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7/29/2019 A PROPSITO DE ANJOS
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A PROPSITO DE ANJOS
RAUL DA FRANCA LEAL DE CARVALHO GUERREIRO
Nrtingen, Alemanha [email protected]
(Reviso de artigo publicado na revista Crescer, Lisboa, dez. 1995, pp. 47-51)
Para a maioria das pessoas, o problema dos anjos (do grego ggelos = mensageiro) reside
acima de tudo no fato de os mesmos serem "invisveis". Assim, contrariamente a uma
quantidade de coisas que chamamos modernamente de "realidade", eles no esto venda
nos supermercados, no se prestam para fazer negcios, no entram na poltica e tambm
no tomam parte em programas de televiso. Em resumo, para muita gente os anjos so
umas perfeitas inutilidades. Alm disso, preciso uma certa coragem para se falar de anjos a
srio e em pblico, no v algum se lembrar de chamar um psiquiatra...
OS ANJOS EXISTEM?
preciso aqui evitar logo partida um erro fundamental: entrar em discusses ou
altercaes acerca da questo absolutamente desinteressante do "existir ou no existir" dos
anjos. Seno, as pessoas se dividem entre descrentes ferrenhos ('no me venham com
histrias da carochinha, comigo o negcio ver para crer...') e crentes difusos ('no sei no,
sinto que tem a qualquer coisa mais sria... afinal, at est na bblia, no ?') e o resultado
que propriamente o assunto dos anjos fica colocado de lado.
tambm importante desmontar essa fantasia acerca da "invisibilidade" dos anjos, como se
isso fosse prova de que eles no existem. Afinal, h um monto de coisas neste mundo que
invisvel, mas ningum se preocupa em provar se existem ou no. Por exemplo (para no
falar de banalidades como o ar que respiramos ou o buraco na camada de ozono) tambm o
nosso pensar, sentir e querer, que so fundamento do nosso complexo existir humano e
no-animal, so to invisveis como os anjos. Igualmente invisvel uma declarao de amor
(e ao telefone, sem pele para tocar, fica ainda mais invisvel) ou uma palavra amiga proferida
num momento de aflio. Tambm invisvel a fora que nos sujeita a todos superfciedeste globo no espao sideral, no esquecendo que invisvel tambm a radioatividade de
Tschernobyl ou o sofrimento de uma me perante o seu filho abatido a tiro sada da escola
em qualquer canto do Kosovo. Se a gente fosse medir a realidade do mundo s na base do
que perceptvel atravs dos sentidos, ficaramos com um pobre mundo, feito apenas de
minerais mortos, plantas e animais -- com homens, mquinas, armas atmicas e
computadores mistura.
Podemos assim deixar para trs o bl-bl infantil do "acredito/no acredito" e avanar no
tema para colocar algumas questes bem mais interessantes: que espcie de existncia tmos anjos, quais so as suas tarefas e como que podemos chegar a contat-los?
mailto:%[email protected]:%[email protected]:%[email protected]7/29/2019 A PROPSITO DE ANJOS
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DE QUE SO FEITOS OS ANJOS?
Comparado com as nossas assim chamadas "faculdades superiores" o nosso corpo fsico
pode ser chamado, sem pejorativos, de veculo inferior da condio humana. O investigador
Rudolf Steiner sugeriu uma vez que podemos formar uma boa idia daquilo que no caso dosanjos veculo inferior, ou seja o seu "corpo", se tivermos em mente a vasta diversidade dos
elementos naturais que nos cercam, nas suas formas etricas mais delicadas: a neblina que
se ergue e se abate sobre campos e montanhas, a gua de uma fonte que irrompe de uma
rocha e se projeta fragorosamente num abismo, a portentosa descarga eltrica de um raio
cortando os ares, momentaneamente unindo o cu e a terra, ou ainda as massas de ar que
cruzam como vento o espao em todas as direes, etc.
Devemos assim ter em mente que os anjos pertencem a um vasto espao nocional que
como uma espcie de contrapartida existencial, no-sensorial, do nosso mundo sensorial.Por outras palavras, eles habitam na "outra metade" do mundo.
O problema dos atuais crentes da decadente Seita Universal da Matria (tambm apelidados
comumente de materialistas cientficos racionais) que, quando ouvem falar em "mundo
no-sensorial", costumam sentir um arrepio, comeando logo a fazer fogo com os canhes
da defesa costeira da massa cinzenta sob a calota craniana: "Devagar a minha gente -- se
no-sensorial, ento no d para sentir, e se no d para sentir, ento no existe, e se no
existe intil, e se intil pertence ao lixo".
Na verdade, para alm do complexo e fascinante "mundo real- material" acessvel nossa
instrumentao biolgica, a esfera do "no-sensorial" tambm um espao extremamente
real e denso da existncia superior intrnseca de qualquer ser humano. Afinal, nesse
domnio que esto presentes os nossos ideais, os nossos impulsos de vontade, os nossos
esforos de orientao da prpria vida e destino, etc.
O interessante no caso dos anjos que, pelo fato de eles prescindirem de um corpo
biolgico como o nosso, a sua constituio inferior ou "corpo", fica um degrau acima da
nossa. Eles evoluram para uma hierarquia logo acima do plano humano, onde tm
disposio possibilidades de incorporao na natureza ou na subconscincia humana. As
suas energias e qualidades so necessria e intrinsecamente diferentes daquelas que
vigoram para a assim chamada condio humana. As pessoas que sabem o que estar
intensamente expostas aos elementos (por exemplo, atravs de uma demorada excurso
pelas montanhas, de uma perigosa viagem martima ou de intenso trabalho em campo
aberto) conhecem muito bem esta experincia subtil, em que nos apercebemos
intuitivamente da presena nos elementos de foras para alm da realidade fsica que nos
cerca.
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AS HIERARQUIAS ESQUECIDAS
A classificao das entidades angelicais foi praticada em todas as religies ocidentais
(Zoroastrismo, Judasmo, Cristianismo e Islamismo) segundo um sistema de 4, 7 ou 12
hierarquias, refletindo em geral as concepes csmicas gregas ou iranianas. Todas as outrasreligies do mundo, em todos os tempos e por vezes de maneira complexa e aparentemente
desordenada, assumem fundamentalmente a presena de "entidades invisveis" como uma
parte integral da condio existencial do mundo. Tanto quanto se sabe, Dionsio o
Areopagita, uma personalidade grega que foi convertida ao cristianismo pelo apstolo
Paulo, foi o primeiro a sistematizar o coro dos anjos segundo 9 hierarquias, com a frmula 3
x 3 (trs entidades distribudas em cada um de trs grupos). A primeira e mais elevada
hierarquia aquela dos seres que que se encontram, segundo a tradio, "perante a face
mesma de Deus": Serafins, Querubins e Tronos. Segue-se um grupo intermedirio:
Potestades, Virtudes e Domnios; e por ltimo as entidades mais prximas do homem:Principados, Arcanjos e Anjos.
Em muitas culturas primitivas -- como por exemplo a azteca, maia ou indiana -- fala-se
intensamente de variados "deuses", em geral emplumados, os quais afinal so um retrato
destas hierarquias angelicais na sua ao interveniente nos destinos humanos. Um exame
rigoroso da mitologia grega, por exemplo, demonstra que os seus "deuses" eram entidades
especficas das hierarquias mais prximas do homem: anjos e arcanjos. Nos primeiros
tempos da cristandade, o slido conhecimento das relaes entre homens e anjos fazia parte
da prtica natural da vida religiosa (todos os livros do novo testamento falam, nos seuscaptulos de abertura, de um anjo). Alm disso, a sua presena, especialmente a hierarquia
mais ntima do homem, era percebida em vises, estados semi-onricos ou arrebatamentos
de xtase. Com o passar dos sculos este vnculo se perdeu, e o conhecimento das nove
hierarquias cau em esquecimento. Em suma, os anjos foram "abandonados". Hoje em dia,
at em crculos docentes de universidades teolgicas se podem ouvir troas veladas sobre
esses "adornos religiosos" que se encontram espalhados por todo o novo testamento.
A razo deste aparente "eclipse" dos anjos deve-se por um lado ao fato de os homens
realmente j no perceberem os mesmos na intimidade da sua alma (como era o caso emtempos remotos, em que uma certa clarividncia constitua um atributo natural e
involuntrio de inmeras pessoas). Por outro lado, a nossa moderna era de uma cultura
fundamentada sobretudo na carismtica experincia sensorial, provoca um desinteresse por
tudo que esteja acima dos sentidos, at ao ponto extremo de alcunhar de ridculo ou
irracional qualquer coisa que se revista de um carter superior. Neste sentido, a
personalidade de Bultmann, um estudioso protestante do incio do sculo, ocupa um lugar
central entre os promotores de uma pretensa onda de "desmistificao" da viso religiosa do
mundo, a qual de fato veio colaborar para o crescimento desmesurado do atual
materialismo cientfico e o conseqente empobrecimento da cultura religiosa em termos deverdades fundamentais.
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PORQU OS ANJOS TM ASAS?
Evidentemente os anjos no tm propriamente asas, mas a nossa representao artstica dos
anjos necessita de um smile que torne compreensvel certa caracterstica do seu estado de
ser. No mundo animal, os pssaros constituem a espcie que tem a capacidade (umacapacidade que podemos chamar virtualmente de "sobre-humana") de se elevarem no
espao por energia prpria. Da mesma maneira, a tradio de representar os anjos como
seres alados quer precisamente tornar patente as suas qualidades espirituais sobre-humanas.
O mesmo se aplica a inmeras tradies artsticas dos grandes mestres, onde as prprias
asas dos anjos esto cobertas de uma mirade de olhos. Ao contrrio dos nossos olhos
humanos, dirigidos exclusivamente ao mundo fsico, estes olhos simblicos querem significar
que a conscincia e habilidade perceptiva, ou seja a "viso" das hierarquias angelicais, est
projetada de uma maneira integral para as realidades do mundo supra-sensvel, em todas as
direes e planos. O fato de que as asas "crescem para trs", portanto inacessveis aosprprios olhos, ajuda tambm a evidenciar que se trata aqui de uma dimenso da vida que
se encontra oculta da viso fsica, ou seja, "para trs e para alm" dos homens. Mais um
smile ligado aos animais alados: tal como os pssaros detm uma relao especial com a luz
fsica, tambm os anjos vivem numa realidade espiritual dominada pelo elemento "luz do
princpio divino". Por outras palavras, aquilo que o mundo dos pssaros expressa
exteriormente, os anjos o realizam interiormente.
Considerando assim os homens como seres intermedirios entre os animais e os anjos,
poderamos nos perguntar: porque que os homens no tm asas ou coisa parecida? Aresposta que os homens -- todos os homens -- tm precisamente algo como asas, uma
espcie de asas espirituais em desenvolvimento. Num futuro distante, elas sero parte
integrante do seu estado humano imaterial metamorfoseado. No mundo quotidiano fala-se
at de 'dar asas imaginao' para designar uma atividade interior especialmente criativa;
tambm se fala de 'dar asa' para significar uma oferta de independncia e intimidade, ou
ento de 'ganhar asas' para indicar o esforo anmico de algum que se ultrapassa a si
prprio. Neste sentido, os homens realmente j podem ter asas, mesmo que s por
momentos. Mas elas podem ser estimuladas, treinadas e intensificadas, at ao ponto de uma
pessoa ganhar j hoje algumas das qualidades e habilidades que pertencero humanidadeno futuro. Qualquer pessoa que se dedique a cultivar esse espao no-sensorial da vida
interior, aparentemente invisvel ou obscuro porque situado " retaguarda", est
virtualmente promovendo as suas asas e melhorando o seu contato com os anjos; ou seja,
est promovendo uma iluminao e expanso da prpria conscincia.
COMO SO OS HOMENS, VISTOS PELOS ANJOS?
preciso primeiramente lembrar novamente que, entre a diversidade de seres angelicais, a
nona hierarquia (os anjos que a tradio chama de anjos da guarda ou protetores) tem amxima intimidade com os homens, pois o seu estado de conscincia est um grau acima
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daquele dos homens. A intensa proximidade destes anjos - consignados um para cada ser
humano - significa que os mesmos desenvolvem a sua conscincia e habitam nas dimenses
superiores da existncia humana, isto , nas foras ligadas com o destino, ideais, aes e
sofrimentos dos homens. A eles se sentem "como em casa" e podem consequentemente
agir.
Vistos pelos anjos, os homens s surgem como uma imagem ntida e luminosa na medida
em que esto em causa as suas melhores qualidades e intenes. Tudo aquilo que pertence
mais ou menos ao quotidiano material, ou compulso causal do mundo fsico,
apreendido pelos anjos como se fosse uma regio escura numa pintura. Por outro lado,
quanto mais impulsionadas forem nos homens as preocupaes superiores do esprito -
intelectuais, artsticas ou religiosas - mais ntidos ficam os contornos, mais fortes as cores e
mais brilhantes as imagens que um anjo pode formar. Desta maneira, embora os anjos no
tenham um acesso direto s condies materiais, crescem as possibilidades de suainterveno nas foras positivas da vida individual dos homens, especialmente em assuntos
que dizem respeito ao destino e orientao da vida no seu todo.
Muitas representaes artsticas clssicas mostram anjos tocando instrumentos,
especialmente trombetas. Isto pretende representar a afinidade muito especial que as
hierarquias tm com a esfera musical e com os seus impulsos puramente espirituais, algo
que os homens tambm conseguem afinal perceber quando esto mergulhados em estados
de elevao e inspirao atravs da msica. Diz-se at popularmente que algum foi
transportado "pelas asas da msica". A experincia musical tem realmente algo deespetacular: ela permite aos homens acessar estados supra-sensveis (ou seja, o domnio
espiritual) sem ter que abandonar o material! Por outro lado, preciso no esquecer que
neste domnio tambm se levanta a questo da espcie de "espiritualidade" que se pretende
invocar, pois atravs de formas brutais e degeneradas de "msica" pode-se igualmente
apelar no ao supra-sensvel habitado pelos anjos, mas sim ao infra-sensrio habitado por
foras contrrias.
OS NOSSOS ANJOS DA GUARDA
A nona hierarquia ocupa-se dos homens de uma maneira especial, no s durante cada
minuto da vida como tambm ao longo das suas anteriores e futuras incarnaes. Esta classe
de anjos conhece integralmente, tal como se fosse um livro aberto, as foras de destino que
trabalharam no passado e esto agora no presente trabalhando sobre os homens. Mais
importante do que tudo, graas a uma conscincia omnisciente dos caminhos e
descaminhos j trilhados pelos homens ao longo dos anteriores sculos e milnios -- ou
seja, os seus atos, sofrimentos, negligncias e aspiraes de vida -- os anjos sabem "o que
necessrio que venha". Esta uma caracterstica fundamental dos anjos, o que inclusive est
patente no vocbulo grego ("ggelos") significando "mensageiro". Eles intervm assim nodestino dos homens, mas sem chegar a determinar de maneira absoluta o seu futuro. Ao
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contrrio do que sugerido por modernas formulaes decadentes de leis espirituais,
infelizmente muito em moda como paliativo para tenses advindas do esvaziamento
espiritual da cultura (por exemplo, a lei do karma e da predestinao, ou a astrologia
mundana), os anjos s impelem ou sugerem os homens na medida exata da sabedoria da
sua espiritualidade e em conformidade com a identidade do Eu prprio de cada pessoa. Aliberdade intrnseca dos homens, enquanto seres espirituais, no alterada.
Os anjos operam atravs de contnuas e delicadas operaes nas esferas da imaginao,
inspirao e intuio, sugeridas psique mais profunda dos homens. Alm disso, em
determinados momentos de "emergncia" eles podem intervir instantaneamente em estados
mais densos da conscincia das pessoas, a fim de provocar certos acontecimentos. A histria
da humanidade -- e a poca portuguesa dos descobrimentos rica em episdios deste
gnero -- est repleta dos mais variados exemplos de impulsos sbitos, por vezes
absolutamente irracionais, que que podem dominar uma pessoa em estado de viglia ou emsonhos, revelando-se depois como providenciais para determinados acontecimentos
importantes na sua vida pessoal ou coletiva.
No s o povo fala vagamente de "providncias divinas", mas at grandes nomes da cincia
e da cultura devem suas criaes ou decises vitais a momentos deste tipo. Nestes casos, o
anjo propriamente no interfere diretamente no mundo fsico, mas sim inculca determinados
impulsos na esfera volitiva de uma pessoa, os quais depois tm conseqncias at ao nvel
fsico e prtico. Por outro lado, uma pessoa pode tambm se fechar ou endurecer
intimamente, at ao ponto de no estar receptiva para estes instantes. A sua condio podeento ser simplesmente comparada de um telefone desligado, incapaz de receber as
chamadas dos anjos.
Os anjos tm alm disso uma espcie de percepo sinttica ou "viso de conjunto" sobre os
destinos comuns de variadas pessoas, de modo que conseguem interferir providencialmente
tambm nos assim chamados "acasos" entre pessoas. Existe a histria real de uma jovem
que um dia sonhou de maneira realstica que um anjo lhe mostrava o semblante do seu
futuro marido. A imagem onrico-premonitria inculcada na sua memria foi to poderosa,
que ela durante muito tempo se concentrou em procurar, um pouco por todo o lado, o rostodo "homem da sua vida". Passaram-se os anos, durante os quais o assunto esmoreceu. Um
dia, ela foi convidada para fazer frias num pas estrangeiro, na casa de uma famlia amiga. A
sua estadia numa pequena aldeia tradicional da Escandinvia foi um sucesso, sendo que no
ltimo dia o pessoal organizou uma festa tradicional de despedida. No final da mesma ela
deveria embarcar num navio. J mais no fim da festa, apresentou-se por acaso no local um
amigo da famlia, que segundo a tradio vigente devia tambm obrigatoriamente danar
pelo menos uma vez com a visitante. No meio da dana, a moa reconhece no jovem o tal
"homem mostrado pelo anjo" e, como que atingida por um raio, conta-lhe rapidamente a
histria. Ela explica que no h tempo a perder, porque tem que embarcar em seguida devolta para a sua ptria distante, e pergunta queima-roupa se ele quer casar com ela. O
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rapaz, semi-aturdido, pede uns momentos de reflexo e em seguida concorda. Mais tarde
eles se reuniram, casaram e tiveram uma harmoniosa vida, rica em filhos e em experincias.
ANJOS E CRIANAS
O anjo prepara os elementos vitais do destino j antes do nascimento de um indivduo. A
busca dos pais certos, no momento certo e no local certo, uma tarefa tpica do anjo neste
estado preparatrio da incarnao, destinado a encontrar determinada constelao
complexa de elementos sociais, culturais e genticos que se ajustem s necessidades de
desenvolvimento do Eu que est por incarnar. No Novo Testamento relatado como Maria
recebe, e compreende, a mensagem de um anjo que lhe faz a anunciao. Uma experincia
semelhante parece hoje uma fantasia para o comum dos mortais, mas as investigaes da
psicologia pr-natal demonstram que, em todo o mundo, cada vez mais pais sentem uma
premonio acerca da chegada de uma criana.
Quando no embrutecidas por circunstncias exteriores negativas, as prprias crianas
parecem demonstrar uma habilidade especial para sentir a presena dos anjos, como se
tivessem uma "linha telefnica" normal com o mundo espiritual, conforme disse Rudolf
Steiner j em 1920, na sua conferncia sobre a misso da nova cultura espiritual no mundo.
Isto facilmente compreensvel, se considerarmos que as crianas praticamente "acabaram
de chegar do lado de l", onde viveram em estado puramente no-sensorial e em total
intimidade com as mais variadas hierarquias angelicais, antes de serem conduzidas para o
mergulho na matria. Durante os primeiros trs anos de vida o anjo envolve e permeia porcompleto a existncia infantil, trabalhando afincadamente na substanciao do seu Eu. A
criana est nesse perodo virtualmente mergulhada numa atmosfera espiritual. Muitos
sbios at j disseram que se pode aprender muitssimo da pura observao detalhada de
uma criana de tenra idade.
Com 3 anos, a criana comea a dizer "eu" e em seguida comeam a trabalhar nela os
elementos especficos do destino, a caminho da vida adulta. Mas a relao com o anjo
permanece especialmente forte ao longo da infncia, at aproximadamente puberdade.
Por isso recomendvel e saudvel manter uma espcie de "cultura do anjo" na idadeinfantil. espantosa a fora espiritual positiva desencadeada, e o trabalho de consolidao
da personalidade de uma criana, quando os pais cultivam o hbito de um verso ou 'orao'
ao anjo, formulado antes do adormecer (est na memria uma das frmulas mais singelas
conhecida em Portugal: "Anjinho da guarda, minha doce companhia, guardai-me esta noite
e amanh todo o dia"). A formulao exata no tem importncia, e tambm no se trata aqui
de inculcar hbitos 'religiosos' na criana. Uma criana por si j culto e religio suficientes.
As investigaes simplesmente demonstraram que as crianas educadas numa atmosfera de
respeito e recato perante (pelo menos) esta dimenso da realidade espiritual, desenvolvem-
se mais saudavelmente em termos fsicos e psquicos, e aprofundam melhor a identificaocom o seu destino como futuros adultos. Quadros e pinturas de anjos no so seguramente
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objetos destinados a alimentar uma irracional crendice ou idolatria, mas sim valiosssimos
elementos artsticos que ajudam a sugerir a essncia de uma presena espiritual universal,
ativa de maneira positiva e permanente na vida de crianas e adultos.
OS ANJOS EM MARCHA
Em todo o mundo assinala-se hoje em dia um crescente e surpreendente interesse pela
literatura "angelical". Alguns dirigentes religiosos formalistas at j comeam a reclamar que
as crianas falam mais de anjos do que de Deus...
Efetivamente, est em curso nos nossos tempos -- to invisivelmente como a prpria
presena dos anjos, mas com iguais conseqncias -- um histrico processo de expanso e
revelao de foras espirituais, que no tem paralelo na histria do mundo. Um dos seus
efeitos o despertar simultneo de milhes de pessoas para a necessidade de alimentar as
suas existncias com algo mais do que a mera luta pela existncia, a qualidade material da
vida ou a permanente luta pela afirmao da sua personalidade livre. Simultaneamente com
este verdadeiro chamado na mais profunda essncia oculta dos homens, erguem-se hoje
formidveis foras antagonistas que tentam obscurecer a conscincia e receptividade das
pessoas, utilizando para tal todos os meios concebveis: uma medicina marcada pela
distncia humana e pela robotizao dos procedimentos, uma poltica baseada em
premissas decadentes e materialistas, uma cultura dominada por meios audio-visuais que
apelam violncia e provocao de instintos sexuais sem contexto anmico, um jornalismo
de baixo sensacionalismo, uma iluso de "mundos transcendentais" atravs de drogas, umvirtual envenenamento coletivo por meio da poluio qumica, sonora e psicolgica do
meio-ambiente, uma militarizao da vida laboral e poltica, e ainda uma invaso de
mensagens rebuscadas de pretenso espiritualismo vindas de gurus de todas as cores e tipos
(at mesmo sob a bandeira de Jesus-Cristo), que redundam quase sempre numa
dependncia sub-reptcia das conscincias, etc.
No meio de tudo isto o mundo espiritual, e em especial o mundo dos anjos, iniciou uma fase
histrica de revelao (Apocalipse) que est sacudindo contnua e invisivelmente o mundo.
Mas no se trata da interveno de um qualquer Deus jeovtico castigador, que vem ajustarcontas com uma humanidade pervertida e oferecer o paraso para os bons, como muitas
seitas de fim-de-mundo apregoam. Trata-se simplesmente de uma evoluo natural daquilo
que se vem preparando desde h sculos, como chance de desenvolvimento, de "pulo
qualitativo" espiritual para a humanidade.
OS ANJOS COMO MODERNOS MENSAGEIROS DO FUTURO
Os anjos voltaram a falar -- e a falar forte -- aos homens, trazendo os seus impulsos e pondo
as suas foras sua disposio. Este processo decorre ininterruptamente, em todo o mundo,
permeando todas as culturas e religies e afetando at mesmo as pessoas que se dizem
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atestas. Como disse uma vez simbolicamente Rudolf Steiner (propulsor da Antroposofia
como cincia espiritual prpria para os nossos tempos), est "chovendo a cntaros" do
mundo espiritual. Mas o perigo enorme na nossa era reside no fato de que este processo se
desenvolve invisivelmente durante a noite, enquanto os homens esto mergulhados no
"sono", isto , na estao diria de "encher os tanques" nas regies espirituais. Seria umatragdia se a humanidade, no futuro prximo, no despertasse consciente e ativamente para
a presena do "outro lado" da realidade e, entre outras coisas... esquecesse os anjos.
Os anjos so parceiros to fiis dos homens que sofrem com eles. Mais do que isso, os anjos
precisam de ser regularmente lembrados na conscincia dos homens, a fim de verem
revitalizada e confirmada a sua ligao e poderem realmente GUARDAR e AJUDAR.