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7/25/2019 A Teoria Austraca dos Ciclos Econmicos - Lucas Losnak Harris.pdf
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Lucas Losnak Harris
A TEORIA AUSTRACA DOS CICLOS ECONMICOS: seus
fundamentos e uma anlise da crise de 2008
Monografia de Bacharelado em Cincias Econmicas
Faculdade de Economia, Administrao, Contabilidade e Aturia
PUC - So Paulo
Novembro/2013
7/25/2019 A Teoria Austraca dos Ciclos Econmicos - Lucas Losnak Harris.pdf
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Lucas Losnak Harris
A TEORIA AUSTRACA DOS CICLOS ECONMICOS: seus
fundamentos e uma anlise da crise de 2008
Monografia submetida apreciao de banca
examinadora do Departamento de Economia
como exigncia parcial para obteno do grau
de bacharel em Cincia Econmicas,
elaborada sob orientao do professor Dr.
Antnio Carlos Alves Santos.
Faculdade de Economia, Administrao, Contabilidade e Aturia
PUC - So Paulo
Novembro/2013
7/25/2019 A Teoria Austraca dos Ciclos Econmicos - Lucas Losnak Harris.pdf
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Essa monografia foi examinada pelos professores abaixo relacionados e aprovada com
nota final _______ (_________________________).
Nomes legveis dos examinadores (orientador e demais membros da banca)
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
Autorizo a disponibilizao desta monografia para consulta pblica e utilizao como
referncia bibliogrfica, mas sua reproduo total ou parcial somente pode ser feita
mediante autorizao expressa do autor, nos termos da legislao vigente sobre direitos
autorais.
So Paulo, ____ de _________ de ______ Assinatura: __________________________
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minha me, que proveu slidos alicerces
para minha formao.
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HARRIS, L. Lucas. A TEORIA AUSTRACA DOS CICLOS ECONMICOS:
seus fundamentos e uma anlise da crise de 2008 . So Paulo, 2013.Monografia de
Bacharelado (Faculdade de Economia, Administrao, Contabilidade e Atuaria) -
Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo.
Esta monografia apresenta um breve estudo sobre a Teoria Austraca dos Ciclos
Econmicos, que por vrios anos ficou submersa no debate econmico. No so
abordadas as diferenas tericas entre economistas austracos, mas, sim, a estrutura
geral e aceita por todos esses.
A apresentao da teoria feita na metodologia convencional da Escola Austraca e
atravs de uma tentativa moderna de aproximao com a Macroeconomia tradicional.
Por ltimo, com o suporte do que foi apresentado, analisa-se a crise de 2008 nos EUA.
PALAVRAS CHAVES: Escola Austraca, Ciclos Econmicos, crise 2008.
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SUMRIO
INTRODUO
1-A TEORIA AUSTACA DOS CICLOS ECONMICOS
1.1- Introduo ............................................................................................................... 3
1.2- Proposies da escola austraca de economia ......................................................... 3
1.3- Introduo Teoria dos Ciclos ............................................................................... 7
1.4- Ciclo econmico - como se origina ........................................................................ 8
1.5- Ciclo econmicodesestruturao produtiva ........................................................ 12
1.6- Ciclo econmicoa correo................................................................................. 17
2 - A TEORIA MACROECONMICA DE CAPITAL E OS CICLOS
ECONMICOS
2.1- Introduo ............................................................................................................... 20
2.2- Um breve relato das contribuies Macroeconmicas das Escolas Econmicas que
predominaram na segunda metade do sculo XX ............................................................ 20
2.3- A macroeconomia baseada na teoria de capital - a anlise da escola austraca ...... 26
2.3.1- Mercado para fundo de emprstimos ..................................................................... 26
2.3.2- Fronteiras de possibilidade de produo (FPP)
............... ................................................................................................................28
2.3.3-A estrutura intertemporal de produo .................................................................. 29
2.4- Crescimento econmico.......................................................................................... 32
2.4.1- Crescimento secular ............................................................................................... 33
2.4.2 - Mudanas nas preferncias intertemporais ........................................................... 34
2.5 - A teoria austraca dos ciclos econmicos ............................................................... 37
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3- CAPTULO 3: CRISE 2008 E A TEORIA AUSTRACA DOS CICLOS
ECONMICOS
3.1 Introduo ............................................................................................................... 40
3.2 - O incio do boom e os sinais apontados pela teoria austraca................................. 42
3.3A Correo .............................................................................................................. 53
3.4 - A soluo americana e seu risco ............................................................................. 53
Concluses ............................................................................................................. 59
Referncias Bibliogrficas ..........................................................................60
LISTA DE ILUSTRAES
Figura 2.1- Curva IS-LM ................................................................................................. 20
Figura 2.2- Curva de Phillips ........................................................................................... 21
Figura 2.3- Grficos AS/AD conforme as respectivas Escolas........................................ 25
Figura 2.4- Equilbrio entre agentes deficitrios e superavitrios.................................... 27
Figura 2.5- Fronteira de Possibilidade de Produo ........................................................ 28
Figura 2.6- Comportamento da Curva de Fronteiras de Produo................................... 29
Figura 2.7- Tringulo Hayekiano de Produo ................................................................ 30
Figura 2.8- Equilbrio no processo produtivo .................................................................. 31
Figura 2.9- Crescimento Secular ...................................................................................... 33
Figura 2.10- Crescimento baseado em mudanas nas preferncias temporais ................ 35
Figura 2.11- Crescimento baseado em poupana ............................................................. 36
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Figura 2.12- Distores monetrias e suas consequncias............................................... 37
Figura 3.1- Base Monetria Americana ........................................................................... 42
Figura 3.2- Agregados monetrios M1 e M2 dos EUA ................................................... 43
Figura 3.3- Taxa bsica de juros norte americana............................................................ 44
Figura 3.4- ndice de inflao dos EUA (CPI) ................................................................. 45
Figura 3.5- Taxa de juros para emprstimos imobilirios................................................ 46
Figura 3.6- Emprstimos voltados construo civil por parte dos bancos .................... 46
Figura 3.7- ndice Case Shiller......................................................................................... 51
Figura 3.8- Novas casas construdas ................................................................................ 51
Figura 3.9- Gastos totais com construo ........................................................................ 52
Figura 3.10- Base monetria americana (aps 2008) ....................................................... 54
Figura 3.11- Taxa bsica de juros norte americana (aps 2007)...................................... 55
Figura 3.12- Reservas voluntrias dos bancos no Fed ..................................................... 55
Figura 3.13- Ativos do Fed .............................................................................................. 56
Figura 3.14- Comportamento S&P 500 de acordo com a poltica monetria .................. 57
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INTRODUO
Uma das principais lies de Ludwig von Mises, importante economista
austraco, que por mais bem intencionadas que regulamentaes possam ser, elas
nunca atingem seus fins; elas apenas distorcem o mercado, que naturalmente buscar
correes. Essas correes podem ocorrer ou podem ser postergadas por novas
intervenes, o que far com que quando chegue seja mais drstica.
Esta monografia analisa a Teoria Austraca dos Ciclos Econmicos, uma das
principais e mais complexas contribuies da Escola Austriaca ao estudo econmico.
Tentar-se- compreender o porqu agentes incorrem em erros generalizados com umarelativa frequncia e quais so as solues mais adequadas e benficas sociedade
nestes cenrios. Aps a exposio da teoria analisa-se a crise que ocorreu em 2008, e
como esta pode ser explicada a partir da teoria que foi previamente exposta.
Sua complexidade se d pelo fato de que a teoria pode ser descrita como um
ciclo de crdito, comumente iniciada a partir das medidas adotadas por um Banco
Central, passando pela estrutura bancria e finalmente afetando a produo e a
demanda; ou seja, ser reunida uma srie de fenmenos que normalmente so estudados
de forma independente.
No primeiro captulo apresenta-se a teoria dos ciclos econmicos em sua
metodologia tradicionalmente desenvolvida pelos economistas austracos. Parte-se de
uma breve exposio dos principais pressupostos da escola e, posteriormente, mostra-se
a estrutura bsica e aceita por todos economistas austracos, deixando de lado
controvrsias menores existentes entre alguns membros. Dedica-se uma grande ateno
ao boom, pois, sua anlise primordial para entendermos o bust.
No segundo captulo explora-se a tentativa de alguns economistas modernos de
introduzir teoria austraca determinadas ferramentas do instrumental da
macroeconomia convencional, objetivando facilitar a compreenso desta; dentre os
instrumentos encontra-se a fronteira de possibilidade de produo e o equilbrio de
agentes superavitrios e deficitrios. Neste captulo faz-se, tambm, uma breve anlise
das principais teorias dos ciclos econmicos.
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O terceiro captulo descreve os principais eventos da crise de 2008 e,
comparando com o que foi previamente analisado, procura demonstrar que tal crise
um exemplo real do que a teoria nos descreve. Para tal estudo, utilizaremos uma srie de
indicadores econmicos.
Finalmente, apresenta-se, tambm no terceiro captulo, uma breve explicao de
quais medidas o banco central americano adotou em 2008 para superar a crise que
afetou diversos setores da economia americana e inicia um debate de o quo eficaz essas
polticas adotas so.
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CAPTULO 1 A TEORIA AUSTRACA DOS CICLOSECONMICOS
1.1 - Introduo
Os ciclos econmicos so amplamente estudados e explicados, com diversas
teorias. Nesse captulo objetiva-se compreender a Teoria Austraca dos Ciclos
EconmicosTACE-, porm, buscaremos no ressaltar as pequenas divergncias entre
os pesquisadores, mas sim compreender a estrutura bsica aceita por todos os
economistas austracos. Exporemos neste captulo as principais etapas da TACE e oporqu acredita-se que sociedades enfrentam erros generalizados dos agentes
envolvidos, argumentando-se a partir da metodologia utilizada pela Escola.
1.2 - Proposies da escola austraca de economia
A Escola Austraca caracterizada por algumas preposies que a diferenciamdas demais escolas. Entre eles so citado por de Soto (2010):
1- Conceito de Economia (SOTO, 2010, p.16):
O conceito de ao humana deve ser interpretado no somente como uma
tomada de deciso, mas algo que se d ao longo do tempo, caracterizando um processo
em que agentes demonstram seus valores subjetivos isto , uma prpria percepo de
fins e meios que mudam constantemente - e resultam na interao humana/social. Acincia que busca estudar o homem e suas aes, cujos objetivos so atingir
determinados fins, chamada de Praxeologia:
2- Perspectiva metodolgica:
Compreende-se que atravs da Praxeologia d-se o entendimento da Economia,
uma vez que o estudo do homem e de suas aes resultar no estudo de bens, riquezas,
mercadorias, trocas e os demais fenmenos econmicos. Logo, a produo, por
exemplo, no ser um fato fsico natural e externo, mas um fenmeno intelectual. Desta
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forma, a metodologia de estudo necessariamente deve ser o individualismo
metodolgico.
3-
Protagonista dos processos sociais:
O empresrio entendido como principal agente, que, diferente da economia
neoclssica, no se encaixa em nenhum modelo de equilbrio. Sua principal funo est
relacionada criao, existncia e ao uso da informao, possibilitando assim o
processo de produo com informaes que antes no existiam. Logo, tanto o lucro
quanto o custo no conhecido antes da ao, e essas informaes so impossveis de
serem descobertas antes da prpria funo empresarial.
4- Possibilidade de os agentes se equivocarem a priori e natureza do ganhoempresarial:
Empreendedores buscam lucro, caso contrrio no agiriam. No entanto, erros
so perfeitamente possveis de ocorrer, sendo que a descoberta se d a posteriori da
ao; esses erros, porm, poderiam ser evitados por maior perspiccia empresarial. No
possvel, portanto, analisarmos na forma de custo benefcio sob um modelo que
maximiza matematicamente a satisfao sujeito restries.
5- Concepo da informao:
As diferentes informaes existentes no mercado se caracterizam por seu
carter subjetivo, isso , o conhecimento subjetivamente interpretado e utilizado pelos
agentes - criatividade empresarial. Essas informaes esto difundidas no mercado na
forma de conhecimento prtico, interpretado e utilizado, tornando assim o mercado
imperfeito. Essa imperfeio exatamente o que possibilita descobertas e gerao delucro, processo esse que representa a coordenao empresarial.
Por essa razo entende-se a crtica da Escola Austraca centralizao de poder
e interveno estatal, que implicaria em todo o conhecimento - que est disperso na
sociedade, inclusive, dos valores de cada indivduo -, centralizado em um ou poucos
intelectuais.
6- Ponto de referncia:
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Analisando sob a tica do processo dinmico, todo momento h alguma
descoordenao social, o que indica uma oportunidade de lucro por parte dos
empreendedores que, quando agem, criam uma ordem espontnea de coordenao. Essa
ordem gera uma tendncia ao equilbrio, porm, esse nunca atingido, pois, enquanto
seus planos so concretizados, haver mudanas de preferncia dos agentes ao longo do
tempo.
7- Conceito de concorrncia:
De acordo com esse paradigma e junto aos anteriores, compreendemos que a
concorrncia no um processo de equilbrio, mas algo dinmico e constante, que
sempre existir. Teremos imperfeies no mercado e embora estes tendam ao equilbrio,esse jamais ser alcanado.
8- Conceito de custo:
Custo deve ser entendido como algo subjetivo, que depende da capacidade
empresarial para descobrir novos fins alternativos. Ou seja, dado que os meios so
sempre limitados e que a base para compreenso da economia a ao humana,
logicamente, entendemos como custo os fins que se abdica quando se empreende um
determinado curso de ao. Esses custos se do em trocas voluntrias, o que demonstra
tambm a subjetividade do valor: o que um custo para um agente o fim almejado de
outro, e vice e versa. Os preos de bens, como conhecemos, so a materializao do
mercado atravs das avaliaes subjetivas existentes, e esses determinaro os custos da
produo e a viabilidade de projetos.
9-
Formalismo:
Como todo processo real algo dinmico e no esttico, abandona-se a
utilizao da modelagem matemtica, pois, essa leva a uma simplificao exacerbada da
realidade. Modelos estticos podem levar a grandes erros, principalmente quando
utilizados por umpolicy maker.
Para a escola austraca, o formalismo se d na lgica verbal (abstrata e formal)
que permite a considerao da criatividade humana e do tempo subjetivo.
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10 - Relao com o mundo emprico:
Frente oposio metodologia emprica e positivista, os economistas
austracos optam por uma pesquisa apriorstica1
e dedutiva a partir de verdades autoevidentes, i.e, o axioma da ao humana uma verdade auto evidente que quando
negada implica em uma auto contradio.
11 - Possibilidade de previso especfica:
Existe uma impossibilidade da previso, uma vez que o observador no pode
obter todas as informaes subjetivas que so continuamente criadas e descobertas de
forma descentralizada pelos agentes. No se pode saber o que ir suceder no futuro, j
este depende de conhecimento empresarial ainda no criado.
Nas palavras de Soto, os problemas com previses se do:
[...] primeiro, pelo imenso volume de informao de que setrata; segundo, pela natureza da informao relevante (disseminada,subjetiva e tcita); terceiro, pelo carter dinmico do processo
empresarial (no se pode transmitir informaes que ainda no foigerada pelos empresrios no seu constante processo de criaoinovadora); e quarto, pelo efeito da coao e da prpria observaocientfica (que distorce, corrompe, dificulta ou simplesmenteimpossibilita a criao empresarial de informao) [...]. (SOTO, 2010,p.26)
importante ressaltar que a Escola Austraca no cr na possibilidade de
previses embasadas matematicamente, mas aceita previses de tendncias de tipo
genrico e qualitativo, principalmente com a funo de reconhecer desajustes e
descoordenes causados por coaes institucionais exercidas sobre o mercado.
12 - Responsvel pela previso (SOTO, 2010, p.16)
A funo do empresrio deve ser entendida como inerente ao mundo real que
est em constante desequilbrio; essa consiste em criar e descobrir informaes que
antes no existiam, de forma a gerar ganhos; portanto, o empresrio o responsvel por
tentativas de previso.
1 Isto , que se baseiam em princpios anteriores experincia; conceitos, portanto, a priori .
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1.3- Introduo Teoria dos Ciclos
Mises, em seu livro Theory of Money and Credit (1912), influenciado pela
teoria dos juros do economista sueco Knut Wicksell, reconhece a diferena entre a taxa
natural de juros equilbrio entre agentes poupadores e gastadores (superavitrios e
deficitrios) e a taxa de juros cobrada pelos bancos. Somando-se a esse conceito a teoria
de capital, desenvolvida previamente por Carl Menger e Eugen Von Bohm-Bawek, o
autor entende que taxas de juros artificialmente baixas, sem respaldo de poupana
previamente feita e mantida sob expanso de crdito, geram uma m alocao de
capital. Isso ocasiona uma reestruturao do processo de produo, tornando-o maisdemorado em relao ao padro temporal de procura dos consumidores. Conforme o
tempo demonstra essa discrepncia, tanto os mercados de bens de produo quanto de
bens de capital iro desfazer essa m alocao. Em determinado momento a taxa de
juros dever ser elevada, encerrando o boom e refletindo a escassez de capital
circulante, aps um excessivo montante de capital ter sido direcionado aos primeiros
estgios do processo de produo.
Uma vez que a distoro no processo produtivo se iniciou, normalmente aps o
estmulo creditcio vindo do Banco Central, impossvel o mesmo consert-lo. Suas
duas opes possveis seriam: a) continuar com a poltica expansionista ou b) adotar
uma poltica contracionista. A primeira gerar inflao e a segunda falncias. A
correo, que apesar de dolorosa deve ser encarada como inevitvel, encontra vrias
dificuldades: polticos que visam reeleies, conflitos tcnicos entre economistas e
foras sindicais que no permitem a liberdade de preo para salrios e contratos.Conforme elucida Garrison:
The market works; it tailors production decision to consumptionpreferences. But production takes time, and as the economy becomesmore capital intensive, the time element takes on greater significance.The role of the interest rate in allocating resources over time becomesan increasingly critical one. Still, if the interest rate is right, that is, ifthe interplay between lenders and borrowers is allowed to establish thenatural rate, then the market works right. However, if the interest rateis wrong, possibly because of central bank policies aimed at growing
the economy, then the market goes wrong. The particulars of justhow it goes wrong, just when the misallocations are eventuallydetected, and just what complications the subsequent reallocation
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might entail are all dependent on the underlying institutionalarrangements and on the particular actions of policy makers andreactions of market participants(GARRISON, 2001, p.13)
1.4 - Ciclo econmico- como se origina
Influenciados pela teoria wickseliana, os economistas austracos consideram
que a taxa bsica de juros deve ser reflexo da taxa natural de juros, que surge do
equilbrio existente entre agentes superavitrios e deficitrios; esse equilbrio resulta em
um crescimento sustentvel da economia2. Alm disso, a mesma taxa tem a funo
importantssima de refletir as preferncias temporais dos participantes do mercado
(tanto por consumo de bens quanto pelo dinheiro), que quando se abstm de umconsumo presente e optam por um consumo futuro, cobram um prmio para isso e
sinalizam tambm que tipo de demanda apresentaro; consequentemente, haver uma
alocao de recursos por parte dos agentes empreendedores nos diversos estgios da
cadeia de produo. Assim, a taxa de juros contm importantes informaes e tem a
funo de sinalizar e coordenar alocaes por parte de empresrios/empreendedores.
Quando agentes econmicos optam por poupar o que significa absterem-se doconsumo imediato -, isso aumenta a quantidade disponvel para emprstimos3 e,
consequentemente, haver uma diminuio na taxa de juros. Caso o inverso ocorra, a
taxa de juros aumentar. Como explica Rothbard:
Imaginemos uma economia com uma certa oferta monetria. Parte dodinheiro gasto no consumo; o resto poupado e investido numa imensaestrutura de capital, em vrias ordens de produo. A proporo entreconsumo e poupana ou investimento determinada pelas prefernciastemporais das pessoas o grau em que elas preferem satisfaes presentesou futuras. Quanto menos elas as preferirem no presente, menor ser sua taxade preferncia temporal, e menor, portanto, a taxa pura de juros, que determinada pelas preferncias temporais dos indivduos na sociedade.(ROTHBARD, 2012, p.52)
Considerando uma oferta monetria constante, as opes individuas se limitam
entre poupar (disponibilizar recursos para investimento) e consumir. Notamos que uma
taxa de juros elevada a consequncia de indivduos priorizando a segunda opo,
2As justificativas dessa afirmao sero compreendidas ao longo do trabalho.3Sistema potencializado pela existncia de intermediadores, i.e, bancos.
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enquanto a taxa de juros mais baixas nos remetem a primeira, sendo que a ltima
propicia um cenrio mais favorvel ao aumento das estruturas de produo isto ,
investimentos de longo prazo e mais distantes do bem final. Ainda nas palavras de
Rothbard:
Uma taxa mais baixa de preferncia temporal ser refletida emmaiores propores entre investimento e consumo, no prolongamentoda estrutura de produo, e em formao de capital. Prefernciastemporais mais altas, por outro lado, refletir-se-o em taxas de jurospuras mais altas e numa proporo menor entre investimento econsumo. As taxas de juros finais do mercado refletem a taxa de jurospura mais ou menos o risco empresarial e os componentes do poder decompra. (ROTHBARD, 2012, p.52)
A produo de longo prazo ser beneficiada numa situao de taxas baixa,
pois, alm desta estar refletindo o comportamento referente demanda de inmeros
agentes econmicos4, tambm torna vivel projetos cuja maturao mais longa.
Projetos, esses, que dificilmente seriam viveis num cenrio de altas taxas de juro.
Algumas metodologias simples utilizadas em valuation, como VPL5nos elucidam esta
situao.
A taxa natural de juros, que representa o equilbrio entre superavitrios e
deficitrios, tendia a predominar quando a moeda era lastreada em ouro e os bancos
tinham a funo de custodiar o dinheiro, sem utilizarem-se de reservas fracionadas para
aumentar seus lucros. No entanto, essas duas situaes foram substitudas por um
modelo em que Bancos Centrais so quem garantem o valor da moeda, conhecido como
modelo de moeda fiduciriaum monoplio de moeda de curso forado-, e bancos que
4H poupana para futuras ofertas.5 VPLValor Presente Lquido uma metodologia muito utilizada na avaliao de projetos, em que, a
partir dos fluxos de caixa esperados e da taxa de juros (taxa mnima de atratividade), calcula-se qual ovalor vivel para determinado projeto. Nota-se, portanto, o quanto maior a taxa de juros, menos vivelser o projeto.
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operam alavancados, sendo que o mnimo que devem manter em reserva determinado
pelo Estado6.
Notamos, porm, que independente do modelo haver formas de aumentar
artificialmente o crdito na economia, embora uns em menor proporo que outros,
como explica Haberler:
[] Differences can arise only (a) in respect to the particularway in which the expansion take place- whether it is primarily anincrease in the quantity of credit money or legaltender or gold or justof the velocity of circulation of one of thesesand (b) as to the causalsequence.
As to the causal relation, broadly speaking, two possibilities seem tobe open:1-On might assume that the impulse comes from the side of money,that the circulation is expanded by a deliberate action of the banks orother monetary, and this sets the whole chain of eventsgoing[].(HABERLER, 2001, p.42)
No entanto, as taxas de juros passam a ser mais facilmente manipuladas pelo
governo no momento em que surge um Banco Central, pois, cria-se um monoplio que
atualmente se utiliza de trs meios para esse controle: taxa de redesconto, percentual de
compulsrio e operaes no mercado aberto.
Ou seja, a taxa de juros de uma economia diretamente relacionada com a
quantidade de moeda circulante, cujo detentor do direito de cri-la o Banco Central.
6 Entre os economistas austracos h um debate entre qual o modelo monetrio mais favoravel: padro
ouro oufree bankingum modelo em que bancos emitiriam suas notas e seriam a prpria garantia, o que
geraria um modelo concorrencial -. Entende-se que mesmo no segundo modelo, a base monetria no
tenderia a aumentar como ocorre hoje, pois, o livre mercado e a concorrncia entre os bancos faria com
que esses no pudessem operar muito alavancados, uma vez que: i) um banco veria seus recibos emitidos
sem cobertura (sem cobertura de dinheiro) rapidamente transferidos para os clientes de outros bancos, os
quais pediriam o resgate ao banco; ii) os bancos ficariam limitados pelo grau em que o pblico usasse as
notas ou depsitos bancrios como dinheiro padro; e; iii) eles seriam limitados pela confiana dos
clientes em seus bancos, que poderiam ser arruinados por corridas a qualquer momento.
Uma coletnea de artigos em defesa a ambas as teses dentro da Escola Austraca pode ser encontrado no
artigo Reservas Fracionadas O debate da dcada. Disponvel em:
, acessado em 23 de agosto de 2013.
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1403http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=14037/25/2019 A Teoria Austraca dos Ciclos Econmicos - Lucas Losnak Harris.pdf
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Existe, desta forma, uma simbiose entre Banco Central e bancos comerciais,
onde ambos podem expandir o crdito e criar dinheiro sem lastro, e essa relao visa
garantir maior estabilidade a um sistema frgil sob a hiptese de uma corrida bancria.
Esse arranjo permite que bancos tenham altos lucros7e o governo passa a ser financiado
mais facilmente, beneficiando assim seus governantes e possibilitando um aumento de
seu poder. Caso haja algum erro por parte das instituies privadas, muito
provavelmente essas sero salvas pelo governo. Como observa Rothbard:
The Central bank acquires its control over the banking systemby such governmental measures as: Making its own liabilities legaltender for all debts and receivable in taxes; granting the central bank
monopoly of the issue of Banks notes, as contrasted to deposits (inEngland the Bank of England, the governmentally established centralbank, had a legal monopoly of bank notes in the London area); orthrough the outright forcing of banks to use the central bank as theirclient for keeping their reserves of cash as their reserves of cash (as inthe United States and its Federal Reserve System). Not that the bankscomplain about this intervention; for it is the establishment of centralbanking that makes long-term bank credit expansion possible, sincethe expansion of Central Bank notes provides added cash reserves forthe entire banking system and permits all the commercial banks toexpand their credit together. Central banking works like a cozycompulsory bank cartel to expand the banks liabilities; and the banks
are now able to expand in a larger base of cash in the form of centralbank notes as well as gold. (ROTHBARD, 2001, p.71)
Para os economistas austracos, no momento em que a taxa de juros que
sinaliza as preferncias dos poupadores e gastadores- passa a ser manipulada, perde
completamente sua importante funo de referncia para a coordenao econmica.
Bancos comeam a criar crdito que no tem respaldo em poupana, e Bancos
Centrais, influenciados por governantes que visam somente o curto prazo, estimulam
mais ainda esse comportamento; esse respaldo se d, pois, no curto prazo, haver uma
aquecimento da economia.
Somase a isso o fato de que uma expanso monetria no distribuda
igualmente. Assumindo que quanto maior a quantidade de moeda na economia, menor
7 Principalmente na ausncia de concorrncia, como o caso brasileiro, em que a excessivaregulamentao resulta em uma enorme concentrao no setor. Essa constatao pode ser feita atravs dealguns indicadores para mensurar concentrao de setores, sendo um dos mais utilizados o ndiceHerfindahl-Hirschman.
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ser o seu valor, conclumos que os que recebem primeiro o dinheiro recm criado iro
utiliz-lo com um valor, porm, conforme esse se difunde pela sociedade, ir se
desvalorizar, fazendo com que os ltimos a receb-lo sejam os que menos podero
aproveit-lo e os primeiros os que mais tero seu poder de compra elevado. Portanto, ao
mesmo tempo em que h uma expanso de crdito que gera menores taxas de juros, h
tambm a gerao de inflao e uma redistribuio desigual. Essa inflao reflexo de
mais moeda em circulao8 e de menores taxas de juroso que gera um desestmulo a
poupana e maior atividade econmica a curto prazo, resultante tambm do novo
prmio (nova taxa juros) e mais consumo. O fenmeno da distribuio desigual citada
acima suporta a concluso de que a inflao, alm de gerar uma desvalorizao da
moeda, aumenta a desigualdade social, favorecendo os que inicialmente recebem odinheiro e prejudicando os ltimos normalmente os mais pobres9. O fenmeno
explicado por Iorio:
A ideia central dos austracos que o dinheiro novo entra emum ponto especfico do sistema econmico e, sendo assim, ele gastoem certos bens e servios particulares, at que, gradualmente, vai-seespalhando por todo o sistema, assim como um objeto qualquer, ao seratirado na superfcie de um lago, forma crculos concntricos com
dimetros progressivamente maiores, ou como quando se derrama melno centro de um pires e ele vai-se espalhando a partir do montculoque se forma no ponto em que est sendo derramado (analogias,respectivamente, de Mises e Hayek). Por isso, alguns gastos e preosmudam antes e outros mudam depois e, enquanto a mudanamonetria digamos, uma expanso do crdito for mantida, suairradiao para gastos e preos persiste em movimento. (IORIO,online, 2012)
1.5 - Ciclo econmicodesestruturao produtiva
A taxa de juros artificialmente baixaisto , abaixo da taxa natural de juros-
trar vrias consequncias economia, sendo a principal a desestruturao dos
processos produtivos. Dentre algumas das razes que podemos citar: i) h um
desestmulo a poupana e uma maior presso para o consumo; ii) projetos que antes no
eram viveis tornar-se-o;iii) o prprio mecanismo para abaixar artificialmente a taxa de
8
Criada pelo Banco Central e Bancos Comercias.9De acordo com o jornal Estado , mais de 65% dos recursos do BNDES so
destinados a poucas e grandes empresas. Acessado em 03 de maro de 2013.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,bndes-usa-verba--do-tesouro-para-grandes-empresas-,897822,0.htmhttp://www.estadao.com.br/noticias/impresso,bndes-usa-verba--do-tesouro-para-grandes-empresas-,897822,0.htmhttp://www.estadao.com.br/noticias/impresso,bndes-usa-verba--do-tesouro-para-grandes-empresas-,897822,0.htmhttp://www.estadao.com.br/noticias/impresso,bndes-usa-verba--do-tesouro-para-grandes-empresas-,897822,0.htm7/25/2019 A Teoria Austraca dos Ciclos Econmicos - Lucas Losnak Harris.pdf
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juros requer um aumento na quantidade de dinheiro entrando na economia, sendo
direcionado inicialmente para os grandes bancos; iv) preos sero distorcidos conforme
o novo dinheiro se distribui na economia.
fundamental para a correta compreenso da TACE entendermos a simbiose
entre taxas de juro e emisso/reduo da quantidade de moeda, pois, assim, ficar claro
como se d a formao do boom econmico.Ambas so relacionadas, mas, sozinhas, j
so o suficiente para iniciar um boom. No real a hiptese de um helicptero que
distribua dinheiro recm-criado de forma igual para toda populao10; necessariamente,
alguns agentes devem receb-lo antes que outros, o que gera uma desestruturao do
resto da Economia. Se h, por exemplo, um estmulo monetrio ao setor imobilirio,investimentos nesse setor aparentam ser mais vantajosos, pois os preos so sempre
ascendentes. Como observa Hayek:
The whole conventional analysis reproduced in most textbooks proceeds as id a rise in average prices meant that all prices riseat the same time by more or less the same percentage, or that this atleast was true of all prices determined currently on the market, leavingout only a few prices fixed by decree or long term contracts, such as
public utility rates, rents, and various conational fees. But this is nottrue or even possible. The crucial point is that so long as the flow ofmoney expenditure continuous to grow and prices of commodities andservices are driven up, the duffer prices of commodities and servicesare driven up, the different prices must rise, not at the same time but insuccession, and that in consequence, so long as this process continues,the prices which rise first must all the time move ahead of the others.This distortion of the whole price structure will disappear onlysometime after the process of inflation has stopped. (HAYEK, 2001,p.96)
Embora no seja comum, possvel termos taxas de juros nominalmente altas,porm, havendo estmulos monetrios, o que torna os investimentos em setores
estimulados mais lucrativos que sob condies normais11. Conforme descrito
anteriormente, o estmulo existe a partir de incentivos monetrios a determinados
setores ou na forma de juros mais baixos, ou ambos. O mais comum que aconteam de
10 Analogia proposta inicialmente por Milton Friedman em seu livro Money Mischief (1994), cap.2.Friedman sups que emisses monetrias controladas seriam similares a uma emisso de dinheiro vinda
de um helicptero, e que toda a populao teria um acrscimo similar em sua renda.11Situao muito recorrente no Brasil. Em diversos momentos tivemos um crescimento de nossa basemonetria e ao mesmo uma taxa Selic alta.
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forma unificada, pois, um utilizado como instrumental para controlar o outro. A
relao entre expanses, taxa de juros e boom bem descrita por Mises:
During the period of credit expansion, it is true that thebanks progressively raised the rate of interest; from a purelyarithmetical point of view it ends up higher than it had been at thebeginning of the boom. This raising of the rate of interest isnevertheless insufficient to reestablish equilibrium on the market andput a stop to the unhealthy boom. For in a market where the prices arerising continually, gross interest must include in addition to interestrate on capital in the strict sense i.e, the net rate of interest stillanother element representing a compensation for the rise in pricesarising during the period of the loan. If the prices rise in a continuousmanner and if the borrower as a result gains a supplementary profit
from the sale of the merchandise which he bought with the borrowedmoney, he will be disposed to pay a higher rate of interest then hewould have paid in a period of stable prices; the capitalism, on theother hand, will not be disposed to lend under these conditions, unlessthe interest includes a compensation for losses which the diminutionon the purchasing power of money entails for creditors. If the banksdo not take account of these conditions in setting the gross interest ratethe demand their rate ought to be considered as being maintainedartificially at too low a level, even in from a purely arithmetical pointof view it appears much higher than that which prevailed undernormal conditions. (MISES, 2001, p.31)
Nesse momento, daremos nfase nos projetos que passaro a ser viveis em
funo da taxa de juros. Sabe-se que todo empreendimento privado deve gerar lucro, e
uma das principais metodologias para avaliar a viabilidade trazer o projeto a valor
presente, descontando os fluxos futuros de caixa. Notamos, portanto, que a taxa de juros
tem carter temporal e sua manipulao afeta os diferentes setores econmicos, uma vez
que por essa metodologia, quanto mais longo o processo mais seu valor ser afetado por
mudanas na taxa de juros. Em outras palavras, empreendedores que buscam lucro so
induzidos, quando h uma queda na taxa de juros, a iniciar e ampliar projetos que levam
mais tempo para serem maturados (gerar lucros); paralelamente, so induzidos a evitar
projetos cujas maturaes so mais rpidos. Ressalta-se, portanto, que muitos dos novos
empreendimentos que antes no eram viveis, tornar-se-o somente em funo da taxa
de juros menor.
Uma vez que empresas mais distantes do consumo final se caracterizam pelo
uso intensivo de bens de capital, commodities e mo de obra, notaremos uma
valorizao desses insumos.
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Como mencionado anteriormente, esse arranjo ocorre em funo da nova
moeda no mercado de emprstimo, que reduz os juros de emprstimos. Embora seja
similar ao fenmeno do aumento de fundos poupados para investimento12 o que est
ocorrendo no passa de inflao; esse arranjo cria uma iluso ao empresrio de que est
ocorrendo uma poupana maior do que realmente . Quando os fundos aumentam,
empresrios investem em processos de produo mais longos isto , uma estrutura
de produo mais longa e com etapas mais distantes do consumidor final. Inicia-se um
processo de aumento de preos do capital e bens de outros produtores, o que estimula
uma transferncia dos investimentos de ordem inferior(prximo ao consumo) para
ordens superiores (mas distantes do consumidor); em outras palavras, h uma
migrao da industria de consumo para indstria de bens de capital que no haveria
numa situao sem estmulos monetrios.
As consequncias desse arranjo resumido por Rothbard:
Se esse fosse o efeito de uma queda verdadeira naspreferncias temporais e de um aumento na poupana, no haveria
problema nenhum, e a nova estrutura alongada da economia poderiasustentar-se indefinidamente. Mas essa transferncia produto daexpanso do crdito bancrio. Logo o dinheiro novo comea a descerdos muturios empresariais para os fatores de produo: nos salrios,nos aluguis, nos juros. Porm, a menos que as preferncias temporaistenham mudado, e no h qualquer motivo para achar que isso tenhaacontecido, as pessoas logo gastaro suas rendas maiores nas antigaspropores entre investimento e consumo. Em suma, as pessoas logorestabelecero as antigas propores, e a demanda vai se transferir dasordens superiores, onde estavam, para as ordens inferiores. Asindstrias de bens de capital vero que seus investimentos foramequivocados: que aquilo que eles julgaram lucrativo na verdade no ,
porque no h demanda de seus consumidores empreendedores. Asordens superiores de produo revelaram-se um desperdcio, e os mal-investimentos tm de ser liquidados. (ROTHBARD, 2012, p.54)
Como citado por Rothbard, essa reestruturao no advinda de aumento de
poupana, mas sim por expanso monetria, o que gera uma srie de consequncias.
Inicialmente, teremos um conflito de demanda por insumos de produo por
parte dos empresrios nas diferentes etapas do processo de produo. Haver, por
12Com um aumento da oferta para investimentos haver uma reduo das taxas de juro.
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exemplo, uma presso para aumento de preos e dos salrios, j que agora haver maior
demanda nos primeiros estgios. Se o prolongamento fosse baseado em
poupana/investimento, haveria uma abdicao por parte da sociedade ao consumo
(estariam poupando), porm, no o caso; mantendo-se os nveis de consumo e o
aumento de projetos distantes, haver um cabo de guerra pelos fatores de produo,
como, por exemplo, trabalhadores (remunerados por salrios) o que intensificar o
aumento de preos.
Teremos, num segundo momento, um provvel cenrio prejudicial aos projetos
de longo prazo recm iniciados. Durante o cabo de guerra citado anteriormente, tende
a prevalecer as empresas mais estruturadas e com maior demanda. Como vimos, nohouve mudanas de preferncias pelos consumidores, portanto, h uma tendncia das
empresas de bens de consumo que apresentam demanda real- se sobreporem s
empresas de bens de capitalque possivelmente viro seus produtos13sem apresentar a
demanda que imaginavam.
H, tambm, um segundo cenrio que talvez seja ainda mais prejudicial: a
probabilidade desses novos projetos no chegarem ao fim. Como no houve poupana,
e toda a mudana creditcia se deu somente por manipulao de Bancos Centrais, muito
provavelmente isso ter como consequncia um aumento posterior das taxas de juros, o
que far com que muitos projetos deixem de ser viveis. Caso o projeto no tenha se
encerrado, diante da nova situao, o empresrio poder se deparar com um TIR14no
mais atraente, parcelas de emprstimos mais altas (caso sejam ps fixados), uma
demanda projetada menor, entre outros. Em uma situao como essa, muito vezes o
projeto abandonado, o que implica em um enorme desperdcio de capital, que poderia
ter sido utilizado em outros projetos caso no houvesse a manipulao inicial de juros.
Hoje a maioria das economias vive em uma economia dinmica com bolsas de
valores e vrios produtos financeiros, como aes, debntures e derivativos. Durante o
perodo de realocao de capital na estrutura de produo notaremos tambm o boomno
comportamento dos preos desses produtos. Haver uma valorizao de empresas e
13Considerando aqui que os investimentos foram maturados.14 TIR (taxa interna de retorno), eminglsIRR (Internal Rate of Return), uma taxa de desconto
hipottica que, quando aplicada a um fluxo de caixa, faz com que os valores das despesas, trazidos aovalor presente, seja igual aos valores dos retornos dos investimentos, tambm trazidos ao valor presente.Essa deve ser comparada a taxa mnima de atratividade normalmente a taxa bsica da economiaparaanalisar-se a viabilidade do projeto.
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_inglesahttp://pt.wikipedia.org/wiki/IRRhttp://pt.wikipedia.org/wiki/IRRhttp://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_inglesa7/25/2019 A Teoria Austraca dos Ciclos Econmicos - Lucas Losnak Harris.pdf
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setores distantes do consumo final, no valor das commodities negociadas no mercado
futuro, em aes de empresas produtoras de bens de capital, etc..
Portanto, supondo que os novos projetos sejam de fato do interesse dapopulao e que haver demanda para eles15, observaremos um problema temporal no
processo como um todo. Todo o resultado dessa nova alocao de capital levar um
tempo para ser concludo, porm, os insumos disponveis continuam os mesmo at l, j
que ainda no houve uma maior produo nem um aumento ou melhoria de qualidade
na mo de obra; no entanto, as novas demandas passaro a existir momentaneamente.
Esse um dos pontos cruciais para a compreenso da TACE e o que a difere de muitas
outras teorias que ignoram o tempo.A maior demanda por trabalho resultar em mais trabalhadores empregados e
uma demanda maior e/ou um aumento nos salrios. Essa maior demanda
necessariamente pressionar os preos da economia, uma vez que i) no houve um
aumento na quantidade de bens de consumo, ii) muito possivelmente houve uma
realocao de trabalhadores que antes contribuam para a produo de bens de consumo
para a produo de bens em estgios mais distantes e iii) os projetos que se iniciaram e
que poderiam vir a baratear o bem final ainda no foram concludos.
No h, portanto, um comportamento prvio de maior poupana que resultou
em uma diminuio nas taxas de juros, e o aquecimento gerado nos setores mais
distantes do consumo final propiciar mais condies a uma parcela significativa que
deseja consumir como antes ou at mesmo mais; porm, houve um sobreinvestimento
em bens de capital e um subinvestimento em bens de consumo.
O novo cenrio necessariamente ser inflacionrio por presses de demanda e
maior oferta de moeda (desvalorizao).
1.6 - Ciclo econmicoa correo
Em algum momento haver interrupo do crdito farto a baixas taxas de juros,
seja porque a inflao est atingindo nveis inaceitveis (tanto para o governo quanto
para sociedade) ou porque os bancos esto demasiadamente expostos ao risco de
15Sem poupana prvia para que esses investimentos ocorressem.
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inadimplncia. Haver uma diminuio da expanso de crdito por parte das instituies
financeiras ou at mesmo uma poltica monetria contracionista ser adotada, resultando
numa esterilizao monetria. Esse momento depender de tolerncia dos cidados
quanto inflao, dos polticos e planejadores econmicos e dos prprios bancos.
Parte dos empreendimentos criados no momento do boom tornar-se-o
inviveis a taxas de juros mais altas. Empresas endividadas em juros ps fixados tero
dificuldades para honrar suas dvidas, o valor atual (valor presente lquido) de diversos
projetos passaro a ser negativosisto , inviveis- com a nova taxa de juros, os fluxos
deixaro de ser o que se imaginava, uma vez que haver menos consumo, maior
poupana e parte da demanda prevista desaparecer. Haver um aumento na taxa dedesemprego, principalmente nos setores que envolvem projetos mais longos e mais
distantes do consumo final16e o preo de muitos bens sero menores do que antes. De
acordo com Mises:
Many enterprises or business endeavors which had beenlaunched thanks to the artificial lowering of the interest rate, andwhich had been sustained thank to the equally artificial increase ofprices, no longer appears enterprises back their scale of operation,others close down or fail. (MISES, 2001, p.35)
O incio e a proporo do bust so difceis de serem previstos, porm, sabemos
que projetos distantes sero os mais afetados, havendo tambm consequncias para
outros mercados. Projetos ruinosos tendero a ser abandonados ou usados de maneira
mais eficiente, com o setor de bens de capital (ordem superior) sendo muito afetado,
mas tambm haver efeitos em terras, mercado de trabalho, construo civil, aes, etc..
Oppers, indica alguns setores que certamente sero afetados:
[]the shortages of consumer goods will force an increasein the price of current consumption goods relative to futureconsumption goods, which correspond to a rise in the market interestrate. Such a rise would get firms in trouble: they had invested in longproduction process on the basis of lower interest rates, and the rises inrates would make these processes unprofitable, because of highercarrying costs. Firms profits would fall, labor demand would shrink,and households would decline. A recession ensues, during whichfirms undertake a process of restructuring effort has been completely.
(OPPERS, online, 2002)
16Exatamente os que foram mais beneficiados com a reduo artificial das taxas de juros.
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No momento em que surgir o incio da recesso, convencionalmente proposto
por muitos uma nova rodada de expanso monetria e juros baixos, no entanto, os
economistas austracos rejeitam esse posicionamento, pois, acreditam que seria como
repetir o erro e somente postergar a necessria recesso tornando-a ainda mais grave
no futuro, j que a desestruturao ser ainda maior. Se nada for feito, esse momento
ser de correes, em que os maus investimentos sero corrigidos, e caso no haja uma
interveno, em breve os mercados podero voltar a atuar normalmente.
Sobre a concepo de crise como uma correo, Rothbard explica:
[...]the depression is then seen as the necessary and healthy phase bywhich the market economy sloughs off and liquidates the unsound,uneconomic investments that are truly desired the consumers. Thedepression is the painful but necessary process by which the free marketslough off the excesses and errors of the boom and reestablishes the marketeconomy in its function of efficient service to the mass of consumers. Sinceprices of factors of productions have been bid too high in the boom, thismeans that prices of labor and goods in theses capital goods industries mustbe allowed to fall until proper market relations are resumed. (ROTHBARD,2001, p.85)
Como pde ser compreendido ao longo do captulo, o momento de expanso
creditcia e baixa taxa de juros causou uma reestruturao do processo produtivo queno condizente com o desejo dos consumidores. Logo, a recesso/bust/depresso
vista pelos economistas austracos no como algo que deva ser combatido, mas como
um processo pelo qual a economia se ajusta aps equvocos e desperdcios causados
anteriormente; essa correo, por mais dura que seja, a nica forma de se voltar
normalidade de produo, de acordo com o desejo dos consumidores.
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CAPTULO 2: A TEORIA MACROECONMICA DE CAPITAL EOS CICLOS ECONMICOS
2.1 - Introduo
Nesse captulo faremos uma breve anlise das contribuies macroeconmicas
de diversas escolas ao longo da segunda metade do sculo XX e, posteriormente, ser
exposto a Macroeconomia baseada na Teoria de Capital uma abordagem austraca
cujo intuito aproximar-se da Macroeconomia tradicional.
2.2 - Um breve relato das contribuies Macroeconmicas das Escolas
Econmicas que predominaram na segunda metade do sculo XX
Durante a dcada de 50 e 60 a Escola Keynesiana representava a anlisepredominante na Cincia Econmica, apoiando-se, principalmente, nas curvas IS-LM,
criada por John Hicks e Alvim Hasen. Essa pode ser representada graficamente como:
Figura 2.1: Curva IS-LM (KLAMER, 1988, p.3)
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Onde o eixo vertical representa a taxa de juros e o eixo horizontal o
Produto/Oferta Real/Renda. A curva IS Investment/Saving-representa o lado real da
economia, agregando consumo, investimento e despesas do governo. J a curva LM
Liquidity Preference / Money Supply- representa o lado financeiro.
Nota-se que, a partir desse modelo, vrios pontos de equilbrio so possveis de
serem encontrados. Mudanas podem decorrer a partir de uma variao da curva IS ou
da curva LM e, normalmente, uma variao em uma implica na variao de outra. Uma
poltica fiscal expansionista, por exemplo, desloca a curva IS para direita, o que resulta
num novo ponto de interseco, onde a taxa de juros mais alta. Porm, agora com uma
maior atividade, a demanda por dinheiro aumenta, o que resulta em uma poltica
monetria expansionista17, implicando em um novo ponto de equilbrio.
relevante ressaltar que a base para tal representao a preferncia pela
liquidez, conceito muito enfatizado por Keynes.
Em 1950 foi criado, tambm a partir da anlise Keynesiana, um grfico que
ocuparia muitas das discusses econmicas que viriam posteriormente: a curva de
Phillips:
Figura 2.2: Curva de Phillips (KLAMER, 1988, p.4)
17Caso contrrio, os juros se elevariam e suas consequncias poderiam ser conflitantes com o objetivo da
poltica fiscal.
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Na curva de Phillips notamos a relao inversa da varivel Taxa de Inflao,
representada pelo eixo vertical, e o Desemprego, representado no eixo horizontal. Ou
seja, se o desemprego diminuir, veremos um aumento da Inflao e se o desemprego
aumentar haver uma queda na taxa de inflao.
Nos dois grficos expostos, muito utilizados por economistas keynesianos, fica
claro o que os diferem de Keynes: a recorrncia Microeconomia neoclssica. Sua
consequncia foi um maior enfoque na tica da oferta da Economia (enquanto Keynes
foca a demanda), principalmente na Curva de Phillips e sua relao com o Mercado de
Trabalho. A abordagem matemtica tambm foi adaptada.
Para validar a teoria da Curva de Phillips, necessrio considerarmos que o
mercado de trabalho est em desequilbrio. Desta forma, um excesso de procura de mo
de obra seria responsvel pela elevao das taxas de salrio, o que resultaria em altos
preos. No entanto, algumas crticas surgiram a tal pressuposto, entre ela: i) o
desequilbrio no deve apenas existir, mas deve persistir para tornar vlida a
representao e ii) no to claro como a procura de mo de obra pode coexistir com
desemprego, que denota um excesso de mo de obra. (KLAMER, 1988, p.5)
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Como justificativa, incorpora-se a hiptese de imperfeies de mercado, como
falta de informao, heterogeneidade de trabalhadores e descompasso entre
qualificaes necessrias e disponveis. A persistncia constante do desequilbrio
enfrentada como consequncia da rigidez de salrios nominais18, que impedem o
equilbrio no mercado de trabalho.
Essa hegemonia durou at a dcada de 1970, quando houve a conhecida
estagflao, perodo com altas taxas de inflao e desemprego, uma realidade
impossvel quando adotamos somente a Curva de Phillips. Nesse cenrio, quatro outras
escolas recebem destaque: A Marxista,com nomes como Paus Sweezy; a Ps
Keynesiana, com representantes como Joan Robinson; a Monetarista, cujo principal
terico Milton Friedman; a Escola das Expectativas Racionais, desenvolvida por
Robert Lucas. Dentre as citadas, as duas ltimas so a que obtiveram maior repercusso,
portanto, sero rapidamente detalhadas.
Segundo os monetaristas, apesar da moeda ser neutra, ela pode causar ciclos
em funo do efeito de seus saldos reais19. Quando h um aumento na quantidade de
moeda (curva LM para direita), os indivduos elevam seus gastos (curva IS para direita),
e o produto cresce. No entanto, esse o efeito somente de curto prazo. No longo prazo
h um ajuste no mercado, logo, os preos sobem, os gastos idem e os saldos voltam a
cair. Assim, a nica variao que se manteve foi no nvel de preos, que aumentou; o
que implica em uma curva LM vertical.
Para os Monetaristas, a curva de Phillips instvel porque os governantes
querem diminuir o desemprego e, para isso, optam por uma poltica expansionista,
resultando no aumento da produo e de preos. Inicialmente os trabalhadores creem
que o aumento de preos temporrio e no ajustam suas expectativas em relao ao
preo, e so induzidos a trabalhar mais, mesmo com um salrio real vigente no
justificando a maior disposio para o trabalho. Os empregadores, ao obterem preos
mais elevados sem precisar pagar salrios mais altos, aumentam a procura por mo de
obra. Essa fase ser temporria, pois logo os trabalhadores comearo a ajustar suas
18Normalmente, esses so previamente acordados em contrato por um dado perodo.
19Volume de moeda em poder do pblico dividido pelo ndice de preo. Ou seja, a riqueza pblica.
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expectativas e exigir salrios mais elevados. No longo prazo as expectativas alcanaro
o nvel efetivo de preos e restauraro a situao clssica de equilbrio no longo prazo.
(KLAMER, 1988, p.5)
Na viso Monetarista o desequilbrio seria algo temporrio e as expectativas
adaptativas, e no os preos rgidos, so as causas dessa situao. Trabalhadores s so
iludidos no curto prazo e, uma vez que suas expectativas se adaptaram novamente, a
taxa de desemprego tender novamente a sua taxa natural outra questo de grande
relevncia na tese Monetarista.
A Escola das Expectativas Racionais, que tambm recebe o nome de Nova
Economia Clssica em funo de suas concluses de que a moeda neutra e a polticaeconmica ineficaz, tambm foi muito relevante no debate econmico. Primeiramente
John Muth iniciou algumas referncias na dcada de 60, afirmado que a expectativa
tima num determinado momento, dadas as informaes do futuro disponveis naquele
instante. No entanto, quem mais desenvolveu a teoria foi Robert Lucas.
Enfatizando o lado da Oferta (mercado de trabalho), e no da demanda (IS-LM),
o modelo desenvolvido consolida o curto e o longo prazo na explicao monetarista e
reestabelece a proposio clssica de neutralidade da moeda. A curva AS (oferta)
ajusta-se imediatamente a alterao da Demanda (curva AD), os trabalhadores so
racionais e sabem, desde logo, de que modo uma variao de AD afetar seu salrio
real. Consequentemente, o efeito de tal alterao inexistente, e o resultado vale mesmo
para o curto prazo. Esse resultado indica que o produto encontra-se em seu nvel natural
em todos os momentos, mas isso claramente no ocorre, o que implica num desafio
teoria, pois, alguns creem que esta variao o que gera os ciclos econmicos. Deve-se
deixar claro, porm, que indivduos tm informaes limitadas, e erros so inevitveis.
Esse erro explica o porqu da curva AS ser ascendente e o porqu a curva AS nem
sempre se ajusta imediatamente, como ocorre no diagrama que veremos frente. Assim,
desvios do produto real em relao ao seu nvel natural so possveis e o peso recai
sobre a explicao do comportamento da curva AS. . (KLAMER, 1988, p.12)
Para os Novos Clssicos o Produto Ofertado determinado pelo progresso
tecnolgico e pelo crescimento da populao, sendo determinado tambm pelo Produto
no perodo anterior e, talvez o mais importante, pelo erro de previso no nvel de preos.
Lucas deu grande foco informao imperfeita e incerteza exemplificando pelo
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conhecido problema das ilhas e sua falta de informao das demais, criando um
descompasso entre preos realizados e esperados. Ou seja, as expectativas so racionais
e os agentes tomam decises racionais, porm, as restries quanto s informaes
disponveis e incerteza so suficientes para explicar a curva de Phillips e os ciclos
econmicos sem fazer referncias a fatores de desequilbrios, como salrios rgidos e
expectativas adaptativas.
Pode-se resumir as principais relaes entre Demanda Agregada (AD) e Oferta
(AS) nos grficos a seguir:
Figura 2.3: Grficos AS/AD conforme as respectivas Escolas. (KLAMER, 1988,
p.17)
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2.3 - A macroeconomia baseada na teoria de capital - a anlise da escola
austraca
Conforme apresentadas, as tradicionais Escolas de pensamento econmico
enfatizam em suas anlises o trabalho e a moeda, no entanto, diferente da anlise da
Escola Austraca, nenhuma delas oferece um estudo criterioso da estrutura de capital.
Baseando-se na subjetividade aplicada ao valor e as expectativas, e no individualismo
metodolgico com nfase na diferena dos indivduosdiferena essa que se mostra no
tratamento de bens que se d no mercado a partir de seu complexo processo-,
analisaremos a Macroeconomia a partir de uma tica diferente que trar uma reflexo
alternativa sobre os ciclos econmicos.
Como vimos anteriormente, a Macroeconomia convencional utiliza-se muito
de agregados em todas as esferas, e o mais prximo que chega da anlise de indivduos
a partir de um agente representativo. No alicerce da Macroeconomia baseado na
Teoria de Capital o foca ser em empreendedores operando em diferentes estgios de
produo e tomando decises a partir de seus prprios conhecimentos, palpites e
expectativas, informados pelos preos, salrios e taxa de juros. Em conjunto, as
decises desses empreendedores resultaro em alocaes particulares de recursos ao
longo do tempo. Nessa anlise, a concretizao do tempo e do dinheiro resultar na
estrutura intertemporal de capital.
Os instrumentos grficos que utilizaremos para aproximar a Teoria Austraca
das demais sero: o grfico de fundos para emprstimos, o grfico das fronteiras de
possibilidade e a estrutura intertemporal de produo, sendo o ltimo exclusivo da
Macroeconomia baseada na Teoria de Capital.
2.3.1 - Mercado para fundo de emprstimos
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O mercado de oferta de recursos, que representa a disposio dos agentes a
emprestarem a diferentes taxas de juros e a demanda por estes recursos, pode ser
representado pela figura:
Figura 2.4: Equilbrio entre agentes deficitrios e superavitrios
Na utilizao desse modelo, partiremos de duas premissas: i) Emprstimos ao
consumidor so disponibilizados pelo lado da oferta desse mercado, ou seja, cada
quantia de emprstimos ao consumidor representa uma economia por parte da credora.
Desta forma assumiremos que a poupana ser disponibilizada aos empreendedores para
financiar investimentos, e essa poupana oriunda de diversos agentes econmicos, i.e,
famlias, governos e poupana externa20; e ii) Apesar de excluir o crdito para consumo,
o crdito e os emprstimos representados na oferta e demanda de fundos emprestveis
so ampliados para incluir os lucros acumulados e de poupana na forma de compra de
aes. (GARRISON, 2004, p.37)
20As concepes de entesouramento e preferncia pela liquidez so compatveis com o modelo, porm,
no so de grande relevncia aqui.
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A taxa de juros de equilbrio nada mais do que a taxa de equilbrio de trocas
intertemporais, que se manifesta no mercado de emprstimos. O mercado de fundos de
emprstimos, no entanto, merece ateno especial. A manifestao mais direta e
evidente de troca intertemporal, a taxa de emprstimo que apura esse mercado,
fundamental para traduzir as preferncias intertemporais de consumo dos assalariados e
os planos de produo intertemporais da comunidade empresarial.
vlido ressaltar que para a Economia Austraca, o objetivo de um agente
poupar acumular um poder para exercer futuramente. Desta forma, uma poupana no
presente resultar em um consumo futuro.
2.3.2 - Fronteiras de possibilidade de produo (FPP)
Conhecida na literatura econmica, a Fronteira de Possibilidade de Produo nos mostrauma produo de dois bens e, por serem limitados, qual o trade-off entre eles nasescolhas de produo. Para nossa anlise, usaremos a mesma estrutura, porm, ao invs
de trabalharmos com dois bens especficos, trabalharemos com bens de capital e bens deconsumo.
Figura 2.5: Fronteira de Possibilidade de Produo
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Como podemos observar, caso estejamos numa situao esttica, s possvel
modificar o quanto produziremos de cada bem, uma vez que tudo mais est constante.
No entanto, caso haja uma expanso ou retrao da economia, a curva de Fronteiras de
Produo poder se deslocar para direita ou para esquerda, representando a evoluo
econmica. O que ir determinar o seu comportamento ser a taxa de investimentos.
Figura 2.6: Comportamento da Curva de Fronteiras de Produo (GARRISON,
2001,p.43)
De acordo com Iorio, sobre os grficos acima:
O investimento medido em termos brutos (manuteno eexpanso de capital). Em algum ponto da FPP denominado de"ponto de estacionamento" ou "no-growth") o investimento brutoser igual ao montante para cobrir a depreciao, sem investimentolquido, isto , teremos uma economia estacionria. interessanteobservarmos que, no grfico, direita do ponto de no-growth ocorreexpanso da FPP (maior eficincia) e sua esquerda uma contraoda FPP (perda de eficincia). (IORIO, 2010, p.183)
2.3.3 - A estrutura intertemporal de produo
Recebendo grande foco somente na Teoria Macroeconmica da Estrutura de
Capital, este modelo auxiliar a compreenso da relao entre o bem final (ou bem de
consumo) e a produo durante seu processo, considerando o tempo e suas etapas. O
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modelo tambm conhecido como os Tringulos de Hayek, e considerado uma
aprimorao do que havia previamente sido desenvolvido por Bohm-Bawerka mosca
de alvo bawerkiana.
Em sua anlise estrita, o modelo uma produo continua e imediato consumo
(continuous-input/point output). O eixo horizontal mostra o tempo de produo e a
evoluo do produto conforme os seus estgios. O eixo vertical estima o valor do bem
produzido conforme sua evoluo no processo, podendo ser compreendido tambm
como sua agregao de valor. A inclinao da hipotenusa representada pela taxa de
juros.
No exemplo, mostraremos a dimenso de valor e a dimenso de tempo para umproduto que se inicia na minerao e evolui at o varejo. Utilizaremos poucos estgios
de produo a fim de facilitar a compreenso.
Figura 2.7: Tringulo Hayekiano de Produo (GARRISON, 2001, p.47)
No exemplo, deve ficar claro que a imagem no s mostra o bem evoluindo
conforme seu processo de produo, mas tambm o fato de que os diferentes estgios de
produo existentes em cada momento visam o consumo em diferentes momentos do
futuro.
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Diferentes desdobramentos quanto ao processe produtivo e consumo final so
possveis, como consumo no instantneo (continuous input / continuous output) .
Nessa situao inicialmente analisada por William Jevons, o grfico teria o cateto
horizontal com um grau de declividade. Outra alternativa seria uma a combinao de
produo e consumo instantneto (point-input/point output), porm, o relevante
compreender que em todos os modelos a inclinao ser reflexo da taxa de juros.
(IORIO, 2012, p.189)
Os trs modelos interligados, quando analisados juntos e em equilbrio, sero
apresentados da seguinte forma:
Figura 2.8: Equilbrio no processo produtivo
A figura acima resume o funcionamento de uma economia privada ou uma
economia com o oramento pblico includa no balano e como os trs grficos esto
interligados. Nota-se como a declividade da hipotenusa do tringulo de Hayek reflete a
taxa de juros de equilbrio no mercado. Pode-se concluir tambm que numa produo
contnua (continuousinput construction), a hipotenusa mostrar no s a taxa de juros,
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mas tambm que a cada estgio da produo parcialmente atribudo aos insumos que
so adicionados naquele momento e parcialmente atribudos mudana temporal da
proximidade do produto final.
Na situao acima observamos a economia em seu nvel natural. Ou seja, os
investimentos so apenas suficientes para compensar a depreciao do capital; o
consumo mantm-se no mesmo nvel e a poupana suficiente para financiar o
investimento bruto.
Antes de discutirmos a respeito do crescimento econmico e sua diferena entre
um modelo de boome bust, devemos detalhar um pouco sobre o modelo proposto:
No h definies sobre o mercado monetrio, pois, a Escola Austraca v a
moeda como uma junta frouxa (loose joint), conforme foi previamente explicada no
captulo 1. Apesar de no ser explcita, a ideia de moeda est em todos os grficos e,
posteriormente, analisaremos como a poltica monetria afeta a economia real,
distorcendo a poupana, consumo, investimento e o tempo de produo.
No h referncias sobre o nvel de preo. Apesar da Escola Austraca no
desconsiderar a essncia da teoria quantitativa da moeda a inflao no longo prazo um fenmeno monetrio-, foca-se no fato de que a alocao intertemporal
influenciada principalmente por variaes nos preos relativos dentro da estrutura de
capital, e no somente no nvel de preos. Desta forma entende-se o porqu a moeda
no neutra.
No que se refere inflao como sendo um fenmeno monetrio, entende-se que
uma determinada criao de moeda no ser igualmente dividida entre a populao 21,
mas sim ser destinada a um determinado setor. Esse receber a moeda e conforme for
gastando ir gerar inflao gradualmente, fazendo com que os ltimos a receb-los
sejam os mais prejudicados em funo do aumento de preos. Hayek exemplifica o
fenmeno fazendo uma analogia a uma quantidade de mel derramada no centro de um
pires e esse vai espalhando-se para as laterais (HAYEK, 2011, p.43).
2.4- Crescimento econmico
21Exemplificado por Friedman pelo helicptero distribuindo notas.
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2.4.1 - Crescimento secular
O modelo de crescimento secular representa o crescimento advindo de umaumento de renda, que resulta num aumento da poupana e, consequentemente, doinvestimento bruto, em uma proporo em que as taxas de juro no se alterem. Ou seja,no est relacionado a avanos tecnolgicos, variaes nas preferncias intertemporaisou polticas. Conforme observa Iorio:
Se a taxa de juros permanece constante, as hipotenusas dostringulos de Hayek so paralelas, isto , a taxa de juros aloca recursosentre os estgios de modo a alterar o tamanho, mas no osprofitsintertemporais da estrutura de capital. E o que dizer sobre a moeda eo nvel geral de preos? Se MV=PY (em que M o estoque demoeda, V a sua "velocidade", P o "nvel geral de preos" e Y o "PIB"real) dados M e V, como preconiza a verso de Irving Fisher da teoriaquantitativa da moeda, como C (consumo) e I (investimento)aumentam (C + I = Y), isso significa que o nvel geral de preos devecair. o caso conhecido como deflao secular. (IORIO, 2012,p.192)
Em uma economia em crescimento secular, o equilbrio costuma requerer
preos e salrios mais baixos; e esses ajustamentos nos preos e salrios se do nos
mercados particulares em que o crescimento em si ocorre. O resultado que a mdia
dos preos cai.
De acordo com a ltima figura, em que os trs grficos encontravam-se emequilbrio, podemos ilustrar como se daria esse crescimento, em que no haveria
mudana na preferncia dos agentes e nem nas taxas de juros. Assim, o modelo de
crescimento secular poder ser representado da seguinte forma:
Figura 2.9: Crescimento Secular (GARRISON, 2001, p.54)
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Notamos, portanto, um aumento de poupana e da demanda por emprstimos, sem
alterao na taxa bsica de juros. Isso desloca a curva de fronteiras de possibilidade de
produo para direita o que significa uma expanso- e torna a estrutura intertemporalde produo mais longa, representando assim um crescimento econmico.
2.4.2 - Mudanas nas preferncias intertemporais
Quando supomos que, por algum motivo, h uma mudana na preferncia dos
indivduos em uma sociedade, isso levar a uma mudana na estrutura de capital; essa
mudana pode refletir em uma maior poupana ou em um maior desejo por consumo
imediato. Diferente de Keynes, que acredita que um consumo menor no presente
resultar em um consumo menor tambm no futuro, a Macroeconomia baseada na
Estrutura de Capital cr que no momento em que uma pessoa poupa, essa almeja
consumir mais no futuro. Desta forma, economiza-se com um objetivo futuro.
A reestruturao de todo o processo produtivo dar-se- por trs motivos: i) um
aumento na poupana aumentaria os recursos disponveis para emprstimos; ii) dado o
menor consumo, o trabalho nos setores relacionados a este seriam menos demandados e
iii) os investimentos que tornar-se-iam atrativos, dada uma menor taxa de juros, seriam
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os mais distantes do consumo, uma vez que o trabalho valorado a partir de uma taxa
descontada. Assim, setores que produzem, por exemplo, bens de capital, teriam grandes
estmulos.
Nota-se, portanto, que quando analisamos a dinmica de trabalho, ele tende a
ser menos demandado nos setores relacionados a consumo, o que gera um menor
salrio, e mais demandado nos setores relacionados a investimento, com tendncias de
aumentos de salrio. No longo prazo, a substituio tenderia a um novo equilbrio.
Vejamos o comportamento grfico dado um aumento da poupana em um
primeiro momento:
Figura 2.10: Crescimento baseado em mudanas nas preferncias temporais
(GARRISON, 2001, p.69)
No grfico observamos um aumento de recursos disponveis para emprstimos
faria com que um novo ponto de equilbrio fosse estabelecido, a uma taxa bsica de
juros menor do que anteriormente. Essa nova taxa de juros faria com que o ponto deequilbrio no grfico de fronteiras de possibilidade de produo se deslocasse para
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direita, aumentando a proporo de investimentos e diminuindo a de consumo. Por
ltimo, notamos um alongamento da estrutura intertemporal de produo e, ao mesmo
tempo, uma diminuio na produo de bens de consumo.
Observamos agora como se daria um crescimento contnuo a partir da poupana:
Figura 2.11: Crescimento baseado em poupana (GARRISON, online, 2003)
Conforme Roger Garrison explica:
Resources are bid away from late stages of production, wheredemand is weak because of the currently low consumption, and intoearly stages, where demand is strong because of the lower rate ofinterest. That is, if the marginal increment of investment in early
stages was just worthwhile, given the costs of borrowing, thenadditional increments will be seen as worth-while, given the new,lower costs of borrowing. While many firms are simply reacting to thespread between their output prices and the input prices in the light ofthe reduced costs of borrowing, the general pattern of intertemporalrestructuring is consistent with anticipation of a strengthened futuredemand for consumption goods made by the increased saving.(GARRISON, 2001, p.63)
Ou seja, a poupana no s ir causar uma reestruturao da produo em
funo dos custos empresariais mais baixos, consequncia das taxas de juros menores,
mas tambm estar sinalizando que futuramente haver um novo padro social de
consumo que dever ser atendido.
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2.5- A teoria austraca dos ciclos econmicos
Com respaldo do que foi previamente exposto, faremos agora uma distino do
que iremos definir como crescimento genuno a base de poupana e crescimento
oriundo de manipulaes das autoridades monetrias. O ltimo representa exatamente o
boomque antecede o bust, caracterizando assim o ciclo econmico.
vlido ressaltar que nessa abordagem, o ciclo tem inicio numa manipulao
monetria, mas no necessariamente pela quantidade de moeda, mas tambm pelos
sinais que os juros provenientes dessa iriam transmitir; h, portanto, uma relevncia de
como ser o ponto de entrada dessa nova moeda. De acordo com Iorio:
Na ABCT (Austrian Business Cycle Theory), o impulso amoeda, via variaes nos preos relativos afetando a estrutura deproduo, e esse impulso provocado pela caractersticade looseness (frouxido) inerente s trocas indiretas; a propagao constituda pelos efeitos dessas alteraes nos preos relativos sobre osetor real da economia. (IORIO, 2012, p.192)
Em nossa anlise grfica simplificada, independente da forma como for feita a
manipulao por parte da autoridade monetria22, o crdito criado estar representado
no grfico de oferta de fundos.
Figura 2.12: Distores monetrias e suas consequncias (IORIO, 2012, p.198)
22A manipulao pode se dar por redesconto, operaes no mercado aberto ou compulsrio.
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Inicialmente, verificamos que a expanso do crdito ir reduzir a taxa bsica de
juros, o que far com que haja uma diminuio da poupana e um aumento do
investimento; consequentemente, haver um deslocamento para direita do FPP. No
entanto, uma queda na poupana implica em um aumento do consumo, o que leva a um
deslocamento para cima da FPP. Diante desta situao, haver um fenmeno de
excessiva produo em ambas as categorias. Chamaremos os dois fenmenos
resultantes do aumento de crdito de sobre consumo23 e poupana forada24 A
poupana forada resultar em investimentos que s so viveis em funo da baixa
taxa de juros e, como j explicado, esses tendem a se dar nas etapas mais distantes do
consumo final. Esses empreendimentos, sero chamados de malinvestments.
Essa situao sustentvel por um perodo, porm, logo haver um cabo de
guerra entre consumidores e investidores por recursos escassos, entre eles, mo de obra.
Os setores mais prejudicados sero os que ficam no meio da estrutura de produo; o
que ser uma fora no desequilbrio da nova estrutura. De acordo com Garrison:
23Aumento do consumo advindo da queda da taxa de juros.
24Crdito disponibilizado s empresas sem respaldo de poupana prvia.
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For a time, increased consumption and increased investmenthave their separate effects. The economy moves beyond its PPF and ischaracterized by an unsustainable level of output.
There is an investment bias in the allocation of resources,however, because of the artificially low interest rate. The tug-of-war ispartially won by investors if only because they have more pull, thenew money having come to them through credit markets.25(GARRISON, online, 2003)
A situao acima descrita, inevitavelmente gerar uma presso inflacionria, e em
algum momento as taxas de juro tero de ser elevadas. Muitos investimentos deixaro
de ser rentveis e projetos sero abandonados - principalmente aqueles que estavam
endividados a taxas de juros ps fixadas; o desemprego nesse setor aumentar, e haver
ociosidade no s de trabalho como tambm de capital. Haver um reflexo na renda,
que por sua vez diminuir os gastos. Dar-se- incio ao bust! A situao agora ser
caracterizada pela presena de deflao consequente dos malinvestments, o qual Hayek
chamou despiraling downward. Conforme Iorio explica:
No h nada que possa prevenir a espiral decrescente depois
que a trajetria de ajustamento cruza a FPP: as rendas e os gastoscaem, o que leva a economia para dentro da FPP. Isto ainda seagravar se a oferta e a demanda de fundos se deslocarem para aesquerda, o que pode acontecer se os poupadores desejarem ficar maislquidos e os investidores perderem a confiana na economia. Esseaumento na "preferncia pela liquidez" no psicolgico, comosustentava Keynes na Teoria Geral: simples averso ao risco!(IORIO, 2012, p.199)
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CAPTULO 3: CRISE 2008 E A TEORIA AUSTRACA DOS
CICLOS ECONMICOS 26
3.1 - Introduo
A crise mundial iniciou-se em 2007, no setor imobilirio norte americano e,
posteriormente, veio a contaminar todo o sistema financeiro. O valor dos imveis
vinham subindo rapidamente a atingiram seu ponto mximo por volta de 2005/2006.
Anteriormente notava-se um excesso de liquidez no sistema e as taxas de juros haviam
atingindo sua taxa mnima de um longo perodo; a populao estava altamenteendividada:
[]a broader trend of lowered lending standards andhigher-risk mortgage products. Further, U.S. households had becomeincreasingly indebted, with the ratio of debt todisposable personalincome rising from 77% in 1990 to 127% at the end of 2007, much ofthis increase mortgage-related. (THE ECONOMIST, online, 2008)
Pessoas que tinham como objetivo adquirir seu primeiro imvel aproveitarampara financiar suas casas a taxas de juros extremamente baixas27. Proprietrios
utilizavam seus atuais imveis para adquirir hipotecas; uma vez que os preos vinham
ascendentes, sabia-se que era possvel, em pouco tempo, fazer uma nova hipoteca (com
valor do imvel mais alto) e ter um resultado financeiro na operao. Assim, partindo da
crena de que os imveis nunca se desvalorizam, esses se tornaram semelhantes a caixas
eletrnicos que eram recorridos quando proprietrios precisavam de dinheiro.
Essas hipotecas cujos principais credores eram os bancos, porm, haviam sido
transformadas em ttulos negociveis por securitizadoras e ento eram repassados a
investidores. Ou seja, eram ttulos lastreados em dvidas de hipotecas e forneciam uma
enorme liquidez ao sistema de emprstimos.
26Nesse captulo as sries histricas utilizadas encerram em julho de 2013.
27Ignorando o fato dos preos estarem historicamente altos.
https://en.wikipedia.org/wiki/Disposable_personal_incomehttps://en.wikipedia.org/wiki/Disposable_personal_incomehttps://en.wikipedia.org/wiki/Disposable_personal_incomehttps://en.wikipedia.org/wiki/Disposable_personal_income7/25/2019 A Teoria Austraca dos Ciclos Econmicos - Lucas Losnak Harris.pdf
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Esses ttulos, por sua vez, eram classificados pelas principais agncias de risco
do pas como sendo de altssima confiana, e estavam pulverizados no sistema
financeiro norte americano nas mais diferentes carteiras, como fundos de penso,
companhias de seguro, hedge funds etc.
No momento em que os preos dos imveis comearam a cair e as taxas de
juros estavam mais altas, muitos viram o pagamento das hipotecas como sendo
inviveis, optando pela venda da casa ou simplesmente a entrega desta para a o banco.
O resultado dessa maior oferta para venda foi acelerar e intensificar ainda mais a queda
dos preos; os credores viram suas receitas diminuir em funo de dificuldade dos
endividados em honrar as dvidas e muitas vezes recebiam as prprias garantias (que
agora valiam menos do que a dvida), causando, assim, uma enorme dificuldade para
que os direitos dos ttulos no mercado fossem honrados.
Com a diluio do valor desses ttulos, instituies viram seus ativos que
representava uma pequena parcela do seu passivo - diminuir significativamente e
iniciou-se um efeito domin que s teve a falncia generalizada evitada aps uma
grande interveno do governo, que injetou liquidez no sistema via Banco Central.
Inicialmente vimos o Bear Stearns, o quinto maior banco de investimentos do
mundo, vir prximo falncia; em poucos dias o Fed fez um emprstimos de US$30
bilhes ao J.P Morgan Chase para aquisio do primeiro.
Posteriormente as empresas semi estatais (government sponsored
enterprises) Fannie Mae e Freddie Mac apresentaram problemas de liquidez. Ambas
eram respo