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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº1223 Novembro/2013 João Câmara A riqueza musical do Amarelão Jovens da comunidade indígena encontraram na Orquestra do Amarelão sonhos e cultura para conviver no Semiárido potiguar. A orquestra do Amarelão é formada por jovens, com idades entre 13 e 19 anos, da comunidade rural indígena Mendonças do Amarelão, do município de João Câmara – RN. O grupo teve origem há dez anos, quando as/os integrantes ainda eram crianças. Através da dedicação da irmã Terezinha Galles, da Congregação Imaculado Coração de Maria. Na época, atuava no assentamento vizinho, Modelo II, a irmã Ildergardes Correia, que construiu um projeto, junto à Congregação, para realizar cursos de músicas. O projeto se estendeu ao Amarelão coordenado pela irmã Terezinha, que revela sua satisfação: «eu fico muito emocionada de conhecer todos eles criança e chegar ao ponto que eles estão agora. Todo esse caminho de dez anos. É muito tempo»! O grupo exemplifica a contradição da realidade semiárida: que enfatiza apenas a seca e a carência. « Quando eu começo a tocar, eu também toco violão, a pessoa se liberta. Tudo é muito bom. É maravilhoso»! Beatriz (19 anos). Apresentação no Encontro Territorial sobre Economia Solidária. A Orquestra na tradicional Festa da Castanha na comunidade. Além da Orquestra do Amarelão existe ainda na comunidade o grupo de artesanato de mulheres, a atuação do grupo Motyrum da UFRN, que atua com atividades pedagógicas, e o trabalho da Associação local através das dicussões sobre seu pertencimento indígena. Desta forma, o envolvimento dos jovens com atividades culturais se junta às tentativas de mostrar as belezas e experiências que dão certo no Semiárido.

A riqueza musical do Amarelão

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Page 1: A riqueza musical do Amarelão

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1223

Novembro/2013

João Câmara

A riqueza musical do Amarelão

Jovens da comunidade indígena encontraram na Orquestra do Amarelão sonhos e cultura para conviver no Semiárido potiguar.

A orquestra do Amarelão é formada por jovens, com idades entre 13 e 19 anos, da comunidade rural indígena Mendonças do Amarelão, do município de João Câmara – RN.

O grupo teve origem há dez anos, quando as/os integrantes ainda eram crianças. Através da dedicação da irmã Terezinha Galles, da Congregação Imaculado Coração de Maria. Na época, atuava no assentamento vizinho, Modelo II, a irmã I ldergardes Correia, que construiu um projeto, junto à Congregação, para realizar cursos de músicas. O projeto se estendeu ao Amarelão coordenado pela irmã Terezinha, que revela sua satisfação: «eu fico muito emocionada de conhecer todos eles criança e chegar ao ponto que eles estão agora. Todo esse caminho de dez anos. É muito tempo»! O grupo exemplifica a contradição da realidade semiárida: que enfatiza apenas a seca e a carência.

«Q u a n d o e u começo a tocar, eu também toco violão, a pessoa se liberta. Tudo é m u i t o b o m . É marav i lhoso»! Beatriz (19 anos).

Apresentação no Encontro Territorial sobre Economia Solidária.

A Orquestra na tradicional Festa da Castanha na comunidade.

Além da Orquestra do Amarelão existe ainda na comunidade o grupo de artesanato de mulheres, a atuação do

grupo Motyrum da UFRN, que atua com atividades pedagógicas, e o trabalho da Associação local através das

dicussões sobre seu pertencimento indígena. Desta forma, o envolvimento dos jovens com atividades culturais se junta às tentativas de mostrar as belezas e experiências que dão certo

no Semiárido.

Page 2: A riqueza musical do Amarelão

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte

Realização Patrocínio

A inspiração

Irmã Terezinha conta com orgulho que em 2003 (antes do projeto) ofereceu s e u v i o l ã o p a r a a s c r i a n ç a s d a comunidade, tendo se interessado pelo instrumento o garoto Fernando, que na época tinha 9 anos. O projeto iniciou com 4 violões e 16 flautas. Foram com estas flautas que crianças e adolescentes permaneceram longos anos. Atualmente, Fernando faz o curso de violão clássico pela UFRN, e já se apresentou em vários recitais, e também dá aulas de músicas para 25 crianças no assentamento Santa Terezinha.

O sonho realizado

Em 2012, a irmã Terezinha, junto à Associação Comunitária do Amarelão, e com apoio da Associação de Apoio as Comunidades do Campo (AACC/RN), conseguiu que o grupo fosse ampliado. Através do projeto submetido ao Banco do Nordeste (Mais Cultural), com o valor de R$ 50.000,00, por um ano, destinados a compra de instrumentos e pagamento do maestro Canindé Sena. Para ele «as pessoas aqui são divididas entre a música e o trabalho na função que exerce na família de contribuir», analisa.

Contrapondo a realidade

A comunidade está inserida na Região do Mato Grande, com apoio de d i ferentes o r g a n i z a ç õ e s g o v e r n a m e n t a i s e n ã o governamentais, permitindo, com isso, o acesso as diferentes políticas públicas relacionadas às questões indígenas e territoriais, por meio da participação no Fórum Microrregional da ASA (Articulação Semiárido Brasileiro), entre outros espaços de articulação. Nesse contexto, há uma particularidade na comunidade do Amarelão que precisa ser considerada: as crianças e adolescentes dividem o seu tempo entre a escola, a música e a atividade trabalho no de beneficiamento da castanha, existente na comunidade há aproximadamente 20 anos, envolvendo todas as famílias, sendo, inclusive, um tema de mídia local e nacional. Os aspectos abordados têm sido pauta de discussões na própria comunidade.

Irmã Terezinha e o orgulho da orquestra.

Grupo e dona Chiquinha, colaboradora da orquestra.

Ensaio com o Maestro Canindé Sena.

A orquestra ainda contribui com o repasse do conhecimento da música através das

aulas de flautas para 25 crianças, ministradas pela professora Beatriz dos

Santos, integrante da orquestra.