Upload
internet
View
106
Download
3
Embed Size (px)
Citation preview
A P O I O
26 de marçoMiniauditório – CFH
9:00 -12:30www.esteticaepolitica.wordpress.com
Sem
inár
io
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Centro de Filosofia e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas
Estética e Política: Estudos de Política
Cultural no BrasilProf. Dr. Paulo Krischke (UFSC)
Profª Dra. Cintia SanMartin Fernandes (UERJ) Marta Cezar (Comissão Municipal de Cultura)
Dndo. Leandro Cisneros (UFSC)
APOIO
Prof. Dr. Paulo Krischke (UFSC)
Dndo. Leandro Cisneros (UFSC)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas
Ilha da Magia e Revolução Cubana:
interpretações possíveis nessa relação entre arte,
política e estética
Seminário Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – PPGICH –
2012
Pergunta Como entender que a nova
escola de samba da Lagoa
da Conceição, ganhou o
primeiro lugar este ano em
Florianópolis, com um tema
em homenagem à
Revolução Cubana?
Será apenas por ter
preenchido melhor os
critérios técnicos do
desfile?Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Proposta
Um convite para refletirmos sobre nosso próprio presente, problematizando-o, questionando-o e questionando-nos a nós mesmos como responsáveis pelo presente, na contemplação do passado (embora recente).
Então, nos perguntamos o que devemos entender perante o fato de que a UIM ganhou o primeiro lugar no Carnaval de Florianópolis, com um tema em homenagem à Revolução Cubana?
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Carnaval, escola de samba
e comunidade
Na preparação e participação do desfile 2011 a
escola de samba União Ilha da Magia conseguiu
unir dois setores sociais que geralmente não
convivem entre si na Lagoa. Os “manezinhos”,
trabalhadores no setor de
serviços, agricultores,
pescadores e rendeiras de
origem açoriana.
Os “estrangeiros”,
pessoal alternativo, que
promovem e usufruem os
atrativos turísticos locais.
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
A comunidade na UIM
Entre os
“estrangeiros”:
vários ocupavam
posições de lideranças
dentro da escola de
samba.
Os “manezinhos” de
todas as idades: eram
maioria na ala das
baianas e entre os
músicos da bateria.
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Conspiração ou inovação e mudança democrática?
Mas será que essa liderança “estrangeira” foi
quem “inventou” o tema e o entusiasmo que
levaram a escola à vitória?
Ou será que na população florianopolitana
existem representações e convicções outras, com
aspirações democráticas e participativas
que vão além das possibilidades que o sistema de
partidos oferece?
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
“Ilha da Magia” e identidade Franklin Cascaes: gênio do folclore local, cuja criação
artística não apenas retoma, atualiza e transforma em
espetáculo artístico as tradições açorianas dos primeiros
moradores, mas as articula sabiamente com o
deslumbramento face à natureza, e com as expectativas de
um imaginário participativo sobre o futuro.
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Interpretando o carnavalSaber e cultura popular
O tema e o entusiasmo da escola de samba UIM
não resultam de uma “importação” estrangeira, –
seja de parte de uma elite, ou de uma “contra-
elite” alternativa – mas de uma política cultural
e artística, de motivação democrática e
participativa, que está implantada e se origina
há muito tempo no imaginário dos moradores,
tanto nos habitantes da Lagoa, como nos da
cidade como um todo.
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Interpretando o carnavalSaber e cultura popular
A “magia” açoriana vista por Cascaes, transforma
parcelas de expectativas de futuro num
presente carnavalesco vivido.
A convergência entre arte e política é assim
buscada numa estetização da política,
expressada neste retrato idealizado da Revolução
Cubana.
É admirável que esta mudança do cotidiano
político da população tenha sido reconhecida
(ainda que não explicitamente) pela comissão
julgadora deste carnaval.Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil –
2012
Interpretando o carnavalMikhail Bakhtin
A “carnavalização” da política também pode
expressar várias definições e vários significados
ao mesmo tempo (contraditórias/os ou
complementares e até convergentes).
Acontece um dialogismo ou polifonia nas
formas de comunicação, em que esse
entrecruzamento ou variedade de sentidos para
os valores, chega a radicalizar-se sob as formas
da carnavalização.
Cf. Bakhtin (1977: 44 )Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Interpretando o carnavalMikhail Bakhtin
Queremos destacar o vínculo necessário entre a
criatividade da cultura popular, e a influência
que exerce sobre a mudança parcial ou total dos
sistemas ideológicos dominantes.
(Cf. Bakhtin, 1977: 131-136)
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Interpretando a Revolução A revolução de um povo, que vimos ter lugar
nos nossos dias, pode ter sucesso ou fracassar e
pode estar repleta de miséria e de atrocidades,
de tal modo que, um homem bem pensante,
mesmo querendo realizá-la uma segunda vez,
sabendo dos custos, jamais o faria. Mas esta
revolução, apresenta nos ânimos de todos os
espectadores (que não estão comprometidos
eles mesmos neste jogo) uma simpatia, que
beira o entusiasmo, cuja manifestação estava
ligada a uma disposição moral no gênero
humano. (Kant, CF, 2ª Parte, 6: 119-120).Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil –
2012
Interpretando a Revolução Immanuel Kant no ano de 1798, na cidade de Königsberg
(naquela época, integrante da Prússia Oriental, hoje cidade
de Kaliningrad, enclave da República Russa entre Lituânia e
Polônia).
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Interpretando a Revolução Interessa analisar as repercussões e efeitos gerados
para nós, para nosso presente, pela sua presumível
condição de exemplo, que seria indicador do
progresso moral da humanidade.
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Interpretando a RevoluçãoKant
Os integrantes da UIM recriando a Revolução Cubana:
Espectadores não envolvidos nos fatos;
Transformadores de um fenômeno histórico em
acontecimento;
Interesse ≠ particular egoísta,
= geral e expressa o caráter da
humanidade (o universal) e a moralidade da
mesma;
Público que influencia outro público e pode
interferir na conformação da opinião do governo.Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Interpretando a RevoluçãoKant
A Revolução Cubana os contemplada pela UIM:
Exemplo;
Produto do gênio criador, assumida como
modelo não para copiar, mas para imitar, pois
produz ensinamentos para outros (Kant, CJ, § 49: 164);
Assistem ao talento desenvolvido pelo gênio, o
recebem como regra para medir os seus
próprios talentos
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Interpretando a RevoluçãoKant
Arriscamos dizer que uma parcela da cidadania
florianopolitana exercita o ponto de vista do
espectador cidadão do mundo, convertendo um
fato histórico em acontecimento, isto é,
resignificando-o e assumindo-o como exemplo
para si e, ao fazer isto, fica explícita a tendência
de progresso moral da espécie humana, na
procura da conquista das leis da liberdade. Pois
para a UIM a Revolução Cubana talvez tenha sido
exemplo de transformação e por isto inspiração
e motivo de homenagem no carnaval 2011.Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Uma interpretação possível
Tanto o desempenho da UIM, como o juízo do comitê de premiação no Carnaval 2011 de Florianópolis podem se explicar apenas pelos critérios técnicos?
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Uma interpretação possível
Não seria mais compreensível supor a existência e interferência de princípios de participação democrática vinculados a um imaginário sobre o futuro inspirado na ideia da transformação?
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Uma interpretação possível
Essa homenagem não seria melhor entendida se a interpretássemos como uma rejeição da política meramente formal, que só se conforma com o funcionamento institucional elementar (eleições regulares e periódica mudança de representantes)?
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Considerações finais
Pensador@s como Bakhtin, Kant, Arendt e Cascaes também são alicerces para o desafio de diálogo entre diferentes campos de saber, compromissos ontológicos e matrizes epistemológicas, inspiradas por diferentes motivações e preocupações.
El@s têm atentado para a relevância da interpretação, a partir do qual cobra importância a criação de múltiplos sentidos sobre a realidade, a vida, a política.
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Considerações finais
El@s nos empolgam a pensar a própria vida como uma obra de arte.
Portanto a política pode ser uma das maneiras de contribuir esteticamente na experiência da vida.
A metáfora do espetáculo tem se mostrado com potencial explicativo interessante para entender a política.
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Impasses eSendas abertas …
Polifonia vs. critérios de Verdade universal;
Interpretações em perspectiva vs. Teleologia de causas finais;
…
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012
Obrigados!
Krischke e Cisneros – Estética e Política: Estudos de Política Cultural no Brasil – 2012