Upload
iheringalcoforado
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
A UBER , O "CARRO ZERO" E A TRANSIÇÃO SUSTENTÁVEL
Um Approach Neo Institucionalista
Ihering Guedes Alcoforado
Resumo
Nesta nota qualifico duas trajetórias de transição sustentável no setor de transportes de passageiros: A trajetória estatista é representada pela proposta do "carro zero" e a privatista exemplificada pela UBER. Em ambos os casos constato evidências de redução do uso de recursos naturais por unidade de serviço de transportes, dado a intensificação do uso dos recursos disponibilizados no interior da firma e, da mobilização dos recursos ociosos externo a firma, configurando uma firma penroseana. O resultado é a redução do impacto ambiental quando percebido pela ótica da degradação dos recursos naturais, o que nos permite concluir que é pertinente considerar-se os novos modelos de negócios fundado na produção e no consumo compartilhado em geral, e, na área de transporte de passageiros, em particular, como um vetor da transição sustentável do setor de transporte, a qual é potencializada não apenas pelas inovações tecnológicas, mas também pelas inovações institucionais e organizacionais.
PALAVRAS CHAVES: Uber, Produção Compartilhada, Consumo
Compartilhado, Transporte Sustentável
INTRODUÇÃO
A propriedade, considerada enquanto um feixe de direitos, nos
permite modelar o atual regime de propriedade dos automóveis como
um mecanismo de restrição de acesso de múltiplos usuários,
confinando o uso ao proprietário. O resultado é o exercício do direito
de uso por um único usuário, o proprietário cujo "ciclo de uso diário"
se revela não só altamente ocioso (a maior parte do tempo o automóvel
não presta qualquer serviço), além de demandar na sua ociosidade um
serviço cada vez mais caro: o estacionamento.
O enfrentamento desta ineficiência no âmbito das políticas públicas
assume duas orientações: uma privatista e outra estatista. A privatista
nos vem dos EUA e é representada por inovações disruptoras, a
exemplo do UBER e, enfrenta resistência dos provedores privados dos
serviços a exemplo das cooperativas de taxis, as quais mesmo
promovendo o uso compartilhado de um mesmo automóvel, a forma
mais eficiente de fornecimento do serviço de transporte público
individual do ponto de vista do uso dos recursos escassos, não
consegue mobilizar os recursos escassos fora do subsistema de
transporte em tela.
A ORIGEM DO CONFLITO
O problema é uma decorrência da incapacidade do modelo de negócio
fundado nos taxis, não só de fazer uso dos recursos ociosos (como faz a
UBER), como ser obrigado a manter os recursos ociosos para poder
ofertar o serviço no momento de pico de demanda, o que não acontece
e o resultado é a degradação dos serviços. A vantagem competitiva do
modelo de negócio da UBER em particular, e, do consumo
compartilhado em geral, deve-se ao fato de eliminar as ineficiências
microeconômicas inerentes ao modelo de negócio fundado no consumo
dedicado dos ativos, ao adotar uma estratégia de produção do serviço
fundada em relações flexíveis, tanto com os provedores dos insumos
com os usuários, graças a sua estratégia de precificação em tempo real
por meio de um algoritimo , aumentando a eficiência no uso dos ativos
próprios e dos parceiros.
A nossa hipótese é que o avanço sobre as ineficiências
microeconômicas relatado acima, implica em última instância numa
transição sustentável fundada no modelo de negócio estruturado a
partir de um algoritmo, ou seja, numa “organização algoritma”. Mas, a
despeito dessa evidência o estudo da transição sustentável foca,
predominantemente, nas inovações tecnológica no âmbito da
produção, e, mais recentemente no consumo, mas não na organização
do processo em todo seu circuito. O resultado é que o arranjo
organizacional em tela, a despeito de oferecer o serviço de transporte
da forma mais eficiente no uso dos recursos, fica órfão de atenção e,
consequentemente, de politica publica, seja ela governamental ou não,
o que se explicação pelos conflitos que es estabelece em com os atuais
provedores dos serviços em tela.
A QUALIFICAÇÃO DO CONFLITO
Em função do exposto acima entendo ser fundamental que se
considere como objeto de estudo os novos arranjos organizacionais nos
quais se ancoram a produção e o consumo compartilhado, tendo em
conta que o avanço desses novos modelos e negócios adotam duas
trajetórias: uma estatista e outra privatista, as quais tem em comum a
extração de mais serviços dos recursos incorporados nos seus artefatos,
configurando-se como ambientalmente amigáveis.
A alternativa estatista nos vem da Europa e é representada por
inovações governamentais, a exemplo da política do “carro zero”, a
qual aposta no uso compartilhado, e, na comoditização dos serviços
de transportes de forma customizada, estabelecendo uma concorrência
direta com a auto-mobilidade. Ou seja, no paradigma do “carro zero’, a
concorrência é estabelecida com a auto mobilidade, e, não com as
novas formas alternativas de fornecimento do serviço de transporte
individual e, por isto, não foi objeto a fúria dos taxistas. Nessa
alternativa se disponibiliza, em principio, apenas as margens do
mercado para os novos modelos de negócio fundado na produção e no
consumo compartilhado privado. A ênfase no “carro zero” é, portanto,
no transporte público customizado, o qual é por natureza
compartilhado.
A alternativa privatista nos vem dos EUA e, é representada por
inovações hibridas radicais (disruptoras) que se configuram, de um
lado, por meio do uso de inovações tecnológicas que no caso se
expressa no algoritmo de precificação, e, do outro, por meio de
inovações organizacionais que explora as possibilidades postas pela
nova tecnologia em tela. Na conjunção destas duas inovações,
assentam-se os novos modelos de negócios, a exemplo da UBER,
fundado não só no consumo compartilhado, mas também na produção
compartilhado, já que mobiliza no seu processo de produção os ativos
ociosos dos parceiros.
Tendo em conta as possibilidades acima, admito que a UBER é uma
firma penroseana (Edith Penrose) que se expande potencializando sua
capacidade de gerar serviços a partir não só dos seus ativos, mas
principalmente dos ativos de terceiros, a depender das oscilações dos
mercado. Esta evidência se revela no seu portfólio bastante nuançado
de serviços, em cuja produção tanto pode adotar uma relação mais
flexível com os provedores e os demandantes dos serviços, como uma
relação mais rígida, a depender do serviço em tela.
UMA CONVERGÊNCIA VIRTUOSA
Como, em ambas trajetórias: a estatista e a privatista constata-se uma
redução do uso de recursos naturais por unidade de serviço de
transportes, dado a intensificação do uso dos recursos necessários a
sua operacionalização, admite-se como premissa a redução do
impacto ambiental quando percebido pela ótica da degradação dos
recursos naturais, ou seja, a fração de recursos naturais para a
produção de uma determinada unidade de serviço de transporte.
PROPOSTAS
Em função do exposto acima, julgo pertinente considerar os novos
modelos de negócios fundado na produção e no consumo
compartilhado, em geral, e, na área de transporte de passageiros, em
particular, como uma rede sócio técnica que no seu avanço configura
um vetor da transição sustentável do setor de transportes e, que deve
portanto ser tratado por meio de uma analise sócio técnica, tendo em
vista potencializar sua transição sustentável, explorando as
possibilidade não só das inovações tecnológicas, mas principalmente
das inovações organizacionais e institucionais na produção de serviços
com os recursos ociosos de terceiros.
BIBLIOGRAFIA
BERKOUT, Frans SMITH, Adrian & STIRLING, Andy, Socio-
Technological Regimes and Transition Contexts IN ELZEN, Boelie,
GEELS, Frank W, GREEN, Ken, System Innovation and the transition
to Sustainability: Theory, evidence and policy. Cheltenham:UK, Edwad
Elgar Pub., 2004, pp. 48/75
BRWON, Halina Szejnwald, VERGRAGT, Philip J, GREEN, Ken
Green, BERCHICCI, Luca Bounded socio-technical experiments
(BSTEs):higher order learning for transitions towards sustainable
mobility IN ELZEN, Boelie, GEELS, Frank W, GREEN, Ken, System
Innovation and the transition to Sustainability: Theory, evidence and
policy. Cheltenham:UK, Edward Elgar Pub., 2004, pp. 191/219.
CHRISTENSE, Clayton M, HORN, MICHAEL b & JOHNSON, Curtis
W., Disrupting Class - How disruptive innovative will change the way
the world learns. New York: McGraw Hill, 2008
ELZEN, Boelie, GEELS,Frank W, HOFMAN, Peter S & GRENN,
Ken Socio-technical scenarios as a toolfor transition policy :an
example from the traffic and transport domain IN ELZEN, Boelie,
GEELS, Frank W, GREEN, Ken, System Innovation and the transition
to Sustainability: Theory, evidence and policy. Cheltenham:UK, Edwad
Elgar Pub., 2004, PP. 251/281
GEELS, Frank W., A Socio-technical analysis of low-carbon
transitions - Introduction the multi-level perspective in to transport
studies in Journal of Transport Geography, 2012, v. 24, pp. 471/482
(Special Section on Theoretical Perspectives on Climate Change
Mitigation in Transport)
GEELS, Frank W., Understanding system innovations: a critical
literature review and a conceptual synthesis N ELZEN, Boelie,
GEELS, Frank W, GREEN, Ken, System Innovation and the transition
to Sustainability: Theory, evidence and policy. Cheltenham:UK, Edwad
Elgar Pub., 2004, pp. 19/47
GEELS, Frank W. ELZEN, Boelie & GREEN, Ken General
introduction: system innovation and transitions to sustainability IN
ELZEN, Boelie, GEELS, Frank W, GREEN, Ken, System Innovation
and the transition to Sustainability: Theory, evidence and policy.
Cheltenham:UK, Edwad Elgar Pub., 2004, pp. 1/16
GREEN, Ken, System Innovation and the transition to Sustainability:
Theory, evidence and policy. Cheltenham:UK, Edward Elgar Pub.,
2004, pp. pp. 168/190
PENROSE, Edith Tilton, The Theory of the Growth of the Firm.
Cambridge: Cambridge University Press.
SHOVE, Elizabeth, Sustainability, System Innovation and the
Laundry" IN ELZEN, Boelie, GEELS, Frank W, GREEN, Ken, System
Innovation and the transition to Sustainability: Theory, evidence and
policy. Cheltenham:UK, Edwad Elgar Pub., 2004, pp. 76/94
TEISMAN, Geert R. & EDELENBOS, Jurian Getting through the
‘twilight zone’: managing transitions through process-based, horizontal
and interactive governance ELZEN, Boelie, GEELS, Frank W, GREEN,
Ken, System Innovation and the transition to Sustainability: Theory,
evidence and policy. Cheltenham:UK, Edwad Elgar Pub., 2004