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A PRESENÇA FEMININA NO CENÁRIO DA POLÍTICA BRASILEIRA UMA ANÁLISE MULTIMODAL POR MEIO DOS MEMES Flávia Palhares Machado 1 Monizzi Mábile Garcia de Oliveira 2 Maria Augusta de Castilho 3 RESUMO: O seguinte trabalho tem como objetivo investigar a representação feminina no ambiente político brasileiro através da análise de memes produzidos e compartilhados no período de 2016 / 2019 cujo objeto discursivo seja mulheres com projeção na política. A análise proposta é relevante devido ao alcance proporcionado pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e pelo grande número de usuários destas tecnologias e das redes sociais digitais, que permitem um esquema de propagação em massa, de maneira viral e automática, em que as mensagens são “curtidas e compartilhadas” instantaneamente reproduzindo ideologias implicitamente ao conteúdo discursivo. Os memes se apresentam como uma perspectiva multimodal de análise, sendo estes compreendidos como fenômenos de produção discursiva bastante utilizado nas redes sociais, cuja produção, distribuição, reprodução e propagação ocorre de maneira viral apresentando grande alcance, constituindo, desta forma, uma prática discursiva capaz de reproduzir significados ou construções da realidade que transmitem ideologias intrínsecas, naturalizando-as e transformando-as em senso comum. A análise do gênero dos memes foi feita a partir de pré-seleção fazendo referência às políticas Marina Silva, Dilma Rousseff e Damares Alves. As personagens escolhidas tiveram participação no cenário político brasileiro no período definido. Como aporte metodológico utilizou-se a perspectiva de análise multimodal utilizando como referência a Gramática do Design Visual (GVD) de Kress e Van Leeuwen, bem como estudos bibliográficos para melhor compreensão das perspectivas dos gêneros. Assim, o trabalho em questão verifica o modo como as mulheres vêm sendo representadas no cenário político que ainda é majoritariamente masculino. Palavras-chave: Representação feminina, política, memes, multimodalidade, analise crítica do discurso 1 Arquiteta e Urbanista, mestranda no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Local da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). E-mail: [email protected] 2 Graduada em História, mestranda em Desenvolvimento Local pela Universidade Católica Dom Bosco. Email: [email protected] 3 Pós-doutora em Linguística e Doutora em Ciências Sociais - História do Brasil, ambas pela Universidade de São Paulo. Professora no Curso de História e no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Local - Mestrado/Doutorado - da Universidade Católica Dom Bosco, sendo também responsável pelo Laboratório de História. E-mail: [email protected] Anais do XVI Congresso Internacional de Direitos Humanos. Disponível em https://cidh.ufms.br/

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A PRESENÇA FEMININA NO CENÁRIO DA POLÍTICA BRASILEIRA

UMA ANÁLISE MULTIMODAL POR MEIO DOS MEMES

Flávia Palhares Machado1 Monizzi Mábile Garcia de Oliveira2

Maria Augusta de Castilho3

RESUMO: O seguinte trabalho tem como objetivo investigar a representação feminina no ambiente político brasileiro através da análise de memes produzidos e compartilhados no período de 2016 / 2019 cujo objeto discursivo seja mulheres com projeção na política. A análise proposta é relevante devido ao alcance proporcionado pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e pelo grande número de usuários destas tecnologias e das redes sociais digitais, que permitem um esquema de propagação em massa, de maneira viral e automática, em que as mensagens são “curtidas e compartilhadas” instantaneamente reproduzindo ideologias implicitamente ao conteúdo discursivo. Os memes se apresentam como uma perspectiva multimodal de análise, sendo estes compreendidos como fenômenos de produção discursiva bastante utilizado nas redes sociais, cuja produção, distribuição, reprodução e propagação ocorre de maneira viral apresentando grande alcance, constituindo, desta forma, uma prática discursiva capaz de reproduzir significados ou construções da realidade que transmitem ideologias intrínsecas, naturalizando-as e transformando-as em senso comum. A análise do gênero dos memes foi feita a partir de pré-seleção fazendo referência às políticas Marina Silva, Dilma Rousseff e Damares Alves. As personagens escolhidas tiveram participação no cenário político brasileiro no período definido. Como aporte metodológico utilizou-se a perspectiva de análise multimodal utilizando como referência a Gramática do Design Visual (GVD) de Kress e Van Leeuwen, bem como estudos bibliográficos para melhor compreensão das perspectivas dos gêneros. Assim, o trabalho em questão verifica o modo como as mulheres vêm sendo representadas no cenário político que ainda é majoritariamente masculino. Palavras-chave: Representação feminina, política, memes, multimodalidade, analise crítica do discurso 1 Arquiteta e Urbanista, mestranda no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Local da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). E-mail: [email protected] 2 Graduada em História, mestranda em Desenvolvimento Local pela Universidade Católica Dom Bosco. Email: [email protected] 3 Pós-doutora em Linguística e Doutora em Ciências Sociais - História do Brasil, ambas pela Universidade de São Paulo. Professora no Curso de História e no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Local - Mestrado/Doutorado - da Universidade Católica Dom Bosco, sendo também responsável pelo Laboratório de História. E-mail: [email protected]

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho se propõe a analisar a figura da mulher no cenário político,

tendo como ponto de análise os memes que se apresentam atualmente como uma figura de

linguagem atual. Para essa análise será utilizada a perspectiva da multimodalidade que se

apresenta como um caminho para a análise social, essa vem ocorrendo graças a

dinamização da linguagem.

As práticas socioculturais fazem com que se crie novas formas de se comunicar,

esse formato da multimodalidade está presente em linguagens que permeiam o

ciberespaço, de modo, que o meme se apresente como um grupo de linguagem a ser

analisado. A comunicação implica em interações, construções de sentidos e troca de

informações que ocorrem por meio do uso de linguagens verbais e/ou não-verbais.

Inicialmente será apresentado breve histórico da inserção da mulher no cenário da

política brasileira, passando por datas significativas como o direito ao voto feminino,

reconhecido em 1932. As lutas realizadas por meio de associações femininas para

reenvidar seu voto.

A apresentação dos gêneros discursivos como ponto de análise social,

apresentando possibilidade para a exploração nos atos comunicação contemporâneos em

que se associam imagens estáticas e em movimento, sons e escritos, estendendo o sentido

da palavra texto para um enunciado híbrido que dá origem ao que se chama ‘texto

multimodal’. Por vim será feito a análise dos memes utilizando a A Gramática do Design

Visual (GVD) proposta por Kress e Van Leeuwen (2006) que possibilita a interpretação de

imagens em relação às suas representações.

2 BREVE HISTÓRICO DA INSERÇÃO NA MULHER NO CENÁRIO POLÍTICO

BRASILEIRO

As lutas pelo direito ao voto feminino tiveram seus primeiros passos no Brasil

durante o século XIX. A Assembleia Nacional Constituinte de 1891 assinala que foi

negado à mulher o direito de voto. Francisco [s.p.(s.d)] determina que:

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O argumento para a recusa à concessão do direito de voto às mulheres fundamentava-se na divisão sexista da sociedade (aos homens, o espaço público da política, e às mulheres, o espaço privado do lar).

Em 1910 foi fundado o Partido Feminino Republicano por Leolinda de Figueiredo

Daltro e de acordo com Marques (sd, p. 1)

A luta pelo direito ao voto feminino se fez por meio de iniciativas tanto individuais

quanto coletivas. Um exemplo de iniciativa individual é da autora Diva Nolf Nazario que

escreveu em 1923 o livro intitulado Voto feminino e feminismo no qual relata sua trajetória

e de outras mulheres em relação ao direito do voto. Diva relata em seu livro que em 1922

teve seu pedido de voto junto ao Gabinete de Identificação foi negado, assinalando que:

Não se reconhece ainda, no Brasil, a capacidade social da mulher para o exercicio do voto. As restricções que se lhe impõem na ordem civil têm um reflexo na ordem política. E' certo que não existe em nossas leis uma exclusão expressa a esse respeito. (NAZARIO, 1923, p.22)

As iniciativas coletivas ganharam força com a criação da Federação Brasileira pelo

Progresso Feminino (FBPF), em 09 de agosto de 1922, por iniciativa de Berta Maria Júlia

Lutz. A entidade reivindicava o direito ao voto feminino, a instrução da mulher, a proteção

às mães e à infância, assim como, uma legislação reguladora do trabalho feminino.

Em alguns estados do país o direito da mulher votar e ser votada chegou antes que

para outros, como é o caso do Rio Grande do Norte, que elegeu a primeira prefeita da

América Latina - Luísa Alzira Teixeira Soriano, eleita em 1928, prefeita da cidade de

Lajes, amparada pela Lei estadual nº 660, que estabelecia em seu Art. 77 que “no Rio

Grande do Norte poderão votar e ser votados, sem distincção de sexos, todos os cidadãos

que reunirem as condições exigidas por esta lei”.

A luta pelo direito ao voto feminino perdurou no restante do país até 24 de

fevereiro de 1932, ano que foi assinado o decreto de nº 21.076 que oficializou a

participação feminina nos processos eleitorais enquanto eleitoras.

Após o período do Estado Novo (1937-1945) implantado por Getúlio Vargas, o

exercício do voto pude ser exercido novamente de forma efetiva. É a partir de 1950 que

mulheres buscaram cada vez mais romper as barreiras sociais que as impediam de se

candidatar. A autora Céli Pinto (2017) esclarece que a inserção das mulheres no ambiente

de trabalho de cunho masculino era permitida às mulheres de classe mais pobre, enquanto

as mulheres pertencentes a elite permanecia em casa cuidando do lar. Foi durante essa

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mesma década que as mulheres tiveram mais relevância em sua vida pública, sendo eleitas

vereadoras e deputadas. (PINTO, 2017). Posteriormente o país passou por novo período

autoritário, um regime de ditadura militar, em que o lugar de fala das mulheres foi mais

uma vez abafado.

Após a retomada democrática no ano de 1984, a ocupação de cargos públicos

voltou a ser pauta ativa para as mulheres inseridas no mundo da política. Ganhou força o

questionamento a respeito da real participação das mulheres em cargos políticos e em 29

de setembro de 1995 foi sancionada a lei 9.100 que apresentou em seu Art. 11 - inciso 3 –

que: “vinte por cento, no mínimo, das vagas de cada partido ou coligação deverão ser

preenchidas por candidaturas de mulheres”. Assim, em 1997 foi instituída em 30 de

dezembro a lei nº 9.504 que apresenta em seu Art. 10 o inciso - 3 que: “do número de

vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação deverá reservar

o mínimo de trinta por cento e o máximo de setenta por cento para candidaturas de cada

sexo.” Porém, como afirma Santos et al. (2017,p. 5) [...] “as mulheres eleitas para cargos

Executivos ou Legislativos locais, estaduais ou federais permanecem sendo minoria em

relação aos homens eleitos até os dias de hoje”.

Em 2009 entrou em vigor a lei 12.034 de 29 de setembro/2009, que apresenta em

seu Art. 7 - inciso 3 - a proposição de que: “do número de vagas resultante das regras

previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por

cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo. ” De acordo

com Santos et al. (2017, p.7 apud ALVES, 2010, p.56) “a modificação da palavra reservar

por preencher resultou em um grande passo para a efetividade da participação feminina na

política brasileira.”

Pode-se estabelecer que, face a esse breve histórico, a inserção da mulher em

cargos públicos passou e passa por diversos momentos decisivos, nos quais uma palavra

pode comprometer o avanço de uma lei no que tange os direitos das mulheres. Na vida

pública a inserção feminina no cenário político passa por diversos desafios. Ter o direito de

votar e ser votada não garantiu e não garante sua permanência em cargos públicos ou

políticos que historicamente são ocupados por homens. Dentre diversos acontecimentos

históricos que permearam o processo de inserção da mulher na vida pública, a validação da

sua competência enquanto profissional está entre os maiores desafios das mulheres que

buscam a permanência das mesmas em espaços comuns de decisões públicas.

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É importante ressaltar que em 2011 foi empossada a primeira presidente mulher do

Brasil, Dilma Roussef, eleita pelo Partido dos Trabalhadores (PT), exerceu o cargo durante

um mandato de 4 anos e após sua reeleição no ano de 2014 sofreu processo de

impeachment, sendo afastada de seu cargo público em 31 de agosto de 2016 (SENADO

FEDERAL, 2016).

Entre outras candidatas que concorreram a cargos públicos e são fruto dessa

análise, entre elas estão Marina Silva que concorreu ao cargo da presidência por três vezes,

bem como, Damares Alves indicada a ministra durante o governo Bolsonaro.

Os acontecimentos citados anteriormente em uma breve linha do tempo são apenas

alguns daqueles que marcaram o avanço da luta feminina para ocupar espaços públicos.

Enfatiza-se que os movimentos citados no presente texto fazem parte da primeira onda do

feminismo no Brasil, do feminismo brasileiro ou como aponta Rago (1996, p. 2):

“feminismo dos trópicos”, que segundo a autora esteve sempre à sombra de teorias já

preestabelecidas.

Ao menos no Brasil, é visível que não há nem clarezas, nem certezas em relação a uma teoria feminista do conhecimento. Não apenas a questão é pouco debatida mesmo nas rodas feministas, como, em geral, o próprio debate nos vem pronto, traduzido pelas publicações de autoras do Hemisfério Norte. (RAGO, 1996, p.2)

Este mesmo autor aponta que é difícil conceituar a epistemologia feminista e que se

deve partir de um projeto de ciência feminista ou de um modo de pensar feminista. A

autora pontua ainda que: é na luta pela visibilidade da questão feminina, pela conquista e

ampliação dos seus direitos específicos, pelo fortalecimento da identidade da mulher, que

nasce um contra discurso feminista e que se constitui um campo feminista do

conhecimento.

Neste sentido, analisar como a representação da mulher que está inserida no

cenário político vem sendo apresentada é de fundamental importância devido aos

acontecimentos históricos que permearam a participação efetiva da mulher na vida pública.

3 OS GÊNEROS DISCURSIVOS E A MULTIMODALIDADE: UMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE SOCIAL

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A comunicação implica em interações, construções de sentidos e troca de

informações que ocorrem por meio do uso de linguagens verbais e/ou não-verbais. As

linguagens são construídas a partir de códigos semióticos distintos e, muitas vezes, por

meio de códigos multissemióticos e atuam no processo de interpretação do mundo, de

distinção, reconhecimento, troca e aprendizado de informações e conhecimentos que

podem ser construídos social, histórica e culturalmente. (CASTRO, 2017)

Os distintos códigos sobre os quais as linguagens operam revelam noções

estabelecidas socialmente cujos sentidos são percebidos pelos sujeitos envolvidos no ato de

comunicação a partir de contextos ou situações específicas, sejam históricos, culturais,

sociais, cognitivos, mas que sejam em algum nível compartilhados ou reconhecidos entre

os mesmos. A constituição de uma linguagem é, portanto, uma manifestação sociocultural,

construída a partir de ações individuais e sociais, que revelam o conjunto de práticas

sociais que a envolve. (CASTRO, 2017).

Os estudos de linguagem e da construção de sentido via seu uso evidenciam que

nos processos de comunicação e das situações de interação, os enunciados são elaborados e

produzidos por configurações e estruturas específicas, ou seja, os gêneros, cujas

características são determinadas de acordo com o contexto em que é produzido. Os gêneros

atendem a situações específicas de comunicação e de interação social e constituem, como

aponta Castro (2017), modelos relativamente dinâmicos em seus aspectos estruturais,

organizacionais, estilísticos, temáticos ou composicional, utilizados em situações

comunicativas e de interação recorrentes. Nesse contexto, Marcuschi (2004) observa que

os gêneros são formas sociais de organização e expressão típicas da vida cultural e que

constituem aspectos da estrutura comunicativa de uma sociedade, capazes inclusive de

evidenciar estruturas de autoridade e relações de poder.

Os enunciados elaborados pelos interlocutores se materializam durante o ato de

comunicação dos gêneros discursivos, os quais podem ser enriquecidos com a associação

de diferentes formas de linguagem, de acordo com as distintas formas de comunicação e

situações de interação em que ocorre a enunciação. Estas possibilidades são exploradas nos

atos comunicacionais contemporâneos em que se associam imagens estáticas e em

movimento, sons e escritos, estendendo o sentido da palavra texto para um enunciado

híbrido que dá origem ao que se chama ‘texto multimodal’.

As formas de comunicação compreendidas como práticas socioculturais implicam

em comportamentos comunicativos e gêneros textuais específicos. As transformações

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provocadas pelas tecnologias da informação, especialmente pelo ambiente digital

constituído pela internet, constituem o impacto de uma revolução dos modos sociais de

interagir linguisticamente (MARCUSCHI, 2004). O ambiente digital e as Tecnologias de

Informação e Comunicação (TIC) permitem “a emergência de gêneros textuais que variam

em forma e conteúdo, representando práticas socio discursivas manifestadas em níveis

distintos de linguagem, constituindo um suporte condutor destes gêneros, que servem, para

fixar e mostrar o texto” (CASTRO, 1917, p. 19).

A análise do atual contexto e das relações e transformações entre as práticas sociais

e as de interações sociais e de comunicação contemporâneas levam a noção explicitada por

Lévy (1999, p.17) de ‘cibercultura’, que em linhas gerais, refere-se ao “conjunto de

técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de

valores que se desenvolvem juntamente com o ciberespaço”. As infraestruturas materiais

de comunicação digital, mostradas via TICs, bem como, o universo de informações

abrigadas e compartilhadas por estas tecnologias e os sujeitos que transitam por estes

meios, configuram o que Lévy (2017) denomina de ciberespaço ou rede.

Nesta perspectiva pode-se afirmar que os memes podem ser considerados tipos de

enunciados concretos e relativamente estáveis, constituindo uma forma discursiva típica do

contexto cultural e práticas sociais contemporâneas de comunicação no ambiente digital.

Os memes podem ser considerados, conforme sintetiza Castro (2017), fenômenos

de produção discursiva nas redes sociais, referentes ao momento histórico em que são

produzidos. O termo meme carrega uma multiplicidade de sentidos e de aplicações nos

contextos das interações e comunicações, constituindo, como afirmam Inocêncio,

Aristimuno e Franco (2017), parte do próprio DNA da cibercultura, situando-se em posição

de destaque nas práticas interacionais digitais contemporâneas. Memes, para estes autores,

são montagens multimodais (imagéticas ou textuais, mas também podem ser vídeos, sons,

sites, etc.) que se propagam de forma viral por meio dos ambientes e das redes sociais

digitais em função da facilidade de manipulação digital, permitindo que múltiplos sujeitos

interagentes possam, a partir de um objeto original, criar, intervir, transformar, consumir,

disseminar, reproduzir e compartilhar estes enunciados via plataformas de redes e

comunidades digitais, cujo resultado assemelha-se a imitações, repetições, paródias,

remixes ou mashups.

Embora os memes não sejam formas discursivas exclusivas do ambiente digital nem

tenham nascido com o advento da internet, este contexto possibilita a sua veiculação mais

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rápida e viral. De acordo com Castro (2017) em diferentes momentos históricos as

informações podem se propagar de maneira mais intensa, de acordo com os meios de

comunicação vigentes, podendo se constituir, por exemplo, de bordões, ideias ou até

vestimentas, notando inclusive que imagens são utilizadas para a disseminação de

enunciados de conteúdo políticos há séculos. Estes fenômenos de comunicação sempre

fizeram parte das sociedades, mas a internet exerceu um papel fundamental para a

constituição de seu caráter atual.

3 MULTIMODALIDADE: MEMES E O CENÁRIO POLÍTICO

O uso de uma determinada linguagem é considerado por Fairclough (2001) uma

forma de prática social. O autor afirma que os modos particulares de uso da linguagem e de

outras formas simbólicas, como imagens visuais, constituem os discursos os quais refletem

ou representam entidades e relações sociais, construindo ou constituindo-as. Desta forma

diferentes discursos estabelecem entidades-chaves de diferentes modos, posicionando as

pessoas de maneiras distintas como sujeitos sociais, contribuindo também para a

construção de identidades sociais, para a construção das relações sociais entre as pessoas e

para a construção de sistemas de conhecimentos e de crenças. Os eventos e atos

discursivos são considerados pelo autor não só um texto, mas também um exemplo de

prática discursiva e também de prática social, tornando-se uma forma não apenas de

representação do mundo mas também de sua significação, contribuindo para a constituição

e construção do mundo via significados por eles propostos.

Como prática social o discurso torna-se uma modo de ação, uma maneira por meio

do qual os sujeitos podem agir sobre o mundo e sobre os outros sujeitos, implicando

também em uma relação dialética entre o discurso e a estrutura social, uma vez que é

moldado e restringido pela estrutura social, variando de acordo com o domínio social em

que é gerado, mas também contribui para moldar as dimensões da estrutura social que o

moldam e restringem estabelecendo estruturas, normas e convenções, bem como relações,

identidades e instituições. A prática discursiva é apontada por Fairclough (2001) como

uma forma particular das práticas sociais, sendo constituída pelos modos e processos por

meio dos quais textos e discursos são produzidos, distribuídos e consumidos e que também

são processos sociais, pois relacionam-se com todos os contextos em que os textos são

gerados. A produção e o consumo textual, conforme nota o autor, tem a natureza

sociocognitiva, pois envolvem processos cognitivos de produção e interpretação textual

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baseados nas estruturas e convenções sociais interiorizadas pelos sujeitos individualmente.

Os contextos sociais em que os discursos serão distribuídos também constituem distinções

e formas particulares no processo de produção de textos discursivos.

Por outro lado, compreende-se que as práticas discursivas trazem ideologias

intrínsecas a elas e que para Fairclough (2001, p. 117) são:

significações/construções da realidade (o mundo físico, as relações sociais as identidades sociais) que são construídas em várias dimensões das formas/sentidos das práticas discursivos e que contribuem para a produção, a reprodução ou a transformação das relações de dominação.

A ideologia investe a linguagem e os discursos de várias maneiras e em vários

níveis, são comumente naturalizadas e embutidas nas práticas discursivas, constituindo o

status de senso comum, como afirma o autor. A naturalização da ideologia nos discursos

leva os sujeitos a produzirem sentidos e ideias muitas vezes distintos de suas próprias

intenções. Os sujeitos são articulados e articulam, simultaneamente, diversas ideologias

implícitas em suas práticas sociais e discursivas, evidenciando as relações de poder, as

quais estão sujeitos. Fairclough (2001) ao estabelecer as relações entre discurso, práticas

discursivas, práticas sociais e ideologia evidencia o caráter hegemônico que os discursos

podem assumir, contribuindo para o estabelecimento de relações de subordinação ou

dominação e para a determinação de posições dos sujeitos quanto as diversas dinâmicas e

relações de poder. Por hegemonia, o autor compreende a liderança, dominação ou poder

em diversos domínios sociais exercido por determinados grupos sociais sobre o restante da

sociedade.

Analisando os processos de significação construídos por meio dos atos de

comunicação e compreendendo que as práticas discursivas podem ser constituídos por

diversos modos e recursos semióticos, Kress e Van Leeuwen (2006) afirmam que os

diferentes modos semióticos - visual, verbal, gestual, - tem distintas potencialidades e

limitações e são moldados pelas características intrínsecas e potencialidades de um meio e

pelas exigências, histórias e valores de sociedades e de suas culturas, compreendendo que a

comunicação tem uma base social. Os enunciados expressos por diferentes modos

semióticos constituem, na visão dos autores, significados sociais, ainda que tenham

importância ou efeitos distintos entre os sujeitos individuais. Desta forma, como os grupos

sociais são heterogêneos e compostos por sujeitos ímpares, as mensagens por eles

produzidas também refletem essas diferenças, valores e até mesmo incongruências que

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também caracterizam a vida social, inclusive as relações de poder. Como outras estruturas

linguísticas, as estruturas visuais revelam interpretações de experiências e formas de

interações sociais cujos significados pertencem à cultura mais do que a modos semióticos

específicos.

A Gramática do Design Visual (GVD) proposta por Kress e Van Leeuwen (2006)

possibilita a interpretação de imagens em relação às suas representações, interações e

composição, considerando o contexto situacional das imagens e os participantes

envolvidos. Kress e Van Leeuwen (2006) aplicaram a abordagem desenvolvida pelo

linguista Michael Halliday em sua teoria Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) para a

análise da linguagem verbal a outros modos semióticos, como o visual. A LSF compreende

que a linguagem tem propósitos comunicativos diversos denominados metafunções através

das quais são produzidos os significados.

A análise e interpretação de memes, tomando-se em consideração o contexto em que são produzidos e consumidos permite a confirmação de todas estas metafunções propostas por Halliday e ratificadas por Kress e Van Leeuwen. A análise de memes

Para este estudo foram selecionados em sites da internet vários memes que foram

produzidos a partir de meios digitais e compartilhados em sites e aplicativos de redes

sociais durante períodos entre 2016/2019. Inicialmente será analisado a figura da política

Marina Silva que buscou se inserir no meio político desde o final da década de 1980,

passando por cargos de vereadora, deputada, ministra e concorreu três vezes ao maior

cargo público o da presidência, na imagem (1) a seguir pode-se observar os anos em que a

candidata concorreu ao cargo.

Imagem 1 – Marina Silva temporalidade

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Fonte: https://www.humorpolitico.com.br/category/marina-silva/ acesso em 11/07/2019

No meme 01 observa-se a utilização da metafunção representativa conceitual por

meio da construção de um processo analítico-temporal. Os processos analíticos relacionam

os participantes da composição visual em uma estrutura entre as partes e o todo. As

participantes representadas via imagem, uma fotografia de Marina Silva e suas irmãs, que

apresentam semelhanças físicas e também sociais como: vestimentas e penteados. A

imagem foi manipulada e foram acrescidos elementos textuais indicando datas/anos sobre

cada participante, sugerindo a evolução cronológica da passagem do tempo pela

participante principal, ideia reforçada pela manipulação da saturação da representação de

três participantes que aparecem em escala de cinza entre elas a própria Marina Silva, em

que estão destacadas as datas passadas e a atual. A modalidade da imagem é, portanto,

manipulada para enfatizar a passagem do tempo pela saturação da cor cinza em três

participantes. A semelhança entre as personagens foi reforçada para ocultar os atributos de

Marina Silva e o seu caráter de participante principal da imagem em função do destaque

como figura pública, com uma longa trajetória como liderança política, induzindo o leitor

da imagem a perceber todas as participantes de maneira indistinta, reduzindo ou

mascarando os predicados de Marina Silva.

É nessa mesma perspectiva que a figura da política Dilma Rousseff foi analisada,

estando a mesma envolvida no cenário político de forma indireta desde a década 1970,

vindo a ocupar seu primeiro cargo público em 1990. A análise dessa figura feminina será

feita a partir da imagem 2 que será apresentada a seguir

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Imagem 2 – Dilma Rousseff, make.

Fonte: https://semmakedoscandidatos.tumblr.com/post/96663075511/dilmwok acesso em 11/07/2019

O processo classificatório faz com que os dois participantes sejam identificados

como semelhantes ou equivalentes, compartilhando uma identidade comum baseada em

seus atributos físicos e nas suas habilidades comunicativas, negando ou desqualificando

quaisquer atributos ou predicados que pudessem ser atribuídos a ex-presidente Dilma

Rousseff e a sua posição de liderança política em determinado momento histórico da vida

política do país. A semelhança é ainda enfatizada pelo plano de fundo neutro e pouco

definido das duas imagens, destacando os participantes no plano frontal, de modo a

aproximá-los, estabelecendo uma relação de semelhança entre eles. A distinção entre os

participantes das imagens é sugerida através do texto: depilação a laser é um procedimento

estético em voga no país para extrair pelos corporais, e Make é um anglicismo que designa

maquiagem, ou seja, a aplicação de produtos sobre a pele, ambos tem o objetivo de

embelezar, reduzindo a imagem e representação do gênero feminina a aparência física.

A próxima mulher a ser analisada é figura nova dentro do cenário da política

brasileira, Damares Alves foi indicada como ministra do governo de Jair Bolsonaro no ano

de 2019. A análise será feita a partir da imagem 3 a seguir.

Imagem 3- Damares Alves

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Fonte: https://imgflip.com/m/politics/tag/damares?sort=latest acesso em 11/07/2019

O plano de fundo desfocado da imagem faz com que se de ênfase ao rosto da

personagem. De modo, que as alterações físicas realizadas na face da política sejam

notadas. Essas alterações descaracterizam a imagem real da mesma, propondo um novo

formato de leitura. Diante dessas informações juntamente com o enunciado acoplado a

imagem o leitor fara acesso a seu conhecimento prévio. De modo, associar a personagem a

figura mística apresentada por tradições culturais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o desenvolvimento deste trabalho foi possível identificar modelos de

linguagem de acordo com o contexto em que são reproduzidas. A multimodalidade se

mostrou como uma opção para compreensão do contexto em que essa é reproduzida. Neste

caso ciberespaço se mostra como um aparato para o desenvolvimento e compartilhamento

desses novas formatos de linguagem. Em relação a isso o meme se apresenta como um

objeto de análise atual para se compreender os modelos linguísticos, em que a informação

se ela boa ou não pode se reproduzir.

Utilizar a multimodalidade como forma de compreender o contexto que cerca o

ambiente dos memes, foi de fundamental para se verificar em que formato a figura

feminina vem sendo curtida e compartilhada dentro do ciberespaço. Sendo esse ambiente

um dos principais veículos de informação na atualidade.

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Durante a análise dos memes foi possível levantar alguns aspectos em comum que

cercam a figura política da mulher no ciberespaço. A presença da mulher neste contexto

acaba sendo levada sempre a categoria física e seus atributos, desvalorizando suas

qualidades profissionais e reduzindo seus valores a seu aspecto físico.

Esse modelo de memes é reflexo de um cenário político estruturada na cultura

patriarcal, onde durante muito tempo mulheres foram deixadas de fora quando se tratava de

ocupar cargos públicos, onde se posicionar diante de problemas socioculturais.

REFERÊNCIAS

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