A Nova Globalização Do Século Xxi - Charles Souza Armada - 1861-12636-1-Pb

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  • Revista Jurdica CCJ ISSN 1982-4858 v. 17, n. 33, p. 5 - 20, jan./jun. 2013 5

    Revista Jurdica

    A NOVA GLOBALIZAO DO SCULO XXI

    GLOBALIZATION OF A 21st CENTURY

    Charles Alexandre Souza Armada*

    Resumo: A partir da dcada de 80 o termo globalizao comeou a circular nos meios acadmicos at

    firmar-se como um processo considerado irreversvel e necessrio. Concomitantemente, o planeta passou a

    conviver com situaes de crise tambm globais. O presente artigo tem por finalidade a identificao deste

    processo de globalizao e o seu relacionamento com as crises globais. Finalmente, com base na anlise da

    situao atual do processo da Globalizao, este estudo tambm tem como objetivo identificar possveis

    sinais de transio do processo de Globalizao para um novo modelo, uma nova Globalizao. O mtodo

    utilizado para a realizao do presente estudo foi o indutivo, atravs de pesquisa bibliogrfica

    operacionalizada pelas tcnicas do referente, do fichamento e das categorias operacionais.

    Palavras-chave: Estado-nao. Globalizao. Crises Planetrias.

    Abstract: From the 80's the term globalization began circulating in academic circles before settling in as a

    process considered irreversible and necessary. At the same time, our planet has to face global crisis. This

    article aims to identify this process of globalization and its relationship to global crises. Finally, based on

    analysis of the current process of globalization, this study also aims to identify possible signs of the transition

    process of globalization to a new model, a new Globalization. The method used for the completion of this

    study was the inductive one, through a literature research operated by the techniques of the referent, the

    synopsis and operational categories.

    Keywords: Nation-State. Globalization. Planetary Crisis.

    * Bacharel em Administrao de Empresas pela PUC de So Paulo, bacharel em Direito pela UNIVALI - Universidade do Vale do Itaja e Ps-graduando em Direito Pblico pela FURB - Fundao Universidade Regional de Blumenau. Advogado em Balnerio Cambori-SC. E-mail: [email protected].

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    1 INTRODUO

    A histria do ser humano na Terra pode ser contada a partir do incio do

    agrupamento da poeira csmica que formou o planeta e, nesse sentido, seria uma histria de

    alguns bilhes de anos.

    Contudo, a histria do homem na Terra tambm pode ter apenas algumas dezenas de

    milhares de anos se o ponto de partida considerado for o momento em que o homem decidiu

    descer das rvores, diferenciando-se de seus primos chimpanzs.

    Essa histria pode ter ainda 500 anos se o evento a ser destacado for o incio das

    grandes navegaes que, de fato, permitiram ao ser humano conhecer a verdadeira dimenso do

    seu planeta.

    Finalmente, pode ser ainda uma histria de pouco mais de 50 ou 60 anos de idade se

    o momento zero for o incio das grandes crises planetrias.

    Os tripulantes da nave Terra no incio deste novo sculo habitam diferentes mundos

    e todos eles possuem um mesmo ponto em comum: esto todos em crise. H um mundo em

    crise econmica onde as oportunidades e as riquezas so inversamente distribudas. H um

    mundo em crise financeira que consegue consumir bilhes de dlares em recursos para salvar

    instituies bancrias mas no consegue enxergar o contingente de desempregados produzidos

    por essa mesma crise. H um mundo em crise de segurana pela ameaa nuclear que insiste em se

    renovar a cada dcada. Hoje, essa ameaa vem dos pases perifricos que ameaam o planeta

    como um todo. H um mundo em crise ecolgica que v diminuir a capacidade de renovao dos

    recursos do planeta ao mesmo tempo em que v crescer a velocidade na utilizao destes mesmos

    recursos.

    Algumas destas crises mundiais, entre tantas outras, s foram possveis ou s

    tomaram as atuais dimenses em funo de um processo que, apesar de antigo, se intensificou a

    partir da segunda metade do sculo XX e vem sendo mais profundamente estudado a partir da

    dcada de 80: a Globalizao.

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    2 GLOBALIZAO

    A Globalizao um tema complexo e abrangente. O prprio termo determina

    dificuldades de interpretao ao possibilitar sua utilizao enquanto gnero e enquanto espcie.

    As principais crticas ao termo Globalizao residem, portanto, na sua abrangncia e

    no fato de ser utilizado para definir as mais variadas situaes.

    2.1 CONCEITUAO DA GLOBALIZAO

    No entendimento de GMEZ1, o termo Globalizao est atravessado por uma

    ambivalncia ou impreciso constitutiva em funo da variedade de fenmenos que abrange e

    dos impactos diferenciados que gera em diversas reas: financeira, comercial, produtiva, social,

    institucional, cultural, etc.

    A utilizao da expresso Globalizao, no sentido econmico que hoje prevalece,

    data do comeo dos anos 80. Para CHESNAIS:2

    O adjetivo global surgiu no comeo dos anos 80, nas grandes escolas americanas de administrao de empresas, as clebres business management schools de Harvard, Columbia, Stanford etc. [...] Fez sua estria a nvel mundial pelo vis da imprensa econmica e financeira de lngua inglesa, e em pouqussimo tempo invadiu o discurso poltico neoliberal.

    Em funo das dificuldades determinadas pelo termo Globalizao, alguns autores

    preferem utilizar em seu lugar a expresso mundializao. A expresso mundializao do capital,

    por exemplo, melhor corresponderia substncia do termo ingls Globalizao, que traduz uma

    capacidade estratgica para adotar de forma voluntria um enfoque e uma conduta global.3

    Para MOREIRA4, Globalizao pode ser conceituada como um processo social que

    atua no sentido de uma mudana na estrutura poltica e econmica das sociedades, ocorrendo em

    ondas com avanos e retrocessos separados por intervalos que podem durar sculos [...].

    Neste sentido, a Globalizao enquanto processo apresentaria ciclos com maiores ou

    menores incidncias e permitindo a identificao de quatro momentos histricos da

    Globalizao: o perodo de ascenso do Imprio Romano, a poca das Grandes Descobertas

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    (sculos XIV e XV), a colonizao europia da frica e da sia no sculo XIX e o perodo que se

    inicia logo aps a Segunda Grande Guerra Mundial.5

    Esta viso da Globalizao como um processo cclico compartilhada por

    THERBORN:6

    A Globalizao, no sentido de referenciao a tendncias para um alcance ou impacto de fenmenos sociais no mundo inteiro, antiga e multidimensional. A primeira onda importante de Globalizao data de quase dois mil anos, com a primeira expanso das religies mundiais.

    GMEZ7 orienta que a globalizao no deve ser equacionada exclusivamente

    como um fenmeno econmico ou como um processo nico, mas como uma mistura complexa

    de processos frequentemente contraditrios, produtores de conflitos e de novas formas de

    estratificao e poder.

    2.2 DIVERSIDADE DE GLOBALIZAES

    H, na verdade, diversas globalizaes acontecendo simultaneamente no planeta.

    Acrescenta-se, tambm, a capacidade que cada uma delas possui de interagir com as demais.

    H uma globalizao econmica transformando o planeta em um nico mercado

    consumidor, h uma globalizao financeira que permite o milagre da multiplicao dos ativos

    especulativos, h uma globalizao cultural pasteurizando a cultura do planeta e h uma

    globalizao da produo que movimenta as estruturas produtivas do planeta com base apenas

    nos parmetros de custo.

    Segundo GMEZ8, a chamada globalizao da economia refere-se nova forma

    gerada nas ltimas dcadas pelo processo de acumulao e internacionalizao do capital e s

    restries crescentes que seu funcionamento [...] impem soberania e autonomia dos estados

    nacionais.

    Com relao globalizao financeira, FARIA9 apresenta que o sistema financeiro

    aproveitou a expanso tecnolgica na rea da informtica e o desenvolvimento das

    telecomunicaes para informatizar sua rede operacional. Dessa forma, foi possvel aumentar a

    velocidade dos fluxos de recursos e da circulao de capitais, facilitar o acesso a distintos

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    mercados, [...] e assegurar a consecuo de vantagens crescentes para os investidores a cada

    flutuao nos valores das aes e nas taxas de cmbio e de juros.

    H, tambm, uma globalizao cultural que pretende a uniformizao das sociedades.

    O processo de globalizao pode ensejar o risco de uma pasteurizao da cultura. Esse processo,

    segundo GMEZ10, citando Mike Featherstone, alm de acarretar uma macia padronizao da

    vida cotidiana leva a consumir culturalmente imagens e cones do american way of life, reforado

    pela adoo do ingls como idioma mundial da cultura de consumo de massa.

    O mundo globalizado da produo, por sua vez, exige que as grandes corporaes

    multinacionais modernas procurem construir suas filiais onde possam aproveitar melhor as

    vantagens de uma mo-de-obra barata. Caso contrrio, tais companhias correm o risco de perder

    espao em relao concorrncia.

    Da mesma maneira, estas corporaes decidem o pas que abrigar sua prxima

    fbrica em funo dos incentivos fiscais, das isenes tributrias e dos emprstimos com juros a

    perder de vista. quase um leilo justificado pelos empregos diretos e indiretos que a instalao

    da referida fbrica poder proporcionar.

    Alm destas globalizaes mais conhecidas e bvias h outras mais sutis e nem por

    isso menos eficazes e dramticas: h uma globalizao excludente e uma globalizao como

    ideologia. A globalizao como ideologia, por exemplo, tem a capacidade de justificar e

    potencializar todas as demais globalizaes.

    A globalizao como ideologia apresenta o nirvana econmico na adoo de uma

    nica poltica econmica fundada, por sua vez, no neoliberalismo e no mercado. Para GMEZ11,

    as vises mais apologticas da Globalizao [...] vm sublinhando a formidvel possibilidade de

    lucro que se abre com a configurao definitiva duma economia mundial sem fronteiras [...].

    A globalizao excludente consegue produzir desemprego ao mesmo tempo em que

    reduz o valor dos salrios. Alm disso, consegue estabelecer essa situao de desemprego de uma

    forma pervasiva, generalizada, permanente, global.12

    Para CASANOVA13, [...] combinou-se de maneira sem precedentes na histria do

    mundo a explorao com a excluso, a populao oprimida que trabalha cada vez mais por

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    menos. Com a que est sobrando e no tem trabalho, nem assistncia, nem solidariedade, nem

    nada.

    As novas tcnicas que aumentaram exponencialmente a velocidade e a expanso dos

    meios de comunicao contriburam para o fortalecimento de outra globalizao: a globalizao

    poltica. De fato, estas novas tcnicas permitem que novos atores entrem no jogo e

    reivindiquem o direito a ser ouvidos [...].14

    Cabe destacar, tambm, a importncia do papel desempenhado pelo direito

    internacional no processo de internacionalizao e mundializao crescente da poltica.

    GMEZ15 entende que o direito internacional tem submetido indivduos, governos e

    organizaes no-governamentais a novos sistemas de regulao legal, que implicam o

    reconhecimento de poderes e limitaes, direitos e deveres que transcendem o Estado-nao

    [...].

    A globalizao poltica, portanto, ao subverter o poder do Estado-nao permite a

    incluso de novos atores no palco das decises globais.

    A atuao conjunta, simultnea de todas estas globalizaes tem afetado o planeta de

    forma incisiva e em vrios nveis e dimenses. Em decorrncia da atuao de cada uma destas

    globalizaes e de todas elas simultaneamente, o mundo tm se modificado na experimentao de

    crises novas e, aparentemente, sem soluo.

    3 OS MUNDOS EM CRISE DA GLOBALIZAO

    Cada uma das globalizaes produz impactos em pessoas, empresas, organizaes

    internacionais, pases e, at mesmo, no planeta como entidade. Alm disso, tm a capacidade de

    invadir e afetar o campo das idias e das vontades. H, portanto, impactos de toda ordem.

    O resultado destes impactos a criao de mundos distintos, todos em crise.

    3.1 UM MUNDO EM CRISE FINANCEIRA

    A primeira dcada deste terceiro milnio ficar marcada pela crise financeira que

    tomou conta do planeta e exigiu respostas rpidas e agressivas de suas principais economias.

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    O que o mundo est enfrentando no incio deste sculo XXI mais uma crise

    capitalista como tantas outras que j existiram e tantas outras que ainda existiro. Antes desta

    crise, o mundo conviveu com a derrocada das empresas de internet em 200116, a crise dos

    chamados tigres asiticos (Hong Kong, Cingapura, Coria do Sul e Taiwan) em 1997 e a quebra

    do banco ingls Barings17 em 1995, sem contar a crise dos anos 30 que, segundo alguns autores,

    acabou impulsionando o mundo para a Segunda Guerra Mundial.

    A crise iniciada no mercado imobilirio americano e potencializada pelo mercado de

    derivativos conseguiu contaminar praticamente todas as economias do planeta, em funo,

    basicamente, de dois fatores primordiais: o nvel de insero dos diferentes pases no comrcio

    internacional e o altssimo grau de entrelaamento dos mercados de capitais mundiais.18

    A atual crise capitalista diferente das demais pela sua capacidade de produzir

    impactos globais. A ltima crise globalizada foi a crise dos anos 30, longe quase 80 anos no

    tempo.

    Os impactos globais desta nova crise capitalista so muito maiores do que as cifras e

    as estatsticas de desemprego. No h como mensurar, por exemplo, as consequncias sociais

    deste novo contingente de miserveis a ser produzido pela crise.

    3.2 UM MUNDO EM CRISE ECOLGICA

    O desenvolvimento do ser humano no planeta, evidenciado pelos avanos

    tecnolgicos, intensificou-se ao longo dos ltimos 200 anos. Nesse perodo, o homem passou a

    ser mais poderoso que a prpria natureza.

    Principalmente a partir da dcada de 70, o crescimento desordenado das cidades e o

    aumento no ritmo de crescimento da populao do planeta alteraram de forma significativa a

    delicada constituio da biosfera, pelcula de terra firme, gua e ar que envolve o globo de nosso

    planeta Terra.19

    Segundo MORIN20, havia um bilho de humanos em 1800, h seis bilhes hoje.

    Esto previstos dez bilhes para 2050.

    No entendimento de TOYNBEE21, o homem a primeira espcie de ser vivo em

    nossa biosfera que adquiriu o poder de destru-la e, ao assim fazer, de liquidar a si mesmo.

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    Essa dupla conscientizao, de um lado, que o planeta frgil e limitado em seus

    recursos, e de outro lado, que o homem tem a capacidade de destru-lo pelo uso indiscriminado

    de seus recursos, algo novo. Apesar disso, pouco, ou quase nada de concreto, vem sendo feito

    para reverter a situao do planeta.

    3.3 UM MUNDO EM CRISE ECONMICA

    O mundo vive uma crise econmica injusta e, aparentemente, sem fim.

    A crise injusta porque atinge mais duramente os pases j empobrecidos e menos

    aptos a lutar contra ela. Alm disso, os pases mais ricos tiram proveito da crise para aumentar

    sua participao no comrcio mundial.

    Alm disso, parece ser uma crise sem fim por perpetuar-se dcada aps dcada.

    De acordo com CHOMSKY, 22

    Os principais fatores que resultaram na atual crise econmica global so razoavelmente bem compreendidos. Um deles a globalizao da produo, que tem oferecido aos empresrios a instigante perspectiva de fazer recuar as vitrias em direitos humanos, conquistadas pelos trabalhadores.

    Para CHOMSKY23, um segundo fator na atual catstrofe do capitalismo de Estado,

    que tem deixado um tero da populao do mundo praticamente sem meios de subsistncia, a

    grande exploso do capital financeiro no submetido regulao [...].

    H, ainda, a panacia do desenvolvimento a qualquer custo que dominou o cenrio

    internacional a partir da dcada de 70 e obrigou muitos pases (principalmente os pobres e

    emergentes) a buscar emprstimos junto ao Fundo Monetrio Internacional. Ato contnuo, estes

    pases passaram a se submeter aos desgnios daquela entidade.

    Segundo CASANOVA24, a frica apresenta o exemplo mais dramtico: Ali, a dvida

    subiu trs vezes sobre o nvel de 1980. Os pagamentos atrasados passaram de 1 bilho de dlares

    em 1980 para 11 bilhes de dlares em 1990. Hoje, a dvida externa da frica mais alta do que

    o total de sua produo.

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    3.4 UM MUNDO EM CRISE DE ESPERANA, DE FUTURO E DE

    SOLIDARIEDADE

    A atuao destas globalizaes e as crises por elas geradas acabam determinando uma

    deteriorao moral e um sentimento de desesperana generalizado, globalizado.

    A partir dos anos 70, comea a ser colocado em cheque o consagrado trinmio

    progresso/desenvolvimento/futuro. No campo ideolgico, com o desmoronamento do

    socialismo e, no campo econmico, com uma crise profunda do capitalismo. No campo da

    cincia, com a possibilidade de aniquilamento humano em funo das armas nucleares em poder

    das grandes potncias.25

    Todo o desenvolvimento tecnolgico que permitiu milagres como enviar o homem

    Lua ainda no foi suficiente para descobrir a cura do cncer ou da AIDS. Alm disso, apesar de

    toda a tecnologia atual, a fome atinge 800 milhes de pessoas espalhadas em todos os continentes

    e h dois bilhes de pessoas vivendo sem gua potvel. 26

    Os pases do terceiro mundo se endividaram em busca da terra sagrada do progresso

    e da prosperidade e tentaram cumprir as metas impostas pelos organismos internacionais,

    enfeitiados que estavam pelo canto das sereias com as promessas do desenvolvimento. As

    promessas encantadoras apenas intensificaram um severo processo de empobrecimento destes

    pases a partir das dcadas de 70 e 80. Segundo MORIN27, o mito do desenvolvimento

    determinou a crena de que era preciso sacrificar tudo por ele. Permitiu justificar as ditaduras

    impiedosas [...].

    Ainda hoje, no amanhecer do terceiro milnio, as chamadas economias perifricas

    sonham e perseguem alguma coisa a qualquer preo, custo o que custar. Antes, era o

    desenvolvimento. Agora, o que importa fazer parte do mundo globalizado. Pouco a pouco,

    percebem que no atingiram nem um nem outro. Para MORIN28, aps trinta anos voltados ao

    desenvolvimento, o grande desequilbrio Norte/Sul permanece e as desigualdades se agravam. Os

    25% da populao do Globo que vivem nos pases ricos, consomem 75% da energia.

    Neste admirvel mundo capitalista no h espao para a solidariedade. A batalha pelo

    lucro reinventa o capitalismo dando novas roupagens a velhas estratgias. Dessa forma, convive-

    se com expresses como reengenharia, terceirizao, just-in-time, etc.

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    A competitividade no mundo moderno e globalizado assume caractersticas de

    guerrilha. Empresas passam a inovar nos treinamentos de seus executivos ao utilizar cartilhas

    inusitadas como, por exemplo, o manual de treinamento dos Mariners norte-americanos e obras

    como A Arte da Guerra, de Sun Tzu, e O Prncipe, de Maquiavel.

    A ausncia da solidariedade como marca mais forte das relaes tambm apontada

    por FARIA:29

    [...] A nfase individualidade, calculabilidade e livre autonomia da vontade de cada participante da negociao exclui desses contratos qualquer sentimento de solidariedade e cooperao ou, ento, de favorecimento da parte economicamente mais vulnervel, dbil ou hipossuficiente. [...].

    No entendimento de MORIN30, os fatores de estmulo so tambm

    desintegradores: o esprito de competio e de xito desenvolve o egosmo e dissolve a

    solidariedade.

    Vive-se o consumo a qualquer preo.

    A tirania da informao estimula o consumo produzindo consumidores antes mesmo

    que os produtos sejam produzidos. Diz-se que uma das maiores habilidades de Steve Jobs, um

    dos cones do capitalismo contemporneo, apresentar solues para problemas que ainda no

    existem.31

    Vive-se uma sociedade que cultua a esperteza em detrimento de tudo o mais.

    Em uma sociedade assim, as pessoas vangloriam-se despudoradamente das vantagens

    conquistadas e das maneiras como elas foram obtidas, estabelecendo entre si uma espcie de

    ranking ou competio que considera a vantagem obtida e o custo na sua obteno. De acordo

    com essa sistemtica, quanto maior for a vantagem obtida e menor o custo relacionado, mais

    esperta esta pessoa ser considerada e maior ser seu status perante seus pares.32

    Nesse sentido, SANTOS33 apresenta que uma situao na qual se produz a

    glorificao da esperteza, negando a sinceridade, e a glorificao da avareza, negando a

    generosidade. Desse modo, o caminho fica aberto ao abandono das solidariedades e ao fim da

    tica, mas, tambm, da poltica.

    O resultado do conjunto das crises do mundo um outro mundo, um mundo em

    agonia, desesperanado e imediatista, competitivo at a medula e cego, gigante e insensvel, onde

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    no h espao para a solidariedade. , tambm, um mundo com novos problemas, que cultiva e

    cultua o individualismo e onde o prprio Estado v-se diminudo.

    4 A NOVA GLOBALIZAO

    O aparecimento de novos atores no cenrio poltico internacional, dividindo o

    mesmo palco de atuao do Estado-nao, contribui para a soluo, ou pelo menos para a

    discusso, de temas que no so mais exclusivos do Estado-nao enquanto participante singular.

    Contudo, interessante observar que, ao mesmo tempo em que a Globalizao

    internacionalizou estes problemas, permitiu a possibilidade de internacionalizao de sua

    resoluo ou discusso.

    A Globalizao configura-se um outro desafio a ser superado pelo Estado-nao em

    funo dos tremendos impactos e influncias que extrapolam a figura individualizada do Estado-

    nao e passam a determinar consequncias para o planeta inteiro, ou seja, para a comunidade

    dos Estados-nao.

    Cientes da incapacidade do Estado, novas foras se apresentam quase que

    imperceptivelmente para atuar contra as crises planetrias. Aqui e ali despontam sinais de que um

    novo mundo se apresenta para confrontar os mundos em crise. A dificuldade est em identificar

    o novo dentro do velho. Condutas pontuais parecem querer manter acesa a chama da

    solidariedade personificada pela defesa dos direitos humanos, da democracia e do meio-ambiente.

    Aqui e ali despontam sinais de que um outro mundo emerge dos mundos em crise da

    globalizao.

    As mesmas tcnicas que permitiram o desabrochar da Globalizao nas suas diversas

    modalidades tambm esto atuando a servio do mundo em busca de um novo mundo.

    As eleies presidenciais de 2009 no Ir, por exemplo, transcorreram sob o signo da

    fantasia e da fraude ao darem larga vantagem ao atual presidente e permitirem, em conseqncia,

    um segundo mandato. As manifestaes de apoio ao candidato vencido pelas ruas de Teer e por

    uma eleio transparente foram proibidas pelo governo. Apesar da proibio, as manifestaes

    passaram a ser planejadas pela internet e coordenadas pelos sites de relacionamento. Alm disso,

    a resposta agressiva do governo s passeatas da populao foram sendo registradas por cmaras

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    digitais pessoais e aparelhos de celular inofensivos e quase que instantaneamente supriam a ao

    (proibida) da imprensa local e internacional.

    O que h de novo na utilizao de meios digitais para difundir causas polticas,

    principalmente aquelas que no tm destaque na mdia tradicional, a internet trazendo a poltica

    de volta para as ruas.34

    Alm da internet e de sua utilizao pr-democracia no Ir, outras formas de ao

    global combinada tm se materializado. Um exemplo importante o Frum Social Mundial-FSM.

    O FSM nasceu com o objetivo de reunir movimentos e organizaes internacionais contrrios

    globalizao neoliberal em um encontro simultneo ao Frum Econmico Mundial, promovido

    pelas corporaes transnacionais e pelo capital financeiro em Davos, na Sua. 35

    Enquanto o primeiro FSM reuniu perto de 20 mil pessoas em Porto Alegre, no ano

    de 2001, a ltima edio (na cidade de Belm, Par, em janeiro de 2009) contou com presena de

    150 mil pessoas, entre participantes, jornalistas e organizaes civis (entre ONGs, movimentos

    sociais e agncias de desenvolvimento).

    O aumento substancial tanto no nmero de participantes como na diversidade de

    organismos presentes determina, alm do engajamento, a proliferao do interesse pelas causas e

    temas discutidos em cada FSM. Finalmente, na ltima verso do FSM, os principais temas

    discutidos estiveram ligados questo do meio-ambiente.

    Segundo THERNORN36, os exemplos apresentados so exemplos de uma outra

    globalizao, aquela que inclui tambm a ao social no mundo todo e o interesse mundial e a

    comunicao direta.

    A globalizao, portanto, tem propiciado essa espcie de reorganizao mundial e,

    tambm, uma certa convergncia de aes direcionada para uma trade virtuosa composta, por

    sua vez, pelos direitos humanos, pelo meio ambiente e pela democracia no planeta. Seriam sinais

    de uma nova Globalizao?

    O aparecimento de novos atores no palco do Direito Internacional, principalmente a

    partir do fim da Segunda Guerra Mundial, tem permitido aos Estados-nao atuar em reas antes

    improvveis. Dois exemplos recentes, distintos e relevantes, dentre outros, so a conjuno de

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    foras para combater a crise financeira mundial e o movimento global para encontrar uma vacina

    contra a SARS.

    Os exemplos apresentados determinam a busca de uma plataforma comum entre os

    mais importantes atores da Globalizao. Os atuais desafios do Estado so transnacionais por

    natureza, trans-institucionais na soluo e exigem uma ao colaborativa. Esta ao colaborativa

    implica na aliana dos Estados com organizaes internacionais, corporaes multinacionais,

    organizaes no governamentais e, at mesmo, dos indivduos.

    Com relao ao exemplo da crise financeira mundial, reunies envolvendo quase a

    totalidade da economia do planeta, chamadas de reunies do G20 37, foram realizadas para

    combater a crise capitalista e discutir a criao de um organismo supranacional de regulao e

    regulamentao dos mercados financeiros mundiais. Nos ltimos 100 anos foram poucos, bem

    poucos, os outros exemplos de movimentao planetria como a que ocorreu em funo da

    primeira crise capitalista do sculo XXI.

    5 CONSIDERAES FINAIS

    Estamos adentrando um novo estgio da Globalizao. O lento e doloroso processo

    de transformao dos Estados nacionais parece ter chegado a uma encruzilhada: ou volta-se para

    a globalizao canibalesca que caracterizou o sculo XX, retrocedendo em seu prprio processo

    de transformao, ou aposta corajosamente na nova e possvel globalizao que, de fato, se

    anuncia, e d continuidade metamorfose do Estado nacional para um novo estgio, um novo

    passo na direo de uma sociedade global, alicerada na trade virtuosa da democracia, do amparo

    ao meio ambiente e do pleno e efetivo exerccio dos direitos humanos.

    De acordo com BONAVIDES38, a primeira globalizao, selvagem, menosprezou o

    Estado; a segunda globalizao, civilizada, esta, sim, ser obra do Estado neo-social que caminha

    pra o futuro, e no pra o passado.

    Novos sinais de uma nova Globalizao calcada na solidariedade disputam um lugar

    no planeta dos Estados-nao pari passo com a velha Globalizao. Quem estar transformando

    quem? Pouco importa, o certo que o futuro do Estado depende tanto do sucesso de sua prpria

    transformao como do sucesso na transformao da Globalizao.

  • Charles Alexandre Souza Armada

    Revista Jurdica CCJ ISSN 1982-4858 v. 17, n. 33, p. 5 - 20, jan./jun. 2013 18

    NOTAS

    1 GMEZ, Jos Maria. Globalizao da poltica: mitos, realidades e dilemas. In: GENTILI,

    Pablo (Org.). Globalizao excludente. Petrpolis, RJ: Vozes, 1999. p. 129.

    2 CHESNAIS, Franois. A mundializao do capital. So Paulo: Xam, 1996. p. 23.

    3 CHESNAIS, Franois. A mundializao do capital. p. 17.

    4 MOREIRA, Alexandre Mussoi. A transformao do estado: neoliberalismo, Globalizao e conceitos jurdicos. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002. p. 95.

    5 MOREIRA, Alexandre Mussoi. A transformao do estado: neoliberalismo, Globalizao e conceitos jurdicos. p. 95-96.

    6 THERBORN, Gran. Dimenses da Globalizao e a dinmica das (des)igualdades. In: GENTILI, Pablo (Org.). Globalizao excludente. Petrpolis, RJ: Vozes, 1999. p. 88.

    7 GMEZ, Jos Maria. Globalizao da poltica: mitos, realidades e dilemas. In: GENTILI, Pablo (Org.). Globalizao excludente. p. 139.

    8 GMEZ, Jos Maria. Globalizao da poltica: mitos, realidades e dilemas. In: GENTILI, Pablo (Org.). Globalizao excludente. p. 146.

    9 FARIA, Jos Eduardo. O direito na economia globalizada. So Paulo: Malheiros. 2004. p. 66.

    10 GMEZ, Jos Maria. Globalizao da poltica: mitos, realidades e dilemas. In: GENTILI, Pablo (Org.). Globalizao excludente. p. 135.

    11 GMEZ, Jos Maria. Globalizao da poltica: mitos, realidades e dilemas. In: GENTILI, Pablo (Org.). Globalizao excludente. p. 129.

    12 SANTOS, Milton. Por uma outra Globalizao: do pensamento nico conscincia universal. p. 72.

    13 CASANOVA, Pablo Gonzlez. Globalidade, neoliberalismo e democracia. In: GENTILI, Pablo (Org.). Globalizao excludente. Petrpolis, RJ: Vozes, 1999. p. 58.

    14 GMEZ, Jos Maria. Globalizao da poltica: mitos, realidades e dilemas. In: GENTILI, Pablo (Org.). Globalizao excludente. p. 135.

    15 GMEZ, Jos Maria. Globalizao da poltica: mitos, realidades e dilemas. In: GENTILI, Pablo (Org.). Globalizao excludente. p. 161.

    16 Evento que ficou conhecido como o estouro da bolha da internet, relacionado com uma supervalorizao dos ativos das empresas deste setor durante os anos de 1995 e 2001.

    17 O Barings era o mais antigo banco de investimentos da Inglaterra quando quebrou em funo de atuaes desastradas nos mercados de derivativos.

    18 ARMADA, Charles Alexandre Souza. A crise sria. Jornal A Notcia. Joinville, 08 maro 2009. p. 10.

  • A nova globalizao do sculo XXI

    Revista Jurdica CCJ ISSN 1982-4858 v. 17, n. 33, p. 5 - 20, jan./jun. 2013 19

    19 TOYNBEE, Arnold. A humanidade e a me-terra: uma histria narrativa do mundo. Rio de

    janeiro: Guanabara, 1987. p. 22.

    20 MORIN, Edgar; KERN, Anne Brigitte. Terra-Ptria. Porto Alegre: Sulina, 1995. p. 72.

    21 TOYNBEE, Arnold. A humanidade e a me-terra: uma histria narrativa do mundo. p. 36.

    22 CHOMSKY, Noam. Democracia e mercados na nova ordem mundial. In: GENTILI, Pablo (Org.). Globalizao excludente. Petrpolis, RJ: Vozes, 1999. p. 36.

    23 CHOMSKY, Noam. Democracia e mercados na nova ordem mundial. In: GENTILI, Pablo (Org.). Globalizao excludente. p. 37.

    24 CASANOVA, Pablo Gonzlez. Globalidade, neoliberalismo e democracia. In: GENTILI, Pablo (Org.). Globalizao excludente. p. 53.

    25 MORIN, Edgar; KERN, Anne Brigitte. Terra-Ptria. p. 79-85.

    26 SANTOS, Milton. Por uma outra globalizao: do pensamento nico conscincia universal. p. 59.

    27 MORIN, Edgar; KERN, Anne Brigitte. Terra-Ptria. p. 83.

    28 MORIN, Edgar; KERN, Anne Brigitte. Terra-Ptria. p. 83.

    29 FARIA, Jos Eduardo. O direito na economia globalizada. p. 203.

    30 MORIN, Edgar; KERN, Anne Brigitte. Terra-Ptria. p. 88.

    31 SILVA, Adriano. Para entender o gnio. VEJA, So Paulo, ed. 2108, n.15, p. 106, abr. 2009.

    32 ARMADA, Charles Alexandre Souza. O jeitinho brasileiro entre a impunidade e a corrupo. Jornal Cruzeiro do Vale. Gaspar, 04 julho 2008. p. 3.

    33 SANTOS, Milton. Por uma outra globalizao: do pensamento nico conscincia universal. p. 61.

    34 MATIAS, Alexandre. Da rua para a rede, da rede para a rua. O Estado de S. Paulo, So Paulo, n. 921, 22 junho 2009. p. L1.

    35 AMARAL, Marina. As muitas bandeiras de Porto Alegre. Caros Amigos Especial, So Paulo, n.16, p. 4, mar. 2003.

    36 THERBORN, Gran. Dimenses da globalizao e a dinmica das (des)igualdades. In: GENTILI, Pablo (Org.). Globalizao excludente. p. 92.

    37 O Grupo dos 20 (ou G20) um grupo formado pelos ministros de finanas e chefes dos bancos centrais das dezenove maiores economias do mundo mais a Unio Europia. Em 15 de novembro de 2008, pela primeira vez, os chefes de Estado ou de governo se reuniram e no somente os ministros de finanas tendo a crise financeira mundial como principal item da pauta de discusses.

    38 DIREITO ADMINISTRATIVO EM DEBATE. Do Estado neoliberal ao Estado neo-social. Paulo Bonavides. 06/11/2008. Disponvel em:

  • Charles Alexandre Souza Armada

    Revista Jurdica CCJ ISSN 1982-4858 v. 17, n. 33, p. 5 - 20, jan./jun. 2013 20

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