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A MÚSICA COMO ELEMENTO DE COMUNICAÇÃO E PROPAGAÇÃO DA LÍNGUA E CULTURA FRANCESAS
“A primeira qualidade de um homem inteligente consiste em compreender a linguagem dos outros”. Saint Exupéry
VILMA MARIA ALVES Professora PDE RITA DE CÁSSIA SILVA BERGAMASCO Orientadora UEPG PONTA GROSSA 2012
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL PDE A MÚSICA COMO ELEMENTO DE COMUNICAÇÃO E PROPAGAÇAO DA LÍNGUA E CULTURA FRANCESAS
Artigo Científico
produção final e obrigatória para a certificação do PDE
PONTA GROSSA 2012
GÊNEROS TEXTUAIS : MÚSICA, LÍNGUA E CULTURA FRANCESAS Vilma Maria Alves¹
Rita de Cássia S.Bergamasco²
Resumo: O projeto proporcionou aos alunos jovens e adultos do ensino médio, do
CEEBJA Paschoal Salles Rosa, em Ponta Grossa, o acesso à cultura e à língua
francesas por meio do gênero música. A prática nessa modalidade de ensino permitiu
perceber que os alunos trabalhadores chegam à escola cansados e sonolentos, por isso
têm dificuldade no aprendizado. No entanto, sonham crescer, ampliar seus
conhecimentos, tornarem-se capazes de mudar suas vidas e transformar a sociedade. A
música estrangeira foi lhes apresentada como diversidade, possibilitou-lhes o aprendizado
de forma agradável, estabeleceu-lhes a relação entre o conteúdo musical e o cotidiano.
Foi trabalhada a Unidade Didática, na sala de aula, com oito músicas selecionadas, com
ajuda das tecnologias existentes na escola. Observou-se que os alunos aprenderam com
mais facilidade, foram participativos e obtiveram os conhecimentos básicos de LEM – o
francês .
Palavras–chave: Interdisciplinar. Cultura. Aprendizado. Diversidade. Comunicação.
Abstract: The project offered to young and adults students of high school at CEEBJA
Professor Paschoal Salles Rosa in Ponta Grossa, the access to French language and
culture through the genre of music. The practice in this type of education has allowed to
realize that students come to school tired and asleep, so they have learning difficulties.
However, they dream to grow, expand their knowledge, became able to change their lives
and transform the society. The foreign music was presented to them as diversity, enabled
them to learn in a pleasant way, established them the relationship between the music
content and the daily life. It was worked the Didactic Unit, in the classroom, with eight
selected songs with the help of existing technologies in school. It was observed that
students learned more easily, they were participative and obtained the basic knowledge of
a modern foreign language, the French.
Key words: Interdisciplinary. Culture. Learning. Diversity. Communication.
¹ Professora PDE 2010 – CEEBJA P. S. Rosa
² Professora Orientadora – UEPG
1
“Cada obra, cada gênero define sua identidade por sua maneira de gerar a transtextualidade
e é sobre esse trabalho diferenciador que convém concentrar a atenção”. 2 INTRODUÇÃO Dominique Maingueneau O ponto de partida para a realização deste projeto foi a utilização da música na
sala de aula. Tendo em vista com este recurso pedagógico, um melhor
aproveitamento, possibilitar aos alunos jovens e adultos do CEEBJA, novas
perspectivas, aumentar sua auto-estima, tornando-os confiantes ao saberem que
podem competir com mais conhecimentos e em condições de igualdade no mercado
de trabalho e na sociedade em geral.
Os alunos jovens e adultos, são na sua maioria trabalhadores, têm dificuldade
psicossocial que gera problemas de aprendizado, chegam cansados e sonolentos
até a nossa escola, CEEBJA Paschoal Salles Rosa, Ensino Fundamental e Médio.
Estão na faixa etária de 16 a 70 anos, não frequentaram a escola na idade ideal, por
diferentes motivos, porém buscam hoje refazer suas vidas recuperando o tempo
escolar perdido.
Propõe-se que a aula de Língua Estrangeira Moderna constitua um espaço para que o aluno reconheça e compreenda a diversidade linguística e cultural, de modo que se envolva discursivamente e perceba possibilidades de construção de significados em relação ao mundo em que vive. Espera-se que o aluno compreenda que os significados são sociais e historicamente construídos e, portanto, passíveis de transformação na prática social”. (Diretrizes Curriculares da Educação Básica, 2008, p. 53).
O ensino de Língua Estrangeira Moderna, usando a música como recurso
pedagógico para os alunos jovens e adultos, foi de grande importância e
aproveitamento, já que eles demonstraram interesse em aprender. Vemos no
cotidiano, que é uma característica relevante entre os alunos, essa ligação com a
música e com as novidades tecnológicas disponíveis no mercado. Tudo isso
contribuiu para um resultado positivo, diversificado e prazeroso.
2
A música tem esse caráter universal, de unir os povos mas também transmitir a
cultura, comunicar aos seus seguidores, assuntos sociais polêmicos, críticos,
comuns a todo ser humano.
Proporcionar uma educação pública de qualidade tem sido por muito tempo, o
tema de vários congressos e debates na área da educação. Sabe-se não ser uma
tarefa fácil, então professores da rede pública do estado do Paraná, juntamente com
pesquisadores, montaram as Diretrizes Curriculares da Educação Básica para ser
aplicada no Estado. Estas diretrizes apoiam-se nas teorias do interacionismo sócio
discursivo de Bahktin (1988,1992), na abordagem Comunicativa, com base no
cognitivismo, que estuda os processos de aprendizagem e de aquisição de
conhecimentos, levando em conta as interações (Vygotsky).
Para Bahktin, o texto é a materialização de um enunciado e é entendido como
unidade contextualizada da comunicação verbal.
As pessoas não trocam orações assim como não trocam palavras (numa acepção rigorosamente linguística), ou combinações de palavras, trocam enunciados constituídos com a ajuda das unidades da língua – palavras, conjunto de palavras, orações, ou de uma única palavra por assim dizer, de uma unidade da língua numa unidade da comunicação verbal (Bahktin, 1922, p.297).
Portanto, para conseguirem atingir os objetivos, segundo Bahktin (1995), os
alunos tiveram que desenvolver seu discurso, sua fala, suas ideias, sua consciência
crítica a respeito de tudo que se passa ao seu redor. A língua proporcionou-lhes
esse poder de se desenvolverem, opinarem, participarem, transformarem, dentro do
seu contexto sócio-político, conforme suas necessidades.
Dentre os gêneros textuais segundo Gouvernnec (2004), a música representa
uma das formas de comunicação bastante abrangente, tanto no conteúdo como
no interesse dos alunos, principalmente, na atualidade, onde o estresse toma
conta de todos. A música é abrangente também, no aspecto da variedade de
conhecimentos (temas) que puderam ser explorados, em várias disciplinas como:
3
arte, história, geografia, ciências, ecologia, filosofia, sociologia, entre outras. Este
gênero é interdisciplinar. A música permitiu desenvolver a diversidade cultural que
existe no ensino de língua estrangeira.
Enfim, a prática foi realizada com sucesso, os alunos gostaram participando
ativamente do processo.
Este artigo contém nove partes :
1 RESUMO E ABSTRACT
2 INTRODUÇÃO
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4 GÊNEROS TEXTUAIS E SEQUÊNCIA DIDÁTICA
5 MÚSICAS SELECIONADAS
6 METODOLOGIA
7 ANÁLISE E DISCUSSÃO
8 CONCLUSÃO
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A pesquisa realizada na busca de subsídios para fortalecer a proposta de
trabalhar com textos – gêneros textuais, comprova que realmente, esta é uma
prática viável de possível execução e de comprovada eficiência em sala de aula.
Não é uma teoria nova, já começou a ser estudada por cientistas linguistas,
desde a Antiguidade, com Platão e Aristóteles (Marcuschi, 2008, p. 147/152).
...filósofos da Grécia antiga, nos séculos VI a.C. que primeiro perceberam na linguagem uma ferramenta para a compreensão da realidade. A lingua(gem) despertava interesse, nesses estudiosos, na medida em que questionavam se ela poderia ser entendida como sendo primordial para o conhecimento do mundo ou somente como um instrumento de comunicação entre os seres humanos. (Teorias Linguísticas, Uma breve história dos estudos linguísticos, Joana d’ Arc Martins Pupo, DELIN – UEPG – 2011).
4
Porém, esta teoria foi pouco difundida durante muitos tempo, por razões
políticas e receio de mudanças nos métodos tradicionais de ensino.
Graças aos cientistas linguistas contemporâneos como, Bahktin (1995), Meurer
(2005), Swales (1990), Dominique Maingueneau (1996), Marcuschi (2008), entre
outros, que defendem e comprovam com seus estudos, que a língua influencia o ser
humano em todo seu potencial, dando-lhe condições de participar e agir na
sociedade como agente político, de forma crítica e transformadora. A partir dos
conhecimentos que recebe, o aluno é capaz de refletir sobre a situação do
momento, buscar nas suas experiências vividas e, então agir e demonstrar sua
mudança de atitude perante a vida e a sociedade em que vive.
A língua é uma forma de prática social, sendo que há sempre uma relação bidirecional entre textos e sociedade, i.é, as formas discursivas e as estruturas sociais se influenciam mutuamente. (Meurer, 2005, p. 82).
Isto quer dizer que a língua não serve apenas para a comunicação básica do
homem mas também para ele dizer onde está, o quê ele quer, para o quê ele quer,
com a finalidade de marcar sua presença diante de seus semelhantes. O homem
tem voz quando domina a língua na sua amplitude, nas suas competências: na
leitura, interpretação, escrita e principalmente a fala. Conforme a abordagem do
letramento crítico (Swales, 1990), os gêneros são criados a partir das necessidades
de um grupo social, segundo seus valores, objetivos, enfim, cumprir alguma
finalidade daquele momento histórico.
A língua é tida como uma forma de ação social e histórica e que, ao dizer, também constitui a realidade sem contudo cair num subjetivismo ou idealismo ingênuo. Neste contexto os Gêneros Textuais, se constituem,como ações sócio-discursivas para agir sobre o mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algum modo. (Marcuschi, 2008, p.151).
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Segundo Marcuschi, (2008, p. 212) a língua tem essa característica e poder de
proporcionar tudo isso, quando dela nos apropriamos e dela fazemos uso com
sapiência. A língua é o passaporte para o ser humano relacionar-se bem com seus
semelhantes, em todas as esferas sociais. Conforme o nível de sua prática
linguística, o homem conquistará o seu “status” na sociedade.
Destaca-se que o comprometimento com o plurilinguismo como política educacional é uma das possibilidades de valorização e respeito à diversidade cultural, garantido na legislação, pois permite às comunidades escolares a definição da Língua Estrangeira a ser ensinada. (Diretrizes Curriculares, 2008, p. 52).
Existe uma variedade de gêneros textuais à disposição porém é necessário que
sejam escolhidos cuidadosamente, levando em conta o momento, a situação, os
objetivos, o interlocutor, os conteúdos significativos e que funcionem
satisfatoriamente nesse processo linguístico dinâmico. Os gêneros textuais podem
ser diferentes em cada sociedade, dependendo de sua cultura e costumes. Dentro
de um mesmo gênero, por exemplo, uma bula de remédio pode estar fazendo uma
propaganda, na letra de uma música podemos encontrar uma carta, o poema, a
notícia, interrelacionados. (Marcuschi, 2008, p. 165).
O trabalho com Gêneros Textuais não é específico de uma só disciplina em
particular, mas há uma grande procura por esta prática, e atualmente mais
professores estão empregando este método em outras disciplinas, tornando a
prática pedagógica mais produtiva. (Marcuschi, 2008, p. 147).
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4 GÊNEROS TEXTUAIS E SEQUÊNCIA DIDÁTICA
A proposta pedagógica foi apresentar a LEM aos alunos jovens e adultos, do
Ensino Médio, do CEEBJA, Paschoal Salles Rosa, em Ponta Grossa – PR, de uma
forma atraente e responsável, trabalhando com gêneros textuais – a música.
Pretendeu-se desta forma desenvolver o senso crítico e social.
A partir do confronto com a cultura do outro, torna-se capaz delinear um contorno para a própria identidade. Assim atuará sobre os sentidos possíveis e reconstruirá sua identidade como agente social”. (Diretrizes Curriculares, 2008, p.57).
A música proporcionou essa interação pois possui a caracterísitca de unir as
pessoas, de apresentar um tempo, um espaço, uma história que de certa forma se
parece com o momento presente. Por isso fez com que os alunos se mostrassem
comprometidos e interessados no conteúdo da mensagem.(conceito bakhtiniano-
cronotipo - citado em Bazerman, Gêneros Textuais, Tipificação e Interação, 2009,
p.55).
Foi feito um estudo paralelo; de um lado, a letra da música, do outro, a vida do
aluno, levando-o a refletir sobre o que tinha em comum. Foi desenvolvido por meio
de atividades orais e escritas, individuais e em grupos que permitiram a reflexão do
aluno sobre a sua vida, suas experiências, seus sonhos e a sua realidade.
A música é uma combinação de sons que conservam entre si relações lógicas e ordenadas. Tem por fim evocar sentimentos ou traduzir impressões. A música sempre existiu, porque está na natureza: o canto dos pássaros, o marulhar das ondas do mar, sussurro dos regatos, o vento por entre os ramos, tudo produz sons harmoniosos, que são do reino da música. (Grande Enciclopédia Brasileira de consultas e pesquisas, p. 2200 – Volune VII).
7
O aluno teve a oportunidade de entender o vocabulário usado, seu significado, o
ritmo empregado, a emoção que sentiu ao ouvir a música que mais o sensibilizou.
Pôde refletir sobre esse conjunto artístico e propositalmente construído para realizar
uma comunicação social.
A partir dessa reflexão, teve a chance de poder mudar sua maneira de pensar e
olhar as pessoas, o mundo e até o seu comportamento.
É importante que os alunos tenham consciência de que há várias formas de produção e circulação de textos em nossa cultura e em outras, de que existem diferentes práticas de linguagem no âmbito de de cada cultura, e que essas práticas são valorizadas também de formas diferentes nas distintas sociedades. (Diretrizes Curriculares, 2008, p. 59).
Professores atuais que trabalharam com a língua francesa, falaram em uma
entrevista ao site de l’ Organisationale de la Francophonie – Franc – parler. Org. –
de suas experiências ao usar a música como instrumento para a prática do ensino
de LEM na sala de aula, disseram que estão satisfeitos com o desempenho dos
alunos. Disseram também os professores que a música é um meio lúdico, motivante
e original para os jovens nestes tempos modernos, graças aos recursos
tecnológicos avançados e que fazem parte do cotidiano dos alunos adolescentes em
geral.
Ressouches, Elodie é francesa e trabalhou com alunos turistas estrangeiros
que vivem em Paris. Ela disse: “A canção contemporânea permite descobrir o
francês oral em toda sua diversidade e abordar a questão dos seus usos”. Ela
apresentou ao XI Congresso Internacional dos Professores de Francês, em 2004,
um atelier sobre a canção contemporânea e sua prática pedagógica. Ela disse
também que a língua francesa, como todas as outras, dispõe de uma lista de vários
níveis para adaptar seu discurso a seu contexto, e que a língua musical tem
diferentes usos, apresenta também marcas sociais que estão sempre em
transformação, isto é, num processo dinâmico. As canções nos dão sensação de
8
estar na França, nas suas ruas, e sua linguagem é diferente da linguagem das
mídias (TV, Internet, Rádio). Ressouches, Elodie, selecionou as canções que são
audíveis e de estilos diferentes.
Barros, M. L. é professora de francês, no Brasil, ministrou aulas para
estudantes universitários da Universidade Federal de Minas Gerais, ela achou difícil
encontrar canções atuais, modernas. Recorreu então aos amigos, colegas e à
Internet.
Para Barros, M. L.“trabalhar com as canções é trabalhar com todas as culturas
através do mundo”.
Marques, L. professora de francês, em Portugal, na Escola Secundária Dr.
Manuel Laranjeira, d’Espinho, também está contente com seu projeto desenvolvido
com alunos portugueses, utilizando a música como instrumento da sua prática
pedagógica.
Marques, L. acredita que hoje, com a Internet, é mais fácil de adquirir canções
contemporâneas, tornar os alunos mais satisfeitos e obter mais produtividade em
seu trabalho.
Em relação à fala e à escrita, a música apresenta as duas formas, a letra como
composição do autor, é a escrita; e o som, a melodia quando a ouvimos representa
a oralidade. Na letra, vamos encontrar a mensagem, seus significados, sua história,
épocas vividas, seus personagens. A música é um gênero muito rico para ser
explorado.
Segundo Gouvernnec, L. (2008), professor de francês (FLE/FLS/FLM), a canção
tem sido objeto de uma grande produção de artigos, sínteses, livros, fichas, manuais
escolares, provando assim que este suporte cultural suscita muito interesse por
parte dos professores de língua estrangeira, e que atualmente, existem várias
opções, graças ao avanço tecnológico, para se conseguir músicas atuais e
modernas para serem trabalhadas em sala de aula.
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Há as compilações Générations Française (1,2,3,4,5,6), in Bloom, Des Clips
pour apprendre, Le Bureau Export de la Musique, TV5 ou le CAVILAM, les sites na
Internet desses órgãos, inclusive Le Français dans Le Monde. O professor
acrescenta ainda, que é necessário levar em conta o ritmo, estilo, melodia, estrutura
musical, a linguagem, a época, o sentimento, para escolhermos a música mais
adequada para cada tipo de turma.(crianças, jovens, adultos, idosos).
O gênero parece ser um mecanismo constitutivo na formação, manutenção e realização da sociedade, da cultura, da psicologia, da imaginação, da consciência, da personalidade e do conhecimento, interativo com todos os outros processos que formam nossas vidas. (Bazerman, Charles, 2009, p. 61).
A música apresenta essa diversidade de cultura e a característica de seduzir
nossos ouvidos, nossa alma, nosso corpo, com seu som, letra e ritmo. E é este
conjunto que se trabalhou com os alunos a proposta pedagógica em questão.
Gilberto Flach (2006, p. 21) diz : “A canção é um gênero híbrido, de caráter
intersemiótico, pois é resultado da conjugação de dois tipos de linguagens: a verbal
e a musical (ritmo e melodia).
Existe uma vasta bibliografia desde o ensino colegial à universidade, seja na
Europa, América ou Austrália. “As canções atravessam as fronteiras nacionais, elas
saltam por cima das barreiras da língua”. (Thompson’s Brian. La Clef des Chants: La
chanson dans la classe de françãis, 2006).
Finalmente, trabalhar com a música foi uma boa escolha pois moramos num
país onde a cultura é muito musical, o povo vive nessa constante interação de sons
e a diversidade de estilos. Com a música pode-se dar asas à imaginação, sonhar,
mudar comportamentos, chamar a atenção para a consciência política nas diversas
áreas da sociedade. Portanto foi possível por meio da música colaborar para a
formação do aluno cidadão, que tenha opinião própria, para decidir sua vida e
contribuir para o engrandecimento de sua pátria, o Brasil.
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A intervenção pedagógica teve por finalidade, apresentar a LEM aos alunos
jovens e adultos, do Ensino Médio Paschoal Salles Rosa, em Ponta Grossa – PR. A
proposta trabalhou com o gênero textual – música, com o intuito de desenvolver as
quatro habilidades da LEM – francês: leitura, interpretação, escrita, produção de
textos.
A prática foi realizada com a intenção de:
a – desenvolver a leitura, oralidade e produção de textos a partir das letras de
músicas apresentadas.
b – proporcinar a reflexão sobre o conteúdo contido na letra da música, levando os
alunos a fazer um estudo paralelo com a sua vida, o seu momento, a sua época
histórica, a sua emoção, sua realidade.
c – possibilitar a socialização dos alunos, proporcionando atividades em grupos.
d – identificar nas letras das músicas apresentadas, os diversos tipos de formas
que elas têm: poemas, narrativas, descrição, carta, entre outras.
e – despertar nos alunos o gosto pela LEM - francês, utilizando como gênero a
música francesa.
O material didático foi produzido na forma de uma UNIDADE DIDÁTICA, que
consistiu na escolha de textos para leitura (letras das músicas), atividades de
interpretação e de conteúdo de estrutura da língua estrangeira, no final, a produção
de texto que foi realizada por meio de desenhos, poesia, propaganda, cartaz,
classificados, frases, colagens.
O linguista Dominique Maingueneau, em seu livro “Pragmática para o discurso
literário”, fala sobre a importância do texto e sua transtextualidade, citando Bakhtin
que diz “ o discurso encontra o discurso do outro em todos os caminhos que o levam
11
rumo ao seu objeto, e não pode não entrar com ele em interação viva e intensa”.
(Maingueneau, 1996, p.27).
Então conseguiu-se que o aluno encontrasse nos textos uma verdadeira
interação, sentiu-se motivado a participar das atividades propostas e aprendeu os
novos conhecimentos. Todas as práticas pedagógicas foram realizadas no período
determinado pela coordenação do PDE, seguindo a metodologia planejada.
5 MÚSICAS SELECIONADAS
VOYAGE VOYAGE Desireless (http://letras.terra.com.br)
LE SOLEIL DE MA VIE Sacha Distel (http://letras.terra.com.br)
L’AMOUR À LA PLAGE Niagara (www.vagalume.com.br)
LE BRUIT DES VAGUES Romuald (www.vagalume.com.br)
ALINE Christophe (www.vagalume.com.br)
SOLENZARA Enrico Macias (www.vagalume.com.br)
TU ES FOUTU Ingrid (www.letras.terra.com.br)
BUTTERFLY Daniel Gérard (www.letras.terra.com.br)
12
6 METODOLOGIA
A atividade pedagógica foi realizada seguindo o planejamento para 32
horas/aula, para os alunos jovens e adultos, do Ensino Médio, nas salas de aula do
CEEBJA Paschoal Salles Rosa, em Ponta Grossa. Foram selecionadas oito músicas
conforme o tema ELEMENTOS DA NATUREZA. Os alunos ouviram e assistiram os
clips das músicas na TV pen drive. Em seguida foram feitas leituras, primeiro pelo
professor e depois pelos alunos, algumas atividades orais de pronúncia, vocabulário
de forma contextualizada. Foi feito também um questionamento com os alunos para
análise e reflexão sobre a mensagem da música, a realidade de cada um e com o
momento histórico atual. Antes de iniciar, foi dito aos alunos que as músicas
escolhidas poderiam não agradar a todos e durante o questionamento, cada um
pôde expressar seus gostos e estilos musicais preferidos. No entanto, que estas
músicas com as quais trabalhamos foram compostas retratando um momento, uma
história, feliz, alegre ou triste, enfim, um momento especial vivido que ficou na
lembrança de alguém.
A partir desta reflexão, os alunos puderam descobrir nas músicas apresentadas,
se os sentimentos que elas expressavam tinham a ver com suas vidas ou com a
vida de alguém que eles conheciam ou simplesmente conhecer a história que se
apresentava.
Todas as músicas tinham atividades orais e escritas diversificadas, individuais e
em grupos. As atividades escritas individuais foram relacionadas com a
interpretação e com o conteúdo gramatical explorado em cada uma delas. As
atividades em grupo foram relacionadas a pesquisas no laboratório de informática,
sobre assuntos interdisciplinares (ciência, arte, geografia, história, literatura, meio
ambiente), personagens, países, lugares, cantores ou compositores que fizeram
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parte das músicas escolhidas. Como produção de textos os alunos puderam fazer
atividades diversas, aplicando a língua francesa, dependendo de cada música,
como colagens, desenhos, propagandas, classificados, frases relacionadas com o
tema.
Os alunos fizeram uso da língua materna para acompanharem o aprendizado
da segunda língua, o francês. A avaliação foi feita conforme a participação,
colaboração, envolvimento e interesse nas atividades propostas, como também
foram corrigidas, durante todo o processo de realização da intervenção pedagógica.
7 ANÁLISE E DISCUSSÃO
Até pouco tempo a canção estava ou ficava à margem das atividades de sala
de aula. A rigor a canção era vista como elemento de motivação, de recompensa, ou
de distração para os alunos. Não era de todo ruim mas relegava-se a música a um
lugar secundário, não fazia parte do programa. Nos últimos 10 ou 15 anos, o
número de professores cresceu, para falar da boa nova entre seus colegas, nos
congressos, artigos e livros.
A possibilidade de cursarem mais uma língua foi bem recebida pelos alunos
adultos que demonstraram vontade de aprender e de participar de atividades
diferentes. Com esta prática, foi possível integrá-los em grupos, sociabilizá-los. A
língua estangeira, foi certamente o instrumento de união, comunicação, informação,
conhecimentos, cultura, integração e consequentemente a própria LEM – o francês.
Creio que a aprovação e a continuidade desta prática, em todas as disciplinas
se possível, poderá ser muito importante, significativa e proporcionará aos alunos,
maior interesse no aprendizado, contribuindo para o desenvolvimento no sistema
educacional da escola pública.
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A música como gênero para a prática pedagógica, deu aos alunos,
aportunidade de aprenderem com prazer, os novos conhecimentos propostos,
conhecerem outras histórias, outras realidades, outras experiências. Desta forma
provavelmente, contribuiu para que eles agissem de maneira positiva e efetiva, em
outras situações do dia a dia.
A discussão no GTR foi uma experiência muito significativa para todos os
professores tutores e participantes. O trabalho de pesquisa e material didático foram
apreciados por colegas da mesma área de atuação, ou seja, trabalham com LEM,
nas escolas públicas. Os colegas passaram-me muita confiança e a certeza de que
o projeto era realmente bom, tinha qualidade. Isso deu-me bastante suporte para ir
adiante na implementação. Foi importante a troca de ideias e a valorização do
projeto e material didático. Eis a seleção de alguns comentários feitos durante o
GTR, a respeito do traballho elaborado.
“ Este curso foi muito útil para nossa formação. Também já repassei algumas atividades para amigos.
Eles gostaram muito, um deles já utilizou-os nas aulas e disse que o resultado foi excelente. Até
mesmo os alunos mais difíceis, participaram com interesse”.
“ Parabéns pelos bons resultados. Eles foram consequência de um projeto bem elaborado e
implementado adequadamente, respeitando as particularidades dos alunos”.
“ Achei o seu trabalho espetacular. As atividades diversificadas são ótimas”.
“ O trabalho com gênero textual é inovador no sentido de promover ao estudante a reflexão e bem
destacada a construção do conhecimento”.
“ A escolha das músicas foi perfeita. Além do ótimo trabalho com a estrutura da língua, quero
destacar o foco dado aos elementos da natureza. Você foi feliz privilegiando este aspecto. Segundo
Claude Debussy, a música é uma transposição sentimental do que é o invisível na natureza”.
“ A produção Didático Pedagógica foi bem elaborada. As atividades propostas são interessantes e
fáceis de serem realizadas”.
“ Realmente gostei da forma que as atividades foram desenvolvidas e pude, dentro da língua
espanhola, fazer algumas modificações e aplicá-las aos meus alunos”.
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“...percebi que você conseguiu abordar todas as vertentes possíveis, de forma leve, porém em
nenhum momento superficial. Você proporciona o aprofundamento de conhecimento do aluno, sem
que ele perceba...”
“ Professora Vilma, sua proposta é tão importante, pois nos proporciona, por meio das atividades
bem elaboradas, também trabalhar com as nossas turmas e melhorar a nossa prática pedagógica”.
Outro aspecto salientado na discussão do projeto foi o fato de, ao trabalhar com
o gênero música, pode-se aproximar ainda mais o aluno da língua estrangeira por
meio de suas expressões, que não são trabalhadas em textos com a língua formal.
A preocupação dos colegas do GTR quanto ao cuidado ao escolher as músicas foi
aparente porém professores competentes, críticos e conhecedores de seus alunos e
de seus objetivos, com bom senso e sensibilidade, realizarão boas escolhas.
O entusiasmo é primordial e contagiante, os alunos sentem quando o professor
vibra com a sua práxis, aposta no sucesso e eles embarcam seguros nessa viagem
de aprendizagem.
8 CONCLUSÃO
As aulas de Implementação Pedagógica foram sucesso ! Creio que os objetivos
foram alcançados. Os alunos participaram com interesse em aprender, ficaram
satisfeitos e empolgados nas atividades diversificadas. Houve quase que na maioria
da turma, aproveitamento dos conteúdos, foi visível. Gostaram das atividades de
produção de texto, principalmente a de fazer um desenho ilustrando o momento
mais marcante da música para cada um deles.
Outro aspecto importante, foi vê-los contentes em colaborar e interagir com o
universo já conhecido por eles: Os Elementos da Natureza. Nas situações coletivas,
mostraram-se mais integrados, por exemplo, nas pesquisas feitas no laboratório de
informática, foram boas experiências. Os alunos que já conheciam o mecanismo,
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assumiam o computador, sentindo-se importantes, enquanto os outros permaneciam
bem interessados e motivados ao lado do colega.
Dificuldades encontradas por alguns alunos, como não saber manusear o
dicionário, localizar cidades ou países no mapa, e não ter conhecimento de
informática, serviram para comprovar que esse é o caminho. As dificuldades foram
transformadas em avanços positivos. Os alunos que não sabiam, aprenderam a
trabalhar com o dicionário e a localizar os lugares no mapa.
Além da língua e cultura estrangeiras, aprenderam outras noções. Acredito que
é aí que entra o preparo do professor, temos uma clientela dinâmica, por vezes
esquecemos disto. O nível cultural de nossos alunos é diferente a cada ano.
Todo o projeto e estudos dos autores pesquisados foram encaminhados na
“perspectiva da construção do conhecimento”. Enfim, a música é muito mais. É um
poderoso instrumento no desenvolvimento cognitivo/linguístico, psicomotor e sócio
afetivo, contribuindo para a compreensão da linguagem e desenvolvimento da
comunicação, percepção de sons sutis e para o aprimoramento de outras
habilidades. Possui um apelo irresistível à socialização. Estabelece uma harmonia
pessoal, facilita a integração, a inclusão social e o equilíbrio psicossomático. Pode-
se incluir esse gênero em qualquer disciplina pois a música está associada ao nosso
contexto histórico.
Os alunos do CEEBJA Paschoal Salles Rosa, e de outras tantas escolas da
rede pública, têm o direito e o dever de aprender quantas línguas tiverem
possibilidades e interesse, isso só vai lhes trazer benefícios e crescimento.
Cabe a nós, professores, incentivá-los a estudarem e aproveitarem tudo de bom que
nossas escolas oferecem, e o bom desempenho que é realizado nas escolas.
Todas as línguas são importantes, e é fundamental a motivação que a música
inspira e as possibilidades que surgem de criação a partir desse gênero e alguns
“intergêneros” que se identificam com ela.
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O resultado concreto de todo este processo de pesquisa, sobre tantos cientistas
linguistas, foi comprovar e enriquecer esta prática pedagógica que vinha sendo
empregada, já era estudada por eles e outros tantos autores. Toda a teoria
estudada uniu-se à prática, demonstrando que é possível trabalhar com o gênero
música na sala de aula, com aproveitamento positivo, de forma prazerosa e a
receptividade dos alunos correspondeu aos objetivos propostos.
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec – 1995.
BAZERMAN, Charles. Gêneros Textuais, Tipificação e Interação. São Paulo, 3ª
edição: Cortez – 2009.
Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná – Língua Estrangeira
Moderna – SEED – 2008.
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