de

responsabilidade do autor deste texto).

Page 15: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

Artigo científico vs. Relato de experiência

Cirineu Cecote Stein 15

• Na introdução: o autor poderá apresentar sua experiência durante o Estágio

Supervisionado, contextualizando o tema, apresentando uma justificativa para o

desenvolvimento daquela experiência, assim como apresentando o(s) objetivo(s);

• No desenvolvimento: poderá ser construída uma primeira parte, em que serão

apresentados os pressupostos teóricos, com a “apresentação de conceitos, autores e

obras a partir dos quais a experiência-procedimento adotado em sala de aula será

discutido e avaliado”.

Uma segunda parte seria dedicada à caracterização metodológica, em que seriam

descritos, por exemplo, o local, o período, os sujeitos participantes e/ou o corpus

gerado/utilizado, as etapas e/ou procedimentos envolvidos no processo, assim como

os materiais utilizados, como se configurou o processo de avaliação dessa

intervenção.

Seria interessante que, após a caracterização metodológica, fossem analisados os

dados gerados e/ou os resultados obtidos.

• Na conclusão: nessa parte os resultados obtidos poderão ser avaliados, e o autor

poderá apresentar suas considerações pessoais/profissionais sobre a experiência

vivenciada.

2.3. Como escolher uma das duas modalidades

Como se pode perceber, um artigo científico ou um (artigo de) relato de experiência

apresentam, basicamente, o mesmo nível de complexidade. Em ambos os casos, é necessário

estabelecer uma pesquisa bibliográfica (para consolidar o aporte teórico), estabelecer

procedimentos metodológicos, analisar um objeto de estudo, estabelecer conclusões. Além,

claro, de seguir as especificidades técnicas.

Conhecidas as características desses dois gêneros textuais, e considerando-se a limitação

de tempo para a sua elaboração, é preciso assumir uma postura bastante pragmática ao optar

por desenvolver uma ou outra tipologia como Trabalho de Conclusão de Curso. Embora cada um

tenha propensões pessoais para um ou outro tipo de construção, talvez seja mais interessante

aproveitar aquilo com que se está mais familiarizado. Se, por exemplo, durante o Estágio

Supervisionado desenvolveu-se uma experiência realmente interessante, instigante, que

produziu bons resultados, talvez seja mais apropriado aproveitar essa experiência e apresentá-la

ao público em um TCC. Mas, se não for o caso, pode-se escolher uma temática que seja de

grande interesse pessoal e analisá-la em um artigo de pesquisa, quer por meio da criação de um

corpus específico, quer por meio do aproveitamento de um já existente.

De uma forma ou de outra, é preciso haver planejamento, organização e disciplina na

execução de cada etapa. O planejamento inclui analisar o tempo disponível para, por exemplo, a

criação de um corpus específico, e estabelecer um cronograma de atividades de

pesquisa/escritura. Estabelecer que em tantos dias tal etapa deverá estar cumprida – e cumpri-

Page 16: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

Metodologia para a elaboração de um TCC

16 Cirineu Cecote Stein

la efetivamente. Isso dependerá, naturalmente, de uma organização pessoal, estabelecendo

horários, local de trabalho, prevendo-se, inclusive, possíveis falhas e soluções para contorná-las.

Ao se agendar uma entrevista, o entrevistado pode desistir de sua participação; logo, é

interessante haver outro possível entrevistado. É preciso estabelecer estratégias. Assumindo-se

uma disciplina pessoal, desculpas como “não deu tempo” não serão necessárias.

Vale ainda considerar que, embora muitos vejam um TCC como um mero aspecto

burocrático a ser cumprido, vários desses trabalhos podem trazer contribuição efetiva para o

desenvolvimento científico. Ambas as modalidades podem, se bem produzidas, ser publicadas

em periódicos especializados. E um ponto especialmente interessante: em um país de

dimensões geográficas tão extensas como o Brasil, e cujas regiões interioranas são ainda tão

pouco conhecidas, física e sociologicamente falando, trabalhos que apresentem essas realidades

e possíveis intervenções sobre elas são sempre muito bem-vindos.

Page 17: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

3. O plágio

3.1. A questão do direito autoral

A criação, qualquer que seja ela, deve ser atribuída a seu criador. Em todos os aspectos

possíveis, qualquer coisa que se crie traz consigo responsabilidades, méritos e mesmo

deméritos. O trabalho despendido quase sempre é bastante significativo, o que, por si só, já

seria razão de algum reconhecimento.

De uma forma mais específica, a produção de uma obra escrita ou audiovisual demanda

um grande esforço intelectual. Independentemente de o conhecimento veiculado nessas peças

ser inovador ou não, seu autor tem tanto a responsabilidade sobre o que está sendo exposto

quanto o mérito de fazê-lo. O mínimo que se espera é que, ao ser utilizado esse conhecimento,

de qualquer forma que seja, reconheça-se esse mérito, informando-se ao público sua origem, ou

seja, mencionando-se quem produziu esse conhecimento – seu autor. Observe-se que, na

maioria das vezes2, o autor de um texto cujo conteúdo contribui para o embasamento de outros

trabalhos não obtém remuneração pecuniária alguma e, ainda que a recebesse, o mínimo que se

pode fazer é deixar claro que as ideias utilizadas nesses outros trabalhos foram produzidas por

ele.

Considerando-se esses aspectos, entende-se que todo autor possui direito autoral sobre

sua obra, e esse direito foi regulamentado em forma de lei, como apresentado a seguir.

3.2. Aspectos legais

Em 19 de fevereiro de 1998 foi publicada a Lei n. 9.610, pela Presidência da República

Federativa do Brasil, que regula os direitos autorais. Como se trata de uma lei, quem a infringir

estará cometendo um crime e, portanto, será considerado um criminoso, caso seu crime seja

comprovado. Essa lei trata dos direitos autorais relativos a vários tipos de obras, desde as

literárias, passando pelas de desenho, até os programas de computador, uma vez que “são obras

intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em

qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro” (Art. 7º). Para

os fins específicos deste trabalho, o interesse principal está sobre “os textos de obras literárias,

artísticas ou científicas”, sem desconsiderar, naturalmente, todas as outras que possam

eventualmente vir a ser utilizadas na elaboração de um TCC, como fotografias e composições

musicais.

2 As exceções seriam, por exemplo, aquelas em que o autor recebe direitos autorais pela venda de sua

obra.

Page 18: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

Metodologia para a elaboração de um TCC

18 Cirineu Cecote Stein

É interessante observar que o autor de uma obra não precisa registrá-la oficialmente

para que lhe sejam reconhecidos os direitos autorais. Segundo o artigo 19, esse registro é

facultado ao autor. Não é legalmente possível, portanto, que alguém se aproprie de uma obra,

qualquer que seja ela, como se fosse seu autor, apenas pelo fato de seu verdadeiro autor não a

ter registrado oficialmente.

Na elaboração de um trabalho científico, uma vez que (praticamente) nunca uma ideia

se constrói a partir do nada, são utilizados referenciais teóricos, veiculados, normalmente, por

meio escrito (publicados em livros e artigos, por exemplo). Seus autores, segundo a Lei 9.610,

em seu Capítulo II, possuem direitos morais, um dos quais é “II – o de ter seu nome, pseudônimo

ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra”.

Embora o autor de uma obra tenha direitos pecuniários sobre ela, existem algumas

limitações a esse direito, especificadas no Capítulo IV da Lei 9.610. Em seu artigo 46, a lei

estipula o seguinte:

Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais:

III – a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de

comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou

polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do

autor e a origem da obra

Observe-se que, para não desrespeitar a lei, basta simplesmente indicar a origem da

informação utilizada durante a elaboração do texto. E, caso não se deseje fazer uma citação

literal de algum trecho de outro autor, é ainda possível parafraseá-lo, uma vez que essa prática é

prevista nessa mesma Lei 9.610: “Art. 47. São livres as paráfrases e paródias que não forem

verdadeiras reproduções da obra originária nem lhe implicarem descrédito”.

O adjetivo “livres”, nesse artigo, não implica, no entanto, que as paráfrases possam ser

feitas sem que se faça referência ao autor do texto parafraseado. “Livres”, nesse caso, significa

“podem ser feitas”. Naturalmente, deve-se, no corpo do texto que está sendo produzido, indicar

a obra que está sendo parafraseada e seu autor, assim como inserir essa informação nas

referências bibliográficas, segundo as prescrições técnicas.

3.3. Por que é mais fácil fazer seu próprio trabalho do que plagiar ou

pagar a alguém para fazê-lo

Plagiar, como indicado no Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, é

“apresentar como da própria autoria (obra artística, científica etc. que pertence a outrem)”. E,

como estipulado na Lei 9.610, sua prática constitui infração aos direitos autorais, sendo,

portanto, crime, e seu praticante, um criminoso. Infelizmente, muitas pessoas desenvolvem essa

prática, alegando, na maior parte das vezes, desconhecimento do fato, impossibilidade de

acesso aos meios de informação, restrição de tempo etc. Nenhuma justificativa é aceitável,

Page 19: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

O plágio

Cirineu Cecote Stein 19

assim como não é possível acreditar que uma pessoa concluinte de um curso de graduação não

tenha conhecimento do que é certo e do que é errado nesse aspecto.

Em um próximo capítulo, será recapitulada a forma de escritura das várias partes

textuais, inclusive das citações e formas de parafrasear um texto. De antemão, é possível dizer

que respeitar os direitos autorais é algo extremamente – reforce-se: extremamente – simples,

bastando, para isso, indicar a obra e o autor das citações que estão sendo utilizadas ou dos

trechos parafraseados. Para qualquer informação que se colha, qualquer trecho que se utilize,

seja de um livro, seja de um artigo científico disponível na internet, seja do próprio conteúdo de

uma simples página da internet, deve ser feita alusão a essa fonte. Não custa nada e, com essa

simples atitude, respeita-se a lei e as ideias alheias.

No início da vida acadêmica, ainda é comum não se ter autonomia suficiente para

produzir um texto cujas ideias sejam mais autorais (ou seja, da pessoa que está escrevendo esse

texto) do que aproveitadas de outros. Portanto, é muito comum que grande parte do texto de

um TCC, por exemplo, especialmente no tocante à discussão teórica, seja mais um compilado de

ideias, de teorias já desenvolvidas. Isso não é demérito para um trabalho, contanto que a forma

de escritura seja apropriada.

Imagine-se que, para estabelecer essa “revisão bibliográfica” em um TCC, tenham sido

selecionados textos de artigos e de páginas da internet especializadas no assunto (há, por

exemplo, páginas de entidades ou de profissionais reconhecidos nas diversas áreas que utilizam

esse tipo de mídia para veicular suas ideias). Qualquer parte desse conteúdo poderá ser

utilizada, desde que seja feita menção às suas fontes.

Há duas situações muito comuns e completamente erradas (e criminosas, de acordo

com a Lei 9.610, que protege os direitos autorais):

a) abrem-se algumas páginas da internet, copiam-se vários trechos que são “colados”

num editor de texto, sem modificação alguma e sem fazer referência às fontes;

b) copiam-se vários trechos de páginas da internet, fazendo-lhes algumas modificações

(provavelmente imaginando-se que o leitor não conseguirá identificar a origem

desses textos porque a sequência original das palavras foi alterada, e o Google não

identificaria o texto exato), sem fazer referência às fontes.

Entenda-se: ao se colocar um texto ou parte dele em outro trabalho, sem fazer alusão às

suas fontes, está-se plagiando um autor, está-se cometendo um crime.

Não é difícil perceber que assumir a responsabilidade da produção de um TCC torna-se

mais fácil e menos problemático do que tentar plagiar. Devemos partir do pressuposto de que o

concluinte de um curso de graduação tem noção do que deseja desenvolver em seu trabalho, e

domina as técnicas necessárias para fazê-lo. Na prática, delimitar um tema, organizar as ideias,

colher uma bibliografia básica, fazer algum experimento (se for o caso) e redigir um texto final é

muito menos dispendioso do que tentar montar um quebra-cabeça cujas peças são fragmentos

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Metodologia para a elaboração de um TCC

20 Cirineu Cecote Stein

de textos de outros autores. E, diga-se, é honesto. Nunca é demais lembrar que a corrupção, a

contravenção não devem ser percebidas apenas nos que detêm o poder: elas são verificadas

também nas pessoas ditas “comuns”. Por uma questão de princípios, cabe a cada um,

individualmente, negar as práticas que não são honestas.

Pagar a alguém (empresa ou pessoa física) para desenvolver um Trabalho de Conclusão

de Curso também é desonestidade.

Page 21: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

4. Recuperando aspectos da “Metodologia do

Trabalho Científico”

Um dos grandes desafios para quem se propõe escrever um texto é dar início a ele.

Naturalmente, da mesma forma que não se pode ensinar o que não se sabe, torna-se

complicado, senão impossível, escrever quando não há o que escrever. Partindo-se, no entanto,

do princípio de que há o que escrever, ainda assim a folha em branco (seja ela papel ou a tela de

um computador) costuma mostrar-se desafiadora.

Uma das melhores formas de produzir um texto parece ser a sugerida pelo rei do livro

Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll, ao Coelho Branco, quando indagado por onde

deveria começar a leitura de uma certa carta. “’Comece pelo começo’, disse o Rei, de forma

muito grave, ‘e prossiga até chegar ao fim: então pare’” (CAROLL, 1993, p. 81, tradução nossa).

Simples e objetivamente. Para escrever, basta que se inicie a escritura. Se não se sabe

exatamente como, escreva-se qualquer coisa e continue-se a escritura. Depois basta, durante a

revisão/reescritura, desfazer o início ruim e propor outro melhor, mais apropriado. Já haverá

texto escrito, e a página em branco terá deixado de existir.

A escritura de um texto técnico, científico, desde que, como dito, haja o que escrever, é

muito mais fácil do que a de um texto artístico, literário, que depende de criatividade,

inspiração. O texto científico, basicamente, necessita de conteúdo e forma – uma simples forma.

A disposição do conteúdo é organizacional.

4.1. A organização das ideias

Alguns ensinamentos e metáforas, apesar de conhecidos, são repassados aos outros (aos

alunos, por exemplo) sem serem seguidos por quem os repassa. Não é difícil imaginar que,

quando professores, muitos ora concluintes de um curso de graduação, digam aos seus alunos

que devem organizar suas ideias, seu pensamento, antes de começarem qualquer trabalho. E

utilizem metáforas como, por exemplo, a de a construção de um texto ser semelhante à

construção de um edifício: é preciso planejar sua forma, prever a melhor disposição dos espaços,

calcular sua estrutura, para, só então, dar início à obra. Caso o planejamento arquitetônico e o

cálculo da estrutura não sejam bem feitos, haverá o risco de ter que destruir o já feito e

recomeçar do zero.

Mesmo que não haja prejuízo material significativo quando um texto tem que ser refeito

por falta de planejamento, gasta-se tempo, disposição, paciência. Se o tempo é escasso, cada

reescritura tem o potencial de deixar o autor extremamente nervoso, desesperado, sem saber o

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Metodologia para a elaboração de um TCC

22 Cirineu Cecote Stein

que fazer. Objetivamente falando, a culpa é dele próprio, e de mais ninguém. Sempre que há um

planejamento consciente, lógico, o trabalho se torna mais fácil.

Metodologicamente, a organização das ideias deve seguir uma lógica. Como não se trata

de um texto artístico-literário, a expectativa é a de que o texto científico apresente um

encadeamento das ideias, respeitando-se o princípio fundamental da causa e do efeito. Em

outras palavras, é necessário que uma ideia apresentada esteja posicionada de forma que,

sequencialmente, seja a progressão de sua anterior e permita a construção da seguinte. Dessa

forma, o texto vai-se constituindo em tessitura e, quanto mais bem urdida a trama dessas ideias,

melhor será a textura final.

Um encadeamento lógico prevê início, meio e fim. Se chove, é porque houve

condensação de vapor de água em nuvens. Se o vapor de água se condensou, é porque houve

evaporação. Se houve evaporação, é porque havia água e essa água sofreu algum tipo de

aquecimento. Esse mesmo raciocínio lógico deve ser empregado na organização das ideias para

a produção de um texto científico.

Imagine-se uma situação bastante plausível, como a de um estagiário do curso de Letras

em uma escola de ensino médio numa cidade interiorana. Por uma infelicidade histórica,

percebe-se que pelo menos metade dos alunos do ensino médio não conseguem entender o que

leem, a maioria deles podendo ser caracterizada como de analfabetos funcionais. O estagiário,

sentindo-se impotente, mas ao mesmo tempo desejoso de mudar aquela situação, tenta dar sua

contribuição para aqueles adolescentes. Utiliza três atividades de leitura que encontrou em

alguns livros didáticos, aplicadas ao longo de três semanas consecutivas. Ao final, a sensação é a

de que não houve muita mudança nas aptidões de leitura daqueles alunos. Quais os problemas

encontrados nessa situação, como descrita?

Inicialmente, é preciso considerar que é praticamente impossível modificar uma situação

desse tipo em um espaço tão curto de tempo. Portanto, para que não haja frustração excessiva

da parte do profissional, é necessário que ele tenha consciência plena dos fatores que

interferem nessa realidade, o que não significa, evidentemente, acomodar-se a ela. Num

segundo momento, tudo indica ter havido uma falta de planejamento estratégico para a

aplicação dessas atividades e a mensuração de seus resultados. Os pontos falhos poderiam ser

assim enumerados:

• Como se diagnosticou o problema? Não basta ter a impressão de que algo está

errado: é preciso comprovar esse fato, mensurando-o. Uma forma de fazer isso seria

aplicar uma atividade de leitura a todos os alunos (da escola ou de uma única turma,

a depender do objetivo do trabalho), com itens em dificuldade gradativa, dos mais

simples aos mais complexos, e, ao final da atividade, avaliar os resultados obtidos,

quantificando-os. Isso permitiria apontar o percentual de alunos que estariam nos

níveis mais elementares, médios e superiores de leitura. Seria possível, a partir desse

diagnóstico, sugerir atividades específicas, por exemplo, para o grupo em condições

Page 23: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

Recuperando aspectos da “Metodologia do Trabalho Científico”

Cirineu Cecote Stein 23

mais precárias de leitura. Essa mesma atividade poderia ser utilizada novamente, ao

final da intervenção do estagiário, para avaliar se o trabalho produziu o resultado

esperado: em caso positivo, os alunos que foram mal sucedidos conseguiriam atingir

um nível mais elevado nas competências de leitura.

• Qual o grupo de controle? Se “pelo menos metade dos alunos do ensino médio” não

conseguia entender o que lia, isso significa dizer que a outra metade conseguia. O

trabalho, então, não precisaria ser desenvolvido, rigorosamente, com todos os

alunos, porque, dependendo do nível de dificuldade das atividades, muitos

poderiam se sentir desmotivados, quer por elas serem simples demais, quer por

serem complexas demais, a depender do referencial. O ponto principal seria

transformar a realidade dos alunos que não conseguiam entender o que liam. O

grupo de controle, então, poderia ser estabelecido de uma forma simples: os alunos

que conseguiam ler e, submetidos ao diagnóstico anteriormente descrito,

entendiam de forma satisfatória o que liam, seriam considerados o grupo de

controle, e os demais alunos, então, deveriam chegar ao nível desses seus colegas.

Caso conseguissem, isso seria um indicativo de que as atividades foram bem

sucedidas.

• Como as atividades foram planejadas? O livro didático, embora muitas vezes alivie a

carga de trabalho do professor, também pode tornar-se senhor das aulas, sendo o

professor um mero reprodutor do que está colocado naquelas páginas. Pela própria

falta de experiência, o estagiário pode não ter selecionado atividades que serviriam

ao seu propósito específico. Qualquer atividade de ensino-aprendizagem deve

obedecer a uma gradação de dificuldade, permitindo que o aprendiz consolide suas

habilidades, e não apenas entre em contato com elas. Nesses casos,

frequentemente é interessante criar as atividades, porque, assim, cada passo pode

ser bem calculado e atender a cada etapa do processo.

• O tempo de aplicação das atividades e de internalização do conhecimento foi

suficiente? Muitos se esquecem de que o processo de aprendizagem é composto de

pelo menos duas etapas: uma cognitiva e uma mecânica. Cognitivamente, o aprendiz

tem a capacidade de entender aquilo a que é exposto, armazenando-se esse

conhecimento em sua memória de curto prazo. Para que ele o internalize e passe a

utilizá-lo de forma efetiva, é preciso que esse conhecimento seja transposto para a

memória de longo prazo, e isso se dá por meio da exposição continuada (por

exemplo, por meio de muitos exercícios). No caso em questão, seria apropriado que

as habilidades trabalhadas na primeira semana fossem consolidadas durante, pelo

menos, a semana seguinte, para só então partir para outro nível de atividades. Ao se

participar de um estágio, é possível planejar estrategicamente uma intervenção que

Page 24: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

Metodologia para a elaboração de um TCC

24 Cirineu Cecote Stein

se processará ao longo de todo um semestre, ou mesmo de um ano letivo completo.

A duração temporal, então, poderá ser mais adequada.

• Como as atividades foram aplicadas? Não basta apenas chegar à sala de aula, fazer

uma exposição teórica e aplicar algumas atividades. Inúmeros fatores interferem

nessa dinâmica, desde a atitude do professor/estagiário frente à turma, construindo

uma relação de respeito mútuo, até o nível de dispersão da atenção dos alunos,

causado, por exemplo, por um ventilador barulhento, pelos raios solares entrando

pela janela, pelo horário (próximo ao almoço, quando os alunos estão com fome; ou

depois do almoço, quando estão sonolentos). É preciso pensar a disposição dos

alunos no espaço físico da sala (em filas, em semicírculo), como também o tempo

utilizado para a aplicação das atividades. Tudo precisa ser controlado. Se alguém

está no comando da sala, pressupõe-se que esteja capacitado para isso.

• Como avaliar se a intervenção foi positiva ou não? Como já sugerido na discussão

sobre o diagnóstico do problema, é preciso quantificar a qualidade da intervenção. É

muito importante conhecer o “antes” e o “depois”. Nesse caso específico, uma

possibilidade é utilizar a mesma atividade de diagnóstico para avaliação dos

resultados finais. Pelo distanciamento temporal, muitos alunos provavelmente não

terão sequer lembrança dela, e o seu objetivo não é conferir uma nota aos alunos,

mas ao próprio trabalho que foi desenvolvido. Muitos temem a avaliação, mas o

profissional responsável está em constante avaliação, e faz questão dela. Trata-se,

apenas, de perceber se o que se faz está no caminho certo ou se precisa sofrer

modificações, com a simples finalidade de melhorar a qualidade do trabalho.

A análise parcial desenvolvida para o caso hipotético acima revela, por si mesma, um

encadeamento lógico de ideias. Partiu-se do diagnóstico do problema, passando-se pelo

estabelecimento do grupo de controle, pelo planejamento das atividades, pelo cálculo do tempo

a ser utilizado, pela forma de aplicação das atividades, até chegar-se à avaliação final dos

resultados obtidos. Considere-se que, do diagnóstico do problema até a forma de aplicação das

atividades, tem-se todo o necessário para construir a seção de um texto científico (que poderá

ser, por exemplo, um artigo de relato de experiência) dedicada à descrição metodológica. Seguir

esses passos é estabelecer o método a ser utilizado. Descrevê-los é redigir a seção

“Metodologia” do TCC. A parte da avaliação dos resultados, provavelmente, será apresentada na

seção “Conclusão”. “Provavelmente”, porque ela pode ser analisada também em uma seção

semelhante a “Discussão dos Resultados”, sendo a conclusão reservada para considerações do

autor sobre o trabalho/experiência como um todo.

É preciso despender algum tempo antes de iniciar o trabalho para planejá-lo, e esse

planejamento inclui a organização das ideias. Esse tempo despendido na verdade poupará

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Recuperando aspectos da “Metodologia do Trabalho Científico”

Cirineu Cecote Stein 25

esforços futuros. Tudo devidamente planejado e executado, basta o autor do texto escrever,

partindo do início e chegando ao fim.

4.2. A seleção bibliográfica

Ao se idealizar um trabalho científico, é desejável que se conheça o “estado da arte” da

temática a ser desenvolvida. É preciso conhecer o que já foi discutido sobre ela, e em que ponto

se encontra essa discussão. Frequentemente, mesmo que se trate de algo já muito conhecido e

debatido, ainda pode haver espaço para o seu enriquecimento. Uma nova abordagem, por

exemplo, sempre pode ser muito interessante.

Conhecer a bibliografia sobre o tema a ser desenvolvido em um trabalho científico é

condição indispensável para se estabelecer sua fundamentação teórica. Como já dito

anteriormente, uma ideia não se constrói do nada: ela é fruto de reflexões produzidas

anteriormente por outros. E esses “outros” precisam ser considerados.

No passado, boa parte do tempo destinado a um mestrado ou a um doutorado era

destinada à pesquisa bibliográfica. Isso porque o pesquisador deveria ir até as bibliotecas e

consultar os catálogos para encontrar e selecionar as obras de seu interesse. Embora isso ainda

ocorra, o acesso às obras digitais, que vem se tornando cada vez mais fácil, torna esse tempo

muito menor. Os próprios mecanismos de busca utilizados na internet permitem encontrar

inúmeros textos de forma praticamente imediata. Sem dúvida alguma, pelo menos essa parte do

trabalho de pesquisa torna-se menos difícil. O problema que se põe (como sempre se pôs, aliás)

é como fazer a seleção das referências mais importantes, mais significativas para a temática em

questão.

O ponto principal a ser considerado é a qualidade da informação veiculada. Quando, por

exemplo, uma teoria se mostra importante, é muito interessante buscar sua fonte original.

Quando se lê sobre o trabalho de um teórico a partir do texto de outros, corre-se o risco de

deparar com informações equivocadas. Isso, aliás, é bastante frequente. Evidentemente

algumas teorias são tão complexas que seu entendimento se torna mais acessível por meio de

trabalhos de outros autores que a discutem, mas sempre é importante cautela nessas situações.

Tendo sido aproveitadas as obras publicadas em forma de livro, pode-se partir para a

consulta a artigos publicados em periódicos especializados. Esses artigos normalmente

apresentam aspectos bastante pontuais acerca da temática envolvida, tendo sido construídos,

na maior parte das vezes, a partir de um bom embasamento teórico. Se o artigo tiver sido

publicado em um periódico que possua corpo editorial qualificado, com um processo de seleção

de material feito com isenção, a qualidade do conteúdo veiculado tenderá a ser muito boa. Uma

leitura atenta do resumo desses artigos permitirá perceber se eles realmente são de interesse

específico ou não. Todas as universidades federais, salvo engano, possuem livre acesso ao Portal

de Periódicos da CAPES (http://periodicos.capes.gov.br/), que disponibiliza a consulta a

Page 26: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

Metodologia para a elaboração de um TCC

26 Cirineu Cecote Stein

inúmeros periódicos científicos nacionais e internacionais. No entanto, alguns desses periódicos

não são de livre acesso: é preciso ter uma assinatura deles para ler seus artigos. Nesses casos,

basta ir até um computador conectado à rede da universidade (como os das bibliotecas, por

exemplo), para consultá-los livremente, uma vez que a CAPES tem a assinatura de todos eles.

Outra fonte de pesquisa são as páginas na internet de entidades ou mesmo de

pesquisadores individuais. O cuidado com a seleção das informações, nesses casos, precisa ser

ainda maior, porque, como normalmente não há um controle (como, por exemplo, um corpo

editorial com avaliadores), publica-se o que bem se entender.

Outra possibilidade de informação a ser utilizada em um texto científico é o que se

chama de “informação verbal”. Imagine-se que, em um congresso, tenha-se discutido um tópico

com algum pesquisador e ele tenha dado sua opinião acerca de um determinado item. Essa

informação, se for interessante para a temática específica do trabalho que está sendo

desenvolvido, poderá ser mencionada e, entre parênteses, deverá ser indicada a expressão

“informação verbal”. Após o fechamento dos parênteses, faz-se remissão a uma nota de rodapé,

em que se indica “Notícia fornecida por Fulano de Tal, no Congresso Tal, na cidade Tal, na data

tal.”). Isso, naturalmente, em casos excepcionais.

Colhido o material bibliográfico que servirá de base para o texto a ser escrito, o passo

seguinte é organizá-lo de forma sistemática. Ao se realizar essas leituras, uma sugestão é

destacar as partes de interesse e anotar em que ponto do texto que será produzido elas poderão

ser utilizadas. Mais à frente será discutida a importância de construir um roteiro textual. Como

se verá, com um roteiro elaborado, é possível identificar quais ideias constituirão cada parte

textual, e em que sequência. Estabelecida essa sequência, a leitura da bibliografia poderá ser

feita de forma a alocar cada informação teórica em sua respectiva parte no texto a ser gerado.

Dessa forma, passa-se a “ter o que dizer”, sabendo-se onde cada informação será dita.

Todas essas informações teóricas poderão ser apresentadas com palavras próprias, com

paráfrases ou com citações, qualquer dessas formas devidamente referenciada. A forma de fazê-

lo será retomada no capítulo seguinte.

4.3. A pesquisa de campo

A menos que se trate de um artigo de revisão, ou de um que possua natureza

eminentemente teórica, os demais trabalhos científicos provavelmente são produzidos a partir

de análises/reflexões acerca de dados, que podem ser gerados de formas bastante distintas. É

comum a disponibilização de bancos de dados por pesquisadores que se dedicaram a colhê-los.

Há bancos de dados, por exemplo, da fala de determinada região, de textos produzidos em uma

escola ou para o vestibular, além de uma grande gama de outras possibilidades. Caso, no

entanto, não se deseje utilizar um banco de dados já existente, é possível criar um para uma

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Recuperando aspectos da “Metodologia do Trabalho Científico”

Cirineu Cecote Stein 27

finalidade específica. Evidentemente, esse banco de dados poderá ser constituído de forma mais

simples ou de forma mais complexa.

Pensando-se a condição específica de elaboração de um TCC, e a sua restrição de tempo,

os dados a serem utilizados (se for o caso) podem ser colhidos na própria comunidade em que se

vive, entrevistando-se pessoas ou, caso se deseje trabalhar produção textual ou leitura,

inserindo-se em uma escola, para citar apenas alguns exemplos. Situações como essa inserem-se

no que se conhece como “pesquisa de campo”.

As técnicas e as implicações envolvidas na pesquisa de campo, por si sós, demandam um

curso completo, tamanha a sua complexidade. Dois pontos principais, no entanto, podem ser

sintetizados da seguinte forma:

• a pesquisa de campo deve ser muito, muito bem planejada. Como inúmeros outros

fatores passam a interferir na sua execução (tempo, locomoção, acesso aos

informantes, gastos financeiros etc.), é preciso estabelecer um roteiro de ação,

inclusive prevendo possíveis riscos e formas de solucioná-los;

• o respeito ao informante é condição inquestionável. É sempre importante lembrar

que o informante está disponibilizando seu tempo para o pesquisador. O informante

nunca está errado. O pesquisador nunca pode se indispor com ele. O informante

pode se atrasar, mas o pesquisador, nunca. Em todas as situações posteriores ao

contato com o informante (apresentações acadêmicas, conversas informais etc.),

nunca o pesquisador pode expô-lo ao ridículo, fazendo gracejo de seu modo de falar,

de agir, ou de escrever. A identidade do informante sempre deve ser preservada.

4.4. A organização dos dados

A organização (assim como o planejamento) é condição muito desejável para se atingir

um bom resultado quando se pensa a pesquisa e a escritura científicas. Como discutido

anteriormente, os dados a serem utilizados para a escritura podem ser aproveitados de um

corpus já existente ou de um corpus preparado para essa finalidade específica. Obtido esse

material – que será, na verdade, a fonte principal para o interesse maior que o texto despertará,

pois será a informação nova apresentada à comunidade acadêmica –, é preciso dispô-lo de

forma adequada ao seu manuseio. Quanto maior o volume de dados/informações, maior a

necessidade de uma organização rigorosa, sob pena de algo importante ser desconsiderado

durante a escritura, ou mesmo perdido.

Da mesma forma que as informações selecionadas a partir da seleção bibliográfica

podem ser classificadas, o que permite uma melhor visualização delas para o arranjo textual, os

dados a serem utilizados também devem ser agrupados e classificados. Retomando-se o caso

hipotético discutido parcialmente na primeira seção deste capítulo, destinada à organização das

ideias, seria necessário organizar todo o material produzido pelos alunos: a) uma pasta com os

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Metodologia para a elaboração de um TCC

28 Cirineu Cecote Stein

textos de diagnóstico do problema; b) uma para o material produzido durante a primeira

atividade; c) uma para a segunda atividade; d) uma para a terceira atividade; e) uma para a

avaliação da atividade (reaplicação da atividade de diagnóstico).

O agrupamento dos dados é apenas a primeira (e mais fácil) parte desse trabalho. Feito

isso, é necessário categorizar todas as informações obtidas. Considerando-se o desempenho na

leitura, cada pasta deverá ter seu material classificado, por exemplo, em ordem crescente ou

decrescente de desempenho dos alunos, o que permitirá identificar o percentual deles que se

enquadra no nível 1 de leitura, no nível 2 etc. Como já exposto, essa quantificação é

indispensável, não apenas para ser apresentada no corpo do texto como, principalmente, para

permitir a tomada de decisões quanto aos passos seguintes da intervenção junto ao grupo.

A visualização dos dados auxilia muito o trabalho do pesquisador. Dependendo da

natureza desses dados, uma forma muito apropriada de organizá-los e classificá-los e dispô-los

em tabelas, o que permitirá, inclusive, sua realocação de forma mais fácil. Um exemplo concreto

de aplicação dessa técnica pode ser o observado nas tabelas abaixo (STEIN, 2011), em que dados

relacionados à deficiência ortográfica em alunos do ensino fundamental e do ensino médio

foram catalogados.

Tabela 1 – Exemplo de classificação de problemas de escritura relacionados ao vozeamento de

consoantes

Palavras Tipo de erro Código de erro Grafia correta Pronúncia

gritanto ortografia base fonética,

troca [d]~[t] OF_d-t_01_em2_M02 gritando Zf3h!s }̀cT\�

derrepende ortografia base fonética,

troca [t]~[d] OF_t-d_01_em2_F02 de repente Zcd�gd!od}sH\�

priga ortografia base fonética,

troca [b]~[p] OF_b-p_01_ef6_F01 brinca Z!a3h}j?\�

agordou ortografia base fonética,

troca [c]~[g] OF_c-g_01_ef5_F01 acordou Z`jng!cn\�

goisas ortografia base fonética,

troca [c]~[g] OF_c-g_01_ef5_F01 coisas Z!jnH]y?r\�

defete ortografia base fonética,

troca [v]~[f] OF_v-f_01_ef5_F01 diverte Zch!uDgsH\�

Fonte: STEIN, 2011.

Notas: Codificação utilizada:

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Recuperando aspectos da “Metodologia do Trabalho Científico”

Cirineu Cecote Stein 29

OF – erro de ortografia com base fonética; b-p – permutação verificada; 01 – número do erro

para o informante em questão; ef5, em2 – Ensino Fundamental ou Médio e série; F01, M02,

número do informante, feminino ou masculino.

Tabela 2 – Exemplo de classificação de problemas de escritura relacionados à ditongação de

monotongos

Palavras Tipo de erro Código de erro Grafia correta Pronúncia

mais ortografia base fonética,

troca [0]~[i] OF_0-i_01_em1_F02 mas Zl`H]y\�

feis ortografia base fonética,

troca [0]~[i] OF_0-i_02_ef5_F02 fez Z!edy\�

Fonte: STEIN, 2011.

Observe-se que, em ambas as tabelas, foram criadas cinco colunas, cada uma delas

atendendo a uma função específica. Na primeira, registraram-se os problemas ortográficos; na

segunda, foi feita a classificação desses problemas; na terceira, estabeleceu-se a codificação dos

problemas; na quarta, indicou-se a forma ortográfica padrão; na quinta, registraram-se as

pronúncias das palavras, como realizadas foneticamente pelos alunos.

Essas tabelas já estão apresentadas em seu formato final de publicação. Na elaboração

dessa pesquisa, esses dados e todos os demais foram alocados em uma única tabela, à medida

que iam sendo detectados. Depois que todos eles foram registrados, utilizou-se o sistema de

filtragem de dados nos rótulos das colunas, selecionando-se, então, os grupos problemáticos.

Esse procedimento é facilitado pelo uso de editores de dados como o MS Excel, mas pode ser

realizado também de forma manual, o que, evidentemente, demandará muito mais tempo do

pesquisador.

A apresentação dos dados em forma de tabelas é muito comum. No entanto, é preciso

analisar a natureza dos dados para avaliar se sua apresentação será idealmente feita nesse

formato. Embora, em princípio, quaisquer dados possam ser tabelados, alguns que necessitem

de uma forma de apresentação com mais palavras descritivas, por exemplo, talvez não

permitam uma boa visualização numa tabela, sendo mais adequada sua disposição em forma de

itens sequenciais, ao longo da página. Da mesma forma que um gráfico tem por objetivo

permitir uma melhor visualização dos dados, uma tabela também cumpre essa função (além,

claro, da função organizacional das informações).

Deve-se considerar, também, que a simples apresentação dos dados não diz muita coisa

em um trabalho científico: é preciso comentá-los, discuti-los. O pesquisador não deve

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Metodologia para a elaboração de um TCC

30 Cirineu Cecote Stein

simplesmente apresentar uma planilha de dados sem apresentar também suas considerações

sobre eles.

4.5. A construção de um roteiro textual

Quando um professor da área de Letras sugere aos seus alunos que, para melhor

organizarem as ideias em um texto é aconselhável dispô-las de uma forma lógica e coerente, de

forma que a apresentação de uma ideia conduza a outra, ele não deve se esquecer de que esse

mesmo conselho se aplica à elaboração de seus próprios trabalhos.

Muitas vezes, as pessoas tendem a pensar que o tempo utilizado na ordenação das

ideias é desperdiçado. Na verdade, se não houver essa ordenação, esse planejamento,

normalmente se gastará mais tempo na elaboração do texto do que se tudo tiver sido planejado.

Pode-se construir um roteiro textual, ou seja, indicar a sequência do que será escrito, com

tópicos e subtópicos. De uma forma geral, esse roteiro tenderá a assumir a caracterização de um

sumário.

O sumário (cujas regras gerais de apresentação são descritas na ABNT NBR 6027) de

qualquer trabalho, seja um livro, seja uma tese, seja uma dissertação, apresenta ao leitor a

organização de todo o texto. Num primeiro momento, são indicadas as partes pré-textuais,

seguidas pelas textuais e pelas pós-textuais. Como a expectativa é a de que a leitura completa da

obra permita ao leitor compreender a temática desenvolvida, é natural que a exposição seja

feita apresentando-se as informações de forma gradativa, uma ideia/parte textual conduzindo

ao entendimento da subsequente.

Como, para o TCC, o trabalho a ser apresentado é um artigo (científico ou de relato de

experiência), não será apresentado, como parte pré-textual, um sumário. No entanto, é

aconselhável que o autor desse trabalho organize um roteiro de escritura (que poderia se tornar

o próprio sumário, caso ele fosse necessário).

É aconselhável que o roteiro textual seja produzido anteriormente ao início das leituras

teóricas. Essa informação pode parecer um pouco contraditória, uma vez que, normalmente, é a

partir das leituras teóricas que se consolidará a ideia global do trabalho. No entanto, de forma

pragmática, é preciso considerar que, para a elaboração de um TCC, seu autor estará em contato

direto com seu orientador. Juntos, poderão traçar um primeiro roteiro, que poderá ser

modificado conforme a necessidade. Mas é importante haver um esboço inicial para que não se

perca tempo durante a leitura da teoria.

Durante a leitura das obras de referência, um método bastante produtivo é selecionar os

trechos que poderão ser utilizados como citação/paráfrase ou para reflexão teórica pessoal.

Havendo um roteiro textual, com as seções especificadas, basta classificar os trechos

selecionados (por exemplo, com um código ao lado de cada um deles) durante a leitura.

Posteriormente, basta alocar cada um deles nas seções a que são destinados no trabalho.

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Recuperando aspectos da “Metodologia do Trabalho Científico”

Cirineu Cecote Stein 31

Imagine-se, por exemplo, o seguinte roteiro textual:

A) INTRODUÇÃO

• discutir de forma ampla a temática proposta no trabalho

• apresentar o objetivo do trabalho

• sintetizar a metodologia a ser utilizada

B) PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

• apresentar um breve histórico do que já foi desenvolvido sobre a temática

• identificar os teóricos mais expressivos na área

• analisar aspectos da teoria

• analisar a problematização da temática

C) METODOLOGIA

• apresentar a forma de diagnóstico do problema

• apresentar os critérios para estabelecimento dos grupos

• apresentar a forma como as atividades foram planejadas

• apresentar a forma de aplicação das atividades

• apresentar os critérios para avaliação

D) APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

• dados referentes ao primeiro grupo

• dados referentes ao segundo grupo

• dados referentes ao terceiro grupo

E) CONCLUSÃO

• discussão acerca dos resultados obtidos

Esse esquema, na verdade, é um exemplo bastante genérico de um roteiro textual. Cada

temática/proposta seguramente gerará um roteiro com as especificidades do trabalho já

elencadas. O importante a se perceber é que, em qualquer uma dessas partes, pode-se fazer

alusão a alguma referência bibliográfica pertinente. Assim, enquanto se desenvolve a leitura

teórica, vai-se definindo o que será utilizado para cada seção. Por exemplo, “este trecho do

autor X é adequado para a seção B – analisar aspectos da teoria”; “este trecho do autor Y é

adequado para a seção C – apresentar a forma de diagnóstico do problema”, e assim

sucessivamente.

Ao se adotar esse método de pesquisa/escritura, passa-se a “ter o que dizer”, bastando,

portanto, apenas escrever. Como já indicado, é muito difícil (senão impossível, pelo menos com

alguma qualidade) falar sobre o que não se conhece. Conhecendo-se o assunto – por meio da

referenciação teórica associada à própria experiência pessoal gerada para o desenvolvimento do

trabalho – e seguindo-se um roteiro para a disposição das ideias, o trabalho torna-se muito

menos árduo.

Page 32: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

Metodologia para a elaboração de um TCC

32 Cirineu Cecote Stein

4.6. A citação

Na arte da argumentação, existe um argumento que se conhece como “de autoridade”.

Segundo Perelman (1996, p. 348), esse tipo de argumento “utiliza atos ou juízos de uma pessoa

ou de um grupo de pessoas como meio de prova a favor de uma tese”. No trabalho científico,

quando seu autor utiliza citações de outros autores, ele está, de certa forma, recorrendo ao

argumento de autoridade, e o raciocínio, nessa situação, seria mais ou menos o seguinte: “quem

está dizendo isso é o autor tal, que tem mais autoridade do que eu”.

Na arte retórica, ainda segundo Perelman (idem, ibidem),

O argumento de autoridade é o modo de raciocínio retórico que foi mais

intensamente atacado por ter sido, nos meios hostis à livre pesquisa científica,

o mais largamente utilizado, e isso de uma maneira abusiva, peremptória, ou

seja, concedendo-lhe um valor coercivo, como se as autoridades invocadas

houvessem sido infalíveis.

Deduz-se que na “livre pesquisa científica” há o questionamento acerca das informações, acerca

da própria natureza dos fatos. O papel do cientista é, portanto, questionar seus pares e a si

próprio, com vistas a encontrar a “verdade científica”. Aceitar o que as “autoridades invocadas”

postularam, sem questionamento, vai de encontro aos princípios da ciência.

No entanto, para a construção dessa mesma ciência, o pesquisador se baseia em

trabalhos já executados. Muitos anteriormente já percorreram árduos caminhos em suas

pesquisas para que o conhecimento sobre determinado assunto chegasse ao ponto a que

chegou. Ignorar seus trabalhos seria partir do pressuposto de que nada anteriormente tivesse

sido feito na área. E, com isso, cometerem-se todos os erros que os outros já cometeram, até –

talvez – chegar a algum acerto. A fundamentação teórica de um trabalho científico, portanto,

aproveita o que os antecessores da área fizeram, para que o novo trabalho que ora se constrói

possa, talvez com menos esforço, acrescentar algo novo à temática.

Entenda-se que esse suporte teórico, no entanto, deve ser um embasamento, uma

sustentação para o que se vai postular no trabalho científico. Primeiramente, deve-se entender

que esse novo trabalho que se constrói pertence a um autor (no caso, o concluinte que elabora

seu TCC), e não aos teóricos que o apoiam. Portanto, é necessário que se verifique a autoria de

quem escreve, ou seja, o texto final não poderá ser um apanhado de inúmeras citações de

outros autores. Soa estranho, matematicamente falando, que se perceba, ao folhear um

trabalho, cerca de 50% (às vezes mais) do espaço nas folhas ocupado por citações. A citação

deve ser utilizada como forma de sustentar um ponto de vista, não sendo ela a parte central do

texto.

Quando se faz a leitura teórica, como discutido nas seções anteriores, é frequente que

se encontrem inúmeros trechos muito interessantes e que podem ser muito úteis para a

elaboração do texto final. No entanto, é preciso considerar que nem todos esses trechos

poderão ser utilizados como citações literais (aquelas que são transcritas entre aspas). Deve-se

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Recuperando aspectos da “Metodologia do Trabalho Científico”

Cirineu Cecote Stein 33

selecionar os que sejam mais expressivos para serem utilizados como citações literais e as

demais poderão ser parafraseadas (ditas de outra forma), comentadas, sempre, naturalmente,

fazendo-se a devida referência ao seu autor.

No próximo capítulo, serão discutidas as formas de apresentar as citações em um texto,

literalmente ou parafraseando-as.

4.7. A referenciação bibliográfica

Também no próximo capítulo, serão discutidas as formas de indicar as referências

bibliográficas mais comumente utilizadas na elaboração de um artigo (científico ou de relato de

experiência), conforme a ABNT NBR 6023. Neste ponto, é preciso recapitular que a seção do

trabalho científico dedicada às referências bibliográficas tem por objetivo permitir ao leitor

verificar, na fonte, as informações teóricas veiculadas ao longo do texto.

Infelizmente, não é incomum que alguns autores, talvez por lerem apenas o resumo de

um artigo, sem se darem o trabalho de verificarem de forma completa as informações, escrevam

que determinado autor, em seu artigo, disse tal coisa, e tal coisa não foi dita. O leitor-cientista,

experiente na prática da leitura e na área temática em questão, pode perceber algo estranho

nas informações apresentadas e, para dirimir suas dúvidas, prefere consultar os textos que

embasaram aquele trabalho. Talvez ele, leitor, tenha se equivocado; talvez não. Caso não tenha

se equivocado, aquele texto, naturalmente, cai em descrédito.

Como já discutido no capítulo referente ao plágio, pode-se inferir que a referenciação

bibliográfica também desempenhe o papel de reconhecer a autoria de algumas das ideias

veiculadas naquele trabalho. Portanto, toda e qualquer ideia que tenha sido colhida de outro

autor deve necessariamente ser referenciada.

Uma situação bastante inconveniente é o leitor (por exemplo, um avaliador de uma

banca de TCC) encontrar a menção a um determinado autor, no corpo do texto, ir até a seção

das referências bibliográficas e não encontrar a obra mencionada. Naturalmente, se o autor do

trabalho citou a obra no corpo do texto, não foi sua intenção cometer o plágio. O que lhe faltou

foi atenção na hora de compilar todas as referências.

Para evitar problemas desse tipo, uma sugestão é, à medida que o texto seja construído,

e sempre que surgir uma citação, que se redija imediatamente a referência bibliográfica

equivalente na seção apropriada. Utilizando-se um computador, basta trabalhar com dois

arquivos abertos ao mesmo tempo: um, em que se escreve o texto; outro, em que se escrevem

as referências. Dessa forma, minimiza-se consideravelmente a possibilidade de alguma obra não

ser referenciada. Se, como argumento contrário a essa prática, se imaginar que se possa perder

o fluxo do pensamento, esquecendo-se o que se ia escrever, basta, então, destacar a citação em

vermelho (ou de outra forma) para, posteriormente, fazer sua referenciação.

Page 34: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

Metodologia para a elaboração de um TCC

34 Cirineu Cecote Stein

Essas práticas, no entanto, não anulam a necessidade de uma revisão criteriosa do texto.

No tocante às referências bibliográficas, é necessário que, durante a leitura final (ou pré-final),

confirme-se a inserção de todos os autores citados na seção devida.

Finalmente, é interessante atentar para as fontes a serem consultadas. Inicialmente, os

livros tendem a ser confiáveis, uma vez que, normalmente, a autorização de sua publicação

passa por um conselho editorial. Isso, naturalmente, não significa dizer que as informações ali

contidas não possam ser questionadas. Se assim não fosse, a ciência não teria evoluído. Também

os artigos científicos publicados em periódicos especializados são uma fonte confiável de

pesquisa. Observe-se que, mais recentemente, a maior parte dos periódicos mantém uma

(quando não única) versão digital, disponível na internet. Isso é extremamente interessante no

sentido de divulgação da informação, uma vez que o acesso aos artigos publicados em papel é

difícil, às vezes sendo possível encontrar o periódico apenas em outro país. Portanto, o mito de

que na internet não há fontes confiáveis de pesquisa é falso. O importante é saber que fontes

consultar.

Um leitor-cientista experimentado, ao ter seu primeiro contato com um livro, uma

monografia ou um artigo, muito provavelmente iniciará sua leitura pelo fim: ele observará as

referências bibliográficas utilizadas. A partir dessa leitura, ele já terá como traçar um perfil

prévio do autor, pelo nível das referências utilizadas. Normalmente, utilizar enciclopédias como

fonte de pesquisa acadêmica não é muito bem conceituado. De uma forma geral, as

enciclopédias apresentam as informações de forma um tanto quanto condensada, sendo o seu

objetivo transmiti-las ao grande público, não a especialistas (embora o que se escreve nelas seja

escrito por especialistas). É preciso ser cauteloso, portanto, ao fazer uso delas.

Em relação à Wikipedia, a confiabilidade de suas informações tem sido mais

recentemente reconhecida. Simson L. Garfinkel, em 2008, publicou no site Technology Review,

mantido pelo Massachussets Institute of Technology (MIT), um ensaio em que discute por que as

informações ali apresentadas são confiáveis. As políticas de publicação de conteúdo incluem não

ser possível publicar conteúdo produzido pelo próprio usuário, assim como a condição de se

manter um ponto de vista neutro. Os editores também exigem que os textos publicados

apresentem referências a fontes confiáveis, que serviram de embasamento para o que foi

escrito. Portanto, a consulta à Wikipedia pode servir, pelo menos, para ajudar a configurar as

ideias a serem desenvolvidas.

Page 35: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

5. Recuperando aspectos da escritura

Uma vez desenvolvido o trabalho de pesquisa ou vivenciada a experiência durante o

Estágio Supervisionado, para fins de elaboração de um TCC, é indispensável que a apresentação

do texto veiculador dessas informações seja feita de forma apropriada. Como se trata de um

trabalho de natureza acadêmico-científica, é indispensável que um código seja seguido. No

caso, esse código é estabelecido pela ABNT, com finalidade normativa. Uma vez que essa

normatização é acatada por uma instituição, todos que pretendem produzir algum trabalho a

ser submetido à apreciação dessa instituição devem seguir essas regras. Todos – autores e

leitores – conhecendo os mesmos procedimentos padrão, o ato da leitura acaba por tornar-se

mais acessível.

As seções a seguir têm por objetivo recuperar os aspectos envolvidos na escritura de

cada parte de um artigo (científico ou de relato de experiência) e de algumas especificidades

dessas partes. Elas não substituem, no entanto, a consulta às normas específicas da ABNT em

sua totalidade.

5.1. A escritura do resumo

Como já sugerido no capítulo 4, na seção que tratou da seleção bibliográfica, o resumo

de um trabalho científico é a apresentação mais imediata de seu conteúdo ao leitor (esse

imediatismo só é superado pelo título do trabalho). Durante a seleção bibliográfica para a

escritura de um trabalho, o autor, em sua consulta, observará o título do artigo; caso ele se

mostre interessante, passará, então, para a leitura do resumo, para verificar se realmente

aquele trabalho é útil para o embasamento teórico de que necessita. Percebe-se, portanto, que

elaborar o resumo de forma adequada é condição indispensável para que o trabalho em

produção possa apresentar maior visibilidade.

A ABNT desenvolveu uma Norma específica para a elaboração de resumos, a NBR 6028.

Entre as quatro definições que apresenta, três são especificamente necessárias para a

elaboração de um TCC sob a forma de artigo científico ou de relato de experiência:

2.1. palavra-chave: Palavra representativa do conteúdo do documento,

escolhida, preferentemente, em vocabulário controlado.

2.2. resumo: Apresentação concisa dos pontos relevantes de um documento.

2.6. resumo informativo: Informa ao leitor finalidades, metodologia,

resultados e conclusões do documento, de tal forma que este possa, inclusive,

dispensar a consulta ao original.

De acordo com a definição primária de resumo, percebe-se que é necessário um poder

de síntese da parte do autor ao elaborar essa parte de seu trabalho. Não é incomum o

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Metodologia para a elaboração de um TCC

36 Cirineu Cecote Stein

pesquisador, concluído o seu texto, sentir todos os pontos desenvolvidos nele como de grande

importância, e o desejo, normalmente, é o de, no resumo, apresentar todas essas informações.

No entanto, a limitação de tamanho para o resumo, como se verá a seguir, impõe um texto

conciso.

Essa concisão torna-se mais palpável ao se analisar a caracterização do resumo

informativo. Como se percebe, há uma clareza muito grande quanto ao que deve ser

apresentado no resumo: “finalidades, metodologia, resultados e conclusões do documento”.

Inclusive, a ordem a ser seguida na apresentação dessas informações é essa mesma

normatizada. Observe-se que essa sequência é lógica: apresenta-se ao leitor o objetivo, a

finalidade com que o trabalho foi produzido; o método empregado; os resultados obtidos; e,

finalmente, as conclusões a que seu autor chegou. De forma clara e objetiva.

Essa clareza e objetividade podem ser facilitadas pela obediência às “regras gerais de

apresentação”, postuladas por essa mesma NBR 6028. São especialmente interessantes as

seguintes prescrições:

“3.3 O resumo deve ser composto de uma seqüência de frases concisas,

afirmativas e não de enumeração de tópicos. Recomenda-se o uso de

parágrafo único.

3.3.1 A primeira frase deve ser significativa, explicando o tema principal do

documento. A seguir, deve-se indicar a informação sobre a categoria do

tratamento (memória, estudo de caso, análise da situação etc.).

3.3.2 Deve-se usar o verbo na voz ativa e na terceira pessoa do singular.”

Frequentemente, ao elaborar um resumo, o autor pode sentir-se tentado a redigi-lo em

forma de tópicos. Essa possibilidade, como se percebe, é totalmente vetada. O resumo,

portanto, deve apresentar a forma de um texto – um texto conciso e independente. A

independência desse texto se faz sentir quando o leitor o lê e entende todo o seu conteúdo sem

ter que analisar o texto do trabalho científico como um todo. Observe-se que, na definição do

resumo informativo, incluiu-se a possibilidade que oferece esse resumo de “dispensar a consulta

ao original”. Seguindo-se rigorosamente a sequência indicada (“finalidades, metodologia,

resultados e conclusões do documento”) e redigindo-se as informações por meio de “frases

concisas, afirmativas”, dificilmente o texto do resumo não será conciso e independente.

A primeira frase do resumo deve ser redigida de forma tal que seu conteúdo seja

significativo, ou seja, não pode apresentar informações vagas. É nela que se vai caracterizar o

tema central do trabalho. Logo a seguir, deverá ser definido o tipo de trabalho que está sendo

apresentado: é nesse ponto que se indicará tratar-se de um artigo de pesquisa ou de um artigo

de relato de experiência. Como prescrito, todas as frases deverão ser redigidas com verbos na

voz ativa (por exemplo, “A análise dos dados indica o resultado X.”, e não “Os dados foram

analisados e se obteve o resultado X.”), e deverão, se for o caso, estar na terceira pessoa do

singular (por exemplo, “Foi possível constatar que a redação dos participantes evoluiu do nível

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Recuperando aspectos da escritura

Cirineu Cecote Stein 37

três para o nível quatro.”, e não “Constatamos que a redação dos participantes evoluiu do nível

três para o nível quatro.”).

A ABNT NBR 6028 indica que os resumos de artigos de periódicos deverão ter sua

extensão entre 100 e 250 palavras.

O exemplo abaixo, aproveitado de Hoga e Abe (2000), ilustra a elaboração de um

resumo de um relato de experiência:

“Este artigo trata-se de um relato de experiência sobre um trabalho desenvolvido com um um

[sic]3 grupo de adolescentes, moradores em uma comunidade de baixa renda. O objetivo do

trabalho foi a educação para a saúde com contextualização socioeconômica e cultural.

Participaram do grupo, 34 adolescentes de ambos os sexos, com idades entre 12 e 18 anos.

Foram realizadas nove sessões grupais de educação para a saúde, no período entre setembro e

dezembro de 1997. Foram levantadas as principais dúvidas que os adolescentes tinham sobre

saúde, que foram esclarecidas no decorrer das sessões de educação para a saúde, com utilização

de estratégia participativa, associados a vários recursos didáticos. Os termos técnicos foram

decodificados para a linguagem popular. Com base nos temas trabalhados nas sessões, foi

elaborado um caderno educativo e a compreensão sobre o conteúdo foi validado com os

adolescentes. A experiência permitiu conhecer as peculiaridades do grupo e planejar

orientações compreensíveis e significativas aos adolescentes.”

Sua divisão em partes, com o propósito de melhor visualizar cada uma delas, pode ser

feita da seguinte forma:

1ª parte: “Este artigo trata-se de um relato de experiência sobre um trabalho

desenvolvido com um um [sic] grupo de adolescentes, moradores em uma comunidade

de baixa renda.”

Como primeira frase do resumo, percebe-se que seu conteúdo realmente é significativo.

Observe-se, no entanto, que, ao indicar logo no primeiro momento que se trata de um relato de

experiência, as autoras inverteram a ordem prescrita, segundo a qual, antes dessa indicação,

deveria ter sido explicado o tema principal do documento.

2ª parte: “O objetivo do trabalho foi a educação para a saúde com contextualização

socioeconômica e cultural.”

Essa frase, concisa e completa, apresenta o objetivo do trabalho.

3ª parte: “Participaram do grupo, 34 adolescentes de ambos os sexos, com idades entre

12 e 18 anos. Foram realizadas nove sessões grupais de educação para a saúde, no

período entre setembro e dezembro de 1997. Foram levantadas as principais dúvidas

que os adolescentes tinham sobre saúde, que foram esclarecidas no decorrer das

3 Este advérbio latino, que significa “assim”, “deste modo”, é utilizado em uma transcrição para indicar

que ela foi feita de forma fiel ao original de que foi aproveitada, mesmo que se caracterize um erro ou pareça estranha.

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Metodologia para a elaboração de um TCC

38 Cirineu Cecote Stein

sessões de educação para a saúde, com utilização de estratégia participativa, associados

a vários recursos didáticos. Os termos técnicos foram decodificados para a linguagem

popular.”

Nessa terceira parte caracteriza-se a metodologia empregada na execução da proposta.

Observe-se a apresentação do grupo, em que se identifica a quantidade de seus membros, o

gênero e a idade deles. Também, como a aplicação do trabalho foi feita (quantidade, tipo e

temática das sessões). A seguir, apresentou-se o que talvez esteja vinculado à essência do

trabalho, que é o esclarecimento de dúvidas acerca de questões relacionadas à saúde, e as

estratégias utilizadas na interação com o grupo. Como os profissionais da saúde (como

normalmente ocorre com toda e qualquer área de conhecimento) utilizam termos técnicos

próprios, especificou-se que esses termos “foram decodificados para a linguagem popular”.

4ª parte: “Com base nos temas trabalhados nas sessões, foi elaborado um caderno

educativo e a compreensão sobre o conteúdo foi validado com os adolescentes.”

Na quarta parte, foram apresentados dois resultados da intervenção: um, material, que

foi a elaboração de um caderno com conteúdo educativo; outro, imaterial, a apreensão cognitiva

das novas informações pelos adolescentes participantes, por meio de uma validação técnica (no

caso, o leitor que deseje conhecer os meios de validação utilizados deverá buscar essa

informação no corpo do artigo).

5ª parte: “A experiência permitiu conhecer as peculiaridades do grupo e planejar

orientações compreensíveis e significativas aos adolescentes.”

Finalmente, é apresentada a conclusão das autoras acerca do trabalho desenvolvido,

também em uma frase concisa e completa.

Observe-se que a leitura desse resumo permite compreender o todo do trabalho. As

especificidades, se forem desejadas pelo leitor, poderão ser conhecidas por meio da leitura do

artigo como um todo ou de suas partes específicas.

O texto foi elaborado em terceira pessoa, mas há uma ressalva a fazer: foi feito uso da

voz passiva na terceira e na quarta partes do texto, em construções como “foram levantadas”,

“foram decodificados”, “foi elaborado”. Rigorosamente, essas construções deveriam ter sido

modificadas para a voz ativa.

5.2. A escritura da introdução

A NBR 6022 da ABNT indica que a introdução é a “parte inicial do artigo, onde devem

constar a delimitação do assunto tratado, os objetivos da pesquisa e outros elementos

necessários para situar o tema do artigo”. Observe-se que essas informações foram também

apresentadas no resumo, mas de forma concisa. Na introdução, tem-se o espaço para

caracterizar os detalhes relativos a esses itens.

Page 39: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

Recuperando aspectos da escritura

Cirineu Cecote Stein 39

A delimitação do assunto apresenta as características da temática a ser desenvolvida. É

possível estabelecer uma contextualização histórico-social do tema partindo-se de aspectos mais

amplos até os mais específicos, como, por exemplo, o educacional. Pode-se estabelecer uma

reflexão sobre o problema de forma tal que se demonstre que essa reflexão conduziu ao

desenvolvimento do trabalho, com vistas, por exemplo, a promover a modificação de atitude de

uma população em relação a esse aspecto.

Os objetivos também devem ser apresentados na introdução de forma clara. Por uma

questão de fluência textual, é interessante que eles sejam apresentados sequencialmente,

produzindo-se pelo menos um parágrafo com essa finalidade. Vale lembrar que a apresentação

dos objetivos deve atender também a uma sequenciação lógica e gradual. Há objetivos que são

mais amplos que outros, devendo, portanto, ser elencados em primeiro lugar. Atingir um

objetivo pode depender de, anteriormente, ter sido atingido outro. Esse outro, portanto, deverá

ser apresentando anteriormente àquele.

Cada trabalho apresenta sua especificidade; logo, torna-se difícil prever o que será

exposto em uma introdução. Os “outros elementos necessários para situar o artigo” serão

apresentados de acordo com essa especificidade.

5.3. A escritura do desenvolvimento

O desenvolvimento, segundo a NBR 6022, da ABNT, é a “parte principal do artigo, que

contém a exposição ordenada e pormenorizada do assunto tratado”. No desenvolvimento se

apresentarão, portanto, todos os detalhes necessários à compreensão da pesquisa desenvolvida,

ou da experiência relatada.

No corpo do desenvolvimento, poderá ser feita uma revisão/contextualização

bibliográfica, em que se discutirão aspectos da teoria relevantes para o trabalho, desde o que se

teorizou quando a temática passou a ser considerada academicamente, até as considerações

mais recentes (cf., no Capítulo 4, as seções que tratam da organização das ideias e da seleção

bibliográfica).

Sequencialmente, será apresentada a metodologia empregada na pesquisa, relatando-

se, em seus pormenores, tudo o que disser respeito à organização, à aplicação e à verificação

dos procedimentos necessários à execução do trabalho. Quanto mais detalhada for a descrição

metodológica, maior será a sua qualidade.

Finalmente, ainda no desenvolvimento do trabalho, poderão ser apresentados os dados

relativos à pesquisa ou à experiência vivenciada. A exatidão desses dados é crucial para o

sucesso do trabalho. Deverão ser apresentados em forma gradativa, dos mais amplos e

genéricos para os mais específicos e detalhados. Poderão também ser apresentadas tabelas e

gráficos, devendo-se lembrar que o objetivo principal de uma tabela ou de um gráfico é permitir

a melhor visualização dos dados pelo leitor. Não basta apenas apresentar os dados dessa forma:

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Metodologia para a elaboração de um TCC

40 Cirineu Cecote Stein

é preciso comentá-los. Nesses comentários é que se manifestará a análise do autor do trabalho,

a interpretação que ele faz de sua pesquisa.

O desenvolvimento do artigo pode dividir-se em seções, que deverão ser numeradas

como descrito a seguir.

5.4. A numeração das seções

A ABNT estabeleceu a NBR 6024, que trata especificamente da numeração das seções

de um documento escrito. Essa numeração progressiva tem por objetivo “expor numa sequência

lógica o inter-relacionamento da matéria” e “permitir sua localização”. Entende-se “seção” como

a “parte em que se divide o texto de um documento, que contém as matérias consideradas afins

na exposição ordenada do assunto”, podendo haver uma “seção primária”, que é a “principal

divisão do texto de um documento”, assim como uma seção secundária, terciária, quaternária,

quinária etc., que é a “divisão do texto de uma seção primária, secundária, terciária, quaternária,

respectivamente”.

De acordo com as regras gerais de apresentação, deve-se seguir o indicado abaixo (as

indicações de seção que precedem cada item estão como apresentadas originalmente na NBR

6024):

3.1 São empregados algarismos arábicos na numeração.

3.2 O indicativo de seção é alinhado na margem esquerda, precedendo o

título, dele separado por um espaço.

3.3 Deve-se limitar a numeração progressiva até a seção quinária.

3.4 O indicativo das seções primárias deve ser grafado em números inteiros a

partir de 1.

3.5 O indicativo de uma seção secundária é constituído pelo indicativo da

seção primária a que pertence, seguido do número que lhe for atribuído na

seqüência do assunto e separado por ponto. Repete-se o mesmo processo em

relação às demais seções.

3.6 Não se utilizam ponto, hífen, travessão ou qualquer sinal após o indicativo

de seção ou de seu título.

Dessa forma, uma seção primária será numerada com os algarismos arábicos 1, 2, 3 etc.

Seções secundárias da primeira seção primária serão numeradas 1.1, 1.2, 1.3 etc. Seções

terciárias da primeira seção secundária serão numeradas 1.1.1, 1.1.2, 1.1.3 etc. Seções

quaternárias da primeira seção terciária serão numeradas 1.1.1.1, 1.1.1.2, 1.1.1.3 etc.

Finalmente, seções quinárias da primeira seção quaternária serão numeradas 1.1.1.1.1,

1.1.1.1.2, 1.1.1.1.3 etc. Também se considere que não pode haver seções inferiores à seção

quinária (o número máximo de seções não deve, portanto, ultrapassar cinco). Quando for feita a

leitura oral dos números das seções, não se deve pronunciar os pontos.

Page 41: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

Recuperando aspectos da escritura

Cirineu Cecote Stein 41

Quanto ao destaque gráfico que se faz para os títulos das seções, a NBR 6024 estipula o

seguinte:

3.7 Destacam-se gradativamente os títulos das seções, utilizando os recursos

de negrito, itálico ou grifo e redondo, caixa alta ou versal e outro. O título das

seções (primárias, secundárias etc.) deve ser colocado após sua numeração,

dele separado por um espaço. O texto deve iniciar-se em outra linha.

Essa normatização implica dizer que o título da seção primária deverá ser grafado em

negrito; o da seção secundária, em itálico (ou grifando-se a fonte normal, sem destaque algum,

tecnicamente conhecida como “redondo”); o da seção terciária, com caixa alta (letras

maiúsculas ao longo de todas as palavras) ou versalete. A palavra “outro” sugere que sejam

utilizados outros recursos gráficos para caracterizar as seções quarternária e quinária, sem,

contudo, especificar quais sejam eles.

Exemplificando-se os recursos gráficos:

1 Como grafar o título de uma seção primária

1.1 Como grafar o título de uma seção secundária

1.1.1 COMO GRAFAR O TÍTULO DE UMA SEÇÃO TERCIÁRIA

Ou, alternativamente:

2 Como grafar o título de uma seção primária

2.1 Como grafar o título de uma seção secundária

2.1.1 COMO GRAFAR O TÍTULO DE UMA SEÇÃO TERCIÁRIA4

Grafado o título da seção, o texto relativo a ela deve ser iniciado em outra linha. E

sempre deve haver um texto relacionado a cada seção.

Frequentemente, ao longo de um artigo, é necessário remeter o leitor a outra parte já

apresentada ou por apresentar. Quando houver essa necessidade, esses

indicativos deverão ser citados no texto de acordo com os seguintes

exemplos:

... na seção 4

... ver 2.2

... em 1.1.2.2, § 3º ou... 3º parágrafo de 1.1.2.2

5.5. A escritura de citações diretas e indiretas

Como já discutido no capítulo em que se recuperaram aspectos da Metodologia do

Trabalho Científico, a referência por meio de citações a obras de outros autores pode ser feita

como forma de embasar o trabalho ora em desenvolvimento. As informações apresentadas por

4 Observe-se que, nesse exemplo, a primeira letra do título, maiúscula, possui um tamanho maior que as

demais, minúsculas.

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Metodologia para a elaboração de um TCC

42 Cirineu Cecote Stein

eles contribuirão de forma significativa para a construção do arcabouço teórico necessário à

sustentação da nova pesquisa (ou da experiência vivenciada). No entanto, deve-se considerar

que o trabalho que está sendo desenvolvido tem autoria própria, não sendo razoável, portanto,

que o número de citações ocupe um espaço proporcionalmente semelhante ao (ou às vezes

maior que o) do texto considerado autoral.

A NBR 10520, da ABNT, apresenta as seguintes definições:

3.1 citação: Menção de uma informação extraída de outra fonte.

3.2 citação de citação: Citação direta ou indireta de um texto em que não se

teve acesso ao original.

3.3 citação direta: Transcrição textual de parte da obra do autor consultado.

3.4 citação indireta: Texto baseado na obra do autor consultado.

Em um trabalho de TCC, a forma de apresentar os tipos de citação acima definidos

seguramente será de maior relevância. Assim, o primeiro ponto a entender é que toda

informação colhida em outra fonte deverá ser mencionada, deverá ser citada no corpo do

trabalho, direta ou indiretamente. Caso se trate de uma citação direta, ou seja, aquela em que

se transcreve literalmente parte do texto de outro autor, deverão ser respeitados os seguintes

princípios:

• se a citação, no corpo do texto sendo produzido, ocupar até três linhas, deverão ser

utilizadas aspas duplas no início e no final do trecho citado;

• caso essa citação ocupe mais de três linhas, ela deverá ser destacada do texto sendo

produzido, iniciada em uma nova linha e toda ela deverá ser recuada “4 cm da

margem esquerda, com letra menor que a do texto utilizado e sem as aspas”;

• as aspas simples serão utilizadas “para indicar citação no interior da citação”. Em

outras palavras, caso o autor da citação tenha originalmente utilizado naquele

trecho aspas duplas, essas aspas duplas serão substituídas por aspas simples.

O que caracteriza a citação indireta é o aproveitamento da ideia de outro autor no texto

que está sendo elaborado. O autor do texto sendo elaborado poderá, por exemplo, sintetizar as

ideias colhidas com suas próprias palavras. Esse recurso evidencia ainda mais a interpretação

que é feita da obra consultada. Nesse caso, não será possível utilizar as aspas duplas ou o recuo

de 4 cm, uma vez que esses recursos são exclusivos para as citações literais.

Feita a citação, é preciso referenciar sua autoria. Essa referenciação pode ser feita, toda

ela, entre parênteses, ou apenas parcialmente entre parênteses, dependendo da forma como o

texto será escrito. Devem ser seguidos, para isso, os seguintes princípios:

• se a chamada pelo sobrenome do autor, pela instituição responsável ou título for

feita incluída na sentença, deverão ser utilizadas letras maiúsculas e minúsculas;

• “quando estiverem entre parênteses, devem ser em letras maiúsculas”.

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Recuperando aspectos da escritura

Cirineu Cecote Stein 43

Os exemplos seguintes, aproveitados da NBR 10520 da ABNT, ilustram essas

possibilidades. Observe-se que o primeiro exemplo caracteriza uma citação indireta, enquanto

que o segundo e o terceiro, citações diretas:

A ironia seria assim uma forma implícita de heterogeneidade mostrada, conforme a

classificação proposta por Authier-Reiriz (1982).

Segundo Morais (1955, p. 32) assinala "[...] a presença de concreções de bauxita no Rio

Cricon."

“Apesar das aparências, a desconstrução do logocentrismo não é uma psicanálise da

filosofia [...]” (DERRIDA, 1967, p. 293).

Nesses exemplos, as citações (indireta e direta) não ocuparam espaço superior a três

linhas. Caso isso acontecesse, a apresentação da citação (direta) seria feita com o recuo de 4 cm

a partir da margem esquerda, como a seguir, com letra menor e sem aspas:

A teleconferência permite ao indivíduo participar de um encontro nacional ou

regional sem a necessidade de deixar seu local de origem. Tipos comuns de

teleconferência incluem o uso da televisão, telefone, e computador. Através

de áudio-conferência, utilizando a companhia local de telefone, um sinal de

áudio pode ser emitido em um salão de qualquer dimensão. (NICHOLS, 1993,

p. 181).

Como se pode perceber no segundo e terceiro exemplos acima, na citação direta deve-

se especificar, após o(s) sobrenome(s) do(s) autor(es), escrito(s) em letras maiúsculas, a data de

publicação da obra, seguida pelo volume (se for o caso), e a página, como no primeiro exemplo a

seguir. No segundo exemplo, percebe-se uma citação direta de uma obra de dois autores.

Observe-se que seus sobrenomes são separados por ponto e vírgula:

Meyer parte de uma passagem da crônica de “14 de maio”, de A Semana: “Houve sol, e

grande sol, naquele domingo de 1888, em que o Senado votou a lei, que a regente

sancionou [...] (ASSIS, 1994, v. 3, p. 583).

“Não se mova, faça de conta que está morta.” (CLARAC; BONNIN, 1985, p. 72).

Quando se deseja citar partes intercaladas de um texto, é necessário indicar que

algumas partes foram suprimidas. Essa supressão será feita utilizando-se reticências entre

colchetes: [...]. No penúltimo exemplo acima, observe-se que não foi transcrito o trecho

completo do texto de Machado de Assis. A supressão da parte final foi indicada dessa forma.

É possível, também, que se queira fazer algum comentário no interior de uma citação.

Nesse caso, o comentário feito deverá ser destacado por colchetes, no seu início e no seu final.

O mesmo ocorrerá no caso de interpolações ou acréscimos.

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Metodologia para a elaboração de um TCC

44 Cirineu Cecote Stein

Caso se deseje enfatizar ou destacar algum trecho de uma transcrição, isso deverá ser

feito por meio do grifo, do negrito ou do itálico. Nesse caso, se o destaque for feito por quem

cita o texto, após a chamada do autor, seguida da data de publicação da obra e da página

original, deverá ser utilizada a expressão “grifo nosso”, sem aspas. Caso o destaque tenha sido

feito originalmente pelo autor da citação, a expressão deverá ser “grifo do autor”, também sem

aspas, como nos exemplos a seguir:

“[...] para que não tenha lugar a producção de degenerados, quer physicos quer moraes,

misérias, verdadeiras ameaças à sociedade.” (SOUTO, 1916, p. 46, grifo nosso).

“[...] b) desejo de criar uma literatura independente, diversa, de vez que, aparecendo o

classicismo como manifestação de passado colonial [...]” (CANDIDO, 1993, v. 2, p. 12,

grifo do autor).

Caso se deseje citar um trecho de uma obra em língua estrangeira, o autor do texto

sendo elaborado poderá apresentar sua própria tradução para ela. Nesse caso, após a chamada

da citação, deverá ser utilizada a expressão “tradução nossa”, sem aspas, dentro dos parênteses:

“Ao fazê-lo pode estar envolto em culpa, perversão, ódio de si mesmo [...] pode julgar-se

pecador e identificar-se com seu pecado.” (RAHNER, 1962, v. 4, p. 463, tradução nossa).

Frequentemente, tem-se acesso a informações que não foram publicadas. Em um

congresso, por exemplo, pode-se ter discutido algo com um conferencista, que emitiu sua

opinião oralmente. Essa informação, caso seja aproveitada em um trabalho, deverá ser

apresentada e, ao seu final, entre parênteses, deverá ser utilizada a expressão “informação

verbal”, sem as aspas. Imediatamente após o fechamento dos parênteses, deverá ser feita

remissão a uma nota de rodapé, em que se informará “Notícia fornecida por Fulano de Tal no

Congresso Tal, na cidade Tal, na data tal. Observe-se o seguinte exemplo:

O novo medicamento estará disponível até o final deste semestre (informação verbal)1.

No rodapé da página será escrita a seguinte nota:

_________________

1 Notícia fornecida por John A. Smith no Congresso Internacional de Engenharia Genética, em Londres, em

outubro de 2001.

Esse mesmo procedimento deverá ser utilizado caso se cite algum trabalho em fase de

elaboração, com a indicação dos dados disponíveis na nota de rodapé, como no exemplo a

seguir:

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Recuperando aspectos da escritura

Cirineu Cecote Stein 45

Os poetas selecionados contribuíram para a consolidação da poesia no Rio Grande do

Sul, séculos XIX e XX (em fase de elaboração)1.

No rodapé da página constará o seguinte:

_________________

1 Poetas rio-grandenses, de autoria de Elvo Clemente, a ser editado pela EDIPUCRS, 2002.

Um ponto muito importante que deve ser considerado: a indicação de edição a ser

realizada nunca poderá apresentar uma data anterior à data de apresentação do trabalho que

está sendo elaborado. No exemplo acima, caso o trabalho em elaboração esteja concluído em

2013, a citação utilizada deve ser referenciada a partir da obra já publicada (uma vez que a

previsão de publicação era para o ano de 2002).

É possível que um mesmo autor tenha diversos documentos citados, tendo sido eles

publicados em um mesmo ano. Nesse caso, as citações “são distinguidas pelo acréscimo de

letras minúsculas, em ordem alfabética, após a data e sem espacejamento, conforme a lista de

referências”. Como nos exemplos:

De acordo com Reeside (1927a)

(REESIDE, 1927b)

É muito comum que, durante uma pesquisa bibliográfica, obtenham-se informações

interessantes dadas por um autor citado pelo autor da obra consultada. Caso não seja possível

consultar a obra do autor citado, pode-se fazer sua citação por meio da citação feita pelo autor

que foi possível consultar. É o que se conhece como citação de uma citação, que é definida como

sendo uma “citação direta ou indireta de um texto em que não se teve acesso ao original”.

Nesses casos, utiliza-se a expressão latina “apud” (sem aspas), que significa “citado por,

conforme, segundo”. Os dois exemplos a seguir caracterizam, o primeiro, uma citação de uma

citação feita de forma direta e, o segundo, de forma indireta:

“[...] o viés organicista da burocracia estatal e o antiliberalismo da cultura política de

1937, preservado de modo encapuçado na Carta de 1946.” (VIANNA, 1986, p. 172 apud

SEGATTO, 1995, p. 214-215).

No modelo serial de Gough (1972 apud NARDI, 1993), o ato de ler envolve um

processamento serial que começa com uma fixação ocular sobre o texto, prosseguindo

da esquerda para a direita de forma linear.

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Metodologia para a elaboração de um TCC

46 Cirineu Cecote Stein

No primeiro exemplo, o trecho entre aspas foi produzido originalmente por Vianna

(1986, p. 172), mas foi consultado em Segatto (1995, p. 214-215). Ou seja, quem utilizou essa

transcrição teve acesso apenas à obra de Segatto.

No segundo exemplo, teve-se conhecimento sobre a informação acerca do modelo serial

de Gough (originalmente publicado em 1972) por meio da obra de Nardi (1993).

Quanto às notas de rodapé, a NBR 10520, da ABNT, prescreve que “devem ser

alinhadas, a partir da segunda linha da mesma nota, abaixo da primeira letra da primeira

palavra, de forma a destacar o expoente e sem espaço entre elas e com fonte menor”, como a

seguir:

_________________

1 Veja-se como exemplo desse tipo de abordagem o estudo de Netzer (1976).

2 Encontramos esse tipo de perspectiva na 2ª parte do verbete referido na nota anterior, em grande parte

do estudo de Rahner (1962).

Os casos comentados nesta seção são aqueles de ocorrência mais comum em artigos

científicos ou de relato de experiência. A NBR 10520, da ABNT, no entanto, normatiza alguns

outros casos de citações. Sugere-se, então, sua leitura completa e atenta.

5.6. O uso de siglas, ilustrações e tabelas

De acordo com a NBR 14724, da ABNT, sempre que uma sigla for “mencionada pela

primeira vez no texto, deve ser indicada entre parênteses, precedida do nome completo”. A

partir de então, utiliza-se apenas a sigla. Como o leitor pode não conhecer o significado de uma

dada sigla, esse procedimento esclarece qualquer dúvida. Por exemplo:

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

No tocante às ilustrações, essa mesma NBR 14724 estabelece o seguinte:

Qualquer que seja o tipo de ilustração, sua identificação aparece na parte

superior, precedida da palavra designativa (desenho, esquema, fluxograma,

fotografia, gráfico, mapa, organograma, planta, quadro, retrato, figura,

imagem, entre outros), seguida de seu número de ordem de ocorrência no

texto, em algarismos arábicos, travessão e do respectivo título. Após a

ilustração, na parte inferior, indicar a fonte consultada (elemento obrigatório,

mesmo que seja produção do próprio autor), legenda, notas e outras

informações necessárias à sua compreensão (se houver). A ilustração deve ser

citada no texto e inserida o mais próximo possível do trecho a que se refere.

Portanto, caso se deseje utilizar no texto, por exemplo, o mapa político do Brasil,

disponibilizado pelo Atlas Escolar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

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Recuperando aspectos da escritura

Cirineu Cecote Stein 47

disponível na página virtual do órgão, acima dele deverá aparecer a seguinte informação: “Mapa

1 – Divisão política do Brasil”. Logo após a imagem do mapa, a seguinte informação: Fonte: IBGE.

Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/mapas_pdf/brasil_politico.pdf>.

Acesso realizado em 18/09/2012.

A NBR 14724, da ABNT, especifica que as tabelas devem ser citadas no corpo do texto,

de forma a se localizarem o mais próximo possível do trecho a que fazem referência. A

construção de uma tabela deverá seguir os padrões estabelecidos pelo IBGE (1993).

5.7. A escritura da conclusão

A NBR 6022, da ABNT, define a conclusão como sendo a “parte final do artigo, na qual se

apresentam as conclusões correspondentes aos objetivos e hipóteses”. Considerando-se que, na

parte introdutória, foram evidenciados os objetivos do trabalho, assim como suas hipóteses, e

ao longo do desenvolvimento foram feitas a apresentação e a análise dos dados, é na conclusão

que o autor discutirá se os objetivos foram atingidos e se as hipóteses foram confirmadas.

Como dito no capítulo anterior, é possível que se estabeleça a discussão dos dados em

uma seção específica do artigo, anterior à conclusão. Também é possível que, na própria

conclusão, se faça essa discussão. O ponto a ser considerado, no entanto, é que, muitas vezes, a

análise dos dados demanda um grande esforço, que se reflete em uma escritura prolongada e

detida, merecedora de uma seção específica. Assim, reservar o espaço da conclusão para o que

normalmente se entende como as “considerações finais” é uma boa opção.

Caso haja perspectiva de continuidade do trabalho, principalmente por os resultados

terem se mostrado consideravelmente interessantes, pode-se também fazer menção a isso na

parte final da conclusão.

Uma consideração relativa à produção textual que deve ser feita diz respeito à própria

natureza das partes textuais. Uma introdução é considerada uma introdução por suas ideias

serem introdutórias; da mesma forma, uma conclusão só é considerada uma conclusão por

apresentar ideias conclusivas. Por mais óbvias que essas informações sejam, muitos autores as

ignoram, e pensam que o simples fato de introduzir-se a conclusão, por exemplo, com algo do

tipo “conclui-se que” já se está produzindo uma conclusão. Não é o simples uso dessa expressão

ou de uma assemelhada que fará de um parágrafo ou de um bloco de parágrafos um texto

conclusivo, sem considerar que seu uso assume uma caracterização de produção textual

bastante primária. Se se discutem, por exemplo, os resultados do trabalho, evidenciando-se,

com base nesses resultados, ter-se confirmado ou não as hipóteses inicialmente levantadas,

tem-se um texto com caráter conclusivo, independentemente de quais palavras ou expressões

sejam empregadas.

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Metodologia para a elaboração de um TCC

48 Cirineu Cecote Stein

5.8. A escritura das referências bibliográficas

As referências bibliográficas permitirão a identificação exata das obras consultadas ao

longo do trabalho em elaboração. Todas elas devem ser padronizadas conforme as prescrições

estabelecidas pela NBR 6023, da ABNT. Nesta seção, serão apresentadas e discutidas aquelas

prescrições que apresentam uma maior probabilidade de serem úteis à elaboração de um TCC.

Caso seja necessária a referenciação de outro tipo de documento, basta recorrer a essa norma.

Todas as citações e exemplos foram colhidos nessa mesma norma da ABNT.

Inicialmente, é preciso entender que os elementos da referência são constituídos de

elementos essenciais – aqueles obrigatórios à identificação do documento – e de elementos

complementares – que, como sugere sua designação, melhor caracterizam os documentos. Os

elementos complementares podem ser utilizados ou não. No entanto, deve-se seguir uma

mesma padronagem ao longo de toda a referenciação de um trabalho: os elementos

complementares devem ser utilizados em todas as referências ou em nenhuma.

Os elementos essenciais – autor(es), título, edição5, local, editora e data de publicação –

deverão ser apresentados nessa ordem. O exemplo apresentado é o seguinte:

GOMES, L. G. F. F. Novela e sociedade no Brasil. Niterói: EdUFF, 1998.

Um exemplo que inclui elementos acessórios:

GOMES, L. G. F. F. Novela e sociedade no Brasil. Niterói: EdUFF, 1998. 137 p., 21 cm.

(Coleção Antropologia e Ciência Política, 15). Bibliografia: p. 131-132. ISBN 85-228-0268-8.

Embora as referências possam aparecer tanto no rodapé quanto no fim de texto ou de

capítulo, em lista de referências ou na elaboração de resumos, por exemplo, para efeito deste

texto será considerada apenas a lista de referências, em seção específica para esse fim.

Todas as referências deverão ser “alinhadas somente à margem esquerda do texto e de

forma a se identificar individualmente cada documento, em espaço simples e separadas entre si

por espaço duplo”. Ou seja, não pode ser utilizado o alinhamento “justificado” (aquele em que

as margens do texto são totalmente regulares tanto à esquerda quanto à direita), e o

espaçamento interno às linhas da referência deve ser simples. Esse espaçamento será duplo

apenas entre uma referência e outra.

O título da obra referenciada deve ser destacado, utilizando-se negrito, grifo ou itálico.

No entanto, o padrão escolhido deverá ser o mesmo “em todas as referências de um mesmo

documento”. Esta indicação, no entanto, “não se aplica às obras sem indicação de autoria, ou de

5 Embora a NBR 6023 apresente o elemento “edição” como essencial, não o inclui no exemplo que

apresenta. Como se perceberá, os elementos essenciais serão obrigatoriamente mencionados caso possam ser localizados na obra.

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Recuperando aspectos da escritura

Cirineu Cecote Stein 49

responsabilidade, cujo elemento de entrada é o próprio título, já destacado pelo uso de letras

maiúsculas na primeira palavra, com exclusão de artigos (definidos e indefinidos) e palavras

monossilábicas.

Tem-se tornado cada vez mais comum a consulta a obras disponíveis online. Quando

isso ocorrer, também serão consideradas

essenciais as informações sobre o endereço eletrônico, apresentado entre os

sinais < >, precedido da expressão Disponível em: e a data de acesso ao

documento, precedida da expressão Acesso em:, opcionalmente acrescida dos

dados referentes a hora, minutos e segundos.

Como exemplo6:

ALVES, Castro. Navio negreiro. [S.l.]: Virtual Books, 2000. Disponível em:

<http://www.terra.com.br/virtualbooks/freebook/port/Lport2/navionegreiro.htm>.

Acesso em: 10 jan. 2002, 16:30:30.

Muito comumente, consulta-se apenas uma parte de uma obra, por exemplo, um artigo

publicado em um periódico ou um capítulo de um livro produzido coletivamente (o que significa

que cada capítulo tem seu próprio autor, e a obra foi organizada por outro ou outros autores).

Nesses casos, obrigatoriamente será (serão) indicado(s) o(s) autor(es) da parte consultada e o

título da parte, seguidos da expressão “In:”, sem aspas. Logo após essa expressão, apresenta-se

a referência completa da obra. Atente-se que se deve, ao final da referência, “informar a

paginação ou outra forma de individualizar a parte referenciada”, como nos exemplos a seguir:

ROMANO, Giovanni. Imagens da juventude na era moderna. In: LEVI, G.; SCHMIDT, J.

(Org.). História dos jovens 2. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 7-16.

SANTOS, F. R. dos. A colonização da terra do Tucujús. In: ______. História do Amapá, 1º

grau. 2. ed. Macapá: Valcan, 1994. cap. 3.

No segundo exemplo, o tracejado após a expressão “In:” indica que o autor da obra é o

mesmo da parte consultada.

Caso seja consultada apenas parte de uma obra em meio eletrônico, será seguido o

mesmo procedimento acima, acrescentando-se as “informações relativas à descrição física do

meio eletrônico (disquetes, CD-ROM, online etc.)”. Caso se trate de obras consultadas online,

também deverão ser apresentados o endereço eletrônico e a data de acesso, como

anteriormente descrito. Como exemplos:

6 A abreviação [S.l.] caracteriza não ter sido possível identificar o local da publicação (sine loco). Caso não

fosse possível identificar a data, seria utilizada [S.d.].

Page 50: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

Metodologia para a elaboração de um TCC

50 Cirineu Cecote Stein

MORFOLOGIA dos artrópodes. In: ENCICLOPÉDIA multimídia dos seres vivos. [S.l.]:

Planeta DeAgostini, c1998. CD-ROM 9.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Tratados e organizações ambientais

em matéria de meio ambiente. In: _____. Entendendo o meio ambiente. São Paulo,

1999. v. 1. Disponível em: <http://www.bdt.org.br/sma/entendendo/atual.htm>. Acesso

em: 8 mar. 1999.

Aos periódicos não é atribuída uma autoria específica. Assim, a sua referenciação será

feita com os seguintes elementos essenciais: título, local de publicação, editora, datas de início e

de encerramento da publicação, caso haja. No exemplo abaixo, observe-se que não foi aplicado

negrito ao título do periódico, prescrição já apresentada anteriormente.

REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA. Rio de Janeiro: IBGE, 1939-

Podem ser acrescentados elementos complementares, o que permite uma melhor

identificação do documento:

REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA. Rio de Janeiro: IBGE, 1939- . Trimestral. Absorveu

Boletim Geográfico, do IBGE. Índice acumulado, 1939-1983. ISSN 0034-723X.

Na referenciação de revista, boletim etc., deve-se incluir os seguintes dados: “volume,

fascículo, números especiais e suplementos, entre outros, sem título próprio”. O segundo

exemplo a seguir inclui elementos complementares:

DINHEIRO. São Paulo: Ed. Três, n. 148, 28 jun. 2000.

DINHEIRO: revista semanal de negócios. São Paulo: Ed. Três, n. 148, 28 jun. 2000. 98 p.

Caso se deseje referenciar um artigo ou uma matéria publicada em uma revista,

boletim etc., o que inclui partes de publicações periódicas (volumes, fascículos, números

especiais e suplementos, com título próprio), comunicações, editorial, entrevistas, recensões,

reportagens, resenhas e outros, serão considerados os seguintes elementos essenciais:

autor(es), título da parte, artigo ou matéria, título da publicação, local de

publicação, numeração correspondente ao volume e/ou ano, fascículo ou

número, paginação inicial e final, quando se tratar de artigo ou matéria, data

ou intervalo de publicação e particularidades que identificam a parte (se

houver).

Observe-se que, nos exemplos a seguir, não foi utilizada a expressão “In:”, e o título da

revista foi apresentado em negrito:

Page 51: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

Recuperando aspectos da escritura

Cirineu Cecote Stein 51

AS 500 maiores empresas do Brasil. Conjuntura Econômica, Rio de Janeiro, v. 38, n. 9,

set. 1984. Edição especial.

MANSILLA, H. C. F. La controversia entre universalismo y particularismo en la filosofia de

la cultura. Revista Latinoamericana de Filosofia, Buenos Aires, v. 24, n. 2, primavera

1998.

Caso o artigo e/ou matéria de revista, boletim etc. estiverem disponíveis em meio

eletrônico, serão seguidas as mesmas normas acima, “acrescidas das informações relativas à

descrição física do meio eletrônico (disquetes, CD-ROM, online etc.)”. Caso a consulta tenha sido

feita online, também se deverá fazer a indicação do endereço eletrônico e da data de acesso:

VIEIRA, Cássio Leite; LOPES, Marcelo. A queda do cometa. Neo Interativa, Rio de Janeiro,

n. 2, inverno 1994. 1 CD-ROM.

SILVA, M. M. L. Crimes da era digital. .Net, Rio de Janeiro, nov. 1998. Seção Ponto de

Vista. Disponível em: <http://www.brazilnet.com.br/contexts/brasilrevistas.htm>.

Acesso em: 28 nov. 1998.

Na referenciação de artigo e/ou matéria de jornal (incluindo-se comunicações, editorial,

entrevistas, recensões, reportagens, resenhas e outros), deverão ser considerados os seguintes

elementos essenciais: “autor(es) (se houver), título, título do jornal, local de publicação, data de

publicação, seção, caderno ou parte do jornal e a paginação correspondente. Quando não

houver seção, caderno ou parte, a paginação do artigo ou matéria precede a data”. Como nos

exemplos a seguir:

COSTURA x P.U.R. Aldus, São Paulo, ano 1, n. 1, nov. 1997. Encarte técnico, p. 8.

NAVES, P. Lagos andinos dão banho de beleza. Folha de S. Paulo, São Paulo, 28 jun.

1999. Folha Turismo, Caderno 8, p. 13.

LEAL, L. N. MP fiscaliza com autonomia total. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 3, 25

abr. 1999.

Para o caso de artigo e/ou matéria de jornal em meio eletrônico, faz-se a referenciação

como indicado acima, acrescentando-se os dados relativos ao endereço eletrônico e à data de

acesso:

ARRANJO tributário. Diário do Nordeste Online, Fortaleza, 27 nov. 1998. Disponível em:

<http://www.diariodonordeste.com.br>. Acesso em: 28 nov. 1998.

Page 52: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

Metodologia para a elaboração de um TCC

52 Cirineu Cecote Stein

A referenciação para atas, anais, resultados, proceedings e assemelhados contará com

os seguintes elementos essenciais: “nome do evento, numeração (se houver), ano e local

(cidade) de realização. Em seguida, deve-se mencionar o título do documento (anais, atas, tópico

temático etc.), seguido dos dados de local de publicação, editora e data da publicação”. Também

podem ser acrescidos elementos complementares.

IUFOST INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON CHEMICAL CHANGES DURING FOOD

PROCESSING, 1984, Valencia. Proceedings... Valencia: Instituto de Agroquímica y

Tecnología de Alimentos, 1984.

Caso se referencie um evento como um todo em meio eletrônico, faz-se como acima,

indicando-se o endereço eletrônico e a data de acesso:

CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Recife. Anais eletrônicos...

Recife: UFPe, 1996. Disponível em: <http://www.propesq.ufpe.br/anais/anais.htm>.

Acesso em: 21 jan. 1997.

Para se referenciar um trabalho apresentado em evento, consideram-se os seguintes

elementos essenciais:

autor(es), título do trabalho apresentado, seguido da expressão In:, nome do

evento, numeração do evento (se houver), ano e local (cidade) de realização,

título do documento (anais, atas, tópico temático etc.), local, editora, data de

publicação e página inicial e final da parte referenciada.

Observe-se o seguinte exemplo:

BRAYNER, A. R. A.; MEDEIROS, C. B. Incorporação do tempo em SGBD orientado a

objetos. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE BANCO DE DADOS, 9., 1994, São Paulo. Anais...

São Paulo: USP, 1994. p. 16-29.

Se se tratar de um trabalho apresentado em evento em meio eletrônico, segue-se esse

mesmo padrão (podendo ser acrescidos elementos complementares, tanto para a versão

impressa quanto para a eletrônica), e acrescentam-se “informações relativas à descrição física

do meio eletrônico (disquetes, CD-ROM, online etc.)”. Para obras consultadas online, indicam-se

o endereço eletrônico e a data de acesso:

GUNCHO, M. R. A educação à distância e a biblioteca universitária. In: SEMINÁRIO DE

BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 10., 1998, Fortaleza. Anais... Fortaleza: Tec Treina, 1998.

1 CD-ROM.

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Recuperando aspectos da escritura

Cirineu Cecote Stein 53

SILVA, R. N.; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos do paradigma da qualidade total na

educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Recife. Anais

eletrônicos... Recife: UFPe, 1996. Disponível em: <http://www. propesq. ufpe.br/anais/

anais/educ/ce04.htm>. Acesso em: 21 jan. 1997.

No caso de ser necessário referenciar algum documento jurídico, serão considerados os

seguintes elementos essenciais (que poderão ser acrescidos de elementos complementares):

jurisdição (ou cabeçalho da entidade, no caso de se tratar de normas), título,

numeração, data e dados da publicação. No caso de Constituições e suas

emendas, entre o nome da jurisdição e o título, acrescenta-se a palavra

Constituição, seguida do ano de promulgação, entre parênteses.

Observem-se os seguintes exemplos:

SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 42.822, de 20 de janeiro de 1998. Lex: coletânea de

legislação e jurisprudência, São Paulo, v. 62, n. 3, p. 217-220, 1998.

BRASIL. Medida provisória nº 1.569-9, de 11 de dezembro de 1997. Diário Oficial [da]

República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 14 dez. 1997. Seção 1, p.

29514.

BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Lex: coletânea de legislação: edição

federal, São Paulo, v. 7, 1943. Suplemento.

BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995.

BRASIL. Congresso. Senado. Resolução nº 17, de 1991. Coleção de Leis da República

Federativa do Brasil, Brasília, DF, v. 183, p. 1156-1157, maio/jun. 1991.

BRASIL. Constituição (1988). Emenda constitucional nº 9, de 9 de novembro de 1995.

Lex: legislação federal e marginália, São Paulo, v. 59, p. 1966, out./dez. 1995.

Para o caso de o documento jurídico ter sido consultado em meio eletrônico, deve-se

proceder à sua descrição física (disquetes, CD-ROM, online etc.). Para consultas online, deve-se

indicar o endereço e a data da consulta:

BRASIL. Regulamento dos benefícios da previdência social. In: SISLEX: Sistema de

Legislação, Jurisprudência e Pareceres da Previdência e Assistência Social. [S.l.]:

DATAPREV, 1999. 1 CD-ROM.

BRASIL. Lei nº 9.887, de 7 de dezembro de 1999. Altera a legislação tributária federal.

Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 8 dez. 1999. Disponível

em: <http://www.in.gov.br/mp_leis/leis_texto.asp?ld=LEI%209887>. Acesso em: 22 dez.

1999.

Page 54: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

Metodologia para a elaboração de um TCC

54 Cirineu Cecote Stein

Para a referenciação de filme, DVD, entre outros, são elementos essenciais: “título,

diretor, produtor, local, produtora, data e especificação do suporte em unidades físicas”. Por

exemplo:

CENTRAL do Brasil. Direção: Walter Salles Júnior. Produção: Martire de Clermont-

Tonnerre e Arthur Cohn. Intérpretes: Fernanda Montenegro; Marilia Pera; Vinicius de

Oliveira; Sônia Lira; Othon Bastos; Matheus Nachtergaele e outros. Roteiro: Marcos

Bernstein, João Emanuel Carneiro e Walter Salles Júnior. [S.l.]: Le Studio Canal; Riofilme;

MACT Productions, 1998. 1 bobina cinematográfica (106 min), son., color., 35 mm.

Na referenciação de um documento iconográfico, como uma fotografia, ilustração,

cartaz, entre outros, os elementos essenciais são: “autor, título (quando não existir, deve-se

atribuir uma denominação ou a indicação Sem título, entre colchetes), data e especificação do

suporte”. Exemplo:

KOBAYASHI, K. Doença dos xavantes. 1980. 1 fotografia.

Com elementos complementares:

KOBAYASHI, K. Doença dos xavantes. 1980. 1 fotografia, color., 16 cm x 56 cm.

FRAIPONT, E. Amilcar II. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 30 nov. 1998. Caderno 2,

Visuais. p. D2. 1 fotografia, p&b. Foto apresentada no Projeto ABRA/Coca-cola.

Caso o documento iconográfico tenha sido consultado em meio eletrônico, utiliza-se

esse mesmo procedimento, acrescentando-se a descrição física do meio eletrônico e, caso tenha

sido consultado online, o endereço eletrônico e a data:

GEDDES, Anne. Geddes135.jpg. 2000. Altura: 432 pixels. Largura: 376 pixels. 51 Kb.

Formato JPEG. 1 disquete, 5 ¼ pol.

STOCKDALE, René. When’s recess? [2002?]. 1 fotografia, color. Disponível em:

<http://www.webshots.com/g/d2002/1-nw/20255.html>. Acesso em: 13 jan. 2001.

No segundo exemplo acima, a data e o ponto de interrogação entre colchetes, após o

título, indicam a possibilidade de a fotografia ter sido produzida nessa data, mas não há certeza

quanto a isso.

Pode ser necessário consultar um documento sonoro, no todo ou em parte. Para

estabelecer esse tipo de referenciação, são elementos essenciais: “compositor(es) ou

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Recuperando aspectos da escritura

Cirineu Cecote Stein 55

intérprete(s), título, local, gravadora (ou equivalente), data e especificação do suporte”.

Exemplos:

ALCIONE. Ouro e cobre. São Paulo: RCA Victor, p1988. 1 disco sonoro.

MPB especial. [Rio de Janeiro]: Globo: Movieplay, c1995. 1 CD.

Outro exemplo, relacionado a uma entrevista, com elementos complementares:

SILVA, Luiz Inácio Lula da. Luiz Inácio Lula da Silva: depoimento [abr. 1991].

Entrevistadores: V. Tremel e M. Garcia. São Paulo: SENAI-SP, 1991. 2 cassetes sonoros.

Entrevista concedida ao Projeto Memória do SENAI-SP.

Alguns documentos têm acesso exclusivamente em meio eletrônico, como listas de

discussão, mensagens eletrônicas, programas, entre outros. Os elementos essenciais, nesse

caso, são: “autor(es), título do serviço ou produto, versão (se houver) e descrição física do meio

eletrônico”. Caso a consulta seja feita online, indicam-se também o endereço eletrônico e a data

de consulta. Exemplos:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central. Normas.doc. Curitiba, 1998. 5

disquetes.

ÁCAROS no Estado de São Paulo. In: FUNDAÇÃO TROPICAL DE PESQUISAS E TECNOLOGIA

“ANDRÉ TOSELLO”. Base de Dados Tropical. 1985. Disponível em:

<http://www.bdt.fat.org.br/acaro/sp/>. Acesso em: 30 maio 2002.

Com elementos complementares:

ALMEIDA, M. P. S. Fichas para MARC [mensagem pessoal].Mensagem recebida por

<[email protected]> em 12 jan. 2002.

Em uma nota, a NBR 6023, da ABNT, recomenda que mensagens de correio eletrônico

só devam ser referenciadas se não houver nenhuma outra fonte que permita a referenciação do

assunto em discussão. Isso porque esse tipo de mensagem tem “caráter informal, interpessoal e

efêmero, e desaparecem rapidamente, não sendo recomendável seu uso como fonte científica

ou técnica de pesquisa”.

Em relação à indicação de autores, considere-se que a autoria de um documento pode

ser atribuída a pessoas ou a entidades. Quanto à autoria pessoal, indica-se o “último

sobrenome, em maiúsculas, seguido do(s) prenome(s) e outros sobrenomes, abreviado(s) ou

não”. A recomendação é que seja seguido um mesmo padrão para o caso de abreviação em uma

mesma lista de referências. Ou seja, se se abrevia o nome de um autor, deve-se abreviar o de

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Metodologia para a elaboração de um TCC

56 Cirineu Cecote Stein

todos. Para os nomes de vários autores em uma mesma referência, utiliza-se ponto e vírgula

seguido de espaço para separá-los. Exemplos:

ALVES, Roque de Brito. Ciência criminal. Rio de Janeiro: Forense, 1995.

DAMIÃO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antonio. Curso de direito jurídico. São Paulo:

Atlas, 1995.

PASSOS, L. M. M.; FONSECA, A.; CHAVES, M. Alegria de saber: matemática, segunda

série, 2, primeiro grau: livro do professor. São Paulo: Scipione, 1995. 136 p.

Caso haja mais de três autores, será indicado apenas o primeiro, acrescido da expressão

latina “et al.”, sem aspas. Caso seja necessário certificar a autoria de todos os envolvidos (como

em projetos de pesquisa, entre outros), faculta-se a indicação de todos os nomes. Exemplo:

URANI, A. et al. Constituição de uma matriz de contabilidade social para o Brasil.

Brasília, DF: IPEA, 1994.

Quando se tratar de obras coletivas, indica-se o nome do responsável, acompanhado da

“abreviação, no singular, do tipo de participação (organizador, compilador, editor, coordenador

etc.), entre parênteses”. Exemplos:

FERREIRA, Léslie Piccolotto (Org.). O fonoaudiólogo e a escola. São Paulo: Summus,

1991.

MARCONDES, E.; LIMA, I. N. de (Coord.). Dietas em pediatria clínica. 4. ed. São Paulo:

Sarvier, 1993.

Em se tratando de responsabilidade atribuída a entidades (congressos, associações,

órgãos governamentais etc.), faz-se a entrada pelo seu próprio nome, por extenso:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e

documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

A entidade pode ter uma denominação genérica (por exemplo, “Secretaria de Estado da

Educação”) ou uma denominação específica. No primeiro caso, seu nome deverá ser antecedido

do nome do órgão superior, ou do nome da jurisdição geográfica a que pertence, como nos

exemplos a seguir:

SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Diretrizes para a política ambiental

do Estado de São Paulo. São Paulo, 1993. 35 p.

BRASIL. Ministério da Justiça. Relatório de atividades. Brasília, DF, 1993. 28 p.

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Recuperando aspectos da escritura

Cirineu Cecote Stein 57

No segundo caso (denominação específica), a entrada será feita diretamente pelo seu

nome:

BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Relatório da Diretoria-Geral: 1984. Rio de Janeiro, 1985.

40 p.

Quando não se conhecer o autor, faz-se a entrada pelo título:

DIAGNÓSTICO do setor editorial brasileiro. São Paulo: Câmara Brasileira do Livro, 1993.

64 p.

Para os títulos e subtítulos, ambos deverão ser apresentados como figuram no

documento original, separados por dois-pontos. Observe-se que, no segundo exemplo abaixo,

apenas o título se encontra em negrito:

PASTRO, Cláudio. Arte sacra. São Paulo: Loyola, 1993.

PASTRO, Cláudio. Arte sacra: espaço sagrado hoje. São Paulo: Loyola, 1993. 343 p.

Para a edição, caso haja indicação, deve-se utilizar abreviaturas dos numerais ordinais e

da palavra edição:

PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. 6. ed. Rio de Janeiro: L. Cristiano, 1995. 219 p.

No caso de documentos eletrônicos, a versão utilizada equivalerá à edição:

ASTROLOGY source. Version 1.0A. Seattle: Multicom Publishing, c1994. 1 CD-ROM.

Quanto ao local da publicação, deve ser apresentado como figura no documento:

ZANI, R. Beleza, saúde e bem-estar. São Paulo: Saraiva, 1995. 173 p.

Caso haja mais de um local para uma só editora, será indicado o primeiro ou mais

destacado. No exemplo abaixo, a obra apresentou a editora Makron Books nas cidades “São

Paulo – Rio de Janeiro – Lisboa – Bogotá – Buenos Aires – Guatemala – México – New York – San

Juan – Santiago etc.”. Referenciou-se o primeiro local:

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Metodologia para a elaboração de um TCC

58 Cirineu Cecote Stein

SWOKOWSKI, E. W.; FLORES, V. R. L. F.; MORENO, M. Q. Cálculo de geometria analítica.

Tradução de Alfredo Alves de Faria. Revisão técnica Antonio Pertence Júnior. 2. ed. São

Paulo: Makron Books do Brasil, 1994. 2 v.

Caso o documento não indique a cidade, mas ela possa ser identificada, seu nome será

indicado entre colchetes:

LAZZARINI NETO, Sylvio. Cria e recria. [São Paulo]: SDF Editores, 1994. 108 p.

Caso não seja possível determinar o local, deve-se utilizar a abreviação [S.l.] (do latim

sine loco]:

OS GRANDES clássicos das poesias líricas. [S.l.]: Ex Libris, 1981. 60 f.

Para a indicação da editora, faz-se a indicação como consta no documento. No entanto,

os prenomes deverão ser abreviados e as palavras designativas da natureza jurídica ou comercial

serão suprimidas. No exemplo abaixo, consta na publicação “Livraria José Olympio Editora”:

LIMA, M. Tem encontro com Deus: teologia para leigos. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1985.

Quanto à indicação da data de publicação, utilizam-se algarismos arábicos. Sempre deve

ser indicada uma data, uma vez que se trata de um elemento essencial para a referência. Caso

não se consiga determinar data alguma de publicação, deve-se fazer o registro de uma data

aproximada entre colchetes, segundo as indicações abaixo:

[1971 ou 1972] um ano ou outro

[1969?] data provável

[1973] data certa, não indicada no item

[entre 1906 e 1912] use intervalos menores de 20 anos

[ca. 1960] data aproximada

[197-] década certa

[197-?] década provável

[18--] século certo

[18--?] século provável

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Recuperando aspectos da escritura

Cirineu Cecote Stein 59

Como exemplo:

FLORENZANO, Everton. Dicionário de idéias semelhantes. Rio de Janeiro: Ediouro,

[1993]. 383 p.

Caso seja necessário identificar a obra com informações complementares, isso será feito

ao final da referência, sem destaque tipográfico. No primeiro exemplo abaixo, trata-se de uma

obra copiada manualmente; no segundo, “no prelo” indica que a obra já foi enviada para

publicação:

LAURENTI, R. Mortalidade pré-natal. São Paulo: Centro Brasileiro de Classificação de

Doenças, 1978. Mimeografado.

MARINS, J. L. C. Massa calcificada da naso-faringe. Radiologia Brasileira, São Paulo, n.

23, 1991. No prelo.

Quando se tratar de teses, dissertações ou outros trabalhos acadêmicos, deverá ser

feita essa indicação em nota, indicando-se também “o grau, a vinculação acadêmica, o local e a

data da defesa, mencionada na folha de aprovação (se houver)”:

MORGADO, M. L. C. Reimplante dentário. 1990. 51 f. Trabalho de Conclusão de Curso

(Especialização)–Faculdade de Odontologia, Universidade Camilo Castelo Branco, São

Paulo, 1990.

ARAUJO, U. A. M. Máscaras inteiriças Tukúna: possibilidades de estudo de artefatos de

museu para o conhecimento do universo indígena. 1985. 102 f. Dissertação (Mestrado

em Ciências Sociais)–Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, São Paulo,

1986.

ALENTEJO, Eduardo. Catalogação de postais. 1999. Trabalho apresentado como

requisito parcial para aprovação na Disciplina Catalogação III, Escola de Biblioteconomia,

Universidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1999.

Ao se elaborar a lista de referências, em seção específica, pode-se adotar o sistema

alfabético ou o numérico. Para efeitos deste texto, será considerado apenas o sistema

alfabético. Portanto, a indicação se faz no sentido de apresentar todas as referências em ordem

alfabética. Sugestão: para dispor todas elas alfabeticamente, sem que se corra o risco de

cometer algum erro, basta selecioná-las em bloco e, na barra do editor de texto, acionar o botão

que contém uma seta ladeada pelas letras A Z.

Caso haja referências de mais de uma obra de um mesmo autor, em uma mesma

página da seção de referências bibliográficas, é possível, nas referências subsequentes à

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Metodologia para a elaboração de um TCC

60 Cirineu Cecote Stein

primeira, substituir o nome do autor por um traço sublinear (equivalente a seis espaços) e

ponto:

FREYRE, Gilberto. Casa grande & senzala: formação da família brasileira sob regime de

economia patriarcal. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1943. 2 v.

______ . Sobrados e mucambos: decadência do patriarcado rural no Brasil. São Paulo:

Ed. Nacional, 1936.

5.9. Anexos que valem a pena utilizar

Utilizar anexo(s) é opcional em um artigo. Portanto, o primeiro questionamento que se

deve levantar quando se cogita essa possibilidade é se o anexo que se pretende utilizar

realmente é útil ao trabalho como um todo.

Existem informações muito importantes que, no entanto, não cabem ao longo das

partes textuais. Imagine-se, por exemplo, que, para se fazer um levantamento das dificuldades

de aprendizagem encontradas em uma determinada comunidade, tenham sido aplicados

questionários. O leitor-cientista desejará conhecer as perguntas utilizadas, uma vez que buscará

analisar a sua natureza, a sequência em que elas foram dispostas, a própria lógica norteadora

dos questionários. Apresentar esse(s) questionário(s) no corpo do texto é inviável, porque isso

quebraria o fluxo da escritura, direcionando a atenção do leitor para outra informação que não é

exatamente necessária naquele ponto do texto. Nessas situações específicas, referencia-se o

anexo, e o leitor, caso assim o deseje, direcionará sua atenção para essa parte, durante ou após

a leitura do trecho em questão.

Em princípio, podem constituir anexos quaisquer informações necessárias a uma

complementação acessória do texto, desde tabelas a fotografias. Assim como para os outros

tipos de anexos (questionários, tabelas, documentos oficiais etc.), é preciso ter um cuidado

muito grande com o uso de imagens. O primeiro ponto a considerar é o fato de, não sendo essas

imagens autorais (ou seja, produzidas pelo próprio autor do artigo), sempre deverá ser feita

referência a quem as produziu, respeitando-se os princípios dos direitos autorais. Um segundo

ponto diz respeito à seleção dessas imagens.

No caso dos artigos de relatos de experiência, é muito comum que seus autores desejem

apresentar fotografias ilustrando aspectos da experiência vivenciada. Se isso for realmente

necessário, é preciso selecionar imagens que sejam significativas, que transmitam uma

mensagem. Embora este não seja o espaço para essa discussão, é preciso considerar que a

imagem em uma fotografia pode apresentar todo um fluxo narrativo, mostrando-se

especialmente expressiva. Deve-se selecionar imagens com boa nitidez (foco nítido), bom

enquadramento, e que não sejam repetitivas. É desnecessário, por exemplo, apresentar várias

fotografias de um mesmo grupo durante a execução de uma atividade, se o objetivo dessa

apresentação é simplesmente documentar a realização da atividade. Seria diferente, no entanto,

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Recuperando aspectos da escritura

Cirineu Cecote Stein 61

se estivesse prevista a evolução na prática de uma técnica de manufatura, por exemplo. Uma

primeira fotografia poderia ilustrar o trabalho produzido por um dos envolvidos antes da

intervenção do pesquisador, e outra retrataria o trabalho após a intervenção (idealmente, de

melhor qualidade que o primeiro). Ou seja, é preciso que a seleção fotográfica transmita uma

informação precisa e significativa. Se assim não for, não vale a pena ser utilizada.

Page 62: ABNT - Metodologia Para a Elaboracao de Um Trabalho de Conclusao de Curso - Stein 2012

6. Considerações finais

6.1. O seu texto espelha você

Um texto não são apenas elementos gráficos dispostos em uma folha: um texto

caracteriza a própria identidade de seu autor.

Por mais forte que essa afirmativa possa parecer, de fato é possível traçar um perfil

psicológico (ainda que parcial) do autor de um texto, mesmo que se trate de um texto de

natureza científica. A forma como as frases são construídas, a organização das ideias, o cuidado

na apresentação dos dados, o esmero com a precisão das informações, além de outros pontos,

contribuem para que o leitor (experiente) perceba a personalidade daquele autor. Não se pode

desconsiderar que um texto mal apresentado – diagramação mal feita, erros de ortografia, de

regência, de concordância, falta de coesão e, principalmente, de coerência entre as informações

– sugere que seu autor é uma pessoa desorganizada, que não respeita seu próprio texto e, por

conseguinte, o leitor.

Como discutido anteriormente, as características de um gênero textual permitem que o

leitor familiarizado com ele assuma um determinado modo de leitura, reconhecendo e

interpretando os códigos utilizados. Ao deparar com um texto científico, o leitor terá a

expectativa de que todas as normas próprias desse gênero textual tenham sido seguidas. Caso o

autor não as tenha respeitado, o leitor, caso persista na leitura, encontrará uma certa

dificuldade em sua tarefa – e o esforço cognitivo que deveria ser empregado no entendimento

da proposta do trabalho terá que ser direcionado para rearranjar o texto. Quando isso ocorre, o

leitor está sendo desrespeitado. Naturalmente, haverá perda de boa vontade da parte do leitor

quanto à apreciação daquele texto.

Idealmente (e esse ideal deve ser perseguido), o texto final deverá refletir harmonia

entre suas partes, com as ideias apresentadas de forma clara, devidamente exploradas em sua

essência. Respeitando-se, naturalmente, os limites de cada etapa acadêmica (muito

provavelmente o nível de discussão verificado em um TCC de graduação não será o mesmo que

o de uma dissertação de mestrado), a discussão deve ser suficientemente aprofundada, para

que o texto não seja superficial em seu conteúdo. As informações devem ser bem selecionadas,

e dispostas de uma forma tal que o raciocínio seja conduzido de forma lógica.

Apesar de isso parecer uma tarefa que demanda muito esforço – e muitas vezes

realmente demanda –, é possível produzir um TCC de muito boa qualidade. O ponto principal

para isso talvez seja uma boa organização do trabalho e de suas partes, cumprindo cada uma

delas com determinação.

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Considerações finais

Cirineu Cecote Stein 63

6.2. O papel do orientador

O orientador, tecnicamente, é uma pessoa com maior experiência acadêmica do que a

de seu orientando. Seu papel é indicar a melhor forma de percorrer o caminho necessário à

meta final, que é a produção de um trabalho acadêmico relevante.

Muitas vezes, o orientando é uma pessoa de bastante iniciativa e de grande

independência de pensamento. Mesmo nesses casos, o orientador, baseado em sua própria

história pessoal, poderá indicar formas mais apropriadas de condução do trabalho ou de partes

dele. Um ponto crucial em qualquer pesquisa, por exemplo, é a constituição do corpus a ser

utilizado (se for o caso). Caso se escolha um corpus que não tenha sido suficientemente

pensado, suficientemente amadurecido, corre-se o risco de se ter que refazê-lo. O detalhe é

que, tendo já sido feita a coleta, gastou-se tempo, esforço físico e mental, dinheiro e

disponibilidade dos informantes. Um corpus com falhas pode gerar um grande prejuízo; por isso,

é fundamental que o orientando trabalhe em conjunto com o orientador nessa formulação, para

que haja o menor número de falhas possível.

O orientador deve acompanhar todas as etapas do trabalho, desde a seleção

bibliográfica até a redação final do texto. Não se pode imaginar, portanto, que, ao final dos

prazos estabelecidos, o orientando apresente um texto para avaliação de cujo conteúdo ou

forma de elaboração o orientador não tenha ciência. A orientação implica sugerir caminhos,

métodos, análises, formas de escritura.

No entanto, não é papel do orientador cuidar do orientando como se ele fosse um pré-

escolar. O orientando tem suas responsabilidades – e deve-se considerar que o trabalho em

desenvolvimento pertence ao orientando, não ao orientador. Não cabe ao orientador, portanto,

sempre cobrar o cumprimento das etapas, o estabelecimento de contato. Nunca se deve

esquecer, mais uma vez, que o trabalho sendo desenvolvido é responsabilidade do orientando.

6.3. Orientador não é revisor

Como já comentado, um texto mal escrito transmite péssimas impressões ao leitor. Um

trabalho produzido por qualquer acadêmico deve pelo menos ser escrito conforme as

prescrições da norma padrão. E isso não se aplica apenas a profissionais ou estudantes da área

de Letras, mas principalmente a eles.

Mesmo um autor bastante experimentado e que apresente grande domínio da norma

padrão comete desvios na primeira escritura de um texto. No entanto, nunca se deve apresentar

um texto a outros sem que se faça antes uma revisão criteriosa do que foi escrito (infelizmente,

mesmo com inúmeras revisões, quando um trabalho é publicado sempre se verifica, ainda,

algum defeito; o importante é minimizá-los ao máximo). Não se pode aceitar desculpas como

“escrevi com pressa”. Cognitivamente, a pressa não justifica esse tipo de erro. A ortografia, por

exemplo, é uma questão de internalização cognitiva: ou se sabe como escrever uma palavra ou

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Metodologia para a elaboração de um TCC

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não se sabe. Ninguém que tenha internalizado que “exceção” se escreve com “xc” e “ç”

escreverá “esseção”, com “ss”, ainda que esteja prestes a cair de um despenhadeiro.

Muitas vezes, o orientando apresenta um texto ao orientador extremamente mal escrito

e o orientador se vê compelido a reelaborar todo o texto (o orientador, então, passa a ser o

autor do texto?). Isso é inadmissível. O orientando tem que assumir sua responsabilidade

quanto à qualidade do texto como um todo. O orientando deve cuidar da revisão de seu texto, e

não imaginar que seu orientador é que deverá fazer isso.

A título de reflexão: como um profissional que atuará como professor da área de Letras

não sabe redigir de forma apropriada, não conhece a própria ortografia de sua língua, da língua

que terá que ensinar em sala de aula? Não se ensina o que não se sabe.

6.4. O cumprimento dos prazos

Respeitar os prazos é condição indispensável para o bom andamento de qualquer

trabalho. Tempo é, basicamente, uma questão de disposição e de organização.

Dificilmente, na vida acadêmica, se está envolvido com um único trabalho. Normalmente

não se está desenvolvendo apenas um TCC: também há várias outras disciplinas em curso.

Admitindo-se que a vida acadêmica é um dos principais objetivos da vida de quem se envolveu

nela, é fundamental gerenciar o tempo de forma a atender a todas as necessidades. Com

organização, consegue-se fazer muito mais do que se imagina.

Imprevistos sempre ocorrem. É preciso, portanto, prevê-los. Para isso, é desejável

antecipar-se aos prazos pré-estabelecidos. Não se pode admitir, por exemplo, a desculpa de que

não havia conexão de internet para envio de um arquivo no último dia de um dado prazo, pela

simples razão de todos saberem que isso pode acontecer. Não se deixe para enviar um

documento, apresentar um atividade, o que quer que seja, no último momento. Não se participa

de um concurso público depois de os portões terem sido fechados. Não se entrega a declaração

do imposto de renda sem multa depois de concluído o prazo de envio – mesmo que o sistema

tenha estado sobrecarregado, ou não tenha existido conexão.

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Referências

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação. Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação: teferências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6027: informação e documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028: informação e documentação: resumo : apresentação. Rio de Janeiro, 2003.

BRASIL. Lei nª 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Diário Oficil [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 fev. 1998. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l9610.htm>. Acesso em: 11 set. 2012.

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Metodologia para a elaboração de um TCC

66 Cirineu Cecote Stein

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WIKIPEDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <pt.wikipedia.org>. Acesso em: 11 set. 2012.