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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA MONOGRAFIA DE BACHARELADO A PETROBRAS E O DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL RENATA ARGENTA BAYARDINO matrícula nº 100121768 ORIENTADORA: Profa. Valéria Gonçalves da Vinha NOVEMBRO 2004

A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

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Page 1: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROINSTITUTO DE ECONOMIA

MONOGRAFIA DE BACHARELADO

A PETROBRAS E O DESAFIO DASUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

RENATA ARGENTA BAYARDINOmatrícula nº 100121768

ORIENTADORA: Profa. Valéria Gonçalves da Vinha

NOVEMBRO 2004

Page 2: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROINSTITUTO DE ECONOMIA

MONOGRAFIA DE BACHARELADO

PETROBRAS E O DESAFIO DA SUSTENTABILIDADEAMBIENTAL

__________________________________RENATA ARGENTA BAYARDINO

matrícula nº: 100121768

ORIENTADORA: Profa. Valéria Gonçalves da Vinha

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NOVEMBRO 2004

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Page 4: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

As opiniões expressas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade do(a) autor(a).4

Page 5: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Dedico este trabalho aos meus pais que muitocontribuíram para sua realização.

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Page 6: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Professora Valéria por sua paciência, dedicação e carinho.

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Page 7: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

RESUMO

O trabalho analisa as políticas de sustentabilidade ambiental e deresponsabilidade social implantadas pela Petrobras após os acidentes quecausaram grandes impactos ambientais e, até mesmo, mortes. Com esta

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Page 8: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

política, a empresa procura simultaneamente, dar uma resposta à sociedadebrasileira, e se enquadrar em novos padrões de competitividade impostos pelaconvenção do Desenvolvimento Sustentável.

Este conceito, muito discutido e difundido a partir da década de 70,insere - se no debate acerca dos rumos do desenvolvimento, com destaquepara as teses sobre os limites do crescimento econômico e a escassez dosrecursos naturais. E sendo o petróleo a principal fonte energética dasociedade moderna é, também, o principal alvo das críticas.

A monografia apresenta ainda a evolução da Indústria Mundial doPetróleo (IMP), destacando sua importância no cenário internacional edescreve os riscos relacionados a esta atividade.

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Page 9: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

ÍNDICE

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................10

CAPÍTULO I – ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE..................................................................................12

I.1 – O PAPEL DOS RECURSOS NATURAIS NO CRESCIMENTO ECONÔMICO.......................................................................13I.1.1 – A Revolução Industrial e os Recursos Naturais .....................................15I.1.2 – Classificação dos recursos naturais ..........................................................16

I.2 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - UM BREVE HISTÓRICO..................................................................................17I.3 – AS EMPRESAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...........................................................................................22

I.3.1 - Certificados de Qualidade ...........................................................................24

CAPÍTULO II – A INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E O MEIO AMBIENTE.............................................25

II. 1 - EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA MUNDIAL DO PETRÓLEO ..........................................................................................26II. 2 - OS RISCOS DE ACIDENTES NA ATIVIDADE PETROLÍFERA .......................................................................................31

CAPÍTULO III – O CASO PETROBRAS.......................................................................................................35

III.1 – A TRAJETÓRIA DA PETROBRAS - UM BREVE HISTÓRICO...................................................................................37III.2– OS ACIDENTES AMBIENTAIS ENVOLVENDO A PETROBRAS........................................................................................39

III.2.1 – Baía de Guanabara .......................................................................................39III.2.2 – Rio Iguaçu .......................................................................................................40III.2.3 – Plataforma 36 ................................................................................................41

III. 3 – A MUDANÇA DE CONDUTA APÓS OS ACIDENTES.................................................................................................42

CONCLUSÃO......................................................................................................................................................48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................................51

ANEXO I..............................................................................................................................................................54

ANEXO II.............................................................................................................................................................61

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Page 10: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

INTRODUÇÃO

A relação do homem com a natureza vem mudando ao longo da

história. A utilização dos recursos naturais nos processos produtivos tem

aumentado cada vez mais, principalmente, após a Revolução Industrial, pois,

com o advento da máquina a vapor a sociedade passou a dilapidar o estoque

de recursos naturais intensivamente.

Porém, da mesma forma que esses recursos promovem a manutenção e

o desenvolvimento de inúmeras sociedades, a exploração inadequada gera

externalidades negativas e sinaliza o esgotamento dos mesmos, levando a

emergência da problemática da utilização sustentável desses recursos.

O conceito de desenvolvimento sustentável tem sua origem no debate

acadêmico iniciado em Estocolmo, em 1972, e consolidado, em 1992, com a

realização da Eco- 92. Desde então, este tema vem ganhando força no cenário

mundial.

Este conceito defende que a satisfação das necessidades das gerações

atuais não pode comprometer a capacidade de satisfação das necessidades de

gerações futuras. Recursos naturais muito explorados e consumidos

atualmente criam um problema de escassez para as gerações futuras, sendo

que o petróleo é um dos mais ameaçados, considerando que é a principal

fonte de energia do mundo atual. Além disso, vários produtos obtidos a partir

de seus derivados, tais como os plásticos e as borrachas sintéticas, se

tornaram indispensáveis à sociedade moderna. Entretanto, o petróleo é um

recurso natural não- renovável que necessita de políticas nacionais e regionais

adequadas a fim de otimizar o uso das reservas existentes.

Devido à grande complexidade e dificuldade de extração deste óleo, a

indústria do petróleo é uma das que mais avançaram tecnologicamente, mas,

ao mesmo tempo, é a que mais risco potencial apresenta ao equilíbrio

ambiental.

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Page 11: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Apesar disso, há muito ainda a pesquisar e desenvolver. Os desafios nesse

setor são enormes e só poderão ser superados pela aplicação conjunta de

esforços da comunidade científica e tecnológica e das empresas produtoras e

fornecedoras da cadeia do petróleo e gás.

A Petrobras convive com um paradoxo: é a mais conceituada e popular

empresa brasileira, mas já se envolveu em vários acidentes ambientais de

grande extensão. Para minimizar os impactos desses acidentes e se alinhar à

tendência mundial, a Petrobras passou a investir pesado em políticas de

desenvolvimento sustentável e responsabilidade social.

O objetivo deste trabalho é compreender como a Petrobras vem

trabalhando com o conceito de desenvolvimento sustentável e como isso se

reflete nas suas práticas operacionais.

A monografia compõe- se de três capítulos. O primeiro capítulo

apresenta um panorama geral sobre a evolução e a utilização dos recursos

naturais no cenário econômico, enfocando a diferenciação de crescimento e

desenvolvimento econômico e o contexto do surgimento e difusão do conceito

desenvolvimento sustentável.

O segundo capítulo relata a evolução da indústria mundial do petróleo e

sua relação com o meio ambiente, ressaltando a relevância econômica desta

atividade. Também serão apresentados os riscos de acidentes na atividade

petrolífera fornecendo instrumentos para a avaliação dos acidentes que

ocorreram com a Petrobras e a mudança de postura que a empresa tomou

frente a este novo modelo empresarial de responsabilidade ambiental.

Por fim, no último capítulo descreveremos as principais características

da política de desenvolvimento sustentável da Petrobras implementada após

os acidentes da Baía de Guanabara, Rio Iguaçu e Plataforma 36, e faremos uma

análise da influência desses acidentes na estrutura organizacional da

empresa.

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Page 12: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

CAPÍTULO I – ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE

Crescer é o objetivo de todas as economias do mundo. Historicamente,

alcançar este objetivo não foi um processo simples e de fácil obtenção. O

crescimento econômico é resultado de uma série de interações e mudanças

nas estruturas produtivas, tecnológicas e sociais de uma economia.

Dentre estas mudanças, destaca- se o desenvolvimento da capacidade

do homem em dominar a natureza para seu benefício. Desde o momento em

que ele aprendeu a controlar o fogo e desenvolveu a agricultura, deixou de ser

apenas um membro do meio para ser um agente, com capacidade de alterar a

dinâmica do meio- ambiente de forma consciente para maximizar seu bem-

estar (RANDALL, 1987).

Com a invenção da agricultura, há cerca de dez mil anos, a humanidade

deu um passo decisivo na diferenciação de seu modo de inserção na natureza,

em relação àquele das demais espécies animais. A agricultura provocou uma

radical transformação nos ecossistemas. A imensa variedade de espécies de

um ecossistema florestal, por exemplo, foi substituída pelo cultivo/criação de

umas poucas espécies, selecionadas em função de seu valor, seja como

alimento, seja como fonte de outros tipos de matérias - primas que os seres

humanos consideravam importantes (ROMEIRO, 2003).

Sob a forma de recursos naturais, o homem passou a utilizar o meio-

ambiente como provedor de conforto. Assim, muito das dinâmicas12

Page 13: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

populacionais e da própria prosperidade econômica das diversas sociedades

humanas, foi influenciada pela disponibilidade destes recursos, tanto na

forma qualitativa quanto quantitativa.

Todavia, na mesma forma que os recursos naturais nos fornecem

conforto e promovem a manutenção e o desenvolvimento de inúmeras

sociedades, a ação humana gera uma série de externalidades e pressões

negativas que se traduzem em degradação ou depreciação do meio- ambiente.

O crescimento econômico, desta forma, é um desafio ao meio- ambiente,

uma vez que existem limitações quanto à capacidade do meio em suportar as

pressões exercidas pela ação humana 1.

O estudo da relação entre crescimento econômico, utilização dos

recursos naturais e degradação ambiental é essencial. Uma vez que surge um

processo cíclico onde a oferta de recursos naturais e qualidade ambiental

determinam o processo de crescimento econômico, que por sua vez gera

externalidades negativas sobre o meio- ambiente, que novamente influenciam

o nível de crescimento econômico.

I.1 – O Papel dos Recursos Naturais no Crescimento Econômico

A história demonst ra que a crescente escassez de recursos naturais é

uma preocupação recorrente. Previsões alarmantes dos possíveis impactos de

uma crescente escassez de recursos vem sendo feitas há séculos. Thomas R.

Malthus previu, no fim do século XVIII, que uma catastrófica fome

inevitavelmente atingiria a sociedade, porque a taxa de crescimento

populacional era superior à taxa de produção de alimentos. Um século depois,

W. Stanley Jevons previu que as reservas de carvão economicamente

exploráveis do Reino Unido estariam esgotadas em poucos anos, o que levaria

ao fim da prosperidade britânica. Em 1914, a Secretaria de Minas dos Estados

Unidos previu que as reservas de petróleo americanas durariam dez anos. Em

1972, o Clube de Roma publicou o relatório “Limites do Crescimento”, no qual

previa que as reservas mundiais de petróleo, gás natural, prata, estanho,

1 Trade off crescimento econômico e preservação do meio ambiente.

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Page 14: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

urânio, alumínio, cobre, chumbo e zinco estavam se aproximando da exaustão

e que seus preços subiriam drasticamente nos anos seguintes. Em todos os

casos, as previsões não se confirmaram, e a economia continuou a crescer.

Os economistas clássicos atribuíam aos recursos naturais um papel

central nos seus estudos. Na economia clássica, a produção era vista como

sendo formada de três fatores de produção: trabalho, capital e terra (recursos

naturais). Cada um desses fatores era visto como essencial à produção, sendo

que, se um dos fatores fosse mantido em quantidade fixa, a produção

apresentaria rendimentos decrescentes. Sendo o fator terra não- reproduzível,

concluía - se que a economia inevitavelmente apresentaria taxas de

crescimento econômico decrescentes quando este fator fosse completamente

empregado. Logo, o futuro da humanidade seria tenebroso e, no longo prazo,

o crescimento populacional levaria a economia a atingir um estado em que a

produção de alimentos não seria suficiente para satisfazer totalmente as

necessidades da crescente população. Os primeiros economistas clássicos

enfatizavam, que as restrições impostas à economia pelo estoque finito de

recursos e pelo princípio dos retornos decrescentes, poderiam levar à

sustentabilidade da economia, no sentido de que ela poderia perpetuar - se por

períodos indefinidos de tempo. Entretanto, o cenário previsto para o futuro da

humanidade era catastrófico, prognosticando - se que, no futuro, o nível médio

de bem estar das pessoas seria muito desanimador (PERMAN et al., 1996).

A segunda geração de economistas clássicos tinha uma visão mais

otimista sobre a possibilidade de crescimento econômico. Na visão dos

neoclássicos, a importância do fator terra havia sido superestimada pelos

economistas clássicos; os elementos mais relevantes na determinação do

crescimento econômico eram os fatores reprodutíveis (capital e trabalho) e a

inovação tecnológica. O aumento de produtividade devido à acumulação de

capital e à inovação tecnológica mais que compensavam a escassez de

recursos naturais. Assim, os economistas neoclássicos não se contrapuseram

explicitamente à teoria clássica, mas modificaram fundamentalmente os

rumos da economia, ao mudar o foco da análise. A pauta de pesquisa passava

a ser dominada pelo estudo da acumulação de capital físico e humano, das

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Page 15: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

instituições e da inovação tecnológica. Os recursos naturais foram

crescentemente excluídos da análise. Modelos macroeconômicos passaram

adotar uma função de produção agregada com somente dois fatores: trabalho

e capital. Dessa maneira, tornava - se possível vislumbrar um crescimento

equilibrado, no qual a renda per capita cresceria eternamente, a uma taxa

constante.

A mudança de atitude com relação aos recursos naturais foi motivada

primordialmente por questões de natureza empírica. Décadas de crescimento

sem evidências de aumento de escassez de recursos naturais levaram os

economistas a rever as suas previsões.

I.1.1 – A Revolução Industrial e os Recursos Naturais

No final do século XVIII, a relação com os recursos naturais se alterou.

Com a Revolução Industrial, a renda per capita passou a crescer de forma

contínua. As explicações apresentadas pelos economistas para a Revolução

Industrial geralmente destacam as mudanças na estrutura de incentivos que

aceleraram o processo de acumulação de capital e inovação tecnológica.

Um dos elementos marcantes da Revolução Industrial foi a introdução

da máquina a vapor, uma evidência do papel exercido pela inovação

tecnológica no processo de crescimento econômico. Ela também representou

uma mudança na relação da humanidade com a natureza, pois como permitia

a produção de força motriz de forma versátil, controlável e constante, a

sociedade pode aprofundar o uso de recursos naturais para a produção de

força.

Anteriormente, o emprego de recursos naturais para a produção de

força era limitado essencialmente ao uso do animal e de moinhos de vento e

água. A máquina a vapor permitiu captar e empregar energia de uma forma

totalmente inovadora. Os seus operadores passaram a ter o controle total do

processo de produção, já que não havia a dependência de condições

climáticas, a possibilidade de doenças e a necessidade de cuidados 2. Além

disso, ela apresentava uma versatilidade que permitiu a introdução de

máquinas para realizar atividades que antes só podiam ser realizadas2 Fatores que fragilizavam o processo quando eram utilizados animais e moinhos na produção.

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Page 16: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

manualmente. À medida que novas aplicações iam sendo desenvolvidas,

observava- se ganhos de produtividade e um crescimento econômico sem

precedentes.

Esta inovação não só intensificou o uso de recursos naturais na

produção, mas também intensificou o uso dos recursos não- renováveis.

Diferentemente dos animais ou moinhos, os recursos naturais empregados na

máquina a vapor, como lenha, carvão vegetal ou carvão mineral, eram

consumidos. Nos casos da lenha e do carvão vegetal era possível o uso de

forma sustentável, desde que se reflorestasse a área para recompor o estoque

de recursos naturais, mas, em geral, não foi isso que se observou. Com a

Revolução Industrial, a sociedade começou a dilapidar o estoque de recursos

naturais intensivamente.

I.1.2 – Classificação dos recursos naturais

Os recursos físicos são resultantes de ciclos naturais do planeta Terra

que duram milhões de anos. O principal critério para a classificação desses

recursos tem sido a capacidade de recomposição dos mesmos no horizonte de

vida humano. Os recursos naturais podem ser renováveis, ou reprodutíveis, e

não- renováveis ou não- reprodutíveis (SILVA, 2003).

Os recursos naturais renováveis são aqueles que são passíveis de se

recompor durante o horizonte do tempo humano, como as florestas, as águas,

os solos, a fauna e a flora.

Já os recursos naturais não- renováveis levam milhares ou até milhões

de anos para se formarem. Como exemplos, podemos citar os minérios e os

combustíveis fósseis.

Segundo Margulis, os recursos renováveis possivelmente tornam - se

exauríveis, e os não- renováveis podem ao menos ser considerados não

exauríveis. Isto dependerá, entre outros fatores, do horizonte de

planejamento, do nível de utilização do recurso, dos custos de exploração, da

taxa de desconto, etc. Exemplo desta situação é o petróleo, tipicamente não

renovável, porque o tempo de sua formação é contado por milhares, senão

milhões de anos. Uma floresta, por outro lado, recurso tipicamente renovável,

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Page 17: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

pode tornar - se exaurível se no processo de sua exploração forem destruídas

as condições ecológicas que permitem a sua regeneração natural.

Outros fatores, também, influenciam a antecipação ou o adiantamento

do esgotamento dos recursos como, os avanços tecnológicos, as descobertas

de novas jazidas, os riscos, as incertezas, entre outros.

Por isso, o uso mais intensivo de recursos naturais, devido ao seu

emprego como combustível para produzir energia, foi fundamental na

mudança do padrão de crescimento econômico.

O reconhecimento do papel dos recursos naturais reforçou muitos dos

argumentos propostos para explicar a mudança no comportamento dos

agentes econômicos: a acumulação do capital físico e humano, a estrutura de

incentivos proporcionados pelas instituições, e a definição clara de direitos de

propriedade passaram a ter nova importância quando começou a se analisar o

papel dos recursos naturais. Mais importante, entretanto, foi a nova dimensão

introduzida no debate com a incorporação dos recursos naturais: a

sustentabilidade da economia, ou seja, a gestão de forma economicamente

racional desses recursos, sendo eles, renováveis ou não.

I.2 – Desenvolvimento Sustentável - Um Breve Histórico

Do pós- guerra até fins da década de 60, o debate sobre crescimento

econômico restringiu - se aos indicadores de crescimento de produto real ou

crescimento do produto real per capita . Assim sendo, os países desenvolvidos

eram aqueles que possuíam maior taxa de crescimento de renda per capita . Os

termos desenvolvimento e crescimento eram usados de forma indistinta. Não

obstante, o avanço do debate trouxe como conseqüência a necessidade de

distinguir os dois termos.

Crescimento econômico é entendido como o crescimento contínuo do

produto nacional em termos globais ao longo do tempo, enquanto

desenvolvimento econômico representa não apenas o crescimento da

produção nacional, mas, também, a forma como está distribuída social e

setorialmente. O desenvolvimento econômico passou a ser complementado

17

Page 18: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

por indicadores que expressam a qualidade de vida dos indivíduos: níveis de

desemprego, educação, pobreza, condições de saúde, moradia entre outros.

A evolução do termo crescimento econômico para desenvolvimento

econômico incorporou aspectos sociais e políticos objetivando indicar a

melhoria da qualidade de vida, mas o termo não considerou as dimensões

ecológicas e culturais.

Somente a partir dos anos 70, começam a surgir críticas sobre os efeitos

prejudiciais ao meio ambiente decorrentes da atividade industrial e do

crescimento econômico. Alguns economistas passaram a introduzir reflexões

sobre a questão ambiental ao criticarem os resultados do crescimento

econômico.

A Conferência sobre a Biosfera realizada em Paris, em 1968, mesmo

sendo uma reunião de especialistas em ciências, marcou o início de uma

conscientização ecológica internacional e teve como desdobramento o

lançamento do Programa o Homem e a Biosfera.

Em 1970, reuniu - se o Clube de Roma alertando as autoridades para o

problema do desenvolvimento econômico, e em 1971 publicou- se um informe

denominado “Limites do Crescimento”. Este encontro concluiu que se as taxas

de crescimento demográfico e econômico do mundo persistissem, efeitos

catastróficos ocorreriam em meados deste século, tais como: envenenamento

geral da atmosfera e das águas, escassez de alimentos, bem como o colapso

da produção agrícola e industrial, decorrentes da crescente escassez e

esgotamento dos recursos naturais não- renováveis (LIMITES DO

CRESCIMENTO, 1971).

O Clube de Roma recomendava a contenção do crescimento através de

uma política mundial, visando atingir um estado de equilíbrio e crescimento

zero. Seus equívocos eram evidentes: previsões catastróficas, pregação

malthusiana, desconsideração do desequilíbrio Norte- Sul e o irrealismo da

proposta crescimento zero. Mas a força de sua retórica foi decisiva num

ponto: o desenvolvimento capitalista deparava- se agora com limites físicos a

sua expansão.

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Page 19: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

O Programa o Homem e a Biosfera e o informe “Limites do Crescimento”

tiveram influência decisiva na convocação pela ONU de uma conferência

mundial sobre problemas ambientais.

A primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente,

realizada em Estocolmo em junho de 1972, colocou a questão ambiental nas

agendas oficiais e nas organizações internacionais. Foi a primeira vez em que

representantes de governos uniram - se para discutir a necessidade de tomar

medidas efetivas de controle dos fatores que causam a degradação ambiental.

Esta reunião teve um caráter primeiro - mundista e foi muito técnica,

pois discutiu problemas da poluição, ligados à urbanização e qualidade de

vida nas grandes cidades.

Neste evento, popularizou - se a frase da então primeira ministra da

Índia, Indira Gandhi: “A pobreza é a maior das poluições”. Foi neste contexto

que os países do Sul afirmaram que a solução da poluição não era brecar o

desenvolvimento e sim orientar o desenvolvimento para preservar o meio

ambiente e os recursos não- renováveis.

O documento final da Conferência, Declaração sobre Meio Ambiente

Humano, resultou em uma agenda padrão e uma política comum para a ação

ambiental.

A partir dessa Conferência, quase todas as nações industrializadas

promulgaram legislações e regulamentos ambientais. Além disso, criaram

organismos ou ministérios encarregados do meio ambiente para enfrentar de

maneira eficaz a degradação da natureza.

Organizações intergovernamentais incorporaram a questão ambiental

em seus programas. Os ambientalistas e as organizações não- governamentais

proliferaram em todo o mundo. Os empresários passaram a considerar

importantes os assuntos ecológicos. A conscientização dos cidadãos cresceu e

a discussão foi ampliada e aprofundada.

Entretanto, houve pouco progresso no sentido de resolver as

conseqüências para o meio ambiente decorrente do crescimento econômico.

19

Page 20: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Além disso, o aumento da população e da pobreza nos países em

desenvolvimento contribuiu com a degradação ambiental.

Em 1987, a integração dos conceitos meio ambiente e desenvolvimento

recebeu um novo impulso com o relatório da Comissão Brundtland : “Nosso

Futuro Comum”. Este relatório alertava as autoridades governamentais a

tomarem medidas efetivas no sentido de coibir e controlar os efeitos

desastrosos da contaminação ambiental, com o intuito de alcançar o

desenvolvimento sustentável.

Segundo este relatório, desenvolvimento sustentável era definido por

“aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer as gerações

futuras atenderem as suas próprias necessidades”.

Os principais problemas abordados nesse relatório foram

desmatamento, pobreza, mudança climática, extinção de espécies, crise da

dívida, destruição da camada de ozônio, entre outros.

As recomendações da Comissão de Brundtland serviram de base para a

Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco- 92), realizada no

Rio de Janeiro, em junho de 1992. A noção moderna de desenvolvimento

sustentável tem sua origem no debate iniciado em Estocolmo, em 1972, e

consolidado vinte anos mais tarde no Rio de Janeiro (GUIMARÃES, 2002).

Se Estocolmo- 72 buscava encontrar soluções técnicas para problemas

de contaminação, a Eco- 92 teve por objetivo examinar estratégias de

desenvolvimento através de “acordos específicos e compromissos dos

governos e das organizações intergovernamentais, com identificação de

prazos e recursos financeiros para implementar tais estratégias” (Becker e

Miranda org., 1997). Ela foi realizada para discutir as desigualdades Norte x

Sul e representou o reconhecimento definitivo de que os problemas

ambientais não podiam ser dissociados dos problemas do desenvolvimento.

Os documentos resultantes da Eco- 92 foram a Carta da Terra

(Declaração do Rio) e a Agenda 21.

20

Page 21: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

A Declaração do Rio visava “....estabelecer acordos internacionais que

respeitem os interesses de todos e protejam a integridade do sistema global de

ecologia e desenvolvimento. ..” (DECLARAÇÃO DO RIO, 1992).

Já a Agenda 21 dedica - se aos problemas da atualidade e almeja

preparar o mundo para este século. Este documento foi assinado por 179

países e reflete o consenso global e o compromisso político no seu mais alto

grau, objetivando o desenvolvimento e o compromisso ambiental.

Os resultados da Eco- 92 geraram repercussões ao redor do mundo,

obrigando o setor produtivo a responder ao problema, em grande parte criado

por ele, de forma eficaz. Resultou desse processo a internacionalização do

Business Council for Sustainable Development (BCSD), ao qual foi acrescentado

o adjetivo “mundial” (World ). Desde então, o WBCSD destaca - se como a mais

representa tiva entidade empresarial dedicada à causa do desenvolvimento

sustentável baseado na eco- eficiência. Atualmente, a organização é uma

coalizão de 165 empresas de presença internacional, distribuídas entre vinte

setores econômicos e está presente em mais de trinta países (VINHA, 2003).

Numa reunião realizada na cidade japonesa de Kyoto , em 1997,

representantes de diversos países participaram de um evento onde foi

aprovado um documento denominado Protocolo de Kyoto . Neste, foram

estabelecidas a proposta de criação da Convenção de Mudança Climática das

Nações Unidas e as condições para implementação da referida Convenção.

Essa reunião de Kyoto foi mais uma, dentre outras reuniões já ocorridas desde

a ECO 92.

A conferência culminou na decisão por consenso de adotar - se um

Protocolo segundo o qual as nações industrializadas se comprometem a

reduzir suas emissões combinadas de gases causadores do efeito estufa em

pelo menos 5% - em relação aos níveis de 1990 - para o período entre 2008 e

2012. Esse compromisso promete produzir uma reversão da tendência

histórica de crescimento das emissões iniciadas nesses países há cerca de 150

anos.

21

Page 22: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

I.3 – As Empresas e o Desenvolvimento Sustentável

Com a Globalização e a difusão do conceito de Desenvolvimento

Sustentável, as empresas viram- se pressionadas a se adaptar às novas

exigências do mercado mundial. Antes, só tomavam atitudes ecologicamente

corretas quando eram obrigadas pela legislação ambiental.

Segundo Lustosa, com essas mudanças, o comportamento ambiental

das empresas passou a ser pró- ativo. As estratégias empresariais passaram a

considerar o meio ambiente, através da implementação de um Sistema de

Gestão Ambiental (SGA). O SGA permite à empresa controlar eficientemente os

impactos ambientais de todo o seu processo de produção, desde a escolha da

matéria - prima até o destino final do produto e dos resíduos líquidos, sólidos

e gasosos, levando- a a operar da forma mais sustentável possível.

Porém, predominava a concepção de que meio ambiente e lucro eram

adversários naturais. As empresas acreditavam que a implementação de um

SGA levaria à redução dos lucros e repassaria os custos aos consumidores,

elevando os preços. Em grande medida, essa crença devia- se ao fato de o

custo da tecnologia ambiental ser alto em virtude de não estar tão disponível

nem tão aperfeiçoada quanto hoje.

Mas com o aumento da concorrência mundial, as firmas tiveram de

buscar a redução de custos. E isso foi fundamental para a constatação de que

as tecnologias ambientais reduziam custos, pois a busca pela utilização mais

racional dos recursos naturais resultou em otimização de processos

produtivos, conservação de energia e controle de desperdícios e,

conseqüentemente, observou - se uma redução dos custos e dos impactos

ambientais de suas atividades.

“Este modelo de gestão, também conhecido com eco- eficiência, ao

substituir alterações pontuais e dispendiosas, permitiu significativa economia

de recursos, incrementou a produtividade e a eficiência, resultando em

vantagem de custo sobre competidores” (VINHA, 2003, p.177).

22

Page 23: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

O World Business Council for Sustainable Development define eco-

eficiência como "entrega de bens e serviços com preços competitivos que

satisfazem as necessidades humanas e trazem qualidade de vida, enquanto

reduzem progressivamente os impactos ecológicos e a intensidade de uso de

recursos ao longo do ciclo de vida para um nível que esteja, pelo menos,

condizente com a capacidade da Terra" (WBCSD, 1999).

O WBCSD desenvolveu um conjunto com sete componentes através dos

quais as empresas podem melhorar sua eco- eficiência :

• reduzir o uso de materiais em bens e serviços;

• reduzir o uso de energia em bens e serviços;

• reduzir ou eliminar a dispersão de substâncias tóxicas;

• elevar o índice de reciclabilidade de materiais;

• maximizar o uso de recursos naturais renováveis;

• aumentar a durabilidade do produto; e

• utilizar mais adequadamente bens e serviços.

Os impactos ambientais geram repercussões que abalam a confiança

dos investidores, acionistas, consumidores e outros grupos sociais

acarretando prejuízos às empresas.

Conseqüentemente, as firmas passaram a encarar os custos associados

à administração do passivo ambiental como um investimento, já que assim, os

diversos segmentos da sociedade aceitavam melhor as suas atividades. A

reputação passou a ser o ativo mais importante para as empresas.

Segundo Vinha, a postura do setor empresarial mudou. As empresas,

que antes só realizavam ações filantrópicas isoladas e se relacionavam com

profissionais de suas áreas de atuação, passaram a ser mais transparente e a

se preocupar com os benefícios sociais e ambientais.

23

Page 24: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Passou - se a estudar e acatar as reclamações e as expectativas de

diversos membros da sociedade (stakeholders 3) na tomada de decisões:

ambientalistas, governos locais, consumidores, funcionários.

As relações com os stakeholders passaram a ser um critério de

desempenho das companhias, além do desempenho financeiro. Para manter

posição competitiva é fundamental uma política de comunicação social bem

fundamentada.

As firmas começaram a definir metas para redução de emissões; a criar

departamentos especializados em meio ambiente e relações corporativas; a

desenvolver parcerias com ONGs; e a fundar suas próprias organizações sem

fins lucrativos e fundações, destinadas a gerenciar seus investimentos em

projetos sociais.

Associado a eco- eficiência surge, então, o conceito de Responsabilidade

Social Empresarial, que é considerado o lado humano do primeiro conceito.

Além do aprimoramento tecnológico, as companhias passaram a ser

empenhar para manter uma postura ética nos negócios e transparência na

comunicação com a sociedade.

I.3.1 - Certificados de Qualidade

Neste contexto, os certificados de qualidade começam a ganhar

destaque, porque tinham por finalidade agregar valor aos produtos e a

diferenciar as empresas realmente engajadas nos programas de gestão

ambiental, das empresas que se utilizavam da “lavagem verde” 4.

Os certificados mais importantes são o International Organization for

Standartization (ISO 9000 e ISO 14000), o Social Accountability (SA 8000) e

Health and Safety Management System Conformance Certification (BS

8800/OHSAS 18001). Enquanto as normas ISO 9000 tratam da qualidade em

produtos, processos e serviços da empresa, as normas ISO 14000 referem - se à

gestão da qualidade ambiental. Já as normas BS/OHSAS prescrevem um

sistema de gestão de saúde ocupacional e segurança compatível com a ISO

3 “grupos de interesses” ou “partes interessadas”.4Empresas oportunistas, que para alavancar suas imagens e cumprir a legislação ambiental,executavam reformas simbólicas e medidas cosméticas.

24

Page 25: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

14001. Estas normas são resultantes de todo processo de modificação de

cultura social e industrial decorrente da preocupação com o meio ambiente.

A partir dos anos 90, as empresas no Brasil começaram a investir em

programas ambientais e sociais com o objetivo de atender as reivindicações

da sociedade que se mostrava cada vez mais engajada na defesa do meio

ambiente. Com isso, essas empresas passaram a ser reconhecidas pela

sociedade.

Cada vez mais as empresas compreendem que o custo financeiro de

reduzir o passivo ambiental e administrar conflitos sociais pode ser mais alto

do que o custo “de fazer a coisa certa”, isto é, de respeitar os direitos

humanos e o meio ambiente, pois influenciam a percepção da opinião pública

sobre a companhia, dificultando a implementação de novos projetos e a

renovação de contratos (VINHA, 2003).

CAPÍTULO II – A INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E O MEIO AMBIENTE

No século XX, o petróleo destronou o carvão como principal fonte

energética. A sociedade moderna estabeleceu uma crescente dependência em

relação a esse recurso não- renovável. Este produto tornou - se estratégico e

estreitamente relacionado com a soberania das nações. A maioria das guerras

do último século estavam, direta ou indiretamente, relacionadas com domínio

de poços, rotas e refinarias de petróleo.

A indústria do petróleo é uma evidência contemporânea dos riscos de

acidentes de grande porte, dos riscos de acidentes de trabalho em geral e dos

mecanismos de contaminação humana e da vida animal, pesando cada vez

mais nas alterações ambientais locais e planetárias 5.

5 Ver Anexo I

25

Page 26: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

As várias etapas 6 da cadeia de produção dos derivados de petróleo

possuem riscos e rentabilidades distintas. Em linhas gerais pode - se dizer que

o maior risco está associado às etapas do upstream 7. Já o refino concentra a

possibilidade de maiores ganhos. A distribuição e comercialização, por

demandarem os menores investimentos, proporcionam maior rentabilidade.

II. 1 - Evolução da Indústria Mundial do Petróleo

A indústria mundial do petróleo (IMP) teve início com Edwin L. Drake ,

que perfurou o primeiro poço, em Titusville , Estados Unidos, no ano de 1859.

Entre 1860 e 1870, houve uma corrida ao petróleo, com grande número de

pequenos produtores explorando o mais rápido e na maior quantidade

possível. “Essa concorrência anárquica provocou uma enorme flutuação da

produção e nos preços e nenhuma sustentação ao negócio petroleiro”

(ALVEAL, 2003, p.3.).

Em 1870, inicia- se a segunda fase da indústria petrolífera, que foi

marcada pelos avanços tecnológicos e pela ascensão da Standard Oil

Company . Essa foi a primeira companhia a obter êxito na redução de custos,

com melhoria de produtividade e de qualidade dos derivados. Com isso,

passou a dominar o mercado, fundando o maior monopólio da economia

americana no final do século XIX, e expandiu - se para o mercado

internacional.

No entanto, em 1911, a Suprema Corte Federal dos Estados Unidos

acabou por determinar a divisão da grande empresa, em 33 novas empresas.

Dessas, algumas viriam a transformar - se em grandes empresas

multinacionais: a Standard Oil of New Jersey , atualmente Exxon ; a Standard Oil

of New York , hoje Mobil Oil; e a Standard Oil of California , agora Chevron .

Além dessas, duas outras empresas nascidas das descobertas de petróleo, no

Texas, também tornariam - se grandes sociedades da Indústria Mundial do

Petróleo (IMP), a Texaco e a Golf Oil1 .

6 Exploração, produção, refino, transporte, distribuição e comercialização.7 Etapas de produção e exploração.

26

Page 27: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Na Europa, a indústria de petróleo surgiu de maneira menos explosiva

do que a americana devido a grande competição do carvão, alcatrão, turfa e

linhita. Mesmo assim, o desenvolvimento da indústria européia foi semelhante

a da indústria americana: houve concentração em torno de duas grandes

empresas, hoje denominadas de Royal Dutch Shell e British Petroleum .

A partir da Primeira Guerra Mundial, onde o petróleo e o motor de

combustão ganharam fundamental importância no cenário internacional,

iniciou- se a terceira fase da IMP. Essa fase foi marcada pelas disputas para

tomar posse das jazidas de petróleo do Oriente Médio, Ásia e América Latina

por parte dos governos e das grandes corporações da Europa e dos Estados

Unidos (ALVEAL, 2003).

No início do século XX, começava a competição entre o grupo Shell e a

Stardand Oil of New Jersey , a maior e mais forte empresa remanescente da

Standard Oil Company . A tecnologia européia acabou prevalecendo e, em

1918, o grupo europeu controlava 75% da produção petroleira mundial, fora

do mercado americano.

Nesse contexto, o governo americano se esforçou para manter uma

política de portas abertas para as companhias norte - americanas de petróleo

no exterior, o que aumentou ainda mais a rivalidade europeu - americana. Já

nesta época as sete grandes empresas petrolíferas internacionais (cinco

grandes firmas americanas e duas européias) disputavam acirradamente

novas e melhores jazidas. Estas empresas viriam a ser conhecidas como sete

irmãs ou majors .

Somente em 1928, com o Acordo de Achanacarry 8, o período de alta

competição oligopólica na IMP se encerrou. Esse período teve efeitos negativos

para as empresas, que apresentaram uma redução no crescimento e nos

lucros devido à excessiva competição, e só com a realização de acordos seria

possível racionalizar a indústria. (ALVEAL, 2003).

Com o estabelecimento de acordos posteriores de controle das

condições de novos entrantes na indústria e de fixação de preços e quotas de

8 O Acordo Achnacarry foi firmado entre a Standard Oil, a Royal Dutch Shell e a Anglo PersianCompany, a fim de "eliminar a competição, impedir excesso de produção e dividir o mundo”.

27

Page 28: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

produção, as sete irmãs iniciaram a fase mais duradoura de expansão

relativamente estável na IMP.

O sistema regulador do cartel fortaleceu a posição das majors no

cenário internacional, permitindo a penetração e a dominação de vários

mercados estrangeiros. Os acordos negociados com os países detentores das

melhores jazidas eram sempre favoráveis à majors , já que essas empresas

negociavam em conjunto enquanto os governos atuavam isoladamente. Em

1950, as sete irmãs controlavam 65% das reservas mundiais, mais de 50% da

produção de óleo bruto e detinham a propriedade de 70% da capacidade de

refino e de cerca de dois terços da frota mundial de petroleiros, além dos

mais importantes oleodutos (PENROSE, 1968).

Durante os anos seguintes a Segunda Guerra Mundial, tornou - se mais

claro o caráter estratégico da indústria petrolífera, juntamente com a

indignação dos países detentores de grandes jazidas. Muitos deles começaram

a usar a força de seus Estados para contrabalançar o poder de monopólio das

majors e possibilitar o desenvolvimento da indústria petrolífera. As soluções

encontradas por esses países foram: a intervenção direta dos governos,

centrando - se no desenvolvimento de empresas estatais de petróleo; e/ou a

intervenção indireta, através da renegociação do sistema de concessões. Essa

última alternativa deu origem, em 1960, à Organização dos Países

Exportadores de Petróleo (OPEP), que objetivava justamente enfraquecer as

companhias petrolíferas internacionais e fixar as normas gerais da política

petrolífera dos países membros.

A partir dos anos 60, o reinado das sete irmãs começa a se debilitar.

Além dos fatores supracitados, o surgimento de novos produtores, o retorno

do petróleo russo ao mercado europeu e a entrada de companhias

independentes norte - americanas e companhias européias estatais na

indústria contribuíram para minar o poder de cartel das majors .

A renegociação dos sistemas de concessões e o surgimento progressivo

de empresas estatais nos países exportadores de petróleo reunidas na OPEP

foram os grandes responsáveis pela mutação da IMP. As reservas e a produção

28

Page 29: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

mundial passaram a ser concentradas pelas empresas dos países da

organização, consolidando a estrutura industrial dos monopólios petrolíferos

estatais e estabelecendo barreiras institucionais à entrada das companhias

internacionais na exploração e na produção.

Esse contexto conferiu à OPEP um significativo poder de mercado até o

fim da década de 70, permitindo aos países produtores estabelecer os preços

internacionais de referência do petróleo.

Em 1973, a OPEP, em represália ao apoio dos Estados Unidos e da

Europa Ocidental à ocupação de territórios palestinos por Israel, decide

estabelecer cotas de produção e quadruplicar o preço do petróleo.

Para os produtores, esse primeiro choque do petróleo representou

rápido e significativo aumento nos lucros. Os lucros advindos da exportação

do petróleo enriqueciam os países da OPEP e reduziam o poder aquisitivo das

nações desenvolvidas. Economias que já eram sujeitas à pressões

inflacionárias foram atingidas por um forte choque inflacionário.

Com o início da Guerra Irã – Iraque, em 1979, ocorre o segundo choque

do petróleo. O Irã, que era o segundo maior exportador da OPEP, fica

praticamente fora do mercado. O preço do barril do petróleo, então, atinge

níveis recordes e a recessão econômica mundial do início da década de 80 é

agravada.

No entanto, o alto preço do barril melhorou ainda mais a situação

financeira das estatais dos países detentores de hidrocarbonetos e de todas

as empresas produtoras da indústria. A situação das sete irmãs mantinha - se

confortável, mesmo com o aumento da dificuldade de acesso às melhores

jazidas. O alto preço do petróleo permitia que os vários atores desta indústria

obtivessem rendas consideráveis.

Após os choques da década de 70, o cenário de preços em alta

promoveu, por um lado, uma nova fase de abertura da indústria com o

ingresso de novos produtores e o aumento da competição. E por outro lado, o

mercado internacional de energia começou a se reestruturar e a importância

29

Page 30: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

dos derivados de petróleo foi reduzida no cenário mundial. Quase todas as

nações desenvolvidas resistiram aos preços promovendo políticas energéticas

visando minimizar sua dependência em relação ao petróleo importado,

através de uma série de medidas de substituição de derivados.

Na década de 80, o meio ambiente passou a fazer parte da agenda de

política dos governos, dos organismos internacionais e das empresas. Novas

legislações de preservação ambiental, que objetivavam reduzir o nível de

emissão de gases que provocam o efeito estufa foram implementadas. Estas

legislações se traduziram na criação de impostos e taxas sobre a produção e o

consumo de derivados de petróleo (ALVEAL, 2003).

O fortalecimento das regulamentações ambientais e as políticas

energéticas desenvolvidas provocaram uma forte redução das taxas de

crescimento da demanda de petróleo, para a qual também contribuíram a

queda do ritmo de crescimento econômico mundial (PINTO JUNIOR E

FERNANDES, 1998).

A oferta de hidrocarboneto continuou abundante, devido ao aumento

da produção dos países não pertencentes à OPEP e das companhias

internacionais. A fim de diminuir a dependência em relação aos países

produtores, os países consumidores, além das políticas energéticas, passaram

a desenvolver novas áreas de exploração. Com o aumento da concorrência, a

OPEP viu seu poder de influenciar os preços do petróleo no mercado

internacional enfraquecido. Estes passaram, então, a ser determinados pelas

cotações do mercado spot 9.

A queda dos preços do petróleo após 1986 e a relativa estabilidade dos

mesmos na década de 90 acarretaram mudanças estratégicas na IMP, levando

às companhias petrolíferas a implementarem políticas de redução de custos.

Isso implicou no aumento da competição intra - indústria o que fez acelerar o

ritmo de inovação tecnológica na produção e na utilização de energias

concorrentes ao petróleo.

9 Negócios realizados com pagamento à vista e pronta entrega da mercadoria. A entrega, aqui, nãosignifica entrega física, mas sim a entrega de determinado montante de dinheiro correspondente àquantidade de mercadoria negociada.

30

Page 31: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

O final do século XX foi marcado por fusões e parcerias na IMP. Elas

visavam a reunião de forças para enfrentar os riscos ambientais e a pressão

da sociedade sobre qualidade e proteção ao meio ambiente, a necessidade de

redução de custos, a demanda tecnológica para produção de petróleo em

novas fronteiras e adequação do parque de refino e da frota mercante.

Grandes empresas passaram a se unir e se proteger cada vez mais para

enfrentar os novos desafios.

II. 2 - Os riscos de acidentes na atividade petrolífera

Com os avanços tecnológicos alcançados pela IMP, no final do século

XIX, os riscos se potencializaram. Os combustíveis líquidos introduziram

novas variáveis – volatilidade, fluidez, inflamabilidade mais intensa que no

carvão – que aumentavam os riscos de acidentes e facilitavam as

contaminações por infiltração no solo e dispersão nas águas (VALLE E LAGE,

2003).

Assim, na avaliação de quaisquer eventos na indústria petrolífera, é

conveniente manter em primeiro plano o pressupos to de que todas as suas

atividades, em todas as etapas, oferecem ‘riscos intrínsecos e variados’,

resultantes de uma estreita correlação e de uma freqüente potencialização

recíproca entre os fatores técnicos e as condições humanas e a variação do

ambiente natural. Seus impactos ambientais em todo o circuito, desde o poço

até os motores e caldeiras que queimam combustíveis, bem como suas

atividades de transporte e de produção no mar, seus equipamentos especiais

de perfuração e de escoamento vêm sendo objeto de vários estudos.

Consumir petróleo e seus derivados significa lançar na atmosfera, sob a

forma de gases e poluentes, uma massa enorme de carbono e outros

elementos como enxofre e nitrogênio. Estima- se, hoje, um consumo diário de

aproximadamente 100 milhões de barris de petróleo. Essa massa de petróleo e

gás é quase toda queimada, transformando - se basicamente em gás carbônico.

É uma massa de carbono, sem precedentes na história, jogado artificialmente

na atmosfera.

31

Page 32: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

A dispersão desses gases e poluentes, principalmente, em áreas urbanas

pode contribuir para a ocorrência de graves acidentes, que afetam a saúde da

população e os ecossistemas da região. Mas essa massa de gás jogada na

atmosfera é apenas um dos fatores de agressão à natureza promovido pela

indústria do petróleo. As agressões ocorrem em todas as etapas dessa

indústria.

Ainda na etapa sísmica da exploração, destinada a verificar o potencial

dos campos de petróleo, são utilizadas explosões com dinamites. O processo

de perfuração de poços despeja lamas oleosas no meio ambiente. Nas

instalações de produção, há sempre riscos de derramamentos, de incêndios e,

normalmente são descartados rejeitos com enormes potenciais de agressão à

natureza como as águas de produção, em geral com alta salinidade, e que são

inutilizadas ainda contendo significativas massas de óleo.

Nos vários meios de transporte de óleo dos campos de produção até as

unidades de refino, há também enormes riscos envolvidos tais como

derramamentos e incêndios. Os principais meios utilizados são transporte por

água, dutos, ferrovias ou rodovias.

Como os grandes centros consumidores de petróleo de maneira geral

situam - se distantes dos grandes pólos produtores, os riscos estão presentes e

se multiplicam ao longo de todo o trajeto percorrido pelo petróleo em sua

viagem de seu sítio de origem até as refinarias.

Os acidentes terrestres causam danos na área onde ocorrem, o que

possibilita a fácil delimitação do local atingido. Entretanto, nos casos de

acidentes na água, os impactos têm suas dimensões ampliadas, pois são

propagados pelas correntes, dificultando a determinação das áreas atingidas.

Segundo Valle e Lage, somente após a entrada em cena dos

combustíveis líquidos, intensificada no início do século XX, os impactos

ambientais provocados pelos acidentes marítimos assumiram maiores

proporções.

32

Page 33: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Além da contaminação pelos despejos das embarcações acidentadas,

um novo foco de acidentes no mar começou a se projetar, a partir da década

de 70, decorrente da intensificação da exploração em campos petrolíferos

submarinos.

As plataformas desenvolvidas para esses campos resultaram em

instalações de grande porte, fixas ou móveis, capazes de abrigar tripulações

de centenas de homens e de concentrar, em espaços reduzidos e muitas vezes

confinados, expressivo número de equipamentos e volumes elevados de

produtos inflamáveis. Os riscos concentrados nessas unidades têm causado

acidentes de grande porte, com muitas perdas humanas. O vazamento de

petróleo, provocadas por falhas nos dutos submarinos que interligam essas

plataformas entre si ou às bases de terra, podem também ser causas de

acidentes ambientais relevantes (VALLE E LAGE, 2003).

Os dutos são caracterizados por serem sistemas de transporte de fluxo

contínuo e sob pressão e podem ser enterrados, suspensos e subaquáticos. E

por isso estão sujeitos a acidentes como vazamentos de gases e

derramamentos de líquidos. O impacto de tais acidentes pode ser agravado

em função do tempo que o vazamento se estender e em função da atividade

da área afetada. Nesses casos, o risco de incêndio e explosão será elevado se o

líquido /gás transportado for inflamável. Um fator adicional a ser considerado

é a tentativa de furto do material vazado pela população próxima ao acidente.

O transporte rodoviário, o mais utilizado no Brasil, é recorrente em

acidentes envolvendo combustíveis líquidos, incluindo gasolina, álcool e óleos,

e gás liquefeito de petróleo. Os riscos aumentam quando as estradas estão em

péssimas condições e quando os caminhões não utilizam nenhuma medida de

segurança para evitar acidentes.

Outro meio de transporte utilizado para conduzir derivados do petróleo

é o ferroviário. Os acidentes ferroviários mais comuns são os

descarrilamentos e os engavetamentos. O roubo de carga nos pátios de

manobra pode também representar um fator de risco adicional. Todos são

33

Page 34: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

capazes de provocar importantes impactos ambientais como contaminação do

solo, derramamentos, incêndios e explosões.

Alguns acidentes ferroviários podem provocar a interdição das linhas

nos seus locais de ocorrência por períodos de tempo mais longos do que

levaria no caso de um acidente rodoviário. Tal fato é devido à maior

dificuldade de acesso de socorro a esses locais e à necessidade de recompor a

via permanente, quase sempre afetada pelo acidente, problemas que não

existem em uma rodovia.

A etapa da refinaria também é caracterizada por elevados riscos à

saúde e agressão à natureza. A indústria do refino consome intensamente

água e energia, dois insumos caros à humanidade.

E a água utilizada é jogada fora contendo grande quantidade de óleo,

matérias orgânicas e metais. As refinarias são, também, grandes responsáveis

pela poluição atmosférica. Pois, como são intensivas em energia e, em sua

maioria, auto - suficientes neste insumo, estas unidades são notáveis

consumidoras de petróleo e seus derivados.

Na fase de comercialização, os riscos aumentam e se propagam. Como

são dispersos e de pequena extensão, passam despercebidos, mesmo pelos

órgãos de fiscalização ambiental.

“A contaminação de áreas urbanas por hidrocarbonetos provenientes de

postos de serviços tem sido uma preocupação crescente nas grandes cidades,

pelo fato de que muitos desses postos mantêm essas instalações em uso por

muitos anos, sem a manutenção adequada” (VALLE E LAGE, 2003, p.82).

A maioria desses postos opera com tanques vazando e com descarte de

combustíveis que se infiltram nas áreas vizinhas dessas instalações podendo

atingir redes de esgotos pluviais, redes de energia, túneis de metrôs e

garagens de edifícios. Há também o risco à saúde pois, os frentistas,

respirando diariamente hidrocarbonetos, estão expostos diretamente a

agentes cancerígenos.

34

Page 35: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Atualmente, todos esses potenciais riscos descritos acima podem ser

minimizados com a tecnologia desenvolvida pela IMP e pelo cumprimento da

legislação já existente. No entanto, as próprias indústrias de petróleo, o

governo e a sociedade pouco se esforçam para prevenir catástrofes e muito se

dedicam para remediá - las.

CAPÍTULO III – O CASO PETROBRAS

No início da década de 90, mesmo antes da Conferência das Nações

Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), a indústria de

petróleo começou a se preocupar com o tema desenvolvimento sustentável.

Entidades como World Bussines Council for Sustainable Development (WBCSD) e

empresas multinacionais, como a Shell e a antiga Britsh Petroleum (atualmente,

BP), tomam a dianteira, definindo metas para redução de emissão e investindo

vultosos recursos em pesquisa de energia renovável.

35

Page 36: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

No Brasil, a temática da sustentabilidade vem sendo disseminada no

meio empresarial pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o

Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), entidade vinculada ao WBCSD, criada

em março de 1997. Atualmente, o CEBDS possui 50 empresas associadas,

entre elas, a Petrobras e outras multinacionais do setor, como a Shell e a BP. A

Petrobras ocupa um papel de destaque, pois faz parte do Conselho de

Administração da entidade.

O conceito de desenvolvimento sustentável adotado pelo CEBDS e pela

Petrobras engloba, além das premissas do Relatório Brundtland 10, a visão do

“triple bottom - line”, isto é, buscar o equilíbrio entre as três dimensões: o

econômico, o social e o ambiental.

O setor de petróleo acredita que, apesar de trabalhar com matérias -

primas e produtos de origem não- renovável, que são os combustíveis fósseis,

é possível empregar práticas e ações preventivas que reduzam

consideravelmente o impacto de suas operações, particularmente, aquelas

voltadas à eco- eficiência, isto é, a melhor utilização dos recursos naturais e a

minimização do desperdício, e ao uso de fontes alternativas de energia. Além

disso, as grandes companhias procuram compensar seu passivo ambiental

apoiando projetos sustentáveis promovidos por organizações do Terceiro

Setor. Com isso, acreditam estar atendendo as duas dimensões: a ambiental e

a social, sem que para isso seja necessário realizar alterações significativas de

caráter técnico e organizacional, sob risco de comprometer sua posição

competitiva e, conseqüentemente, seu desempenho econômico.

No caso da Petrobras, uma das principais armas é a satisfação de seus

funcionários. E o fato de a empresa adotar uma postura social e

ambientalmente responsável ajuda a elevar a taxa de satisfação de seus

empregados para com a empresa, refletindo, conseqüentemente, nos

acionistas e na sociedade como um todo (AMARAL, 2002, p.62).

Neste capítulo, descreveremos a trajetória da Petrobras na incorporação

dos princípios da sustentabilidade, e faremos uma análise crítica dos

resultados desta política.10 Ver Capítulo I.

36

Page 37: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

III.1 – A Trajetória da Petrobras - Um breve histórico

No final da década de 40, cresceu a polêmica sobre a melhor política a

ser adotada pelo Brasil em relação à exploração do petróleo. As opiniões

radicalizaram, firmando - se posições opostas: havia grupos que defendiam o

regime do monopólio estatal, enquanto outros eram favoráveis à participação

da iniciativa privada. Depois de uma intensa campanha popular, o presidente

Getúlio Vargas assinou, em 3 de outubro de 1953, a Lei 2004, que instituiu o

monopólio estatal da pesquisa e lavra, refino e transporte do petróleo e seus

derivados e criou a Petróleo Brasileiro S.A - Petrobras para exercê- lo. Em

1963, o monopólio foi ampliado, abrangendo também as atividades de

importação e exportação de petróleo e seus derivados.

Na época da criação da Petrobras, a produção nacional era de apenas

2.700 barris por dia, enquanto o consumo totalizava 170 mil barris diários,

quase todos importados na forma de derivados. A partir de então, a nova

companhia intensificou as atividades exploratórias e procurou formar e

especializar seu corpo técnico, para atender às exigências da nascente

indústria brasileira de petróleo. O esforço permitiu o constante aumento das

reservas, primeiro nas bacias terrestres e, a partir de 1968, também no mar 11.

O ano de 1974 registra um importante marco na bem- sucedida

trajetória da Petrobras: a identificação do campo de Garoupa, a primeira

descoberta na Bacia de Campos, no litoral do estado do Rio de Janeiro.

Posteriormente, a partir de meados da década de 80, a Petrobras direcionou

suas atividades de exploração, principalmente para as regiões de águas

profundas da Bacia de Campos, culminando com descobertas de campos

gigantes, como Marlim, Albacora, Barracuda e Roncador. Hoje, a Bacia de

Campos é a maior província produtora de petróleo do País e uma das maiores

províncias produtoras de petróleo em águas profundas do mundo 12.

A Petrobras decidiu também ampliar o parque de refino então

existente 13 para reduzir os custos de importação de derivados de petróleo.

11 Em 1969, foi descoberto o campo de Guaricema, no litoral do estado do Sergipe.12 Website da Petrobras. História.13 Formado por uma refinaria em operação, outra em construção, além de cinco refinarias particulares.

37

Page 38: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Assim, foi montado um parque com onze refinarias no Brasil e mais duas

refinarias na Bolívia. No Brasil, existem ainda duas refinarias particulares, que

já funcionavam antes da criação da Petrobrás.

Atualmente, a Petrobras transformou - se na maior empresa brasileira e

na 12ª empresa de petróleo do mundo, segundo os critérios da publicação

Petroleum Intelligence Weekly – PIW. A produção média total, em 2003, ficou

em 1,79 milhões de barris de óleo equivalente por dia, crescendo 2,2% em

relação ao exercício anterior; e o lucro líquido alcançou a marca de R$ 17,8

bilhões, um recorde na história da empresa (RELATÓRIO ANUAL PETROBRAS,

2003).

A companhia é uma sociedade anônima de capital aberto que, junto

com suas subsidiárias Braspetro, Transpetro, BR Distribuidora, Gaspetro e

Petroquisa, atua de forma integrada 14 e especializada nos seguintes segmentos

relacionados à indústria do petróleo: exploração e produção; refino,

comercialização e transpor te; distribuição de derivados; gás natural e

petroquímico.

Com a abertura do mercado brasileiro a outras empresas 15, a Petrobras

está vivenciando novos desafios e oportunidades de crescimento, agora

atuando sob o regime de competição. Neste contexto de flexibilização e

aumento da competitividade, a empresa traçou uma estratégia de

internacionalização, preparando - se para tornar - se uma corporação

internacional de energia nos próximos anos. Atualmente, a Petrobras, através

da Área de Negócios Internacional, atua nos seguintes países: Angola,

Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Nigéria, Peru e

Venezuela.

14 Do poço ao posto.15 A partir de novembro de 1995, em função da Emenda Constitucional no. 9, o Brasil passou a admitira presença de outras empresas para competir com a Petrobras em todos os ramos da atividadepetrolífera.

38

Page 39: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

III.2– Os acidentes ambientais envolvendo a Petrobras

A Petrobras, em decorrência da própria natureza do seu negócio, já

viveu situações de dificuldades das mais variadas, e enfrentou todos os tipos

de crises, sejam aquelas decorrentes da escassez de recursos financeiros,

sejam decorrentes de questões de natureza política ou ambiental.

A partir de meados da década de 80, com a difusão dos conceitos de

desenvolvimento sustentável e responsabilidade social aliado ao avanço

tecnológico na área de exploração de petróleo, os acidentes de derramamento

de óleo, e os impactos a eles associados, passaram a assumir mais

visibilidade, tornando essa atividade uma das principais fontes de

credibilidade e reputação.

Apesar de serem freqüentes, esses acidentes passam a influenciar na

imagem da Petrobras a partir de então, levando a empresa a rever suas

estratégias no campo da responsabilidade ambiental e social. Entretanto,

acidentes, como os derramamentos de óleo na Baía de Guanabara e no Rio

Iguaçu, em 2000, e a perda da P- 36, em 2001, merecem um destaque maior

porque marcaram a reestruturação e um real comprometimento da Petrobras

com o meio ambiente e a sociedade.

A grandiosidade da P- 36, os dois vazamentos em locais turísticos e

ambientalmente preservados, bem como a enorme disponibilidade das

comunicações, permitiram que os episódios assumissem proporções

inigualáveis até hoje na vida da Petrobras e do próprio País.

III.2.1 – Baía de Guanabara

Em janeiro de 2000, um oleoduto derramou 1,3 milhão de litros de

petróleo na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, agravando sua histórica

poluição e destruindo manguezais.

Considerado o segundo desastre mais grave já verificado na área

marítima do Rio de Janeiro, sendo apenas superado pelo acidente ocorrido

39

Page 40: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

com o navio "TARIK", em 1975 16, provocou graves danos ao ecossistema, o

qual, segundo especialistas, só deverá recuperar suas condições normais

daqui a dez ou quinze anos.

O duto que liga a Refinaria de Duque de Caxias ao terminal de

abastecimento de navios na Ilha d’Água se rompeu e o vazamento durou cerca

de trinta minutos. A falha foi verificada pelo medidor de pressão. Por causa

das marés e dos ventos, o óleo vazado acabou se concentrando no fundo da

baía.

A mancha de óleo se estendeu por uma faixa superior a 50 quilômetros

quadrados, atingindo o manguezal da Área de Proteção Ambiental (APA) de

Guapimirim, praias banhadas pela Baía de Guanabara, inúmeras espécies da

fauna e flora, além de provocar graves prejuízos de ordem social e econômica

a população local.

As comunidades que tiravam seu sustento de atividades ligadas, direta

ou indiretamente, à boa qualidade das águas da Baía de Guanabara, tais como,

a pesca e o turismo, foram muito prejudicadas, quer pela contaminação dos

peixes e crustáceos, quer pela inviabilização do turismo pela poluição do

ambiente (REVISTA ABAMEC, 2001).

III.2.2 – Rio Iguaçu

Em julho de 2000, a vítima foi o rio Iguaçu que recebeu 4 milhões de

litros de petróleo que vazaram de um oleoduto da Refinaria Presidente Getúlio

Vargas (Repar), localizada no município de Araucária, no Paraná. Representou

um trágico episódio de contaminação ambiental por vazamento de petróleo e

produtos derivados, desta vez em um rio que abriga um dos maiores símbolos

ambientais nacionais: as Cataratas do Iguaçu.

De acordo com informações da Petrobras, do total despejado, 2,5

milhões de litros ficaram retidos no Rio Barigüi. O restante se espalhou numa

extensão de 30 quilômetros próxima à cabeceira do Rio Iguaçu.

toneladas de óleo na Baía de Guanabara.

40

Page 41: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Além dos funcionários da Petrobras, a Polícia Militar, Defesa Civil,

Exército, técnicos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) também trabalharam

na contenção da mancha. Além disso, técnicos e equipamentos da Clean

Caribbean Cooperation , entidade internacional especializada em acidentes

como este, participaram da operação.

Por se tratar de hidrocarboneto que é uma substância inflamável, as

famílias “ribeirinhas” 17 foram orientadas a não utilizar materiais explosivos

como cigarros ou fogos de artifício próximo ao local atingido. Além disso, a

instrução foi que não tivessem contato com o óleo, que poderia causar

irritação à pele.

Na região, vivem animais como capivaras, tatus, antas, além de centenas

de aves e peixes. No trecho inicial do vazamento, de 5 km entre os rios Barigüi

e Iguaçu, os biólogos recolheram sete animais, todos mortos, asfixiados pelo

óleo. Foram os primeiros sinais da destruição provocada no ecossistema do

Iguaçu.

Vale lembrar que três semanas antes do acidente, a Petrobras /Repar

recebeu a certificação ISO14.001 e BS 8800 18, “como reconhecimento

internacional como empresa que equilibra as necessidades de obtenção de

lucro e resultado com o atendimento da qualidade de vida de empregados e

comunidades através da proteção do meio ambiente e de práticas industriais

seguras” (REVISTA ABAMEC, 2001).

III.2.3 – Plataforma 36

Em março de 2001, ocorreram duas explosões causadas por um

vazamento de gás e óleo, localizado no alto de uma coluna da P- 36. As

explosões causaram alagamento gradual da parte alta da coluna, pela ruptura

de várias linhas de água, e devido à inclinação, houve uma exposição à

entrada de água do mar, levando ao alagamento progressivo de toda a coluna

e, depois, ao naufrágio, cinco dias após as explosões. Na hora do acidente

havia 175 trabalhadores a bordo, dos quais 11 morreram.

17 Famílias que vivem próximas a rios.18 Ver Capítulo I

41

Page 42: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Imediatamente após a primeira explosão, iniciou- se a operação de

retirada preventiva das pessoas que estavam na plataforma, exceto as

diretamente envolvidas no controle da emergência. Como a P- 36 começou a

adernar, o pouso de helicópteros ficou impossibilitado, e o resgate dos

funcionários teve que ser feito por barcos. Foi providenciado o transporte das

pessoas para a plataforma P- 47, que se situava a uma distância de 12

quilômetros do local. Ao mesmo tempo, eram desenvolvidas ações de controle

e de atendimento às vítimas.

Quase todos os mortos eram funcionários da brigada de incêndio. Eles

correram para a coluna para tentar apagar o fogo e foram surpreendidos pela

segunda explosão.

Para evitar que a P- 36 naufragasse, mergulhadores injetaram nitrogênio

nas colunas para estabilizar a plataforma. A operação de salvamento contou

ainda com o reforço de técnicos e equipamentos europeus. O mar agitado, no

entanto, fez com que a plataforma afundasse.

O acidente, por ter ocorrido em uma área de baixa biodiversidade na

margem continental, felizmente não provocou graves problemas ambientais.

O desligamento dos poços foi o principal fator para evitar um desastre

ecológico de maior proporção, mas houve um vazamento de 1,5 milhões de

litros de óleo diesel e petróleo que estavam armazenados na plataforma, que

se estendeu por uma área de 60 quilômetros quadrados. Houve um receio de

intoxicação da fauna e da flora da região devido aos compostos aromáticos

contidos no óleo derramado (RELATÓRIO ANUAL PETROBRAS, 2001).

III. 3 – A mudança de conduta após os acidentes

Ao longo das últimas décadas, o Brasil vem chegando cada vez mais

perto da auto - suficiência na produção de petróleo e derivados, o que deverá

ser uma realidade em 2005. Mas esta conquista da Petrobras antecipou a

necessidade de mudança em seus modelos de segurança e gestão ambiental.

Isto ficou claro com os vazamentos que ocorreram em 2000 na Baía de

Guanabara e no Paraná, e cuja gravidade destoou do histórico da empresa

42

Page 43: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

(PROGRAMA DE EXCELÊNCIA GESTÃO EM AMBIENTAL E SEGURANÇA

OPERACIONAL, 2001).

O vertiginoso aumento da produção de petróleo no País nos últimos

anos aumentou a responsabilidade das empresas e está obrigando a Petrobras

e as demais companhias do setor a aplicar mais recursos e novas tecnologias

na área ambiental. A produção de petróleo no Brasil praticamente dobrou em

menos de dez anos: passou de 800 mil barris /dias em 1996 para mais de 1,5

bilhão atualmente. O risco de acidentes aumentou na mesma proporção. O

acidente de 2000 na Baía de Guanabara é tido como um divisor de águas.

Acidentes envolvendo derramamento de óleo causam sérios danos ao

meio ambiente e à imagem das empresas. Além disso, as multas aplicadas por

órgãos ambientais e os efeitos da interrupção da produção geram pesados

prejuízos. Por isso, em janeiro de 2001, a Petrobras criou o mais sofisticado

programa ambiental e de segurança operacional já elaborado no País,

coordenado por um grupo de trabalho que envolveu dez diferentes gerências,

80 especialistas e, posteriormente, todos os demais escalões da companhia,

nomeado como Pegaso - Programa de Excelência em Gestão Ambiental e

Segurança Operacional.

O Pegaso prevê investimentos da ordem de R$ 3,2 bilhões em quatro

anos e assume compromissos inéditos no setor de exploração, como a

restauração completa da rede de dutos operados no País, instalando também

nessa rede uma forma automatizada de verificação permanente (estima- se

que foram automatizados 7 mil Km2, representando 75% do total de dutos).19

Com o Pegaso, surgiu a gestão integrada de Segurança, Meio Ambiente e Saúde

(SMS) em toda a companhia, envolvendo grandes investimentos em

equipamentos, instalações e capacitação.

Segundo a assessoria da empresa, a implantação do conceito integrado

de SMS atingiu a categoria dos grandes desafios que hoje marcam a evolução

da Petrobras, ao lado da conquista dos segredos do refino e da solução dos

mistérios na exploração em águas profundas. Além disso, esses investimentos

trouxeram um conceito novo de atuação para evitar acidentes ou, quando não,19 Website da Petrobras. Política de Segurança.

43

Page 44: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

reduzir ao máximo seus efeitos já que as equipes treinadas para enfrentar

contingências passaram a ser mantidas em prontidão 24 horas, de maneira a

permitir a intervenção rápida em qualquer ponto do território nacional.

Foram implantados 9 (nove) Centros de Defesa Ambiental (CDA) nas

principais áreas de atuação, em vários estados do país, para agir prontamente

em caso de acidentes. Em cada um deles atuam em média 20 especialistas,

aptos a comandar, em caso de emergência, centenas de pessoas. Sua rotina

inclui simulações freqüentes e o monitoramento das condições ambientais

locais, para antecipar as providências necessárias em caso de acidente. De

acordo com a Petrobras, os CDAs deram origem ao primeiro complexo de

segurança ambiental da América do Sul (PROGRAMA DE EXCELÊNCIA EM

GESTÃO AMBIENTAL E SEGURANÇA OPERACIONAL, 2001).

Os Centros de Defesa Ambiental também trabalham junto às

universidades no levantamento da sensibilidade ambiental das regiões em que

atuam. São verificadas as áreas mais sensíveis e o impacto de um possível

derramamento de óleo nestas regiões, e são feitos também levantamentos

socioeconômicos de todas as áreas próximas às atividades dos CDAs, para

que se possa trabalhar considerando todas essas variáveis.

Além disso, os terminais marítimos em área de grande sensibilidade,

como Baía de Guanabara (RJ), São Sebastião (SP) e Sergipe, receberam, cada

um, uma embarcação especializada no controle de vazamentos.

Outro objetivo do Pegaso diz respeito à qualidade. Uma das principais

metas do programa era a certificação de todas as Unidades de Negócio da

Petrobras pelas normas ISO 14001 e BS 8800/OHSAS 18001. E esse objetivo foi

conquistado, pois, a totalidade das unidades operacionais da Petrobras

operam com licenças ambientais 20 ou amparadas por acordos específicos de

ajuste de conduta. Segundo o Relatório Anual da Petrobras, a empresa

concluiu, em 2003, o cumprimento do Termo de Compromisso para Ajuste

Ambiental, o maior acordo desse tipo firmado no país, envolvendo um

investimento de R$ 192 milhões e mais de 40 projetos com a finalidade de

promover melhorias na Reduc e no terminal da Ilha d’Água, no Rio de Janeiro. 20 Ver Anexo II

44

Page 45: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Ainda visando a maximizar a sustentabilidade de seu negócio, o

programa estabeleceu que US$ 25 milhões por ano deverão ser investidos no

desenvolvimento de fontes de energia renováveis. Diversos projetos nessa

área estão em execução no Centro de Pesquisas da Petrobras (CENPES) e em

outros órgãos, envolvendo biocombustíveis, biomassa, energia eólica, energia

solar e a aplicação de células a combustível. Destacam - se, também, os

esforços no sentido de ampliar a participação na matriz energética brasileira

do gás natural, um combustível ecologicamente mais “limpo”.

Com o Pegaso, a companhia assumiu compromissos com cerca de

quatro mil projetos de diversos perfis. Nas áreas de alta sensibilidade

ambiental, onde passam os dutos, visando assegurar sua integridade, a

Petrobras e sua subsidiária Transpetro buscaram envolver as populações

locais em processos de comunicação de riscos, em projetos de educação

ambiental e de melhoria da qualidade de vida. Entre os projetos, destaca- se o

"Convivência e Parceria", destinado à conscientização de uma população de

mais de um milhão de habitantes que residem ao longo do duto Barueri -

Utinga (Obati), em São Paulo, e que mereceu da Associação dos Dirigentes de

Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) o Prêmio Top Social 2002.

Este tipo de projeto se enquadra numa forma moderna de

relacionamento com seus grupos de interesse (stakeholders ), que reconhece a

importância de envolver representantes da sociedade civil organizada,

particularmente as ONGs, e das comunidades do entorno do empreendimento

nos planos e atividades da empresa, estendendo a responsabilidade

corporativa também a esses públicos, e não apenas a acionistas e

funcionários. Com isso, a política de comunicação institucional deve sofrer

mudanças, e ser acompanhada pela estrutura organizacional que a suporta.

(VINHA, 2001).

Todas as atividades e investimentos da Petrobras estão sob observação

de uma auditoria externa. É o caso da implantação do sistema de inventário,

monitoramento e gerenciamento das emissões atmosféricas de

responsabilidade da companhia. São vinte mil fontes de emissão que estão

sendo identificadas e catalogadas.

45

Page 46: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Embora a Petrobras encare a atividade de monitoramento como uma

iniciativa pró- ativa e de responsabilidade social, o fato é que a empresa estava

bastante atrasada neste aspecto, visto que todas as grandes companhias

multinacionais já fazem medições há algum tempo, sendo que algumas, como

a Shell e a BP, vem impondo metas de redução de emissão desde 2001, razão

pela qual ambas fazem parte do índice de sustentabilidade ambiental do Dow

Jones (Dow Jones Index Sustainability ), criado para aferir o desempenho

ambiental das companhias com ações negociadas na Bolsa de Nova York,

especialmente com relação ao chamado “risco carbono”. Investidores de todas

as partes do mundo acompanham esse indicador para saber como as

empresas se adaptam às novas exigências ambientais.

Após duas tentativas, em 2004, a Petrobras afirma que passou a

integrar o Dow Jones de sustentabilidade. Mas vale observar que, segundo o

website do Dow Jones , a Petrobras ainda não foi aceita por não atender a um

requisito (não possuir declaração de emissões nem metas de redução) e seu

nome não consta entre os membros do Dow Jones Index Sustainability . A

empresa, certamente, será aceita assim que o sistema de inventário tiver seus

primeiros resultados.

Mesmo assim, a companhia já obtém outros resultados práticos com a

definição de parâmetros mais rigorosos na gestão de SMS: no primeiro

semestre de 2003, conseguiu renovar os contratos de seguro com uma

redução de 42% em relação ao prêmio anterior, mesmo com o aumento do

montante segurado, que passou de US$18 bilhões em 2002, para US$ 21

bilhões, em 2003, uma conseqüência dos investimentos na área (RELATÓRIO

ANUAL PETROBRAS, 2003).

Em quatro anos, a Petrobras investiu R$ 6,1 bilhões em programas de

controle de impacto ambiental e em programas de prevenção de acidentes de

trabalho. Somente em 2003, os gastos no Pegaso totalizaram R$ 2,3 bilhões. O

resultado obtido foi a queda na taxa de vazamento que, em 2000, por

exemplo, chegou ao patamar de 5.983 m3, e em 2003, ficou no nível de 276m 3.

O mesmo pode ser observado com a taxa de acidentados com afastamento,

46

Page 47: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

que recuou de 9,58, em 1997, para 1,21, em 2003 (RELATÓRIO ANUAL

PETROBRAS, 2003).

47

Page 48: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

CONCLUSÃO

O crescimento econômico é o resultado de uma série de interações e

mudanças nas estruturas produtivas, tecnológicas e sociais de uma economia.

O estudo da relação entre crescimento econômico, utilização dos recursos

naturais e degradação ambiental é essencial, uma vez que a oferta de recursos

naturais e a qualidade ambiental determinam o processo de crescimento

econômico, que por sua vez gera externalidades negativas sobre o meio

ambiente, que novamente influencia o crescimento econômico.

O problema da escassez dos recursos naturais esteve presente no

debate acerca do crescimento econômico desde o fim do século XVII quando

Malthus previu uma escassez de alimentos devido ao crescimento exponencial

da população, passando por Jevons com o esgotamento das reservas de carvão

na Inglaterra até o relatório publicado, em 1972, “Limites do Crescimento”.

Contudo, nenhuma dessas previsões de concretizou.

Para os economistas clássicos, que consideravam três fatores de

produção (terra, trabalho e capital), a economia apresentaria taxas

decrescentes de crescimento quando um fator, no caso terra, fosse

completamente empregado. Já na visão dos neoclássicos, os elementos

determinantes do crescimento seriam os fatores reprodutíveis (capital e

trabalho) e a inovação tecnológica. Dessa forma o aumento de produtividade

resultante da acumulação de capital e da inovação tecnológica, mais que

compensaria a escassez de recursos naturais. Desde então, os modelos

macroeconômicos passaram a adotar uma função de produção agregada com

somente dois fatores: capital e trabalho.

A Revolução Industrial mudou a relação da sociedade com a natureza.

Com o total domínio do processo produtivo, o homem passou a explorar

maciçamente os recursos naturais. Como conseqüência disso, chegamos a este

milênio com algumas pressões ambientais sérias, entre elas, a

sustentabilidade econômica do petróleo como principal fonte de energia.

48

Page 49: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Somente a partir dos anos 70, começaram a surgir críticas sobre os efeitos

prejudiciais ao meio ambiente decorrentes da atividade industrial e do

crescimento econômico, levando alguns economistas a refletir sobre os limites

à exploração dos recursos naturais.

Como conseqüência dessas críticas e reflexões sobre o futuro da

humanidade surgiu um novo conceito de desenvolvimento: o desenvolvimento

sustentável, que ganhou expressão entre o empresariado a partir da

realização da Eco- 92 levando as empresas a se adaptar aos novos paradigmas

do mercado mundial.

O século XX foi o século do petróleo. A IMP apresentou um espetacular

crescimento, colocando as empresas petrolíferas em evidência, bem como seu

potencial de risco ambiental. e de acidentes de trabalho.

A produção do petróleo envolve numerosos e graves riscos ao meio

ambiente desde o processo de extração, transporte, refino, até o consumo,

com a geração de gases que poluem a atmosfera. Os piores danos acontecem

durante o transpor te de combustível, com vazamentos em grande escala dos

oleodutos e dos navios petroleiros.

Sendo a principal fonte energética do atual modelo de desenvolvimento,

a extração do combustível fóssil sempre foi tolerada, justificando - se os

problemas ambientais e os acidentes por ela gerados. Porém, a convenção do

desenvolvimento sustentável é, atualmente, uma realidade no mercado,

mudando o padrão de concorrência, sobretudo nos setores potencialmente

mais poluentes. A sociedade em geral está mais consciente e, por isso, mais

exigente e menos tolerante com o tratamento tradicionalmente conferido ao

meio ambiente. Paralelamente, emerge um movimento de responsabilidade

social corporativa, fruto da pressão social e regulatória, que tem na

conservação ambiental o seu principal foco.

A excelência em gestão ambiental é hoje standard nas grandes

empresas líderes, tornando - se um fator de diferenciação competitiva entre os

maiores nomes do ramo do petróleo.

49

Page 50: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Neste trabalho foi analisado o caso da Petrobrás, enfocando os

acidentes de grandes repercussões em que a companhia esteve envolvida, os

vazamentos de óleo na Baía de Guanabara e no rio Iguaçu e a perda da P- 36, e

a sua mudança de estratégia no campo da responsabilidade sócio- ambiental.

Em 50 anos de atividade, a Petrobrás foi uma empresa de enorme

sucesso porque conseguiu responder as necessidades energéticas do país,

aliada a uma política de desenvolvimento econômico. É inquestionável o fato

de que a empresa foi uma alavanca da industrialização nacional, mas os

crescentes, e cada vez mais graves, acidentes que causou ao longo do tempo,

abalaram a imagem positiva que a sociedade tinha da empresa, sobretudo sua

mundialmente reconhecida competência tecnológica.

Após tomar medidas paliativas para resolver os problemas gerados

pelos acidentes, a Petrobras resolveu adotar uma postura ambiental e

socialmente responsável de forma estrutural, levando - a a mudar, inclusive,

sua missão corporativa e elaborar um novo planejamento estratégico.

O vazamento de óleo na Baía de Guanabara, em janeiro de 2000,

mostrou que todos os investimentos realizados, até então, em segurança e

meio ambiente não haviam sido suficientes. Este acidente resultou na

assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) entre a empresa e os

órgãos, envolvento parcerias com entidades da sociedade civil na

implementação de uma séria e ações corretivas e compensatórias. Na área

ambiental, a resposta veio com um programa que é considerado pela empresa

como uma “revolução interna”: o Pegaso é o maior programa ambiental e de

segurança operacional já posto em prática no Brasil.

A empresa realizou mudanças estruturais, internalizando o conceito de

desenvolvimento sustentável como estratégia empresarial, e passou a

construir sua reputação com atitudes e com o engajamento nas questões de

responsabilidade social e ambiental coorporativa, dando visibilidade de suas

ações a seus stakeholders .

Atualmente, a Petrobras admite que a função da empresa não se resume

a dar lucro e emprego, e a pagar impostos e respeitar a lei. Para demonstrar

50

Page 51: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

que mudou, vem aumentando, progressivamente, o investimento espontâneo

na área social. E também admite que, ao produzir, interage com o meio

ambiente e consome recursos naturais que são patrimônio de todos. Por isso,

reconhece que é seu dever prestar contas à sociedade sobre o impacto de suas

atividades e dar sua contribuição para o desenvolvimento sustentável.

Acidentes como os ocorridos em 2000, envolvendo vazamentos de óleo

em grandes proporções e em diferentes regiões do País – Baía de Guanabara

(RJ) e do Rio Iguaçu (PR) – mostram que a questão ambiental permanece um

grande desafio para o setor. É evidente que, apesar dos esforços em obter

certificações, a necessidade de aperfeiçoamento de normas e padrões ainda é

grande, demandando esforços contínuos de melhoria por parte da Petrobras.

O Pegaso é um programa pioneiro no País que pretende estreitar cada

vez mais a relação da companhia com a sociedade, satisfazendo seus anseios

por segurança e preservação ambiental.. Contudo, as medidas mitigadoras

destinadas a reparar danos ambientais, e os vultosos investimentos que a

empresa vêm fazendo na área social, ainda não permitem uma avaliação mais

precisa. A história, portanto, está por julgar os resultados da política de

sustentabilidade desta nova fase da Petrobras.

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ANEXO I

Fonte: website da Ambientebrasil

Principais Acidentes da Indústria Petrolífera no Mundo

I - Principais Acidentes com Petróleo e Derivados no Brasil

• Março de 1975 - Um cargueiro iraniano fretado pela Petrobrásderrama 6 mil toneladas de óleo na Baía de Guanabara – RJ.

• Outubro de 1983 - 3 milhões de litros de óleo vazam de um oleodutoda Petrobrás em Bertioga – SP.

• Fevereiro de 1984 – 93 mortes e 2.500 desabrigados na explosão deum duto da Petrobrás na favela Vila Socó, Cubatão – SP.

• Agosto de 1984 – Gás vaza do poço submarino de Enchova (Petrobrás):37 mortos e 19 feridos na Bacia de Campos – RJ.

54

Page 55: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

• Julho de 1992 – Vazamento de 10 mil litros de óleo em área demanancial do Rio Cubatão – SP.

• Maio de 1994 – 2,7 milhões de litros de litros de óleo poluem 18 praiasdo litoral norte paulista.

• Março de 1997 - O rompimento de um duto da Petrobrás que liga aRefinaria de Duque de Caxias ao terminal DSTE - Ilha D´Água provoca ovazamento de 2,8 milhões de óleo combustível em manguezais na Baíade Guanabara - RJ.

• Julho de 1997 - Vazamento de FLO (produto usado para a limpeza ouselagem de equipamentos) no rio Cubatão – SP – Petrobras.

• Agosto de 1997 - Vazamento de 2 mil litros de óleo combustível atingecinco praias na Ilha do Governador - RJ – Petrobras.

• Outubro de 1998 - Uma rachadura de cerca de um metro que liga arefinaria de São José dos Campos ao Terminal de Guararema, ambos emSão Paulo, causa o vazamento de 1,5 milhão de litros de óleocombustível no rio Alambari. O duto estava há cinco anos semmanutenção – Petrobras.

• Agosto de 1999 - Vazamento de 3 mil litros de óleo no oleoduto darefinaria da Petrobrás que abastece a Manaus Energia (Reman) atinge oIgarapé do Cururu - AM e Rio Negro.

• Agosto de 1999 - Na Repar (Petrobrás), em Curitiba – PR, houve umvazamento de 3 metros cúbicos de nafta de xisto, produto que possuibenzeno. Durante três dias o odor praticamente impediu o trabalho narefinaria.

• Agosto de 1999 - Menos de um mês depois, novo vazamento de óleocombustível na Reman, pelo menos mil litros de óleo contaminaram orio Negro - AM - Petrobrás.

• Novembro de 1999 - Falha no campo de produção de petróleo emCarmópolis - SE provoca o vazamento de óleo e água sanitária no rioSiriri. A pesca no local acabou após o acidente - Petrobrás.

• Janeiro de 2000 - O rompimento de um duto da Petrobrás que liga aRefinaria Duque de Caxias ao terminal da Ilha d'Água provocou ovazamento de 1,3 milhão de óleo combustível na Baía de Guanabara. Amancha se espalhou por 40 quilômetros quadrados.

• Janeiro de 2000 - Problemas em um duto da Petrobrás entre Cubatão eSão Bernardo do Campo – SP, provocam o vazamento de 200 litros de

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Page 56: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

óleo diluente. O vazamento foi contido na Serra do Mar antes quecontaminasse os pontos de captação de água potável no rio Cubatão.

• Fevereiro de 2000 - Transbordamento na refinaria de São José dosCampos - SP, provoca o vazamento de 500 litros de óleo no canal quesepara a refinaria do rio Paraíba – Petrobras.

• Março de 2000 - Cerca de 18 mil litros de óleo cru vazaram emTramandaí - RS, quando eram transferidos de um navio petroleiro parao Terminal Almirante Soares Dutra (Tedut), da Petrobras, na cidade. Oacidente foi causado pelo rompimento de uma conexão de borracha dosistema de transferência de combustível e provocou mancha de cerca detrês quilômetros na Praia de Jardim do Éden.

• Março de 2000 - O navio Mafra, da Frota Nacional de Petróleo,derramou 7 mil litros de óleo no canal de São Sebastião - SP. O produtotransbordou do tanque de reserva de resíduos oleosos, situado no ladoesquerdo da popa.

• Junho de 2000 - Nova mancha de óleo de um quilômetro de extensãoapareceu próximo à Ilha d'Água, na Baía de Guanabara. Desta vez, 380litros do combustível foram lançados ao mar pelo navio Cantagalo, quepresta serviços a Petrobras. O despejo ocorreu numa manobra paradeslastreamento da embarcação.

• Julho de 2000 – 4 milhões de litros de óleo foram despejados nos riosBarigüi e Iguaçu – Pr, por causa de uma ruptura da junta de expansãode uma tubulação da Refinaria Presidente Getúlio Vargas - Petrobrás.

• Julho de 2000 - Um trem da Companhia América Latina Logística -ALL, que carregava 60 mil litros de óleo diesel descarrilou emFernandes Pinheiro - PR. Parte do combustível queimou e o resto vazouem um córrego próximo ao local do acidente.

• Julho de 2000 - Uma semana depois, na mesma região, um outro tremda Companhia América Latina Logística - ALL, que carregava 20 millitros de óleo diesel e gasolina descarrilou. Parte do combustívelqueimou e o resto vazou em área de preservação permanente.

• Setembro de 2000 - Um trem da Companhia América Latina Logística -ALL, com trinta vagões carregando açúcar e farelo de soja descarrilouem Morretes - PR, vazando quatro mil litros de combustível no córregoCaninana.

• Novembro de 2000 – 86 mil litros de óleo vazam de um cargueiro daPetrobras e a poluição atinge praias de São Sebastião e de Ilhabela – SP.

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Page 57: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

• Fevereiro de 2001 – Um duto da Petrobras rompe, vazando 4 mil litrosde óleo diesel no Córrego Caninana, afluente do Rio Nhundiaquara, noParaná. Este vazamento trouxe grandes danos para os manguezais daregião, além de contaminar toda a flora e fauna.

• Abril de 2001 – Acidente com um caminhão da Petrobrás na BR- 277entre Curitiba - Paranaguá, ocasionou um vazamento de quase 30 millitros de óleo nos Rios do Padre e Pintos.

• Abril de 2001 - Vazamento de óleo do tipo MS 30, uma emulsãoasfáltica, atingiu o Rio Passaúna, no município de Araucária, PR.

• Maio de 2001 - Um trem da Ferrovia Novoeste descarrilou despejando35 mil litros de óleo diesel em uma Área de Preservação Ambiental deCampo Grande, MS.

• Maio de 2001 - O rompimento de um duto da Petrobrás em Barueri -SP, ocasionou o vazamento de 200 mil litros de óleo que se espalharampor três residências de luxo do Condomínio Tamboré 1 e atingiram aságuas do Rio Tietê e do Córrego Cachoeirinha.

• Junho de 2001 - A Construtora Galvão foi multada em R$ 98.000.00pelo vazamento de GLP (Gás liquefeito de petróleo) de um duto daPetrobrás, no km 20 da Rodovia Castelo Branco, uma das principaisestradas do Estado de São Paulo. O acidente foi ocasionado durante asobras da empresa que é contratada pelo governo do Estado, e tevemulta aplicada pela Cetesb - Companhia Estadual de Tecnologia deSaneamento Ambiental .

• Agosto de 2001 - Um vazamento de óleo atingiu 30 km nas praias dolitoral norte baiano entre as localidades de Buraquinho e o balneário daCosta do Sauípe. A origem do óleo é árabe.

• Agosto de 2001 - Vazamento de 715 litros de petróleo do navioPrincess Marino na Baía de Ilha de Grande, Angra dos Reis - RJ.

• Setembro de 2001 - Vazamento de gás natural da Estação Pitanga daPetrobras a 46 km de Salvador - BA atingiu uma área de 150 metros emum manguezal.

• Outubro de 2001 - O navio que descarregava petróleo na monobóia daempresa, a 8 km da costa, acabou vazando 150 litros de óleo em SãoFrancisco do Sul – SC.

• Outubro de 2001 - O navio petroleiro Norma que carregava nafta, dafrota da Transpetro - subsidiária da Petrobras, chocou- se em umapedra na baía de Paranaguá, litoral paranaense, vazando 392 mil litrosdo produto atingindo uma área de 3 mil metros quadrados. O acidente

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Page 58: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

culminou na morte de um mergulhador que efetuou um mergulho paraavaliar as condições do casco perfurado.

• Fevereiro de 2002 - Cerca de 50 mil litros de óleo combustívelvazaram do transatlântico inglês Caronia, atracado no Pier da PraçaMauá, na Baía de Guanabara - RJ.

• Maio de 2002 - O navio Brotas da Transpetro, subsidiária da Petrobras,derramou cerca de 16 mil litros de petróleo leve, na baía de Ilha Grande,Angra dos Reis - RJ. O vazamento foi provocado provavelmente porcorrosão no casco do navio.

• Junho de 2002 - Vazamento de óleo diesel num tanque operado pelaShell no bairro Rancho Grande de Itu - SP, cerca de oito mil litros deóleo vazaram do tanque, contaminando o lençol freático, que acabouatingindo um manancial da cidade.

• Junho de 2002 - Um tanque de óleo se rompeu no pátio da empresaIngrax, em Pinhais, em Curitiba - PR, deixando vazar 15 mil litros dasubstância. O óleo que vazou é um derivado do petróleo altamentetóxico, que atingiu o Rio Atuba, próximo ao local, através da tubulaçãode esgoto.

• Agosto de 2002 - 3 mil litros de petróleo vazaram de um navio debandeira grega em São Sebastião - SP. Um problema no equipamento decarregamento de óleo teria causado o despejo do produto.

• Junho de 2003 - Aproximadamente 25 mil litros de petróleo vazaramno Pier Sul do Terminal Almirante Barroso, localizado em São Sebastião– SP - Transpetro - Petrobras.

• Novembro de 2003 - Cerca de 460 litros de óleo vazaram da linha deprodução da Petrobras em Riachuelo (32 km de Aracajú), atingindo o rioSergipe e parte da vegetação da região.

• Fevereiro de 2004 - Vazamento de óleo cru poluiu o rio Guaecá e apraia de mesmo de mesmo nome em São Sebastião - SP. O acidenteaconteceu no oleoduto que liga o Terminal Almirante Barroso, em SãoSebastião, à refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão.

• Março de 2004 - Cerca de dois mil litros de petróleo vazaram de umnavio desativado, Meganar, pertencente a uma empresa privada, na Baíade Guanabara - RJ.

II - Principais Acidentes em Plataformas de Exploração no Mundo desde1980

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Page 59: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

• Março de 1980 - A plataforma Alexsander Keillan de Ekofish, no Mardo Norte, naufragou, deixando 123 mortos.

• Junho de 1980 - Uma explosão feriu 23 em navio sonda na Bacia deCampos - Petrobrás.

• Outubro de 1981 - Uma embarcação de perfuração afundou no Mar doSul da China, matando 81 pessoas.

• Setembro de 1982 - A Ocean Ranger, plataforma americana, tombouno Atlântico Norte, matando 84 pessoas.

• Fevereiro de 1984 - Um homem morreu e dois ficaram feridos durantea explosão de uma plataforma no Golfo do México, diante da costa doTexas.

• Agosto de 1984 - 37 trabalhadores morreram afogados e outros 17ficaram feridos na explosão de uma plataforma da Petrobrás na Baciade Campos.

• Janeiro de 1985 - A explosão de uma máquina bombeadora naplataforma Glomar Ártico II, no Mar do Norte, causou a morte de umhomem e ferimentos em outros dois.

• Outubro de 1986 - Duas explosões na plataforma Zapata (Petrobrás)feriu 12 pessoas.

• Outubro de 1987 - Incêndio na plataforma Pampa (Petrobras), na Baciade Campos, provocou queimadura em 6 pessoas.

• Abril de 1988 - Incêndio na plataforma Enchova (Petrobrás).

• Julho de 1988 - 167 pessoas morreram quando a Piper Alpha, daOccidental Petroleum, explodiu no Mar do Norte, após um vazamentode gás. É o pior desastre relacionado a plataformas de petróleo.

• Setembro de 1988 - Uma refinaria da empresa francesa TotalPetroleum explodiu e afundou na costa de Bornéu, e 4 trabalhadoresmorreram.

• Setembro de 1988 - Um incêndio destruiu uma plataforma dacompanhia americana de perfuração Ocean Odissey, no Mar do Norte.Um operário morreu.

• Maio de 1989 – 3 pessoas ficaram feridas com a explosão de umaplataforma da empresa californiana Union Oil Company. Ela operava naEnseada de Cook, no Alasca.

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Page 60: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

• Novembro de 1989 - A explosão de uma plataforma da PenrodDrilling, no Golfo do México, deixou 12 trabalhadores feridos.

• Agosto de 1991 – 3 pessoas ficaram feridas numa explosão ocorrida naplataforma Fulmar Alpha, da Shell, no Mar do Norte.

• Outubro de 1991 - 2 operários ficaram gravemente feridos na explosãoem Pargo I, na Bacia de Campos - Petrobrás.

• Dezembro de 1991 - Um tripulante morreu após uma explosão numnavio petroleiro, no litoral do Estado de São Paulo.

• Março de 1992 - Um helicóptero caiu no Mar do Norte, logo apósdecolar de uma plataforma da Cormorant Alpha. Onze homensmorreram.

• Janeiro de 1995 - 13 pessoas morreram na explosão de uma

plataforma da Mobil na costa da Nigéria. Muitas ficaram feridas.

• Janeiro de 1996 - 3 pessoas morreram na explosão de uma plataformano campo petrolífero de Morgan, no Golfo de Suez.

• Julho de 1998 - Uma explosão na plataforma Golmar Areuel 4provocou a morte de 2 homens.

• Dezembro de 1998 - Um operário morreu ao cair de uma plataformamóvel de petróleo situada no litoral da Escócia.

• Novembro de 1999 - Explosão feriu 2 pessoas na plataforma P - 31, naBacia de Campos - Petrobrás.

• Março de 2001 - Explosões na plataforma P- 36, na Bacia de Campos,causou a morte de onze operários - Petrobrás.

• Abril de 2001 - Um problema na tubulação na plataforma P- 7 daPetrobrás, na Bacia de Campos, resultou em um vazamento de 26 millitros de óleo no mar .

• Abril de 2001 - Acidente na plataforma P- 7 na Bacia de Camposderramou cerca de 98 mil litros de óleo no mar, entre as cidades deCampos e Macaé.

• Maio de 2001 - Acidente na plataforma P- 7 na Bacia de Camposocasionou vazamento de óleo. Foram detectadas duas manchas a umadistância de 85 Km da costa. Uma das machas tinha cerca de 110 millitros e a outra de 10 mil litros de óleo.

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Page 61: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

• Setembro de 2001 - Acidente na Plataforma P- 12, no campo deLinguado, na Bacia de Campos - Petrobras, ocasionou um vazamento de3 mil litros de óleo.

ANEXO IIFonte: website da Petrobras

Certificados ISO 14001, BS 8800 /OHSAS 18001 e ISM CODE na Petrobras (Situação em Janeiro de 2004 - 57 Unidades Certificadas)

A Petrobras é uma das primeiras empresas de petróleo do mundo, e a

única do Brasil, a ter todas as suas Unidades de Negócios, no país e algumas

no exterior, certificadas pelas normas ISO 14001 (meio ambiente) e BS 8800 ou

OHSAS 18001(segurança e saúde) e no caso de navios e plataformas de

autopropulsão, também pelo ISM Code, específico para gestão de segurança de

embarcações.

I – Exploração e Produção (E&P)

Unidade CertificadaEscopo da

Certificação DataOrganismoCertificado

r

61

Page 62: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Unidade de Negócios deExploração e Produção daAmazônia – UN- AM

ISO 14001 – BS 8800 Agosto /20 01 BVQI

Unidade de Negócios deExploração e Produção doRio Grande do Norte eCeará – UN- RNCE

ISO 14001 – BS 8800 Agosto /19 98 DNV

Unidade de Negócios deExploração e Produção doEspírito Santo – UN- ES

ISO 14001 – BS 8800Dezembro / 2001

DNV

Unidade de Negócios deExploração e Produção doSul – UN- SUL

ISO 14001 – BS 8800 eISM CODE

Maio/2001 ABS

Unidade de Negócios deExploração e Produção daBacia de Campos – UN- BC

ISO 14001 – BS 8800 -ISM CODE

Junho /2 001 BVQI

Unidade de Negócios deExploração e Produção daBahia – UN- BA

ISO 14001 – BS 8800 Maio/2001 DNV

Unidade de Negócios deExploração e Produção deSergipe e Alagoas – UN-SEAL

ISO 14001 – BS 8800 Junho /2 001 BQVI

Unidade de Negócios deExploração e Produção doRio de Janeiro – UN- RIO

ISO 14001 – BS 8800 Junho /2 001 BQVI

Unidade de Negócios deExploração e Produção daBacia de Solimões – UN-BSOL

ISO 14001 – OHSAS18001

Agosto /20 01 BVQI

Serviço de AquisiçãoGeofísica – SC- SAG

ISO 14001 – BS 8800Outubro / 2 0 0

1DNV

Serviços Compartilhados deSondagem Auto Elevatória –SC- SAE

ISO 14001 – BS 8800 Julho /2001 ABS

Serviços Compartilhados deEngenharia Submarina –SC- ESUB

ISO 14001 – BS 8800 Julho /2001 BVQI

Serviços Compartilhados dePoços – SC- PO

ISO 14001 – BS 8800 Julho /2001 BVQI

Serviços Compartilhados deSondagem e Logística – SC-SL

ISO 14001 – BS 8800 –ISM CODE

Julho /2001 BVQI

II – Abastecimento – Refino

62

Page 63: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Unidade Certificada Escopo daCertificação

DataOrganismoCertificado

r

Refinaria Landulpho Alves- UN- RLAM

ISO 14001 – BS 8800Setembro / 19

99BVQI

Refinaria PresidenteBernardes - UN- RPBC

ISO 14001 - BS8800 /OHSAS 18001

Novembro / 1999

Julho /2000

FundaçãoVanzolini

Refinaria Presidente GetúlioVargas - UN- REPAR

ISO 14001 - OHSAS18001

Maio/2000 ABS

Refinaria de Paulínia - UN-REPLAN

ISO 14001 - BS 8800 Junho /2001 BVQI

Refinaria Henrique Lage -UN- REVAP

ISO 14001 - OHSAS18001

Agosto /20 01Fundação

VanzoliniRefinaria Duque de Caxias- UN- REDUC

ISO 14001 – BS 8800Outubro / 2 0 0

1DNV

Lubrificantes e Derivadosde Petróleo Nordeste - UN-LUBNOR

ISO 14001 - OHSAS18001

Outubro / 2 0 01

DNV

Refinaria de Capuava - UN-RECAP

ISO 14001 - OHSAS18001

Novembro / 2001

DNV

Unidade de Negócio daIndust rialização do Xisto -UN- SIX

ISO 14001 – OHSAS18001

Novembro / 2001

FundaçãoVanzolini

Refinaria de Manaus - UN-REMAN

ISO 14001 - ISO 9001 -OHSAS 18001

Novembro / 2001

FundaçãoVanzolini

Refinaria Gabriel Passos -UN- REGAP

ISO 14001 – OHSAS18001

Novembro / 2001

ABS

Refinaria Alberto Pasqualini- UN- REFAP

ISO 14001 – OHSAS18001

Dezembro / 2001

BVQI

Fábricas de FertilizantesNitrogenados - UN- FAFEN- BA e SE

ISO 14001 – BS 8800Dezembro / 2

001BVQI

III – Petrobras Transporte S.A. – Transpetro

Unidade CertificadaEscopo da

Certificação DataOrganismoCertificado

r

Petrobras Transpor te S.A. -TRANSPETRO

ISO 9001 - ISO 14001 -OHSAS 18001

Dezembro / 2003

BVQIFundaçãoVanzolini

63

Page 64: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

Frota Nacional dePetroleiros - FRONAPE

ISM CODE - ISO 14001Fevereiro /20

00Maio/2002

BV/DNVBVQI

IV – Engenharia

Unidade CertificadaEscopo da

Certificação DataOrganismoCertificado

r

Coordenadoria da Obrapara Construção da RegiãoNorte (SEGEN/CONOR -Urucu e REMAN)

ISO 14001 - BS 8800Dezembro / 1

998Janeiro /2000

BVQI

Implementação deEmpreendimen tos para aRefinaria Gabriel Passos -REGAP -ENGENHARIA/IEABAST/IERG

ISO 14001 - ISO 9001 -OHSAS 18001

Março/2002 BVQI

V – Pesquisa e Desenvolvimento

Unidade Certificada Escopo daCertificação

DataOrganismoCertificado

rCentro de Pesquisas eDesenvolvimento LeopoldoA. Miguez de Mello -CENPES

ISO 14001 - OHSAS18001

Novembro / 2001

DNV

64

Page 65: A Petrobras e o Desafio da Sustentabilidade Ambiental

VI – Área de Negócios Internacional

Unidade CertificadaEscopo da

Certificação DataOrganismoCertificado

r

Refinaria GualbertoVillarroel EmpresaBoliviana de Refinación S.A.

ISO 14001 - BS 8800Setembro / 20

02BVQI

Refinaria Guillermo ElderBell Empresa Boliviana deRefinación S.A.

ISO 14001 - OHSAS18001

Outubro / 2 0 02

BVQI

Unidade de Negócios daColômbia(UN- COL)

ISO 14001 - OHSAS18001

Dezembro / 2002

BVQI

Ativo de E&P de SanAlberto - UN- BOL

ISO 14001 - OHSAS18001

Setembro / 2003

TUVRheinland

Ativo de E&P de SanAntonio - UN- BOL

ISO 14001 - OHSAS18001

Dezembro / 2003

TUVRheinland

Petroquímica INNOVA -Brasil - PESA

ISO 9001 - ISO 14001 -OHSAS 18001

Dezembro / 2002

BVQI

65