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FUNDAÇAO DE ANTONIO FERREIRA DE CARVALHO Diretor- Redator-Chefe: Sebastião A. B. de Carvalho Vice-Diretora: Rosa Maria O.Werneck Rossi de Carvalho Registrado no Cartório de Registro de Títulos e Documentos de Cantagalo: Livro B-2, Fls. 29, N o 959 FUNDADO EM 08/11/1936 1a Fase: 8/11/1936 =Cantagallo Novo 2a: 16/8/1953-1965 =O Novo Cantagalo 3a: 1994/1997=CantagalloNovo. 4a Fase(on line):jan 2012... ANO: 80 CANTAGALO RJ, 8 de junho de 2016 4 a fase: N o 41 Cantagalo precisa desconstruir as versões fantasiosas e falsas sobre o seu descobridor, Manoel Henriques, o Mão de Luva, pela verdade histórica e pela sua dignidade. Escritores e autoridades da Região Serrana Fluminense resistem à necessidade de se restabelecer a verdade histórica sobre Mão de Luva, querendo talvez “proteger” figuras ilustres que representam a intelectualidade local! T anto Acácio Ferreira Dias quanto Amélia Thomaz são importantes vultos da terra cantagalense. Ela, por sua obra como professora, poetisa e jornalista; ele, como jornalista, político e historiador. Ambos ocupam lugar de destaque na vida do município, tendo sido homenageados dando-se seus nomes a importantes estabelecimentos culturais: Biblioteca Municipal Acácio Ferreira Dias e Centro Cultural Amélia Thomaz. Meu pai, o jornalista Antonio Ferreira de Carvalho, e eu, conhecemos e convivemos com ambas essas personalidades. Antonio passou a imprimir o seu CANTAGALLO NOVO, em 1936, nas oficinas do extinto TRIBUNA DE CANTAGALO, de Acácio, que passou por muita dificuldade financeira, editando jornal em cidade do interior, naquela época, até que foi nomeado prefeito de Cantagalo pelo governo revolucionário de Getúlio Vargas. Amélia Thomaz era amiga da nossa família, e inclusive vizinha. Em seu Curso, preparou-me para o ginasial, e neste, foi minha professora de Português. Papai e eu atuamos para que fosse aceita na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), quando ela escrevia a Coluna Literária do Cantagallo Novo. Dona Amélia passou a ser a Redatora Literária, quando eu era o Redator-Chefe. O relacionamento de nossa família com dona Amélia, que mamãe chamava de Miloca, era carinhoso e respeitoso. Eu me sentia orgulhoso por ser o “chefe” da minha querida professora, nas lides jornalísticas! Quando ficou pronto o meu livro O TESOURO DE CANTAGALO, em 1991, eu, morando em Niterói, fui a Cantagalo e procurei Dona Amélia para lhe dar um exemplar. Encontrei-a doente, usando andador e com muita dificuldade para ler. Ao lhe dar o meu TESOURO, disse-lhe que, em minhas pesquisas em fontes primárias, na Biblioteca Nacional, no Arquivo Nacional e em instituições de Minas Gerais, havia descoberto que Mão de Luva tinha irmãos, mulher e filhos e que portanto a tal história romântica era falsa. Isso foi colocado muito claramente, no meu livro... Surpreendeu-me a sua reação! Eu esperava que a minha antiga e querida professora se mostrasse feliz com a revelação, vendo o sucesso de um ex-aluno, colega de jornalismo e amigo da família -- mas não! Ela apenas disse, contrafeita: “Não tive condições de pesquisar mais!”. Foi depois desse encontro que tomei conhecimento do livro que Dona Amélia havia lançado, um ano antes, com o título: “Mão de Luva, o fundador de Canta- galo”, no qual ela aceita e divulga a versão de Acácio Dias, e ainda colo- ca Manoel Henri- ques como um ver- dadeiro aristocrata português! Entendi o sentir da querida professora, assim como entendo que cantagalenses e friburguenses criados ouvindo a tal “lenda romântica” tenham dificuldade em dela se libertarem! Mas penso no dever de todos para com a Verdade Histórica e a honra de cidadãos como Manoel Henriques e a Raínha Maria I!

a o Cantagalo precisa desconstruir as versões fantasiosas ... · Nova Friburgo comemorou, no último dia 16 de maio, o seu 198º aniversário de fundação, com base em Decreto do

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FUNDAÇAO DE ANTONIO FERREIRA DE CARVALHODiretor- Redator-Chefe: Sebastião A. B. de Carvalho

Vice-Diretora: Rosa Maria O.Werneck Rossi de Carvalho

Registrado no Cartório de Registro de Títulos e Documentos de Cantagalo: Livro B-2, Fls. 29, No 959

FUNDADO EM 08/11/19361a Fase: 8/11/1936 =Cantagallo Novo 2a: 16/8/1953-1965 =O Novo

Cantagalo 3a: 1994/1997=CantagalloNovo. 4a Fase(on line):jan 2012...

ANO: 80 CANTAGALO RJ, 8 de junho de 2016 4a fase: No 41

Cantagalo precisa desconstruir as versões fantasiosas efalsas sobre o seu descobridor, Manoel Henriques, o Mão

de Luva, pela verdade histórica e pela sua dignidade.Escritores e autoridades da Região Serrana Fluminense resistem à necessidade de se restabelecera verdade histórica sobre Mão de Luva, querendo talvez “proteger” figuras ilustres que representama intelectualidade local!

Tanto Acácio Ferreira Dias quanto Amélia Thomaz sãoimportantes vultos da terra cantagalense. Ela, por sua

obra como professora, poetisa e jornalista; ele, comojornalista, político e historiador. Ambos ocupam lugar dedestaque na vida do município, tendo sido homenageadosdando-se seus nomes a importantes estabelecimentos

culturais: Biblioteca Municipal Acácio Ferreira Dias e CentroCultural Amélia Thomaz.

Meu pai, o jornalista Antonio Ferreira de Carvalho, eeu, conhecemos e convivemos com ambas essaspersonalidades. Antonio passou a imprimir o seuCANTAGALLO NOVO, em 1936, nas oficinas do extintoTRIBUNA DE CANTAGALO, de Acácio, que passou pormuita dificuldade financeira, editando jornal em cidade dointerior, naquela época, até que foi nomeado prefeito deCantagalo pelo governo revolucionário de Getúlio Vargas.Amélia Thomaz era amiga da nossa família, e inclusivevizinha. Em seu Curso, preparou-me para o ginasial, e neste,foi minha professora de Português. Papai e eu atuamospara que fosse aceita na Associação Brasileira de Imprensa(ABI), quando ela escrevia a Coluna Literária do CantagalloNovo. Dona Amélia passou a ser a Redatora Literária,quando eu era o Redator-Chefe. O relacionamento de nossafamília com dona Amélia, que mamãe chamava de Miloca,era carinhoso e respeitoso. Eu me sentia orgulhoso por sero “chefe” da minha querida professora, nas lides jornalísticas!

Quando ficou pronto o meu livro O TESOURO DECANTAGALO, em 1991, eu, morando em Niterói, fui aCantagalo e procurei Dona Amélia para lhe dar um exemplar.Encontrei-a doente, usando andador e com muita dificuldadepara ler. Ao lhe dar o meu TESOURO, disse-lhe que, em

minhas pesquisas em fontesprimárias, na Biblioteca Nacional,no Arquivo Nacional e eminstituições de Minas Gerais,havia descoberto que Mão deLuva tinha irmãos, mulher e filhose que portanto a tal históriaromântica era falsa. Isso foicolocado muito claramente, nomeu livro... Surpreendeu-me asua reação! Eu esperava que aminha antiga e querida professorase mostrasse feliz com arevelação, vendo o sucesso deum ex-aluno, colega de jornalismo

e amigo da família -- mas não! Ela apenas disse, contrafeita:“Não tive condições de pesquisar mais!”. Foi depois desseencontro que tomei conhecimento do livro que Dona Améliahavia lançado, um ano antes, com o título: “Mão de Luva, ofundador de Canta-galo”, no qual elaaceita e divulga aversão de AcácioDias, e ainda colo-ca Manoel Henri-ques como um ver-dadeiro aristocrataportuguês!Entendi o sentir daquerida professora,assim como entendo que cantagalenses e friburguensescriados ouvindo a tal “lenda romântica” tenham dificuldadeem dela se libertarem! Mas penso no dever de todos paracom a Verdade Histórica e a honra de cidadãos comoManoel Henriques e a Raínha Maria I!

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Mensagem do Diretor do Cantagallo Novo CANTAGALLO NOVO, junho de 2016 Página 2

Jornalista Sebastião A.B.de Carvalho

Coluna do

Celso Frauches

Fazenda São Clemente

Foi Acácio Ferreira Dias queminventou o suposto romance de Mãode Luva com a Raínha de Portugal!

Foi no ano de 1942 que o jornalista ACÁCIOFERREIRA DIAS teve publicado pela ImprensaOficial do Estado do Rio de Janeiro, o seu livro

TERRA DE CANTAGALO, que se tornou a maisimportante fonte deinformação históricasobre sua terra natal:CANTAGALO.Ele conseguiu essa

vantagem por haverapoiado e trabalhado afavor do governo re-volucionário de GetúlioVargas, que tinha comorepresentante no Estadodo Rio de Janeiro oComandante Ernani doAmaral Peixoto, amboshomenageados com fotos

nessa edição do livro. Acácio chegou a ser nomeadoprefeito de Cantagalo por sua fidelidade aos princípiosdo “Estado Novo”.

Talvez por influência dos romances de “capa eespada”, tipo “Os Três Mosqueteiros”, tão em vogana época, o nosso historiador tenha resolvido dar asasà imaginação e assim forjar uma estória, que classificoucomo “lenda” mas baseou em fatos históricos reais,que falseou e distorceu, ocorridos em Portugal. Seuobjetivo era conferir a Manoel Henriques, o garimpeiroilegal que desbravou a região Serrana Fluminense, umaorigem nobre e ainda explicar o uso que fazia de umaluva preta na mão direita, origem da alcunha “Mão deLuva”. O enredo baseou-se num suposto romancesecreto entre Manoel Henriques e a princesa, depoisraínha, Dona Maria IO romantismo da estória fez com que fosse geralmenteaceita e divulgada por escritores como Amélia Tomáse Vera de Vives, chegando a ensejar um trabalho deaproximação entre Nova Friburgo e Santo Tirso,cidade de onde se originaria o tal conde de Santo Tirso,identidade atribuída a Manoel Henriques, mas falsa,segundo provamos em nossa obra O TESOURO DECANTAGALO, de 1991.

Acácio hoje é título de biblioteca em Cantagalo,e Amélia Tomás, de Centro Cultural, homenagens quemerecem, mas no que se refere a Mão de Luva, suascontribuições tem servido somente para atrasar oestabelecimento da verdade histórica!

Nova Friburgo comemorou, no último dia 16 de maio, o seu198º aniversário de fundação, com base em Decreto do rei D.João VI, de 16 de maio de 1818, que aprovou as condições para o“estabelecimento neste Meu Reino do Brasil de huma Colonia deSuissos composta de cem Famílias”. Essa colônia foi instalada nafazenda de Morro Queimado, extraída das então extensas terrasde Cantagalo, a partir do final de 1819, com a chegada dosprimeiros colonos suíços.

A partir de 1820, como registra Henrique Bon em seuextraordinário livro Imigrantes – A saga do primeiro movimentomigratório organizado rumo ao Brasil às portas da independência(Nova Friburgo-RJ: Imagem Virtual, 2004, p. 149), diversoscolonos iniciam a migração para as terras de Cantagalo, atraídospelo “apelo do café”, que “contagiaria a todos”, entre eles, AdrienDaumas, Louis Chevrand, Jean Abram Frauche, Louis Wermellinger,Henri Bon. Ainda segundo Bon, “inúmeros outros nomes seincorporarão definitivamente à paisagem rural de Cantagalo”.

O pesquisador suíço Martin Nicoulin tem uma explicaçãogeográfica para essa migração, ao descrever a sede da colônia suíça:

Os morros dominam a cidade, variando de80 a 100 metros. E, ao norte, surge o símbolodessa paisagem: o cume do MorroQueimado apresenta seu flanco nu. Pareceaferrolhar para sempre o lugar. É essa, noentanto, a abertura natural do vale. É por essasgargantas que o rio flui. O Rio Bengala perdeseu nome e torna-se o Rio Grande, quedesce em direção ao majestoso Paraíba. Asaltitudes diminuem aos poucos, a paisagemse abre e se humaniza perdendo o rigorvertical, o clima torna-se menos rude. Chega-se a Cantagalo e a suas terras quentes. Iremosver como, em época subsequente, os colonosirão ceder a esse convite geográfico. Masprimeiro vão tentar agarrar-se às encostas deNova Friburgo. E é conscientes, parece, queaceitarão o desafio. (A Gênese de NovaFriburgo – Emigração e colonização suíçano Brasil – 1817-1827. Martin Nicoulin;tradução de Estela dos Santos Abreu eClaudio Cesar Santoro. Rio de Janeiro:Biblioteca Nacional, 1995, págs. 176-177).(gn)

Além da ligação geográfica entre os municípios de NovaFriburgo e Cantagalo, há uma ligação mais efetiva e afetiva, com amigração de colonos suíços da nascente Nova Friburgo para asextensas, férteis e produtivas terras da Cantagalo do século 19,

Nova Friburgo & Cantagalo: ligadas pelos laçosgeográficos e migratórios

Nº 27 – 6 de junho de 2016

banhadas pelos rios Negro e Paraíba do Sul. Cantagalo assistia aotérmino do ciclo do ouro para novos tempos, tendo o café comoseu “carro chefe” na produção agrícola e, mais tarde, a pecuária,até chegar ao final do século 20 com a sua economia liderada pelaprodução cimenteira. O bicentenário de Nova Friburgo serácomemorado em 2018. O bicentenário da migração da colonizaçãosuíça para Cantagalo será em 2020. Duas datas marcantes paraessas duas comunas, que devem ser celebradas com “pompa ecircunstância” por seus habitantes, governos e organizações dasociedade civil. São marcos históricos e sentimentais que nãopodemos relegar ao esquecimento.♦

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FAZENDAS DE CANTAGALO condensado do álbum inédito, criadopelo CEPEC, contendo 37 fazendas do município. Pesquisas de 1991 e 2013

Este jornal vai publicar resumos dematéria sobre as fazendas de Cantagalo,retirada da obra de Sebastião e RosaMaria Carvalho, sob o patrocínio doCentro de Estudos e PesquisasEuclides da Cunha - CEPEC. Leia esteimportante artigo sobre o tema: AFAZENDA CAFEEIRA FLUMINENSE. www.nitcult.com.br/fazcafe.pdf Pioneiro na defesa da ecologia

na Região Serrana: 1959Fazenda São Clemente

21 - Fazenda Santa Bárbara

Nova sede da FAZENDA SANTA BÁRBARA - Foto CEPEC, 2013

Nem toda fazenda cantagalense tem antecedenteshistóricos da época imperial, como esta. Mas

consideramos importante que a fazenda esteja viva, ou seja,produzindo, cuidando de suas dependências com esmero ededicação. Tal é o que ocorre nesta propriedade, cujoproprietário está executando um planejamento competente,com vistas ao futuro.

Proprietários atuais: Daiana Nalin e Francisco Nalin(filho)

Proprietários anteriores: Landolf Henriques,Francisco Henriques de Assis, Cel.Carlos F. Oberlander,Waldemar da Silveira, Jurandir do Nascimento, FranciscoNalin (pai).

Localizada a 16km da sede do Município deCantagalo, no distrito de Boa Sorte, é banhada pelosRibeirões de Areias, Taquara, Retiro, Pavuna, além deoutros, formando uma bela cachoeira.

Área: Sua área é de 200 alqueires, sendo parte empasto, parte em culturas e outra em matas.Segundo depoimento do Sr. Francisco Nalin, em 1991.

Outrora, Santa Bárbara media 780 alqueires, dosquais 200 a 250 em mata virgem, capoeirão, capoeiras,pastos de capim gordura roxo nos morros e de Angolanas várzeas. O restante era ocupado por lavoura de café.(década de 1900 a 1922).

Na referida época, havia, plantados, 400 mil pés decafé, com uma média anual de produção da ordem de8.000 arrobas. (cafés tipos 5 e 6). Plantavam e exportavamcereais, cana, milho. Fabricavam rapadura e aguardente,

além de fubá. Fabricavam ainda pães e doces. Havia olariapara telhas e tijolos. A criação bovina, de gado mestiçozebu, para tração e produção de leite, era em torno de 400cabeças. Vendiam leite para congelação. Criavam suínosmestiços Poland - China.

Hoje, Santa Bárbara planta e colhe feijão, milho, cana,mandioca, arroz, produzindo fubá e farinha de mandioca.Cria bovinos, para leite e corte, num total de 280 cabeças.

Outras criações: suínos, (60 cabeças), galinhas, patos, 3araras, 2 tucanos e um carneiro.

Desde a época do Império, Santa Bárbara possuiiluminação elétrica própria. Há um gerador-dinâmo marcaSiemens, de 78 ampères, que é acionado por uma rodahidráulica. Ela mantém os moinhos de milho, cana, café e

O saudoso fazendeiro Sr. Nalin, antigo proprietário de Santa Bárbarae grande realizador. Foto CEPEC, 1991.

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de serra, que são movidos hidraulicamente, podendo serplenamente reativados a qualquer momento. Possui for-no para o fabrico do pão, de doces, e tachos para afabricação de rapadura.Santa Bárbara tem moinho de cana movido a eletricidade,debulhadeira de arroz e milho, engenho de serra, máquinapara fazer tijolos (antiga), tuias para guardar os produtosda colheita, uma balança bem antiga em perfeitascondições. Tem 4 tratores agrícolas, uma retroescavadeira.Quanto à mão de obra, a Fazenda contava, de 1900 a1920, com 52 famílias. Hoje, possui apenas 4 colonos.

Esta Fazenda de 200 anos tem uma casa grandeque mantém o estilo da época. Hoje, está sendoreconstituída, para que possa voltar a ser a bela casa grandedo passado. Na sala principal, sobre uma estante, há umprato de prata, com o brasão da família do Sr. LandolfHenriques, seu primeiro proprietário. Há móveis antigos,de 200 anos. Um relógio de parede, da época, uma mesabem antiga; na cozinha, um fogão também da época doImpério, e o fumeiro. Algumas chaves, bem grandes,mostram sua antiguidade.

Encontramos na parte externa, um terreiro de café,uma ruína de senzala, o lugar onde eram feitos o pão e arapadura, a ceva de porcos, o lugar onde os escravoslavavam roupa e se banhavam, e, ainda, a antiga serraria eas tulhas para armazenar os cereais.

Nos fundos da casa há um lago para os patos. OSr. Nalim pretende construir um açude para a criação depeixes e o lazer com pedalinhos. Na frente da casa, próximoà varanda, está o viveiro com 3 araras (que falam) e doistucanos.

Quando o visitante se aproxima da Fazenda SantaBárbara, descortina, extasiado, uma paisagem realmenteinesquecível. A linda cachoeira, os morros que rodeiam afazenda, dão a essa propriedade um visual muito agradável,contrastando o antigo e o moderno, o verde das matas

com o azul das águas e do céu... Tudo isso o transportaao passado dessa Fazenda, fazendo-o, logo após, retornar,vendo que ela está caminhando a passos largos para voltara ser uma propriedade agropecuária de grande importâncianos dias de hoje e no futuro!...

O Sr. Francisco Nalin, proprietário da Fazenda SantaBárbara, da Fazenda Nossa Senhora das Graças(Monnerat), do Sítio do Guida (idem) e da Fazenda daLage, nasceu em Floresta, distrito de Cantagalo, na Fazendada Palha, onde o seu avô, Sr. Francisco dos Santos,anteriormente colono da Fazenda das Lavrinhas, eraproprietário.

Sendo criado em contato com a terra, nasceu dentrodesse empresário e fazendeiro, uma relação muito forte coma natureza e com os animais. Começou, desde os sete anos,a candear boi. Após completar 14 anos, com apenas a quartasérie primária, saiu para Niterói, a fim de começar atrabalhar, construindo sua própria vida. Trabalhou muito,em diversos empregos, bem humildes e com horáriosextensos, até conseguir trabalho com cargo melhorremunerado. Mas para tal precisava ter o curso dedatilografia, e ele, querendo vencer, foi à luta e melhorouos seus conhecimentos. Pode assim realizar um singelosonho acalentado desde quando trabalhava no EstaleiroCarioca: ser o moço da cabine do comando, que usavaaquela vistosa boina! Embora o seu cargo já fosse deescritório, oficial de administração, aproveitou para viajarna lancha, nessa cabine, o que conseguiu por ser então umfuncionário de nível mais elevado. Após alguns anos,demitiu-se do emprego, montando uma loja, depois outras,chegando a proprietário de alguns imóveis, em São Gonçalo,e foi progredindo...

Finalmente, comprou algumas terras e, com sua atualesposa, Sra. Simone Nalin, sua incentivadora, passou a teruma vida mais tranquila, aproveitando dos frutos plantadosna juventude, e dedicando-se à agropecuária em Cantagalo.

Esta cachoeira, atração famosa da fazenda, atrai a atenção detodos que por aqui passam. Foto CEPEC, 2013.

Antiga vista da fazenda Santa Bárbara. Ela se. mantématé hoje com as características principais da época doImpério, sendo uma das mais tradicionais e autênticasfazendas de Cantagalo. Foto CEPEC, 1991.

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www.nitcult.com.brAcessar:VEJA OS JORNAIS FEITOS PARA VOCÊ!

Matéria de nossa coleção de tempos passados, notadamente as décadas de 1950/60.

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Continuam desmerecendo afigura do intrépido Mão de Luva!Novela da Globo, Liberdade, Liberdade - colocaManoel Henriques, Mão de Luva, como ladrão,sequestrador e assassino, num ato condenávelde desmoralização cultural. Conhecidajornalista de Nova Friburgo diz que a RegiãoSerrana deve se alegrar com a publicidade!

A odisseiA de Mão de LuvAA odisseiA de Mão de LuvAA odisseiA de Mão de LuvAA odisseiA de Mão de LuvAA odisseiA de Mão de LuvANa Região Serrana Fluminense

1a edição - 2016Baixar: www.nitcult.com.br/odisseia.pdf

Cantagalo, ao invés de ufanar-se com asfalsidades inventadas sobre o nosso ManoelHenriques, o Mão de Luva, deveriaenvergonhar-se com as atitudes de escritoresque preferem ignorar a verdade históricacontida nos meus livros O TESOURO DECANTAGALO (editado em 1991) e AODISSEIA DE MÃO DE LUVA (2015). A tallenda “romântica” criada por Acácio Diasna década de 1940, e divulgada e ampliadapor Amélia Thomaz, veio apenas para ocuparo espaço onde deveriam estar pesquisas sériase verdadeiras! Uma lástima que autoridadesdos municípios da Região SerranaFluminense permitam a continuidade desseabsurdo histórico e cultural! ManoelHenriques não era português, mas brasileirode Ouro Branco MG. Nem conheceu DonaMaria I. Não era salteador e raptor depessoas, mas um homem bom, respeitado poríndios e negros. Religioso, casou-se na IgrejaCatólica e ensinava os jovens índios a rezar,segundo relato do Sargento São Martinho,que o prendeu em 1786, e assim informou,com base em depoimento do chefe índioJoaquim, que se mostrou preocupado com asorte do velho garimpeiro Manoel Henriques,cuja relação com índios e negros era muitoboa, segundo vários relatos da época. Leiamtudo nos meus livros. E apelamos aos que sejulgam historiadores e aos governos, paraque, por favor, cumpram seu dever para coma VERDADE HISTÓRICA! Chega deacomodação, pois isso é omissão criminosa!

Sebastião Carvalho · Editor dosjornais on line CANTAGALLONOVO, A VERDADE eJORNAL CULTURAL DENOVA FRIBURGO. Autor dedois livros esclarecedores sobreMÃO DE LUVA: “O Tesourode Cantagalo” (1991) e “AOdisseia de Mão de Luva”(2015).

MANOEL HENRIQUES era religioso,casou-se na Igreja Católica e ensinava osjovens índios a rezar, segundo relato doSargento São Martinho, que o prendeu em1786.

A gravura acima, de autoria de ArthurConsidera, inspirado em relato do livro “OTesouro de Cantagalo”, mostra Mão de Luvaensinando jovens índios a rezar.

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ENSINAMENTOS FILOSÓFICOS PARA A NOVA ERAMahabhutani e Indrananda

Inspirados por Bhagavan Sri Ramana MaharshiTrabalho de exposição de ensinamentos da Filosofia Vedanta, escrito por Mahabhutani e Indrananda,

inspirados no excelso Guru Bhagavan Sri Ramana Maharshi.

“EU SEI MEDITAR, ESPERAR E CONFIAR!”

Vem da edição anterior

EXCERTOS DA “NOVA DOUTRINA” de Ramana Maharshi

8.11. O Poder Cósmico, ao enviar Sua ForçaCriadora para o Universo Material, lança para SeresAltamente Iluminados, um raio duplo, com duasenergias de alto poder vital, que, ao atingi-los,transmutadas e unificadas, elevam o potencialenergético em tão alto teor, que se realiza em Samadhia União plena, transformada em Luz Incandescente,naqueles merecedores dessa graça.

Na verdade é indescritível o poder de um Paramahansa,centralizador de energias potentíssimas e conhecedor dasVerdades contidas na Nova Doutrina.

Atrás da aparência mansa e humilde do Iniciado, re-side toda uma gama de energias que ele pode utilizar nodesenrolar de sua missão nesta Terra.

Todavia, ele não usa este poder para modificar ascondições do planeta. Antes, usa-o para transformar a simesmo, num perpétuo crescimento espiritual -- e para ajudaros seus semelhantes a alcançarem aquilo que ele já conseguiu,e talvez muito mais!

8.12. A união do Cisne com a Serpente constitui amais alta operação mágica, só permitida a Iniciados dedeterminado grau. A Serpente porta o Lotus Azul e oFogo Sagrado; o Cisne traz dois potes: um com leite,outro com água -- e ainda o Ôvo da Criação, pleno desementes do Bem e do Mal.

Aos Iniciados devidamente preparados ecomprometidos com a Secreta Grande Obra, é dadorelacionar-se com esses seres portentosos. Cisne eSerpente mostram-se: Ela o enlaça de cima para baixo,sustendo o Ôvo com sua cauda, que se estende abaixodo Cisne. Essa visualização confere extremo Poder, mastem de ser usado com Sabedoria, para que sirva de ajudaà Grande Obra, e não de estorvo à Missão. O CisneSagrado, ao alçar o seu Vôo Mágico, faz, comSabedoria, a mistura da água com o leite, tornando-oVerdadeira Fonte de Energia. Junto com o Lotus Azulda Mãe Terra, esse Leite se transforma na Essência daAlta Iluminação, daqueles que forem beneficiados comessa Suprema Dádiva. continuará...

A energia cósmica não procede da Terra, mas deregiões além da percepção natural. Ela desce à Terra paraunir-se às potências locais, criando uma terceira força --podemos dizer-- que transcende às duas.

É desse encontro que resulta o Grande Poder do SerIluminado, o Homem Regenerado ou Adepto.

Simbolicamente, temos um mensageiro, a DivindadeCósmica que porta a energia do alto, fazendo-a encontrar-se e amalgamar-se com a da Mãe Terra. É um ser alado,portador do grande mistério da transcendência, conhecidode nossos Paramahansas, Iluminados e Iluminadores.

O segredo existe porque nem todos estão preparadospara o conhecimento de certas realidades, às quais só temacesso os que, vencendo várias etapas, chegaram ao pontoem que se pode recebê-las.

O conteúdo aqui expresso tem a finalidade dedespertar uma sã curiosidade no estudante, levando-o aperseverar na prática das austeridades, leituras emeditações, esperando que algum dia ele possa voltar aquie exclamar: “Então é isso?!”.

Quando isso acontecer, seu Guru estará pronto paraconferir-lhe o Grau correspondente, reconhecendo seusesforços e rejubilando-se com a Vitória alcançada.

Capítulo 9

9- CAOS – A DESCIDA AO ABISMO É NECESSÁRIA, PARAQUE O INICIADO APRENDA A DISCERNIR COMPRECISÃO E CLAREZA QUAL O RUMO QUE DEVERÁSEGUIR NO CAMINHO DA AUTO-REALIZAÇÃO,MANTENDO SEMPRE EM VISTA O ALTO OBJETIVO DESERVIR AOS PROPÓSITOS DA SANTA HIERARQUIAESPIRITUAL.

O grande inimigo do Discípulo é o Intelecto que,dominado por uma infindável sucessão de pensamentose associações mentais, condicionadas pelo meio so-cial, por leituras heterogêneas, por opiniões e teoriasde pretensos sábios, e tantos outros fatores - esse pobreIntelecto impede que se encontre o Verdadeiro Caminhodo Conhecimento, que leva à Sabedoria. Impulsionadopor fortes desejos de realizações, ele acaba alimentandosentimentos nocivos, tais como: orgulho, egoísmo,vaidade, apego às coisas materiais e mentais, assimcomo a pessoas e situações que, embora possam seapresentar como flores belas e de agradável odor, --são Ilusões que o encaminham cada vez mais para oestado de Ignorância que caracteriza o que se denominaAbismo, onde o certo é considerado errado, e vice-versa.Para escapar desse Abismo só há um meio: abandonartodos os maus hábitos e, reunindo tudo de bom epositivo existente em seu íntimo, meditar, estudar aDoutrina, e praticá-la com devoção, perseverança eamor. Assim é o Caminho,da total submersão no SER.