A Preocupante Evasao de Alunos Da Usp

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  • 8/18/2019 A Preocupante Evasao de Alunos Da Usp

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    A PREOCUPANTE EVASÃO DE ALUNOS DA USP

     Izabel Sadalla Grispino *

     

    A USP, preocupada com as altas taxas de evasão de seus alunos, preparou uma pesquisa, em2004, através da Faculdade de Educação, para saber das causas da evasão, tentar reduzir astaxas e também apressar os processos de preenchimento das vagas.

     

    Depois de passar no vestibular mais concorrido do País, de ingressar na nossa maisconceituada universidade pública, mais de 20% dos alunos que entraram na USP, nos últimosanos, abandonaram o curso, optando pela evasão. As causas detectadas foram, em ordemdecrescente: não ter certeza quanto à escolha do curso; o curso não era o que pensava; nãoconseguir conciliar aulas e trabalho; havia incompatibilidade de horário; o curso nãocorrespondeu às expectativas; frustraram-se durante o curso; e, ainda, dificuldade deadaptação, de relacionamento com colegas.

     

    A pesquisa trouxe dados interessantes, como as relações de companheirismo entre alunos eprofessores podem ser determinantes para manter os alunos até o fim. No curso de medicina,por exemplo, os alunos formam grupos de estudo e de trabalho nos laboratórios, existe umconvívio mais forte, criando menos concorrência. Quando um aluno desiste há uma comoçãocoletiva, em geral. Conforme constatação, a evasão nas áreas Biológicas é menor que nas deHumanas e Exatas e mais de 40% do total das evasões da USP acontecem no 1.º semestre.

     

    O Centro de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas de Educação concluiu que a diferençada estrutura do ensino médio para a universidade contribui e muito para a evasão dosestudantes. Para reverter essa desistência precoce dever-se-ia “levar professores experientespara o 1.º ano, estimular os alunos a participarem logo de pesquisas, a se engajarem nasatividades acadêmicas”.

     

    A USP constata que os gastos da universidade pública para formar 100 alunos em 4 anos são

    os mesmos se apenas 50 chegarem ao final. É dinheiro jogado fora, diz Sônia Terezinha Penin,pró-reitora de graduação da USP. Em 2004, 703 vagas de alunos que se evadiram foram

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    oferecidas a interessados em transferências para os terceiros e quartos semestres. Cerca de3.500 se inscreveram, mas apenas 208 conseguiram nota suficiente para entrar.

     

    A pesquisa avaliou turmas que entraram entre 1995 e 1998. Foram entrevistados 644evadidos, 350 concluintes e 330 alunos com longa permanência nos cursos. O abandono antesdo tempo ideal de duração do curso – 4 ou 5 anos – foi progressivamente diminuindo nos anos.Em 1995, 32,0; em 1996, 29,0; em 1997, 27,0; e em 1998, 22,0. Do total de evadidos, saíramno 1.º semestre: 1995, 56,1; 1996, 43,7; 1997, 43,7; e 1998, 44,3.

     

    Depois da evasão, 28,4 não continuaram a estudar; 23,6 ingressaram em outro curso; 17,2

    iniciaram uma pós-graduação; e 15,1 continuaram curso superior iniciado antes do ingresso naUSP.

     

    Constata-se que essa evasão precoce dos alunos da graduação da USP é profundamentelamentável e a universidade tem mecanismos para ajudar esses alunos e atenuar as evasões.O fato de o aluno passar no vestibular já é um forte referencial de credenciamento dacapacidade do aluno, por isso medidas para diminuir a evasão são bem mais importantes queo processo de acelerar o procedimento das vagas ociosas, como vem ocorrendo.

     

    Um fato que contrasta com a perda desses alunos da USP é a busca de faculdades fora doPaís, onde o candidato foge do vestibular. Vem crescendo a busca por essas faculdades ealgumas começam a se firmar pelo bom conceito que vêm conquistando. Uma delas é aFaculdade de Medicina da Fundación Hector Barceló. Tem sua sede em Santo Tomé, cidadena fronteira da Argentina com São Borja, no Brasil. A faculdade existe há 5 anos, iniciou seufuncionamento quando foi inaugurada a Ponte da Integração, entre São Borja e Santo Tomé.Localização estratégica, com a possibilidade de atender também a alunos brasileiros.

     

    A faculdade de Santo Tomé oferece os cursos de Medicina, com duração de 6 anos, e o deNutrição, com 4 anos. Possui, atualmente, cerca de 900 alunos, sendo um terço de brasileiros,vindos de diferentes Estados: Paraná, São Paulo, Pará, Ceará, Rio de Janeiro, Mato Grosso,Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e do Estado fronteiriço, Rio Grande do Sul.

     

    O aluno, ao inscrever-se na faculdade, matricula-se no curso introdutório, de dois meses emeio. Nesse período, passa por vários testes, em avaliações que vão verificar suas condições

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    para seguir ou não a carreira médica. Além das aulas de espanhol para os brasileiros eepistemologia e metodologia do estudo, eles são avaliados em disciplinas eliminatórias, comoBiologia, Química, Bioquímica, Antropologia Médica, Anatomia e Psicologia e Atenção Primáriade Saúde.

     

    Na disciplina Atenção Primária de Saúde, os alunos entram em contato com a realidade desaúde no hospital-escola e em postos de periferia. Eles acompanham os professores e oatendimento dos médicos. Muitos desistem na etapa do curso introdutório, por não conseguiratingir o grau de aprovação.

     

    O que se constata é que a faculdade mantém um bom nível de ensino, oferece cursos dequalidade. Contudo, é preciso que o estudante brasileiro saiba que não há garantias derevalidação do diploma no Brasil, diplomas de ensino superior de países do Mercosul. Segundoo Ministério da Educação, as universidades têm autonomia para aceitar ou não os pedidos dequem estudou fora do País. Os formandos devem procurar uma universidade pública que tenhacurso igual ou semelhante ao realizado e levar seus documentos autenticados pelo ConsuladoBrasileiro no país onde cursou o ensino superior. As universidades podem pedir pagamento detaxas ou provas para revalidar o diploma.

     

    Supervisora de ensino aposentada. (Publicado em fevereiro de 2005)

     

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    Supervisora de ensino aposentada.

      (Publicado em fevereiro de 2005)  

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