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1 Henry James A outra volta do parafuso A outra volta do parafuso foi publicada pela primeira vez em doze partes, em 1898, na revista Collier’s Weekly, sendo reunida em livro mais tarde naquele mesmo ano, como a primeira das duas narrativas de The two magics. Trata-se de uma história de horror e suspense, narrada em primeira pessoa por uma mulher cujo nome jamais é revelado. Contratada como preceptora de duas crianças que vivem na mansão de Bly, uma distante propriedade rural, ela narra conturbadas experiências envolvendo duas aparições que assombram a casa, atribuídas a antigos criados já mortos. A percepção singular da narradora, tumultuada por seus nervos exaltados e seus abalos emocionais, gera dúvida em relação aos acontecimentos e à confiabilidade das palavras e impressões registradas. A atmosfera asfixiante da história é antecipada pelo título, A outra volta do parafuso, expressão que alude ao processo torturante de intensificar o sofrimento de alguém que já está submetido a uma situação dolorosa e angustiante. De fato, a cada capítulo, novos acontecimentos aumentam a pressão exercida pelo metafórico parafuso, em direção a um desfecho surpreendente e assustador, num clássico do gênero de horror.

A Outra Volta Do Parafuso - Guia de Leitura

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  • 1Henry James

    A outra volta do parafuso

    A outra volta do parafuso foi publicada pela primeira vez em doze partes, em 1898, na revista Colliers Weekly, sendo reunida em livro mais tarde naquele mesmo ano, como a primeira das duas narrativas de The two magics.

    Trata-se de uma histria de horror e suspense, narrada em primeira pessoa por uma mulher cujo nome jamais revelado. Contratada como preceptora de duas crianas que vivem na manso de Bly, uma distante propriedade rural, ela narra conturbadas experincias envolvendo duas aparies que assombram a casa, atribudas a antigos criados j mortos. A percepo singular da narradora, tumultuada por seus nervos exaltados e seus abalos emocionais, gera dvida em relao aos acontecimentos e confiabilidade das palavras e impresses registradas.

    A atmosfera asfixiante da histria antecipada pelo ttulo, A outra volta do parafuso, expresso que alude ao processo torturante de intensificar o sofrimento de algum que j est submetido a uma situao dolorosa e angustiante. De fato, a cada captulo, novos acontecimentos aumentam a presso exercida pelo metafrico parafuso, em direo a um desfecho surpreendente e assustador, num clssico do gnero de horror.

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    1. Como o narrador tem acesso ao relato da governanta acerca dos estranhos acontecimentos ocorridos na manso de Bly?

    A primeira cena de A outra volta do parafuso narra uma reunio de amigos que se divertem contando histrias de horror numa velha casa em Londres. Um deles, Douglas, desperta o interesse dos demais quando afirma conhecer a mais terrvel de todas as histrias de fantasmas. O caso, segundo ele, verdico e lhe foi contado por uma testemunha direta. No dia seguinte, conforme havia sido combinado, ele recebe um volume com encadernao luxuosa no qual estava anotado, com caligrafia esmerada, o relato das desventuras da jovem governanta. (abertura)

    2. Aps aceitar o trabalho, quais so as primeiras impresses da governanta sobre a casa e as crianas pelas quais seria responsvel?

    O trajeto percorrido at Bly em um dia agradvel no gera na governanta desconfiana ou temor. A casa de campo e as cercanias parecem oferecer a oportunidade de uma vida tranquila em um refgio campestre. Do mesmo modo, os primeiros contatos com a pequena Flora so repletos de ternura e bondade. A governanta logo se encanta com a beleza e inocncia dela, e mal pode esperar para conhecer Miles, que est na escola. (cap. 1-2)

    3. Em que contexto a governanta tem sua primeira experincia com uma apario sobrenatural? Que explicao ela recebe da sra. Grose aps uma segunda viso?

    durante um passeio solitrio nas proximidades da manso que a governanta v pela primeira vez um homem parado na torre mais alta de Bly. A apario encara a narradora e, por alguns instantes, um silncio completo toma conta do lugar: nem mesmo os animais

  • 3silvestres ou as folhas das rvores agitadas pelo vento podem ser ouvidos. Alguns dias depois, ela novamente surpreendida pela viso do homem misterioso, que olha fixamente para o interior da manso atravs de uma janela. Assustada, a governanta relata os fatos para a sra. Grose, que associa a estranha figura ao fantasma de um antigo funcionrio, Peter Quint, um homem de m reputao. (cap. 3-5)

    4. Em que circunstncias a governanta se d conta da existncia de um segundo fantasma? De quem se trata e quais seriam seus objetivos?

    Durante um passeio com Flora pelo lago, a preceptora depara com uma horripilante figura feminina, que olha fixamente para a garota. Aps conversar com a sra. Grose, a mulher conclui se tratar do fantasma da srta. Jessel, a preceptora que a antecedeu. Assim como o fantasma do sr. Quint parecia procurar o jovem Miles (a quem, em vida, era muito ligado), a srta. Jessel (cujo carter revelara-se to perverso quanto o do homem) parecia tentar estabelecer contato com a pequena Flora. (cap. 6-8)

    5. Em que ocasio a governanta desconfia que as crianas esto sob influncia dos fantasmas?

    Uma noite, a narradora acorda e v o fantasma do sr. Quint. Quando retorna ao quarto, ela constata que Flora no est na cama. A menina ento encontrada olhando atravs de uma janela, como que se estivesse hipnotizada. Assustada, a governanta tenta descobrir o que ela est olhando, e se d conta de que Miles est no jardim. Quando ela aborda o menino, ele d qualquer desculpa para justificar sua presena ali no meio da noite. (cap. 9-11)

    6. Como reage a narradora ao desejo de Miles de voltar escola?No domingo em que o garoto questiona a governanta acerca de

    um possvel retorno escola, ela se v tomada por uma nova suspeita acerca da influncia negativa que os fantasmas exercem sobre o garoto. A preceptora, que poderia ver o pedido como parte do processo natural de conquista de independncia por um indivduo, acredita que assim Miles demonstra inclinao para o mal. (cap. 14-5)

    7. Que modificaes no tratamento e na viso da governanta em relao s crianas ocorrem?

    Ao longo da trama, a governanta passa a desconfiar de que

  • 4as crianas so dissimuladas e de que o bom comportamento e aparente disciplina deles escondem, na verdade, segredos ligados comunicao com o sobrenatural. A narradora suspeita que a atuao dos fantasmas promoveria uma gradual inclinao dos pequenos para o universo das trevas, um caminho oculto do qual teme no haver possibilidade de retorno. (cap. 16-7)

    8. Em que circunstncias a sanidade da narradora posta em xeque?Quando Flora desaparece, d-se incio a uma busca frentica

    no interior da manso. A governanta percorre todos os cmodos, passando pelos locais onde teve vises dos antigos criados. Em seguida, acompanhada pela sra. Grose, ela vai at o lago, onde encontra a menina. Nesse instante, v o fantasma da srta. Jessel e alivia-se com a presena da outra criada, que finalmente poder testemunhar a apario. A sra. Grose, no entanto, nega enxergar qualquer anormalidade no local, e prontamente apoiada por Flora. Instauram-se, nessa passagem, dvidas sobre a sanidade da governanta e a confiabilidade do relato feito por ela. (cap. 18-9)

    9. O que acontece com Flora aps os eventos no lago?Depois que a sra. Grose e a pequena Flora negam enxergar o fantasma

    da srta. Jessel, a narradora fica confusa, mas continua firme em seu propsito de defender as crianas. Flora, no entanto, mostra-se assustada com o comportamento da preceptora e, emocionalmente abalada, fica doente. Com o objetivo de garantir sua recuperao fsica e mental por meio do afastamento da atmosfera opressiva de Bly, a menina enviada para a cidade, acompanhada pela sra. Grose. (cap. 20-1)

    10. Qual a ltima tentativa feita pela governanta para salvar seus pupilos?

    Depois que Flora enviada cidade, a ateno da preceptora dirigida totalmente a Miles. Preocupada com a presena dos fantasmas, ela mantm o garoto sob constante vigilncia, sufocando-o. Certo dia, o menino morre durante uma suposta apario do sr. Quint. Fica a dvida se isso acontece em decorrncia da presena maligna do fantasma ou do comportamento da prpria governanta, cada vez mais obcecada. (cap. 22-4)

  • 5Leituras recomendadas

    Blackmur, Richard P. Studies in Henry James. Nova York: New Directions Publishing Corporation, 1983.

    Bloom, Harold. Henry James. Nova York: Chelsea House, 1987.

    Hocks, Richard A. Henry James: A study of the short fiction. Nova York: Twayne Publishers, 1990.

    James, Henry. A arte do romance. Rio de Janeiro: Globo, 2003.

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