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paula-andrade
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Era uma vez uma menina chamada Mina.
Se procurassem o significado do seu nome,
descobririam que significa “peixe” em antigo sânscrito.
Mas Mina não sabia, porque nunca procurava o
significado de nada em lado nenhum.
MINA DETESTAVA LER E DETESTAVA LIVROS
Mas os livros estavam espalhados por toda a casa.Não apenas nas prateleiras
e nas mesinhas - de - cabeceira, onde
normalmente há livros, mas em todos os lugares onde geralmente não há livros.
E o pior de tudo era que os pais da Mina estavam
sempre a trazer MAIS livros.
Eles compravam, traziam livros da Biblioteca e
encomendavam por catálogo.
Liam livros ao pequeno-almoço, ao almoço e ao
jantar.
E quando os pais lhe tentavam ler um livro, ela
tapava os ouvidos e gritava:
- EU DETESTO LIVROS!
Havia provavelmente um só ser no Mundo que mais do
que a Mina, detestava livros. Era o seu gato Max, isto
porque quando era gatinho caiu-lhe um atlas em cima
da cauda.
Desde então o gato procurava ficar em cima dos
livros em vez de ficar debaixo deles.
Uma manhã, depois de ter tirado todos os livros do lavatório para lavar os
dentes, Mina foi à cozinha para preparar o pequeno -
almoço para si e para o Max.
- Max, o pequeno - almoço está pronto!
O Max não aparecia.
<
Ela procurou, mas só encontrou livros…
Subitamente ouviu…
- MIIIIIAAAAUUUUU!!!!!!!!
Ela correu para a sala de jantar e lá estava ele, no
cimo da pilha de livros mais alta da casa, sem conseguir
descer.
Esta pilha de livros era formada por todos os livros que os pais estavam sempre
a comprar-lhe e que ela sempre se recusava a ler.
No fundo da pilha estavam grandes contos ilustrados, do
tempo em que a Mina era bebé. No meio havia livros com o
alfabeto. Em cima, ao mesmo nível do tecto, havia contos de fadas e histórias de aventuras.Estavam todos cobertos de pó.
De início, foi fácil subir porque os livros tinham capa dura.
Mas quando a Mina chegou aos livros de capa mole, faltou-lhe
o equilíbrio e começou a escorregar.
CATRAPUM! Os livros foram pelos ares.
À medida que os livros iam caindo iam acontecendo
coisas estranhas. Pessoas e animais começaram a cair
das páginas e a rebolar pelo chão.
Havia príncipes e princesas, fadas, rãs, lobos, os três
porquinhos, os trolls…O Humpty Dumpty foi pelos ares e partiu-se ao meio…
Havia elefantes, imperadores, avestruzes e uma variedade de macacos emaranhados uns nos
outros.
E ainda havia coelhos por todo o lado! Eram selvagens,
brancos, de chapéu…
Mina sentou-se no meio daquilo tudo e ficou surpreendida.
- Eu pensava que os livros estavam cheios de palavras,
não de coelhos!
Era enorme a confusão!
- Parem! – gritava a Mina.- Voltem para os vossos
livros!
Mas ninguém parecia ouvir…
Mina pegou no coelho que estava mais próximo dela e tentou metê-lo dentro de um livro de cozinha. Ele
assustou-se e fugiu.
- Já sei. Vou perguntar a todos onde pertencem.
Ela encontrou um lobo a chorar debaixo da mesa de jantar e perguntou-lhe onde
pertencia.
- Não me recordo, se sou do Capuchinho Vermelho ou dos Três Porquinhos. – disse o
lobo a chorar.
Então teve outra ideia. Agarrou no livro que estava
mais próximo de si e começou a ler em voz alta.
- Era uma vez…
Devagar os animais pararam de saltar, uivar, de falar, de
conversar e aproximaram-se dela. Sentaram-se em círculo à
sua volta, a ouvi-la ler.
Quando Mina chegou ao cimo da segunda página os porcos que
estavam no círculo e deram um pulo.
- Somos nós! É a nossa página!
- Somos nós! É a nossa página!
Pegou noutro livro. Um a um, os animais encontraram o livro a que pertenciam.
Por fim, ficou apenas um coelhinho vestido com um
casaquinho azul. Era A História do Pedro Coelho
(The Tale of Peter Rabbit, em inglês).
- Talvez possa ficar com este coelho para mim.
Estava a começar a sentir-se sozinha, uma vez que já
todos se tinham ido embora.
Então a Mina abriu o último livro e o coelho saltou lá para dentro,
abanando a sua cauda.
A casa ficou em silêncio.O Max estava sentado em cima
de um livro, a lavar a cara.A Mina estava com pena de não
voltar a ver os seus amigos coelhos.
Em seguida, reparou que os livros ainda lá estavam e começou a
sorrir.
Quando os pais chegaram a casa nessa tarde, nem queriam
acreditar. Não era pelas cortinas terem desaparecido, pelas pernas da mesa estarem roídas e por os pratos estarem
partidos, mas sim porque no meio da sala estava a Mina a
ler um Livro.